FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PIBID: RELATO DE EXPERIÊNCIA ENVOLVENDO O USO DO TEATRO COMO MÉTODO DE ENSINO SOBRE DESIGUALDADES SOCIAIS Fabiane Ripplinger1 Anisia Ripplinger de Abreu2 Eixo Temático: 4. Políticas educacionais e Currículo - com ênfase nas novas demandas curriculares para a formação de professores e para a docência no cotidiano das escolas de educação básica. Agência Financiadora: FAPESC e UNIEDU. Resumo A discussão acerca de qual o melhor currículo para formar professores vem gerando diferentes iniciativas e entre elas está o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) – lançado em 2007, e que desde então vem promovendo parcerias entre escolas da Educação Básica e Instituições de Ensino Superior. Trata-se de uma iniciativa que insere o acadêmico da licenciatura no contexto das escolas públicas sob orientação de um docente da universidade e um da escola, no qual o acadêmico passa a vivenciar um movimento dialético de relação teoria e prática. Neste movimento apresenta-se como objetivo do estudo, entender a importância do movimento dialético de produção do conhecimento teórico-prático vivenciado no contexto do PIBID. Neste sentido, busca-se apresentar uma intervenção realizada em uma escola pública do oeste catarinense utilizando o teatro como metodologia de estudo sobre as desigualdades sociais. Destarte, a importância deste estudo justifica-se primeiramente pelo movimento de produção do conhecimento proporcionado aos acadêmicos bolsistas que envolveram a construção coletiva de uma intervenção e discussão entre atores da escola e da universidade, e em segundo plano a dinamização das aulas de uma turma de ensino fundamental do oeste de Santa Catarina que utilizou o teatro como forma de internalização do conhecimento. Para a discussão dos resultados e fundamentação teórica foram utilizadas reflexões de Araujo, Araujo e Silva, (2015); Barretto (2015), Young (2007), Wlodarski e Cunha (2005). Entre as contribuições destes autores, pode-se inferir que Barretto (2015) afirma que discutir formação de professores e currículo envolve entre outros aspectos, levar em conta um público que corresponde a 80% dos servidores públicos brasileiros, somando cerca de dois milhões de docentes. A autora destaca que o crescente aumento na busca por cursos de formação de professores deve-se ao fato da universalização e expansão da Educação Básica, bem como devido às condições que favorecem a ampliação e oferta dos cursos de formação de professores, como por exemplo, a obrigatoriedade da formação em nível superior estabelecida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 9394/96) e a abertura que esta mesma lei possibilitou para a expansão das EaD (Educação a Distância) com cursos superiores. Neste caso, Barretto (2015) destaca que o nível da educação básica que mais alterou a escolaridade de seus professores foram os Anos 1 2 Universidade Federal da Fronteira Sul-UFFS, [email protected]. Universidade Federal da Fronteira Sul-UFFS, [email protected]. Iniciais, visto que, até a promulgação da LDB, aceitava-se a formação de nível médio para lecionar neste nível de ensino. Concomitante à ampliação na formação destes professores, surgem discussões de natureza qualitativa dos cursos, no qual evidencia que o caráter genérico dos cursos de licenciatura. Neste caso, defende-se que formação de professores deve envolver “espaços híbridos” (BARRETTO, 2015), que contemplem aspectos acadêmicos, teórico-práticos, e saberes da profissão docente. Um exemplo desta nova configuração de formação educacional é o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Trata-se de um programa que insere licenciandos em escolas públicas que passam a desenvolver “[...] atividades didático-pedagógicas sob a orientação de um docente da licenciatura e um professor da educação básica”. (BARRETTO, 2015, p.688). Assim sendo, defende-se um currículo que possibilita ao acadêmico o acesso ao “conhecimento poderoso” (YOUNG, 2007) e autonomia crítica em suas aulas. Diante desta breve contextualização teórica, apresenta-se como metodologia do estudo, a pesquisa bibliográfica e uma intervenção in loco. Esta intervenção ocorreu durante as atividades do PIBID em uma escola pública do oeste de Santa Catarina. A temática trabalhada durante esta intervenção fora a “desigualdade social”. Segundo Santos (s/d., p. 3), “[...] podemos denominar desigualdade social como sendo uma condição de acesso desproporcional aos recursos, materiais ou simbólicos, fruto das divisões sociais”. Para Wlodarski e Cunha (2005), as desigualdades sociais são agravadas com a industrialização e com o capitalismo, ou seja, devido a fatores como mecanização, salários baixos e má distribuição de renda, entre outros fatores. A pobreza muitas vezes confundida com desigualdade social é na verdade uma consequência desta. Em países como o Brasil, não existe somente a desigualdade social, mas também a cultural, educacional, econômica, étnica, de gênero no trabalho (remuneração), entre outras. Diante da exposição do assunto em aula com uma turma do ensino fundamental de uma escola pública do oeste catarinense, foi proposto um teatro para que os alunos demonstrassem o que haviam aprendido, desta forma interagindo mais com professores e colegas e proporcionando-lhes um método alternativo de avaliação. Como resultado da pesquisa pode-se evidenciar que há muito a ser desmistificado em relação às desigualdades sociais, bem como que os alunos demonstraram apropriação significativa do conhecimento, e superação de alguns sensos comuns presentes em sua realidade. Por fim, como considerações finais, torna-se importante refletir que apesar de muitas vezes termos a impressão que nada se faz para melhorar a educação, muito se faz, porém o que falta é continuidade, visto que a maioria dos programas constituem-se políticas de governo e não políticas de estado. Também é necessário haver cuidados para não se ter reducionismos à pratica, ou à “epistemologia da prática” (ARAUJO, ARAUJO e SILVA, 2015), no qual não há teorização das intervenções pedagógicas. Neste sentido, defende-se a continuidade de políticas de formação de professores como o PIBID, que inserem o acadêmico no cotidiano da escola sob a supervisão e orientação de docentes de diferentes realidades e a constante reflexão teórica sobre esta realidade. Palavras-chave: Formação de professores, PIBID, Currículo, Relação teoria e prática, Educação básica, Desigualdades sociais. Referências ARAÚJO, C.M; ARAÚJO, E.M.; SILVA, R.D. Para pensar sobre a formação continuada de professores é imprescindível uma teoria crítica de formação humana. Cad. Cedes, Campinas, v. 35, n. 95, p. 57-73, jan.-abr. 2015. BARRETTO, E.S.S. Políticas de formação docente para a educação básica no Brasil: embates contemporâneos. Revista Brasileira de Educação, v. 20, n. 62, jul.-set. 2015. p. 679-701. SANTOS, Juliana Anacleto dos. Desigualdade Social e o Conceito de Gênero. s/d. 14 p.. Universidade Federal de Juiz de Fora. Disponível em: <http://www.ufjf.br/virtu/files/2010/05/artigo-3a7.pdf>. Acesso em: 17 out. 2016. WLODARSKI, Regiane; CUNHA, Luiz Alexandre. Desigualdade social e pobreza como consequências do desenvolvimeto da sociedade. IX Simpósio Internacional Processo Civilizador. Ponta Grossa, 2005. p. 10.. Disponível em: <http://www.uel.br/grupoestudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais9/artigos/workshop/art15.pdf>. Acesso em: 17 out. 2016. YOUNG, Michel. Para que servem as escolas? Educação e Sociedade, v. 28, n. 101, 2007, p. 1287-1302.