1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA XIV CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA Liana Conrado França Principais antibióticos utilizados em hospitais brasileiros nos últimos 10 anos. Florianópolis – SC Abril - 2012 2 Liana Conrado França Principais antibióticos utilizados em hospitais brasileiros nos últimos 10 anos. Monografia apresentada ao XIV Curso de Especialização em Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Saúde Pública Orientador: Prof. Dr. Alcides Milton da Silva. Florianópolis Abril - 2012 3 AGRADECIMENTOS À minha família, em especial à minha mãe, por todo o apoio e confiança concedidos em todos os momentos. Agradecimento especial à amiga Luciana Costa pela amizade, carinho, paciência e incentivo sempre. Agradeço ao meu orientador, professor Alcides Milton da Silva, pela atenção e dedicação dispensados Agradeço ao meu namorado Cláudio pela paciência, pela ajuda na elaboração desse trabalho, bem como por sua parceria sempre. Além disso, agradeço também a todas as pessoas que, de uma forma ou outra, auxiliaram na realização deste trabalho. 4 França, L. C RESUMO O presente trabalho se propôs a realizar uma análise descritiva sobre o perfil dos antibióticos mais utilizados nos hospitais brasileiros nos últimos dez anos levando em consideração para a análise comparativa, a metodologia Anatomical Therapeutic Chemical/Defined Daily Dose (ATC/DDD), faixa etária e, por fim, a análise em conjunto de todos os trabalhos encontrados. Os resultados mostraram que os grupos de antimicrobianos mais prescritos em todas as análises feitas foram as cefalosporinas e as penicilinas. Palavras-chave: antimicrobianos, hospitais 5 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA XIV CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA Principais antibióticos utilizados em hospitais brasileiros nos últimos 10 anos. Liana Conrado França Essa monografia foi analisada pelo professor orientador e aprovada para obtenção do grau de Especialista em Saúde Pública no Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, 13 de abril de 2012 . Profª Dra. Jane Maria de Souza Philippi. Coordenadora do Curso. Prof. Dr. Alcides Milton da Silva Orientador do trabalho. 6 ÍNDICE AGRADECIMENTOS 3 RESUMO 4 7 1. INTRODUÇÃO 8 2. METODOLOGIA 8 3. OBJETIVOS 4. REVISAO DE LITERATURA 9 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 12 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 20 7. REFERÊNCIAS 22 7 1. INTRODUÇÃO Os medicamentos são um dos principais instrumentos utilizados no tratamento das doenças, e podem proporcionar o prolongamento da expectativa de vida das pessoas bem como promover benefícios de ordem econômica e social. Fazem parte desse universo, os antimicrobianos que são agentes farmacológicos com características próprias e únicas, e por isso pertencem ao grupo de medicamentos mais prescritos pelos profissionais da saúde. (MONREAL, 2009) Ao mesmo tempo que os antimicrobianos representam uma importante classe de medicamentos no tratamento da saúde das pessoas, o uso inapropriado desses fármacos tem acarretado sérias consequências aos pacientes, como: processos alérgicos, dificuldades no manejo de infecções, além de contribuir para o aumento dos custos do sistema de saúde e dos próprios hospitais. Assim, há a necessidade de se reavaliar as práticas hoje exercidas na prescrição dos antimicrobianos e também na dosagem ministrada aos pacientes, a fim de que se estabeleça uma reflexão sobre o uso racional desses medicamentos. Face ao exposto, o presente trabalho pretende trazer essa discussão à tona, apresentando um panorama a respeito dos antimicrobianos mais prescritos, os grupos a que pertencem e as prescrições mais prevalentes por faixa etária. 8 2. METODOLOGIA O presente trabalho seguiu um modelo de estudo descritivo com coleta de dados retrospectiva a partir dos registros de consumo de antimicrobianos do período de 1999 a 2009 dispensados observados em diversos trabalhos publicados nos periódicos disponíveis no portal CAPES, de artigos científicos disponíveis nas principais base de dados como Pubmed, Medline, SciELO e LILACS, bem como sites de busca. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Realizar análise comparativa do uso do grupo de antibióticos mais utilizados nos hospitais brasileiros no período de1999 a 2009. 3.1.1 Objetivos Específicos Fazer o levantamento dos estudos publicados nos periódicos nacionais e internacionais sobre o perfil de uso de antibióticos nos hospitais brasileiros; Proceder uma revisão de literatura sobre a evolução dos antimicrobianos; Identificar o tipo de antimicrobiano mais utilizado de acordo com classes de faixas etárias; Analisar o uso de antimicrobianos ministrados nos hospitais de acordo com o critério de classificação Anatomical Therapeutic Chemical/Defined Daily Dose (ATC/DDD); Analisar o perfil de uso antimicrobianos ministrados nos hospitais sem o uso do sistema de classificação ATC/DDD. 9 4 REVISÃO DE LITERATURA 4.1 A Evolução dos Antibióticos e o Desenvolvimento da Resistência Microbiana Os antimicrobianos são substâncias de origem natural ou semi sintética com capacidade de inibir o crescimento de patógenos ou destruí-los e que podem ser classificados em: antibacterianos, antifúngicos, antiprotozoários, anti-helmínticos e antivirais. Em relação à sua origem, são divididos em dois grupos: os antibióticos (produzidos por bactérias e fungos) e os quimioterápicos (sintetizados parcialmente ou totalmente em laboratório), porém o termo antibiótico é normalmente utilizado para se referir aos dois grupos. (SCHENKEL, MENGUE, PETROVICK, 2004; WU et al, apud JACOBY, 2008). Em 1928, Alexander Fleming em uma de suas experiências notou que uma substância produzida pelo fungo Penicillium notatum havia inibido o crescimento da bactéria Staphylococcus aureus na placa de Petri. Essa substância descoberta ao acaso ficou conhecida como penicilina. No entanto, apesar da penicilina não apresentar ação tóxica sobre o organismo, Fleming não conseguiu produzir esse componente em quantidade suficiente para emprega-lo sistematicamente visto que foi observada uma característica de extrema relevância: a instabilidade. (JOKLIK, 1996 apud SANTOS, 2007; TORTORA, FUNKE, CASE, 2005). A produção da penicilina em larga escala só veio a ocorrer depois que o médico alemão Gehard Domagk demonstrou que uma sulfonamida, a sulfanilamida, era efetivo no tratamento de infecções estreptocócicas em ratos. A partir desse momento, a atenção da indústria farmacêutica bem como da dos cientistas se voltou a esses fármacos no intuito de tentar desenvolver seus derivados. Esse fato, também fez com que pesquisadores da Universidade de Oxford retomassem os estudos com a penicilina e obtivessem êxito para a produção em massa da penicilina em 1940, após intensivos estudos. com o isolamento de linhagens de Penicilium com alta produção. (RANG et al, 2004; TORTORA, FUNKE, CASE, 2005; MOELLERING, 1995; LEVY, 2002 apud SANTOS, 2007) Ainda na década de 40 foram desenvolvidos: a classe dos anfenicóis e dos aminoglicosídeos. Nas décadas seguintes 50 e 60 foi a vez das tetraciclinas; macrolideos, glicopeptídeos, rifampicinas, quinolonas e o trimetroprim; (TAVARES, 2001). 10 O quadro 1 apresenta uma cronologia das principais descobertas de antimicrobianos até o ano 2000. Década Evento 1920 Descoberta da penicilina. 1930 Descoberta sulfonamida e gramicidina. 1940 Introdução da penicilina e descoberta da estreptomicina, bacitracina, cefalosporinas, cloranfenicol, clortetraciclina e neomicina. 1950 Descoberta da oxitetraciclina, eritromicina, polimixina, vancomicina e kanamicina. 1960 Descoberta da espectinomicina, gentamicina, clindamicina, e fosfomicina. Introdução da meticilina, ampicilina, cefalosporinas, vancomicina e doxicilina. 1970 Descoberta a tobramicina e cefamicinas. Introdução da rifampicina, minociclina, cotrimazol e amicacina. 1980 Descoberta da daptomicina. Introdução da amoxicilina/clavulanato, imipenem/cilastatina e ciprofloxacina. 1990 Relato da linezolida, ketolídios (telitromicina) e glicilciclinas (tigeciclina). Introdução da azitromicina, claritromicina e quinupristina/dalfopristina. 2000 Introdução da linezolida, daptomicina, telitromicina e tigeciclina. Quadro 1: Cronologia da descoberta, relato ou introdução dos novos antibacterianos (1928 - 2007). Fonte: SANTOS (2007) Observa-se no quadro ora apresentado que da década de 20 até o ano 2000 a diversidade de antimicrobianos cresceu significativamente, aumentando enormemente as opções dos médicos na possibilidade de tratar o paciente no ambiente hospitalar. 4.1.1 O Uso dos Antimicrobianos no Ambiente Hospitalar “A ocorrência das infecções hospitalares e suas práticas de controle têm uma estreita relação com a história. Assim, desde o surgimento dos hospitais, as infecções hospitalares existem”. (MOZACHI, 2005 apud BOUZADA, 2009, p. 15). Lacerda e Egry (1997) consideram a infecção hospitalar como toda infecção que é transmitida ou adquirida no ambiente hospitalar e mencionam que seu surgimento ocorreu no período medieval, época em que foram criadas as instituições concebidas como alojamentos dos doentes ou não, peregrinos, pobres e inválidos. Segundo Bolufer & Montero (2004 apud Rodrigues & Bertoldi 2010) os fármacos de uso mais frequente em hospitais, são os antimicrobianos. Estes são ministrados tanto em 11 ações terapêuticas quanto profiláticas e são utilizados em uma média de 40% dos pacientes hospitalizados em tratamento. Porém, é importante salientar que no ambiente hospitalar esses medicamentos quando utilizados, afetam não só os pacientes, mas interferem também e de forma relevante, a microbiota ambiental do hospital (BANTAR et al, 2003 apud CARNEIRO et al, 2011; TAVARES, 2006; HOLLOWAY & GREEN, 2003 apud. BESEN, 2008). Além disso, ressalta-se que os pacientes internados são particularmente mais susceptíveis a adquirirem infecções hospitalares uma vez que estão expostos a uma variedade de microorganismos patogênicos, principalmente em Unidade de Terapia de Intensiva (UTI), onde o uso de antimicrobianos potentes de amplo espectro é a regra e os procedimentos invasivos é rotina. (MOURA et al, 2007). Se por um lado, a diversidade de antimicrobianos utilizados no ambiente hospitalar aumentou significativamente a cura e sobrevida dos pacientes; por outro, seu uso indiscriminado acelerou o processo de seleção e resistência. (OLIVEIRA e BRANCO, 2007). 4.1.2 A importância do controle do uso de antimicrobianos em hospitais A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe que, para que haja o uso racional de medicamentos é necessário primeiro, considerar a necessidade de uso do medicamento; segundo, que se prescreva o medicamento adequado, conforme os parâmetros de eficácia e segurança comprovados e aceitáveis. (BRASIL, 1998). Nos países em desenvolvimento a questão do uso indiscriminado é mais grave, pois em geral esses produtos são vendidos livremente, sem receita no comércio, e as medidas de controle nos hospitais são inconsistentes. (WHO, 2012). Rumel, Nishioka e Santos, 2006 apud Besen, 2008, enfatizam que “há milhares de substâncias ativas e associações no mercado de medicamentos e novas opções são oferecidas aos profissionais prescritores diariamente, dificultando a escolha do medicamento mais adequado”. A resistência bacteriana é resultado da utilização tanto adequada quanto inadequada, tanto profilática quanto empírica de antimicrobianos e da administração de doses subterapêuticas e de duração prolongada. (WARM et al, 2005; BANTAR et al, 2003 apud CARNEIRO, 2011). Porém uso excessivo dos antimicrobianos além de contribuir para o desenvolvimento de resistência bacteriana também é responsável pelo considerável aumento 12 dos custos hospitalares e dos riscos de reações adversas a medicamentos. (PHILMON et al, 2006 apud RODRIGUES e BERTOLDI, 2010). De acordo com Mcgowan (2001 apud França e Costa, 2006, p.225) os atores do processo de uso/fornecimento de antimicrobianos são afetados de modo diferente em relação ao impacto econômico causado pela resistência bacteriana, são eles: Prescritor: tem o custo da ineficácia da terapia convencional, com eventual perda de pacientes. Pacientes: tem o custo da doença não solucionada e de eventual morte; onera-se com a exigência de medicamento alternativo, usualmente mais caro. Sistema público de saúde: gasta excessivamente, desequilibrando recursos geralmente escassos. Visão social: há redução de fonte de saúde (infecções mais graves, menos fármacos eficazes) para a população. Indústria farmacêutica: estímulo para o desenvolvimento de novos produtos. A partir desse panorama exposto, é de grande relevância a realização de estudos que permitam detectar problemas e realizar comparações em diferentes espaços geográficos e diferentes locais sanitários. Estes estudos podem servir de ajuda para que os gestores possam revisar a política de antimicrobianos existente e possa avaliar sua aceitação e cumprimento. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5. Análise dos Estudos sobre o Consumo de antimicrobianos em hospitais 5.1. Análise sobre o uso por tipo de antimicrobiano mais utilizado de acordo com classes de faixas etárias; A população pediátrica, bem como a população idosa exigem uma maior atenção por parte dos profissionais de saúde visto que são grupos populacionais que se apresentam mais susceptíveis a adquirem infecções. Além do mais, cabe ressaltar que os ensaios clínicos adotados nas pesquisas de desenvolvimento de novos medicamentos utilizam experimentos em animais e quando os testes avançam para a fase na qual se inclui a análise em voluntários, esse grupo é constituído por adultos, pois as crianças são consideradas como um grupo vulnerável. Esse grupo também apresenta características próprias no que se refere à farmacocinética das drogas em função das variações da composição corporal e pela maturação dos sistemas de metabolismo e excreção. (HOLLOOWAY, 2003 apud FRANCA e COSTA, 2006). Com isso, tem-se um grande número de medicamentos que acabam sendo prescritos empiricamente para tratamento em pacientes infantis. (BRINDES et al., 1997; 13 KAUFFMAN & KEARNS, 1992; LEITE, 1998; YAFFE & ARANDA, 1992 apud IFTODA et. al., 2005). Para agravar ainda mais a situação, destaca-se ainda o fato de muitas vezes ocorrerem prescrições errôneas, utilização de doses incorretas e a adoção de esquemas posológicos incompatíveis. (GRINDER & MASSANARI, 1992, KOZER et al., 2002; LESAR, 1998 apud IFTODA et. al., 2005). Já em relação aos idosos, verifica-se que esse grupo tende a apresentar um número maior de processos patológicos crônicos e eventualmente afecções agudas em função de alterações fisiológicas do processo de envelhecimento e os procedimentos invasivos ao qual possam ser submetidos. Além disso, apresentam reduzida capacidade de reagir a infecções e devido ao fato de frequentemente já fazerem uso de outros medicamentos usualmente, a escolha do antimicrobiano a ser utilizado deve ser feito com cautela pois existe uma grande possibilidade de ocorrência de interações medicamentosas. (BORGUI, 2007; MARTINS et. at. 2008; MOSEGUI et. al., 1999 apud CAZARIM et al., 2010; BARROS et al., 2001 apud RODRIGUES e BERTOLDI, 2010). Tendo como base o quadro 2 apresentado a seguir, é possível observar que as classes de antibióticos mais contempladas para uso no ambiente hospitalar foram basicamente quatro: cefalosporinas, penicilinas, aminoglicosídeos e macrolídeos. Destas, a classe das cefalosporinas foi a que se apresentou mais prevalente como fármaco primeiramente mais prescrito. Há ainda de se evidenciar o fato de que mesmo nos trabalhos em que a faixa etária incluía crianças, as cefalosporinas e as penicilinas foram os grupos de antimicrobianos que prevaleceram. Nota-se portanto que as penicilinas ainda são amplamente utilizados, mesmo depois de muitos fármacos terem sido desenvolvidos e disponibilizados no mercado após a sua introdução, pois estas constituem fármacos de escolha para o tratamento de inúmeras doenças infecciosas. Atualmente, um grande número de variações com diferentes propriedades farmacológicas foram obtidas devido às modificações feitas em sua estrutura e hoje as penicilinas são classificadas em: benzilpenicilinas ou penicilinas G, penicilinas resistentes às betalactamases, aminopenicilinas e penicilinas de amplo espectro, obtidas por associação com inibidores de β-lactamase. (FUCH, 2004; TAVARES, 2006; PETRI JR, 2006 apud BENSEN, 2008). As penicilinas em si causam poucos efeitos tóxicos diretos, exceto quando administrados via retal, podem ser responsáveis por seu efeito pró – convulsivante. Os efeitos adversos causados por esses fármacos estão relacionados às reações de hipersensibilidade, 14 decorrentes dos produtos de degradação da penicilina que se tornam antigênicos quando se combinam com proteína do hospedeiro. Os sintomas estão relacionados ao aparecimento de erupções cutâneas, febre , à manifestação da doença do soro e raramente ao choque anafilático agudo que em alguns casos pode até mesmo ser fatal. (RANG et al, 2004). Ainda em relação ao quadro exposto, é possível perceber que optou-se por outras classes de antimicrobianos em detrimento ao uso de fluorquinolonas em todas as faixas etárias, mas que atenção especial deve ser dada ao uso destes fármacos em crianças e adolescentes visto que seu uso ainda é considerado controverso, devido à falta do estabelecimento de critérios de segurança de modo que quando do seu uso, este possa ser justificado em circunstâncias consideradas especiais, avaliando-se caso a caso e os riscos e benefícios para o paciente. (GONCALVES, CAIXETA, REIS, 2009). Autor(es)/ Ano Faixa(s) Etária(s) Resultados Local (is) Oliveira e Branco/2007 < 30 anos - 12 Pessoas 30 - 60 anos 34 Pessoas > 60 anos - 72 Pessoas Cefalosporina 3ª e 4ª gerações, Quinolonas Hospital Regional do Guará - DF Marchete et al./2010 < 30 anos Iftoda et al./2005 < 30 anos França, Costa/2006 < 30 anos Carneiro et al./2011 0 - 99 anos Freire, Souza/2009 < 30 anos Diefenthaeler /2007 > 12 anos Penicilinas, Cefalosporinas, Aminoglicosídeos Penicilinas (Ampicilina), Cefalosporina 1ª geração (Cefalotina), Aminoglicosídeos (Amicacina) Penicilinas (Ampicilina), Cefalosporina 3ª geração (Ceftriaxona),Aminoglico sídeos (Amicacina) Cefalosporinas 1ª geração, Quinolonas Cefalosporinas, Penicilinas Naturais e (Penicilinas Sintéticas, Aminoglicosideos e Macrolídeos) Cefalosporinas 3ª geração, Quinolonas Hospital Geral de Linhares - ES Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba Hospital Infantil Luis França - CE Hospital Santa Cruz - RS Hospital Dom Orione - TO Hospital Universitário de Passo Fundo - RS 15 Quadro 2. Análise sobre o uso por tipo de antimicrobiano mais utilizado de acordo com classes de faixas etárias 5.2 Análise do uso de antimicrobianos ministrados nos hospitais de acordo com o critério de classificação Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) / Dose Diária Definida - Defined Daily Dose (DDD). O sistema Anatômico Terapêutico e Químico – ATC (Anatomical Therapeutic Chemical) é a unidade de medida técnica, conhecida como Dose Diária Definida - DDD (Defined Daily Dose ) foram desenvolvidos na Noruega no início da década de 70 pelo Norwegian Medical Depot (NMD). De acordo com o sistema ATC, os fármacos são divididos em diferentes grupos, levando em consideração para essa classificação o órgão ou sistema no qual atua o medicamento e as propriedades químicas, farmacológicas e terapêuticas dos fármacos. Para que se possa mensurar esses fármacos, adota-se a unidade de medida técnica DDD como uma dose média de manutenção por dia para um determinado medicamento de acordo com a sua principal indicação em adultos. Nesse sentido, a metodologia ATC/DDD acabou se tornando uma referência que passou a ser recomendada pela World Health Organization (WHO) quando da realização de estudos internacionais com a utilização de medicamentos. (ORDOVÁS;CLIMENTE;POVEDA apud BENSEN, 2002). A comparação dos trabalhos publicados que adotam a metodologia ATC/DDD permitiu observar de acordo com o quadro 3 que as classes de antimicrobianos que mais se repetiram foram: as cefalosporinas, penicilinas e as quinolonas, sendo que as cefalosporinas foram os fármacos que apareceram em primeiro lugar como os mais prescritos em mais hospitais brasileiros. Esse prevalente consumo das cefalosporinas em ambientes hospitalares também aparece com frequência em muitos trabalhos internacionais publicados e apontados nos próprios estudos utilizados como referências para a análise comparativa da autora. Autor(es)/Ano Monreal et al./ 2009 Faixa(s) Etária(s) Resultados Local(is) ≥ 18 anos Cefalosporinas, Fluorquinolonas, Cliníca Médica do HUMS e pacientes HIV no 16 Glicopeptideos Gonçalves, Caixeta, Reis/ 2009 Hospital Dia Prof. Esterina Corsini < 30 anos Penicilinas Amplo Espectro, Cefalosporinas 1ª, 2ª, 3ª e 4ª geração, Macrolideos HU-MG Pediatria e Geral Rodrigues, Bertoldi/2008 0 - 19 anos 104 Pessoas 20 - 49 anos 253 Pessoas 50 - 69 anos 256 Pessoas Cefalosporinas, Penicilinas, Fluorquilononas, Aminoglicosídeos Hospital Regional Unimed - Santa Maria RS Santos et al./ 2007 > 30 anos Hospital Santa Luzia DF Franco et al./ 2005 > 20 anos Penicilinas, Cefalosporinas 3º geração, Quinolonas Cefalosporinas, Fluoroquinolonas, Penicilinas Santos, LauriaPires/2010 > 18 anos Penicilinas/Inibidores βLactamase, Cefalosporina 3ª geração, Quinolonas, Carbapenêmicos Hospital Terciário - RJ Hospital Regional de Ceilândia, Hospital Regional de Taguatinga, Hospital Santa Luzia Cefalosporinas 3ª e 4ª Hospital Regional de gerações, Carbapenêmicos, Taguatinga Aminoglicosideos Quadro 3: Análise do uso de antimicrobianos ministrados nos hospitais de Carneiro/2006 > 14 anos acordo com o critério de classificação ATC/DDD. Apesar de as cefalosporinas não serem consideradas fármacos de escolha para infecções específicas conhecidas, elas possuem a característica de possuírem um amplo espectro de ação que exercem atividade contra bactérias gram positivas e gram negativas além do fato de serem consideradas pouco tóxicas. Na atualidade, dispõe-se de um grande número de cefalosporinas, sendo que estas fazem parte de grupos nos quais a sua tradicional classificação é baseada na atividade bacteriana e características farmacocinéticas e farmacodinâmicas. São elas: Cefalosporinas de primeira geração, segunda geração, terceira geração e quarta geração. (REESE; BETTS, 1996; BQRROS et al., 2001; PETRI JR, 2006 apud BENSEN). É possível notar, considerando o quadro 3, que alguns trabalhos especificam o subtipo de cefalosporinas mais prescritos, enquanto que outros não o fazem. Sob esse aspecto portanto, considera-se que não seja possível fazer uma análise mais detalhada a respeito de tal fato. 17 5.3 Análise do perfil de uso antimicrobianos ministrados nos hospitais sem o uso do sistema de classificação ATC/DDD. Em acordo com demais análises apresentadas, verifica-se que os antimicrobianos mais prescritos de um modo geral, sem levar em conta a adoção ou não da metodologia ATC/DDD como critério para comparação, que os grupos antimicrobianos prevalentes como mais prescritos foram principalmente as cefalosporinas e as penicilinas (quadro 4). Percebe-se que os glicopeptídeos não aparecem como os fármacos que apresentam maior uso no ambiente hospitalar. Os glicopeptídeos são drogas de alto peso molecular, que possuem em sua composição açúcar e aminoácidos e que possuem poucos representantes dessa classe: a vancomicina, é um glicopeptídeo disponível nos Estados Unidos e no Brasil, enquanto que a teicoplamina é um exemplo de glicopetídeo disponibilizado em partes da Europa. Além de possuírem poucos representantes, esses fármacos são incapazes de penetrarem a membrana celular das bactérias em função do seu alto peso molecular e portanto sua atividade acaba ficando restrita às bactérias Gram positivas. A vancomicina é usada em geral como uma alternativa aos β-lactâmicos em pacientes que apresentam reações alérgicas a estes agentes, pois esses dois grupos não apresentam reações cruzadas. (PAGE et al, 2004.) Os aminoglicosídeos assim como os macrolídeos apareceram com uma certa frequência nos trabalhos utilizados, apesar de não serem os grupos de antimicrobianos que representam um maior percentual de utilização. Os aminoglicosídeos são fármacos que consistem em dois ou mais açúcares unidos por ligações glicosídicas a um anel aminociclitol. Eles penetram na célula bacteriana utilizando o sistema de transporte dependente de oxigênio, ausente nas bactérias anaeróbias e nos estreptococos e portanto, não devem ser usados contra essas bactérias, visto que estas apresentam-se constitutivamente resistentes aos aminoglicosídeos. Os aminoglicosídeos ainda apresentam duas importantes toxicidades dependentes da dose e da duração do seu uso: a nefrotoxicidade e a otoxicidade (auditiva e vestibular). Como apresentam essa importante toxicidade, o emprego destes agentes ê limitado às infecções graves por Enterobacteriacea e Pseudomonas .aeruginosa e geralmente no contexto hospitalar. (PAGE et al, 2004.) 18 Autor(es)/Ano Faixa(s) Etária(s) Resultados Local(is) Oliveira e Branco /2007 < 30 anos - 12 Pessoas 30 - 60 anos 34 Pessoas > 60 anos - 72 Pessoas Cefalosporina 3ª e 4ª gerações, Quinolonas Hospital Regional do Guará - DF Marchete et al./2010 < 30 anos Penicilinas, Cefalosporinas, Aminoglicosídeos Hospital Geral de Linhares - ES ≥ 18 anos Cefalosporinas, Fluorquinolonas, Glicopeptideos Cliníca Médica do HUMS e pacientes HIV no Hospital Dia Prof. Esterina Corsini Gonçalves, Caixeta, Reis/2009 < 30 anos Penicilinas Amplo Espectro, Cefalosporinas 1ª, 2ª, 3ª e 4ª geração, Macrolideos HU-MG Pediatria e Geral Rodrigues, Bertoldi/2008 0 - 19 anos 104 Pessoas 20 - 49 anos 253 Pessoas 50 - 69 anos 256 Pessoas Cefalosporinas, Penicilinas, Fluorquilononas, Aminoglicosídeos Hospital Regional Unimed - Santa Maria RS Monreal et al./2009 Iftoda et al./2005 < 30 anos França, Costa/2006 < 30 anos Carneiro et al./2011 0 - 99 anos Freire, Souza/2009 < 30 anos Santos et al./2007 > 30 anos Franco et al./2005 > 20 anos Penicilinas (Ampicilina), Cefalosporina 1ª geração (Cefalotina), Aminoglicosídeos (Amicacina) Penicilinas (Ampicilina),Cefalosporina 3ª geração (Ceftriaxona),Aminoglicosí deos (Amicacina) Cefalosporinas 1ª geração, Quinolonas Cefalosporinas, Penicilinas Naturais e (Penicilinas Sintéticas, Aminoglicosideos e Macrolídeos) Penicilinas, Cefalosporinas 3º geração, Quinolonas Cefalosporinas, Fluoroquinolonas, Penicilinas Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba Hospital Infantil Luis França - CE Hospital Santa Cruz - RS Hospital Dom Orione TO Hospital Santa Luzia DF Hospital Terciário - RJ 19 Cazarim et al./2010 > 60 anos Santos, LauriaPires/2010 > 18 anos Carneiro/2006 > 14 anos Diefenthaeler/ 2007 > 12 anos Quinolonas (Ciprofloxacino), Cefalosporina de 1ª geração (Cefalotina),Cefalosporina de 3ª geração (Ceftriaxona) Penicilinas/Inibidores βLactamase, Cefalosporina 3ª geração, Quinolonas, Carbapenêmicos Cefalosporinas 3ª e 4ª gerações, Carbapenêmicos, Aminoglicosideos Cefalosporinas 3ª geração, Quinolonas HU Juiz de Fora - MG Hospital Regional de Ceilândia, Hospital Regional de Taguatinga, Hospital Santa Luzia Hospital Regional de Taguatinga Hospital Universitário de Passo Fundo - RS Quadro 4: Análise do perfil de uso antimicrobianos ministrados nos hospitais sem o uso do sistema de classificação ATC/DDD 20 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desde que Fleming descobriu ao acaso que a substância produzida pelo fungo do gênero Penicillium era capaz de inibir o crescimento de certas bactérias numa placa de Petri, muitos esforços foram dispendidos no sentido de tentar produzir essas substâncias em larga escala. Inúmeros fármacos foram então desenvolvidos com a capacidade de matar ou inibir o crescimento de bactérias. No entanto, verificou-se pouco tempo depois e ao contrário do que se pensava, que esses não “remédios milagrosos” que detinham a capacidade de propiciar a cura para todas as infecções. Foi então que tornou-se evidente o fato de que muitos fármacos não eram mais eficientes no “combate” a infecções antes consideradas suscetíveis à ação dos mesmos.(JANEBRO et al., 2008). Esse novo quadro serviria para mostrar que os antimicrobianos deveriam ser utilizados com muito mais cautela do que vem sendo utilizado, porém não é o que vem sendo observado nos trabalhos publicados. Para se considerar o uso do antimicrobiano deveria sempre se avaliar a real necessidade do uso desse medicamento, levando em consideração os riscos/benefícios apresentados aos pacientes haja vista as inúmeras reações de natureza alérgica ocorridas. Ocorre que muitas vezes essas substâncias são prescritas de forma empírica, sem que se analise os exames microbiológicos que possibilitam uma orientação mais detalhada e segura a respeito do agente causador da infecção e que poderia servir como base para a escolha do antimicrobiano adequado. Considerando os quadros apresentados, é imprescindível que se desenvolva programas que possam ser implementados nos hospitais bem como comissões formadas por profissionais multidisciplinares com o intuito de se avaliar a utilização dos antimicrobianos prescritos quanto à sua real necessidade, posologia, tempo de tratamento dentre outros aspectos, no intuito de se fazer intervenções pontuais que proporcionem um uso racional desses medicamentos. Para tanto, os profissionais envolvidos nesse processo, principalmente os profissionais prescritores, devem estar inseridos em programas de educação continuada a fim de tornar o processo mais eficiente. Com isso, não só os pacientes seriam beneficiados, mas também esse fato serviria para melhorar o atendimento nos hospitais, visto que isso afetaria de maneira considerável os gastos hospitalares com tratamentos desnecessários e mais investimentos poderiam ser feitos em outras áreas . Percebe-se portanto uma necessidade de mais estudos envolvendo os antimicrobianos com o propósito de se conhecer um pouco mais sobre o perfil dos medicamentos utilizados 21 no ambiente hospitalar bem como dos pacientes que utilizam esses medicamentos a fim de que se possa promover o uso racional desses medicamentos haja vista que o problema da resistência bacteriana é um problema de saúde pública. 22 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BESEN, Zuleide Gonzaga da Silva. 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