Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 CRESCIMENTO DA BANANEIRA BRS CONQUISTA SUBMETIDA A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO, CASTANHAL- PA KÉSSIA DA SILVA TEIXEIRA1*; LUIS NERY RODRIGUES2; AURENICE RIBEIRO DA SILVA OLIVEIRA³; ERNESTO DA SILVA PIRES4; PAULO CÉSAR RAMOS OLIVEIRA5 1 Estudante, Bolsista PIBIC/CNPq, IFPA/Castanhal, [email protected]; 2 Professor, IFPA/Castanhal, [email protected]; 3 Estudante/ IFPA/Castanhal, [email protected]; 4 Estudante/ IFPA/Castanhal, [email protected]; 5 Estudante/ IFPA/Castanhal, [email protected] RESUMO: Com o objetivo de estudar o efeito de diferentes doses de Nitrogênio sobre o crescimento da bananeira cultivar BRS Conquista (grupo genômico AAB), realizou-se um experimento na área do Instituto Federal do Pará - Campus Castanhal, estado do Pará. As mudas foram oriundas de cultivo existente no Campus, transplantadas em Outubro de 2014, no espaçamento de 3mx3m, em uma área de 1.215 m2. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com cinco doses de nitrogênio (0; 80; 160; 240 e 320 g/ planta) com três repetições. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey ao nível de 5% de significância. O nitrogênio é importante nutriente na fase de crescimento vegetativo da planta, porém as diferentes doses de uréia aplicadas na bananeira cv. BRS Conquista não tiveram efeito significativo sobre as variáveis de crescimento avaliadas aos 30, 45 e 60 dias após o transplantio-DAT, provavelmente em decorrência de problemas de desuniformidade no padrão das mudas, observada por ocasião do transplantio. PALAVRAS-CHAVE: Bananicultura, adubação, uréia GROWTH OF 'BRS CONQUISTA’ BANANA SUBMITTED TO DIFFERENT NITROGEN LEVELS, CASTANHAL- PA ABSTRACT: The objective of this work was to study the effect of different nitrogen levels on the growth of banana BRS Conquista (genomic group AAB). For such an experiment was carried out in the area of the Federal Institute of Pará - Campus Castanhal, Pará State, Brazil. Seedlings were derived from existing crop at Campus, transplanted in October 2014, with spacing of 3mx3m, corresponding to the area of 1,215 m2. The experimental design was in randomized blocks with five levels of nitrogen (0; 80; 160; 240 and 320 g/plant) with three replications. The results were submitted to ANOVA and Tukey’s teste at 5% significance level. Nitrogen is important nutrient in the vegetative growth phase of the plant, but the different urea doses applied in banana cv. ‘BRS Conquista’ had no significant effect on the growth variables evaluated at 30, 45 and 60 days after transplanting -DAT, probably due to uniformity problems in the pattern of seedlings, observed at the time of transplanting. KEYWORDS: banana crop, fertilization, urea INTRODUÇÃO O mercado interno consome aproximadamente 95% das bananas produzidas no território nacional, tendo como impulsionadores desse consumo os valores nutricionais, pois seu endocarpo (polpa) apresenta elevados teores de vitaminas A, B e C, além dos minerais Ca, K e Fe (Anuário Brasileiro de Fruticultura, 2012). A adição dos nutrientes no solo por meio de adubação química deve ocorrer de forma balanceada, visando garantir o máximo aproveitamento dos nutrientes durante os diferentes estádios fenológicos da planta, bem como, evitar o desequilíbrio entre os teores de nutrientes pelo mesmo sitio de absorção (TEIXEIRA, 2012). Apesar de ser bastante cultivada no estado do Pará, são poucas as informações disponíveis sobre a recomendação de adubação para essa cultura. Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência de diferentes doses de Nitrogênio no crescimento da bananeira cv. BRS Conquista no município de Castanhal, no estado do Pará. Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em Outubro de 2014, em Latossolo Amarelo Distrófico, textura média, no município de Castanhal situado nas coordenadas geográficas: latitude 01°15’44”S e longitude 47°48’39”W, Nordeste do Pará, em uma área pertencente ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – Campus Castanhal (IFPA - Campus Castanhal). O solo foi amostrado em camada de 0-0,20 m de profundidade e analisado no Laboratório Terra Agropecuária, em Goiás. O resultado da análise química inicial do solo está apresentado na Tabela 01. Tabela 01. Características químicas do solo da área experimental no IFPA Campus Castanhal Mat. Profundidade pH P K Ca Mg Al H+Al CTC Sat. Al Org. -3 -3 (m) (H2O) mg dm % (M%) mmolc 100 cm 0-0,20 4,3 18 40 1,1 0,4 0,0 3,8 5,4 1,2 0,0 Sat. Base (V%) 30,0 O clima da região é do tipo Equatorial Ami, classificação de Köppen, com temperatura média de 25° C. A estação mais chuvosa ocorre de dezembro a maio e a menos chuvosa de junho a novembro, com precipitação média anual superior a 2.500 mm e o número de dias chuvosos durante o ano chega a 208 dias em média com umidade relativa do ar entre 85% e 90% (SANTOS et al., 2006). O experimento ocupou uma área de 1.215 m2, formada por 135 mudas da cultivar BRS Conquista, pertencente ao grupo genômico AAB, oriundas da plantação existente no IFPA Campus Castanhal. A configuração do plantio consistiu de nove linhas com 15 plantas cada, com espaçamento de 3,0m x 3,0m. O preparo de área foi feito com grade aradora e niveladora. Foi feita a abertura das covas com dimensão de 40 cm x 40 cm x 40 cm para a transplantio das mudas. Foi realizada a adubação corretiva do solo no plantio com aplicação de 270 kg de calcário e 135 litros de torta de mamona por cova. Após a abertura das covas, a disposição do adubo foi feita da seguinte forma: 1ª camada com 1 litro de torta de mamona + areia + 2 Kg de Calcário + areia e em seguida a muda de bananeira. Após uma semana foi instalado um sistema de irrigação por gotejamento para suprir a necessidade hídrica da cultura. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com cinco tratamentos (doses) T1 (N = 0, P =0 e K = 0); T2 (N = 80, P =150 e K = 340); T3 (N = 160, P =150 e K = 340); T4 (N = 240, P =150 e K = 340) e T5 (N = 320, P =150 e K = 340 kg ha-1 ) e três repetições, cada repetição com nove plantas. Utilizou-se adubo nitrogenado em forma de uréia. O acompanhamento do crescimento das plantas de bananeira BRS Conquista foi feito através de aferições quinzenais de: altura, diâmetro do pseudocaule, número de folhas e área foliar. Para a altura foi considerada a distância entre o colo da planta e o ponto de interseção entre as duas últimas folhas. O diâmetro foi medido no pseudocaule 10 cm acima do solo. O número de folhas foi verificado contando as folhas vivas da planta. Para determinar área foliar foi medida o comprimento e largura da 3ª folha contada do ápice para base, utilizando uma trena de 5 m. Para os cálculos da área foliar total, expressa em m2, da bananeira usou-se o método proposto por Kumar et. al. (2002). A adubação ocorreu com 30 dias após o replantio das mudas de bananeiras. A aplicação foi realizada na superfície do solo em círculo com distância de 40 cm da planta. O parcelamento da adubação nitrogenada foi realizado com 50 % na primeira aplicação e após 30 dias mais 50%, usando fertilizante em forma de uréia (N 46%). A adubação fosfatada foi realizada em dose única com 150 g/planta, usando como fonte o fertilizante FNR ARAD (P2O5 33%). A adubação potássica foi efetuada com 340 g/ planta dividida em duas adubações, usando o Cloreto de Potássio (K2O 60%). Os dados obtidos do crescimento da bananeira BRS Conquista foram submetidos a análises de variância e o teste de Tukey ao nível de 5% significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO As diferentes doses de uréia aplicadas na bananeira BRS Conquista não tiveram efeito significativo sobre as variáveis de crescimento: altura da planta, diâmetro, número de folhas e área foliar total (Tabela 02). Em trabalho semelhante, DA SILVA et al. (2012), com bananeira cv. D’ Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 Angola submetida a cinco doses de nitrogênio e a três lâminas de irrigação, também não observaram efeitos significativos. Provavelmente em decorrência do período chuvoso, ocasionando à elevação da taxa de infiltração e de armazenamento de água por períodos mais prolongados, alterando os mecanismos de movimentação e a redistribuição de nutrientes, com maior mobilidade no solo, como é o caso do nitrogênio. Tabela 02. Teste de Tukey para altura, diâmetro, número de folhas e área foliar total da cultivar BRS Conquista aos 30, 45 e 60 dias após o transplantio-DAT. Altura (cm) Diâmetro (cm) Tratamento 30 DAT 45 DAT 60 DAT 30 DAT 45 DAT 60 DAT T1 34,44 a 53,44 a 67,89 a 4,00 a 5,11 a 6,78 a T2 39,56 a 60,00 a 84,56 a 4,44 a 5,78 a 8,22 a T3 T4 T5 CV % 35,78 a 40,11 a 34,78 a 57,22 a 58,22 a 59,78 a 81,56 a 80,11 a 80,00 a 4,00 a 4,22 a 4,11 a 27,63 25,63 22,40 60 DAT 7,67 a 7,00 a 5,78 a 5,67 a 5,78 a T1 T2 30 DAT 4,89 a 5,00 a 27,28 N° de folhas 45 DAT 7,33 a 7,00 a T3 T4 T5 4,33 a 4,78 a 5,11 a 7,33 a 6,78 a 7,67 a 8,33 a 7,33 a 7,67 a 0,28 a 0,31 a 0,28 a 0,78 a 0,85 a 0,87 a 1,51 a 1,43 a 1,34 a CV % 26,09 19,28 19,74 54,04 51,07 44,82 Tratamento 20,58 Área foliar (m²) 30 DAT 45 DAT 0,23 a 0,69 a 0,32 a 0,86 a 7,67 a 7,44 a 7,56 a 20,52 60 DAT 1,18 a 1,53 a Médias seguidas das mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As bananeiras não suportam encharcamento prolongado (por mais de um dia) em virtude de causar asfixia no seu sistema radicular e consequente redução de sua capacidade de absorção de nutrientes (ALVES & OLIVEIRA, 1997). Normalmente, menos de 50% do nitrogênio aplicado sob a forma de fertilizante é utilizado pelas culturas. As perdas no solo são devidas aos inúmeros processos aos quais o nitrogênio está sujeito. Sendo perdido principalmente pela lixiviação de nitrato (NO3), volatilização de amônia (NH3) e emissão de gás nitrogênio (N2), óxido nitroso (N2O) e outros óxidos de nitrogênio (ANGHINONI, 1986). Apesar de ser um elemento importante para o desenvolvimento das plantas, estudos realizados por Borges et al. (2002) também não detectaram efeito significativo de doses crescentes de nitrogênio mineral e adubo orgânico no crescimento da bananeira cv. Grande Naine. Concordando com Da Silva Alves et al. (2010), usando diferentes combinações de fontes de nitrato de cálcio e ureia aplicadas via fertirrigação. O nitrogênio é importante no crescimento e desenvolvimento dessa cultura, determinando em grande parte seu porte e o rendimento dos frutos. Contudo com a ocorrência de problemas de desuniformidade nas mudas por ocasião do plantio, provavelmente pode ter colaborado para que não houvesse efeitos visíveis de crescimento nas bananeiras com a aplicação de doses crescentes de uréia. Em trabalhos realizados por Francisco et al. (2008), com doses crescentes de nitrogênio, fósforo e potássio na bananeira cultivar Grande Naine foi observado aos 240 dias do plantio-DAP, que apenas o nitrogênio e o potássio influenciaram (p < 0,05) a altura da planta e a circunferência do pseudocaule, concordando com os resultados obtidos por Brasil et al. (2000), que verificaram também que o N influenciou na circunferência e a altura das plantas até 240 DAP. A taxa e a quantidade de nitrogênio assimilado pelas plantas durante o seu ciclo dependem da atividade das enzimas envolvidas no ciclo do nitrogênio e da disponibilidade de energia necessária para os processos de assimilação. Um dos principais motivos para que o N não tenha proporcionado Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 efeito no crescimento das bananeiras, provavelmente está relacionado ao curto período de tempo entre as avaliações das variáveis, o que não permitiu sua manifestação na planta. Baseando nesses resultados verifica-se a necessidade de estudos mais detalhados referentes aos períodos de maior absorção e acúmulo do nitrogênio em diferentes fases de desenvolvimento da bananeira, permitindo determinar as épocas em condições de campo que esse nutriente é mais exigido. CONCLUSÃO As variáveis analisadas do crescimento de bananeira cultivar BRS Conquista não foram influenciadas pela adubação nitrogenada. As doses de 80, 160, 240 e 320g/ planta de ureia não influenciaram significativamente o crescimento de bananeira cultivar BRS Conquista. REFERÊNCIAS Anuário Brasileiro de Fruticultura. 2012/Benno Bernardo Kist...[et al.]. – Santa Cruz do Sul: Ed. Gazeta Santa Cruz, 2008. 128p. ALVES, E. J.; OLIVEIRA, M. de A. Planejamento de um plantio comercial. In: ALVES, E. J. (Org.). A cultura da banana: aspectos técnicos, socioeconômicos e agroindustriais. Brasília: Embrapa-SPI/Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF,1997. P.261-290. ANGHINONI, I. Adubação nitrogenada nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, In: SANTANA, M.B.M. Adubação nitrogenada no Brasil. Ilhéus: Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira/SBCS,1986. P.1-18. Borges AL, Silva TO, Caldas RC & Almeida IE (2002) Adubação nitrogenada para bananeira‘Terra’ (Musa sp. AAB, subgrupo terra). 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