PRODUTO INTERNO BRUTO DOS MUNICÍPIOS Bahia: 2011 – 2012 A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) divulga o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios baianos para o ano de 2012, como resultado do seu trabalho em rede realizado em parceria com o IBGE e os órgãos de Estatística e Planejamento dos demais estados brasileiros. A partir desse trabalho conjunto, é possível se ter a comparabilidade do PIB dos municípios baianos com o de municípios de outros estados. No que concerne ao conjunto da economia baiana em 2012, verificou-se que o PIB total somou R$ 167.278 bilhões, mantendo a Bahia na oitava colocação entre os estados brasileiros. O desempenho da economia baiana, em 2012, foi influenciado por dois fatores: o primeiro, a continuidade da seca que afetou a região nordeste desde 2011. Como resultado do período de estiagem, observaram-se grandes perdas nas culturas cultivas no estado, reduzindo drasticamente a área colhida bem como a produtividade do setor; no entanto, a forte elevação nos preços dos mesmos produtos que tiveram quebra de safra contribuiu para que o setor mantivesse praticamente estável em termos de participação no conjunto da economia e, além disso, para que alguns municípios ganhassem destaque no setor agrícola seja em nível nacional, seja estadual, conforme se verá na sequência deste texto. O segundo fator que afetou a economia baiana foi na cadeia do refino de petróleo. Em 2012, os preços do petróleo no mercado internacional mantiveram-se em alta, fato agravado pela desvalorização do Real ante o Dólar, o que aumentou ainda mais o custo de processamento do petróleo. Por outro lado, observou-se certa estabilidade nos preços dos derivados de petróleo, fazendo com que o Valor Adicionado do setor fosse fortemente afetado, gerando grandes perdas em termos de contribuição para o PIB estadual. Essa situação refletiu-se diretamente nos municípios que realizam atividades associadas ao refino de petróleo e, particularmente, em São Francisco do Conde, onde está localizada a Refinaria Landulfo Alves. Os dois fatores destacados acima foram determinantes para os destaques municipais, em 2012, bem como para alocação dos municípios entre os principais geradores de riqueza no estado. A análise do conjunto dos municípios baianos, em 2012, evidencia o setor de serviço como o de maior participação no total da economia estadual (67%). A indústria1, setor de grande relevância do ponto de vista da geração de empregos e de encadeamentos, responde por 26%, sendo seguido pela agropecuária, responsável por 7% de toda a riqueza produzida no estado. Gráfico 1 As cinco maiores economias municipais, pela ótica do PIB, responderam por 41,9% da atividade econômica estadual. Conforme destacado acima, o ano de 2012 foi marcado pela maior seca das 1 Engloba a Indústria de Transformação, a Indústria Extrativa Mineral, a Indústria da Construção Civil e os Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP). décadas recentes, bem como pelos impactos da instabilidade e baixo crescimento internacional, os quais se incidiram, sobretudo, na indústria baiana. Naquele ano verificou-se, notadamente, a expansão do setor de serviços, em especial o comércio varejista, apoiado pelo bom desempenho do mercado de trabalho e pela melhoria dos rendimentos das famílias, além das facilidades do crédito ao consumidor. Além disso, conforme mencionado, o fator preço trouxe, de um lado, benefícios aos produtores no setor agropecuário e, por outro, a desaceleração da indústria de transformação, em particular o refino de petróleo. O município de Salvador, pelas suas características de capital do estado e principal pólo de serviços, é o que apresenta o maior Valor Agregado (VA), sendo responsável por 23,7% do PIB. Em seguida estão os municípios de Camaçari com 7,5% – com economia baseada na indústria de transformação, em especial nos segmentos químico e automotivo; Feira de Santana com 5,2%, o qual tem se destacado pelas suas características de importante entreposto comercial, e entroncamento das principais rodovias federais e estaduais que cortam o estado, também abriga atividades industriais, chamando atenção principalmente para o Distrito Industrial de Subaé; Candeias, com 3,0% – com destaque na produção de petróleo e gás natural – e, por fim, Simões Filho, com 2,4% onde se destaca o setor industrial CIA – Centro Industrial de Aratu –, o qual possui em sua estrutura organizacional indústrias de vários gêneros, destacando-se dentre eles: minerais metálicos e não-metálicos, química, mecânica e siderurgia. A Tabela 1 e o Gráfico 2 exibem as informações apresentadas acima. Tabela 1 Cinco Maiores Municípios em Relação ao PIB Bahia: 2011 – 2012 Gráfico 2 O Gráfico 3 exibe o mesmo tipo de comparação que o gráfico 2, porém considerando a participação dos cinco maiores municípios a partir dos grandes setores de atividade econômica. Pode-se observar que a agropecuária, apesar de representar apenas 7,0% da estrutura geral do PIB, é o que apresenta melhor distribuição espacial da produção com os cinco maiores respondendo por 26,78% da geração de riqueza. Ou seja, o setor agrícola exibe maior espacialização de sua atividade produtiva, sendo inerente a praticamente todos os municípios baianos. Já a indústria e os serviços centralizam quase que igualmente o nível de produção nos cinco maiores municípios, conforme pode ser observado abaixo. Em geral, os processos produtivos desses dois setores estão centralizados, sobretudo na Região Metropolitana de Salvador, onde a indústria apresenta alguns polos interioranos e os serviços centralizados em alguns municípios caracterizados como centros regionais. Gráfico 3 ANÁLISE DOS SETORES: Agropecuária O ano de 2012 foi marcado pela alta nos preços da soja, algodão e milho no mercado internacional, e também pela seca que atingiu o semiárido da Bahia prejudicando a produção rural. As condições climáticas não favoreceram a agricultura nem a pecuária, desarticulando a cadeia produtiva do leite, reduzindo em quase 50% a produção no Estado e afetando gravemente a oferta de animais para abate, cuja maioria ainda não estava totalmente finalizada. Até mesmo a caprinocultura foi levada a uma situação extremamente crítica. A cultura do café apresentou uma queda na produtividade também proveniente da longa estiagem que ocorreu em todo estado da Bahia, com maior intensidade na região central, onde se concentram os plantios de café mais tradicionais e, de forma menos acentuada, nas regiões do extremo Sul (conillon), porém afetada por temperaturas mais elevadas e veranicos, e no Extremo Oeste, onde também ocorreram algumas irregularidades. Quanto à silvicultura, observa-se que esta vem crescendo ao longo do tempo, devido ao aumento da fiscalização sobre produtos madeireiros, obrigando as indústrias a realizarem processos produtivos com base na sustentabilidade e preservação das espécies nativas. Em termos espaciais, o setor agropecuário tem na região Oeste os seus representantes de maior expressão. Haja vista ser a região uma das que mais cresce economicamente por conta, principalmente, da exploração agroindustrial, com suporte no agronegócio, em especial a produção de grãos (soja, algodão, milho e café). Os cinco principais municípios agrícolas do Estado estão situados nessa região, a qual garantiu o bom desempenho na safra de grãos, sobretudo soja e algodão. Esse resultado foi ocasionado, principalmente, pelo efeito preço, já que a falta do produto gerado pelos problemas climáticos elevou os preços da commoditie, nesses municípios. Essa região concentra um dos mais promissores e modernos pólos agroindustriais do Estado, e foi o setor que mostrou aumento de participação em 2012 comparado com 2011. Dentre os municípios, São Desidério é o principal produtor. Em 2012, manteve a primeira posição no ranking estadual da agropecuária, com participação de 10,73%; em nível nacional, o município também se destaca como o primeiro em valor adicionado do setor. Em seguida estão os municípios de Formosa do Rio Preto com 5,67%, Barreiras com 4,69%, Luis Eduardo Magalhães com 3,24% e, por fim, o município de Correntina com 2,46% de participação no VA da agropecuária do Estado. A Tabela 2 exibe as informações relativas ao valor adicionado da agropecuária dos cinco maiores municípios desse setor em 2012. Tabela 2 Valor Agregado (VA) – Agropecuária Os cinco maiores municípios Bahia: 2010 – 2011 Indústria O setor industrial é o segundo de maior peso na economia do estado e se destaca, não apenas pela movimentação e geração de riquezas mas, sobretudo, pelo alto grau de concentração econômica. Considerando-se apenas cinco municípios, onde três pertencem à Região Metropolitana de Salvador (RMS), o valor adicionado do setor alcança quase metade da riqueza gerada por toda a atividade na Bahia (45,3%). Conforme mencionado inicialmente, o desempenho do setor foi determinado pela dinâmica do segmento da indústria de transformação, especificamente na atividade de refino de petróleo, que apresentou um baixo desempenho em 2012. Acerca desse desempenho, convém destacar que: “Desempenho econômico baiano, foi influenciado negativamente por duas variáveis. A primeira veio dos preços do petróleo – principal insumo do refino – no mercado internacional, que se mantiveram acima de US$ 100,00. Esse quadro foi agravado pela desvalorização de 10% do real frente ao dólar, o que fez com que o preço final do petróleo, em reais, aumentasse aproximadamente 9,4%. Ou seja, verificou-se, em média, elevação de 9,4% nos custos associados ao principal insumo da atividade. A segunda variável a influenciar negativamente a atividade foi os preços dos derivados do petróleo no mercado interno, que tiveram variação média de 5,83%, segundo dados da ANP, entre janeiro e dezembro de 2012. Nesse sentido, observa-se grande defasagem entre os valores dos insumos e dos produtos derivados do processo produtivo, fato este que impactou negativamente os resultados da atividade e, por consequência, o PIB baiano (SEI, 2014, p. 5).” O município de São Francisco do Conde, que detém como principal atividade econômica o refino de petróleo2, ficou bastante prejudicado, posicionando-se em último lugar entre os VAs da 2 O valor de produção da atividade extração de petróleo é calculado imputando-se um preço de mercado à produção que é gerada, mas consumida pela própria Petrobras. O valor de produção do produto petróleo é obtido multiplicandose, mês a mês, a quantidade mensal produzida pelo preço mensal estimado. O preço mensal estimado para o petróleo nacional é igual ao preço internacional do barril de petróleo (petróleo tipo Brent), em dólares, com um redutor para refletir a diferença de qualidade em relação ao petróleo nacional (- US$ 4,61), multiplicado pela taxa de câmbio do mês. O mesmo preço é utilizado para calcular o consumo intermediário de petróleo na atividade de refino. Nessa atividade, o total do consumo intermediário de petróleo é dividido em duas partes: para o petróleo importado, é utilizado o preço médio de importação do mês, e, para o petróleo nacional, é utilizado o preço médio estimado para a produção nacional. As quantidades de petróleo nacional e importado refinadas são informadas, mensalmente, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP. Além do petróleo, a atividade de refino possui custos diversos que são estimados aplicando-se uma margem ao valor do petróleo refinado. indústria. Essa situação também comprometeu a participação de outros municípios no VA da indústria, a exemplo de Camaçari, que apresenta uma participação de 17,29%, onde se situa o Pólo Petroquímico com diversas indústrias (químicas, automotiva, celulose etc.), com perda de participação decorrente da retração do segmento da transformação. Salvador, com 14,51%, registrou queda na participação por conta da desaceleração das atividades da indústria da construção civil e de Serviços Industriais de Utilidade Pública. Na sequência aparece Feira de Santana, com 4,97%, onde se localiza o Centro Industrial de Subaé, Paulo Afonso – quarto mais importante, com 4,40% e tem a economia industrial fortemente influenciada pela presença de quatro usinas da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) e, finalmente, Candeias com 4,12%, que apresentou aumento na sua participação, principalmente no segmento da indústria de transformação Nesse município foi inaugurada uma fábrica de fertilizantes hidrossolúveis, uma das maiores do norte e nordeste do país. O grupo também fabrica suplementos de nutrição animal e insumos granulados. Tabela 3 VALOR AGREGADO (VA) DA INDÚSTRIA Os cinco maiores municípios Bahia: 2011 – 2012 Serviços No Setor Serviços observa-se que, em 2012, Salvador manteve-se como o principal município na geração de valor, com participação de 28,18 %, a despeito de ter apresentado uma pequena queda. Feira de Santana, com 5,50%, que também teve uma pequena perda de participação, continua com destaque na atividade comercial e produção de serviços de apoio à atividade industrial. Camaçari, 3,83%, tem destaque, sobretudo, nos serviços relacionados à atividade industrial, além de serviços bancários e comércio. São Francisco do Conde com 3,11% apresentou aumento na participação por conta, principalmente, do desempenho positivo na comercialização dos produtos da indústria de refino, comércio em geral, transportes terrestres, armazenagem e educação mercantil. Vitória da Conquista, com 2,76%, apresentou uma queda na participação, por conta de uma retração nas atividades serviço informação telefonia fixa e, principalmente, por esse município ter sido puxado por outros que tiveram desempenho significativo como Luis Eduardo Magalhães. A Tabela 4 exibe os cinco maiores municípios baianos em termos de VA do setor de serviços. Tabela 4 VALOR AGREGADO (VA) DOS SERVIÇOS Os Cinco Maiores Municípios Bahia: 2011 - 2012 PIB Per Capita Analisando-se as informações do PIB municipal 2012 a partir do ranking do PIB per capita observase, entre os cincos primeiros colocados, o município de Cairu, com renda per capita de R$ 93,884 mil. Na sequência dos maiores PIBs per capita aparecem os municípios de: São Francisco do Conde (R$ 61,407), Candeias (R$ 60,584 mil), São Desidério R$ 57,132 e Luis Eduardo Magalhães R$ 53,647. Tabela 5 PIB PER CAPITA – Os Cinco Primeiros Municípios Bahia: 2011 – 2012 A nova regionalização adotada pelo Estado reagrupa os municípios segundo novos critérios e tipologias, reestruturando-os por Territórios de Identidade. Ela permite a visualização do nível de concentração das atividades econômicas dentro do Estado, no citado recorte. Nesse sentido, vê-se a elevada participação da Região Metropolitana de Salvador com uma representatividade superior a 40%, conforme se pode ver na Tabela 6. Já o Território Bacia do Paramirim é o que possui menor participação na estrutura do PIB estadual, com apenas 0,4% do total de riquezas. Chamando atenção para o bom desempenho e ganho de participação do Território Baixa do Rio Grande, e uma pequena perda de participação da Região Metropolitana. Tabela 6 COREF - Coordenação de Contas Regionais e Finanças Públicas Equipe do PIB Municipal