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Campo psicossocial: estudo dos
temas e contextos publicados pela
Abrapso* entre 2000-2010
The Psychosocial field: a study of themes and contexts
published by ABRAPSO from 2000 to 2010
Resumo Este texto é resultado de uma pesquisa de caráter bibliográfico que teve como finalidade identificar quais os temas e
quais os contextos recobertos pela psicologia social abrapsiana,
no período de 2000 a 2010. As fontes selecionadas para realizar
tal identificação foram: a revista Psicologia e Sociedade e os Anais
dos Encontros Nacionais da Abrapso, ambos publicados pela Associação. Identificou-se que temas clássicos, temas não clássicos
e temas emergentes encontram-se demarcados, com diferentes níveis de compromisso, pela preocupação com o contexto
sociopolítico e cultural; expressam ainda preocupações com as
demandas da atual conjuntura nas áreas da saúde, da educação,
das organizações do trabalho, da comunidade, das epistemologias, dos projetos sociais, das tecnologias da informação e comunicação, e das cidades e territórios de existência. Em termos de
resultados (gerais), encontrou-se enorme abrangência, difusão
e expansão do campo. Entretanto, permanecem identificáveis
e demarcados os estudos e práticas críticas e propositivas que
conferem à psicologia social um sentido crítico e compromisso
ético-político, visando à transformação das condições históricas
macroestruturais e objetivas que forjam as subjetividades e a
consciência dos sujeitos.
Palavras-chaves Psicologia social; Campo psicossocial; Temas
e contextos.
Abstract This paper is the result of a literature review whose aim
was to identify the themes and contexts covered by ABRAPSO’s
social psychology from 2000 to 2010. The sources selected to perform such identification were magazine Psicologia e Sociedade
and the Annals of the National Meetings of ABRAPSO, both published by the Association. It was found that classical themes, non
classical themes and emerging themes are marked with different
levels of commitment and concern with the socio-political and
cultural contexts; they are also concerned with the demands of
the present conditions of areas such as health, education, labor
organizations, community, epistemologies, social projects, in* Associação Brasileira de Psicologia Social.
Vinicius Furlan
Universidade Federal
do Ceará (UFC)
[email protected]
Maria Aparecida Pelissari
Universidade Metodista de
Piracicaba (UNIMEP)
[email protected]
formation and communication technologies,
and the cities and territories of existence. In
terms of (general) results, we found that the
field has enormous scope, dissemination and
expansion. However, the studies and the critical, purposeful practices remain identifiable
and marked, conferring a critical sense and
an ethical-political commitment aimed at the
transformation of the macro-structural historical and objective conditions that shape the
subjects’ subjectivities and consciousness.
Keywords Social psychology; Psychosocial
field; Themes and contexts.
Introdução
À
guisa de considerações iniciais, convém explanar que o presente trabalho
é resultado de uma pesquisa que visou
identificar quais os temas e quais os contextos
recobertos pela psicologia social abrapsiana na
primeira década do século XXI, ou seja, de 2000
a 2010.1 Para tal identificação, utilizamos como
fonte as publicações da Abrapso (Associação
Brasileira de Psicologia Social) presentes nos
artigos da revista Psicologia e Sociedade e nos
Anais dos Encontros Nacionais da Abrapso. Neste sentido, inicialmente vamos apresentar brevemente o percurso da psicologia social até o
período que recobre a pesquisa.
Para Lima (2010), escrever sobre psicologia social não é tarefa fácil, nem mesmo
para os pesquisadores mais experientes no
campo, pois seu curso e percurso possuem articulações e influências de diversos campos e
áreas, seja da própria Psicologia, das Ciências
Sociais ou da Filosofia. Neste sentido, de acordo com Álvaro e Garrido (2006), podemos
encontrar duas vertentes da psicologia social:
a psicologia social sociológica e a psicologia
social psicológica.
1
Em que pese a possibilidade de identificar diferentes
vertentes no seio da Psicologia Social, Molón (2002)
chamará de Psicologia Social abrapsiana a Psicologia
Social construída na Abrapso, que estava sob os
pilares da proposta de Silvia Lane e outros autores
brasileiros pela construção de uma Psicologia Social
crítica, conforme veremos mais adiante neste
capítulo introdutório.
102
Para Álvaro e Garrido (2006), seria impossível procurar um evento que servisse de
critério para determinar o momento em que
surge o pensamento psicossocial como área
de conhecimento autônomo. Álvaro e Garrido
(2006) destacam que alguns autores declaram que o início do pensamento psicossocial
ocorreu em 1908, por conta das publicações
de William McDougall (primeiro psicólogo a
escrever um manual de psicologia social - Introduction a social psychology), e Edward Ross
(Social psychology). Todavia, para os autores,
esta é uma escolha arbitrária pois, podemos
encontrar outras publicações anteriores que
também carregam o nome da disciplina, como
o livro de Gabriel Tarde, Estudos de psicologia
social, de 1898, e o de Charles Ellwood, Alguns
prolegómenos a la psicología social, de 1901. E
ainda podemos encontrar obras que, apesar
de não carregarem o título da disciplina, tratavam de psicologia social em seu conteúdo,
como dois livros de Tarde, Las leyes de la imitación (1890) e La lógica social (1895). É preciso considerar ainda o primeiro curso de psicologia social ministrado por George Herbert
Mead na Universidade de Chicago, em 1900.
De acordo com Álvaro e Garrido (2006),
no processo de desenvolvimento da psicologia social podemos identificar diversos autores e teorias distintas que influenciaram
esta forma de fazer psicologia. Dentre tais
influências estão: Wilhelm Wundt com sua
Völkerpsychologie (também conhecida como
Psicologia dos povos), a psicologia da Gestalt,
a teoria dos instintos, de Wilhelm McDougall,
o behaviorismo social, de Floyd Allport, o interacionismo simbólico, a teoria de George Simmel, Max Weber, John Dewey, a sociologia da
Escola de Chicago etc. Os autores que tiveram
maior influência no desenvolvimento da psicologia social foram George Herbert Mead e
William I. Thomas, este último por conta de
seus estudos sobre as atitudes sociais.
Embora a psicanálise já estivesse constituindo seu corpo teórico, alguns pesquisadores realizaram uma revisão dos manuais de
psicologia social em busca dos referenciais
que influenciaram seu pensamento, e a psi-
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canálise ocupa lugar de marginalidade (ÁLVARO; GARRIDO, 2006).
Lane (1984) destaca que as sistematizações da psicologia social devem ser entendidas
a partir de duas vertentes: a tradição pragmática dos Estados Unidos e a tradição filosófica
europeia, com raízes na fenomenologia.
O desenvolvimento da psicologia social
não está desvinculado do desenvolvimento
das demais ciências humanas; portanto, diante da crise destas, nas quais se problematizava
a integridade do modelo experimental como
método para construir o conhecimento sobre
o humano (SANTOS, 2010), fortes críticas à
tradição norte-americana foram feitas pelos
psicólogos sociais ligados à vertente europeia,
por apoiar-se no método experimental, e ainda considerando-a uma ciência ideológica, reprodutora dos interesses da classe dominante. Um grupo de psicólogos sociais brasileiros
e latino-americanos não ficou de fora destas
problematizações, produzindo suas críticas à
tradição da psicologia social norte-americana
com o objetivo de construir um conhecimento
que atendesse à realidade latino-americana;
assim se firmou a construção de uma psicologia social na América Latina com base no materialismo histórico e dialético. Este momento
específico pelo qual passou a psicologia social
ficou conhecido como “crise da psicologia social” ou “crise de relevância”.
Por conta das críticas dos psicólogos latino-americanos à tradição norte-americana,
culmina, na América Latina, uma nova forma
de fazer psicologia social. Reboredo (1998)
destaca que é possível identificar três percursos no desenvolvimento da psicologia social:
os que se referem ao paradigma norte-americano, ao europeu e ao latino-americano.
Para Reboredo (1994), é Silvia Lane quem vai
sustentar os pilares para a construção deste
último paradigma de psicologia social, que,
segundo a autora, tem o papel de uma teoria
flogística, ou seja, um paradigma que produz
verdades perigosas. Neste sentido, destaca
esse caráter na teoria de identidade proposta por Antonio da Costa Ciampa em sua tese
A estória de Severino e a história de Severina
(1987), que foi reatualizada por Aluísio Ferreira de Lima em seu livro Metamorfose, anamorfose e reconhecimento perverso (2010).
Lima (2012) destaca que Silvia Lane e
os demais autores ligados a este grupo propuseram, naquele contexto, as bases para a
construção de uma psicologia social crítica
que visasse à transformação das condições
desiguais e segregadoras, crítica das formas
hegemônicas de dominação e promotora da
emancipação.
A psicologia social crítica teve papel
importante nos estudos que revelaram a imprescindível relação das condições históricas,
objetivas e subjetivas, para a constituição das
relações dos seres humanos e da sociedade,
bem como na articulação da prática de pesquisa e de intervenção social com relação aos
grupos e problemas do cotidiano. A afirmação
“toda psicologia é social” sintetiza a imprescindível relação que a psicologia social assumiu
com o campo da psicologia, não no sentido de
reduzir as especificidades conceituais de cada
área de sua atuação, mas demarcando a partir
de cada especificidade “a natureza histórico-social do ser humano” (LANE, 1984, p. 20).
Conforme afirma Lima (2010), podemos
dizer que a psicologia social crítica orienta-se no sentido de “encontrar os vestígios da
opressão que impedem os indivíduos de administrarem suas vidas e reivindicar melhorias das condições concretas de existência”
(LIMA, 2010, p. 78).
Todavia, a prática da psicologia social no
Brasil nem sempre se orientou desta forma.
Lima (2010) destaca que os primeiros trabalhos em psicologia social no Brasil tratavam de
lidar com questões como “coletividades anormais”, “domesticação dos selvagens” etc.
Nos primórdios do desenvolvimento da
psicologia social no Brasil, seu fazer estava
restrito aos
laboratórios experimentais e à pesquisa básica, reproduzindo teorias
e metodologias. Primórdios caracterizados por sua ausência no campo das políticas públicas, servindo
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principalmente a fortalecer políticas assistencialistas, patologizantes, curativas e individualizantes,
impostas por um Estado preconizador da modernização industrial e
que se organizava a partir de uma
economia que garantia o máximo
dos “direitos mínimos” para a população. (LIMA, 2012, p. 216).
Outro aspecto importante de ser
observado refere-se à vinculação
dessa psicologia social com a psicopatologia desenvolvida na América do Norte, que passa a buscar
elementos que pudessem explicar
o comportamento anormal, anti-social, antipatriótico etc., na análise dos pequenos grupos e na intervenção adaptativa. Esse inclusive
será o modelo de psicologia social
adotado no Brasil pela Medicina Social, cujos principais teóricos, Nina
Rodrigues (1939) e Arthur Ramos
(1952), defenderão ser tarefa da
psicologia social o entendimento
da barbárie e sua adaptação à ordem social estabelecida, focando o
progresso. (LIMA, 2010, p. 73).
De acordo com Lima (2012), os primeiros
manuais de psicologia social produzidos no
Brasil foram de autoria de Raul Briquet, em
1935, como resultado de um curso de psicologia social ministrado na Escola de Sociologia e
Política de São Paulo, e de Arthur Ramos, em
1936, como resultado do curso ministrado na
Universidade do Distrito Federal no Rio de Janeiro. Em que pese a estes autores estarem
no bojo dos primórdios da psicologia social
brasileira, alinhados à tradição norte-americana, Molón (2002) destaca que Aroldo Rodrigues é o maior expoente e propulsor desse
paradigma no Brasil.
Este autor destaca ainda que dentre os
temas de interesse de Arthur Ramos estão:
“inconsciente primitivo”, “personalidade degenerada” etc. E atenta para o fato de que
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Ramos também foi um dos responsáveis pelas campanhas higienistas que culpavam os
indivíduos por suas doenças, pobreza e desigualdades vividas.
De acordo com Molón (2002), dentro
deste modelo de psicologia social brasileira
trabalharam-se temas como: comportamento social dos animais, linguagem, percepção,
memória, desigualdades culturais, dependência e interdependência, atração interpessoal, tendências a associações com outros,
agressão, violência e altruísmo, formação e
mudança de atitude, tomada de decisões,
conformismo e excepcionalidade, relações internacionais etc.
A autora destaca que estes temas são
desenvolvidos, conceitualizados e valorizados experimentalmente nos países de Primeiro Mundo, principalmente nos Estados Unidos, e transportados para os demais países,
no caso, para o Brasil.
Essa forma de fazer e produzir psicologia social no Brasil era influenciada pelo paradigma norte-americano que, de acordo com
Lima (2010), pode ser entendido “como formas psicológicas dessa disciplina e buscavam
entender as problemáticas sociais a partir dos
indivíduos, em suas dificuldades de adaptação à sociedade” (p. 73).
É justamente por conta da influência
e orientação da prática da psicologia social
brasileira sustentada nas bases do paradigma
norte-americano, e por conta de seu caráter
ideológico e da crise já citada, que culmina um
movimento de revisão crítica da psicologia social no Brasil, coordenado por Silvia Lane, que
resultou na criação da Associação Brasileira
da Psicologia Social (Abrapso), em 1980. A
criação da Abrapso foi concebida em função
da necessidade de se repensar criticamente a
psicologia social.
Além de a psicologia social abrapsiana
caracterizar-se, em seus primórdios, por uma
perspectiva crítica (por isso firmou-se também chamar de psicologia social crítica), este
paradigma vai assumir, em sua emergência,
um caráter político no envolvimento com as
lutas pela redemocratização do País e garantia
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de direitos em um momento em que o país vivia sob a égide da ditadura civil-militar. Neste
sentido, vai assumir um compromisso com a
população oprimida e excluída dos bens culturais e econômicos, diferentemente da prática
e caráter hegemônico da psicologia na época.
A Abrapso, a partir de sua criação, tornou-se o espaço demarcador de intercâmbio,
de posicionamento político e de construção
de uma psicologia social crítica.
A criação da Abrapso é um marco
decisivo na orientação da psicologia social brasileira em direção à
problemática de nossa realidade
sócio-econômica-política-cultural.
Também reafirma a importância
fundamental de Silvia T. M. Lane,
que ficou na presidência nacional
até 1983. (MOLÓN, 2002, p. 53).
A criação da Abrapso impulsionou a psicologia social no Brasil e ainda estabeleceu
campos de referências para reflexões sobre
acontecimentos macroestruturais na relação
com o debate científico e acadêmico. Neste
sentido, um dos movimentos na Abrapso, na
direção de socializar o conhecimento produzido no seio da psicologia social crítica, foi
tornar público, no ano de 1986, a primeira
edição da revista Psicologia e Sociedade, que
foi interrompida em 1992, com um total de
sete volumes. Em 1995, suas publicações foram retomadas com o volume de número 8,
e estende-se até os dias atuais. Os Encontros
Nacionais da Abrapso, que tiveram início em
1985, e os Encontros Regionais ocorrem bianualmente. Nos últimos Encontros Nacionais
(2011 e 2013), estiveram presentes cerca de
seis mil participantes, configurando-o assim
como um dos maiores encontros de psicologia do País.
A construção de uma psicologia social
crítica fez com que as publicações retratassem temas como: violência, movimentos populares, psicologia comunitária, processos
grupais, identidade, exploração do trabalho,
política e direitos humanos.
Bonfim (1989) identifica nas publicações
da revista Psicologia e Sociedade – do número
três ao sete – uma forte presença de estudos
sobre psicologia e comunidade, ou psicologia comunitária, movimentos sociais, saúde
mental e saúde pública, análise institucional,
aspectos históricos e teóricos, identidade,
educação, grupos, representação social, comunicação, trabalho, metodologia, psicologia
e arte, utopia, esquizoanálise, entre outros.
Entretanto, é a partir dos anos 1990 que
as pesquisas e estudos passaram a ser associados a uma psicologia social na América
Latina, ou seja, com o paradigma latino-americano, com diversas e grandes referências a
trabalhos relacionados às questões teóricas
e metodológicas para a atuação do psicólogo
social. Esses estudos foram particularmente
importantes e estão nas obras e produções
de Silvia Lane e Bader Sawaia (1994).
Ozella e Sanchez (2001), na pesquisa que
realizaram sobre as obras e os autores utilizados nos cursos de Psicologia para a formação
de futuros profissionais, observaram uma forte presença de grupos de autores vinculados
ao cognitivismo e ao materialismo histórico-dialético. Destacam que houve um aumento
significativo na utilização de autores ligados
ao materialismo histórico e dialético nas referências dos cursos de formação de psicólogos, sendo os mais utilizados.
Vemos, portanto, que o curso da psicologia social crítica possui percursos articulados com a história e as conjunturas. Isso já
mostra o compromisso com as demandas sociais, que são uma problematização sobre os
significados e sobre a extensão e o movimento do campo psicossocial. Entretanto, Freitas (1996) conclui que os temas tratados na
psicologia social crítica “deslocaram-se, em
certa medida, de uma perspectiva mais abrangente, o que concerne à realidade social, para
enfocarem temáticas relativas a situações e
contextos particulares e pontuais” (FREITAS,
1996, p. 176).
Neste sentido, com vistas a compreender um pouco da trajetória da psicologia social abrapsiana e o que tem sido produzido e
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realizado em seu campo, desenvolvemos uma
pesquisa que visou identificar quais os temas
e quais os contextos recobertos nas publicações da Abrapso no período que contempla
esta primeira década do século XXI, ou seja,
de 2000 a 2010.
Desenvolvimento
Para cumprir com os objetivos já mencionados, selecionamos como fonte de coleta
de dados os artigos da revista Psicologia e Sociedade e os anais dos Encontros Nacionais da
Abrapso, ambos publicados pela Associação,
por conta de esta ter se tornado o espaço demarcador da psicologia social brasileira e ter
estas publicações como instrumentos de socialização do conhecimento psicossocial.
Para tanto, optou-se pela pesquisa
de caráter bibliográfico, pois, conforme Gil
(1987), ela permite a apropriação de uma ampla gama de conhecimentos presentes em
fontes bibliográficas ou secundárias, ou seja,
de material já elaborado e trabalhado por outros autores.
Em se tratando de uma pesquisa com
esta característica, foi necessário, inicialmente, reunir os fascículos impressos disponíveis
e acessar o site oficial da Abrapso para completar a seleção do período determinado.
Destacamos ainda que optamos pelo período
de 2000 a 2010 por conta de já haverem pesquisas que retratam o período anterior, conforme apresentado no capítulo introdutório,
e ainda não termos publicações de pesquisas
acerca das publicações da Abrapso da primeira década do século XXI.
Em seguida, foram realizadas as leituras dos artigos das revistas, na íntegra, e dos
anais dos encontros nacionais, alguns na íntegra e outros, os resumos expandidos ou apenas os resumos. Observou-se que os temas
eram de alta diversidade e, portanto, aqueles
que partilhavam similaridades foram agrupados. Adotou-se, assim, a compreensão de que
tema é o assunto no qual repousa toda a reflexão ou a proposição que se quer provar, ou
ainda o motivo sobre o qual se desenvolve a
composição do texto.
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Com relação aos temas das publicações
dos anais dos encontros nacionais, utilizamos
os eixos temáticos para uma melhor quantificação dos dados; a partir destas temáticas,
relacionamos seus respectivos contextos.
A partir dos achados relativos aos temas, foi possível identificar três grandes categorias temáticas (que serão apresentados
adiante): temas clássicos, temas não clássicos
e temas emergentes.
Na mesma medida, surgiu a necessidade
de definir o contexto. Em seu uso comum e óbvio, contexto indica “aquilo que está ao redor”
e, portanto, o ambiente, ou a situação dentro
da qual ocorre algo, e pode ser entendido
como aquilo em que iremos focar nossa atenção. Contexto é ainda usualmente compreendido como campo, local ou área de atuação.
No desenvolvimento da pesquisa, o entendimento de contexto firmou-se como o
ambiente social ou situação dentro da qual
ocorre algo; campo de atuação e as circunstâncias envolvidas no delineamento do tema.
Procurou-se, nesta definição, incluir enquadres que compartilhavam natureza similar.
Assim foi possível identificar nove contextos
(que serão discutidos mais adiante) considerando o campo do universo pesquisado:
sociopolítico e cultural; clínico e de saúde;
educacional; organizacional e do trabalho; comunitário; reflexão epistemológica; políticas
e projetos sociais; midiático e das tecnologias
de informação e comunicação; e cidades, territórios e ambientes.
É importante salientar que, em algumas
situações, um mesmo trabalho situava-se em
mais de um contexto.
Outras identificações e classificações
importantes referiram-se à natureza da reflexão. Dito de outro modo, identificaram-se
as reflexões teóricas elaboradas a partir de
experiência de pesquisas e experiências de
intervenção, fossem elas de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado e/ou experiências de trabalho. Consequentemente,
foram identificadas e separadas as reflexões
teóricas não elaboradas a partir de experiência de pesquisa e de intervenção, mesmo que
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o autor utilizasse dados de pesquisas e intervenções para fundamentar sua discussão.
Essas últimas caracterizam-se como ensaios,
discussões epistemológicas e conceituais, e
cotejamentos e articulações com outras áreas
do conhecimento científico. Assim considerando, criou-se o seguinte com relação à natureza dos achados: reflexão teórica a partir
de pesquisa/intervenção e reflexão teórico-epistemológica.
Assim sendo, os dados encontrados foram tabulados e agrupados de acordo com os
temas e contextos similares. Simultaneamente, eram tabuladas as reflexões a partir de
dados de pesquisa/intervenção e as reflexões
teórico/epistemológicas.
A tabulação e a classificação dos dados
possibilitaram levantar o percentual representativo para os temas e contextos que se converteram na análise e interpretação que configuram as discussões e conclusões a seguir.
Resultados e discussões
Ao longo do período considerado, 20002010, foram encontrados e trabalhados 33 números da revista Psicologia e Sociedade, composta por 11 volumes, totalizando 418 artigos.
Do ano 2000 a 2003 foram publicados dois números por ano, contando com os volumes 12
a 15. De 2004 até 2010 houve um aumento no
número de publicações, passando a três por
ano, indo do volume 16 ao 22. Há situações
de exceção que contam com a publicação de
números especiais – temáticos ou de homenagem – sendo duas edições adicionais em
2007, uma em 2008 e uma em 2009.
Com relação aos anais dos Encontros
Nacionais, trabalhou-se com 2.047 publicações dispostas nos anos 2001 a 2009. Em
2001, o Encontro teve como tema “Psicologia e transformação da realidade brasileira:
desafios e perspectivas para a Abrapso 21
anos depois”; em 2003, o tema foi “Estratégias de intervenção do presente: a psicologia social no contemporâneo”; em 2007,
“Diálogos em psicologia social: epistemológicos, metodológicos, éticos, políticos,
estéticos e políticas públicas”; e em 2009,
“Psicologia social e políticas de existência:
fronteiras e conflitos”.
Devemos ter clareza que, em virtude da
extensão do universo estudado e da imensidão dos achados, um texto que procure abarcar todos estes resultados dentro dos limites
de um artigo científico poderia perder em
profundidade na discussão. Todavia, buscaremos fazê-lo aqui. A intenção será apresentar,
de modo geral, os dados achados e discuti-los
a fim de dar visibilidade ao objeto estudado
e àquilo que tem sido publicado pela Abrapso como psicologia social. Destacamos ainda
que uma discussão mais esmiuçada dos dados, a partir de um recorte na pesquisa, no
qual se discute especificamente a relação entre os contextos sociopolítico e cultural e das
políticas e projetos sociais pode ser encontrado em Furlan e Pelissari (2013).
Dentre os vários artigos e anais analisados, encontraram-se temas que permitiram a
seguinte classificação: temas clássicos, temas
não clássicos e temas emergentes.
Não obstante termos destacado os temas dos primórdios da psicologia social, enfatizamos que estamos considerando essas categorias com relação aos temas e àquilo que é
trabalhado no seio da psicologia social crítica
(ou abrapsiana).
Os temas clássicos referem-se àquele
conjunto de assuntos pioneiros na produção
da psicologia social crítica, após a emergência
da crise dos anos 1970, em que se firmava um
recorte político e o compromisso social articulados com a crítica às situações e contextos
em que o autoritarismo e as injustiças sociais
impunham reflexões fundamentadas, objetivando a crítica conjuntural e a macroestrutura. Essas reflexões e proposições de práticas
e de pesquisa ainda revelam este compromisso ético e político com as demandas sociais
e estão potencializadas por associações e
aproximações com o materialismo histórico
e dialético, mas não de modo absoluto. Outra identificação que podemos fazer é com
a produção da vertente da psicologia social
latino-americana. As publicações acerca destas temáticas estão sustentadas por autores
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alinhados à psicologia social crítica e ainda a
teorias e autores ligados à Sociologia, à Antropologia, à Ciência Política e à Filosofia. Podemos dizer que estes temas referem-se ao
que se chama de psicologia social sociológica.
Entre estes temas, podemos citar alguns: representações sociais, ideologia, alienação e
consciência, identidade, racismo, cidadania,
saúde, ética, direitos humanos, desigualdade
social, movimentos sociais, análise institucional, democracia, política, violência e outros.
Os temas não clássicos referem-se àqueles menos abrangentes, assentados em teorias ou autores mais próximos da Psicologia
do que das Ciências Sociais, por exemplo.
Alguns expressam particularidade crítica na
relação com os temas clássicos e outros se
ocupam com demandas pontuais, efêmeras
ou sazonais, e não revelam o mesmo caráter
dos temas alinhados à psicologia social crítica.
Podemos dizer que estes temas referem-se
ao que se entende por psicologia social psicológica. Exemplos destes temas são: acidentes
de trânsito, gravidez, imagem corporal, atenção e aprendizagem, amizade, estilo e profissão musical, dança e subjetividade, e outros.
Os temas emergentes indicam reflexões
acerca de assuntos que se desenvolvem a
partir das mudanças do Estado brasileiro em
termos de tentativas e proposições de políticas públicas, políticas sociais e como desdobramento de sua formulação e implantação.
Têm, portanto, a característica de serem particulares e abrangentes, estando atados ao
compromisso de contribuir para a promoção,
melhoria e mudanças radicais de realidades
indignas. Neste sentido, apesar de emergentes, tratam de questões importantes com relação à conjuntura atual do panorama social
e revelam preocupação ético-política com tais
questões e estão alinhados à preocupação da
psicologia social crítica. Embora haja uma relação entre temas emergentes e temas clássicos, os primeiros diferenciam-se dos últimos
no sentido de que não foram trabalhados na
emergência da psicologia social crítica. Isto
pode ser explicado pelo fato de tais temáticas
não estarem colocadas – pelo menos em cer-
108
ta medida – no panorama social daquele momento, ou ainda pelo fato de que no contexto
histórico da emergência da psicologia social
crítica o País estar sob a égide da ditadura
civil-militar e a preocupação dos psicólogos
sociais orientava-se neste sentido. Entre os
temas emergentes podemos citar: políticas
públicas, economia solidária, medicalização
da sociedade, acolhimento institucional, medidas socioeducativas, cidades e produção de
territórios de existência, e outros.
Embora tenhamos tabulado e realizado um esforço na direção do agrupamento
destes temas, apenas citamos alguns como
exemplo a fim de dar certa visibilidade aos dados, pois a quantidade de temas encontrados
foi enorme, e o agrupamento de muitos deles
reduziria o problema tratado, não sendo justo
com o autor e com o próprio tema do texto.
Portanto, não seria possível citar todos aqui,
apenas exemplos.
Os temas dos encontros nacionais foram categorizados conforme o eixo temático
disponível pelos próprios encontros, o que
permitiu seu agrupamento e uma melhor
quantificação dos dados. Os temas dos encontros, representados com a porcentagem
presente nas produções, são: ética, violência
e direitos humanos (25%); saúde (18%); educação (16%); política, democracia e movimentos
sociais (8%); gênero, sexualidade, raça e idade
(7%); processos organizativos, comunidades e
práticas sociais (7%); trabalho (6%); mídia, comunicação, linguagem e artes (5%); histórias,
teorias e metodologias (5%); e cidades e produção de territórios de existência (3%).
Comparando estes temas com as linhas
de pesquisa dos programas de pós-graduação em psicologia social nas universidades
do País, os temas encontrados estão de acordo com as temáticas de pesquisa propostas
por estes programas e seu respectivo quadro de docentes.
Identificou-se que as reflexões teóricas
sustentadas a partir de experiências de pesquisa ou experiências de intervenção, sejam
elas de graduação, de mestrado, de doutorado e pós-doutorado, e ainda experiências de
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trabalho, totalizam praticamente 70% de toda
a produção no universo pesquisado. Por sua
vez, a produção referente às reflexões teórico/epistemológicas ocupa 30% da totalidade
do mesmo universo. Essas últimas caracterizam-se por ensaios, discussões epistemológicas e conceituais e/ou cotejamentos e articulações com outras áreas do conhecimento
científico. Importante afirmar aqui que a significativa presença de estudos apoiados por dados de experiência de pesquisa e intervenção
não necessariamente os eleva à condição de
alta consistência teórica e epistemológica. O
contrário também deve ser considerado.
No que se refere aos contextos identificados nos artigos da revista e nos anais dos
encontros, foi possível categorizar, quantificar e constituir o seguinte: sociopolítico e
cultural (26%); clínico e de saúde (20%); educacional (19%); organizacional e do trabalho
(9%); comunitário (7%); reflexão epistemológica (7%); políticas e projetos sociais (5%);
midiático e das tecnologias de informação
e comunicação (5%); e cidades, territórios e
ambientes (2%).
O contexto sociopolítico e cultural acolhe trabalhos referentes à garantia de direitos humanos, processos de democratização,
reflexões sobre política e o político, estudos
sobre etnia e racismo, grupos e movimentos
sociais, violência física e simbólica, questões
de gênero, estudos culturais e sobre a cultura,
religião e o simbólico, e reflexões acerca da
conjuntura política e econômica do País.
O contexto clínico e da saúde remete a
trabalhos sobre a realidade hospitalar, saúde
básica, saúde mental, saúde especial e somática, reflexões e intervenções clínicas e no
âmbito da saúde privada e pública, a luta pela
garantia dos direitos dos cidadãos à saúde,
e a participação de profissionais da saúde e
da sociedade civil nos conselhos e conferências onde se discute a problemática da saúde
como direito dos cidadãos.
O contexto educacional acolhe trabalhos e intervenções nos âmbitos pedagógico,
escolar, curricular, universitário, educação especial e outros.
O contexto organizacional e do trabalho
remete também ao âmbito empresarial, industrial, saúde psíquica e física do trabalhador.
O contexto comunitário refere-se a estudos da psicologia comunitária, intervenções
direcionadas a diferentes práticas comunitárias, psicossociais e às instituições sociais
– por exemplo, família, escola, cooperativas,
associações populares, hospitais, sindicatos,
organizações não governamentais, instituições de acolhimento, instituições gerontológicas, creches, associação de moradores
– que se aproximam do cotidiano das pessoas, principalmente nos bairros e instituições
populares, com objetivo de melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e conscientização
social e de classe.
O contexto epistemológico acolhe reflexões que aprofundam aproximações teóricas e
reflexões que se desdobram a partir de ênfases
teóricas. As ênfases teóricas e epistemológicas
que mais marcam os trabalhos desta primeira
década do século XXI referem-se ao materialismo histórico e dialético, assumido como epistemologia fundamental do paradigma latino-americano de psicologia social. A psicanálise
também tem forte presença nas publicações,
tendo até um número especial temático da revista (dossiê) no ano de 2009. Também a teoria
crítica marca presença de destaque nas publicações, compondo ainda um dossiê referente
a ela. Teorias como pós-estruturalismo, análise
institucional, psicologia histórico-cultural e interacionismo simbólico marcam forte presença no embasamento dos textos.
Entre os autores mais citados nas referências dos trabalhos, Silvia Lane aparece
principalmente nos artigos que discutem a
concepção de homem na psicologia social e
nos estudos sobre grupos. Os estudos sobre
a identidade sustentam-se na tese de Antonio
da Costa Ciampa. Nos estudos sobre representações sociais, o referencial teórico sustenta-se em outro paradigma de psicologia social,
o europeu, tendo marca forte os estudos do
psicólogo social francês Serge Moscovici.
O contexto das políticas e projetos sociais trata das experiências e reflexões relacio-
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nadas às políticas públicas e projetos sociais,
à participação social, ao controle social e à
construção dessas políticas com experiências
em conferências, sindicatos, conselhos, fóruns de direitos humanos, visando à construção da democracia e de políticas direcionadas
aos direitos dos cidadãos. Para Furlan e Pelissari (2013), a produção acerca deste contexto
revela o interesse e a preocupação da Psicologia (social) de adentrar espaços de construção dessas políticas com o objetivo de lutar
pela garantia da condição de cidadão dos sujeitos humanos e colaborar com a construção
de uma sociedade mais justa e igualitária.
O contexto midiático e das tecnologias
de informação tem trabalhos relacionados
aos âmbitos televisual, digital, jornalístico;
estudos sobre o atravessamento na constituição da subjetividade humana, mediada por
esses meios de informações. Acolhe, também, intervenções no âmbito da construção
de políticas públicas para o acesso de todos a
tecnologias de informação e comunicação, ou
seja, a inserção dessas tecnologias em setores
que favorecem o desenvolvimento humano.
Emerge, na psicologia social, o contexto
das cidades, territórios e ambientes, que acolhe trabalhos que tratam a cidade como território urbano, estudos sobre as ruralidades, reflexões acerca do meio ambiente e reflexões
sobre a cidade como território de existência
humana e dos modos de produção de ser e
existir nestes territórios.
É importante salientar que os temas e
contextos entrelaçam-se como fios de um tecido, isto é, no tear que une a trama e o urdume, transformando-os em tecido no qual se
identificam os fios que se sobrepõem e se entretecem formando um conjunto denso que
dificulta distinguir um fio do outro e no qual é
impossível acompanhar todas as voltas, nós,
desenhos e configurações. Entretanto, cada
fio isolado ainda está ali, com sua singularidade no meio da coletividade. Isto justifica a
sutil semelhança entre os Temas e Contextos,
pois ambos conversam, se sobrepõem, perseguem, influenciam, fundem, ao mesmo tempo em que resguardam sua singularidade.
110
Considerações finais
A Abrapso, após sua criação, tornou-se
o espaço demarcador de intercâmbio, de posicionamento político e de construção de uma
psicologia social crítica. Porém, convém salientar que existe psicologia social em outros
contextos para além da Abrapso, com outros
periódicos que publicam artigos referentes à
área chamada psicossocial. Trabalhamos, nesta pesquisa, com os artigos que foram aceitos
pela Abrapso e publicados nas revistas e nos
anais dos encontros.
Em termos de resultados gerais, foi encontrada, sim, enorme abrangência, difusão e
expansão do campo. A abrangência referente
aos temas e contextos é extensiva a diversos,
diferentes e até divergentes campos de atuação e áreas de saber, tendo como referência
os motivos pelos quais a Abrapso foi criada. Ao
mesmo tempo em que conserva sua especificidade, abriga “migrações” internas e externas
à psicologia, ou seja, às ciências humanas e
sociais. Pode-se dizer que permanecem identificáveis e demarcados os estudos e práticas
críticas e propositivas que conferem à psicologia social um sentido crítico e compromisso
ético-político visando a transformações das
condições históricas macroestruturais e das
condições históricas e objetivas que forjam as
subjetividades e a consciência dos sujeitos. Estes estudos convivem com outros, adaptados
às demandas conjunturais atuais ou compromissados com a conquista de direitos humanos, sejam eles sociais e/ou individuais.
É expressiva a produção inserida nos
contextos sociopolítico e cultural, que acolhem trabalhos sobre a garantia de direitos
humanos, processos de democratização, reflexões sobre política e o político, estudos
sobre etnia e racismo, grupos e movimentos
sociais, violência física e simbólica, questões
de gênero, estudos sobre cultura, religião e
o simbólico, e reflexões acerca da conjuntura
política e econômica do País. Outras produções expressivas e equivalentes situam-se no
contexto da saúde e no contexto educacional.
As produções nos contextos das organizações do trabalho e da psicologia comunitária
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e os estudos epistemológicos assemelham-se
ao longo desse período e não estão em expansão. Emergem os contextos das políticas
públicas, dos projetos sociais, midiático e das
tecnologias da informação e comunicação, e
os estudos mais raros, porém não menos importantes, sobre as cidades, os ambientes e
territórios de existências.
Assim, pôde-se registrar que os trabalhos publicados revelam que temas clássicos,
temas não clássicos e temas emergentes encontram-se demarcados, com diferentes níveis de compromisso, pela preocupação com
o contexto sociopolítico e cultural; expressam
ainda preocupação com as demandas da atual
conjuntura nas áreas da saúde, da educação,
das organizações do trabalho, da comunidade, das epistemologias, dos projetos sociais,
das tecnologias da informação e comunicação, e das cidades e territórios de existência.
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Dados autorais:
Vinicius Furlan
Universidade Federal do Ceará. Possui graduação em Psicologia pelo curso de Psicologia da
UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba).
Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Membro no Grupo de Pesquisa PARALAXE: Grupo Interdisciplinar de Estudos,
Pesquisas e Intervenções em Psicologia Social Crítica, e do NEPEQSO – Núcleo de Estudos,
Pesquisa e Extensão em Questões Sociais da UNIMEP
Maria Aparecida Pelissari
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Graduada em Psicologia.
Possui mestrado e doutorado em Psicologia Social pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. Professora do curso de Psicologia
da Universidade Metodista de Piracicaba. Membro do Grupo de Pesquisa
Psicologia e Dilemas Sociais na Cultura Contemporânea, e do NEPQSO –
Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Questões Sociais da UNIMEP
Recebido: 21/01/2013
Aprovado: 02/04/2014
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