Dengue diagnóstico e manejo clínico Lúcia Alves da Rocha Introdução ¾ Expansão em áreas tropicais e subtropicais ¾ Considera-se 2,5 a 3 milhões de pessoas vivem em área de risco (Eric Martínez,2005); ¾ Estima-se de 50 a 100 milhões de casos/ano ¾ Relação caso-mortalidade: média mundial de 5% (Siripen K e Suchitra N, 2004) Situação atual Brasil, jan – mar/2009 ●Casos notificados: 126.139 ●FHD confirmados: 235 16 óbito ●Dengue com complicação: 368 ●72% FHD: 7 óbitos ¾Bahia (30%) ¾Espírito Santo (15,8%) ¾Mato Grosso (11,5%) ¾Roraima (9%) ¾Minas Gerais (6%) Fonte: Informe epidemiológico da dengue, semana 1 a 10 de 2009-SVS/MS Como adquirimos dengue? Vírus + vetor + suscetível Aedes aegypti ●Nas Américas Pessoas sem Ac específicos ●Habitats urbano-domésticos Família: Flaviviridae (domiciliares e peridomiciliares) Gênero: Flavivirus Vírus RNA Sorotipos: DEN-1: 1Imunidade: Homologa e Heteróloga 5 Todos podem causar doença grave DEN-2: 1Algumas variantes são mais virulentas 6 DEN-3: 14 Manifestações clínicas do dengue Assintomática Febre indiferenciada Dengue clássico Sintomáticas Febre Hemorrágica do Dengue Dengue com complicação Dengue Manifestações clínicas Forma Febre Inaparente indiferenciada Adaptação: Dr. Eric Martínez Dengue Clássica FHD Dengue Febre indiferenciada ¾ Mais comum entre as formas sintomáticas do dengue; ¾ Indistinguível de outras doenças virais agudas; ¾ Lactentes e pré-escolares Dengue Clássico ¾ Febre ¾ Cefaléia ¾ Prostração ¾ Mialgia e artralgia ¾ Exantema ¾ M. Hemorrágicas ¾ Adulto Febre Hemorrágico do Dengue ¾ Defervescência da febre (3º e 7º dia) ¾ Manifestações hemorrágicas ¾ Trombocitopenia (≤100.000/mm3) ¾ Extravasamento de plasma ●Hemoconcentração (≥20%) ●Derrame cavitário ●Hipoalbuminemia (<3g%) ●Hipocolesterolemia (≤100mg%) (Siripen e Suchitra, 2004) Alterações laboratoriais na FHD ¾Hemograma ●Leucograma - variável ●Hemoconcentração ●Plaquetopenia ●Linfocitose com atipia linfocitária ¾Bioquímica ●Albumina: hipoalbuminemia (<3g%) ●Função hepática: discreto aumento Etiopatogenia da FHD ¾Interação entre o vírus e o hospedeiro ¾Infecção seqüencial ¾Virulência da cepa viral ¾Outras condições do hospedeiro Teoria de Halstaed - Imunoamplificação Picada do mosquito Monócito Liberação de vírus Teoria de Halstaed - Imunoamplificação Picada do mosquito Monócito + Anticorpo heterotípico Liberação de vírus Viremia Imunocomplexo VÍRUS-AC Disseminação viral aos tecidos Intestino Baço Fígado Medula óssea Teoria de Halstaed - Imunoamplificação Linfócito T específico citólise Acs específicos ativação Produção de citocinas Monócito infectado Extravasa mento de plasma Complexo Ag-Ac Ativação da via complemento Célula endotelial Hemorragias no dengue Fenômeno multicausal (Halstead, 1982d) ¾Vasculopatia ¾Trombocitopenia ¾Distúrbios da coagulação ¾Outros fatores Trombocitopenia no dengue Multifatoriais (Zucker-Franklin, 1994) ¾ Penetração do vírus nas plaquetas ¾ Os vírus podem fixar-se às plaquetas, provocando sua agregação ou degranulação Trombose intravascular com alteração das plaquetas e fatores de coagulação ¾ Mecanismo do tipo imunológico Fatores de Risco para FHD Alta densidade vetorial Alta densidade populacional Muitos suscetíveis FATORES EPIDEMIOLÓGICOS Ampla circulação viral FHD FATORES VIRAIS Sorotipo Cepa Sequência Infec. secundárias Doenças crônicas Resposta imune Crianças Raça branca Mulheres Estado nutricional FATORES DO HOSPEDEIRO Classificação da FHD (OMS) Grau I Grau II Grau III Grau IV Apresenta os quatro critérios sendo que, a prova do laço positiva é única manifestação hemorrágica. Além das manifestações do Grau I, somam-se manifestações hemorrágicas leves (epistaxe, sangramentos da pele, gengivorragia, petéquias e outros) Colapso circulatório c/ pulso fraco e rápido, estreitamento da pressão arterial ou hipotensão, pele pegajosa e fria, dor abdominal e irritabilidade Choque profundo com ausência de pressão arterial e pulso imperceptível, sangramento por CIVD, coma e morte. Síndrome do Choque do Dengue ¾ Aumento da permeabilidade vascular ¾ Hemoconcentração ¾ Falência circulatória ●Pulso rápido e fraco ●Extremidades frias/pele pegajosa ●Hipotensão Síndrome do Choque do Dengue Duração do Choque 100% 0.5 % (48-72 h) 12.0 % (24-47 h) 87.5 % (0-23 h) Eric Martínez, 2005) Dengue Sinais de Alarme Critérios para a FHD: ●Febre ●Manifestações hemorrágicas ●Extravasamento capilar ●Plaquetas ≤100.000/mm3 Primeiros Sinais de Alarme: ●Desaparecimento da febre ●Queda das plaquetas ●Aumento do hematócrito Sinais de Alarme: ●Dor abdominal severa ●Vômito prolongado ●Mudança súbita da febre para hipotermia ●Mudança no grau de consciência (irritabilidade ou sonolência) Quando desenvolve SCD: ●de 3 a 6 dias após o início dos sintomas. Exantema Morbiliforme Escarlatiniforme Petequial Atípico Manifestações hemorrágicas Dengue Prova do Laço Extravasamento capilar Dengue com complicação Insuficiência hepática Miocardiopatia Hemorragia gastrointestinal severa Púrpura trombocitopênica Pancreatite Manifestações Neurológicas Etapas da FHD Febril Crítica Recuperação Co-infecção em paciente com dengue Modificação na apresentação da doença ¾Febre tifóide ¾Pneumonia por micoplasma ¾Hepatite ¾Malária ¾Leptospirose ¾Outras Diagnóstico Diferencial do Dengue Dengue Clássica: ¾ Influenza ¾ Sarampo ¾ Rubéola ¾ Malária Febre Hemorrágica do Dengue ¾ Febre tifóide ¾ Leptospirose ¾ Meningococcemia ¾ Ricketsioses ¾ Sepse ¾ Outras febres hemorrágicas virais Dengue Critérios de internação hospitalar Manifestações hemorrágicas Hemoconcentração Vômitos Dor abdominal Dor torácica ou qualquer outro sinal de alarme Impossibilidade de seguimento ou retorno à unidade de saúde Ansiedade ou temor de familiares quanto ao estado do paciente. Critérios de alta Ausência de febre nas últimas 48 h Melhora visível do quadro clínico Hematócrito estável Contagem de plaquetas em ascensão Após 3 dias da recuperação do choque Ausência de desconforto respiratório (OPAS, 1995 a) Dengue Estadiamento clínico Grupo A Grupo B Dengue clássico sem manifestações hemorrágicas e sem sinais de alarme Dengue clássico com manifestações hemorrágicas Grupo C Dengue hemorrágico (FHD). Presença de um ou mais sinais de alarme, plaquetas ≤100.000mm³. Ausência de choque. Graus I e II Grupo D Síndrome do Choque do Dengue (SCD). Presença de sinais de choque. Graus III e IV Tratamento Dengue Grupo A Ambulatorial Grupo B ¾ Enfermarias para observação contínua ¾ Avaliação clínica cuidadosa para verificação dos sinais de alarme. ¾Hemograma c/contagem de plaquetas e albumina ¾Hidratação oral e endovenosa se for necessário. Tratamento Dengue Grupo C ¾Em caráter de urgência e mantido sob observação hospitalar. ¾Hidratação venosa imediata; ¾Os sinais vitais serão rigorosamente aferidos a cada 4 h ou 2/2h ¾Ht de 4/4 ou 6/6 h ¾Contagem de plaquetas de 24/24h ou 12/12 h Tratamento Dengue Grupo D ¾Atendido na emergência ¾Medidas de suporte: acesso venosos periféricos, reposição rápida c/ SF 0,9% ou ringer lactato e oxigenoterapia e transferido em seguida para UTI; ¾Observar hematêmese e hemorragia pulmonar Dengue em criança ¾ Síndrome febril inespecífica ¾ Apatia ou sonolência ¾ Recusa alimentar e/ou líquidos ¾ Vômito, diarréia ou fezes amolecidas ¾ A febre bifásica pode não ocorrer ¾ Nos <2anos ¾ Formas graves Dengue em criança ¾ Em <5 anos ¾ Quadro grave ¾ Agravamento súbito (no adulto é gradual) ¾ A síndrome hemorrágica grave na criança é sempre concomitante ou posterior ao quadro de choque ¾ No adulto as formas hemorrágicas podem ocorrer antes ou independe do choque. Caso 1 - Idade: 10 anos Sexo: Fem Dia da doença 1 2 3 3 X X X Mialgia X X X Prostação X X X Cefaléia 4 4 X X 5 5 6 X Exantema Febre 2 X X X Dor torácica X Dor abdom. e .Infs X X Tonteira Vomito X Petéquias X Leucócitos (mil) 4.8 3.9 2.4 2.4 1. 1.2 1.2 1.7 3.9 Hemácias (milhões) 3.9 4. 3.9 3.8 4.22 4.14 3.8 4.3 4.9 Hemoglobina 13.1 12.5 11.8 11.8 13.2 12.7 12 13.6 15.3 Hematócrito 39.2 36.7 34.9 35.1 38.8 37.3 34.8 39 43.7 Plaquetas 145 111 94 72. 61 Albumina 4.8 3.7 3.7 4.5 - 45. 24 43 73 4.7 3.9 3.7 Caso 1 (cont.) - Idade: 10 anos Dia da doença 6 7 8 9 Cefaléia x x Exantema x x x x Prostação X X X X Prova do laço + X Dor abdominal X X X X Derrame Pleural X X X X Ascite X X X X Derrame Pericárdio X X X Sexo: Fem 10 12 Artralgia Ht= 25% Mialgia Leucócitos (mil) 4.6 3.5 2.8 2.7 3.2 6.1 Hemácias (milhões) 4.8 4.5 4.4 4.3 4.4 3.9 Hemoglobina 15 13.9 13.5 13.1 13.5 11.7 Hematócrito 42.7 40.9 39.8 38.5 39.5 34.8 Plaquetas 50. 67 68 68 114 309. Albumina 2.8 4.8 3.7 3.4 Caso 1 Caso 1 Caso 1 Caso 1 Caso 1 Caso 1 Caso 1 Caso 1 Caso 02 - Idade: 13 anos Dia da doença 1 2 3 4 5 6 Sexo: Fem 7 8 9 10 IgM+ Artralgia Cefaléia X X X X Ht= 35% Exantema Febre X X X X Gengiv/Metrorragia X X Prostação X Der Pleural e Ascite Dor abdominal X X X X X X X X X x Petéquias Vomito X X X Leucócitos (mil) 5.8 6.8 2.02 4.1 3.0 Hemácias (milhões) 4.2 5.9 4.2 4.8 4.1 Hemoglobina (g/dL) 11,7 16 11.6 13 11.5 Hematócrito (%) 36 47 34.7 40.3 35.7 Plaquetas (mil)) 242. 29 62 81 200 Albumina NR 3 NR 3.6 NR Caso 2 Caso 2 Caso 5 Caso 2 Caso 2 [email protected] [email protected]