Pronunciamento do deputado federal Airton Dipp, em_21__/_03___/2002. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados. A revista IstoÉ da semana passada, trouxe uma reportagem importantíssima, chamada de " Melhor Impossível Lucros dos 31 maiores bancos do País cresceram 110% em 2001. Conforme apresenta a reportagem, os bancos brasileiros nunca ganharam tanto dinheiro como no ano de 2001. O lucro dos 31 maiores bancos, foi de R$ 11 bilhões e 131 milhões de reais. Como podemos perceber mais uma vez, o sistema financeiro passou ao largo da crise que assolou a economia brasileira e mundial no ano de 2001. Enquanto a maioria dos segmentos econômicos nacionais amargou momentos difíceis, com redução drástica de faturamento, os bancos passaram ao largo da crise, que nos leva a refletir sobre a origem desses lucros. De acordo com a mesma reportagem, esses lucros estratosféricos, se sustentam em cima da valorização cambial e dos juros abusivos cobrados dos seus clientes. Como podemos perceber, continua aumentando a brutal transferência de recursos da sociedade, representada pelos cidadãos e empresas, para o setor financeiro, ou seja, o enriquecimento dos bancos tem significado diretamente, o empobrecimento dos setores produtivos brasileiros. 1 E é importante deixar claro, que não se trata de fazer uma pregação contra a possibilidade dos bancos auferirem lucros por sua atividade. O que estamos aqui protestando, é a formula, que permite a um banco captar poupança do cidadão a menos de 1% ao mês, e esta mesma instituição bancária, emprestar dinheiro a esse mesmo cidadão, com taxas que oscilam de 5% a 11% ao mês, dependendo da modalidade de financiamento contraído. É contra essa matemática perversa, que escorcha e mutila a capacidade de poupança dos cidadãos e do setor produtivo nacional, que nos indignamos. Pois não é possível imaginarmos a construção de uma economia forte e pujante, se apenas o sistema financeiro é beneficiado pela política econômica implementada pelo governo. Mas, visando piorar ainda mais a situação dos clientes dos bancos, a Confederação Nacional do Sistema Financeiro, entrou com uma ação judicial junto ao Supremo Tribunal Federal, requerendo que as instituições financeiras sejam liberadas da obrigação de cumprir com as regras do Código de Defesa do Consumidor, pelo fato de terem de obedecer regras estabelecidas pelo Banco Central. Diga-se de passagem, o Bacen sempre foi mais susceptível aos argumentos apresentados pelos Bancos do que os Procons. Essa medida está sendo tentada, justamente pelo fato dos bancos serem um dos recordistas de reclamações junto aos órgãos de proteção ao consumidor de todo o País. De minha parte, entendo que é desprovida de lógica essa tentativa da Confederação Nacional do Sistema Financeiro, pois, caso seja acatada, também seria lícito por exemplo, que as empresas de plano de saúde, obedecessem somente as determinações da recém criada ANVISA, as empresas de telefonia, também poderiam se ater somente as determinações da ANATEL, e as concessionárias de energia elétrica, se reportariam 2 as determinações da ANEEL. Isto, só para citar as empresas que mais são acionadas nos órgãos de defesa do consumidor. Ou seja, seria um primeiro passo para transformar o código de defesa do consumidor em letra morta. Assim, para encerrar, reitero a importância do país retomar o crescimento econômico imediatamente, devendo para tanto, rever a forma como o sistema financeiro é regulado, pois a população e o setor produtivo nacional, não suportam mais transferir parcela significativa do seu patrimônio para as instituições financeiras, que tentam de todas as formas, se furtar ao cumprimento de regras mínimas de respeito ao cidadão e consumidor dos seus serviços. Muito Obrigado. 3