UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE QUÍMICA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA DEISIANE APARECIDA DA SILVA SCREENING DE PRODUTOS NATURAIS COM POTENCIALIDADE PARA TRATAMENTO DE DOENÇAS OCASIONADAS POR HELICOBACTER PYLORI: UM ESTUDO IN VITRO E IN SILICO. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CAMPO MOURÃO 2015 DEISIANE APARECIDA DA SILVA SCREENING DE PRODUTOS NATURAIS COM POTENCIALIDADE PARA TRATAMENTO DE DOENÇAS OCASIONADAS POR HELICOBACTER PYLORI: UM ESTUDO IN VITRO E IN SILICO. Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 2 (TCC2), do Curso de Licenciatura em Química do Departamento Acadêmico de Química – DAQUI – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito para obtenção do título de Licenciada em Química. Orientador: Prof. Msc. Adriano Lopes Romero CAMPO MOURÃO 2015 DEDICATÓRIA Aos meus pais, pelo apoio durante essa trajetória, acreditando em mim sempre e ao incentivo à nunca desistir quando os obstáculos apareceram. Aos poucos amigos, mas eternos, que durante essa jornada tornaram-se família e deixaram esses anos de luta mais alegres. A Deus, por fazer possível essa conquista, e estar comigo presente sempre. AGRADECIMENTOS À Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pela oportunidade. Ao orientador professor Msc Adriano Lopes Romero, pela dedicação à faculdade e aos alunos e especialmente por aceitar fazer parte desse trabalho, me auxiliando sempre ao decorrer do projeto. A professora Doutora Rúbia e a Flavianny, laboratorista da Universidade Tecnológica Federal do Paraná campus Apucarana, pela dedicação e ajuda com as análises espectroscópicas. A todos os Professores com quem tive o privilégio de tanto aprender ao longo do meu percurso acadêmico. Aos meus pais, pela dedicação, exigência e apoio ao longo desses anos, me incentivando a nunca desistir de meus sonhos. Aos meus amigos, que ao longo dessa jornada, se fizeram presentes e deixaram essa trajetória mais feliz, fazendo parte da minha vida. À Deus, por proporcionar que essa vitória tenha sido alcançada. RESUMO O Helicobacter pylori é uma bactéria gram-negativa que coloniza a mucosa gástrica, onde está relacionada com alguns processos patogênicos, sejam inflamatórios (gastrite crônica e doença ulcerosa péptica) ou neoplásicos (adenocarcinoma e linfoma gástrico do tipo MALT - Mucosa Associated Lynphoid Tissue. A infecção gástrica causada por esta bactéria é, atualmente, considerada a segunda infecção mais prevalecente do homem, estando intimamente associada a uma variedade de desordens clínicas gastrintestinais, sendo este microrganismo o principal agente etiológico de mais de 95% das gastrites crônicas e úlceras duodenais. Caracterizando-se pelo alto índice de infecções registradas, a busca constante por potenciais fármacos para erradicação desta bactéria tem se apresentado imprescindível. Desta forma, avaliou-se in vitro a atividade inibidora de urease, estudos de composição química e in silico dos óleos essenciais de Rosmarinus officinalis (Alecrim), Illicium verum (Anis estrelado), Cymbopogon citratus (Capim limão), Cymbopogon winterianius (Citronela), Syzygium aromaticum (Cravo-da-Índia), Corymbia citriodora (Eucalipto), Eucalyptus globulus (Eucalipto globulus), Citrus sinensis (Laranja doce), Citrus latifolia (Lima tahiti) e Citrus limon (Limão siciliano). Os resultados apresentados neste trabalho indicam que óleos essenciais podem ser considerados fontes promissoras de substâncias bioativas inibidoras de urease. Dentre as dez amostras avaliadas determinou-se que os óleos essenciais de Rosmarinus officinalis, Cymbopogon citratus, Cymbopogon winterianius e Citrus sinensis são promissores inibidores de urease. Os estudos in vitro e in silico convergem para justificar a atividade inibidora de urease através de um mecanismo de inibição baseado na interação de determinados constituintes dos óleos essencias no sítio ativo da enzima. Sendo assim, estudos posteriores são necessários para verificar se in vivo estes óleos apresentarão efeito sobre a bactéria H. pylori. ABSTRACT Helicobacter pylori is a gram-negative bacterium that colonizes the gastric mucosa, which is associated with some pathogenic processes are inflammatory (chronic gastritis and peptic ulcer disease) or neoplastic (adenocarcinoma, and gastric lymphoma). The gastric infection with this bacterium is now considered the second most prevalent infections of man, is closely associated with a variety of clinical gastrointestinal disorders, this microorganism is the main etiological agent of more than 95% of chronic gastritis and duodenal ulcers. Characterized by the high rate of infections recorded, the constant search for potential drugs to eradicate this bacterium has performed essential. Thus, we evaluated the in vitro inhibitory activity of urease, chemical compositions and in silico studies of essential oils Rosmarinus officinalis (Rosemary), Illicium verum (Star anise), Cymbopogon citratus (Lemon grass), Cymbopogon winteranius (Citronella), Syzygium aromaticum (Clove), Eucalyptus globulus (Eucalyptus globulus), Citrus sinensis (Sweet orange), Citrus latifolia (Lima tahiti) and Citrus limon (Lemon). The results presented here indicate that essencial oils can be considered promising sources of bioactive substances inhibiting urease. Of the ten samples evaluated was determined that the essential oils of Rosmarinus officinalis, Cymbopogon citratus, Cymbopogon winteranius and Citrus sinensis urease inhibitors are promising. Studies in vitro and in silico converge to justify the inhibiting activity of urease inhibition by a mechanism based on the interaction of certain constituents of the essential oils in the active site of the enzyme.Thus, further studies are needed to see if these oils in vivo showed effect on H. pylori. LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................................................................... FIGURA 1 - MICROGRAFIA ELETRÔNICA DE VARREDURA DA BACTÉRIA HELICOBACTER PYLORI....................................................................................................... 19 FIGURA 2 - SÍTIO ATIVO DA ENZIMA UREASE ILUSTRANDO OS RESÍDUOS DE AMINOÁCIDOS ENVOLVIDOS NA HIDRÓLISE DA URÉIA .......................................... 27 FIGURA 3 - (A) ESTRUTURA DA UREASE ISOLADA DE CANAVALIA ENSIFORMIS INIBIDA COM FLUORETO (PDB 4GOA) E (B) SEU RESPECTIVO SÍTIO ATIVO ....... 28 FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO DO MECANISMO COMPETITIVO DE INIBIÇÃO DE ENZIMAS ................................................................................................................................ 30 FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DO MECANISMO INCOMPETITIVO DE INIBIÇÃO DE ENZIMAS .......................................................................................................................... 31 FIGURA 6 - REPRESENTAÇÃO DO MECANISMO DE INIBIÇÃO MISTA DE ENZIMAS .................................................................................................................................................. 32 FIGURA 7 - REPRESENTAÇÃO DO MECANISMO DE INIBIÇÃO ALOSTÉRICA DE ENZIMAS. ............................................................................................................................... 33 FIGURA 8 - TESTE IN VITRO DE INIBIÇÃO DE UREASE PELO USO DE TIOURÉIA NAS CONCENTRAÇÕES DE: (A) 6,25; (B) 25; (C) 50 E (D) 100 PPM E SEUS RESPECTIVOS ESPECTROS NA REGIÃO DO VISÍVEL .................................................. 40 FIGURA 9 - COMPORTAMENTO GRÁFICO DO TESTE DE INIBIÇÃO DE UREASE PELA TIOURÉIA .................................................................................................................... 41 FIGURA 10 - TESTE IN VITRO DE INIBIÇÃO DE UREASE PELO USO DE: A) ROSMARINUS OFFICINALIS; B) CYMBOPOGON CITRATUS; C) CYMBOPOGON WINTERIANIUS; D) CITRUS SINENSIS; E) SYZYGIUM AROMATICUM; F) EUCALIPTUS GLOBULUS; G) CITRUS LATOFOLIA; H) CITRUS LIMON; I) ILLICIUM VERUM EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES ...................................................................................... 42 FIGURA 11 - COMPORTAMENTOS GRÁFICO DO TESTE DE INIBIÇÃO DE UREASE PELOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE (A) ROSMARINUS OFFICINALIS; (B) CYMBOPONGON CITRATUS; (C) CYMBOPONGON WINTERIANIUS; (D) CITRUS SINENSIS .................................................................................................................................. 43 FIGURA 12 - CROMATOGRAMA OBTIDO POR CG-EM PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE ROSMARINUS OFFICINALIS. ... 45 FIGURA 13 - CROMATOGRAMA OBTIDO POR CG-EM PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE ILLICIUM VERUM ..................... 46 FIGURA 14 - CROMATOGRAMA OBTIDO POR CG-EM PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON CITRATUS ...... 48 FIGURA 15 - CROMATOGRAMA OBTIDO POR CG-EM PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON WINTERIANUS .................................................................................................................................................. 50 FIGURA 16 - CROMATOGRAMA OBTIDO POR CG-EM PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE SYZYGIUM AROMATICUM ....... 51 FIGURA 17 - CROMATOGRAMA OBTIDO POR CG-EM PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE EUCALYPTUS GLOBULUS ....... 53 FIGURA 18 - CROMATOGRAMA OBTIDO POR CG-EM PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS SINENSIS ...................... 54 FIGURA 19 - CROMATOGRAMA OBTIDO POR CG-EM PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS LATIFOLIA ................... 55 FIGURA 20 - CROMATOGRAMA OBTIDO POR CG-EM PARA ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS LIMON .......................... 57 FIGURA 21 - (A) ESTRUTURA DA ENZIMA UREASE (PDB 1E9Z); (B) LOCALIZAÇÃO DOS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE ROSMARINUS OFFICINALIS APÓS O ESTUDO DE DOCAGEM MOLECULAR; (C) DLIMONENO INTERAGINDO NO SÍTIO ATIVO DA ENZIMA UREASE. ........................ 70 FIGURA 22 - (A) ESTRUTURA DA ENZIMA UREASE (PDB 1E9Z); (B) LOCALIZAÇÃO DOS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON CITRATUS APÓS O ESTUDO DE DOCAGEM MOLECULAR; (C) GERANIAL INTERAGINDO NO SÍTIO ATIVO DA ENZIMA UREASE. ......................... 70 FIGURA 23 - (A) ESTRUTURA DA ENZIMA UREASE (PDB 1E9Z); (B) LOCALIZAÇÃO DOS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON WINTERIANIUS APÓS O ESTUDO DE DOCAGEM MOLECULAR; (C) GERANIOL E D-LIMONENO INTERAGINDO NO SÍTIO ATIVO DA ENZIMA UREASE................................................................................................................................... 71 FIGURA 24 - (A) ESTRUTURA DA ENZIMA UREASE (PDB 1E9Z); (B) LOCALIZAÇÃO DOS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS SINENSIS APÓS O ESTUDO DE DOCAGEM MOLECULAR; (C) D-LIMONENO INTERAGINDO NO SÍTIO ATIVO DA ENZIMA UREASE. .............................................. 71 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - VALORES DE IC50 PARA OS ÓLEOS ESSENCIAIS DE ROSMARINUS OFFICINALIS, CYMBOPOGON CITRATUS, CYMBOPOGON WINTERIANIUS E CITRUS SINENSIS. ................................................................................................................................. 44 TABELA 2 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE ROSMARINUS OFFICINALIS. ......................................................................................................................... 46 TABELA 3 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE ILLICIUM VERUM. .................................................................................................................................................. 47 TABELA 4 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON CITRATUS. ............................................................................................................................... 49 TABELA 5 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON WINTERIANUS. ....................................................................................................................... 51 TABELA 6 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE SYZYGIUM AROMATICUM. ....................................................................................................................... 52 TABELA 7 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE EUCALYPTUS GLOBULUS. ............................................................................................................................. 54 TABELA 8 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS SINENSIS. .................................................................................................................................................. 55 TABELA 9 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS LATIFOLIA. .................................................................................................................................................. 56 TABELA 10 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS LIMON. . 58 TABELA 11 - PROPRIEDADES MOLECULARES DOS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO DE ROSMARINUS OFFICINALIS CALCULADAS NO SOFTWARE MOLINSPIRATION. ............................................................................................................... 59 TABELA 12 - PROPRIEDADES MOLECULARES DOS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO DE CYMBOPOGON CITRATUS CALCULADAS NO SOFTWARE MOLINSPIRATION. ............................................................................................................... 59 TABELA 13 - PROPRIEDADES MOLECULARES DOS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO DE CYMBOPOGON WINTERIANIUS CALCULADAS NO SOFTWARE MOLINSPIRATION. ............................................................................................................... 59 TABELA 14 - PROPRIEDADES MOLECULARES DOS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO DE CITRUS SINENSIS CALCULADAS NO SOFTWARE MOLINSPIRATION. .................................................................................................................................................. 59 TABELA 15 - PREDIÇÃO DE BIOATIVIDADES, CALCULADAS NO SOFTWARE MOLINSPIRATION, PARA OS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE ROSMARINUS OFFICINALIS........................................................................................... 60 TABELA 16 - PREDIÇÃO DE BIOATIVIDADES, CALCULADAS NO SOFTWARE MOLINSPIRATION, PARA OS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON CITRATUS. ............................................................................................ 60 TABELA 17 - PREDIÇÃO DE BIOATIVIDADES, CALCULADAS NO SOFTWARE MOLINSPIRATION, PARA OS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON WINTERIANIUS. ................................................................................... 61 TABELA 18 - PREDIÇÃO DE BIOATIVIDADES, CALCULADAS NO SOFTWARE MOLINSPIRATION, PARA OS COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS SINENSIS. ............................................................................................................ 61 TABELA 19 - PREDIÇÃO DE TOXICIDADE, DETERMINADAS NO SOFTWARE OSIRIS, PARA OS CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE ROSMARINUS OFFICINALIS. ................................................................................................ 62 TABELA 20 - PREDIÇÃO DE TOXICIDADE, DETERMINADAS NO SOFTWARE OSIRIS, PARA OS CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON CITRATUS.................................................................................................... 62 TABELA 21. PREDIÇÃO DE TOXICIDADE, DETERMINADAS NO SOFTWARE OSIRIS, PARA OS CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON WINTERIANIUS. .......................................................................................... 63 TABELA 22 - PREDIÇÃO DE TOXICIDADE, DETERMINADAS NO SOFTWARE OSIRIS, PARA OS CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS SINENSIS. .................................................................................................................. 63 TABELA 23 - PROPRIEDADES ADMET, CALCULADAS NO SOFTWARE ADMETSAR, PARA OS CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE ROSMARINUS OFFICINALIS. ................................................................................................ 64 TABELA 24 - PROPRIEDADES ADMET, CALCULADAS NO SOFTWARE ADMETSAR, PARA OS CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON CITRATUS.................................................................................................... 65 TABELA 25 - PROPRIEDADES ADMET, CALCULADAS NO SOFTWARE ADMETSAR, PARA OS CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON WINTERIANIUS. .......................................................................................... 66 TABELA 26 - PROPRIEDADES ADMET, CALCULADAS NO SOFTWARE ADMETSAR, PARA OS CONSTITUINTES MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS SINENSIS. .................................................................................................................. 66 TABELA 27 - ENVOLVIDAS ENERGIAS, NA CALCULADAS INTERAÇÃO UREASE NO (PDB PROGRAMA 1E9Z) - IGEMDOCK, COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE ROSMARINUS OFFICINALIS. .................. 72 TABELA 28 - ENVOLVIDAS ENERGIAS, NA CALCULADAS INTERAÇÃO UREASE NO (PDB PROGRAMA 1E9Z) - IGEMDOCK, COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON CITRATUS. ..................... 72 TABELA 29 - ENVOLVIDAS ENERGIAS, NA CALCULADAS INTERAÇÃO UREASE NO (PDB PROGRAMA 1E9Z) - IGEMDOCK, COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON WINTERIANIUS. ............ 72 TABELA 30 ENVOLVIDAS - ENERGIAS, NA CALCULADAS INTERAÇÃO UREASE NO (PDB PROGRAMA 1E9Z) - IGEMDOCK, COMPOSTOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DE CITRUS SINENSIS...................................... 73 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16 2 REVISÃO TEÓRICA ......................................................................................................... 19 2.1 HELICOBACTER PYLORI ................................................................................................ 19 2.1.1 Mecanismo de sobrevivência........................................................................................... 20 2.2 EPIDEMIOLOGIA............................................................................................................. 21 2.2.1 Transmissão ..................................................................................................................... 22 2.3 TRATAMENTO................................................................................................................. 22 2.4 NOVAS ALTERNATIVAS NATURAIS .......................................................................... 23 2.5 ESTUDOS IN SILICO ........................................................................................................ 24 2.6 UREASE............................................................................................................................. 26 2.6.1 Urease da Helicobacter pylori ......................................................................................... 26 2.6.2 Urease da soja .................................................................................................................. 28 2.7 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA ................................................................................................ 29 2.7.1 Inibição reversível ........................................................................................................... 30 2.7.2 Inibição irreversível ......................................................................................................... 32 2.7.3 Inibição alostérica ............................................................................................................ 32 3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 34 3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 34 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 34 4 METODOLOGIA................................................................................................................ 35 4.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE INIBIDORA DE UREASE .......................................... 35 4.1.1 Obtenção da urease .......................................................................................................... 35 4.1.2 Preparação das amostras .................................................................................................. 35 4.1.3 Testes in vitro .................................................................................................................. 36 4.2 CROMATOGRAFIA GASOSA ........................................................................................ 37 4.3 ESTUDOS IN SILICO ........................................................................................................ 37 4.3.1 Molinspiration ................................................................................................................. 37 4.3.2 Osiris................................................................................................................................ 38 4.3.3 admetSAR........................................................................................................................ 38 4.3.4 Estudos de docking molecular ......................................................................................... 39 5 RESULTADOS .................................................................................................................... 40 5.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE INIBIDORA DE URESE ............................................. 40 5.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS ................................................. 44 5.3 ESTUDOS IN SILICO ........................................................................................................ 53 5.3.1 Molinspiration ................................................................................................................. 58 5.3.2 Osiris................................................................................................................................ 62 5.3.3 admetSAR........................................................................................................................ 64 5.3.4 Docking molecular .......................................................................................................... 70 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 74 7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 75 16 1 INTRODUÇÃO Desde sua identificação por Marshall e Warren, em 1982, o Helicobacter pylori rapidamente se tornou alvo de incontáveis estudos microbiológicos, histológicos, epidemiológicos, imunológicos, ecológicos e clínicos. Consequentemente, em curto período de tempo, os avanços do conhecimento na área puderam ser utilizados, de forma revolucionária, na prática médica diária de clínicos e gastroenterologistas (COELHO & ZATERKA, 2005, p. 61). O H. pylori é uma bactéria Gram-negativa que coloniza a mucosa gástrica, onde está relacionada com alguns processos patogênicos, sejam inflamatórios (gastrite crônica e doença ulcerosa péptica) ou neoplásicos (adenocarcinoma e linfoma gástrico do tipo MALT - Mucosa Associated Lynphoid Tissue (PARENTE & PARENTE, 2010, p. 86)). A infecção gástrica causada por esta bactéria é, atualmente, considerada a segunda infecção mais prevalecente do homem, estando intimamente associada a uma variedade de desordens clínicas gastrintestinais, sendo este microrganismo o principal agente etiológico de mais de 95% das gastrites crônicas e úlceras duodenais (SILVA et al., 2004, p. 72). Caracterizando-se pelo alto índice de infecções registradas, a constante busca por fármacos potenciais para erradicação desta bactéria tem se apresentado imprescindível. A forma espiralada e os flagelos da H. pylori possibilitam uma locomoção aprimorada pelo muco, impossível para outros tipos de bactérias que ficam aprisionadas no mesmo (SOUSA, 2013, p. 12). Segundo Silva et al. (2004, p. 74) os primeiros tratamentos anti-H. pylori foram descritos, em 1983, e constam de um esquema tríplice “clássico”, onde se associa um sal de bismuto, tetraciclina (ou amoxicilina) e metronidazol. O esquema tríplice “moderno” que vem sendo utilizado, em todo o mundo, consiste na associação de um inibidor de bomba protônica (podenso ser omeprazol 20 mg, lansoprazol 30 mg, pantoprazol 40 mg ou rabeprazol 20 mg) + amoxicilina 1000 mg + claritromicina 500 mg, administrados, antes do café da manhã e do jantar, por um período de sete a catorze dias. Diante da sua grande incidência, a infecção pelo H. pylori é considerada um problema de saúde pública, sendo mais relevante nos países latino-americanos de baixo poder aquisitivo e consequente dificuldade de acesso à terapêutica. Essa situação leva a comunidade científica a se manter em constante alerta na busca de novos potenciais fármacos que possam ser utilizados no combate a esta bactéria, 17 uma vez que as bactérias têm alta capacidade de adquirir resistência à antibióticos. Assim o maior problema da resistência mediada por mutação é a sua transmissão às gerações seguintes, o que torna a bactéria resistente predominante (BAPTISTA, 2013, p. 15). A H. pylori é capaz de facilitar a fixação no estômago, induzir uma lesão mucosa e evitar a defesa do hospedeiro, sendo assim, considerada uma das bactérias mais prejudiciais ao organismo. Juntamente com seus componentes bacterianos, esta bactéria pode causar dano ao muco. A urease, por exemplo, responsável por tornar possível a fixação da H. pylori no estômago, gera amônia (NH₃), que pode danificar as células epiteliais (SOUSA, 2013, p. 12). A urease pode ser considerada o atributo biológico de maior importância para a H. pylori, uma vez que sem esta enzima, a bactéria não teria condições de colonizar a mucosa gástrica. Assim, ressalta-se o fato de que, a bactéria em questão desenvolveu estratégias que lhe permitem sobreviver e persistir na mucosa gástrica, regulando negativamente a resposta imune do hospedeiro através dos seus fatores de virulência (COELHO, 2013, p. 128; LADEIRA, 2003, p. 336). Perante tal problemática, muitas razões movem os prescritores a recomendar abusivamente o uso de antibióticos. A grande disponibilidade desses medicamentos, acompanhada de publicidade pouco judiciosa, finda por acentuar o seu uso abusivo. Com isso se mantêm ou agravam as doenças infecciosas, aparecem mais reações adversas, usam-se alternativas antimicrobianas mais onerosas e se produzem mais hospitalizações. Com uso irracional de antibióticos, o desenvolvimento de futura resistência é fácil de prever por ser inevitável (WANNMACHER, 2004, p. 2). Portanto, torna-se imprescindível a necessidade de encontrar, desenvolver, e introduzir no arsenal médico, modalidades terapêuticas mais eficientes que possam oferecer aos pacientes com doenças distintas, novas oportunidades de tratamento que visem melhorias na erradicação de bactérias. Nesta modalidade, os produtos naturais surgem como fortes contribuintes no tratamento de enfermidades. Harvey (2008, p. 894) reporta os produtos naturais como a fonte da maioria dos ingredientes ativos de medicamentos, sendo amplamente aceitos desde a descoberta de drogas, antes do advento da seleção de alto rendimento e da era pós-genômica, onde mais de 80% dos fármacos eram produtos naturais ou inspirados por um composto natural. Ao estabelecer comparações das informações apresentadas sobre as fontes de novos medicamentos entre 1981-2007, os autores observaram que aproximadamente metade dos medicamentos aprovados desde 1994 eram baseadas em produtos naturais. Diante deste cenário, torna-se fundamental o conhecimento sobre a eficácia das diferentes terapêuticas para a erradicação da H. pylori. Neste contexto, este projeto teve como 18 finalidade a busca e o estudo de produtos naturais com potencialidade para tratamento de doenças ocasionadas por H. pylori, apresentando-se como uma alternativa ao uso de antibióticos convencionais. Para realização deste trabalho, com base na literatura e nas semelhanças das ureases encontradas na bactéria H. pylori e na soja (Glycine max), definiu-se esta como modelo para realização dos testes experimentais, uma vez que os resultados de diversos trabalhos desenvolvidos em sementes demonstram que ureases compostas por um monômero de cadeia única têm estrutura tridimensional semelhante às enzimas multiméricas de bactérias (LAPROTOX, 2014). 19 2 REVISÃO TEÓRICA 2.1 HELICOBACTER PYLORI A descoberta do H. pylori revolucionou os conceitos fisiopatológicos das patologias gastroduodenais, como a gastrite, a doença ulcerosa péptica, a neoplasia gástrica e o linfoma MALT (PINTO, 2007, p. 12). A partir da década de 80, a bactéria H. pylori tornou-se alvo de incontáveis e extensos estudos, tornando a sua redescoberta pelos cientistas australianos Marshall e Warren um dos mais importantes avanços na área da gastroenterologia (COELHO 2013, p. 19). Segundo Siqueira et al. (2007, p. 9), o H. pylori (Figura 1) pode ser descrito como uma bactéria Gram-negativa, microaerófila e espiralada, em forma de S ou em bastonete curvo, que mede cerca de 3 a 5 μm de comprimento por 0,5 μm de largura, tem parede celular externa lisa e possui de quatro a seis flagelos unipolares embainhados e com bulbo terminal. Figura 1 - Micrografia eletrônica de varredura da bactéria Helicobacter pylori Fonte: Bonocorsi (2009). O gênero Helicobacter é composto atualmente de, no mínimo, 27 espécies que compartilham propriedades comuns. O H. pylori pode distribuir-se de maneira focal, segmentar ou difusa ao longo da mucosa gástrica, localizando-se no interior ou sob a camada de muco que recobre o epitélio da superfície ou das fovéolas, em íntimo contato com a 20 membrana luminal das células epiteliais que revestem a mucosa gástrica (LADEIRA, 2003, p. 337). 2.1.2 Mecanismo de sobrevivência O H. pylori desenvolveu estratégias que lhe permitem sobreviver e persistir na mucosa gástrica, regulando negativamente a resposta imune do hospedeiro através dos seus fatores de virulência (COELHO, 2013, p. 24). A resistência ao ácido clorídrico presente no estômago é de vital importância na patogênese do H. pylori, visto que, sem este atributo biológico, a bactéria não teria condições de colonizar a mucosa gástrica (LADEIRA, 2003, p. 337). Este mecanismo de sobrevivência é atribuído a potente atividade da enzima urease (SIQUEIRA, 2007, p. 10). Esta enzima, que é uma proteína de alto peso molecular (500 a 600 kDa), atua promovendo a hidrólise da uréia, presente em condições fisiológicas no suco gástrico, levando à produção de amônia e dióxido de carbono (Equações 1 e 2). A amônia produzida atua como receptor de íons H+, tornando o pH neutro no interior da bactéria, o que confere ao H. pylori resistência à acidez gástrica. Desta maneira, a bactéria fica protegida dos efeitos deletérios do pH ácido do estômago. H2N–C(O)–NH2 + H2O → NH3 + H2N–COOH (1) H2N–COOH + H2O → NH3 + H2CO3 (2) Segundo Coelho (2013, p. 20), uma vez protegida do pH ácido do estômago, a colonização da bactéria apresenta-se de maneira facilitada devido as suas características estruturais, como a forma espiral com os flagelos, que consistem em fator determinante que promove sua mobilidade e penetração na mucosa, conseguindo assim colonizar a superfície do epitélio celular de onde retira micronutrientes importantes. Por outro lado, diferentemente do que ocorre na mucosa gástrica, onde a proteção se deve à barreira mucosa, os íons hidrônio (H+) penetram facilmente nas células da mucosa duodenal, levando à diminuição transitória do pH. Essa alteração ativa os co-transportadores basolaterais de íons sódio (Na+), com consequente migração exagerada de íons bicarbonato 21 (HCO3-) do espaço extra para o intracelular, ativando a troca entre os íons bicarbonato/cloreto (HCO3-/Cl-) na porção apical da membrana celular. Esses eventos culminam com o aumento da secreção de HCO3-, que, juntamente com a camada de muco, é capaz de neutralizar os íons H+ que chegam ao duodeno, assegurando a neutralidade e a integridade da mucosa (BITTENCOURT, 2006, p. 327). A determinação da amônia produzida na hidrólise da uréia tem sido utilizada como princípio da reação de Berthelot para determinação de nitrogênio em matrizes biológicas produtoras de urease (ROCHA et al., 1989). Esse mesmo princípio tem sido utilizado para determinação da atividade inibidora de urease de produtos naturais e/ou derivados sintéticos (BIGLAR et al., 2012, p. 833) 2.2 EPIDEMIOLOGIA A gastrite induzida pelo H. pylori é uma das infecções mais comuns na espécie humana, comprometendo cerca de metade da população mundial (BRUSCKY et al., 2013; LADEIRA, 2003, p. 336). Com relação aos dados de prevalência, o H. pylori é uma bactéria de distribuição universal e em razão da impossibilidade de se detectar o início da infecção, sua incidência é determinada de forma indireta, com base nos dados de prevalência (PINTO, 2007, p. 35). A prevalência da infecção varia com a idade e o nível socioeconômico. Em países desenvolvidos, a infecção em crianças é menos frequente. Estudos sorológicos demonstraram que a prevalência de infecção por H. pylori aumenta com a idade e é maior nos países em desenvolvimento, sendo influenciada por fatores como renda, nível de instrução e condições de moradia (SIQUEIRA et al., 2007, p. 9; LADEIRA et al., 2003, p. 336). Em seus estudos Bittencourt et al. (2006, p. 326) tem apontado fatores como baixo nível socioeconômico e suas consequências naturais, como condições de higiene precárias, aglomeração nas moradias e ausência ou deficiência de saneamento básico, como fatores que favorecem a aquisição da bactéria, sendo considerados atualmente os principais marcadores da presença de infecção pelo H. pylori. 22 2.2.1 Transmissão O homem é considerado o principal hospedeiro desse agente, sendo a infecção adquirida predominantemente na infância. A via de transmissão do H. pylori tem sido um dos assuntos mais estudados e discutidos desde a redescoberta desta bactéria (PINTO, 2007, p. 37). Embora até o momento não tenha sido totalmente estabelecida à via de transmissão da bactéria, as vias de infecção mais aceitas atualmente incluem a fecal-oral e a oral-oral. Não há possibilidade de transmissão através do ato sexual comum, e a infecção por insetos vetores é praticamente nula (SIQUEIRA et al., 2007, p. 10). Segundo Ladeira et al. (2003, p. 337) existem diversas formas de transmissão encontradas de H. pylori, sendo as principais fontes de infecção o uso de água contaminada por matéria fecal, ato sexual por via oral-anal e aglomeração intrafamilial. Os autores relataram ainda, sorologia positiva em mais de 80% de irmãos colonizados com a bactéria, maior incidência em filhos de pais infectados com H. pylori e possível risco de transmissão da bactéria através da endoscopia. 2.3 TRATAMENTO Com o papel do H. pylori no antro-gástrico estruturado na sociedade, muitos fatores sofreram e ainda sofrem mudanças, como a estratégia de tratamento e o procedimento cirúrgico para os casos mais graves (PINTO, 2007, p. 17). Ainda não existe um esquema terapêutico ideal. São vários os antimicrobianos usados no tratamento da infecção por H. pylori, em várias associações e tempos diversos. Segundo Cândido (2008, p. 24) os modernos esquemas terapêuticos combinam potentes drogas antisecretoras da família dos inibidores de bomba de próton com antibióticos. O tratamento não é imediato, porém não chega a ser considerado de longo prazo, podendo sua duração variar de 7-14 dias. Desde 1989, tem-se utilizado uma associação de amoxicilina (50 mg/kg/dia), metronidazol (20 a 30 mg/kg/dia) e furazolidona (6 a 8 mg/kg/dia), em três doses diárias, por sete dias, com erradicação de 84% da bactéria H. pylori (SIQUEIRA et al., 2007, p. 12). 23 Todavia, o percentual de efeitos colaterais é significativo, mas na maioria dos pacientes não impede a continuidade da terapia. Conforme relata o autor, atualmente, vem sendo utilizado a associação de um inibidor da bomba protônica (omeprazol 20 mg, lansoprazol 30 mg, pantobrazol 40 mg, rabeprazol 20 mg) + amoxicilina 1000 mg + claritromicina 500 mg. Este esquema tem se mostrado mais eficaz quando comparado ao anterior, no entanto, como a sensibilidade microbiana varia com a localidade, raça e uso prévio desses medicamentos, a eficácia de um esquema de tratamento em uma comunidade não permite a generalização dos resultados. Cândido (2008, p. 24) ressalva que embora existam diversos medicamentos para a eliminação do H. pylori nem sempre as terapias são bem sucedidas. Os esquemas de tratamento, apesar de serem eficazes, têm apresentado falhas, pois um pequeno número de pacientes não respondem ao tratamento. Diante dessa problemática, é imprescindível lembrar que o aumento da resistência aos antimicrobianos também tem proporcionado o surgimento de novas linhas de pesquisa que buscam novas alternativas para o tratamento de doenças ocasionadas por H. pylori, particularmente as não-tóxicas, naturais e menos dispendiosas. 2.4 NOVAS ALTERNATIVAS NATURAIS Quimicamente, os óleos essenciais são produtos naturais voláteis constituídos, geralmente, por misturas complexas de terpenos e fenilpropanóides (SIMÕES, 2000). Biologicamente são produzidos como mecanismo de defesa ou para atração de polinizadores (SIANI et al., 2000, p. 39). Várias atividades biológicas/farmacológicas foram comprovadas para diferentes óleos essenciais (CARDOSO et al., 1999, p. 209; KALEMBA, 2003, p. 818), tais como anti-inflamatória, inseticida, antimicrobiana, antitumoral, antiviral, imunomoduladora, anticonvulsivante, antiespamódica, ansiolítica, entre outras. A maioria dessas atividades biológicas/farmacológicas são atribuídas aos terpenóides constituintes dos óleos essenciais. Por possuírem substâncias lipofílicas, os óleos essenciais agem atravessando a membrana plasmática das células, causando dano na mesma, sendo esta uma característica da ação citotóxica desses produtos naturais (COSTA, 2009, p. 64). Recentemente, Biglar et al. (2012, p. 833) reportaram um screening com 21 extratos metanólicos de plantas medicinais, utilizando como modelo o método de inibição da atividade 24 da urease isolada de soja. Os autores relataram que os extratos que apresentaram melhores resultados foram das plantas Matricaria disciforme (IC50: 35 µg/mL), Nasturtium officinale (IC50: 18 µg/mL), Punica granatum (IC50: 30 µg/mL), Camelia sinensis (IC50: 35 µg/mL), Citrus aurantifolia (IC50: 28 µg/mL). 2.5 ESTUDOS IN SILICO Nos últimos anos as ferramentas computacionais (in silico) têm ganhado importante espaço no cenário da Química, principalmente na área da Química Medicinal. A expressão in silico foi utilizada pela primeira vez em 1989 e tem sido usada para significar "realizada no computador ou através de simulação em computador". Na área da Química Medicinal os in silico constituem um importante meio para auxiliar em projetos de pesquisa e desenvolvimento de fármacos. A aplicação de ferramentas computacionais, por exemplo, no estudo de Toxicologia Preditiva já é realizada por diversas agências e órgãos no mundo, como no contexto regulatório; em criação de bases de dados e programas de apoio à avaliação da toxicidade e de risco (SANTOS, 2007). Os estudos in silico têm como vantagem a rapidez na sua execução, o baixo custo e a capacidade de reduzir o uso de animais em ensaios de toxicidade. Rodrigues et al. (2012) afirma que as técnicas computacionais aplicadas ao estudo de sistemas biológicos tem se mostrado eficazes no manejo de dados e mapeamento da estrutura 3D de alvos moleculares e ligantes, guiando a identificação e otimização de novos candidatos a fármacos. Além disso, a determinação das propriedades farmacocinéticas de absorção, distribuição, metabolismo, excreção e toxicidade (ADMET), essenciais no estudo de candidatos a fármacos (TONIN, 2009; LIPINSKI et al., 1997), tem sido amplamente estudadas por técnicas computacionais como Molinspiration, ALOGPS 2.1, ToxPredict e OSIRIS Property Explorer. As informações obtidas por estas ferramentas podem ser utilizadas para avaliar o potencial de novos derivados sintéticos candidatos à fármacos. A forma de predição do potencial a fármaco é dependente do programa ao qual os estudos são submetidos. A “regra do cinco de Lipinski”, por exemplo, fornece parâmetros relacionados à biodisponibilidade oral e topologia das novas moléculas (LIPINSKI et al., 1997). 25 A ação de um fármaco, quando administrado a humanos ou animais, pode ser dividida em três fases: fase farmacêutica, fase farmacocinética e fase farmacodinâmica. Tonin (2009) descreve estas fases. Na fase farmacêutica, ocorre a desintegração da forma de dosagem, seguida da dissolução da substância ativa (liberação do fármaco). A fase farmacocinética abrange os processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção (ADME), ou seja, “o que o organismo faz com o fármaco”. A fase farmacodinâmica está relacionada com a interação do fármaco com seu alvo (receptor, enzimas etc) e a consequente produção do efeito terapêutico, podendo ser entendida como “o que o fármaco faz no organismo”. O mecanismo de ação dos fármacos tem suas fases representadas por Pereira (2006) no esquema abaixo (Esquema 1). Esquema 1 - Fases importantes da ação dos fármacos Fonte: PEREIRA (2006). Para que um fármaco seja administrado por via oral – objetivo fundamental da indústria farmacêutica – a fase farmacocinética precisa ser profundamente estudada. Eventualmente, uma molécula pode ter excelentes características farmacodinâmicas, mas pode não ser solúvel em água, por exemplo, o que inviabiliza um projeto de medicamento com administração oral (TONIN, 2009). Nota-se que a fase farmacocinética pode ter profundo impacto sobre o efeito farmacológico, uma vez que os processos de ADME determinam a concentração e o tempo despendido das moléculas do fármaco no seu local de ação (PEREIRA, 2006). Em virtude disso, os estudos in silico estão sendo realizados em etapas preliminares do processo de 26 desenvolvimento de fármacos, com o intuito de economizar tempo e direcionar o estudo de novos compostos. Outro fator importante que tem impulsionado o desenvolvimento de novos fármacos têm sido o metabolismo, responsável por desempenhar importante papel na eliminação de fármacos e impedir que estes compostos permaneçam por tempo indefinido no nosso organismo. Há muito tempo, o planejamento racional de fármacos baseado no estudo de seu metabolismo foi consolidado, sendo desenvolvidos a partir de estudos do metabolismo de seu precursor (JUNIOR E BOLZANI, 2006). Devido ao grande número de novas entidades químicas, de origem sintética, lançadas no mercado farmacêutico, bem como a busca por compostos com potencial farmacêutico, os estudos in silico tem dado grande contribuição para o estudo de mecanismos de atuação das substâncias bioativas e eventuais melhoras das propriedades ADMET (TONIN, 2009; PEREIRA, 2006). 2.6 UREASE Ureases são enzimas dependentes de níquel, que catalisam a reação de hidrólise da uréia em duas moléculas de amônia e uma de dióxido de carbono. Apresentam ampla distribuição em plantas, fungos e bactérias, mas não são sintetizadas por animais (POSTAL, 2012, p. 14). Independente de sua origem e de sua organização estrutural, as ureases caracterizamse como proteínas homólogas compartilhando de 50 a 60% de identidade de sequência, sugerindo divergência a partir de uma enzima ancestral comum. A grande maioria das bactérias e dos fungos é produtora de urease, porém em algumas de forma constitutiva, e em outras, de forma induzida (LAPROTOX, 2014). 2.6.1 Urease da Helicobacter pylori As ureases bacterianas são multímeros de duas ou três subunidades, que correspondem a "domínios" da cadeia única de ureases vegetais e fúngicas (LAPROTOX, 2014). A urease 27 de H. pylori é considerada um fator de virulência, visto que sua atividade catalítica cria um microambiente, de pH mais elevado, possibilitando a sobrevivência do patógeno no estômago (GUERRA, 2013, p. 6). Assim como as ureases de plantas e de bactérias, a urease de H. pylori também é um potente ativador de plaquetas, induzindo, em concentrações nanomolares, exocitose e agregação plaquetária. Contudo, a ativação de plaquetas induzida por H. pylori não depende da atividade enzimática da proteína (LAPROTOX, 2014). O teste rápido da urease é considerado um dos métodos mais difundidos no diagnóstico da H. pylori, sendo realizado por meios invasivos, através de endoscopia digestiva, obtendo-se amostras da mucosa gástrica (SILVA, 2009, p. 20). Diante da dificuldade em se obter a urease diretamente da bactéria, tornam-se necessárias metodologias que utilizem modelos alternativos e de fácil acesso para a busca de potenciais inibidores de urease. Segundo Labgne et al. (1991) para a enzima urease isolada de H. pylori os resíduos His136, His138, Lys219, His248, His274 e Asp362 interagem diretamente com os dois íons níquel, uréia e com uma molécula de água no interior do sítio ativo. Além disso, o resíduo His322, localizado próximo ao sítio ativo, atua com uma base na catálise. Carter et al. (2009) apresenta uma visualização tridimensional dos resíduos de aminoácidos envolvidos na hidrólise da uréia realizada pela urease produzida pela bactéria Klebsiella aerogenes (Figura 2). Figura 2 - Sítio ativo da enzima urease ilustrando os resíduos de aminoácidos envolvidos na hidrólise da uréia Fonte: Carter et al. (2009). 28 Segundo Mobley (2001) o mecanismo pelo qual a uréia é hidrolisada segue o esquema descrito por Dixon et al. (1980) para a urease isolada de feijão-de-porco (Canavalia ensiformis). Segundo estes autores, a uréia se liga em O-coordenação à um íon níquel pelo auxílio do resíduo His221. Paralelamente, o resíduo His322 ativa uma molécula de água ligada a outro íon níquel. O ataque da hidroxila, coordenada ao níquel, ao átomo de carbono do substrato resulta em um intermediário tetraédrico ligado em ponte aos dois íons níquel. Na sequência, um próton é transferido para o intermediário resultando na liberação de amônia e carbamato (Equação 1, pág. 20). O último composto, na presença de água, decompõe-se espontaneamente em amônia e ácido carbônico (Equação 2, pág. 20). 2.6.2 Urease da soja As plantas, particularmente leguminosas e curcubitáceas, encontram-se entre as fontes mais ricas em urease. Esta proteína pode estar presente em diferentes tecidos vegetais, concentrando-se especialmente em sementes e raízes. Apesar de apresentarem-se em abundância, ureases de poucas plantas foram isoladas e caracterizadas bioquimicamente e/ou enzimaticamente (LAPROTOX, 2014). A urease presente na Glycine max (soja), por exemplo, encontra-se entre as ureases mais estudadas até o momento. Esses estudos tem mostrado que as ureases são compostas por um monômero de cadeia única têm estrutura tridimensional semelhante às enzimas multiméricas de bactérias (LAPROTOX, 2014). Figura 3 - (a) Estrutura da urease isolada de Canavalia ensiformis inibida com fluoreto (PDB 4GOA) e (b) seu respectivo sítio ativo. Fonte: Autoria própria. 29 Apesar de existir trabalhos sobre enzimas urease produzidas por Glycine max não há nenhum registro no Protein Data Bank1 destes trabalhos. Este fato impede realizar uma comparação das características estruturas e de sítio ativo das enzimas urease produzidas por Glycine max e H. pylori. No entanto, como há relatos de que as ureases produzidas por Glycine max e Canavalia ensiformis (feijão-de-porco) possuem semelhanças estruturais (BENINI et al., 2014) é possível verificar que a região ao redor do sítio ativo da urease produzida por C. ensiformis possui os mesmos resíduos de aminoácidos presentes na urease produzida por H. pylori apresentados na figura 3. Com base na literatura e nas semelhanças das ureases produzidas por H. pylori e Glycine max, definiu-se esta como modelo para realização dos testes experimentais que constituem este projeto. 2.7 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA A inibição de enzimas tem atraído grande atenção na área da Química Medicinal já há algumas décadas, especialmente após uma variedade de inibidores começarem a ser utilizados no controle de várias doenças. Uma das principais características da enzima é sua seletividade para determinados inibidores, sendo a especificidade do inibidor dependente do tamanho, da forma e das forças interativas que resultam na correspondência exata do inibidor e da enzima (SOOMRO e SHAH, 2012). O conceito biológico de inibidor enzimático diz respeito à substância que é capaz de interferir, de maneira específica, na taxa de uma reação de catálise enzimática, retardando ou reduzindo o processo ou a especificidade biológica da reação (MARQUES e YAMANAKA, 2008). O mecanismo de inibição é baseado principalmente na ligação do substrato e da enzima. Este mecanismo pode ser classificado com base em seu inibidor, em dois grupos, inibição irreversível ou inibição reversível (SOOMRO e SHAH, 2012). A diferença básica 1 O PDB (Protein Data Bank; em português: Banco de Dados de Proteínas) é um banco de dados em 3D de proteínas e ácidos nucléicos. Esses dados, geralmente obtidos através da difração de raios X ou da ressonância magnética nuclear, são enviados por pesquisadores de todo o mundo. Disponíveis em domínio público (http://www.rcsb.org/pdb), os arquivos constantes neste banco de dados podem ser usados livremente. 30 está na formação do complexo enzima-inibidor, que pode ou não ser desfeito por etapas de diluição ou diálise, dependo do processo. 2.7.1 Inibição reversível Os inibidores reversíveis levam à formação de um complexo em um sistema em equilíbrio, no qual a enzima apresenta um grau definido de inibição, que é dependente das concentrações dos reagentes no meio (enzima, inibidor e substrato), permanecendo constante a partir de um tempo determinado. O processo de inibição reversível pode ser dividido em três tipos básicos, competitivo, incompetitivo e misto (MARQUES e YAMANAKA, 2008). Competitivo Lehninger (2003) define o grupo competitivo como um grupo que apresenta um tipo comum de inibidor reversível, sendo o inibidor (I) competitivo aquele que compete com o substrato (S) pelo sítio ativo da enzima (Figura 4). Figura 4 - Representação do mecanismo competitivo de inibição de enzimas Fonte: Lehninger (2003, p. 205). O processo envolvido na atuação de inibidores reversíveis ocorre principalmente através de interações não covalentes, como ligação de hidrogênio, interação hidrofóbica e orientação de inibidor e enzima de uma forma organizada (SOOMRO e SHAH, 2012). Uma vez que este inibidor consegue se ligar à enzima, esta não o converte em produto (P), levando 31 à formação de um complexo inativo (EI). Como o processo é reversível, a simples adição de uma maior quantidade de substrato pode deslocar o equilíbrio de modo a favorecer a formação do complexo enzima-substrato (ES), minimizando a probabilidade de uma molécula de inibidor se ligar à enzima (MARQUES e YAMANAKA, 2008). Incompetitivo Os inibidores incompetitivos são aqueles que se ligam em regiões diferentes do sítio ativo, mas se ligam apenas ao complexo ES. Segundo Marques e Yamanaka (2008), a ligação entre o inibidor e o complexo é efetuada por um sítio de ligação diferente do sítio em que o substrato se encontra ligado à enzima (Figura 5). Figura 5 - Representação do mecanismo de inibição incompetitivo de enzimas Fonte: Lehninger (2003, p. 205). Misto Neste processo, o inibidor liga-se a um sítio diferente do sítio ativo, o que indica que a inibição não pode ser revertida pela adição de quantidades de substrato. Ocorre a formação de complexos, tanto na ligação com a enzima quanto com o complexo ES. A figura 6 demonstra o processo de inibição mista. 32 Figura 6 - Representação do mecanismo de inibição misto de enzimas Fonte: Lehninger (2003, p. 205). 2.7.2 Inibição irreversível Inibidores irreversíveis são aqueles que se combinam com um grupo funcional na molécula da enzima ou destroem ou ainda formam uma associação covalente bastante estável, sendo a formação de uma ligação covalente entre o inibidor e a enzima muito comum (LEHNINGER, 2003). Neste processo, o inibidor liga-se ao sítio ativo da enzima de maneira irreversível. Segundo Marques e Yamanaka (2008), a inibição irreversível é progressiva, aumentando com o tempo, até atingir máxima inibição. Os inibidores irreversíveis são muito úteis em estudos de mecanismo de reação. 2.7.3 Inibição alostérica Os inibidores classificados como não competitivos sofrem uma segunda classificação que divide os modificadores (inibidores ou ativadores) em isostéticos ou alostéricos. Estes inibidores, de maneira geral, não são influenciados pela concentração do substrato, inibindo por ligação irreversível as enzimas, mas, não ao sítio ativo (SOOMRO e SHAH, 2012). O inibidor não concorrente segue os locais alostéricos da enzima para a ligação, como pode ser observado na figura 7. 33 Figura 7 - Representação do mecanismo de inibição alostérica de enzimas Fonte: Adaptado de Khandelwal e Uthaman (2014). Quando um ligante alostérico liga-se à enzima num sítio diferente do sítio ativo (um sítio alostérico) é provocada uma alteração conformacional na enzima. Com base nesta alteração é possível prever se haverá ou não ativação alostérica na enzima (SOOMRO e SHAH, 2012). Se a alteração conformacional diminuir a atividade da enzima dizemos que há inibição alostérica. Se a alteração conformacional aumentar a atividade da enzima dizemos que há ativação alostérica. 34 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Realizar estudos in vitro e in silico com óleos essenciais visando à busca de substâncias bioativas inibidoras de urease com potencial atividade anti-H. pylori. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar in vitro a atividade de óleos essenciais sobre a enzima urease, utilizada no mecanismo de sobrevivência de Helicobacter pylori. Identificar via cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas os compostos presentes nos óleos essenciais de Rosmarinus officinalis (Alecrim), Illicium verum (Anis estrelado), Cymbopogon citratus (Capim limão), Cymbopogon winterianius (Citronela), Syzygium aromaticum (Cravo-da-Índia), Eucalyptus globulus (Eucalipto globulus), Citrus sinensis (Laranja doce), Citrus latifolia (Lima tahiti) e Citrus limon (Limão siciliano). Investigar in silico a interação dos componentes presentes nos óleos essenciais avaliados com a enzima urease. Identificar as substâncias bioativas presentes em óleos essenciais com potencialidade para aplicação no combate de doenças causadas por H. pylori. 35 4 METODOLOGIA Os óleos de Rosmarinus officinalis (Alecrim), Illicium verum (Anis estrelado), Cymbopogon citratus (Capim limão), Cymbopogon winterianius (Citronela), Syzygium aromaticum (Cravo-da-Índia), Eucalyptus globulus (Eucalipto globulus), Citrus sinensis (Laranja doce), Citrus latifolia (Lima tahiti) e Citrus limon (Limão siciliano) utilizados neste trabalho foram adquiridos da empresa Laszlo Aromaterapia & Aromatologia. Todos os reagentes utilizados eram de pureza analítica e foram utilizados sem tratamentos prévios. 4.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE INIBIDORA DE UREASE 4.1.1 Obtenção da urease Baseando-se no trabalho reportado por Biglar et al. (2010, p. 832), a urease de soja foi escolhida como um sistema modelo para estudar o efeito de potenciais inibidores de urease. A urease foi obtida triturando, em um liquidificador, 10 g de soja (fornecida pela empresa COAMO em janeiro de 2015) em 100 mL de água destilada por aproximadamente 5 minutos. Em seguida, utilizando o método tradicional de filtração o extrato foi filtrado. Na sequência a solução obtida foi diluída em um fator de 200. O filtrado obtido foi utilizado, sem purificações adicionais, como fonte de urease nos testes de inibição enzimática. 4.1.2 Preparação das amostras Foram preparadas soluções acetônicas de nove óleos essenciais: Rosmarinus officinalis (Alecrim), Illicium verum (Anis estrelado), Cymbopogon citratus (Capim limão), Cymbopogon winterianius (Citronela), Syzygium aromaticum (Cravo-da-Índia), Eucalyptus globulus (Eucalipto globulus), Citrus sinensis (Laranja doce), Citrus latifolia (Lima tahiti) e Citrus limon (Limão siciliano), em sete concentrações distintas 6,25; 12,5; 25; 50; 100; 150 e 36 250 ppm. Todo o procedimento experimental foi realizado em banho-maria a temperatura de 37 °C, visando simular a temperatura do corpo humano. Como controle optou-se pelo uso de solução acetônica de tiouréia, também em sete concentrações 6,25; 12,5; 25; 50; 100; 150 e 250 ppm, por esta ser considerada um inibidor de urease. 4.1.3 Testes in vitro O procedimento experimental para determinação da atividade inibidora de urease seguiu o procedimento proposto por Weatherburn (1967, p. 972). O reagente A foi preparado dissolvendo 5 gramas de fenol e 25 mg de nitroprussiato de sódio em água destilada (q.s.p. 500 mL). O reagente B foi preparado dissolvendo 2,5 gramas de hidróxido de sódio e 4,2 mL hipoclorito de sódio em água destilada (q.s.p. 500 mL). Os dois reagentes foram armazenados em refrigerador. Em cada tubo de ensaio foram colocados 100 µL de solução urease, 100 µL da solução do óleo essencial a ser testado e 100 µL de solução de uréia 6 g/L. O tubo foi mantido em banho-maria na temperatura de 37 ºC por trinta minutos. Em seguida acrescentou-se 500 µL dos reagentes A e B. O tubo foi novamente mantido na mesma temperatura por mais trinta minutos. Após o tempo indicado realizou-se leituras em um espectrofotômetro UV-VIS (PG Instruments, modelo T80+) no comprimento de onda de 630 nm. Todas as determinações foram realizadas em triplicata. Os valores de absorbância foram convertidos em porcentagem de inibição de urease utilizando a equação 3: I(%) = 100 – [(Ainibidor/Apadrão) × 100], onde: (3) Ainibidor: Valor da absorção apresentado no teste com óleo essencial; Apadrão: Valor da absorção apresentado no teste com o padrão (tiouréia). Os valores de concentração inibitória média (IC50) foram calculados utilizando o programa Microsoft Excel. 37 4.2 CROMATOGRAFIA GASOSA A composição química dos óleos essenciais foi estudada utilizando cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM). As análises de CG-EM foram realizadas empregando-se um cromatógrafo Hewlett Packard 6890, acoplado a um detector seletivo de massas, operando com uma fonte de elétrons com energia de ionização de 70 eV. O cromatógrafo operava com coluna capilar de sílica fundida do tipo HP-5 (30 m x 0,25 mm x 0,25 μm). Empregou-se hélio de alta pureza como gás de arraste, com fluxo de 1 mL/min. As análises foram realizadas com injetor operando a 250 ºC e interface a 280 ºC. Os volumes injetados foram de 1 μL de solução, sem divisão de fluxo. A identificação dos constituintes químicos dos óleos essenciais estudados foi realizada comparando-se o espectro de massas de cada componente com espectros de massas armazenados nos bancos de dados digitais "NIST Mass Spectrometry Data Center" e "Spectral Database for Organic Compounds". 4.3 ESTUDOS IN SILICO 4.3.1 Molinspiration As propriedades moleculares dos constituintes majoritários dos óleos essenciais bioativos foram calculadas, com base em descritores moleculares, utilizando a regra dos cinco de Lipinski, no software Molinspiration Online Property Calculation Toolkit (http://www.molinspiration.com/). Segundo Lipinski et al. (1997) é possível, a partir de alguns parâmetros estruturais, realizar predição teórica para biodisponibilidade oral de substâncias bioativas. Esta biodisponibilidade esta associada à absorção e a permeabilidade de possíveis fármacos e depende de cinco parâmetros: (a) número de grupos aceptores de ligação hidrogênio (nALH) menor ou igual a 10; (b) número de grupos doadores de ligação hidrogênio (nDLH) menor ou igual a 5; (c) massa molecular (MM) menor ou igual a 500 g/mol; (d) coeficiente de partição octanol-água (milog P) menor ou igual a 5; (e) área de superfície polar (PSA) menor ou igual a 140 Å2. Moléculas que violam mais do que uma destas regras podem ter problemas com a biodisponibilidade oral. 38 As predições de bioatividade (ligante GPCR, modulador de canal de íon, inibidor de quinase, ligante de receptor nuclear, inibidor de protease e inibidor de enzima) para os constituintes majoritários dos óleos essenciais bioativos foram determinadas no software Molinspiration Online Property Calculation Toolkit (http://www.molinspiration.com/). 4.3.2 Osiris O software Osiris Property Explorer (http://www.organic-chemistry.org/prog/peo/) avalia, a partir da estrutura molecular de uma substância química e com base em algoritmos preditivos, o potencial risco toxicológico da entidade química. Essa predição baseia-se na comparação do conjunto de fragmentos estruturais que a estrutura possui com o conjunto de fragmentos do “Registo de Efeitos Tóxicos de Substâncias Químicas” (Registry of Toxic Effects of Chemical Substances, RTECS) do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Center for Disease Control and Prevention, CDC), órgão norte-americano, e com mais de 3 mil fármacos comerciais (BRITO, 2010). Os potenciais riscos toxicológicos avaliados foram mutagenicidade, tumorogenicidade, efeitos irritantes e na reprodução humana por meio de cores (vermelho = alto risco, amarelo = risco moderado e verde = sem risco). Neste software avaliou-se também as propriedades drug-likeness e drug-Score. O potencial drug-likeness de um composto está relacionado à semelhança com fármacos comerciais, sendo baseado em descritores topológicos, dados estruturais ou outras propriedades como cLogP e massa molecular. O potencial drug-score combina o potencial de drug-likeness, cLogP, LogS (solubilidade em água), massa molecular e risco de toxicidade em um valor que é utilizado para inferir o potencial de um composto se tornar um fármaco (TONIN, 2009). 4.3.3 admetSAR (CHENG et al., 2012) Os estudos de propriedades ADMET, que se referem aos processos farmacocinéticos de absorção (A), distribuição (D), metabolismo (M), excreção (E) e toxicidade (T) foram realizados utilizando o programa admetSAR (http://lmmd.ecust.edu.cn:8000/). Para o 39 processo de absorção foram avaliados os modelos de permeação da barreira sangue-cérebro, absorção no intestino humano, permeabilidade em Caco-2, substrato e inibidor de glicoproteína-P e transporte renal de cátions orgânicos. Para o processo de metabolização foram avaliados os modelos de substrato e inibidor de enzimas do complexo citocromo P450 (CYP). Para o processo de toxicidade foram avaliados os modelos de toxicidade AMES, carcinogenicidade e toxicidade oral aguda. 4.3.4 Estudos de docking molecular A estrutua da enzima urease, código PDB 1E9Z (HA et al., 2001), foi obtida do banco de dados Protein Data Bank (PDB) (http://www.rcsb.org/pdb/home/home.do). A enzima foi carregada no software iGEMDOCK 2.1 (HSU et al. 2011), utilizando na seção "Prepare Binding Site" a opção "by current file". Os arquivos dos produtos naturais (ligantes) foram carregados em formato ".mol", as estruturas dos ligantes foram previamente otimizadas utilizando o software ACD ChemSketch. Os parâmetros foram ajustados para "Standard Docking", em que a população foi definida como 200, as gerações como 70 e o número de soluções como 2. As configurações padrão foram mantidas na seção "Scoring function". Para visualização e tratamento dos docking utilizou-se o programa UCSF Chimera 1.10.1. 40 5 RESULTADOS Os resultados obtidos neste trabalho estão divididos em três seções. A seção 5.1 versa sobre a avaliação dos óleos essenciais no modelo de inibição da urease isolada de soja. A seção 5.2 versa sobre a determinação da composição química dos óleos essenciais estudados. A seção 5.3 apresenta os resultados dos estudos in silico com os constiuintes majoritários dos óleos essenciais que apresentaram bioatividade sobre a enzima urease. 5.1 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE INIBIDORA DE URESE A avaliação da atividade inibidora de urease dos óleos essenciais foi realizada utilizando a tiouréia como padrão, por esta ser considerada um inibidor de urease. Os testes realizados foram baseados no trabalho reportado por Biglaret et al. (2010, p. 832). A coloração azul observada nos testes (Figura 8) é resultado da reação da amônia, produzida pela hidrólise da uréia, com fenol e hipoclorito de sódio alcalino resultando na produção de indofenol, um corante azul que pode ser facilmente determinado por análise colorimétrica. A reação foi catalisada pelo uso de nitroprussiato de sódio, e ao final realizouse a leitura de absorção dos testes no espectrofotômetro no comprimento de onda de 630 nm. (a) (b) (c) (d) Figura 8 - Teste in vitro de inibição de urease pelo uso de tiouréia nas concentrações de: (a) 6,25; (b) 25; (c) 50 e (d) 100 ppm e seus respectivos espectros na região do visível Fonte: Autoria própria. 41 Observa-se que a avaliação inibidora da urease pode ser verificada visualmente ou a partir da comparação dos espectros obtidos pela espectroscopia UV-Vis (Figura 8), permitindo neste caso uma análise quantitativa. Com base neste teste observa-se que a atividade inibitória de urease é dependente da concentração de tiouréia. O estudo da relação concentração de tiouréia e porcentagem de inibição revela um comportamento logarítmico para a linha de tendência (Figura 9), tal como relatado na literatura (BIGLAR et al., 2012). Estes comportamentos são esperados para os óleos essenciais com potencialidade para inibição da enzima urease. Figura 9 - Comportamento gráfico do teste de inibição de urease pela tiouréia Fonte: Autoria própria. Seguindo os critérios estabelecidos, quatro das nove amostras de óleos essenciais estudados apresentaram ser possíveis candidatos à inibidores de urease (Figura 10), sendo eles: Citrus sinensis (Laranja doce), Cymbopogon winterianus (Citronela), Cymbopogon citratus (Capim limão) e Rosmarinus officinalis (Alecrim). Observa-se neste caso, assim como para o padrão, que os óleos essenciais bioativos apresentam efeito dependente da concentração. 42 Óleos essenciais que apresentaram bioatividade Óleos essenciais que não apresentaram bioatividade (e) (f) (g) (h) (i) Figura 10 - Teste in vitro de inibição de urease pelo uso de: a) Rosmarinus officinalis; b) Cymbopogon citratus; c) Cymbopogon winterianius; d) Citrus sinensis; e) Syzygium aromaticum; f) Eucaliptus globulus; g) Citrus latofolia; h) Citrus limon; i) Illicium verum em diferentes concentrações Fonte: Autoria própria. 43 Para fins de estudo da relação da concentração dos óleos essenciais bioativos e porcentagem de inibição de urease utilizou-se apenas as quatro concentrações que melhor se ajustam ao comportamento logarítmico. Este desempenho gráfico de inibição da enzima urease pelos óleos essenciais de Rosmarinus officinalis, Cymbopogon citratus, Cymbopogon winterianius e Citrus sinensis são apresentados na figura 11. (a) (b) (c) (d) Figura 11 - Comportamento gráfico do teste de inibição de urease pelos óleos essenciais de (a) Rosmarinus officinalis; (b) Cymbopongon citratus; (c) Cymbopongon winterianius; (d) Citrus sinensis Fonte: Autoria própria. O perfil da relação concentração e inibição enzimática dos quatro óleos essenciais bioativos mostrou-se semelhante ao perfil encontrado para o inibidor padrão. Utilizando a equação da linha de tendência obtida em cada um dos estudos calculou-se a concentração inibitória média (IC50) para os óleos essenciais bioativos, cujos valores são apresentados na tabela 1. Pode-se observar que os óleos essenciais de Rosmarinus officinalis, Cymbopogon citratus, Cymbopogon winterianius e Citrus sinensis foram capazes de inibir a atividade da enzima urease, embora tenham apresentado grande variação de IC50 (60,7 - 789,7 ppm). Como esperado, a tiouréia foi quem apresentou melhor resultado, isso por necessitar de uma concentração extremamente pequena para IC50. 44 Tabela 1 - Valores de IC50 para os óleos essenciais de Rosmarinus officinalis, Cymbopogon citratus, Cymbopogon winterianius e Citrus sinensis. Óleo essencial/padrão IC50 (ppm) Rosmarinus officinalis 789,7 Cymbopogon citratus 167,5 Cymbopogon winterianius 67,6 Citrus sinensis 60,7 Tiouréia 7,85 Fonte: Autoria própria. Embora tenham apresentado valor de IC50 menor do que o padrão tiouréia observa-se claramente, ainda na avaliação qualitativa (Figura 10), que os óleos essenciais de Rosmarinus officinalis, Cymbopogon citratus, Cymbopogon winterianius e Citrus sinensis apresentam potencial inibição da enzima urease. Para os demais óleos essenciais, mesmo para os testes com maior concentração (250 ppm), não observou-se inibição da enzima urease. Após o screening in vitro apresentado nesta seção realizou-se o estudo da composição química, via análise de CG-EM, de cada óleo essencial avaliado visando correlacionar a bioativade, ou ausência desta, com os constituintes químicos. 5.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS A composição química dos óleos essenciais Rosmarinus officinalis (Alecrim), Illicium verum (Anis estrelado), Cymbopogon citratus (Capim limão), Cymbopogon winterianius (Citronela), Syzygium aromaticum (Cravo-da-Índia), Eucalyptus globulus (Eucalipto globulus), Citrus sinensis (Laranja doce), Citrus latifolia (Lima tahiti) e Citrus limon (Limão siciliano) foi determinada por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM). Embora a CG-EM seja amplamente utilizada para o estudo da composição química de amostras complexas, para os óleos essenciais a identificação dos constituintes químicos nem sempre é precisa. Essa limitação é devido a semelhança espectral observada para vários constituintes químicos presentes em óleos essenciais (ZELLNER et al., 2009, p. 159), resultando em erros caso a identificação seja realizada apenas pelo banco de dados do espectrômetro de massas. 45 Para os óleos essenciais estudados foram identificados entre 77,78 a 97,38% dos constituintes (Tabelas 2 - 10). Os compostos foram identificados com base no tempo de retenção e comparando-se o espectro de massas de cada componente com espectros de massas armazenados nos bancos de dados digitais "NIST Mass Spectrometry Data Center" e "Spectral Database for Organic Compounds". A figura 12 apresenta o cromatograma do óleo essencial de Rosmarinus officinalis (Alecrim). Figura 12 - Cromatograma obtido por CG-EM para análise da composição química do óleo essencial de Rosmarinus officinalis. Fonte: Autoria própria. No óleo essencial de Rosmarinus officinalis foram identificados quinze compostos totalizando 97,38% da composição (Tabela 2), sendo os constituintes majoritários2 os monoterpenos eucaliptol (32,23%), cânfora (26,26%), sabineno (8,52%), canfeno (5,86%) e D-limoneno (3,58%). H3C CH3 H3C CH3 CH3 CH3 CH3 O CH3 H3C CH3 Eucaliptol 2 H3C O Cânfora H2C Sabineno CH2 Canfeno H3C CH2 D-limoneno As estruturas moleculares apresentadas neste trabalho levam em consideração aspectos estereoquímicos (quando presente) reportados nos artigos de referência. 46 Os constituintes químicos encontrados no óleo estudado estão de acordo com os resultados obtidos por outros autores (MELO et al., 2011; CLEFF et al. 2012; MILADI et al., 2013). Tabela 2 - Composição química do óleo essencial de Rosmarinus officinalis. Composto3 Sabineno Tempo de retenção (min.) Percentual 6,408 8,52 Canfeno 6,896 5,86 α-Pineno 7,841 3,22 β-Pineno 8,327 1,10 p-Cimeno 9,654 1,80 D-limoneno 9,789 3,58 Eucaliptol 9,985 32,23 Linalool 12,848 1,52 Cânfora 14,971 26,26 Isoborneol 15,436 2,11 Borneol 15,855 3,04 α-Terpineol 16,962 1,83 Acetato de bornila 21,373 3,00 β-Cariofileno 27,280 2,89 Humuleno 28,729 0,42 Total 97,38 Fonte: Autoria própria. A figura 13 apresenta o cromatograma do óleo essencial de Illicium verum (Anis estrelado). Figura 13 - Cromatograma obtido por CG-EM para análise da composição química do óleo essencial de Illicium verum Fonte: Autoria própria. 3 Os espectros de massas dos compostos identificados são apresentados na seção Anexos. 47 No óleo essencial de Illicium verum foram identificados quinze compostos totalizando 86,14% da composição (Tabela 3), sendo os constituintes majoritários os fenilpropanóides trans-anetol (64,75%), estragol (6,75%), linalol (2,58%), p-anisaldeído (2,53%) e anisil acetona (2,12%). H3C H3C O H3C O H3C O H3C OH O CH2 O CH3 trans-anetol H3C CH2 estragol CH3 O p-anisaldeído linalol CH3 anisil acetona O perfil químico apresentado pelo óleo essencial de Illicium verum é semelhante ao relatado por outros autores (WEY et al., 2014; WONG et al., 2014; DZAMIC et al., 2009; CHEMPAKAM e BALAJI, 2008). Segundo Chempakam e Balaji (2008) o trans-anetol é, geralmente, encontrado na proporção de 80-90% no óleo essencial obtido de Illicium verum. Tabela 3 - Composição química do óleo essencial de Illicium verum. Composto Tempo de retenção Percentual α-Felandreno 8,823 0,15 D-Limoneno 9,782 2,04 Linalool 12,848 2,58 δ-Terpineol 16,328 0,48 α-Terpineol 16,970 0,43 Estragol 17,361 6,75 p-Anisaldeído 19,955 2,53 cis-Anetol 20,428 1,90 trans-Anetol 22,315 64,75 Cetona anísica 25,581 0,14 Anisil acetona 25,844 2,12 β-Cariofileno 27,334 0,84 α-Bergamoteno 27,984 0,88 γ-Muruleno 31,672 0,26 Nerolidol 33,238 0,29 Total 86,14 Fonte: Autoria própria. 48 A figura 14 apresenta o cromatograma do óleo essencial de Cymbopogon citratus (Capim limão). Figura 14 - Cromatograma obtido por CG-EM para análise da composição química do óleo essencial de Cymbopogon citratus Fonte: Autoria própria. No óleo essencial de Cymbopogon citratus foram identificados dezessete compostos totalizando 77,78% da composição (Tabela 4), sendo os constituintes majoritários os monoterpenos geranial (27,93%), neral (21,51%), geraniol (8,05%), nerol (4,71%) e esqualeno (2,90%). CH3 CH3 H3C O CH3 O H3C CH3 geranial H3C CH3 CH3 CH3 CH3 neral H3C CH3 CH3 CH3 CH3 OH H3C CH3 geraniol OH H3C nerol CH3 esqualeno 49 O perfil químico apresentado pelo óleo essencial de Cymbopogon citratus é semelhante ao relatado por outros autores (MOHAMED et al., 2014; HANAA et al., 2012; MATASYOH et al., 2011; BARBOSA et al., 2008). Nos trabalhos consultados, os aldeídos monoterpênicos neral e geranial são reportados como constituintes majoritários. Barbosa et al. (2008), por exemplo, - após estudar óleos essenciais obtidos de doze amostras de Cymbopogon citratus adquiridas em Minas Gerais e no Paraná - reportaram que a porcentagem total dos isômeros neral e geranial variou de 40,7% a 75,4% nos óleos essenciais obtidos. No presente trabalho, a somatoria das porcentagens dos isômeros geranial e neral está de acordo com os dados reportados por Barbosa et al. (2008). Tabela 4 - Composição química do óleo essencial de Cymbopogon citratus. Composto Tempo de retenção Percentual 6-metil-5-Hepten-2-ona 8,217 1,34 4-Nonanona 11,591 0,29 cis-Verbenol 11,935 1,94 Linalol 12,835 1,35 Neral 19,728 21,51 Geraniol 20,451 8,05 Geranial 21,253 27,93 Nerol 25,808 4,71 β-Cariofileno 27,336 2,54 m-Eugenol 28,569 0,37 Humuleno 28,747 0,29 δ-Cadineno 31,328 1,64 γ-Muruleno 31,676 0,55 Óxido de cariofileno 34,133 0,46 Miristato de isopropila 43,025 1,00 Nonadecanol 44,927 0,91 Esqualeno 68,752 2,90 Total 77,78 Fonte: Autoria própria. A figura 15 apresenta o cromatograma do óleo essencial de Cymbopogon winterianus (Citronela). 50 Figura 15 - Cromatograma obtido por CG-EM para análise da composição química do óleo essencial de Cymbopogon winterianus Fonte: Autoria própria. No óleo essencial de Cymbopogon winterianus foram identificados dezoito compostos totalizando 79,60% da composição (Tabela 5), sendo os constituintes majoritários os compostos citronelal (21,10%), geraniol (20,94%), citronelol (12,84%), nerol (5,58%) e αelemol (4,06%). OH nerol O citronelal OH geraniol OH OH citronelol α-elemol A composição química reportada na tabela 5 está de acordo com os valores referenciais descritos na literatura para óleos essencias de Cymbopogon winterianus (KUMAR e SHUKLA, 2014; BLANK et al., 2007). 51 Tabela 5 - Composição química do óleo essencial de Cymbopogon winterianus. Composto Tempo de retenção Percentual D-Limoneno 9,743 4,11 Linalol 12,823 1,12 Isopulegol 14,871 1,97 Citronelal 15,558 21,10 Decanal 17,592 0,16 Citronelol 18,926 12,84 Neral 19,314 0,42 Geraniol 20,306 20,94 m-Eugenol 24,651 1,33 Nerol 25,788 5,58 metil-Eugenol 26,640 0,12 Metil m-Eugenol 30,606 0,48 γ-Muruleno 31,716 2,50 α-Elemol 32,809 4,06 Nerolidol 33,106 0,37 t-Cadinol 36,436 1,01 Eudesmol 36,767 0,31 α-Cadinol 36,935 1,18 Total 79,60 Fonte: Autoria própria. A figura 16 apresenta o cromatograma do óleo essencial de Syzygium aromaticum (Cravo botões). Figura 16 - Cromatograma obtido por CG-EM para análise da composição química do óleo essencial de Syzygium aromaticum Fonte: Autoria própria. 52 No óleo essencial de Syzygium aromaticum foram identificados oito compostos totalizando 97,13% da composição (Tabela 6), sendo os constituintes majoritários os fenilpropanóides eugenol (58,85%), acetato de eugenila (14,86%) e m-eugenol (6,57%) e o sesquiterpeno β-Cariofileno (11,09%). OH O CH3 O H3C O CH3 CH3 OH O O CH3 H2C H CH2 eugenol CH2 CH2 acetato de eugenila m-eugenol H CH3 CH3 β-cariofileno A composição química reportada na tabela 6 está de acordo com os valores referenciais descritos na literatura para óleos essencias obtidos de botões florais de carvo-daÍndia (COSTA et al., 2011; RANASINGHE et al., 2002; PEREIRA et al., 2008). Tabela 6 - Composição química do óleo essencial de Syzygium aromaticum. Composto Tempo de retenção Percentual Acetato de isobornila 14,729 2,37 m-Eugenol 24,615 6,57 Eugenol 25,657 58,85 β-Cariofileno 27,544 11,09 Humuleno 28,852 2,23 Guaiol 31,692 0,52 Acetato de eugenila 32,199 14,86 Óxido de cariofileno 34,204 0,64 Total 97,13 Fonte: Autoria própria. A figura 17 apresenta o cromatograma do óleo essencial de Eucalyptus globulus (Eucalipto globulus). 53 Figura 17 - Cromatograma obtido por CG-EM para análise da composição química do óleo essencial de Eucalyptus globulus Fonte: Autoria própria. No óleo essencial de Eucalyptus globulus foram identificados cinco compostos totalizando 97,13% da composição (Tabela 7), sendo os constituintes majoritários o eucaliptol (78,07%), γ-terpineno (9,48%), p-cimeno (6,50%), α-felandreno (1,04%) e estragol (0,23%). H3C CH3 CH3 CH3 CH3 O O H3C CH3 eucaliptol H3C CH3 γ-terpineno H3C CH3 p-cimeno H3C CH3 estragol CH2 α-felandreno Baseado em dados da literatura (MACEDO et al., 2009; MIYAMOTO et al., 2009), observa-se que o teor de eucaliptol nos óleos essenciais de Eucalyptus globulus cultivados no Brasil apresentam valores bastante variável. Macedo et al. (2009), por exemplo, reportou que o óleo essencial de Eucalyptus globulus possui 83,89% de eucaliptol. No estudo de Miyamoto et al. (2009) o teor de eucaliptol era de apenas 49%. 54 Tabela 7 - Composição química do óleo essencial de Eucalyptus globulus. Composto Tempo de retenção Percentual 8,827 1,04 α-Felandreno p-Cimeno 9,787 6,50 Eucaliptol 10,280 78,07 γ-Terpineno 11,111 9,48 Estragol 21,271 0,23 Total 95,32 Fonte: Autoria própria. A figura 18 apresenta o cromatograma do óleo essencial de C. sinensis (Laranja doce). Figura 18 - Cromatograma obtido por CG-EM para análise da composição química do óleo essencial de Citrus sinensis Fonte: Autoria própria. No óleo essencial de Citrus sinensis foram identificados seis compostos totalizando 89,87% da composição (Tabela 8), sendo o monoterpeno D-limoneno (75,68%) e seus óxidos os constituintes majoritários. CH3 CH3 H3C CH2 D-limoneno H3C CH2 cis- CH3 O H3C O CH2 trans-óxido de limoneno 55 Estudos realizados recentemente por Bonaccorsi et al. (2011), sobre distribuição enantiomérica dos componentes de óleos essenciais obtidos de frutas do gênero Citrus, indicam que em óleos essenciais de laranja a forma dextrorrotatória do limoneno está presente em 99,5%, enquanto seu antípoda está presente em 0,5%. Desta forma, adotou-se neste trabalho a configuração absoluta do D-limoneno para o óleo essencial de Citrus sinensis, assim como para os demais óleos essenciais. Tabela 8 - Composição química do óleo essencial de Citrus sinensis. Composto D-Limoneno Tempo de retenção Percentual 9,955 75,68 Linalol 12,811 0,73 cis-Óxido de limoneno 14,293 2,74 trans-Óxido de limoneno 14,504 3,05 trans-Carveol 18,276 3,85 Carvona 19,403 3,82 Total 89,87 Fonte: Autoria própria. A figura 19 apresenta o cromatograma do óleo essencial de Citrus latifólia (Lima tahiti). Figura 19 - Cromatograma obtido por CG-EM para análise da composição química do óleo essencial de Citrus latifolia Fonte: Autoria própria. 56 No óleo essencial de Citrus latifolia foram identificados vinte e um compostos totalizando 78,23% da composição (Tabela 9), sendo os hidrocarbonetos monoterpênicos Dlimoneno (28,52%), γ-terpineno (11,13%), α-pineno (7,51%), β-bisaboleno (7,10%) e transα-bergamoteno (4,84%) os constituintes majoritários. CH2 CH3 CH3 H3C CH3 β-bisaboleno CH3 H3C CH2 D-limoneno H3C CH3 α-pineno γ-terpineno trans-α-bergamoteno Tabela 9 - Composição química do óleo essencial de Citrus latifolia. Composto Tempo de retenção Percentual 3-Careno 7,730 0,41 α-Pineno 7,854 7,51 β-Pineno 8,327 2,51 p-Cimeno 9,684 0,56 D-Limoneno 9,978 28,52 γ-Terpineno 11,110 11,13 Linalool 12,830 0,55 δ-Terpineol 16,328 0,56 α-Terpineol 16,970 1,35 Decanal 17,598 0,20 Neral 18,902 0,20 Lemonol 19,320 3,04 Geranial 19,889 0,26 Geraniol 24,900 3,99 Nerol 25,699 1,42 β-Cariofileno 27,303 1,93 trans-α-Bergamoteno 28,021 4,84 α-Bisaboleno 30,804 0,79 β-Bisaboleno 31,154 7,10 Óxido de cariofileno 34,127 0,24 Cumarina 48,585 1,12 Total 78,23 Fonte: Autoria própria. 57 A figura 20 apresenta o cromatograma do óleo essencial de Citrus limon (Limão siciliano). Figura 20 - Cromatograma obtido por CG-EM para análise da composição química do óleo essencial de Citrus limon Fonte: Autoria própria. No óleo essencial de Citrus limon foram identificados 15 compostos totalizando 94,11% da composição (Tabela 10), sendo os hidrocarbonetos monoterpênicos D-limoneno (49,66%), γ-terpineno (14,84%) e α-pineno (11,42%) os constituintes majoritários. CH3 CH3 H3C CH2 D-limoneno H3C CH3 α-pineno γ-terpineno Guerra et al. (2013) reportaram que o óleo essencial de Citrus limon, adquirido da empresa Ferquima, possui como constituintes majoritários os compostos neral (29,4%), limoneno (21,5 %), geranial (19,9%), trans-nerolidol (7,7%) e citral (6,4%). No entanto, Moufida e Marzouk (2003), em um estudo abrangente, reportaram que a concentração de limoneno em óleos essenciais de Citrus varia entre 45 - 75%. Segundo informações da 58 literatura (GUERRA et al., 2013; CASTRO, 2006) estas variações na composição dos óleos essenciais podem ser influenciadas pelas condições climáticas, posição geográfica, forma de cultivo e colheita, estágio de maturidade da planta na colheita e fatores genéticos. Tabela 10 - Composição química do óleo essencial de Citrus limon. Composto Tempo de retenção Percentual 3-Careno 7,725 1,36 α-Pineno 7,862 11,42 β-Pineno 8,319 1,65 D-Limoneno 10,098 49,66 γ-Terpineno 11,153 14,84 δ-Terpineol 16,316 0,40 γ-Terpineol 16,939 0,62 Neral 19,271 2,52 Geranial 20,664 3,89 Geraniol 24,833 1,96 Nerol 25,663 0,51 β-Cariofileno 27,270 0,87 cis-α-Bisaboleno 30,773 0,29 β-Bisaboleno 31,058 3,52 Cumarina 48,519 0,60 Total 94,11 Fonte: Autoria própria. 5.3 ESTUDOS IN SILICO Devido ao grande número de compostos presentes nos óleos essenciais estudados e a complexidade dos resultados, optou-se por avaliar in silico os cinco constituintes majoritários de cada óleo essencial que apresentaram resultados de inibição de urease. 5.3.1 Molinspiration As propriedades moleculares, calculadas no programa Molinspiration, dos constituintes majoritários dos óleos essenciais bioativos são apresentadas nas tabelas 11 - 14. 59 Tabela 11 - Propriedades moleculares dos compostos majoritários do óleo de Rosmarinus officinalis calculadas no software Molinspiration. Composto miLogP TPSA MM nALH nDLH nviolações Eucaliptol 2,716 9,234 154,253 1 0 0 Cânfora 2,160 17,071 152,237 1 0 0 Sabineno 3,102 0,0 136,238 0 0 0 Canfeno 3,329 0,0 136,238 0 0 0 D-Limoneno 3,615 0,0 136,238 0 0 0 Fonte: Autoria própria. Tabela 12 - Propriedades moleculares dos compostos majoritários do óleo de Cymbopogon citratus calculadas no software Molinspiration. Composto miLogP TPSA MM nALH nDLH Nviolações Geranial 3,654 17,071 152,237 1 0 0 Neral 3,604 17,071 154,253 1 0 0 Lemonol 3,202 20,228 154,253 1 1 0 Nerol 3,202 20,228 154,253 1 1 0 Esqualeno 9,622 0,0 410,73 0 0 1 Fonte: Autoria própria. Tabela 13 - Propriedades moleculares dos compostos majoritários do óleo de Cymbopogon winterianius calculadas no software Molinspiration. Composto miLogP TPSA MM nALH nDLH Nviolações Citronelal 3,604 17,071 154,253 1 0 0 Guaniol 3,202 20,228 154,253 1 1 0 Citronelol 2,892 20,228 140,226 1 1 0 Nerol 3,202 20,228 154,253 1 1 0 D-Limoneno 3,615 0,0 136,238 0 0 0 Fonte: Autoria própria. Tabela 14 - Propriedades moleculares dos compostos majoritários do óleo de Citrus sinensis calculadas no software Molinspiration. Composto miLogP TPSA MM nALH nDLH Nviolações D-Limoneno 3,615 0,0 136,238 0 0 0 trans-Carveol 2,699 20,228 152,237 1 1 0 Carvona 2,513 17,071 150,221 1 0 0 3,500 12,528 154,253 1 0 0 3,500 12,528 154,253 1 0 0 trans-Óxido de limoneno cis-Óxido de limoneno Fonte: Autoria própria. 60 A partir da análise dos dados de propriedades moleculares calculados (Tabelas 11 a 14) observa-se que os constituintes químicos presentes nos óleos essenciais estão de acordo com a regra dos cinco de Lipinski, indicando assim, possuir potencial de biodisponibilidade oral (LIPINSKI et al., 1997). Esses resultados indicam que os óleos essenciais, assim como já vêm sendo realizado pela população, são potenciais para serem administrados de forma oral. É válido lembrar que, embora outras vias de administração de fármacos tenham sido estudadas, a via oral ainda continua sendo preferencial. Isto ocorre devido à sua conveniência, baixo custo e maior aderência ao tratamento pelo paciente (SOUZA et al., 2007). No mesmo software realizou-se predições de bioatividade (ligante GPCR, modulador de canal de íon, inibidor de quinase, ligante de receptor nuclear, inibidor de protease e inibidor de enzima) para os constituintes majoritários dos óleos essenciais bioativos (Tabelas 15 a 18). Entre as bioativadades mencionadas, a inibição enzimática é a que mais interessa para este trabalho, uma vez que pode ser um parâmetro para selecionar potenciais inibidores de urease. As demais bioatividades podem indicar outras formas de ação da substância em análise no organismo humano. Tabela 15 - Predição de bioatividades, calculadas no software Molinspiration, para os compostos majoritários do óleo essencial de Rosmarinus officinalis. Ligante Modulador de Inibidor de Liagante de Inibidor de Inibidor de GPCR canal de íon quinase receptor nuclear protease enzima Eucaliptol -0,86 -0,36 -1,14 -0,78 -1,29 -0,41 Cânfora -0,79 -0,56 -2,11 -1,21 -0,95 -0,52 Sabineno -1,14 -0,33 -1,79 -0,69 -0,78 -0,60 Composto Canfeno -1,02 -0,55 -1,85 -1,14 -1,39 -0,82 D-Limoneno -0,91 -0,27 -2,01 -0,34 -1,38 -0,21 Fonte: Autoria própria. Tabela 16 - Predição de bioatividades, calculadas no software Molinspiration, para os compostos majoritários do óleo essencial de Cymbopogon citratus. Ligante Modulador de Inibidor de Liagante de Inibidor de Inibidor de GPCR canal de íon quinase receptor nuclear protease enzima Geranial -0,86 -0,25 -1,29 -0,42 -0,57 0,02 Neral -0,86 -0,25 -1,29 -0,42 -0,57 0,02 Lemonol -0,60 0,07 -1,32 -0,20 -1,03 0,28 Nerol -0,60 0,07 -1,32 -0,20 -1,03 0,28 Esqualeno 0,04 0,01 -0,10 0,19 -0,03 0,16 Composto Fonte: Autoria própria. 61 Tabela 17 - Predição de bioatividades, calculadas no software Molinspiration, para os compostos majoritários do óleo essencial de Cymbopogon winterianius. Ligante Modulador de Inibidor de Liagante de Inibidor de Inibidor de GPCR canal de íon quinase receptor nuclear protease enzima Citronelal -0,83 -0,08 -1,30 -0,61 -0,50 -0,03 Geraniol -0,60 0,07 -1,32 -0,20 -1,03 0,28 Citronelol -0,81 -0,24 -1,16 -0,61 -0,83 -0,12 Nerol -0,60 0,07 -1,32 -0,20 -1,03 0,28 D-Limoneno -0,91 -0,27 -2,01 -0,34 -1,38 -0,21 Composto Fonte: Autoria própria. Tabela 18 - Predição de bioatividades, calculadas no software Molinspiration, para os compostos majoritários do óleo essencial de Citrus sinensis. Composto Ligante Modulador de Inibidor de Liagante de Inibidor de Inibidor de GPCR canal de íon quinase receptor nuclear protease enzima D-Limoneno -0,91 -0,27 -2,01 -0,34 -1,38 -0,21 trans-Carveol -0,55 0,14 -1,40 0,25 -0,89 0,23 Carvona -1,23 -0,30 -2,51 -0,54 -1,21 -0,45 -0,56 -0,46 -1,64 -0,19 -0,30 0,29 -0,56 -0,46 -1,64 -0,19 -0,30 0,29 trans-Óxido de limoneno cis-Óxido de limoneno Fonte: Autoria própria. Segundo Singh, Gupta e Verma (2013) para moléculas orgânicas existe a probabilidade de bioatividade se o escore for maior do que zero; se o escore for entre -5,00 e 0,0 existe a probabilidade da substância ser moderadamente bioativa; se o escore for menor do que -5,00 a substância é considerada inativa. A partir destes critérios observa-se que existe a probabilidade de todos os constituintes majoritários dos óleos essenciais estudados serem moderamente ativos frente a enzimas proteases. Com relação à inibição de enzimas observase que os constituintes majoritários de Rosmarinus officinalis podem ser moderamente ativos e para os demais óleos um ou mais compostos apresentam probabilidade de bioativade. 62 5.3.2 Osiris O software Osiris Property Explorer utiliza uma lista de 5300 fragmentos moleculares, onde a freqüência de ocorrência de cada fragmento é determinada com base em uma coleção de 3300 fármacos comerciais e 15000 compostos da coleção Fluka que não são fármacos comerciais. As análises demonstram que 80% dos fármacos comerciais têm um valor de druglikeness positivo, enquanto a grande maioria dos compostos Fluka apresenta valores negativos (TONIN, 2009). Os resultados obtidos através do software Osiris para os constituintes majoritários dos óleos essenciais bioativos são apresentados nas tabelas 19 a 22. Nesta ferramenta avaliou-se quatro potenciais riscos toxicológicos: mutagenicidade, tumorigênico, irritante e sobre a reprodução humana. Tabela 19 - Predição de toxicidade, determinadas no software Osiris, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Rosmarinus officinalis. Toxicidade Composto Reprodução Drug-likeness Drug-score Mutagênico Tumorigênico Irritante Eucaliptol alto risco sem risco sem risco alto risco -3,21 0,17 Cânfora alto risco alto risco alto risco alto risco -3,71 0,06 Sabineno sem risco sem risco sem risco sem risco - 6,78 0,45 Canfeno sem risco sem risco sem risco sem risco - 5,86 0,45 D-Limoneno sem risco sem risco Moderado sem risco -21,80 0,35 Fonte: Autoria própria. Tabela 20 - Predição de toxicidade, determinadas no software Osiris, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Cymbopogon citratus. Toxicidade Composto Drug-likeness Drug-score alto risco -7,31 0,10 0,10 Mutagênico Tumorigênico Irritante Reprodução Geranial Moderado alto risco Moderado Neral Moderado alto risco Moderado alto risco -7,31 Lemonol sem risco sem risco alto risco sem risco -3,57 0,27 Nerol sem risco sem risco alto risco sem risco -3,57 0,27 Esqualeno sem risco sem risco sem risco sem risco -3,52 0,14 Fonte: Autoria própria. 63 Tabela 21 - Predição de toxicidade, determinadas no software Osiris, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Cymbopogon winterianius. Toxicidade Composto Mutagênico Tumorigênico Irritante Reprodução Drug-likeness Drug-score Citronelal sem risco sem risco alto risco sem risco -6,98 0,27 Geraniol sem risco sem risco alto risco sem risco -3,57 0,27 Citronelol sem risco sem risco alto risco alto risco -8,68 0,16 Nerol sem risco sem risco alto risco sem risco -3,57 0,27 D-Limoneno sem risco sem risco moderado sem risco -21,80 0,35 Fonte: Autoria própria. Tabela 22 - Predição de toxicidade, determinadas no software Osiris, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Citrus sinensis. Toxicidade Composto Drug-likeness Mutagênico Tumorigênico Irritante Drug-score Reprodução D-Limoneno sem risco sem risco moderado sem risco -21,80 0,35 trans-Carveol sem risco sem risco alto risco sem risco -18,48 0,28 Carvona alto risco alto risco alto risco sem risco -18,98 0,10 trans-Óxido de sem risco sem risco sem risco sem risco -5,60 0,47 sem risco sem risco sem risco sem risco -5,60 0,47 limoneno cis-Óxido de limoneno Fonte: Autoria própria. No estudo utilizando o software Osiris (Tabelas 19 a 22) observou-se para o óleo essencial de R. officinalis que dois dos constituintes majoritários (eucaliptol e cânfora) apresentam alto risco toxicológico para diferentes parâmetros avaliados. Resultado semelhante é observado para o óleo essencial de C. citratus, no qual os dois constituintes majoritários (geranial e neral) apresentam alto risco toxicológico tumorigênico e sobre a reprodução humana. Para o óleo essencial de C. winterianius observou-se alto risco de irritância para quatro dos constituintes majoritários. Já o óleo essencial de C. sinensis seria o mais seguro do ponto de vista toxicológico, uma vez que apenas a carvona e o trans-carveol (presente em 3,82 e 3,85%, respectivamente) apresentam efeitos indesejados. O potencial tumorigênico apresentado pelos compotos geranial e neral foi avaliado, utilizando ratos e camundongos, pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. Os pesquisadores colaboradores nesse estudo concluiram que o citral (mistura dos isômeros geranial e neral) não causam câncer em ratos machos ou fêmeas. No 64 entanto, observaram um aumenta de linfomas em ratos fêmeas que pode estar associado ao consumo de citral (U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 2003). Ressalta-se que a predição de potencial toxicológico observada para os quatro óleos essenciais bioativos são consideravelmente satisfatórios para potenciais fármacos inibidores de urease. Com relação a propriedade drug-likeness um valor positivo indica que a molécula avaliada contém grupos frequentes em fármacos comerciais. Já para a propriedade drug-score valores entre 0,1 e 1,0 indicam que a substância avaliada possui propriedades desejadas para candidatos a fármacos. De acordo com estes parâmetros observa-se que todos oscompostos avaliados não possuem semelhança estrutural com fármacos comerciais. No entanto, a maioria dos compostos avaliados possuem potencial para se tornar um fármaco. 5.3.3 admetSAR O programa caracteriza-se como uma moderna ferramenta de modelagem in silico de propriedades farmacocinéticas, estando estas integradas ao processo de planejamento de fármacos e sendo utilizado como complemento aos estudos in vitro e in vivo. Outras propriedades ADMET dos constituintes majoritários dos óleos essenciais bioativos foram estudadas no software admetSAR (Tabelas 22 a 26). Este software tem sido amplamente utilizado para estudar algumas propriedades de candidatos à fármacos e substâncias químicas utilizadas no meio ambiente. Tabela 23 - Propriedades ADMET, calculadas no software admetSAR, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Rosmarinus officinalis. (continua) Absorção e distribuição Modelo Eucaliptol Cânfora Sabineno Canfeno d-Limoneno Barreirasangue-cérebro BBB+ BBB+ BBB+ BBB+ BBB+ Absorção no intestino humano HIA+ HIA+ HIA+ HIA+ HIA+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Substrato de glicoproteína P S NS S NS NS Inibidor de glicoproteína P NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI Permeabilidade Caco-2 Transporte renal de cátions orgânicos 65 Tabela 23 - Propriedades ADMET, calculadas no software admetSAR, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Rosmarinus officinalis. (conclusão) Metabolismo CYP450 2C9 Substrato NS NS NS NS NS CYP450 2D6 Substrato NS NS NS NS NS CYP450 3A4 Substrato S S S S NS CYP450 1A2 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2C9 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2D6 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2C19 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 3A4 Inibidor NI NI NI NI NI Low Low Low Low CYP Promiscuidade inibitória Low Toxicidade Toxicidade AMES NT NT NT NT NT Carcinogênico NC NC NC NC NC Toxicidade oral aguda III III III III III Fonte: Autoria própria. Tabela 24 - Propriedades ADMET, calculadas no software admetSAR, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Cymbopogon citratus. Absorção e distribuição Modelo Barreirasangue-cérebro Absorção no intestino humano Permeabilidade Caco-2 Substrato de glicoproteína P Inibidor de glicoproteína P Transporte renal de cátions Geranial Neral Lemonol Nerol Esqualeno BBB+ BBB+ BBB+ BBB+ BBB+ HIA+ HIA+ HIA+ HIA+ HIA+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ NS NS NS NS NS NI NI NI NI NI NI NI NI NI I NI NI NI NI NI orgânicos Metabolismo NS NS NS NS NS CYP450 2D6 Substrato NS NS NS NS NS CYP450 3A4 Substrato NS NS NS NS NS CYP450 2C9 Substrato CYP450 1A2 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2C9 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2D6 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2C19 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 3A4 Inibidor NI NI NI NI NI Low Low Low Low CYP Promiscuidade inibitória Low Toxicidade NT NT NT NT NT Carcinogênico C C NC NC C Toxicidade oral aguda III III III III III Toxicidade AMES Fonte: Autoria própria. 66 Tabela 25 - Propriedades ADMET, calculadas no software admetSAR, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Cymbopogon winterianius. Absorção e distribuição Modelo Citronelal Geraniol Citronelol Nerol D-Limoneno Barreirasangue-cérebro BBB+ BBB+ BBB+ BBB+ BBB+ Absorção no intestino humano HIA+ HIA+ HIA+ HIA+ HIA+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Substrato de glicoproteína P NS NS NS NS NS Inibidor de glicoproteína P NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI Permeabilidade Caco-2 Transporte renal de cátions orgânicos Metabolismo CYP450 2C9 Substrato NS NS NS NS NS CYP450 2D6 Substrato NS NS NS NS NS NS CYP450 3A4 Substrato NS NS NS NS CYP450 1A2 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2C9 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2D6 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2C19 Inibidor NI I NI NI NI NI NI NI NI NI CYP Promiscuidade inibitória Low Low Low Low Low Toxicidade AMES NT NT NT NT NT Carcinogênico C NC NC NC NC Toxicidade oral aguda III III III III III CYP450 3A4 Inibidor Toxicidade Fonte: Autoria própria. Tabela 26 - Propriedades ADMET, calculadas no software admetSAR, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Citrus sinensis. (continua) Absorção e distribuição Modelo D-Limoneno trans- Carvona Carveol Barreira sangue-cérebro BBB+ BBB+ BBB+ trans-Óxido de cis-Óxido de limoneno limoneno BBB+ BBB+ HIA+ HIA+ HIA+ HIA+ HIA+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Caco2+ Substrato de glicoproteína P NS NS NS S S Inibidor de glicoproteína P NI NI I NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI NI Absorção no intestino humano Permeabilidade Caco-2 Transporte renal de cátions orgânicos Metabolismo CYP450 2C9 Substrato NS NS NS NS NS CYP450 2D6 Substrato NS NS NS NS NS CYP450 3A4 Substrato NS NS NS S S CYP450 1A2 Inibidor NI NI NI NI NI 67 Tabela 26 - Propriedades ADMET, calculadas no software admetSAR, para os constituintes majoritários do óleo essencial de Citrus sinensis. (conclusão) CYP450 2C9 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2D6 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 2C19 Inibidor NI NI NI NI NI CYP450 3A4 Inibidor NI NI NI NI NI Low Low Low Low CYP Promiscuidade inibitória Low Toxicidade Toxicidade AMES NT NT NT NT NT Carcinogênico NC NC NC NC NC Toxicidade oral aguda III III III III III Fonte: Autoria própria. Os modelos selecionados para o estudo da propriedade de absorção estão relacionados ao fato de que a maioria dos fármacos precisam atingir a corrente sanguínea para ser distribuído até seu local de ação. Além disso, sabe-se que a mera presença do fármaco na corrente sanguínea não provoca uma resposta farmacológica; para que seja eficaz, o fármaco deve deixar o espaço vascular e penetrar nos espaços intracelulares e/ou extracelulares. Desta forma, estudos in silico de parâmetros moleculares que podem interferir na taxa de absorção são essenciais para a seleção de novos candidatos a fármacos. Segundo Romero e Romero (2014) o efeito farmacológico de uma substância bioativa está associado a sua capacidade de atingir a circulação sanguínea e chegar a tecidos ou órgãos específicos. Para isto, após a administração, a substância bioativa é dissolvida e solubilizada no trato gastrintestinal para que possa ser absorvida no estômago ou através do intestino. A absorção intestinal humana é a primeira barreira que a substância bioativa deve transpor até chegar ao sítio de ação farmacológica. Para esta propriedade todos os compostos também apresentaram absorção positiva, assim como para a permeabilidade em Caco-2, uma importante célula de carcinoma do cólo humano associada ao transporte intestinal. O coeficiente de partição sangue-cérebro é um parâmetro que avalia a penetração na barreira hematoencefálica. A barreira hematoencefálica é, em essência, um mecanismo que impede a entrada de moléculas de sangue desnecessárias ou substâncias tóxicas no sistema nervoso central, ao mesmo tempo em que permite a circulação de quantidades adequadas de sangue arterial através do tecido cerebral (ROMERO e ROMERO, 2014). Observou-se que todos os compostos estudados apresentaram probabilidade de permeabilidade para a barreira barreira hematoencefálica (BBB+). 68 A glicoproteína P é um produto do gene de multirresistência à fármacos que age como uma bomba de efluxo ATP-dependente que transporta fármacos e xenobióticos para a parte externa das células do fígado, rins, cérebro e trato gastrintestinal, das células tumorais e das células das berreiras hemato-teciduais. A expressão diferenciada da glicoproteína P indica que a mesma apresenta um papel de proteção do organismo contra agentes xenobióticos, excretando estes componentes na bile, urina e no lúmen intestinal, e também prevenindo, sua acumulação no cérebro (AZEREDO et al., 2009). Embora seja relatado na literatura que a glicoproteína P reconhece e transporta uma variedade de compostos, hidrofóbicos neutros ou carregados positivamente, a maioria dos compostos avaliados foram classificados como não substratos. Quanto à inibição da glicoproteína P, observou-se que, com execessão da carvona, os compostos majoritários dos óleos essenciais estudados foram classificados como inibidores. A ação inibitória desta proteína pode ser por competição com os sítios de ligação de fármacos (inibidores competitivos) ou por bloqueio do processo de hidrólise do ATP (inibidores nãocompetitivos). Os inibidores da glicoproteína P aumentam a acumulação intracelular de seus substratos através da diminuição do transporte de efluxo desses da porção basal para a apical das células (AZEREDO et al., 2009). Outro parâmetro avaliado em relação a distribuição está relacionado ao sistema de transporte para cátions orgânicos que é realizado nos rins. O rim é o principal órgão excretor de fármacos e seus metabólitos, possuindo sistemas de transporte de alta capacidade para eliminar rapidamente grandes quantidades de compostos exógenos. Os mecanismos celulares de transporte renal envolvem um sistema de transporte para ânions orgânicos, um sistema de transporte para cátions orgânicos e um transportador de múltiplas drogas ou glicoproteína P. Para este parâmetro, todos os compostos avaliados foram classificados como não substratos. O processo de metabolismo de fármacos, pode ser entendido, segundo Pereira (1997), como o conjunto de reações enzimáticas que biotransformam fármacos e outros compostos estranhos (xenobióticos) em metabólitos de polaridade crescente, para que sejam excretados pela urina, impedindo que estes compostos permaneçam por tempo indefinido no nosso organismo. O órgão onde ocorre a maioria das reações de biotransformação é o fígado, por apresentar vários complexos enzimáticos especializados. Dentre elas, destacam-se as monooxigenases do complexo enzimático citocromo P450 (CYP), as redutases, as esterases e as transferases (COSTA & STRECK, 1999). O CYP é o principal responsável pela biotransformação de fármacos no organismo humano, estando presente principalmente no 69 retículo plasmático liso (fração microssômica) dos hepatócitos, podendo também ser encontrado em outros órgãos, como pulmões e rins. O CYP é uma proteína com um grupo prostético heme, que catalisam reações nas quais um átomo de oxigênio da molécula de O2 é incorporado na molécula do substrato orgânico, o outro átomo é reduzido a H2O. As monooxigenases requerem dois substratos que funcionam como redutores dos dois átomos de oxigênio do O2. O substrato principal (no caso o fármaco) recebe um dos dois átomos de oxigênio e o co-substrato (no caso do CYP é a nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato) fornece átomos de hidrogênio para reduzir o segundo átomo de oxigênio a água (LEHNINGER, 1986). O processo de metabolização foi avaliado utilizando como modelo oito enzimas do citocromo P450 (CYP 450 2C9, CYP 450 2D6 e CYP 450 3A4). Segundo as tabelas 33 a 42, para as duas primeiras enzimas observou-se que todos os compostos avaliados foram classificados como não substrato. Para a enzima CYP 4503A4 observou-se que alguns compostos - tal como os compostos eucaliptol, cânfora, sabineno e canfeno - foram classificados como substratos. Observou-se também que nenhum dos compostos avaliados foram classificados como inibidores de enzimas do complexo citocromo P450, assim como apresentaram baixa promiscuidade inibitória. Esses resultaram sugerem que os compostos presentes nos óleos essenciais estudados possuem pequena probabilidade de metabolização no organismo. Por fim, foram realizadas três análises em relação à toxicidade dos compostos majoritários dos óleos essenciais bioativos, levando em consideração os modelos de toxicidade AMES, carcinogenicidade e toxicidade oral aguda. Em relação ao primeiro modelo, nenhum dos compostos avaliados foi classificado como tóxico. Para o modelo de carcinogenicidade, observou-se que alguns compostos (geranial, neral, esqualeno e citronelal) foram classificados como carcinogênicos. No modelo de toxicidade oral aguda os resultados são expressos em quatro categorias, com base em critérios da Agência de Proteção Ambiental do Estados Unidos. Compostos da categoria I possuem dose letal mediana (LD50) menor ou igual a 50mg/kg; compostos da categoria II possuem LD50 maior que 50mg/kg, mas menor que 500mg/kg; compostos da categoria III possuem LD50 entre 500mg/kg a 5000mg/kg; compostos da categoria IV possuem LD50 maior que 5000mg/kg. De forma geral, a maioria dos compostos foram classificados na categoria III, desempenhando resultados satisfatórios e indicando que os candidatos a inibidores de urease apresentam baixa toxicidade oral aguda. 70 5.3.4 Docking molecular O estudo de docking molecular foi realizado utilizando o software iGEMDOCK. A localização dos constituintes majoritários na enzima urease (PDB 1E9Z) é apresentada nas figuras 21 - 24. (a) (b) (c) Figura 21 - (a) Estrutura da enzima urease (PDB 1E9Z); (b) localização dos compostos majoritários do óleo essencial de Rosmarinus officinalis após o estudo de docagem molecular; (c) Eucaliptol e D-limoneno interagindo no sítio ativo da enzima urease. Fonte: Autoria própria. (a) (b) (c) Figura 22 - (a) Estrutura da enzima urease (PDB 1E9Z); (b) localização dos compostos majoritários do óleo essencial de Cymbopogon citratus após o estudo de docagem molecular; (c) geranial interagindo no sítio ativo da enzima urease. Fonte: Autoria própria. 71 (a) (b) (c) Figura 23 - (a) Estrutura da enzima urease (PDB 1E9Z); (b) localização dos compostos majoritários do óleo essencial de Cymbopogon winterianius após o estudo de docagem molecular; (c) D-limoneno interagindo no sítio ativo da enzima urease. Fonte: Autoria própria. (a) (b) (c) Figura 24 - (a) Estrutura da enzima urease (PDB 1E9Z); (b) localização dos compostos majoritários do óleo essencial de Citrus sinensis após o estudo de docagem molecular; (c) D-limoneno interagindo no sítio ativo da enzima urease. Fonte: Autoria própria. Estes resultados sugerem que os compostos eucaliptol, geranial e D-limomeno podem atuar como inibidores da enzima urease por interagir no sítio ativo, tal como relatado para a tiouréia e outros inibidores reconhecidos para esta enzima. Observa-se que os três monoterpenos mencionados interagem, através de interações de van der Waals, com o resíduo His221, apontado na literatura como importante para a ancoração da uréia no sítio ativo da urease. Estes resultados sugerem que a atividade inibidora de urease apresentada pelos óleos essenciais estudados pode ocorrer por um mecanismo de inibição reversível competitivo. Além da inibição enzimática através da interação de ligantes no sítio ativo é possível que os constituintes dos óleos essenciais realizem a inibição da urease por outros mecanismos. No entanto, para definir as contribuições dos diferentes tipos de mecanismos de inibição que podem ocorrer para estes óleos essenciais estudos adicionais serão necessários. 72 Na sequência as energias associadas à interação dos constituintes majoritários dos óleos essenciais com a enzima 1E9Z foram estudadas e organizadas nas tabelas 27 - 30. Tabela 27 - Energias, calculadas no programa iGEMDOCK, envolvidas na interação urease (PDB 1E9Z) compostos majoritários do óleo essencial de Rosmarinus officinalis. Tipos de Energia (kcal/mol) Composto Total Interações de van der Waals Interações de hidrogênio Eletrostática D-Limoneno -57,39 -57,39 0,00 0,00 Canfeno -50,05 -50,05 0,00 0,00 Cânfora -56,93 -52,83 -4,10 0,00 Eucaliptol -73,78 -68,76 -5,02 0,00 Sabineno -55,34 -55,34 0,00 0,00 Fonte: Autoria própria. Tabela 28 - Energias, calculadas no programa iGEMDOCK, envolvidas na interação urease (PDB 1E9Z) compostos majoritários do óleo essencial de Cymbopogon citratus. Tipos de Energia (kcal/mol) Composto Total Interações de van der Waals Interações de hidrogênio Eletrostática Esqualeno -83,79 -83,79 0,00 0,00 Geranial -71,79 -69,29 -2,50 0,00 Lemonol -63,13 -53,57 -9,55 0,00 Neral -59,68 -56,25 -3,43 0,00 Nerol -61,64 -55,85 -5,79 0,00 Fonte: Autoria própria. Tabela 29 - Energias, calculadas no programa iGEMDOCK, envolvidas na interação urease (PDB 1E9Z) compostos majoritários do óleo essencial de Cymbopogon winterianius. Tipos de Energia (kcal/mol) Composto Total Interações de van der Waals Interações de hidrogênio Eletrostática Citronelal -62,27 -56,33 -5,94 0,00 Citronelol -60,66 -50,50 -10,16 0,00 D-Limoneno -57,39 -57,39 0,00 0,00 Geraniol -62,80 -49,92 -12,88 0,00 Nerol -64,33 -56,20 -8,13 0,00 Fonte: Autoria própria. 73 Tabela 30 - Energias, calculadas no programa iGEMDOCK, envolvidas na interação urease (PDB 1E9Z) compostos majoritários do óleo essencial de Citrus sinensis. Tipos de Energia (kcal/mol) Composto Total Interações de van der Waals Interações de hidrogênio Eletrostática -59,48 -53,35 -6,12 0,00 -67,27 -61,35 -5,91 0,00 D-Limoneno -57,39 -57,39 0,00 0,00 trans-Carveol -67,78 -57,16 -10,62 0,00 -64,96 -64,96 0,00 0,00 Carvona cis-Óxido de limoneno trans-Óxido de limoneno Fonte: Autoria própria. Observa-se, de modo geral, que os valores de energia associados à interação enzima ligante são relativemente próximos. Este fato pode ser explicado pela semelhança estrutural dos compostos avaliados (massa molar, cadeia carbônica, ausência de grupos funcionais polares ou presença de um único grupo funcional polar), tornando os valores de interações intermoleculares muito próximos. 74 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados apresentados neste trabalho indicam que óleos essenciais podem ser considerados fontes promissoras de substâncias bioativas inibidoras de urease. Dentre as nove amostras avaliadas determinou-se que os óleos essenciais de Rosmarinus officinalis, Cymbopogon citratus, Cymbopogon winterianius e Citrus sinensis são promissores inibidores de urease. Sendo assim, estudos posteriores são necessários para verificar se in vivo estes óleos apresentaram efeito sobre a bactéria H. pylori. A partir de estudos in silico com os constituintes majoritários dos óleos essenciais bioativos, determinou-se que os compostos D-limoneno, eucaliptol e geranial interagem com resíduos de aminoácidos localizados no sítio ativo da enzima urease. O resultado apresentado pelo D-limoneno, por exemplo, é concordante com os dados de Rozza et al. (2011) que reportaram que este monoterpeno apresentou, in vitro, atividade inibidora de H. pylori. A partir dos resultados apresentandos verifica-se que o D-limoneno e os outros dois monoterpenos citados podem inibir a enzima urease, podendo ser considerados substâncias bioativas passíveis de controlar doenças ocasionadas por H. pylori. Além disso, verificou-se que os constituintes majoritários dos óleos de Rosmarinus officinalis, Cymbopogon citratus, Cymbopogon winterianius e Citrus sinensis possuem propriedades farmacocinéticas desejadas para fármacos, além de apresentarem baixo ou nulo potencial toxicológico. Os estudos in vitro e in silico convergem para justificar a atividade inibidora de urease através de um mecanismo de inibição reversível competitivo, baseado na interação de determinados constituintes dos óleos essencias no sítio ativo da enzima. Do ponto de vista da Química Medicinal os monoterpenos D-limoneno, eucaliptol e geranial podem ser considerados protótipos de fármacos, uma vez que modificações moleculares destes compostos podem otimizar atividades biológicas/farmacológicas e minimizar efeitos indesejados. 75 7 REFERÊNCIAS AZEREDO, Francine J.; UCHÔA, Flávia De Toni; COSTA, Teresa Dalla. Papel da Glicoproteína-P na Farmacocinética e nas Interações Medicamentosas. Rev. Bras. Farm., v.90, n.4, p.321-326, 2009 BAPTISTA, Maria G. de F. M. Mecanismos de Resistência aos Antibióticos. 2013. 51 f. Dissertação (Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas), Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, 2013. BARBOSA, Luiz C. A., et al. 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Espectro de massas do composto acetato de bornila. Anexo 14. Espectro de massas do composto β-cariofileno. Anexo 15. Espectro de massas do composto humuleno. 91 Anexo 16. Espectro de massas do composto α-felandreno. Anexo 17. Espectro de massas do composto δ-terpineol. Anexo 18. Espectro de massas do composto estragol. 92 Anexo 19. Espectro de massas do composto p-anisaldeído. Anexo 20. Espectro de massas do composto cis-anetol. Anexo 21. Espectro de massas do composto trans-anetol. 93 Anexo 22. Espectro de massas do composto cetona anísica. Anexo 23. Espectro de massas do composto anisil acetona. Anexo 24. Espectro de massas do composto α-bergamoteno. 94 Anexo 25. Espectro de massas do composto γ-muruleno. Anexo 26. Espectro de massas do composto nerolidol. Anexo 27. Espectro de massas do composto 6-metil-5-hepten-2-ona. 95 Anexo 28. Espectro de massas do composto 4-nonanona. Anexo 29. Espectro de massas do composto cis-verbenol. Anexo 30. Espectro de massas do composto neral. 96 Anexo 31. Espectro de massas do composto lemonol. Anexo 32. Espectro de massas do composto geranial. Anexo 33. Espectro de massas do composto nerol. 97 Anexo 34. Espectro de massas do composto m-eugenol. Anexo 35. Espectro de massas do composto δ-cadineno. Anexo 36. Espectro de massas do composto γ-muruleno. 98 Anexo 37. Espectro de massas do composto óxido de cariofileno. Anexo 38. Espectro de massas do composto miristato de isopropila. Anexo 39. Espectro de massas do composto nonadecanol. 99 Anexo 40. Espectro de massas do composto esqualeno. Anexo 41. Espectro de massas do composto isopulegol. Anexo 42. Espectro de massas do composto citronelal. 100 Anexo 43. Espectro de massas do composto decanal. Anexo 44. Espectro de massas do composto citronelol. Anexo 45. Espectro de massas do composto guaniol. 101 Anexo 46. Espectro de massas do composto metil-eugenol. Anexo 47. Espectro de massas do composto metil m-eugenol. Anexo 48. Espectro de massas do composto α-elemol. 102 Anexo 49. Espectro de massas do composto nerolidol. Anexo 50. Espectro de massas do composto t-cadinol. Anexo 51. Espectro de massas do composto eudesmol. 103 Anexo 52. Espectro de massas do composto α-cadinol. Anexo 53. Espectro de massas do composto acetato de isobornila. Anexo 54. Espectro de massas do composto eugenol. 104 Anexo 55. Espectro de massas do composto guaiol. Anexo 56. Espectro de massas do composto acetato de eugenila. Anexo 57. Espectro de massas do composto γ-terpineno. 105 Anexo 58. Espectro de massas do composto cis-óxido de limoneno. Anexo 59. Espectro de massas do composto trans-óxido de limoneno. Anexo 60. Espectro de massas do composto trans-carveol. 106 Anexo 61. Espectro de massas do composto carvona. Anexo 62. Espectro de massas do composto 3-careno. Anexo 63. Espectro de massas do composto geraniol. 107 Anexo 64. Espectro de massas do composto trans-α-bergamoteno. Anexo 65. Espectro de massas do composto α-bisaboleno. Anexo 66. Espectro de massas do composto β-bisaboleno. 108 Anexo 67. Espectro de massas do composto cumarina.