Mercados informação de negócios Suécia Oportunidades e Dificuldades do Mercado Julho 2015 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) Índice 1. Enquadramento Geral 3 2. Oportunidades 5 2.1. Comércio 5 2.2. Investimento 8 2.3. Turismo 9 3. Dificuldades 10 3.1. Comércio 10 3.2. Investimento 12 4. Cultura de Negócios do Mercado 13 2 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) 1. Enquadramento Geral Segundo “The Global Competitiveness Report 2014-2015”, do Fórum Económico Mundial, num conjunto de 144 países analisados, a Suécia ocupa o 10º lugar em termos do índex global de competitividade e, de acordo com o FMI, o 17º lugar no que se refere ao PIB per capita. Em termos globais, a Suécia é um parceiro comercial relativamente importante para Portugal surgindo, em 2014, no ranking de clientes, na 14ª posição, com uma quota de mercado de 0,97%, e no de fornecedores, na 16ª posição, com uma quota de mercado de 1,13% (Fonte: INE). No contexto do comércio externo sueco, em 2014 Portugal posicionava-se como 33º cliente, absorvendo 0,48% do total das exportações suecas, e no 36º enquanto fornecedor, representando 0,34% das suas importações, assumindo, portanto, posições e quotas menos relevantes do que as da Suécia na balança comercial portuguesa, em consequência, provavelmente, do diferencial das duas economias, em favor da Suécia. Enquanto fornecedor da Suécia, Portugal continua a desempenhar um papel modesto. Num passado relativamente recente (período EFTA), Portugal foi um parceiro comercial com alguma importância, nomeadamente nos produtos tradicionais de pouca componente tecnológica: têxteis, confeções, calçado ou cerâmica utilitária. Salvo raras exceções, o relacionamento comercial com a Suécia era dominado pelo fator da subcontratação, e os produtos nacionais evidenciavam-se pela boa relação preço/qualidade. No entanto, nos últimos anos tem-se vindo a assistir ao aumento da exportação de produtos com maior valor acrescentado e componente tecnológica, destacando-se o grupo dos produtos de máquinas e componentes mecânicos, máquinas e produtos elétricos e veículos automóveis e outros veículos terrestres. De acordo com dados recentes do Orçamento da primavera (abril 2015) do Governo sueco, o país deverá crescer 2,6% em 2015, registando-se uma melhoria relativamente às previsões anteriores. Essa performance deve-se essencialmente ao consumo, evidenciando altos níveis de confiança no consumidor sueco, destacando-se o comércio a retalho e serviços, assim como o sector da construção e engenharia civil, verdadeiros motores de crescimento. Assiste-se igualmente a uma ligeira recuperação dos indicadores da indústria transformadora. A Suécia posiciona-se como um país competitivo, evidenciando índices e indicadores que garantem uma posição destacada. Fatores competitivos como a eficiência, a inovação e a sofisticação contribuem para que a Suécia se destaque no panorama internacional, assumindo-se como um país que se diferencia também pelo alto grau de maturidade tecnológica, pela sua capacidade inovadora, cultura empresarial sofisticada, ambiente macroeconómico estável e um nível de flexibilidade do mercado laboral, em conjunto com um orçamento equilibrado. 3 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) Os resultados alcançados são consequência de todo um conjunto de condições favoráveis ao desenvolvimento, cujo pilar estratégico é orientado para a inovação e formação de capital humano altamente qualificado, de instituições públicas e privadas com excelente reputação internacional, tendo por base um comportamento ético irrepreensível. A explicação para este crescimento por parte dos analistas económicos, reside no facto de a Suécia apresentar uma economia competitiva e diversificada, fortemente direcionada para as exportações, aliada à sustentabilidade das finanças públicas, com a dívida pública controlada e o défice baixo. Significa, ainda, não existir a necessidade de cortes no consumo, apresentando-se o agregado familiar sueco, no contexto europeu, entre os mais otimistas quanto à situação económica do seu país, esperando-se que a procura interna venha a ser mais forte do que nos restantes países, provavelmente acompanhada por um crescimento das importações. Os principais parceiros económicos da Suécia encontram-se no conjunto dos países da União Europeia (UE). Atente-se aos seguintes dados económicos referentes aos parceiros económicos da Suécia: 2015 Total 2014 2015 2015/2014 2015 2014 2015 2015/2014 390 538 371 186 100,0 5 375 303 359 426 100,0 4 Europe 285 195 274 049 73.0 4 312 340 304 026 83.2 3 EU Countries (EU28) 229 579 218 916 58.8 5 261 142 248 760 69.6 5 EMU-19 154 430 148 776 39.5 4 190 133 180 221 50.7 5 Rest of Europe 55 616 55 133 14.2 1 51 198 55 266 13.6 -7 Africa 10 917 11 335 2.8 -4 4 407 5 870 1.2 -25 North Africa 5 051 5 495 1.3 -8 339 604 0.1 -44 West Africa 1 559 2 276 0.4 -32 2 952 4 202 0.8 -30 Central, East and Southern Africa 4 307 3 564 1.1 21 1 116 1 063 0.3 5 41 055 37 058 10.5 11 16 745 14 376 4.5 16 32 993 29 192 8.4 13 11 675 10 151 3.1 15 8 062 7 866 2.1 2 5 070 4 225 1.4 20 47 932 42 987 12.3 12 41 021 34 420 10.9 19 9 970 9 880 2.6 1 1 153 1 304 0.3 -12 37 962 33 108 9.7 15 39 868 33 116 10.6 20 4 334 4 153 1.1 4 790 734 0.2 8 America North America Central and South America Asia Middle and Near East Other Coutries in Asia Oceania and Antarktis Fonte: Statistics Sweden/SCB 4 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) 2. Oportunidades 2.1. Comércio Para além dos produtos tradicionais em que Portugal é reconhecido no mercado, casos das fileiras casa e moda e do sector dos vinhos, para destacar os mais visíveis, existem outros produtos em crescimento já com alguma sofisticação tecnológica, criando oportunidades nos seguintes sectores de mercado, que pela atratividade e oportunidade que representam, podem deste modo permitir às empresas portuguesas uma aproximação ao mercado: Produtos Agroalimentares (incluindo biológicos) Trata-se de um sector em grande expansão a nível local. Os produtos biológicos constituem uma oportunidade e tendência já adotada por parte das cadeias de distribuição de produtos alimentares e de consumo diário, tratando-se de um segmento em contínuo crescimento e com evidentes potencialidades, dado o estilo de vida do consumidor sueco. O seu interesse pelos produtos biológicos tem provocado um ganho de quotas de mercado sobre os produtos convencionais. Dados recentes, indicam que os suecos estão disponíveis a pagar cerca de mais 10% por um mesmo produto, mas de origem biológica. Segundo a Ekoweb, empresa de market intelligence focalizada na agricultura orgânica, (http://www.ekoweb.nu/), as vendas de produtos biológicos na Suécia, em 2014, atingiram valores nunca antes alcançados, mesmo numa perspetiva internacional. De acordo com a Ekoweb, em 2014 foram vendidos 15,5 mil milhões de coroas suecas (1€=9,386 SEK; média julho) de produtos alimentares biológicos (com destaque para as frutas e vegetais), o que correspondeu a um aumento de 38%, ou 4,3 mil milhões de SEK, em comparação com 2013. No total de vendas no retalho alimentar, 5,6% correspondiam a produtos biológicos, enquanto em 2013 a percentagem foi de 4,3%. À imagem dos produtos ditos tradicionais, nos produtos biológicos, destacam-se novamente os principais atores no retalho alimentar sueco, nomeadamente a ICA, COOP e Axfood. Estes big three tiveram, em conjunto, um aumento de 40% na venda desses produtos, sendo a percentagem de produtos biológicos no total de produtos vendidos a seguinte: ICA (4,6%), COOP (2,5%), Axfood (1,2%), Bergendahl (0,3%), Lidl (0,1%) e outros (1,5%). De acordo com um estudo de mercado recente, na Suécia um em cada cinco consumidores está interessado em comprar mais produtos biológicos. O estudo mostra ainda que 53% dos suecos compra produtos com o rótulo KRAV (rótulo/certificação sueca) com alguma regularidade, sendo os produtos lácteos os mais procurados, os quais contribuíram para 1/3 das vendas de produtos biológicos na Suécia. 5 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) Também no sector Horeca se assistiu a um incremento de vendas desse tipo de produtos, em cerca de 10% em relação a 2013, assim como na venda de produtos alcoólicos. Na Suécia impera, a nível de retalho, o monopólio estatal da venda de bebidas alcoólicas - Systembolaget (http://www.systembolaget.se/). Depois de uma certa estagnação em 2013, o retalho estatal sueco teve em 2014 um aumento de 83% na venda de produtos alcoólicos biológicos, representando um valor aproximado de 2 mil milhões de SEK (fonte: Ekoweb). Existem cerca de 800 entidades registadas como importadoras de vinhos na Suécia. No portal VinPortalen (http://www.vinportalen.se/importorer.asp) temse acesso aos principais importadores suecos de bebidas alcoólicas e em BKWineMagazine (http://www.bkwine.com/sv/reportage/mer/svenska-vinimportorer/) é possível consultar os importadores suecos de vinho. Azeite Por tradição, a gastronomia escandinava tem sido fortemente influenciada pela utilização de produtos lácteos nas suas preparações. No entanto, nos últimos 15 anos o consumidor sueco vem vindo a descobrir a cozinha mediterrânica e, consequentemente, o azeite, tanto na cozinha do agregado familiar como nos restaurantes, embora se possa ainda considerar modesto o seu consumo, comparado com os padrões de consumo dos países do sul da Europa. O perfil do consumidor médio é constituído maioritariamente pelos habitantes das grandes cidades, predominantemente jovem (faixa etária dos 30 a 40 anos), com disposição mais cosmopolita e consciente dos excelentes atributos do azeite, como alimento saudável e rico em vitamina E. O azeite biológico também está em crescente divulgação. Devido ao alargamento da oferta, aos atuais preços competitivos e à crescente consciência por parte do consumidor do seu compromisso ético com a natureza, o interesse por este segmento aumentou consideravelmente. Soluções TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) É reconhecido o facto de a Suécia ser um dos países do mundo com maior penetração das tecnologias de informação a vários níveis: governamental, educacional, I&D e industrial possuindo uma das maiores redes de banda larga. O sentido empreendedor sueco destaca-se no sector das telecomunicações móveis, com empresas e centros de investigação de renome mundial, sendo a Ericsson o mais paradigmático e conhecido. Sectores como a indústria eletrónica, telecomunicações, sistemas de informação geográfica, multimédia, segurança auto, aeroespacial e militar, e outros onde a importância destas tecnologias sejam evidentes, poderão ter todo o interesse para as empresas nacionais estabelecerem acordos de sourcing/cooperação/parcerias estratégicas com as suas congéneres suecas, potenciando a indústria e inovação portuguesas. 6 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) Biotecnologia, Farmacêutica e Life Science No cada vez mais importante sector da Biotecnologia & Farmacêutica (Life Science Industry), a Suécia dispõe de empresas líderes mundiais, centros de I&D e Universidades conceituadas e dinâmicas, que poderão permitir à oferta nacional interações proveitosas. No entanto, sendo a oferta e a capacidade nacional praticamente desconhecidas, torna-se necessária a devida promoção das empresas nacionais junto dos principais atores suecos para, dessa forma, permitir sinergias e parcerias com empresas que lhes permitam o desenvolvimento de produtos inovadores. Energias Renováveis e Materiais Bio No que diz respeito ao sector das Energias Renováveis, sendo a Suécia um país com grandes preocupações ambientais, com uma população informada sobre as questões climáticas, e um sector privado, incluindo o capital de risco, direcionado para este contexto, podem existir oportunidades para as empresas nacionais. A referida orientação cultural para os aspetos ambientais e consciência green sueca, contribuem também para que surjam deste modo oportunidades em termos de sourcing, principalmente em relação a soluções/materiais orientadas para a sustentabilidade, que possam integrar a montante a cadeia de valor de produção em diferentes industrias e sectores. Engineering O tecido empresarial sueco tem sido, em termos internacionais, fonte de casos de sucesso em resultado de uma cultura empresarial baseada na contínua aposta nas componentes da inovação e investigação. Deste modo, com a criação de novas empresas de caráter inovador, e com a permanente necessidade por parte das empresas com maior maturidade no mercado em continuarem a ser competitivas, surge uma contínua abertura, em termos de sourcing, para soluções e tecnologias inovadoras, proporcionando oportunidades no sector engineering em diferentes áreas, desde novos materiais, novas tipologias de design/printing, soluções de automação, e de diferentes aplicabilidades tecnológicas ao longo dos diferentes processos inerentes à cadeia de valor das empresas. Outsourcing – Serviços Tratando-se de uma sociedade muito desenvolvida, a Suécia dá grande enfoque aos serviços, sendo reconhecida pela generosidade do seu sistema de segurança social (o welfare escandinavo, baseado em altos impostos e o seu reinvestimento em serviços para a população), fazendo com que a qualidade do serviço prestado seja alta. Existe um forte e competitivo cluster sueco de empresas que prestam serviços, sejam eles call-centers de carácter informativo ou tecnológico, ou de serviços dirigidos aos cidadãos (apoio e acompanhamento). País de elevada diversidade étnica, resultante da forte emigração e da tradição humanista em relação aos refugiados políticos, aliada a uma forte escolarização, permite 7 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) ainda às empresas suecas um forte valor concorrencial. Algumas empresas deslocaram este tipo de serviços para países vizinhos, essencialmente do Báltico. Sinónimo típico das sociedades desenvolvidas, baseadas no conhecimento e de apurada especialização de tarefas, vem-se assistido por parte das empresas suecas à deslocalização (outsourcing) de serviços anteriormente efetuados no país, concretamente, no atendimento telefónico (call centres), logística, serviços informáticos, serviços administrativos (faturação, pagamentos, etc.) que, face ao grande número de multinacionais suecas tanto poderão ser em sueco como em inglês ou outras línguas, como o português. Com a constante exigência por parte dos mercados em termos de competitividade, a racionalização e aposta contínua no incremento de índices de eficiência por parte das empresas é cada vez mais vertical às suas diferentes áreas/departamentos de negócio necessários para o desenvolvimento da sua atividade. Deste modo, numa ótica custo/benefício de recursos despendidos, a adoção de outsourcing especializado nas mais diversas áreas (TIC, engineer e outros) é cada vez mais uma realidade de mercado, tendo o mercado sueco um enorme potencial, com uma economia em que os serviços representam cerca de 70% do PIB. No entanto, é de referir que apesar do atual paradigma que caracteriza o tecido empresarial sueco, com os serviços a dominarem cada vez mais a economia, a indústria sueca é conhecida internacionalmente pela sua tradição. 2.2. Investimento Pontualmente, poderá assistir-se a algum investimento nacional sendo, no entanto e muitas vezes, investimento indireto e não residual, ou seja, em possíveis participações em empresas suecas. A Suécia, à imagem da maioria dos países, incentiva e promove políticas de incentivo ao capital estrangeiro, essencialmente através da Agência estatal sueca do investimento e exportações Business Sweden (www.business-sweden.se), sendo um processo simples e pouco burocrático. Face à forte tradição industrial e científica, o investimento estrangeiro no país encontra-se essencialmente direcionado para as tecnologias, quer se trate das telecomunicações móveis, como da biotecnologia e farmacêutica, só para referir alguns sectores. Ultimamente vêm-se destacando no investimento estrangeiro países que, até à data, não tinham tradição de investimento na Suécia, casos da China e da Índia, que investiram na indústria automóvel, nomeadamente com a compra da Volvo pela Geely Automobile chinesa, e criaram centros de pesquisa e desenvolvimento na Suécia (caso da Huawey chinesa, entre outros). A multinacional indiana Amtek adquiriu recentemente à Volvo Cars a sua fábrica em Falköping, que emprega 441 funcionários. O estabelecimento de uma empresa na Suécia demora, em média, cerca de 2 a 3 semanas, período necessário para registar uma empresa no Bolagsverket (Swedish Companies Office - www.bolagsverket.se), existindo as seguintes formas de empresas: 8 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) Aktiebolag AB (Limited Company, capital social mínimo a partir de 50 mil SEK); Enskild Näringsidkare (Sole Trader); Handelsbolag (Trading Partnership); Kommanditbolag (Limited Partnership); Ekonomisk Förening (Economic Association). O investimento direto da Suécia em Portugal atingiu um pico em 2008, ano em que os empresários suecos investiram cerca de 877 milhões de Euros. A tendência, ao longo dos últimos anos, tem evidenciado um ciclo inconstante em termos de estabilidade. O mercado português apresenta alguma atratividade para muitas empresas suecas, das mais diversas indústrias. Os sectores eletromecânico e auto são exemplo disso mesmo, para marcas internacionais, como a Alfa Laval, Atlas Copco, Electrolux, Ericsson, Volvo e Scania. As relações comerciais e de cooperação entre os dois mercados mantêm-se ativas, destacando-se a parceria entre a IKEA e a empresa nacional Vista Alegre para a construção de uma fábrica em Aveiro, ou do braço industrial desse grupo sueco na construção de fábricas de mobiliário em Paços de Ferreira. Seguramente que os investidores suecos viram em Portugal vantagens como a grande abertura às novas tecnologias, as excelentes infraestruturas rodoviárias, portuárias, ferroviárias e aeroportuárias e rede de telecomunicações, a par da localização privilegiada na Costa Oeste da Europa, assim como dos laços históricos e culturais com economias de grande potencial que falam português, como o Brasil e Angola. Por outro lado, continuam a ser valorizados os recursos humanos, pela sua motivação, flexibilidade, adaptabilidade e orientação para o trabalho, com baixos níveis de absentismo. De salientar a qualificação dos ativos, cada vez mais aptos e altamente competitivos em termos de relação salário/competência. São características que tendem a tornar Portugal um destino atrativo de investimento, sendo complementadas pelas reformas em matéria de simplificação de procedimentos administrativos e de dinamização de atividades de I&D. 2.3. Turismo O turismo assume-se como um dos principais motores da economia portuguesa, representando mais de 8% do emprego e 9% do PIB. Os países nórdicos, importante mercado emissor para Portugal, têm registado uma procura crescente e constante ao longo dos anos. No caso da Suécia, o seu crescimento tem sido sustentado e ocorrido de forma quase generalizada em todas as regiões de Portugal; efetivamente, com exceção dos Açores que, por via da redução da capacidade aérea, viu descer a procura, todas as outras regiões tiveram variações positivas nos últimos anos. 9 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) Hóspedes Açores 2009 Suécia 2011 2012 2013 2014 Var. 13/14 12,598 11,481 10,881 8,435 8,826 7,884 -10.7% 1,095 1,166 1,835 1,62 2,298 2,559 11.4% 15,177 23,446 21,427 25,876 26,491 33,384 26.0% Alentejo Algarve 2010 Centro 5,099 4,215 4,469 5,417 5,446 6,110 12.2% Lisboa 31,276 35,844 35,765 42,196 48,57 54,775 12.8% Madeira 17,550 15,958 15,663 17,071 19,168 26,529 38.4% 6,529 5,463 6,286 7,316 7,943 8,161 2.7% 89,324 97,573 96,326 107,931 118,742 139,402 Norte Portugal 17.4% Fonte: Turismo de Portugal A importância dos países nórdicos, e da Suécia em particular, vai muito para lá do número de hóspedes em termos brutos. A sua importância reside essencialmente na sazonalidade e na estadia média. Com efeito, verifica-se que a sazonalidade da procura nórdica pelo nosso país é quase inversa à da procura global e que a estadia média é igualmente superior. Apesar do aumento da procura registado nos últimos anos, o potencial deste mercado está longe de ser totalmente explorado, sendo possível tirar mais partido das diferenças entre os dois países e que justificam, em parte, a procura e interesse pelo nosso país. Nessas diferenças, incluem-se as conhecidas condições climatéricas que estão na origem do sucesso em diversos segmentos, como o golfe e o turismo sénior. Mas o potencial destes e de muitos outros segmentos, com especial realce para o short breaks e os Congressos e Incentivos só poderá ser melhor explorado se Portugal conseguir aumentar a capacidade aérea instalada. Portugal tem já as infraestruturas e uma oferta capaz de dar resposta a estes segmentos; no entanto, as suas especificidades no que respeita à oferta ou capacidade aérea fazem com que Portugal não consiga aproveitar completamente o seu potencial. Outro segmento emergente é o turismo residencial. Muito por forca da entrada em vigor da legislação que permite um regime especial aos residentes não habituais, assistimos a um significativo aumento da procura e interesse pelo nosso destino. Mais voos, mais frequências, mais destinos com voos diretos e com custos mais competitivos, são os desejos da grande maioria dos agentes de viagem e operadores turísticos nórdicos. 3. Dificuldades 3.1. Comércio Portugal desempenha um papel pouco relevante enquanto fornecedor da Suécia. Sendo um mercado relativamente pequeno, mas extremamente dinâmico e com grande poder de compra, as dificuldades resultam, sobretudo, do défice de imagem do nosso país. Desse défice, residirá provavelmente a razão pela qual os produtos portugueses são pouco conhecidos pelo consumidor sueco, constituindo ainda um entrave para a potencialização das nossas exportações para o mercado, fazendo com que produtos com maior valor acrescentado tenham grande dificuldade de afirmação. 10 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) Como referido, no passado a nossa oferta era essencialmente baseada no binómio preço/qualidade para um segmento baixo (médio, na melhor das hipóteses), ganhando peso a subcontratação em sectores de baixa tecnologia. Consequências de um mundo globalizado, esses produtos são hoje essencialmente fabricados nos países do Extremo Oriente ou da Europa de Leste. No segmento oposto, de produtos com mais-valia e de grande retorno junto do consumidor, encontramos os países mais desenvolvidos, aqueles que têm marcas que são reconhecidas pelo consumidor sueco, caso dos países escandinavos e ocidentais. Torna-se assim indispensável reconsiderar uma maior aposta na comunicação da imagem e na qualidade dos nossos produtos em diversos sectores, e não apenas no turismo. Embora a Suécia não seja geograficamente um país de grande dimensão, possui uma economia aberta e fortemente concorrencial. Fazendo parte do espaço da UE, com todas as obrigações daí inerentes, não existindo de uma maneira geral dificuldades ou restrições (o problema da dupla tributação foi alvo de revisão, acabando-se, em princípio, o antigo problema das comissões), é um mercado com grandes potencialidades, mas exigente, obrigando a um acompanhamento permanente. Tem, ainda, a vantagem de poder servir de entreposto para uma estratégia de penetração nos restantes mercados do Norte da Europa, incluindo os do Báltico. Sendo uma economia dinâmica, muitos agentes económicos suecos têm, também, o seu espaço de intervenção não só na Suécia, como na Escandinávia e no Báltico, onde são reconhecidos pela sua qualidade, fazendo com que possíveis parcerias ganhem valor acrescido. Resumidamente, e numa abordagem SWOT, apresentam-se as potencialidades e dificuldades de Portugal no mercado sueco: Pontos fortes Membro da UE, livre circulação de mercadorias; Capacidade de produção para nichos de mercado; Relação preço/qualidade; Capacidade tecnológica; Proximidade e relacionamento com tradições, nomeadamente nos sectores de bens de consumo e bens de equipamento; Capacidade competitiva em termos de qualidade/processos inovadores de produção. Pontos fracos Fraca notoriedade/visibilidade dos produtos nacionais; Inexistência de marcas nacionais; Falta de imagem e de visibilidade do país, enquanto produtor de produtos de qualidade e inovadores (tecnológicos); Falta de objetivos/prática operativa. 11 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) Oportunidades Reduzida capacidade instalada para produção de vestuário e calçado in-house; Vantagens competitivas relativamente a fornecedores que adotem políticas de sustentabilidade/responsabilidade social; Aposta na qualidade e design, apreciados pelo consumidor local; Mercado sueco como plataforma de reexportação para os países do Báltico. Estocolmo posiciona-se como o principal hub económico no Norte da Europa; Parcerias/sinergias com empresas, parques científicos e instituições de investigação e desenvolvimento; Incentivos para energias renováveis; Comércio online; a Suécia apresenta dos mais elevados indicadores mundiais deste tipo de comércio; Nichos de mercado para produtos tradicionais: fileira moda, fileira alimentar, fileira casa; Nichos de mercado orientados para produtos relacionados com atividades outdoor, bem-estar e sustentabilidade; Elevada predisposição, por parte da indústria, em optar por produtos/serviços de caráter inovador a integrar na cadeia de valor. Ameaças Concorrentes: países do Norte da Europa no segmento alto, com marcas de renome estabelecidas no mercado. Países asiáticos e do Leste Europeu, no segmento baixo e médio; Deslocalização da produção sueca para países terceiros, do Extremo Oriente e do Leste Europeu, em sectores importantes para Portugal, como é o caso da indústria automóvel; Promoção agressiva e desenvolvida por países concorrentes em vários sectores; Domínio das grandes cadeias de retalho, dotadas de elevado poder negocial; Perceção top of the mind – consumidor sueco com elevada predisposição para optar por marcas com elevada penetração/notoriedade de mercado. 3.2. Investimento Ao nível do investimento nacional na Suécia ter-se-á que ter em atenção os custos, já que, por norma, 2 são elevados, desde o imobiliário (essencialmente em Estocolmo, com o m mais caro da Escandinávia), até aos custos com o funcionamento (pessoal e fiscais, sociais e administrativos). A Câmara de Comércio Luso-Sueca, com sede em Lisboa, agrega um elevado número de empresas suecas que investiram em Portugal, sobretudo na área de vendas e distribuição. No passado, concretamente desde o período da EFTA, Portugal apresentava claras vantagens para o investimento sueco, baseado essencialmente na mão-de-obra barata e direcionado para os produtos tradicionais e de baixo valor tecnológico, destacando-se os têxteis e o calçado. Com a consequente melhoria das condições salariais em Portugal, Portugal foi substituído pelos países do Extremo Oriente, Europa do Leste, Magreb, Turquia e Índia. 12 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) No conjunto da forte oferta internacional, no que diz respeito à captação de investimento com valor acrescentado e incorporação tecnológica, o investimento sueco tende a ser direcionado para os novos países emergentes, como são os casos da Índia e China. No entanto, face à atual situação geopolítica, em particular na Europa do Leste (Ucrânia e suas possíveis consequências em países vizinhos, nomeadamente nos países Bálticos e na Polónia), e ao encarecimento dos custos de produção nos países asiáticos, em particular na China, Portugal tende a apresentar argumentos e mecanismos que permitirão uma maior visibilidade aos potenciais investidores suecos. 4. Cultura de Negócios do Mercado Não sendo um mercado de grande dimensão, a Suécia permite, no entanto, aceder a cerca de 10 milhões de habitantes com forte poder de compra, apresentando-se o agregado familiar sueco, no contexto europeu, entre os mais otimistas quanto à situação económica do seu país. A Suécia poderá igualmente ser utilizada como plataforma para um estabelecimento de negócios com os outros países nórdicos e do Báltico, com os quais as empresas suecas possuem uma relação privilegiada. Abertura e predisposição por parte do mercado para adotar soluções que representem um caráter inovador, tendo em conta a sua elevada aplicabilidade ao longo da cadeia de valor das empresas inseridas em diferentes setores e tecidos empresariais. A língua comercial utilizada na Suécia é o inglês, tanto escrito como falado, tendo os suecos a propensão da sua utilização sem complexos. A contratação de um intérprete será uma desvantagem para o empresário português. Em termos comerciais, é crítico para o sucesso das ações de mercado, o agendamento/ planeamento antecipado junto das empresas, sendo um mercado com bastantes especificidades em termos de contactos de prospeção/comerciais (variáveis culturais, calendário anual laboral, etc.) que, muitas vezes, colocam em causa todo o processo de ações junto de empresas locais e, consequentemente, possíveis futuros negócios com o mercado. Deve-se evitar o período de férias de verão (meados de junho a meados de agosto), bem como o período de Natal. As melhores épocas para contactos comerciais são de meados de janeiro a princípios de maio e de setembro a fins de novembro. A cultura empresarial sueca valoriza o profissionalismo, uma apresentação concisa e informativa, com sugestões concretas, sendo usual que o interlocutor sueco pretenda avaliar todas as alternativas e delinear um plano de ação logo de início. O pragmatismo sueco implica que, sem informações relevantes, será pouco provável que se iniciem eventuais negociações. Dessa forma, as reuniões deverão ser bem preparadas, quer se trate de questões relativas a condições de pagamento, como das características e da apresentação do produto (brochuras e uma página na Internet em inglês será sempre aconselhável). 13 Aicep Portugal Global Suécia - Oportunidades e Dificuldades do Mercado (julho 2015) Será uma vantagem para o empresário português apresentar um produto de qualidade a um preço competitivo uma vez que, mesmo encontrando-se num país com alto poder de compra, o consumidor está bem ciente do binómio preço/qualidade. Dever-se-á ter em atenção que, neste mercado, existe uma grande oferta de marcas nacionais e estrangeiras, fortes e competitivas, pelo que a introdução de uma nova marca, seja qual for o sector, exige não só um planeamento e acompanhamento in loco, como ainda uma minuciosa estratégia de marketing. Embora os empresários suecos sejam bastante informais, a pontualidade é apreciada e qualquer tipo de atraso poderá ser encarado como falta de educação. Aconselha-se informar o interlocutor, caso não seja possível estar presente no horário estipulado para a reunião. Por norma, o vestuário costuma ser informal durante o período laboral. No entanto, e ao contrário de muitos países, o vestuário tende a ser mais formal quando se trata de um almoço e/ou jantar de negócios. Não é prática fechar grandes negócios aquando do primeiro contacto, sendo necessária uma certa perseverança. O empresário português deverá responder prontamente às questões que lhe são postas, dado que a rapidez de resposta e de decisão são fatores fundamentais para estabelecer um clima favorável ao negócio. Uma vez iniciada a relação comercial, o agente económico sueco costuma ser um cliente fiel. Sempre que existam perspetivas positivas após iniciado o contacto e o cliente mostre recetividade, será recomendável convidar a empresa sueca a visitar as instalações em Portugal, para que se estabeleça uma relação de maior confiança entre o exportador e o importador. Embora os fatores primordiais e apelativos de um produto sejam a apresentação, o design, o material e, naturalmente, o binómio preço/qualidade, o consumidor sueco tem-se tornado mais consciente do seu compromisso ético com a natureza, e quer o tipo de material utilizado na embalagem, como os componentes do próprio produto, são elementos relevantes. Não sendo sempre viável um contacto pessoal, a visita a feiras internacionais que se realizam na Suécia, poderá ser uma alternativa a ponderar para o eventual estabelecimento de um contacto comercial. A Suécia poderá igualmente ser utilizada como plataforma para um estabelecimento de negócios com os outros Países Nórdicos e com os do Báltico, com os quais as empresas suecas possuem uma relação privilegiada. O sucesso empresarial é fortemente ditado pela capacidade de adaptação das marcas às preferências específicas da identidade nórdica (identidade, valores, cultura, tradição). 14 Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, E.P.E. – Av. 5 de Outubro, 101, 1050-051 LISBOA Tel. Lisboa: + 351 217 909 500 Contact Centre: 808 214 214 [email protected] www.portugalglobal.pt Capital Social – 114 927 980 Euros • Matrícula CRC Porto Nº 1 • NIPC 506 320 120