UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia DISCIPLINA: SE503 TEORIA MACROECONOMIA Prof. João Basilio Pereima Neto E-mail: [email protected] 09/06/2011 Lista de Exercício Nº 2 – Parte III Economia Aberta - Solução 1ª Questão (Blanchard, 2007, 4ª ed, Cap. 19, p. 391, exercício 7). Considere a seguinte economia aberta. A taxa real de câmbio é fixa e igual a 1,00. O consumo, o investimento e os gastos do governo, importação e exportação são dados por: C = 10 + 0,8(Y-T) I = 10 G=10 X = 0,3Y* M=0,3Y T=10 a.) Calcule a renda de equilíbrio, dado Y*; b.) Calcule o multiplicador dos gastos, desta economia, para o caso de economia aberta e economia fechada, quando exportações e importações são iguais a zero. Existe diferença entre os multiplicadores? Explique porque da resposta. c.) Suponha uma economia estrangeira com as mesmas equações o que todo o comércio internacional se de entre elas. Calcule o produto de equilíbrio de cada economia. (Dica: faça economia A, com YA e economia B com YB sendo que YB equivale ao Y* da economia A nas equações acima). Qual é o multiplicador de cada país? Porque o multiplicador da economia aberta é diferente do multiplicador da economia calculado em “b”; d.) Suponha que o governo tenha como meta um nível de renda de $ 125. Supondo que o governo estrangeiro não altere seus gastos (GB), qual é o aumento dos gastos (G) para se alcançar a meta doméstica? Calcule ainda o saldo da balança comercial da economia doméstica (A) e o resultado primário do governo. e.) Suponha que cada governo tenha uma meta de nível de renda de $ 125, e que cada governo aumente seus gastos no mesmo montante. Qual é o aumento comum de GA e GB para os países alcançarem suas metas? Calcule o saldo da balança comercial e o resultado primário de cada governo, compare com o resultado anterior e explique o que aconteceu. f.)Por que a coordenação fiscal, com o aumento comum de GA e GB, é tão difícil de alcançar na prática? (Obs: É possível responder com teoria dos jogos, pelo dilema do prisioneiro.) Analisando as equações numéricas, o modelo pode ser representado algébricamente da seguinte forma: Y=C+I+G+X-M (1) Y = c0 +c1(Y-T) + I + G + x1Y* - m1Y Resolvendo para Y obtemos curva IS, que representa a demanda agregada. Y = 1 (1 − c1 (c +m ) 1 0 ) − c1T + I + G + x 1Y * = 1 (1 − c1 + m1 ) (A + x Y ) 1 * (2) (3) a.b) O multiplicador simples da economia: sendo: c1 = 0,8 a propensão marginal à consumir m1 = 0,3 a elasticidade renda das importações (ou a propensão à importar) 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia m= 1 1 = =2 1 − c1 + m1 1 − 0 ,8 + 0 ,3 (aberta) (4) Multiplicador Simples da curva IS é, portanto, 2. No caso de uma economia fechada deveríamos fazer simplesmente o caso em que m1 = 0. m= 1 1 = =5 1 − c1 + m1 1 − 0,8 + 0,0 (fechada) Com isso temos a expressão para a renda de equilíbrio: Y = 10 + 0,8(Y-10) + 10 +10 + 0,3Y* - 0,3Y (5) Y = 10 + 0,8Y - 8 + 10 + 10 + 0,3Y* - 0,3Y (6) 1 Y = (22 + 0 ,3Y * ) = 2 × (22 + 0 ,3Y * ) 0 ,5 (8) 0,5Y = 22 + 0,3Y* Y eq = 44 + 0 ,6Y * (7) (9) c.) Duas economias com as mesmas funções: Designando a renda de cada país como A e B temos duas equações ( Y A = 44 + 0 ,6Y B ( Y B = 44 + 0 ,6Y A ) ) renda de equilíbrio do país A (10a) renda de equilíbrio do país B (10b); substituindo a renda do país B na equação do país A: ( Y A = 44 + 0 ,6 44 + 0 ,6Y A ) (11) (12) Y A = 70 ,4 + 0 ,36Y A Y A =Y B =Y = 1 1 70 ,4 = 70 ,4 = 1,5625 ×70 ,4 1 − 0 ,36 0 ,64 Y Antes Depois 70,4 44,0 Y* (13). O novo multiplicador para o caso de duas economias abertas é m = 1,5625, menor do que o multiplicador do caso de autarquias, isto é, economias que não realizam trocas internacionais e estão fechadas para o comércio internacional. O gráfico abaixo mostra uma comparação de (9) com (12). Há uma mudança no intercepto que aumenta de 44,0 para 70,4 e na inclinação, de 0,60 para 0,36, refletindo a diminuição do multiplicador para 1,5625. 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia Esta diferença deve-se ao fato de que abertura para trocas causa um duplo efeito na economia. Um aumento interno de renda no país A gera mais importações. Estas importações constituem-se nas exportações do país B. Com mais exportações o país B aumenta sua renda e uma parte deste aumento retorna para a economia A, pois o país B também importará mais. Assim, o efeito inicial do aumento de importações de A é atenuado por um aumento em suas exportações para B. d.) Aumento de gastos para gerar renda de 125 no país A: Pela equação (14) a seguir e com os dados iniciais, a renda de equilíbrio para as duas economias será: Y A = Y B = 1,5625 × 70 ,4 = 110 (no equilíbrio inicial, antes das medidas) (14). A equação (3) pode ser escrita na forma abaixo, para ressaltar a variável G de cada país ( ) (15) YA G = − ( A + x 1Y B ) m (16) Y A = m A + G A + x1Y B = 1,5625 (12 + 10 + 0,3 × 110 ) = 110 Resolvendo (15) para G com uma renda de Y=125 obtemos: A GA = (17) 125 − (12 + 0,3 × 110) = 35,0 1,5625 O país A então com gastos maiores no valor de 35,0 terá uma renda 125 e o país B uma renda 110. Com estes respectivos níveis de renda o saldo da balança comercial de cada país será: País A TC A = x 1Y B − m1Y A TC A = 0 ,3 × 110 − 0 ,3 × 125 TC A = −4 ,5 País B TC B = x 1Y A − m1Y B TC B = 0 ,3 × 125 − 0 ,3 × 110 TC B = +4 ,5 e.) Aumento de gastos para gerar renda de 125 nos dois países: Podemos usar a equação (15) para calcular os gastos do governo necessários para produzir uma renda de 125 em cada país. Como os países são iguais, a mesma equação serve para calcular G = GA = GB: YA 125 G= − ( A + x1Y B ) = − (12 + 0,3 × 125) m 1,5625 G = 30,5 Para verificar se o resultado está correto, substitua G = 30,5 na equação (15) para encontrar uma renda Y = 125. (Experimente!) f.) Coordenação fiscal: A coordenação fiscal depende de cada país acreditar que o outro seguirá a política fiscal previamente acordada. Mas se um dos países, digamos o país A, não executar a política 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia fiscal de aumento dos gastos, então ele se beneficiará do aumento de renda do país B aumentando suas exportações para aquele país. Ao fazer isso, o país A terá sua renda aumentada sem fazer qualquer esforço. Neste caso, em termos da equação (3), o país A se beneficia do aumento do termo x1Y*. Como ele pode crescer, sem fazer esforço, descumprindo o acordo de coordenação fiscal, cada país tem um grande incentivo a não cumprir o acordo. Pelo menos se considerarmos um jogo com apenas um lance. 2ª Questão – IS-LM-BP Considere um modelo macroeconômico com as seguintes equações: C = 140 + 0,8(Y - T) - 200r (1) T = 400 + 0,1Y (2) I = 1000 - 700r (3) BC = 50 - 0,07Y + 0,15Yw - 100r + 400rw (4) L = 0,5Y - 1000i (5) (6) r = i - πe Y = 5000 ; G = 400; M = 489.900; πe = 0,17; Yw = 4000; rw = 0,2; P = 213 onde: Y é o produto de pleno emprego, que representa o equilíbrio de longo prazo do produto Yw é a renda do resto do mundo; rw é a taxa real de juros internacional, πe é expectativa de inflação e as demais variáveis possuem seus significados tradicionais. Em relação ao modelo faça: a.) Encontre as curvas IS, LM do modelo b.) Encontre os valores de equilíbrio de curto prazo de Y, P, r, T, C, BC e i c.) Encontre os valores de equilíbrio de longo prazo de Y, P, r, T, C, BC e i. Obs.: a diferença entre curto prazo e longo refere-se ao fato de que no curto prazo, a demanda agregada pode diferir do valor da oferta agregada ou do produto de pleno emprego (Y= Y ). Resposta: Ver Abel & Bernanke (2008). Cap. 13, anexo 1, p. 368-369. Abel, Adrew B.; Bernanke, Ben S. & Croushore, Dean; (2008). Macroeconomia, 6a ed., São Paulo: Pearson Prentice Hall. ** Resolvido em sala de aula!! 3ª Questão Considere três países com economias iguais dada pelas equações abaixo, e com as respectivas elasticidades câmbio das importações: País A País B País C ηe, x = 0,80 ηe, m = 0,50 η e , x = 0,60 ne, m = 0,20 η e , x = 0,30 n e , m = 0,70 Condições iniciais: X = R$ 100, M = US$ 50, e = 2,00 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia Suponha que os países possuem economias iguais, com renda constante, diferenciando-se apenas nas elasticidades acima, e partem de uma mesma condição inicial como acima. O governo então atua no mercado cambial provocando uma desvalorização de 10% na taxa real de câmbio. Calcule: a.) O saldo da balança comercial de cada país, considerando o tempo suficiente para a curva J promover todos os ajustamentos necessários; Como os três países são iguais e partem da mesma condição inicial, o saldo inicial da balança comercial é: BC R $ = X R $ − EM US $ (1) BC = 100 − 2 × 50 = 0 (2) A condição de Marshall-Lerner estabelece que a variação no saldo da balança comercial é: (3) dBC E = η e , x − ηe, m − 1 dE X ou em módulo: dBC dE E = [η e , x + η e , m − 1 ] X (4) Assim a variação no saldo da balança comercial pode ser obtida isolando dBC na equação (2) e substituindo os valores constantes: dBC = [η e , x + η e , m − 1]X dBC = [η e, x + ηe, m − 1]100 (5). dE E 0,20 = [η e, x + ηe, m − 1]× 10 2,00 (6). A equação 6 pode ser usada então para analisar os três países, apenas substituindo o valor das elasticidades, observando que a condição inicial é BC = 0. País A País B País C dBC A = [0 ,80 + 0 ,50 − 1] × 10 dBC B = [0 ,60 + 0 ,20 − 1] × 10 dBCC = [0 ,30 + 0 ,70 − 1] × 10 dBC A = +3 dBC B = −2 dBC C = 0 5 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia b.) Represente cada país usando um diagrama BC,Ε; BC 0 A 2,00 C E B Explicação do Gráfico Quando a taxa de câmbio era igual a 2,00 a balança comercial dos três países era igual a zero. A medida que há uma elevação na taxa de câmbio, ocorre alterações na balança comercial dos três países. No caso do país A há uma elevação no saldo da balança comercial. Para o país B há uma redução e para o país C ela se mantêm igual a zero. Os motivos desses comportamentos são expostos nas questões a seguir. c.) Explique os resultados através da condição de Marshall-Lerner; A condição de Marshall-Lerner estabelece que o efeito de uma variação cambial sobre o saldo da balança de pagamentos, tudo mais constante, depende do valor das elasticidades das exportações e das importações em relação à taxa de câmbio. Pela condição de condição de Marshall-Lerner, uma variação cambial terá efeito nulo no saldo da balança comercial se a soma do módulo das elasticidades foram iguais à 1. Deve-se ficar atento ao fato de que estes efeitos são medidos em moeda doméstica. Então as importações, em moeda estrangeira, devem ser convertidas para moeda doméstica antes de se apurar as elasticidades. Se a soma for maior que 1 o efeito será positivo, se for menor, negativo. Assim, por exemplo, se houver uma desvalorização cambial as exportações aumentam e as importações diminuem aumentando o saldo da balança de pagamentos. Mas quando convertida em valor doméstico as importações também ficam mais caras e, portanto, o efeito final é ambíguo. Neste exercício a soma dos módulos das elasticidades do país A é maior que 1 e o efeito de uma desvalorização cambial é positivo. O país B possui elasticidades somadas menor 1, portanto o efeito negativo do valor doméstico das importações se sobrepõem, é maior, que o efeito positivo de um aumento das exportações e queda das importações. O saldo da balança comercial, em moeda doméstica, diminui quando se desvaloriza o câmbio. Finalmente o país C, cuja soma dos módulos das elasticidades é exatamente igual, as variações não afeta a balança comercial, tal como representado por uma reta horizontal no gráfico acima. d.) Que razões reais poderiam explicar as características do país A e B? A taxa de câmbio é uma variável preço. Se as exportações e importações possuem uma sensibilidade alta em relação à taxa de câmbio isto significa que os compradores de ambos os lados (países) são muito sensíveis à variações de preço e a situação se aproxima ao de um mercado concorrência onde o preço é a variável determinante no ajuste do mercado. Mas se os compradores tiverem menos liberdade de escolha, então preço não será uma variável de ajuste e no limite teríamos uma situação de monopólio sobre o produto exportado ou importado. Se um produto importado não possui substituto próximo, ou não é possível produzir dentro do país, a elasticidade tende a ser menor. O país B tem elasticidade câmbio das importações menor que os demais, indicando que ele depende muito dos produtos importados e, portanto, não reduzirá muito as importações se custo dela for maior em função de uma desvalorização cambial. O inverso ocorre no país C. 6 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia No caso de uma desvalorização cambial o país C consegue substituir as importações mais caras com mais facilidade, o que faz com que o efeito positivo final desta redução seja grande. É por isso que o valor da elasticidade aumenta. 4ª Questão Considere um modelo macroeconômico de curto prazo com as seguintes equações: C = c0 + c1 ( Y − T ) (1) I = d 0 + d1Y − d 2 r (2) G =G M = kY − hr P (4) (3) X = x1Y * + x 2 ε M = m1Y − m2 ε CK = β r 0<β< ∞ BP = TC + CK = 0 (4) (5) (6) (7) a) Derive as curvas: Y = C + I + G + BP Y = c0 + c1 (Y − T ) + d o + d1Y − d 2 r + G + x1Y * + x 2ε − m1Y + m2 ε + βr Isolando Y e juntando os termos em “r”, e “e”: Y= (x2 + m2 ) ε x1 1 Y* + [c0 − c1T + d o + G ] − (d 2 − β ) r + (1 − c1 − d1 + m1 ) (1 − c1 − d1 + m1 ) (1 − c1 − d1 + m1 ) (1 − c1 − d1 + m1 ) Y= d2 − β x1 (x 2 + m 2 ) 1 A− r+ Y* + ε (1 − c1 − d1 + m1 ) (1 − c1 − d1 + m1 ) (1 − c1 − d1 + m1 ) (1 − c1 − d1 + m1 ) Curva LM Dada a rigidez de preços, a quantidade moeda em termos reais é a mesma que em termos nominais, então M/P = M, e com isso podemos escrever a simplesmente LM como: M = kY − hr Resolvendo para Y obtemos Y= 1 h M+ r k k (11) - LM Curva BP Dado que o saldo do balanço de pagamentos é influenciado pela taxa de juros, conforme o parâmetro β, então podemos supor que o modelo reflete uma situação de mobilidade imperfeita de capitais, ou mobilidade perfeita se β se aproximar do infinito ou assumir um valor muito alto. BP = TC + CK = 0 (12). 7 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia Substituindo as equações (4) e (5) na condição de equilíbrio do setor externo TC = 0 e resolvendo para Y obtemos: TC = X(Y*,ε) – M(Y,ε) + CK(r) = 0 x1Y * + x 2 ε − m1Y + m2 ε + βr = 0 YBP = x1 * ( x 2 + m 2 ) β Y + ε+ r m1 m1 m1 (13) - BP b.) Calcule a inclinação de cada uma das curvas acima, no plano Y,r; dY dr dY dr dY dr IS =− LM BP = = d2 − β <0 (1 − c1 − d1 + m1 ) para d2 > β h >0 k (14a) (14b) β >0 m1 pois 0 < β < ∞ (14c). Algebricamente não é possível determinar qual se a inclinação da BP é maior ou menor que a LM. Dependendo das inclinações os resultados de choques exógenos de política monetária, fiscal e cambial, podem mudar. No restante do modelo vamos assumir que a curva BP é mais vertical que a curva LM. Note ainda que com a introdução de mobilidade de capital, através do termo βr na equação BP, a inclinação da curva IS pode ser positivamente inclinada, caso em que d 2 < β . No caso dos modelos IS-LM e IS-LM-BP sem mobilidade de capital, tal situação não ocorria, mas no caso de economia aberta com mobilidade de capitais, é possível obtermos uma curva IS positivamente inclinada no plano Y,r. As consequencias disto para a análise estática de equilíbrio, ou análise dinâmica, de ajustamento, estão além dos objetivos deste exercício. Apenas destacamos o fato de que IS pode ser positiva, como uma demonstração de que a análise tradicionalmente mostrada em manuais e livros textos, pode ser estendida para casos mais genéricos e que a IS negativamente inclinação não é uma regra absoluta. c.) Represente graficamente o modelo no plano Y,r r BP r0 LM A IS 0 Y0 Y 8 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia d.) Explique em linhas gerais o modelo; Este modelo reflete uma economia com mobilidade imperfeita de capitais pois o parâmetro β é maior que zero e menor que infinito. Neste caso a política fiscal e monetária além de afetar o equilíbrio no mercado de bens e monetário, também afetam o equilíbrio do balanço de pagamentos. Como o fluxo de capital financeiro é imperfeito então poderá existir diversas taxas de juros e nível de renda compatível com o equilíbrio simultâneo dos três mercados. Este modelo difere, portanto, do caso de mobilidade perfeita onde existe apenas uma taxas de juros de equilíbrio, que é igual a taxa real de juros internacional. Também difere do caso de economia fechada, sem mobilidade, onde existe apenas um nível de renda de equilíbrio. Neste modelo existem diferentes combinações de taxa real juros e nível de renda de equilíbrio. e.) Efeito de uma política monetária expansionista e contracionista no plano Y,r com câmbio fixo LM0 LM1 i) Política Monetária Expansionista – Câmbio Fixo BP0 r A r0 r1 B IS0 Y0 0 Y • Um aumento da Ms desloca a LM para direita e reduz a taxa de juros e aumenta o nível de renda pelo efeito da taxa de juros mais baixa sobre o investimento. A economia se desloca para o ponto B. • Neste ponto, à direita da curva BP ocorrem déficits na balança comercial, devido ao aumento das importações induzida pela renda. Estes déficits significam demanda de divisas para pagamento das importações os quais tendem a desvalorizar o câmbio. • Para manter o cambio fixo, a A.M. vende moeda estrangeira e retrai a oferta de moeda doméstica, deslocando a LM para a esquerda, anulando parcialmente o efeito da expansão monetária inicial. O nível de renda e juros de equilíbrio volta ao ponto A. • O que diferencia o regime de mobilidade imperfeita em relação ao regime sem mobilidade (curva BP vertical) é o fato de que agora a velocidade com que a LM se retorna ao ponto A é maior. ii) Política Monetária Contracionista – Câmbio Fixo LM1 BP0 r r1 LM0 B r0 A IS0 0 Y0 Y • Um diminuição de Ms desloca a LM para esquerda e aumenta a taxa de juros e reduz o nível de renda pelo efeito da taxa de juros mais alta sobre o investimento. A economia se desloca para o ponto B. • Neste ponto, à esquerda da curva BP ocorrem superávits na balança comercial, devido à queda das importações induzida pela renda. Estes déficits significam oferta de divisas os quais tendem a valorizar o câmbio. • Para manter o cambio fixo, a A.M. compra moeda estrangeira e expande a oferta de moeda doméstica, redeslocando a LM para a direita, anulando parcialmente o efeito da contração monetária inicial. O nível de renda e 9 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia juros de equilíbrio volta ao ponto A. f.) Efeito de uma política monetária expansionista e contracionista no plano Y,r com câmbio flutuante i) Política Monetária Expansionista – Câmbio Flutuante BP1 LM0 BP0 r r2 r0 r1 LM1 A C B IS0 Y0 0 Y1 IS1 Y • Um aumento da Ms desloca a LM para direita e reduz a taxa de juros e aumenta o nível de renda pelo efeito da taxa de juros mais baixa sobre o investimento. A economia se desloca para o ponto B. • Neste ponto, à direita da curva BP ocorrem déficits na balança comercial, que se acumulam com déficits na conta capital. A queda da taxa de juros provoca uma saída de capital especulativo. Estes déficits desvalorizam o câmbio. • As desvalorização desloca tanto a IS quanto a BP para a direita. O aumento de X e queda de M induzido pela desvalorização cambial gera um efeito demanda sobre a IS, e permitem que a balança comercial seja superavitária ou se equilibre num nível maior de renda, deslocando também a BP para a direita. • O que diferencia o regime de mobilidade imperfeita em relação ao regime sem mobilidade (curva BP vertical) é o fato de que agora a velocidade com que a LM se retorna ao ponto A é maior. • A política monetária expansionista conduzirá à ii) Política Monetária Contracionista – Câmbio Flutuante BP1 BP0 r r1 r0 r2 LM0 B C A IS1 0 LM1 Y1 Y0 IS0 Y • Uma diminuição da Ms desloca a LM para esquerda e aumenta a taxa de juros e diminui o nível de renda pelo efeito da taxa de juros mais alta sobre o investimento. A economia se desloca para o ponto B. • Neste ponto, à direita da curva BP ocorrem superávits na balança comercial, que se acumulam com superávits na conta capital. A queda da taxa de juros provoca entrada de capital especulativo. Estes superávits valorizam o câmbio. • A valorização desloca tanto a IS quanto a BP para a esquerda. O diminuição de X e o aumento de M induzido pela desvalorização cambial gera um efeito demanda negativo sobre a IS • A política monetária contracionista levará à uma queda no nível de renda e à a valorização do câmbio. A taxa de juros será a mesma ou poderá subir ou cair ligeiramente em relação ao equilíbrio inicial em A, dependendo dos deslocamentos da IS e BP. No geral a taxa de juros não varia, ou varia muito pouco entre dois pontos de 10 equilíbrios UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia g.) Compare e explique as diferenças neste modelo, entre os dois regimes cambiais, fixo e flutuante. Como pode ser observado nos gráficos acima, a política monetária só tem efeito no caso do regime de câmbio flutuante. O compromisso da autoridade monetária com a defesa da taxa de câmbio, impede que ela possa fazer uso de políticas monetárias. No cambio fixo a tentativa de fixar o câmbio obriga a autoridade monetária contrair ou expandir a base monetária, por ocasião das intervenções de compra e venda de moeda estrangeira. A variação da base monetária fica atrelada ao que acontece com o balanço de pagamentos. Se a autoridade monetária deseja readquirir controle sobre a política monetária com o objetivo de utilizá-la para perseguir objetivos internos outros, que não o equilíbrio do balanço de pagamentos, então será necessário que o regime de câmbio seja flutuante. No modelo de mobilidade imperfeita, acima, os efeitos da política monetária são os mesmos que num modelo de mobilidade perfeita. A diferença é quantitativa e não qualitativa. A diferença está no tamanho da variação de renda e juros observado em cada caso. No regime de mobilidade perfeita o efeito sobre a renda é maior do que no caso da mobilidade imperfeita. Portanto o modelo de mobilidade imperfeita com câmbio flutuante a política monetária funciona, mas produz uma variação de renda menor, em função da inclinação da curva BP. 11 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia 5ª Questão (não concluído! Rospostas estão no texto de Lopes(2000, cap. 6) Demonstre graficamente e explique o efeito de uma política fiscal e uma política monetária expansionista sob cada um dos regimes seguintes. Monte uma tabela resumindo os resultados. a.) Cambio fixo sem mobilidade; POLÍTICA MONETÁRIA LM0 BP0 r POLÍTICA FISCAL BP0 r LM1 LM1 LM0 C r0 r2 r1 r0 A r1 B A B IS0 IS1 IS0 0 Y0 Y1 Y A política monetária é ineficaz. A queda da taxa de juros leva à aumento da renda interna e das importações. Mais importações significam déficits em TC (ponto B, à direita da curva BP). Os agentes passam a demandar câmbio para pagar suas importações. Quando a autoridade monetária vende a quantidade necessária de câmbio para restabelecer a taxa de câmbio em seu nível fixo, ela retira moeda de circulação fazendo a curva LM voltar à posição original. Ao fim nada acontece com o nível de renda, juros e câmbio. 0 Y0 Y1 Y A política fiscal também é ineficaz. E ao final ainda aumenta a taxa de juros. O deslocamento da IS para direita causa déficit em transações correntes. b.) Câmbio flutuante sem mobilidade; c.) Câmbio fixo com mobilidade perfeita; d.) Câmbio flutuante com mobilidade perfeita; e.) Câmbio fixo com mobilidade imperfeita; f.) Câmbio flutuante com mobilidade imperfeita; g.) Faça um quadro resumo dos resultados. h) Interprete o caso brasileiro atual, à luz do regime que você considera o mais adequado. 12 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Departamento de Economia 6ª Questão (resolvido em sala de aula) Considere as equações abaixo de um modelo de crescimento com restrição de balanço de pagamentos: Exportações Importações Condição de equilíbrio do BP. Note que a condição de equilíbrio inclui um termo para movimentos de capital. a.) Calcule o nível de renda de equilíbrio; b.) Aplique Ln, derive e encontre a taxa crescimento de equilíbrio da economia; c.) Calcule os efeitos de variações cambiais sobre o saldo do balanço de pagamentos e sobre a taxa de crescimento da economia, a partir das equações lineares calculadas em “b” (derivas parciais em relação ao câmbio e explique os resultados); d.) Explique em linhas gerais o modelo de Thirlwall; e.) Explique o efeito do termo “ iβ ” no modelo; *** 13