T28 e T29 – Cancro Razões pelas quais há um aumento das neoplasias: Há diagnósticos de mais neoplasias que dantes ficavam por conhecer Exposição a agentes carcinogéneos Poluição Tabaco Dieta – ex.: enchidos, aditivos Cancro – doença resultante da desregulação da proliferação (aumento descontrolado da divisão celular) e/ou diferenciação (bloqueio da diferenciação das células estaminais) e/ou da morte celular por apoptose (resistência à apoptose). Qualquer um dos factores isolados ou combinados leva ao aumento exagerado do número de células. Os cancros causados pelo aumento descontrolado da proliferação celular são de propagação mais rápida, mas são mais facilmente controlados pelas terapêuticas convencionais. Por oposição, os cancros em que há resistência à apoptose são mais lentos no seu desenvolvimento, mas como são resistentes à morte programada, respondem pior às terapêuticas convencionais. Principais características da célula tumoral: Autonomia – a célula tumoral tem capacidade de se sinalizar a si próprio, por sinalização autócrina, embora também dependam de estímulos do meio envolvente. Ela é capaz de produzir fatores de crescimento que induzam o seu próprio crescimento. Anaplasia – a célula tumoral não é totalmente madura, pois há uma perda progressiva da diferenciação, o que permite a estas células uma maior capacidade de divisão celular. Perda de ligação à matriz – causa o crescimento independente Angiogénese – resposta à hipoxia por activação do HIF, que conduz à transcrição de VEGF Aumento da instabilidade genética O cancro é uma doença multifactorial, cujas causas incluem vários mecanismos e vários factores. No entanto, o cancro está muito relacionado com a idade, pois implica que, ao longo do tempo, haja uma acumulação de erros e alterações genéticas e epigenéticas. É necessário pelo menos 5 a 7 genes modificados para que ocorra cancro. Alterações: Genéticas – há alteração das bases azotadas por mutações (translocações, delecções, duplicações) que podem ocorrer em: o Células germinativas – não são as formas de cancro mais frequentes, mas levam às formas hereditárias o Células somáticas – são mais frequentes e correspondem às formas esporádicas da doença Alterações epigenéticas – há alteração do estado da expressão génica, por aumento ou diminuição da expressão de certos genes o (Des)Metilação de DNA – causa o silenciamento de genes e ocorre nos dinucleotídeos CG dispersos ao longo do genoma, mas mais concentrados ao longo dos promotores de genes Hipermetilação local – corresponde a silenciamento de genes específicos (Ex: metilação de genes supressores tumorais ou anti-apoptóticos) Hipometilação global – ocorre o crescimento descontrolado da célula o Modificação de histonas por acetilação do código de histonas – há também inibição da expressão genica o microRNA – como o RNA de interferência Em células normais existe uma barreira à imortalização – Limite de Hayflick – devido aos telómeros (a cada divisão celular ocorre o encurtamento dos telómeros, por isso quando eles chegam a um limite de encurtamento a célula morre) e à presença de genes supressores tumorais. Em contradição, as células tumorais conseguem ultrapassar o limite de Hayflick, porque: têm um aumento da actividade das telomerases (repõem os telómeros) – o que faz com que a célula não desencadeie a apoptose, pois os telómeros não atingem o tamanho limite que desencadearia esse mecanismo Terapêutica? – inibição hipermetilação dos genes supressores tumorais da acção exagerada das perda do controlo do ciclo celular (diminuição de pRb e p53) telomerases Sob um ponto de vista cinético, há 4 tipos de células: 1. Proliferantes - A renovação celular para substituir células com vida limitada - Células basais da mucosa intestinal - Células vaginais e vesicais - Células hematopoiéticas 2. Não proliferantes - Células do sistema Nervoso - Células do músculo estriado - Células do glomérulo renal 3. Com actividade proliferativa mínima - Células do músculo liso e tecido conjuntivo - Células do endotélio capilar - Células do parênquima hepático 4. Que proliferam em resposta a um estímulo fisiológico - Células do periósteo após fractura - Células do figado após hepatectomia Factores de crescimento (GF – growth factor)– peptídeos que ligam a receptores específicos que estão à superfície celular, por isso, não dão informação directa ao núcleo, através da interacção com o receptor há activação de moléculas que depois enviam sinais para o interior – Factor de crescimento epidérmico (EGF) Factor de crescimento transformante (TGF e ) Factor de crescimento derivado das plaquetas (PDGF) Factor de crescimento neuronal (NGF) Factor de crescimento das colónias de granulócitos e monócitos (GM-CSF) Factor insulina-like (IGF-I) Receptores dos factores de crescimento – são proteínas transmembranares que têm: domínio extracelular – interage com os factores de crescimento, por ligação a este domínio intramembranar – permite a interacção com o meio intracelular domínio intracelular – tem actividade de tirosina cinase – vão fosforila resíduos de tirosina, activando outras enzimas que vão levar a uma alteração da expressão genica e das vias metabólicas. Via das MAP cinases – crescimento celular Ligação do GF ao receptor Transcrição de genes que induzem o crescimento celular Dimerização e actividade de tirosina cinase do receptor Recrutamento de GRB2 e GNRF que se acoplam à Ras Fosforilação da Ras - activação Fosfororilação da Elk-1 activação Migração da ERK para o núcleo Activação em cascata da Raf → MEK → ERK Via da PI-3 cinase e Akt – via de sobrevivência celular activação de factores de trancrição Ligação do GF ao receptor Actividade de serina treonina cinase - PIP2 → PIP3 Fosforilação da Akt - activação Fosforilação da Bad - inactivação Bcl2 – família de proteínas relacionadas com a apoptose: - Bad e Bax – próapoptóticas - Bcl2 e Bcl-xl – antiapoptóticas proliferação Fosforilação da GSK-3 → Síntese proteica Proteínas do ciclo celular – impedem que a célula entre em divisão caso haja lesões no DNA A proteína mais importante reguladora do ciclo celular é a p53 que é, por isso, também chamada como a guardiã do nosso genoma. Ela é codificada por genes supressores tumorais. Mais de 50% dos indivíduos com cancro apresentam mutações na pRb. Funções da p53: bloqueio do ciclo de G1 para S – impede a replicação do DNA (que pode ter errso) regula a pRb – mantendo-a inactiva, por desfosforilação induz a reparação do DNA estimula a Bak Morte celular por apoptose Ligandos de morte – TNF, FasL, TRAIL Receptores de morte – TNF-R1, Faz, TRAIL-R1-R2-R3-R4 (R1 e R2 – presentes nas células tumorais; R3 e R4 – presentes nas células normais) Possível alvo terapêutico Via extrínseca de apoptose Ligação dos ligandos aos receptores Conversão de pró-caspases em caspases Activação das caspases efectoras Activação de proteases que clivam o DNA Apoptose Via intrínseca de apoptose ↑ ROS ou desregulação de [Ca2+] despolarização da MIM abertura de poros proteicos saída do citocromo c para o citoplasma (auxílio da Bax) ligação do cit c à APAF-1 Apoptose Activação de proteases que clivam o DNA activação de caspase 3 caspases efectoras formação do apoptossoma ligação da APAF1 à pro-caspase 9 Diferenças entre a apoptose e necrose APOPTOSE - Contracção celular - Vesiculação da membrana - Condensação e fragmentação da cromatina - Corpos apoptóticos - S/ alteração de organelos intacelulareas - S/ reacção NECROSE inflamatória - Edema celular - Rotura da membrana - Núcleo pouco se altera - Alteração de organelos intracelulareas - Grave lesão celular NF-kB É um importante factor de transcrição de proteínas anti-apoptóticas, em situações que é necessário activar vias de sobrevivência. Por isso, em células normais, está inibido, complexado com um inibidor. e é degrado pelo sistema ubiquitina-proteossoma. Contudo, em células tumorais, ele está hiperactivado, pelo que são activadas vias de sobreviência e resistência à apoptose. Alterações das vias de proliferação celular (MAP cinases), de sobrevivência celular (via da PI3 cinase) ou das vias de apoptose levam ao aparecimento de cancro. Oncogenes – são genes que provocam o cancro, podendo ser genes virais incorporados no genoma ou resultantes de mutações nos protoncogenes. São activados por agentes carcinogénicos: Físicos – radiação Químicos orgânicos e inorgânicos – berílio, arsénio, benzol Agentes vivos – parasitas e virus Genes que quando alterados levam à carcinogénese 1. De proliferação ou de crescimento – ganho de função dos oncogenes/protongenes 2. Supressores tumorais – perda de função dos antioncogenes 3. Da morte celular programada: Anti-apoptóticos – ganho de função Pró-apoptóticos – perda de função 4. Da reparação de DNA – perda de função Etapas da Carcinogénese 1. Iniciação – alteração do DNA por agentes 2. Promoção – proliferação celular descontrolada 3. Papiloma – benigno 4. Carcinoma – maligno 5. Metastização – causas: Perda da fibronectina o Perda da adesão celular o Alteração da organização celular o Alteração na migração celular o Alteração no citoesqueleto Secreção do factor activados do plasminogénio – transforma o plasminogénio em plasmina que é uma protease activa que degrada a matriz extracelular Desagregação celular Migração à distância pelos vasos sanguíneos abundantes no meio envolvente (activação do VEGF)