dermatozoonoses

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DERMATOZOONOSES
Profº: Ubirajara Salgado
Por: Maioi Neves
São zoonoses com manifestações no tegumento (pele).
Os vários elementos que produzem essas afecções (insetos, vermes,
celenterados, etc.) agem por mecanismos traumáticos, tóxicos, por contato
ou penetração da pele.
Mecanismo traumático: o agente vivo chega à superfície da pele e
determina uma lesão (faz uma agressão à superfície da pele) e nela produz
as suas alterações.
Mecanismo tóxicos: O agente deixa substâncias e por um mecanismo
intoxica a superfície da pele para determinar as suas lesões, ou seja, o que
provoca as alterações são substâncias que o agente tem em seu organismo.
Mecanismo por contato: ex, larvas de alguns tipos de borboletas
quando entram em contato com a pele produzem as dermatoses por esse
tipo de mecanismo.
Mecanismo por penetração: ex. fêmea do Sarcoptes scabiei penetra
na superfície da pele, caminha e determina as suas alterações.
As dermatozoonoses se dividem em dois grandes grupos: afecções
parasitárias (exclusivas do Homem) e não parasitárias (não são exclusivas
do Homem).
ESCABIOSE (sarna)
Agente: Sarcoptes scabiei variedade hominis. Existem outros tipos
de Sarcoptes scabiei presentes nos animais (cães, etc.), mas não parasitam o
Homem (um homem não pega sarna do cachorro).
Ciclo evolutivo do Sarcoptes scabiei variedade hominis: a fêmea
após a cópula põe ovos que depois se transformam em larvas, que se
transformam em adultos. Esse ciclo é importante porque o tratamento da
escabiose está baseado no que ocorre nele. Este ciclo ocorre + ou – em
torno de 12 dias (ovo-larva-adulto). O tto habitualmente usa substâncias
que eliminam os parasitos adultos. O tto deve ser feito no início do ciclo
evolutivo (uma aplicação diária durante 3 dias), interrompe 7 dias e depois
mais um ciclo de 3 dias (para a possibilidade de transformação das larvas
em novos adultos).
Período de incubação: do contato até o aparecimento dos primeiros
sintomas da escabiose num indivíduo que não tem nada, leva de 20 a 30
dias. Extrema facilidade de contaminação de indivíduos no ambiente
familiar (característica importante). È necessário realizar o tto de todos os
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comunicantes, mesmo que ele não apresente manifestações (podendo estar
no período de incubação). Os indivíduos reinfestados, ficam sensibilizados
pela substância produzida pelo parasito e o período de incubação é bem
menor (2 a 3 dias após o contato já começa a produzir suas lesões).
A transmissão se dá entre as pessoas (interhumano) através do
contato direto. A contaminação através de objetos ainda é controversa (em
casos extremos aconselha-se lavagem normal e ferro quente nas roupas que
o paciente utiliza).
O diagnóstico da Escabiose é clínico. Indivíduo que chega com
processo pruriginoso que tem características bem definidas, pois é intenso e
relacionado com os fatores de aumento de temperatura, e se acentua
quando o paciente vai trocar de roupa. Isso é explicado pelo fato da fêmea
do Sarcoptes quando é fecundada penetra na pele e logo na camada córnea
começa a caminhar produzindo assim a lesão elementar da escabiose
(túnel: pequena lesão linear, visível apenas nos casos de maior infestação),
cumprindo o ciclo a fêmea tenta sair da superfície da pele pela extremidade
do túnel, neste local forma-se na superfície da pele uma pápula ou uma
vesícula, estas não tem nenhuma característica em especial, o que vai dizer
que estas leões são provavelmente da escabiose é a distribuição das lesões.
A fêmea procura os lugares mais quentes do corpo para cumprir o seu
ciclo, aí se tem lesões nos interdígitos, punhos, antebraços, cotovelos,
pregas axilares, seios, mamilos, região abdominal, região genital (homens),
glútea, coxas. No indivíduo adulto do pescoço aos joelhos incluindo braços
(processo disseminado) e nas crianças em que a parte imunológica não está
completamente desenvolvida, alem dessas áreas também é atingido couro
cabeludo e os pés (especialmente a região plantar). Então na
descompressão (quando o paciente tira a roupa) o túnel dilata e facilita a
deambulação da fêmea e o prurido se torna mais intensa. Nos casos de
maior dificuldade faz-se um raspado na extremidade da lesão (túnel, ou
onde tiver vesícula ou pápula) escarificando ou fazendo uma biópsia
evidenciando a presença do parasito, mas isto não é um meio rotineiro, o
diagnóstico é estabelecido clinicamente.
Tratamento: são substâncias utilizadas no tto da escabiose:
monosulfiram (precisa ser diluído para ser aplicado na pele e tem efeito
anta--?.O indivíduo quando aplica na pele não pode ingerir bebidas
alcoólicas porque desenvolve horas depois um processo de vermelhidão
difusa na pele que tem até manifestações clínicas podendo precisar de
atendimento de urgência), benzoato de benzila, enxofre, lindano,
deltametrina (habitualmente utilizada, pois pode ser usada em crianças e
gestantes porque não tem efeitos tóxicos), ivermectina (mais recente no tto
da escabiose, pode ser feita por via tópica ou por via oral).
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As pápulas podem ser pequenas ou um pouco maiores, aparecem nas
extremidades dos túneis (eminência acariana de Bazin - lesões pápulovesiculosas) e disseminam-se para região abdominal, coxas.
Encontram-se lesões maiores em pacientes com transtornos
imunológicos (lesões residuais que se formaram pela presença de parasitos
mortos que são absorvidos lentamente - corpos estranhos determinando
lesões).
Região genital masculina (pênis e bolsa escrotal) são áreas
preferenciais de localização no homem.
Os interdígitos também são áreas preferenciais, o calor é maior
(favorece o ciclo evolutivo); área glútea.
Duas complicações vistas com muita freqüência em casos de
escabiose: infecção secundária e eczematização. Pelo prurido essas lesões
são escoriadas, há frequentemente a presença de infecção secundária
(impeginisação). Pode acontecer também uma eczematização da lesão
devido à aplicação errônea de alguns produtos na superfície da pele.
Quando isso ocorre é preciso primeiro tratar a infecção ou eczematização e
depois tratar a escabiose.
Nos adultos as lesões vão do pescoço ao joelho (incluindo os braços),
e nas crianças essas lesões ocorrem também na planta dos pés. Nestas, a
aplicação externa de medicamento precisa atingir todo o tegumento (não é
só na área em que se encontra a lesão).
O paciente pode apresentar modificação no aspecto das lesões
pápulo-vesiculosas e o paciente pode apresentar lesões com escamas muito
esbranquiçadas comparadas como se as áreas lesionais estivessem cobertas
com cimento, pó ou talco. Às vezes elas atingem todo o tegumento do
paciente (eritrodermia - lesões desde o couro cabeludo até as plantas dos
pés), com isso caracteriza um tipo especial de sarna: SARNA CROSTOSA
ou norueguesa. Este tipo de processo universal e disseminado com lesões
exuberantes acontece em pacientes com alteração de imunidade.
Peculiaridades da escabiose:
* Contato humano
* Prurido: noturno, hora de maior calor.
* Roupas: lavagem normal, ferro quente.
* Medicação: corpo todo.
* Tratar todos os membros da família
* Cuidado com o período de incubação
* Eczematização e impeginisação tem que ser tratada antes, pois
esses medicamentos todos são irritantes, sensibilizantes.
* Esquema de tto: 3 dias seguidos, uma vez a noite, aplica no corpo
todo de manhã retira.
* Prurido mnemônico: o prurido é uma manifestação importante da
escabiose, muitas vezes o paciente é curado da escabiose, porém continua
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se coçando (um mês, dois meses...) porque o paciente às vezes passa muito
tempo com a escabiose e cria o hábito de se coçar. Nestes casos é
importante evitar o erro de continuar tratando esses pacientes (o paciente
pode desenvolver processos de sensibilização ao medicamento).
* Lesões residuais: pápulo-vesículas (não precisam de tratamento
específico).
PEDICULOSES
Podem atingir cabeça, corpo e região pubiana.
Pediculoses da cabeça (piolho) que têm características muito
peculiares, especialmente por causa do prurido, porque o parasito Pediculus
humanus variedade capitis, P.humanus var. corporis e Phthirus púbis
exercem seu parasitismo penetrando na superfície da pele para se alimentar
de sangue. Nestas áreas formam-se pápulas exulceradas, e ocorre prurido.
No caso da pediculose do couro cabeludo o prurido se localiza muito
na nuca do paciente porque é a área mais vascularizada. Então as lesões são
pápulas escoriadas e ulceradas na parte alta e posterior do tronco e no couro
cabeludo. No caso da pediculose do corpo o parasita está nas roupas e ele
atinge o corpo e volta para a roupa.
No caso da pediculose pubiana, também chamada de fitiríase
(produzida pelo Phthirus púbis), encontra-se na região pubiana. Esse
parasito pode estar em qualquer área de pêlo (ex: cílios, etc.).
As lêndeas são os ovos dos parasitos adultos (pediculose da cabeça).
Ela produz uma substância que praticamente a cola no pêlo, dificultando a
sua retirada. Usa-se um pente fino com vinagre, pois o vinagre dissolve
essa substância.
SARCOPSILOSE OU TUNGÍASE
Processo produzido pela penetração de pulgas na superfície da pele
(muito comum em praias- deixadas por cães).
A lesão que se forma é basicamente papulosa, arredondada e no
centro tem uma série de pontilhados escuros que é exatamente a
multiplicação da fêmea para a reprodução de outros parasitos. O agente
mais habitual é a Tunga penetrans, ela penetra por qualquer parte da pele.
É preciso retirar as “bolsas” que se formam caso contrário não se consegue
eliminar a doença. O tto também é feito com a Ivermectina oral.
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MIÍASES - LARVAS DE MOSCAS
Processos determinados por larvas de moscas. Existem três tipos de
miíases: furunculóide, cavitária e secundária.
M.furunculóide: lesões muito semelhantes a um furúnculo (lesão
nodular com secreção purulenta). O diagnóstico é estabelecido por se ver as
larvas dentro das lesões. Essas larvas vêm à superfície para respirar, então,
tamponam-se os orifícios com éter, no interior isso é feito com sebo,
quando se retira o tampão, a larva vem pra respirar e se faz a retirada desta.
M.cavitária: quando as larvas procuram cavidades naturais (ouvido,
nariz, etc.) e depositam seus ovos e determinam o aparecimento das lesões.
M.secundária: quando o paciente tem um processo infectado
(secreção purulenta, crostas, etc.) e a mosca é atraída pelo odor e deposita
seus ovos nessas áreas. Cuidado de manter a lesão coberta para evitar a
miíase.
A retirada é feita com pinças, às vezes quando é mais profundo é
necessário drenar. Existem alguns tipos de larvas que em vez de ficar na
superfície da pele, caminham pra dentro podendo destruir até a parte óssea.
Então, no caso de miíase do couro cabeludo, é importante que se resolva,
caso contrário pode haver destruição óssea, trazendo conseqüências bem
sérias.
LARVA MIGRANS
Também conhecido como bicho de areia ou bicho geográfico. As
larvas provem basicamente de dois tipos de helmintos: Ancylostomo
caninum e brasiliensis. Migrans porque a larva penetra e caminha na pele
do paciente. Junto a isso existe um prurido insuportável (larva estimula as
terminações nervosas da pele ao caminhar sobre ela). Estes helmintos estão
normalmente no intestino de cães e gatos, que defecando na terra e areia as
larvas ficam lá, e o indivíduo pisando, sentando, etc, as larvas penetram e
começam a caminhar. Há casos mais difíceis que você não consegue ver o
caminho. Aí se faz importante a parte epidemiológica: o individuo referir
que esteve em algum local suspeito, etc. Frequentemente são várias larvas e
consequentemente vários caminhos.
Lesões lineares tortuosas, e a larva se encontra sempre no final deste
caminho.
Tto é basicamente com anti-helminticos e medicação oral
(mebendazol + utilizado) e consegue-se eliminar a lesão. Topicamente não
é muito eficaz, pois pomada não penetra na pele, o creme penetra e age
como anti-helmintico.
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ACIDENTES POR LEPIDÓPTEROS
Enquadram-se as borboletas. Uma das afecções muito freqüente aqui
na região é a Pararamose produzida pela larva Premolis semirufa (larva da
borboleta) muito comum em seringueiros. As cerdas da larva penetram na
pele do indivíduo e determinam lesões que levam muito tempo, podendo
determinar lesões graves como reumáticas. Em alguns casos essas larvas
têm a capacidade de alterar a coagulação do sangue, como a Lonomia
achelous, que determina uma síndrome hemorrágica com lesões extensas
de rompimento vascular mediado por mecanismos imunológicos.
ACIDENTES POR COLEÓPTEROS
São os besouros, entre eles um dos mais freqüentes são o Paederus
(áreas de interior- potó [pederismo- quando o potó determina lesão na
pele]) e o Epicauta.
Normalmente o Paederus pica a noite, este é atraído pela luz das
casas, entrando em contato com a pele do paciente, ele tem substâncias
abaixo de seu corpo que em contato com a pele do paciente dão uma
sensação de ardência, queimação. A reação habitual da pessoa atingida é
remover o parasito, de maneira que as lesões são lineares primeiro
avermelhadas, depois pigmentadas escuras.
ACIDENTES POR PEIXES E CELENTERADOS
Os peixes são capazes de determinar lesões por vários mecanismos
(ferrada, penetração), chamado ictismo.
Celenterados: anêmonas, corais e medusas. Mecanismo habitual por
contato, veneno que determina manifestação de lesão na pele.
Bom estudo!!!!
Maioi Neves
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