Inteligência Territorial e Gerenciamento Costeiro Claudio Antonio G. Egler Professor Sênior UFRJ/UFGD Pesquisador do CNPq e da Geoeconomica Estudos e Pesquisas em Sustentabilidade [email protected] Proposta Apresentar a inteligência territorial como um instrumento de promoção do desenvolvimento sustentável; Avaliar sua aplicação ao Gerenciamento Costeiro no Brasil, considerando os desafios metodológicos e institucionais para sua execução e implementação. Roteiro Inteligência territorial, o que é?; Organização, Ordenamento e Gestão do Território, quais as diferenças?; Escalas de Gestão: supranacional, nacional, regional e local, como articulá-las? Gerenciamento Costeiro: aspectos ambientais, sociais e institucionais, o que aprendemos; Utilização de Metodologias de avaliação e prospectiva territoriais, onde podemos avançar?; Sistema de Inteligência Territorial para Gestão Costeira – SITMAR, quais as vantagens? Inteligência territorial Conhecimento multidisciplinar sobre os territórios e sua dinâmica; Fortalecimento da coesão territorial, estimulando a participação das comunidades no seu desenvolvimento, de forma justa e sustentável; Disseminação da informação territorial e difusão de seus métodos de análise, graças às geotecnologias; Promoção da governança territorial, com base na transparência e no consenso negociado entre atores e agentes sociais. Organização, Ordenamento e Gestão do Território A organização do território é um processo social de longa duração em que a sociedade interage permanentemente com o meio natural; O ordenamento do território é o conjunto de normas que regula o seu uso e apropriação, no sentido de garantir a função social da propriedade e a preservação do patrimônio natural e cultural; A gestão do território é a aplicação da metodologia técnico-científica na avaliação ambiental dos planos, programas e projetos e na promoção dos meios institucionais para o desenvolvimento sustentável. Gerenciamento Costeiro: desafios segundo o Macrodiagnóstico I 1996 1. a diversidade físico-biótica e a fragilidade intrínseca dos ecossistemas requerem a extensão dos mecanismos legais de proteção ambiental, especialmente para áreas de alta relevância ecológica e submetidas a vetores de ocupação e exploração; 2. é fundamental apoiar os municípios a fim de que implantem localmente seus respectivos planos de gestão ambiental e apliquem a normatizacão disponível naUnião e nos estados; 3. é fundamental que a gestão ambiental da União internalize as práticas de planejamento estratégico, isto é, que seja capaz de incluir análises de tendências e cenários e definir metas de longo prazo na formulação de seus planos de gestão para a zona costeira do País; 4. é necessário concentrar esforços visando à realização do zoneamento ecológicoeconômico para toda a zona costeira brasileira. Gerenciamento Costeiro: conquistas segundo o II Macrodiagnóstico O grande incremento na participação dos municípios litorâneos, a partir de 2001, com a criação do Projeto de Gestão Integrada da Orla (Projeto Orla), com mais de 60 Planos de Gestão já elaborados, bem como o estreitamento dos laços com a Secretaria do Patrimônio da União para a condução desses processos; a regulamentação da Lei do Gerenciamento Costeiro (Lei nº 7.661/1988) através do Decreto nº 5.300/2004; os esforços de integração entre a gestão da zona costeira e dos recursos hídricos, especialmente através de instâncias de discussão específicas (i.e., Câmara Técnica de Gestão Integrada de Bacias Hidrográficas, Sistemas Estuarinos e Zona Costeira – (CTCOST), no âmbito do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, a partir de 2005, com proposta de integração territorial, instrumental e institucional da gestão dos dois sistemas; a Agenda Ambiental Portuária e seus desdobramentos, como o Programa Nacional de Capacitação Ambiental Portuária, que atua no desenvolvimento de agendas locais visando à inserção da variável ambiental na gestão portuária, estimulando o aprimoramento de mecanismos específicos de gerenciamento ambiental para o setor e o fortalecimento da interface porto-cidades; o continuidade no fortalecimento e desenvolvimento institucional das coordenações estaduais de gerenciamento costeiro, mediante o suporte gerencial, técnico e financeiro de projetos específicos; a intensa participação brasileira em fóruns internacionais relativos à gestão costeira e marinha. Estrutura do Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha Avaliação e Prospectiva Territoriais Do ponto de vista da inteligência territorial, destacam-se cinco metodologias que têm sido desenvolvidas e aplicadas no Brasil. Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), cuja aplicação tem sido enfatizada nas políticas públicas e constitui uma exigência para o licenciamento ambiental. Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), cuja utilização é recente no Brasil e destaca-se por ser realizada "ex ante" e integrando Política, Planos e Projetos (PPP) Avaliação de Sustentabilidade (AS) . Avaliação dos impactos dos grandes projetos utilizando metodologias para medir a sustentabilidade dos investimentos. Geralmente avalia os impactos setoriais. Avaliação de Impactos Territoriais (AIT) tem sido bastante difundida na Europa, principalmente para a avaliação de impactos cumulativos de grandes projetos de transporte e energia transfronteiriços. Prospectiva Territorial constitui uma metodologia que objetiva construir, com participação social, visões de futuro sobre o território. Para a construção dos cenários há diversas metodologias, como a utilização de sistemas complexos para construir modelos de simulação e o método Delphi, baseado em perguntas a especialistas, construindo uma visão prospectiva que ajuda a compreender os efeitos das políticas públicas sobre o território. Sistema de Inteligência Territorial para Gestão Costeira - SITMAR A Zona Costeira Brasileira como um ambiente de grande importância natural e econômica, porém de alta vulnerabilidade e sujeito a conflitos pelo seu uso e ocupação. O conhecimento de sua dinâmica complexa, resultante da interação de forças originárias do mar, da terra e do ar, assim como do intrincado marco regulatório a que está submetida, impõem a necessidade de um sistema de inteligência territorial capaz de não apenas integrar e qualificar a massa de informações disponíveis, como também analisar suas tendências e simular alternativas para a sua gestão sustentável. Módulo gestor público, destinado a órgãos públicos nos distintos escalões federal, estadual e municipal, sendo passível de utilização por diversas instâncias institucionais, como se ministérios, secretarias, autarquias e fundações afeitas a gestão costeira. Módulo empreendedor, voltado para empresas organizações da sociedade civil que atuam ou tenham interesse em atuar na Zona Costeira com avaliação de oportunidades, assim como as restrições legais e ambientais presentes em diversos instrumentos legais, como os planos diretores municipais, por exemplo; Módulo cidadão, destinado a pessoas e famílias que residem, trabalham ou utilizam o litoral para seu lazer e que necessitam de informações atualizadas em tempo real, sistematizadas de várias fontes.