“ LABORATÓRIO DE ECONOMIA APLICADA: Em busca do caminho das pedras “ 01 – Pensando alto sobre a dinâmica da relação entre o homem e o mundo Neste momento histórico, a relação entre o homem e o mundo revela que o tempo é uma variável cuja leitura se faz a partir de um novo conceito. E nesta perspectiva a idéia de curto, médio e longo prazos fica fragilizada para a leitura do novo e do velho. A partir deste contexto, a leitura das relações sociais de produção dar visibilidade ao fato de que a distância entre o presente e o futuro se revela uma linha tênue, tal que “num piscar de olhos “ o novo se faz velho. E neste sentido como isso se manifesta? A inserção do desenvolvimento das forças produtivas na relação homem e mundo parece ter eleita a inovação tecnológica na perspectiva das relações técnicas e muito pouco no sentido das relações entre os homens. Isto posto, o desvendar dos mistérios na relação homem e o mundo, definitivamente, perde de vista o fruto do longo prazo, e por isso mesmo dar para admitir que a acumulação de conhecimento não necessariamente continue sendo um presente de uma geração para a outra. O tempo tem outro desenho. A relação homem e mundo, neste momento histórico, se revela mais imediata, quem sabe, fruto do fato de que o desenvolvimento das forças produtivas, concretamente, possibilita que o homem, em curto espaço de tempo, detenha mais domínio sobre tudo o que lhe exterior, e neste sentido com maior poder de intervenção no processo de humanização da natureza. E por isso, não fica difícil entender porque o desenvolvimento das forças produtivas cria condições objetivas no sentido da velocidade na construção de novas verdades e concomitantemente faz velho a verdade que segundos atrás se fizera o novo paradigma. Isto posto, o desenho das forças produtivas dominantes revelam traços de submissão do processo de apropriação da natureza ao conhecimento técnico que materializa a inovação tecnológica internalizando a modernidade no contexto das relações técnicas de produção. Pelo visto, parece que “ o como” muito mais do que “ o porquê” vai se impondo no ato do homem humanizar a natureza, de humanizar o mundo que lhe exterior. A sensação que fica é de que o conhecimento técnico, sorrateiramente vai “comendo pelas beiradas” e sem alarde está conseguindo no paradigma dominante, é o diferencial na qualificação da relação homem e o mundo. A poesia do artesanal, do manual, já não encanta na hora da escolha de um ofício, e precisamente por isso, é parte de um paradigma que está sendo deletado pela força da tecnologia da automação no processo de apropriação da natureza enquanto objetos úteis as necessidades do homem. Não faz muito tempo, a vitória na guerra dependia do número de soldados, pois o corpo a corpo pontuava cada batalha. O novo tempo é o tempo em que o conceito de distância caminha do real para o virtual, e neste sentido não perder de vista que a decisão de bombardear uma cidade se dá num simples toque de uma tecla, considerando que o “chip” se impõe como o diferencial na tecnologia da informação. Parece importar muito pouco que sejam mortos inocentes, mesmo que sejam crianças e velhos. O tempo de vida de um conceito, de uma verdade, revela na relação homem e o mundo que o desenvolvimento das forças produtivas anula a distancia entre o passado, o presente e o futuro. Este é o sinal dos novos tempos. O tempo da revolução tecnológica enquanto o paradigma que define o sentido de modernidade. Na perspectiva da construção do conhecimento, parece ser irreversível que na relação entre o homem e o mundo que lhe exterior, a inovação tecnológica finque o pé em valorar o conhecimento técnico. E dar, a olho nu, para enxergar que o homem se faz virtuoso na arte de desvendar os mistérios que pontuam a humanização da natureza. Na relação entre o homem e o mundo exterior o desconhecido se faz velho imediatamente. O brilho do conhecimento técnico parece ofuscar a excelência do conhecimento teórico enquanto recurso na objetivação do concreto na relação homem e o mundo. No processo de humanização da natureza – relação entre o homem e mundo que lhe é exterior – a inserção do desenvolvimento das forças produtivas caminha, a passos largos, em direção ao paradigma da modernidade das relações técnicas de produção. E referido processo se revela um talento na redefinição do papel do homem, tal que sem nenhuma cerimônia atribui ao homem o papel de condutor das maquinas e equipamentos quando está a humanizar a natureza. Fico com a sensação de que esse mecanismo se propõe a retirar do homem o senso da curiosidade no saber “ o porquê “ da grandeza de ter que desvendar os mistérios na relação homem e o mundo. Por outro lado, atiça a sensibilidade do homem em direção a excelência do conhecimento técnico a condição elementar para a criação das coisas úteis enquanto resposta imediata ao atendimento de suas necessidades. Nesta direção, a substituição do velho pelo novo é um processo pelo qual se instala um novo paradigma, um paradigma no qual o ensino do conhecimento teórico se curve ao ensino do conhecimento técnico. No caso da Ciência Econômica, a proposição é de que o ensino de economia aplicada possibilita ao aluno enxergar a virtuosidade do ensino da teoria econômica. O que não se perder de vista é o fato de que o brilho do conhecimento técnico só se objetiva porque é o conhecimento teórico que desvenda os mistérios da relação entre o homem e o mundo exterior. Se a máquina digital detona a poesia da máquina fotográfica comum, e se isso ocorreu num “ piscar de olhos “, ficando a sensação de que o passado não é suficiente para explicar o presente, em última instância, revela a capacidade do homem reconstruir a lógica interna – conhecimento teórico - da relação entre os homens e destes com a natureza enquanto . Definitivamente, cabe ler com carinho o registro de que o homem levou mais tempo para acumular conhecimento e produzir a máquina comum – cerca de 100 anos – do que o tempo que foi necessário para surgir a máquina fotográfica digital. Ainda com esse olhar, a literatura revela que nos anos 80 o micro computador AT286 era o “pole position” na tecnologia da informática, hoje é lixo diante da inovação tecnológica que pontua a linha de produção do tipo “ Pentium “ . E o novo se faz velho numa velocidade pouco perceptível aos nossos olhos. O novo não demonstra nenhum talento em dar visibilidade da emoção vivenciada em cada passo dado pelo conhecimento teórico no sentido da construção da nova verdade, por outro lado, se faz virtuoso quando atiça a sensibilidade do homem no sentido de faze-lo encantado pelo brilho do toque da modernidade que a tecnologia revela quando da humanização da natureza. A “ internet “ mais que uma alternativa para a navegação em sites, se impõe como ferramenta que dá mais qualidade a relação entre o homem e o mundo exterior, primeiro porque permite a sistematização do conhecimento acumulado de geração para geração, e segundo porque, efetivamente, elimina a distância entre as pessoas, e terceiro porque ao dar visibilidade à “realidade” do mundo virtual possibilita no tempo presente enxergar “ a realidade “ do tempo futuro. Não gosto da idéia de perder o “ chip “ nesta viagem, e não escondo a ansiedade diante da necessidade de desvendar os mistérios do ensino de economia, em especial porque já faz algum tempo não me sinto seduzido pelo desenho da sala de aula que aí está. Nossa, me lembra muito a sala de aula dos meus tempos de aluno nos anos 70 na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Ceará. Ciente de que o desenho atual da sala de aula não cria possibilidade para que o ensino seja um ato de construção do conhecimento, onde o aluno é o sujeito deste processo, revelo minha angústia nas questões que se seguem: 01 – O professor tem visibilidade das mudanças que a tecnologia do “chip” vem provocando na relação entre o homem e o mundo? 02 – O professor enxerga que mecanicamente os alunos estão a trocar os livros e revistas tradicionais pelos textos das bibliotecas virtuais? 03 – O professor está disposto a sentar com o aluno no sentido da reconstrução do desenho da nova sala de aula? 04 – O aluno compreende que ele é o sujeito no ensino? 05 – O aluno tem visibilidade do quão valioso é o conhecimento, e está ciente que é o conhecimento quem possibilita desvendar os mistérios na relação homem e mundo? 06 – O atual paradigma do ensino enxerga que o conhecimento técnico se objetiva com maior precisão aos olhos das pessoas no seu dia a dia? 07 – O ensino atual se revela competente na construção de uma ponte entre o conhecimento teórico e o conhecimento técnico, considerando que este último é o mote do mercado de trabalho, neste momento histórico? 08 – O ensino atual – desenhado pelos projetos pedagógicos de Cursos Superiores existentes no pais – consegue dar visibilidade do quão necessário é a aplicabilidade do conhecimento teórico? 09 – O desenho da sala de aula, nos dias de hoje, possibilita que o aluno enxergue a realidade do seu cotidiano? De certa forma, a angústia vai se instalando aos pouquinhos e a cada instante compreendo melhor o porquê do desencanto que o aluno revela em relação à sala de aula e mais ainda, que já não tenho dificuldades em admitir o quão difícil é o exercício do ensino de economia, considerando que o tecnicismo – para não dizer o imediatismo - perdeu a timidez de se ousar indicador de excelência no mercado de trabalho. Melhor dar uma parada e caminhar em direção a quem possa e esteja disposto a me dar ajuda na construção de um novo desenho para a sala de aula, tal que o ensino de economia se firme a partir de um paradigma que não perca de vista a grandiosidade dos recursos tecnológicos, considerando que o objetivo do ensino é potencializar o talento do aluno. A minha miopia já dar sinais de melhoria, e me encanta a possibilidade de resgatar o ensino da economia aplicada enquanto alternativa didática – imediata - na construção de um desenho de sala de aula onde seja possível dar visibilidade ao conhecimento teórico a partir do ensino do conhecimento técnico. Na sala de aula, nós professores precisamos redescobrir ferramentas, técnicas pedagógicas, etc, no sentido de clarear o que se entende por economia aplicada, por ensino do conhecimento técnico quando se está a modelar a lógica interna de cada um dos programas de pesquisas que constituem o pensamento econômico. Se o econômico se impõe como condição determinante e dominante na relação entre os homens e destes com a natureza, e neste sentido explica a lógica das decisões de empresários, governantes, consumidores, no mundo dos negócios capitalistas , parece ser urgente garimpar explicações sobre o desencanto dos jovens em relação ao Curso de Ciências Econômica, revelado – a partir de do ano 200 - nas inscrições dos processos seletivos de universidades instaladas no país. Uma luz parece dar sinal de que a matriz curricular que se pretende para o Curso de Ciências Econômicas ofertado pela UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA enxerga o resgate do ensino de economia aplicada como o diferencial do curso, considerando a hipótese de fazer o ensino do conhecimento teórico ser visível aos olhos do ensino do conhecimento técnico. As propostas, no projeto pedagógico, estão assim elencadas: 01 – ofertar possibilidades de ênfases nas duas últimas séries do curso: 1.01 – ênfase da economia empresarial; 1.02 – ênfase da economia regional e 1.03 – ênfase da economia do setor público. 02 – que o trabalho de conclusão de curso permita ao aluno fazer opção pelo trabalho monográfico, ou então pela elaboração de um projeto econômico; e 03 – instituir o laboratório de economia aplicada como um componente curricular no Curso e pelo qual se possibilita a objetivação do ensino do conhecimento teórico. Ainda que não seja uma resposta definitiva - melhor que não seja -, revela que o PROJETO PEDAGÓGICO implementado em 2004 pela UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA é contundente em relação a necessidade de um Laboratório de Economia, precisamente porque é uma a possibilidade concreta para que os conteúdo das disciplinas não sejam desenvolvidos somente na perspectiva da modelagem, mas que o professor seja virtuoso na contextualização do ensino de teoria econômica. Em especial, o Laboratório de Economia já disponibiliza um banco de preços sobre os produtos de uma cesta de consumo regional, e de perfil sócio econômico de atores sociais que atuam na sócio economia de Belém. Portanto os professores podem usar esse recurso como matéria prima – na sala de aula – no momento de desenvolver a e estrutura lógica das funções de demanda e oferta, sem perder de vista a contextualização do ensino em relação ao mercado de consumo na região. A opção dos autores do projeto pedagógico – pela economia aplicada – em nenhum momento significa um possível relaxamento da MATRIZ CURRICULAR em relação ao ensino do conhecimento teórico, precisamente porque a intenção dos mesmos é revelar a preocupação com as dificuldades de inserção do aluno no mercado de trabalho, e que estão cientes de que a economia aplicada e a contextualização do ensino, no curto prazo, é o indicador com mais visibilidade na avaliação dos alunos sobre a qualidade do curso, particularmente porque o mercado de trabalho se revela submisso ao imediatismo do conhecimento técnico. A cobrança dos alunos deixou de ser tímida e isso está refletido na insuficiência de inscrições com relação ao processo seletivo de junho de 2004 feito pela UNAMA. E lembro que no segundo semestre do ano letivo de 2003, um aluno da terceira do Curso de Ciências Econômicas – 3ECV1 – em uma das aulas de Teoria Macroeconômica levanta e argumenta: “ Mestre, como usar as proposições keynesianas – que o senhor tanto fala na sala de aula no sentido de mostrar ao governo o que fazer com os instrumentos de política fiscal, monetária e cambial, diante da necessidade de gerar emprego e renda no país? “. Mais recentemente, abril de 2004, outro aluno da terceira série – 3ECN1 – se dirige a mim e diz: “ Como a partir da teoria econômica explicar a opção do governo em achatar a renda do assalariado no país, considerando que isso tende a provocar queda nos gastos de consumo, se de imediato o impacto é negativo, uma vez que ficam piores as condições objetivas para a realização da produção no mercado. Se entendi o que diz a teoria econômica, isso significa um quadro desfavorável em relação ao estado de confiança do empresário, que naturalmente deve optar em reduzir os investimentos. Não é isso? E o senhor disse, em sala de aula, que o investimento é condição determinante do emprego e renda na teoria geral. É isso mesmo, ou estou errado, ou na prática a teoria é outra? “ . Na oportunidade, o debate foi interessante, porque mais que tentar aliviar a angústia do aluno, foi possível explicar como o conhecimento teórico é crucial enquanto embasamento para entender a lógica das decisões dos atores sociais. E por outro lado, conduzi o debate no sentido de mostrar como a teoria econômica se objetiva no exercício da economia aplicada. Utilizando a tecnologia da ferramenta Excel conseguimos modelar um simulado sobre o impacto dos instrumentos de política econômica, seja quando ocorra alterações na carga tributária, ou nas taxas de juros, ou na taxa de câmbio, ou cortes nos gastos do governo . O momento foi especial- para mim -, porque estava estampado no rosto do aluno a satisfação de ver que se pode fazer a aplicação do conhecimento teórico. E são evidentes os sinais de desencanto do aluno com relação ao desenho do ensino de economia. O aluno revela-se angustiado diante da obrigatoriedade de explicar, em certos momentos, questões como: 01 – Porque o governo diz que seu caixa impede que o salário mínimo seja maior que R$260,00? 02 – Se a inflação é relativamente baixa, porque o próprio governo diz que o juro não pode ser menor que 16,0% ao ano? 03 – Porque o governo prioriza a meta de “x “ pontos percentuais para o superávit primário se o crescimento econômico em 2003 foi negativo? 04 – etc. etc. etc. etc. A partir deste contexto, tento imaginar a cabeça do aluno, diante da complexidade do ensino de modelagem na teoria econômica, considerando que é improvável –neste momento - caminhar em direção ao ensino de economia aplicada. Para a matriz curricular o momento é de construção da lógica interna, do desenho dos fundamentos filosóficos de cada uma das teorias econômicas. De certo modo fica impossível negar “o espetáculo” da ferramenta Excel quando fazemos cálculos econométricos, mas preocupa o fato de que o mecanismo de cálculo no Excel em nada lembra a lógica da teoria da regressão linear, por exemplo. Os alunos no intento de fazer com que percebamos sua angústia, registram que até nos concursos públicos e processo de seleção de pessoal, já é natural na avaliação a cobrança de conhecimento sobre ferramentas como o Word, o Excel e inclusive o Acess. Ainda que me encante a viagem intelectual no bonde da teoria econômica, me sinto tocado pela angústia de meus alunos, e não tenho dúvidas quanto a necessidade de buscar a economia aplicada no sentido objetivar o ensino do conhecimento teórico. Na perspectiva da academia, o Excel e outras ferramentas da tecnologia da informática materializam a possibilidade de construção de simulados, de tal modo que o aluno na sala de aula – com o espaço do laboratório de economia aplicada – mais do que perceber a lógica interna e a aplicação do conhecimento teórico, será induzido a trabalhar com simulações sobre a realidade da vida econômica em seu município, seu estado, seu país. Mais do que se imaginar um cientista econômico e portanto demonstrar sua ansiedade em compreender a lógica do processo de criação e multiplicação da riqueza econômica, nos dias atuais o jovem, qualquer que seja o seu papel como indivíduo social, se encanta com a objetividade do conhecimento técnico, no sentido da relação entre o homem e a natureza, particularmente porque o aprendizado se faz visível nas ações enquanto atos de transformação da natureza em objetos úteis. Na perspectiva da academia, é significativo o número de cursos em que a proposta pedagógica é de dar visibilidade, em primeiro plano, ao ensino do conhecimento técnico enquanto diferencial para quem busca a universidade. Isto posto, já nas disciplinas que se referem aos primeiros anos da matriz curricular: 01 - o aluno de ciência da computação sabe como fazer uso do Excel, do Acess; 02 – o aluno de ciências contábeis se deleita com o mecanismo de construção de um balancete; 03 – o aluno de arquitetura extravasa o talento no desenho da frente de uma casa; 04 – etc, etc, etc. etc. etc. etc. O encanto pelo imediatismo do conhecimento técnico, se exagerado, pode resultar em decisões equivocadas. Por exemplo, é difícil entender porque – hierarquicamente - o Curso de Engenharia da Produção integra à área de exatas. Sem polêmicas, a priori o Curso de Engenharia da Produção deve ser uma proposta de ensino cujo objeto de estudo seja o conhecimento sobre a organização, o desenho e a sistematização do processos produtivos – qualquer que seja o segmento econômico - enquanto uma decisão que, em última instância, se refere ao como fazer na humanização da natureza. Este corte analítico revela afinidades com as matrizes curriculares dos cursos de economia, administração e de gestão. Retomando o caminho do texto e preocupado em buscar mais argumentos no sentido de compreender porquê o ensino de conhecimento técnico parece ser o caminho para a objetivação do ensino do conhecimento teórico, em especial, no caso do Curso de Ciências Econômicas não podemos perder de vista que a tecnologia é uma condição essencial para que o homem se revele virtuoso em relação a apropriação da natureza, de tal modo que na perspectiva das grandes tecnologias o homem – historicamente - se impõe com maior grau de conhecimento, de domínio sobre o mundo que lhe é exterior. O que importa, parece ser o produto final, dado que no planejamento do desenvolvimento do capital a relação entre o homem e a natureza, necessariamente tem que se objetivar pela via da multiplicação da riqueza. 02 – Um ensaio sobre o um novo desenho do ensino de Economia O estágio do desenvolvimento das forças produtivas diz nas entre linhas que o longo prazo parece sucumbir aos objetivos de curto prazo do planejamento de desenvolvimento do capital, e naturalmente vem, sistematicamente, reformatando o papel do homem na sua relação com o mundo. Não tenho a pretensão, e seria mediocridade afirmar que o conhecimento técnico se impõe ao conhecimento científico, mas creio não existirem dúvidas de que na construção deste novo papel, a excelência do conhecimento técnico se impõe como uma condição crucial para a inserção do homem como indivíduo social. Isto posto, entendo que no ensino de economia, os professores precisam fazer um esforço – sem medo de ousar - no sentido desenhar uma nova metodologia, e buscar ferramentas que possibilitem na construção do conhecimento teórico a objetivação do conhecimento técnico, de modo que a matriz curricular do Curso de Ciências Econômicas permita oportunizar o talento de quem tem sólida formação em teoria econômica. O projeto pedagógico aprovado para o Curso de Ciências Econômicas ofertado pela Universidade da Amazônia, já na primeira série, impõe um novo perfil ao professor responsável pela iniciação do aluno no campo do conhecimento econômico, considerando que na matriz curricular implantada os recursos do “cuspe e giz “ se revelam medíocres se o objetivo for resgatar a economia enquanto diferencial do curso no mercado. A aula não pode simplesmente se restringir ao discurso – teórico - do professor, e/ou ao registro das anotações de cadernos feitas pelos alunos. Isso me lembra a sala de aula nos meus tempos – de aluno - na Universidade Federal do Ceará. É pouco, muito pouco o que temos feito, em termos de reconstrução do desenho da sala de aula, para tocarmos a sensibilidade do aluno e faze-lo encantado pela Ciência Econômica enquanto uma opção de invejáveis possibilidades no mercado de trabalho. A sedução pelo conhecimento técnico se revela, exponencialmente, na explosão de cursos que se voltam para a área de gestão e/ou em direção aos chamados curso de formação específica. Os números das inscrições em processos seletivos – inclusive na Universidade da Amazônia - dão sinais da migração dos alunos para essas novas opções de cursos ofertados pelas universidades no pais. Não dar para esquecer que a universidade deve alimentar o sonho do jovem em relação as suas possibilidades como individuo social na relação homem e mundo, tal que a opção de escolher o Curso de Ciências Econômicas seja fruto dos diferenciais que o curso é capaz de criar em relação aos concorrentes, e por isso mesmo dando sinais de um cenário de expectativas favoráveis quando o aluno pensa seu futuro como economista e indivíduo social. . O ensino de economia, portanto, deve ser tal que a sala de aula se revele um laboratório no exercício do conteúdo de cada disciplina, de modo que: 01 – o estudo da derivada e/ou da elasticidade seja desenvolvido no sentido de fazer o aluno enxergar a sua aplicabilidade quando se faz necessário o cálculo para dar visibilidade ao empresário de quanto é a reação do mercado caso ocorra uma queda nos preços de mercados, ou de quando se espera que cresça os gastos de consumo se se reduz a carga tributária no país; 02 – o ensino relativo a construção da matriz insumo-produto seja desenvolvido no sentido de fazer o aluno elaborar simulados sobre o cálculo da produção caso ocorra uma expansão/queda na demanda final de consumo; 03 – o aluno seja capaz de mensurar o impacto da inflação sobre os gastos de consumo com a cesta básica, ou então que saiba calcular o índice da inflação anual a partir do comportamento mensal dos preços médios em um dado exercício econômico; 04 – o trabalho de ensinar a modelagem na esfera da teoria econômica não seja só uma viagem pelo mundo do conhecimento cientifico, mas necessariamente que mostre o quão valioso é conseguir enxergar a relação de causa e efeito na leitura dos fenômenos econômicos, seja no município, no estado, na região, ou no país. Tal que pelo recursos da modelagem, o aluno consiga elaborar mecanismo no sentido de mensurar a magnitude do impacto do corte de “ x “ pontos percentuais nos gastos governamentais; Enfim, que o aluno seja capaz de perceber que a proposta de desestatização mais do que o objetivo de desafogar o caixa do governo, é fruto do compromisso do Estado em articular meios para que a proposta neoliberal se instale como pano de fundo na instalação de uma nova ordem econômica mundial, tal que a criação e a multiplicação da riqueza sob o signo da globalização tenha no mercado o seu ponto de sustentação, e por isso mesmo, que a ruptura das fronteiras entre as nações seja facilitador da lógica da acumulação do capital. 03 – Os novos tempos sinalizam expectativas de um xeque-mate Os números são contundentes – inscrição no processo seletivo - e não escondem o encanto dos jovens por cursos nos quais a matriz curricular evidencia a excelência do conhecimento técnico enquanto diferencial para acessar o mercado de trabalho. Assusta o registro de que em alguns desses cursos sejam ofertadas “trilhões” de vagas no processo seletivo – caso da área de gestão e administração em Belém -, revelando, de certa forma, pouco caso em relação a responsabilidade social, uma vez que na perspectiva do desenvolvimento das forças produtivas, na qual o foco é a modernidade das relações técnicas de produção, e cujo o resultado é a valoração das tecnologias de uso intenso de capital. Isto posto, um novo paradigma vai reordenando as transações na base econômica a partir de cadeias produtivas na quais a automação e a automatização são as meninas dos olhos no planejamento do desenvolvimento do capital. De imediato é difícil imaginar que sejam crescentes as possibilidades no mercado de trabalho, mesmo sendo o futuro profissional um craque no conhecimento técnico sobre determinada área. As tecnologias intensivas de capital revelam um paradigma pouco comprometido com a valorização do homem na relação com o mundo que lhe é exterior. As pesquisas, no mundo inteiro, são contundentes em relação a explosão linear do desemprego tecnológico e o quadro se torna mais dramático diante do registro histórico de que o capital industrial sucumbe – progressivamente - ao domínio do capital financeiro. Neste sentido as decisões de portfólio – do investidor – revelam preferências pela liquidez dos ativos financeiro, e mais que isto, é a alternativa pela qual em menor prazo de tempo se realiza a multiplicação do capital. O tecnicismo não parece ser a saída para pensar a matriz curricular dos cursos na universidade, mas não sejamos ingênuos em relação a necessidade de resgatar o ensino da economia aplicada como referência para o aluno em relação as possibilidades do Curso de Ciências no mercado de trabalho. Não podemos continuar nos esquivando de um fato concreto, os números nos processos seletivos em todas as capitais brasileiras são desastrosos na avaliação das inscrições de jovens interessados em cursar economia. E, particularmente, no caso das inscrições do processo seletivo da Universidade da Amazônia, agora em junho de 2004, não foi possível contabilizar um número mínimo de alunos suficiente para a oferta de pelo menos uma turma no Curso de Ciências Econômicas. Registre-se que não foi só o caso do Curso de Ciências Econômicas, mas chama a atenção o fato de que em todos os casos ocorridos, os cursos aos olhos dos alunos estão pontuados pela excelência do ensino de conhecimento teórico. A leitura não deve ser vista segundo o corte linear da questão da empregabilidade, mas angustiante porque a formação econômica dos indivíduos sociais é uma condição antecedente desvendar os mistérios da relação homem e mundo, mais precisamente, porque na sociedade capitalista, o econômico é a instância determinante e dominante na construção do edifício social. 04 – Catucando a onça com uma vara curta Ainda que seja valioso enxergar o cenário de “ caos “ nas inscrições dos processo seletivos em capitais brasileiras, se impõe à Universidade da Amazônia, a obrigatoriedade de possibilitar o uso dos meios de comunicações no sentido de dar visibilidade aos jovens residentes na região, sobre as possibilidades que o Curso de Ciências Econômicas cria para o economista, diante do fato de que nos traços da nova sala de aula – laboratório de economia aplicada – valorizamos a excelência do ensino de economia aplicada. Por outro lado, mais que ficar explicando os resultados negativos, usemos nosso talento na busca de caminhos novos para o ensino de economia, e nesta direção parece que a iniciativa de pensar um LABORATÓRIO DE ECONOMIA na academia, efetivamente diz para a sociedade que a UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA é sensível às exigências do mercado de trabalho em relação a valorização do conhecimento técnico como diferencial de qualidade no ensino do conhecimento teórico. O Curso de Ciências Econômicas da UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA tem no LABORATÓRIO DE ECONOMIA APLICADA o componente curricular que cuida da criação de alternativas didáticas no sentido de que o professore, em qualquer disciplina, se sinta obrigado a exercitar o conhecimento ministrado em sala de aula. No sentido de dar visibilidade sobre como se objetiva o exercício do conhecimento técnico no novo projeto pedagógico do curso, a participação do aluno no Laboratório de Economia se dar através da atuação em diversas atividades definidas segundo o objetivo de cada uma das disciplinas da matriz curricular. As tarefas são eleitas e planejadas de modo que se possa exercitar a aplicação do conhecimento através de grupos de estudos, assim como em tarefas individuais. Os grupos de estudos são constituídos com um número máximo de 5(cinco) alunos e se engajam em atividades que na sua grande maioria se volta para a contextualização do ensino a partir das especificidades da região, conforme abaixo ilustradas: No ano de 2004, os alunos mostram o talento nos grupos de estudos responsáveis pela elaboração do perfil sócio econômico : 01 – Do Consumidor de supermercado em Belém; 02 – Dos Idosos residentes em Belém; 03 – Do taxista que atuam em Belém; 04 – Do motorista de linhas de ônibus em Belém; 05 – Do feirante nas feiras de livres de Belém; 06 – Das feiras livres em Belém; 07 – Do trocador de linhas de ônibus em Belém;e 08 – Do comerciário em Belém. Por outro lado, em tarefas individuais, os alunos realizam estudos sobre a conjuntura dos preços no mercado de consumo em Belém, particularmente em relação: 01 – Conjuntura dos preços da refeição a kg em Belém; 02 – Conjuntura dos preços do açaí em Belém; 03 – Conjuntura dos juros do cartão de crédito em Belém; 04 – Conjuntura dos juros do cheque especial;e 05 – Conjuntura dos preços do pescado na semana santa. O destaque fica por conta de cinco grupos de estudos, que juntos são responsáveis pelo levantamento de preços para o cálculo do custo de uma cesta básica de consumo regional em Belém e do custo de uma cesta de material de construção de habitação popular em Belém. Nestas duas atividades os alunos realizam levantamentos semanais de preços e ao final de cada mês através de relatórios de pesquisas divulgam o valor do custo das duas cestas de consumo. E por fim, os alunos usam a internet navegando em sites de centros de estudos e pesquisas no sentido do levantamento de informações econômicas, populacionais, territoriais, educacionais e outras com a obrigação de construir uma base de dados organizados no formato de planilhas e gráficos. No primeiro semestre de 2004 o trabalho dos alunos está voltado para o levantamento, sistematização e análise dos dados relativos ao comportamento da balança comercial do Pará nos últimos dez anos. Além das atividades em que os alunos se voltam para estudos sobre o mercado na região, são ministradas aulas – laboratório de informática - sobre as técnicas de construção de : 01 – índices de preços; 02 – indicadores de crescimento do produto interno bruto, e outros; 03 – indicadores de incremento populacional; 04 – estimativas de variáveis a partir coeficientes como elasticidade, média móvel, inflação acumulada, inflação média, e outras; 05 – métodos e técnicas para que os alunos façam simulações econômicas nas esferas da macroeconomia, da microeconomia, da economia internacional e outras. Neste momento, a equipe de professores do Laboratório de Economia e os alunos estão em fase de planejamento de uma EXPOSIÇÃO AO PÚBLICO dos resultados obtidos pelos trabalhos realizados. A exposição, mais do que a preocupação é divulgar os resultados dos estudos, será o momento para que os alunos possam mostrar ao público que o economista é profissional capacitado para dar respostas: 01 – ao consumidor belenense, particularmente revelando e demonstrando como o comportamento dos preços no mercado afetam o orçamento familiar e nossas decisões de consumo; 02 – ao setor empresarial, construindo indicadores sociais e econômicos sobre atores sociais no mercado de consumo em Belém, em especial, a elaboração do perfil sócio econômico; 03 – ao setor público, considerando que podem ser disponibilizados indicadores sobre a sócio economia informal de Belém; 04 – aos próprios alunos, considerando que os mesmos irão percebendo que a aplicação do conhecimento econômico não é um bicho de sete cabeças; e 05 – finalmente disponibilizando para os alunos os estudos realizados e as bases de dados construídas com as pesquisas no sentido de facilitar a escolha dos temas na elaboração dos trabalhos de conclusão do curso. A experiência do LABORATÓRIO DE ECONOMIA APLICADA pode ainda não ser a resposta aos meus anseios diante da necessidade de um novo desenho para o ensino de economia, mas efetivamente vem mostrando que o caminho das pedras é o da economia aplicada na formação e qualificação do aluno no Curso de Ciências Econômicas. A experiência no LABORATÓRIO DE ECONOMIA APLICADA se não mudou o quadro relativo aos números de inscrição no processo seletivo em Belém, aos poucos vai revelando o talento de futuros profissionais na área da economia. A experiência com o LABORATÓRIO DE ECONOMIA APLICADA, definitivamente, revelou que é preciso um novo desenho para a sala de aula atual e em especial trazer para a academia um novo professor, cujo diferencial esteja a sensibilidade para o novo, e portanto capaz de enxergar o quão é valioso trazer para dentro da sala de aula, a realidade do cotidiano da vida econômica, tal que no final o aluno perceba que a teoria econômica não é uma utopia, mas uma ferramenta impar no sentido de compreender e explicar o quê, o porquê e o como se dão as decisões sobre emprego, consumo, exportações, elevação de preços, etc. . Ao encerrarmos o texto, podemos revelar que o mote da economia aplicada no ensino de economia já dar sinais de quadro de expectativas favoráveis, dado que: 01 - O Custo da Cesta Básica de Consumo Regional enquanto produto do trabalho de um dos grupos de estudos está sendo usado como indicador oficial do poder público municipal em Belém; 02 - Recebemos propostas da iniciativa privada no sentido de fazer estudos de mercado sobre o perfil do trabalhador interessado em demandar moradia na capital da Amazônia; 03 – Recebemos propostas do setor público sobre a possibilidade realizar um diagnóstico sobre a atividade da pesca na região; 04 – Estamos finalizando texto sobre uma base de dados econômicos, sociais, populacionais, territoriais, e outros relativos à sócio economia de Belém. Enfim o ensino e a construção do conhecimento, espero não percam o sentido da utopia enquanto um estado de possibilidades para a inserção do homem no mundo que lhe exterior.