UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO GEOGRAFIA LENIR CARDOSO BRITO DIAGNÓSTICO DOS PROCESSOS EROSIVOS NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE BALSAS-MA. São Luís 2006 LENIR CARDOSO BRITO DIAGNÓSTICO DOS PROCESSOS EROSIVOS NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE BALSAS-MA. Monografia apresentada ao curso de geografia da Universidade Federal do Maranhão, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Geografia. Orientador: Antonio Cordeiro Feitosa. São Luís 2006 BRITO, Lenir Cardoso. Diagnóstico dos processos erosivos na zona rural do município de Balsas-MA./ Lenir Cardoso Brito.- São Luís, 2005. ?????f. : il. Monografia (Graduação em Geografia)- Curso de Geografia, Universidade Federal do Maranhão, 2005. Monografias- Normalização. I. Título. CDU DIAGNÓSTICO DOS PROCESSOS EROSIVOS NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE BALSAS-MA. Lenir Cardoso Brito APROVADA EM: / / BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Prof. Dr. Antonio Cordeiro Feitosa __________________________________________________ Prof. Luís Jorge Dias __________________________________________________ Prof. José de Ribamar dos Santos Carvalho A Deus, pelo dom da vida. AGRADECIMENTOS A meus pais, por serem exemplo de vitória e honestidade, pela dedicação primordial que tiveram com a minha educação, pelo incentivo, carinho, amor. A meus irmãos, Junior e Vinicius, pelo companheirismo e cumplicidade compartilhados no dia-a-dia. Aos meus primos, em especial Davi, Erich, Jerfesson e Walmer, pelo apoio e auxílio nos trabalhos de campo da monografia. Aos tios Amaro, Acássia, Cardoso (In memorian), Djanira, Gercilam, Gercilene e Getúlio, pelo carinho e por fazerem parte de minha vida. A toda turma de 2002-1, pelo companheirismo e pelos bons momentos que compartilhamos. Aos amigos que conquistei ao longo da vida, e na Universidade, que dividiram comigo bons momentos, Flávio, Alexsandro, Rafael (Fófo), Jorge e Simone, pelos papos no bambu, lanche no CCET, calouradas, trabalhos de campo, viagens e todas as situações tempestuosas de final de período. A amiga Larissa, pelos anos de amizade, compreensão, carinho e por estar sempre presente nas horas boas e ruins. A todos que compõe, ou que fizeram parte junto comigo do NEPA, Fernanda, Fernando, Cléa, Diana, Gonzaga, Jane, Lílian, Márcia, Ribinha e Ulisses em especial, pelo auxílio no tratamento cartográfico, guardarei ótimas recordações de todos vocês. A todos os professores do curso de Geografia da Universidade Federal do Maranhão pela dedicação e respeito. Ao professor Cordeiro, que me acompanhou desde o primeiro período no curso, pelos ensinamentos, pela paciência, amizade e por ter acreditado neste trabalho. Ao professor de inglês, Léo, pela amizade e auxilio na tradução do resumo. “O bosque precede o homem e o deserto o segue” Chateaubriand RESUMO Abordam-se os diversos tipos de atividades relacionadas com o uso intensivo do solo para a prática de atividades agropastoris, no município de Balsas, Estado do Maranhão, considerando a necessidade do conhecimento de dados relativos às variáveis ambientais da área, os tipos e as características das atividades desenvolvidas e os reflexos do manejo do solo. O método utilizado na pesquisa foi o fenomenológico baseado a percepção e análise do comportamento dos agentes naturais e antrópicos que exercem influência sobre a paisagem local, os procedimentos empregados foram: análise da documentação cartográfica e bibliográfica, visitas ao campo, registro fotográfico da área, e trabalhos de gabinete compreendendo a interpretação dos dados obtidos, produção cartográfica e elaboração da monografia. Na pesquisa foi identificado diversos tipos de erosão na zona rural de Balsas, a maioria eram pluviais, porém é notória a influência das atividades econômicas acelerando o desgaste natural do solo. ABSTRACT SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 METODOLOGIA 2.1 Métodos 2.2 Procedimentos metodológicos 2.2.1 Levantamento cartográfico 2.2.2 Trabalho de campo 2.2.3 Trabalho de gabinete 3 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL 3.1 Localização geográfica do município de Balsas 3.2 Caracterização Geoambiental 3.2.1 Vegetação 3.2.2 Geologia e Geomorfologia 3.2.3 Pedologia 3.2.4 Clima 3.2.5 Hidrografia 3.2.6 Caracterização humana 4 PROCESSO DE OCUPAÇÃO E O INÍCIO DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA 4.1 O início da colonização maranhense 4.2 O processo de ocupação do Sul do Maranhão. 4.3 Modernização da agricultura 5 RESULTADOS 5.1 Agentes e processos erosivos 5.2.1 Contribuição da erosão na modelagem do relevo 5.2.2 Erosão pluvial 5.2.3 Alternativas de controle e recuperação de áreas erodidas. 6 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 1 INTRODUÇÃO A Geografia representa o princípio de todas as outras ciências que tratam da organização do espaço terrestre, é a ciência que estuda a Terra na sua diversidade de formas, interações físicas e intervenções humanas que constituem a paisagem. O homem, através de suas atividades, é capaz de modificar a paisagem de maneira positiva ou negativa. A Geografia estuda as modificações de ordem física e social da paisagem e a Geomorfologia, por sua afinidade com esta ciência, tem como objeto à organização do ambiente numa perspectiva dinâmica. Através dos conhecimentos obtidos com o desenvolvimento da ciência geomorfológica, observou-se à relação direta entre a vegetação e o escoamento superficial, sendo possível expressar claramente a idéia de que a vegetação oferece proteção parcial para o solo evitando erosões, o que é de extrema importância para os estudos ambientais. As primeiras idéias a respeito da Geomorfologia surgiram a partir da observação empírica do ambiente, o que provavelmente estava atrelado ao desenvolvimento das atividades humanas. Desde quando tomou consciência de sua individualidade e sociabilidade, o homem desenvolveu o instinto de sobrevivência. No início, andava sozinho ou em pequenos grupos e se refugiava no topo de árvores. Em seguida, passou a viver em grupos e começou a buscar o domínio da natureza, desenvolvendo novas técnicas e fazendo modificações no ambiente para estruturar seu habitat. Descobertas como a roda, o fogo e o metal, contribuíram para o progresso das técnicas e das primeiras idéias sobre a agricultura e a pecuária, impulsionando também novas invenções e avanços. Antes de se organizarem em sociedade, os homens eram coletores. Ao se agruparem, observaram que estavam mais seguros e passaram a desenvolver a prática da caça. Com o tempo, concluíram que os animais tendiam a ficar próximos de quem lhes desse comida. Passaram, então, a domesticá-los acostumando-os a viver próximos a eles. No decorrer dos anos, observaram que, além de fornecerem alimento, os animais poderiam auxiliar em algumas tarefas. A permanência mais demorada do homem em determinados lugares, abandonando o nomadismo, iniciou-se, de fato, quando este percebeu que as sementes deixadas em alguns locais germinavam e originavam novas plantas. Observando esse fenômeno, o homem começou a se fixar em locais onde pudesse cultivar os primeiros vegetais. Para isto, deu início ao processo de desmatamento, iniciando a agricultura com o plantio do trigo e da cevada, principais grãos utilizados na alimentação dos povos antigos. Levando em consideração as técnicas utilizadas atualmente na agricultura, os procedimentos utilizados no princípio da atividade eram rudimentares, baseadas na queima da vegetação para desmatar, na preparação da terra feita manualmente seguindo-se o emprego do arado de tração animal. Essas técnicas foram aprimoradas, mas algumas comunidades ainda permanecem desprovidas de tecnologia, sendo possível verificar certa defasagem em relação às técnicas modernas. Ao longo do território maranhense, constata-se o emprego de grande variedade de técnicas agrícolas, devido sua extensão, diversidade cultural e econômica. No norte do Estado, é notória a realização da broca e da utilização do fogo para a limpeza preliminar do terreno, seguindo-se o plantio com emprego da enxada e das próprias mãos para semear. A lavoura é praticada, em geral, em pequenas áreas, pois é caracteristicamente de subsistência, sendo comercializado apenas o excedente da produção. No sul do Maranhão a lavoura é mecanizada substituiu as práticas tradicionais, passando sendo desenvolvida em grandes propriedades e dispor de tecnologias modernas e de infra-estrutura adequada, uma vez que a produção é caracteristicamente voltada para a exportação. Antes do início da agricultura de exportação na porção sul, ou no Sertão de Pastos Bons como era conhecida a área, desenvolvia-se a pecuária extensiva. A pecuária começou com a expansão da frente pastoril, oriunda do vale do rio São Francisco, que alcançou o Maranhão pelo sudeste do Estado, a partir de 1730, instalando grande número de fazendas nas áreas dos rios Neves, Balsas, Farinha. Os pecuaristas da região enfrentaram dificuldades no que tange a comercialização do produto, os principais impedimentos estavam relacionados com a ausência de infra-estrutura para o transporte de gado até as feiras comerciais. Com os problemas encontrados no desenvolvimento da atividade, esta foi aos poucos perdendo sua influência. Do período de declínio da pecuária até a ascensão da agricultura, o município de Balsas desenvolveu a economia agrícola baseada na subsistência, o que só foi modificado a partir de 1973, com a chegada dos sul-riograndenses, que começaram a produzir arroz de forma intensificada, com o tempo e os bons resultados obtidos novos produtos, como a soja, foram introduzidos. Os agricultores tomaram conta do espaço, formando grandes latifúndios, com isso as lavouras foram se intensificando sem o conhecimento dos parâmetros ambientais do local. O manejo inadequado da área resultou em efeitos danosos provocados pela atividade no solo que por estar desprotegido do escoamento superficial no período das chuvas, sofre intensos processos erosivos que modelam a paisagem da área. Além das atividades humanas, o ambiente sofre a ação de outras forças exógenas, como a chuva e os ventos, que auxiliam no processo de esculturação da paisagem. A influência do homem sobre os demais fatores ambientais vem resultando, progressivamente, em transformações cada vez mais amplas e efetivas na organização do espaço geográfico, tornando irreversíveis as possibilidades de recuperação de ambientes naturais extintos ou densamente devastados. O impacto provocado nos solos implica, muitas vezes, a perda da terra útil e interfere na modelagem do terreno. O relevo é para o homem um conjunto de componentes da natureza pela sua imponência, forma e beleza. Influi diretamente nas situações do cotidiano, tanto para moradia como para exploração econômica. O objetivo deste estudo é diagnosticar os processos erosivos decorrentes de atividades agropecuárias na zona rural do município de Balsas situado no Maranhão, observando os agentes que interferem na modelagem do terreno, e propor alternativas de recuperação que se adequem a área. 2 METODOLOGIA 2.1 Métodos Para a realização de pesquisas com abordagem espacial, são utilizados diversos métodos contemplando a sistemática dedutiva e indutiva considerando a contextualização dos fenômenos em escala nacional e regional e sua observação in loco. De acordo com Ross (2000, p. 29), no tratamento metodológico na análise geomorfológica, normalmente ocorrem os maiores erros dos estudiosos da disciplina. Freqüentemente se observam trabalhos em geomorfologia que tratam no capítulo referente à metodologia, somente dos procedimentos técnicos e operacionais. Essa atitude demonstra certa confusão entre o que é método e o que técnica. Deve-se deixar claro que o método está ligado à teoria e os procedimentos a técnica, funcionando como apoio a metodologia. Neste estudo, o método Dedutivo subsidiou a correlação das variáveis geomorfológicas da área de estudo com as descritas na literatura, enquanto o método Indutivo serviu de base para a observação direita das formas do relevo local, identificado os fenômenos e os agentes que dinamizam a modelagem do terreno. A observação direta da paisagem local foi orientada pelo método Fenomenológico, de base qualitativa, apoiado na percepção e vivência ambiental da área-objeto do estudo (TUAN, 1980). Na Geografia, a abordagem fenomenológica é desenvolvida por duas correntes de pensamento: a Geografia da Percepção e a Geografia Comportamental. No trabalho foram adotadas as orientações das duas correntes de pensamento, aplicadas à percepção da paisagem local, a partir da vivência com o objeto de estudo e à análise do comportamento do solo face à ação dos agentes e processos modeladores da paisagem da zona rural do Município de Balsas. 2.2 Procedimentos metodológicos Segundo Cunha e Guerra (1996; p. 32), a metodologia se difere dos procedimentos metodológicos, tendo em vista que a metodologia consiste no modo ou maneira de executarmos um trabalho, enquanto que os procedimentos são as técnicas utilizadas para a aplicação do método. Desta forma foram utilizadas as seguintes técnicas: 2.2.1 Revisão Bibliográfica Segundo Cunha e Guerra (1996; p. 34) o levantamento bibliográfico é importante, pois permite que o pesquisador possa organizar-se de acordo com o tipo de trabalho que deseja realizar, podendo ser algo original, ou que já tenha sido realizado em algum trabalho semelhante ao desejado, desta forma a análise da bibliografia encontrada pode auxiliar no desenvolvimento da pesquisa. Através do levantamento e análise, também é possível observar se o assunto é atualizado ou não, assim como aproveitar as contribuições dos demais autores. Desta forma também é possível encontrar meios mais modernos, disponíveis sobre o objeto de estudo. Para a produção da pesquisa foram utilizados conteúdos relacionados ao estudo da geomoforfologia, tanto uma abordagem geral quanto específica para estudos de erosões em áreas de cerrados, como: Baggio Filho (2001), Bertoni e Lombardi Neto (1985), Bigarella (1971), Carvalho (1994), Christofolleti (1980), Feitosa (1996), Guerra (2001), Karmann (2003), Penteado (1980), Rodrigues (2002), Ross (2000). 2.2.2 Levantamento cartográfico No levantamento cartográfico foram utilizadas duas cartas do município de Balsas, elaboradas pela Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério do Exército-DSG/ME, na escala de 1:100.000 as folhas SB.23-Y-DIV MI-1270 e acrescentar 2ª carta A utilização das cartas se deu a partir da compatibilização para a escala de trabalho com os procedimentos de scaneralização e digitalização, para ser feita a adaptação utilizando as ferramentas disponibilizadas pelo Corel Draw versão 11, em seguida no tratamento cartográfico foram utilizados os recursos oferecidos pelo Carta Linx e Arc view, para a conclusão do banco de dados a ser demonstrado. 2.2.3 Trabalho de Campo A sistematização dos trabalhos de campo realizados na área-objeto da pesquisa valorizou a definição prévia dos instrumentos utilizados e dos locais a serem mensurados para o registro das informações. Foram duas as visitas à campo, em quatro fazendas selecionadas uma de atividade pastoril, uma de monocultura de soja, uma de banana e outra de produção de arroz. Na execução dos trabalhos de campo foram identificadas e georeferenciadas as áreas onde os processos erosivos são mais intensos, além de caracterizá-las considerando as atividades desenvolvidas, numa perspectiva diacrônica, identificando as causas e conseqüências das perdas de solos. 2.2.4 Gabinete As atividades de gabinete dizem respeito à avaliação, análise e interpretação dos dados obtidos durante a pesquisa, tanto no levantamento bibliográfico e cartográfico quanto nos trabalhos de campo, contemplando, também, a produção de gráficos, tabelas e cartas relacionadas com a disposição das unidades amostrais da área. 3 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL 3.1 Localização geográfica do município de Balsas O município de Balsas (Figura 01) está localizado na porção sul do Estado do Maranhão à 7°31’ de latitude e 46° 82’ de longitude, integrando a microrregião dos Gerais de Balsas, sendo Balsas a cidade principal. Limita-se ao norte com os municípios de: Nova Colinas, Fortaleza dos Nogueiras e São Raimundo das Mangabeiras; ao sul, com Alto Parnaíba; a leste, com os municípios de Sambaíba e Tasso Fragoso e a oeste com Riachão, Campos Lindos, Recursolândia e Lizarda, sendo os três últimos pertencentes ao Estado do Tocantins. 3.2 Caracterização Geoambiental 3.2.1 Vegetação O município de Balsas insere-se no domínio florístico do Bioma do Cerrado. Segundo Brasil (1991, p. 42), o Cerrado é caracterizado por árvores e arbustos com troncos retorcidos e galhos curtos, tortos e revestidos por uma casca grossa, que se distribui em três gradientes denominados Campo Cerrado, Cerrado e Cerradão. Para Feitosa (1996, p. 37), o cerrado constitui um complexo vegetacional que compreende o Campo Cerrado, o Cerrado e o Cerradão. Esse complexo varia em altura e densidade de espécies de acordo com os índices de umidade que se diferenciam com o clima quente semi-úmido e com relevo das chapadas e tabuleiros. O Campo Cerrado ou Cerradinho se concentra em áreas com deficiência hídrica, geralmente no topo das chapadas, apresentando tapete graminoíde com cobertura arbustiva esparsa, de uma só espécie, sendo utilizado economicamente para pecuária extensiva. O Cerrado propriamente dito é uma formação pouco densa, bioestratificada, onde o extrato rasteiro é graminoíde e o arbóreo possui ramificações irregulares e folhas grandes endurecidas, como as do cajueiro e pequizeiro. No Cerradão predominam árvores de médio porte, com folhas grossas e troco menos retorcido, o extrato herbáceo é constituído por gramíneas, ciperáceas e bromeliáceas. Devido à diversificada composição florística do Cerrado é possível encontrar grande diversidade frutífera (Quadro 01). NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR Anacardium microicarpum Cajuí Byrsonina spp. Murici Bowdichia vergiloides Sucupira Carapa guianensis Andiroba Cariocar brasilienses Pequi Hymenaea stigonocarpa Jatobá Mauritia vernifera Buriti Peltophorum dubium Faveira Fonte: Maranhão (1991, p. 53). Quadro 01: Algumas espécies típicas do cerrado maranhense. 3.2.2 Geologia e Geomorfologia Segundo Rodrigues (2003, p. 76), as bases para o entendimento do relevo da região do Cerrado remontam ao período Cretáceo, caracterizado por vários eventos geológicos. É nesse período que surgem as primeiras plantas fanerógramas, os primeiros peixes ósseos, o apogeu e o fim dos dinossauros, além se completar a formação atual dos continentes. Em decorrência da deriva continental, a porção sul-americana passa por um período de relativa calmaria tectônica e, portanto, os processos de geração de maciços continentais são pouco expressivos, predominando os de denudação e a formação de extensas superfícies de aplainamento, ao longo dos sucessivos ciclos de erosivos, e as bacias de acumulação sedimentar. O ambiente que atualmente é de domínio florístico do Cerrado, variou extremamente, com períodos de extrema aridez, evidenciados pelos materiais eólicos cretáceos, assim como momentos de intensa umidificação do ambiente, evidenciados por depósitos fluviais e lacustres (BIGARELLA, 1971). No Terciário, amplas superfícies de aplainamento desenvolveram-se por todo o território brasileiro, estas feições ainda existem nos topos de serras e planaltos. A fisiografia da área-objeto de estudo compreende uma estrutura geológica de base sedimentar da bacia do Parnaíba, segundo Petri e Fúlfaro (1983, p. 54), nos topos predominam litologias compostas de arenitos, siltitos e argilitos. O relevo é composto por chapadas com topos tabulares e subtabulares cuja altitude varia entre 300 e 500 m, com forte índice de dissecação. As maiores altitudes locais são as serras do Penitente e Gado Bravo e Chapada das Mangabeiras. De acordo com Maranhão (2002, p. 15), a estrutura geológica da região de Balsas compreende: Cobertura Detrítica (Quaternário), sobreposta às formações Sardinha (Cretáceo), Pedra do Fogo (Permiano) e Piauí (Carbonífero), sendo as duas primeiras da Era Cenozóica e as duas últimas da Era Paleozóica, que afloram nas áreas de maior dissecação. 3.2.3 Pedologia Maranhão (2002, p. 19), afirma que os solos da área são dos seguintes tipos: Latossolo Amarelo, Podzólico vermelho Amarelo Concrecionário, Areias Quartzosas e solos Litólicos, o que confere as seguintes características: solos arenosos, muito drenados, erodíveis, com baixa fertilidade natural, baixa retenção de umidade associada à acidez e alta porosidade, apresentando grau de fragilidade à erodibilidade variando de médio á forte. Os Latossolos ocupam 35 % da área do Maranhão, é caracterizado pelo baixo teor de nutrientes e de matéria orgânica. As porções superiores destes solos têm drenagem livre, mas podem ser saturados com água durante a estação chuvosa. Os teores de argila variam entre 15 a 35 % e a acidez é notavelmente uniforme com pH em torno de 5,5 na superfície e 4,5 no horizonte mediano. O segundo grupo de solos mais importante do Maranhão são os Podzólicos, com 28 % do território estadual. São solos bem desenvolvidos, com textura argilosa variando de baixa a média fertilidade natural. Os horizontes superiores são espessos, ácidos e fortemente lixiviados, o que cria muitos problemas para a utilização agrícola. Em conseqüência, são requeridas grandes quantidades de fertilizantes, particularmente nitrogênio e fósforo. Ab’Saber (1971, p. 97), afirma que as Areias Quartzosas constituem solos pouco desenvolvidos, exibindo horizontes mal diferenciáveis por apresentar pouca quantidade de argila. Os litólicos são solos muito rasos, combinados à exposição rochosa em relevo fortemente ondulado a montanhoso. Esse tipo de solo é facilmente encontrado na região Norte do Brasil. Ocupa 8 % da área total do Estado, apresenta baixa capacidade de retenção de água e as plantas normalmente sofrem estresse hídrico. A EMBRAPA (2005) desenvolveu uma nova classificação de solos, que não descarta a classificação universal, mas pode ser utilizada em território brasileiro. De acordo com nova classificação o Latossolo Amarelo passa a ser denominado somente Latossolo, o Podzólico vermelho Amarelo Concrecionário de Luviossolos e Areias Quartzosas e solos Litólicos passam a fazer parte do mesmo grupo denominado Neossolos. 3.2.4 Clima Segundo Maranhão (2003; p. 36) o clima da região é do tipo tropical, quente e úmido, com média pluviométrica de 1.400 mm ao ano. O regime de chuvas se estende de setembro a abril, com maior intensidade nos meses de novembro e dezembro. O período de estiagem tem início no mês de maio e termina em agosto, tendo maior intensidade nos meses de junho e julho (Gráfico 01). A temperatura média anual oscila em torno de 26º C, com máximas de até de 36º e mínimas de 22º C, porém no mês de julho, a temperatura pode diminuir chegando a atingir índices em torno de 12ºC a 14ºC. 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL Fonte: EMBRAPA soja, campo experimental de Balsas (2006). Gráfico 01: Média pluviométrica de Balsas, 1989-2005. 3.2.5 Hidrografia A hidrografia da área é constituída pelos rios Balsas, Balsinhas, Cocal, Macapá e Maravilha, todos afluentes do rio Balsas que deságua no rio Parnaíba, sendo os dois primeiros da margem direita e os três últimos da margem esquerda além do rio Sereno, que recorta a região oeste do município de Balsas, e é afluente do rio Manuel Alves Grande, pela margem direita. O principal curso d’água do município é o rio Balsas (Foto 01), que abastece a população e irriga pequenas lavouras, além de servir como fonte de lazer, principalmente no mês de julho, quando a cidade recebe grande número de turistas. Um dos principais atrativos do rio, nessa época, é a descida de bóia. Segundo Floriano (2005, p. 1), a brincadeira que começou em 1964 por ele e um primo. Atualmente a descida é organizada pela Prefeitura Municipal com finalidade de educar a população acerca da importância da conservação do rio Balsas. Fonte: Autor (2005) Foto 01. Vista parcial do rio Balsas A microrregião de Gerais de Balsas não é conhecida somente pela produção de soja, mas também pelo grande potencial turístico, constituído de cachoeiras e corredeiras que lhe confere a titulação de Vale das Águas. As cachoeiras mais procuradas pelos turistas ficam no município de Carolina, são elas: Pedra Caída, São Romão e Prata, porém também há outras cachoeiras no município de Riachão sendo a mais conhecida a de Santa Bárbara e o Poço Azul ambas na mesma localidade e em Balsas as mais conhecidas são as Três Marias (Foto 02) e a de Macapá. Fonte: Autor (2005) Foto 02. Três Marias 3.2.6 Caracterização humana O município de Balsas foi fundado no ano de 1918. Segundo IBGE (2000), a população atual é de 64.059 habitantes, sendo 83 % residentes na zona urbana e 17 % na zona rural. A taxa média de crescimento da população é de 4,2 %. Através da estatística é possível notar que apesar da economia do município ser baseada na agricultura a maior parte população vive na zona urbana, o que pode revelar tanto o movimento pendular feito pelos trabalhadores, quanto os baixos índices de emprego oferecidos pelas lavouras. De acordo com o IBGE (2001), o índice de desenvolvimento humano da cidade é de 0,696, registrando índice maior que a média do Estado que é de 0,647. No ranking brasileiro, ocupa o 3059º lugar e no ranking maranhense o 5º. Esses números se devem aos índices de renda 0,640, de longevidade 0,651 e de educação 0,796, sendo os dois últimos maiores do que a média do Estado do Maranhão. A principal atividade econômica local é a produção de soja. Entretanto, há outras atividades que ganham bastante destaque. No que se refere à agricultura vale ressaltar a produção de arroz, banana, abacaxi, laranja, além dos campos experimentais de girassol, uva e cana de açúcar. Devido à expansão e diversidade da produção agrícola, os empresários do comércio têm buscado cada vez mais serviços para oferecer à clientela de agricultores. Na cidade, são comuns grandes empresas de produtos químicos a serem utilizados nas lavouras, de maquinários, de tecnologia, além de serviços prestados por empresas de planejamento ambiental. Com a intensificação da agricultura, a pecuária perdeu expressão, mas ainda é exercida, principalmente por fazendeiros mais antigos originários da própria região de Balsas, porém sem grandes reflexos para a economia por causa da falta de modernização comparativamente aos grandes centros. O município tem grande potencial turístico, ainda pouco explorado, mas já começa a receber turistas, principalmente nos meses de junho e julho, interessados nos festejos de Santo Antônio (Foto 03), nas vaquejadas, nas cachoeiras, no passeio pelo rio Balsas (Foto 04) e na exposição agrotecnologica. Fonte: Prefeitura Municipal de Balsas (2005). Foto 03. Festejo de Santo Antônio. Fonte: Prefeitura municipal de Balsas (2005). Foto 04. Descida de bóia no rio. 4 PROCESSO DE OCUPAÇÃO EVOLUÇÃO DA AGRICULTURA 4.1 O início da colonização maranhense A chegada dos europeus no Maranhão teve início em 1612, 112 anos depois de terem aportado pela primeira vez no Brasil, pois o acesso era difícil tanto por via terrestre quanto marítima. Por terra, ficava muito distante e perigoso, devido aos obstáculos representados pelos animais e pelos índios; por mar, as embarcações naufragavam na área de risco próxima a Ilha do Maranhão. O rei João III, de Portugal, criou a capitania do Maranhão em 1534, entregando-a ao tesoureiro e historiador João de Barros. A região ficou abandonada por algumas décadas, devido à falta de ajuda oficial. Essa situação despertou a cobiça de estrangeiros, especialmente os franceses, que estabeleciam contato direto e vantajoso com os índios. Em 1612, os franceses, em expedição comandada por Daniel de La Touche, instalam a França Equinocial, e fundaram São Luís, nome que homenageava o rei francês Luís XIII. Em 1615, os portugueses habitantes de Pernambuco, comandados por Jerônimo de Albuquerque, derrotam os invasores e iniciam a colonização. 4.2 O processo de ocupação do Sul do Maranhão. Antes da chegada dos europeus, a região sul do Estado do Maranhão era habitada por índios Guajajaras. A ocupação pelos portugueses oriundos do nordeste brasileiro, caracterizou-se de forma diferenciada do norte (CABRAL, 1992, p. 107) a ocupação do alto sertão maranhense processou-se tardiamente, em relação ao povoamento das áreas mais próximas ao litoral. No sul do Maranhão, onde está inserido o município de Balsas, a ocupação foi iniciada devido à expansão da frente pastoril oriunda do vale do São Francisco, pelo interior do Estado, a partir de 1730, instalando grande número de fazendas nos sertões de Pastos Bons. Uma das primeiras instalações do município de Balsas foi à construção de um porto fluvial através do qual se abastecia a região e por onde era escoado o excedente da produção. Segundo Abreu (1998, p. 05), além do porto também foi construído, no local, um espaço para a realização de festas de propriedade de Antonio Jacobina. As festas que eram realizadas chamavam a atenção dos moradores de povoados vizinhos, alguns dos que vinham, gostavam do lugar e lá se instalavam em definitivo. Por este processo, a povoação foi crescendo e, em 23 de maio de 1882, pela lei nº. 1.269, foi criada a Vila Nova, depois denominada de Vila de Santo Antônio, em homenagem ao padroeiro da cidade. O município de Balsas foi criado em 1918, pela lei nº. 775, recebendo essa denominação em alusão ao tipo de embarcação utilizada como transporte local. Na segunda metade do século XVIII, à frente de vaqueiros, avançou continuamente instalando-se nos vales dos rios Balsas, Neves e Macapá. Na proporção em que aumentava o número das fazendas, a posse da terra ia se tornando cada vez mais difícil devido as constantes disputas entre os vaqueiros e os índios. Nos conflitos pela terra os índios geralmente saiam vencidos, já que estavam mais vulneráveis do que os vaqueiros principalmente no que diz respeito ao armamento. Das tribos indígenas que habitavam a região, restaram algumas poucas, concentrando-se hoje na porção central e no extremo-sul do Estado. São elas: Bacurizinho, Canela, Krahó, Kricaty, Porquinhos e parte da Guajajaras. A pecuária teve seu apogeu até a segunda metade do século XX, transformando a região em importante exportadora de carne bovina. Porém, devido aos grandes problemas, principalmente com relação à ausência de infra-estrutura para o transporte de gado até as feiras, para comercialização, como: diminuição do rebanho por extravio e morte de rezes, perda de peso e redução do lucro em face do tempo destinado aos deslocamentos e à falta de alimentação adequada do rebanho, ocorreu uma diminuição gradativa do interesse pela atividade. 4.3 Modernização da agricultura Aliada a atividade pecuarista, era desenvolvida a agricultura de caráter subsistêncial de produtos como: arroz, feijão e milho. Com o constante desinteresse pela pecuária a agricultura foi aos poucos sendo intensificada. A partir de 1973, esta atividade ganhou mais expressão através do cultivo comercial do arroz e mais tarde da soja pelos sul-rio-gradesses, que migraram para a região de Balsas, atraídos pelo preço do hectare de terra e dos incentivos oferecidos pelo Governo Estadual. Brito (2005, p. 07), afirma que atualmente o produto base da economia local é a soja, contudo, no início os produtores tiveram muitos problemas na implantação dessa atividade devido às dificuldades de adaptação das variedades do grão às condições climáticas da região e, devido à falta de infraestrutura para armazenamento e escoamento da produção, as lavouras só começaram a dar lucros a partir de 1993, quando, através de iniciativas dos agricultores pioneiros e de gestões das lideranças políticas regionais, os governos Federal e Estadual, além da implantação da Estrada de Ferro Carajás e Norte-Sul, melhoraram o acesso aos portos que se localizam no norte do Estado do Maranhão e construíram as rodovias que ligam as cidades do sul a capital São Luís. Com a dinamização na produção e escoamento da soja, as cidades do sul do Maranhão perderam sua essência pecuarista dando espaço à agricultura mecanizada. Os lucros obtidos pelos produtores de soja e arroz despertaram ainda mais a atenção de pessoas interessadas na monocultura da soja. A região de Balsas não é atrativa só para pessoas de outros Estados. Muitos maranhenses se transferiram para região em busca de emprego nas fazendas, porém a agricultura mecanizada tem descartado a mão-de-obra desses migrantes, que mesmo assim permanecem na cidade contribuindo com o aumento do desemprego e conseqüente periferização. Silva (2001, p. 11) assinala que as questões agrária e agrícola estão inseridas na problemática ao afirmar que, “muitas vezes, a maneira pela qual se resolve a questão agrícola pode servir para agravar a questão agrária”. 5 RESULTADOS 5.1 Agentes e processos erosivos A erosão pode ser definida segundo Carvalho (1994, p. 25), como o fenômeno do desgaste das rochas e dos solos, com desagregação, deslocamento ou arrastamento de partículas por ação de agentes exógenos como a chuva e o vento. Guerra (2001, p. 187), completa afirmando que a erosão dos solos não causa problemas apenas nas áreas onde ocorre, podendo reduzir a fertilidade dos solos e criar ravinas e voçorocas, dificultando e até mesmo impossibilitando o aproveitamento econômico do solo local. Os elementos que compõem o meio podem influenciar direta ou indiretamente os solos, podendo constituir agentes ativos ou passivos no processo erosivo. Como agente ativo, pode-se considerar a água, temperatura, insolação, vento, gelo, ação de microorganismos e a ação humana. Como passivos considera-se a topografia, a gravidade, o tipo de solo e a cobertura vegetal. A ação da água, combinada com a da gravidade e da topografia, podem gerar vários efeitos dependendo da sua intensidade, quantidade e duração. Essa atuação é intitulada de erosão pluvial, processada por infiltração e escoamento. A infiltração gera remoção de minerais e nutrientes quando a umidade se excede modificando as características do solo, estressando os limites de plasticidade e liquidez. As águas de escoamento (difusa, laminar ou concentrada), são aquelas que percolam o terreno, cuja força de arrasto depende das características físicas do local. O clima também exerce influência sobre a paisagem, a temperatura e insolação, por exemplo, são de grande importância no fenômeno erosivo. A temperatura influencia a erosão, atuando em conjunto a insolação, provoca contrações e dilatações sucessivas que facilitam o desprendimento de partículas. Concomitante ao trabalho da temperatura e insolação, os ventos atuam no deslocamento do material já desagregado, tendo grande importância nos terrenos planos, onde o escoamento superficial é insignificante e a cobertura vegetal atua apenas de forma parcial na proteção do solo. Em comparação com os outros agentes, os microorganismos têm um papel mais reduzido, enquanto que à ação humana atua intensivamente na formação de processos erosivos, devido suas práticas decorrentes de escavações, construção civil, agricultura, enfim manejos diretos com a terra. O tipo de solo também interfere diretamente na erosão, através de suas propriedades como textura e estrutura. Os solos arenosos são de textura grossa e a infiltração da água se processa mais facilmente. O solo argiloso é de textura fina o que dificulta a infiltração da água. Os solos arenosos não são bem estruturados e têm pouca resistência à força de arrasto. Os argilosos são mais bem estruturados, com maior resistência ao arraste de partículas provocado pela água. Considerando o solo como uma coleção de partículas de diferentes tamanhos de grãos. A água fica armazenada nos espaços vazios entre os grãos (Figura 02). Esses espaços são chamados de poros, onde se encontram bolhas de ar e água. A porosidade do solo está na zona de aeração, que fica logo abaixo da superfície, já a zona saturada (Figura 03) é onde se encontra o lençol freático. Fonte: cptc/Inpe Figura 02. Solo, grãos e poros com bolhas de ar e água. Fonte: cptc/Inpe (2006) Figura 03. Divisões do solo. Por conseqüência dos agentes modeladores da paisagem, a erosão pode ocorrer de duas formas: lenta e acelerada. Considera-se erosão lenta a que ocorre pelo desgaste natural normalmente sem influência antrópica; a erosão acelerada pode ocorrer tanto por influência humana, quanto por ação catastrófica ou até mesmo pela combinação dos dois eventos, o que é muito comum no manejo inadequado do solo. Segundo Penteado (1980, p. 99), o conjunto de agentes que atuam sobre o terreno influenciando na sua modelagem realiza os processos areolares. É através da atuação desses processos, atrelados com os agentes modeladores, que será gerada a erosão, esta por sua vez pode ser classificada de acordo com Carvalho (1994, p. 30) em quatro tipos: erosão eólica, hídrica superficial, de remoção em massa e fluvial. A erosão eólica ocorre quando o as partículas do solo se desprendem, perdendo coesão. A coesão diz respeito ao grau de estruturação das partículas, este fenômeno depende de fatores como condições da superfície, tamanho e estabilidade das partículas, textura, além da velocidade e da turbulência do vento. A erosão hídrica superficial pode apresentar-se de diferentes maneiras, determinadas pela forma que se processam, normalmente é originada pelo efeito splash, o golpe da gota d’água primeiramente desestrutura a capa superficial do solo, em seguida tem-se o desprendimento das partículas e o arraste do material por escoamento difuso, filetes de água que se separam espalhando-se e juntando novamente; ou laminar, produzida por desgaste contínuo e suave da camada mais superficial da rocha. Os movimentos de massa ou do regolito (CHRISTOFOLETTI, 1980), podem ser lentos ou acelerados, para Penteado (1980, p. 100) os lentos são os movimentos de apenas alguns decímetros, comuns em regiões periglaciais. Enquanto que o movimento acelerado é caracterizado por fluxo de terra, deslizamentos ou avalanches, geralmente ocasionados pela ação da gravidade e o excesso de chuvas, comuns em regiões tropicais, tais movimentos podem ser intermitentes ou repentinos. A erosão fluvial é caracterizada por ser continua, pois seu agente ativo é a ação da força de drenagem da água dos rios. O transporte de material nesse caso pode se apresentar de quatro modos: em solução (argila orgânica), suspensão (silte e argila), rolamento ou arrastamento (seixos e areia) e saltação (areia e pequenos seixos). Observa-se que uma das principais conseqüências da erosão é a perda da terra útil, ou seja, economicamente aproveitável. O fenômeno consiste na perda de camadas mais superficiais, onde estão concentradas as maiores taxas de matéria orgânica e de nutrientes minerais, necessários para a manutenção e equilíbrio das propriedades físicas e químicas do solo, que colaboram para o melhor desenvolvimento da sua fertilidade e estabilidade. De acordo com Bertoni e Lombardi Neto (1999), a erosão está ligada ao manejo e às propriedades físicas do solo, que fazem parte dos fatores controladores deste processo. As propriedades físicas do solo interferem na erosão hídrica quando afetam a velocidade de infiltração da água, a permeabilidade e a resistência às forças de transporte. As diferentes técnicas de uso e manejo do solo controlam a erosão através da adoção de práticas conservativas que visam aumentar a resistência do solo ou diminuir as forças do processo erosivo. 5.2.1 Contribuição da erosão na modelagem do relevo Ao realizar seu trabalho, os agentes erosivos interferem diretamente na esculturação do relevo. É através de fatores como ação do vento e da chuva aliada a agentes passivos como a topografia e o tipo de solo, que a erosão age escupindo a paisagem geomorfológica. Os agentes naturais podem interferir na modelagem do relevo de diversas formas. A ação da água, por exemplo, nas vertentes mais íngremes a velocidade é maior do que em terrenos planos. Segundo Popp (2002, p. 141), nestas condições a força da gravidade exercida pela água é maior atuando de forma mais intensa na esculturação do relevo. Esse processo é comum nas bordas das chapadas, onde o declive é mais íngreme facilitando o deslocamento de massas de sedimentos no período de chuvas. Além da ação pluvial, a ação fluvial também tem grande importância na composição do relevo. Um exemplo é o que acontece na face norte da Chapada das Mangabeiras, que apresenta um recorte em duas ramificações cuja interpretação geomorfológica evidencia a modelagem do relevo pelo rio Balsas. A erosão eólica está diretamente ligada à intensidade dos ventos; quanto maior sua energia maior a quantidade de partículas que transporta. Esse fenômeno pode ocorrer de duas formas por deflação ou corrasão. Por deflação ocorre o processo de rebaixamento do terreno, removendo e transportando partículas incoerentes encontradas na superfície e a corrasão resulta do impacto das partículas de areia transportadas pelo vento contra as rochas. A erosão envolve o arranque das partículas, das formações superficiais e rochas; o transporte; e a deposição do material sem intervenção humana. Atuando naturalmente, de forma lenta e gradativa em todos os meios. As conseqüências resultantes desse processo geomorfológico natural são todas as formações que nos rodeiam, no caso de estudo tem-se como exemplo o recorte das chapadas (Figura 04). Fonte: Embrapa (2005) Figura 04. Imagem do Relevo do Município de Balsas. De acordo com Tarouco (2006, p. 1), os desníveis altimétricos que ocorrem na zona sul do Estado do Maranhão foram provocados pelo soerguimento do continente Sul-Americano no início do período Mioceno da era Terciária. O esforço tectônico soergueu o nível de base do continente e favoreceu o desenvolvimento dos processos erosivos que modelaram os extratos sedimentares originando as chapadas (Foto 05), os chapadões e as cuestas. Fonte. Autor (2005). Foto 05. Vista parcial das chapadas. Devido seu formado de topo aplainado as chapadas também são conhecidas como tabuleiros, sendo o município de Balsas, acompanhado pelos municípios de Alto Parnaíba e Tasso Fragoso, um dos locais onde ocorrem com maior expressão. A morfologia dessas superfícies, demonstra a imposição da drenagem, influenciando a esculturação do relevo na regressão de vertentes e a ocorrência dos terraços de aplainamento e patamares estruturais. A fase que gerou o aplainamento das superfícies das chapadas é conhecida como “Ciclo das Velhas”, nessa fase agentes como o clima, auxiliaram na modelagem das depressões sobre as quais ocorreu a deposição de material clástico mal selecionado e laterizado. O processo de laterização se constitui em diagênese, resultante do aumento da eletropositividade dos colóides do solo, o processo se conclui com a transformação dos solos em rochas. Tarouco (2006, p. 3) afirma também que o avanço dos processos modeladores pela dissecação estende-se numa longa extensão compreendendo não só a região de Balsas, mas também Carolina, Riachão, Fortaleza dos Nogueiras, Sambaíba, Loreto e São Felix de Balsas. Na Bacia do rio Sereno e no Médio Balsas observa-se a redução gradativa das escarpas sedimentares até a total ausência, nesse ponto observa-se que a erosão arrasou o relevo, formando extensas áreas de planuras, caracterizando a pediplanação. Segundo Guerra e Guerra (2003, p. 469), a pediplanação é o processo mais eficaz no aplainamento de superfícies extensas de áreas de clima quente, como é o caso de Balsas onde o clima é quente, e com consideráveis índices pluviométricos, que favorecem o carreamento de solos pelo escoamento superficial. 5.2.2 Erosão pluvial A erosão pluvial é um tipo de processo comumente encontrado na zona rural do município de Balsas, os fatores mais comuns são: o clima, a topografia, o tipo de solo, além da intervenção humana, que através do manejo agrícola inadequado, pode auxiliar facilitando a ocorrência e a intensidade do fenômeno (Foto 06). Fonte. Autor (2003). Foto 06. Processo erosivo em área de pastagem nas proximidades de um campo de soja. Solos desestabilizados podem sofrer vários tipos de desgastes no período das chuvas, é o arraste do material pela força gravitacional da água que irá provocar a erosão pluvial. Dessa forma, o processo de transporte de sedimentos está intimamente ligado com o ciclo hidrológico. Ciclo hidrológico é o movimento da água entre os continentes, oceanos e a atmosfera. Para Karmann (2003, p. 115), o ciclo hidrológico é todo o caminho percorrido pela água no planeta. Na atmosfera, o vapor da água é transformado em nuvens cujo desequilíbrio pode desencadear precipitações em forma de chuva, neve ou granizo. Durante o movimento na atmosfera e nas camadas mais superficiais da crosta (Figura 05), a água pode percorrer desde o mais simples até os mais complexos caminhos. Quando ocorre precipitação, uma parte da água se infiltra através dos poros do solo e das rochas. Pela ação da força da gravidade, a água vai se infiltrando até encontrar rochas impermeáveis, quando se acumula ou começa a movimentar-se horizontalmente em direção às áreas mais baixas. Fonte: Ambiente Brasil Figura. 05. Ilustração demonstrativa do ciclo hidrológico. É no escoamento pluvial que se iniciam os processos erosivos, a percolação da água provoca o arraste do material até uma área de topografia mais rebaixada. Para Santos e Santos (2003, p. 01) esse movimento pode ser intensificado em solos que apresentam fragilidade natural à ação pluvial ou são desprovidos de cobertura vegetal. As diferentes técnicas de manejo podem provocar significativas alterações nas propriedades físicas e químicas dos solos, o que pode torná-los mais suscetíveis à erosão, ou até mesmo mais resistentes, dependendo da técnica aplicada (Brady, 1989). Além disso, estas propriedades se constituem condicionantes da entrada, direcionamento e fluxo de água no solo. A ação antrópica influencia de maneira significativa o equilíbrio ambiental na zona rural de Balsas, que, naturalmente, apresenta médio grau de fragilidade face à ação pluvial. O índice de dissecação do relevo é forte com declividade variando entre 20 e 30 %. A fragilidade natural à erodibilidade varia de média à forte devido conforme o tipo de solo. O fator erodibilidade do solo pode ser determinado pela relação desenvolvida por Lombardini e Moldenhauer apud Carvalho (1994, p. 37), a equação permite usar os valores de precipitação média anual e mensal, para extrair a média mensal do índice de erosão: EcI= 6,886 (Pm²) 0,85 P Sendo; EcI: média mensal do índice de erosão. Pm: precipitação média mensal Aplicando a equação à realidade do local tendo como parâmetro o mês de janeiro, que é o de maior incidência de chuvas, encontra-se um valor aproximado de 58,7 mm/h. O grau de fragilidade natural encontrado varia de médio à forte. Tal condição constitui problema ambiental grave considerandose o emprego contínuo das práticas agrícolas intensivas. De acordo com Ross (2000, p. 75), a agricultura de ciclo curto (arroz, soja, milho, feijão), como as praticadas na área-objeto de estudo, oferece fraca proteção ao solo face à ação da águas pluviais. Por conta da fraca proteção oferecida pela cobertura vegetal, é comum se encontrar no local, diversos tipos de processos erosivos (Foto 08). Fonte. Autor Foto 8. Ravinamento em fazenda de produção de soja. Segundo Guerra (2001, p. 153), a intensidade da chuva vem sendo utilizada por pesquisadores no intuito de identificar o valor crítico a partir do qual começa a haver perda de solo. E notória a dificuldade que os estudiosos têm encontrado em estabelecer um padrão universal, devido a uma série de outros fatores, que influenciam no processo. Os valores mais aceitos no meio científico são: 25 mm/h (HUDSON, 1961); 10 mm/h (MOGAN, 1977); 6 mm/h (RICHTER E NEGENDANK, 1977) e 5 mm/h (BOARDMAN E ROBINSON, 1985). No caso de Balsas, foi analisada a energia cinética da chuva nos anos de 1989 até 2005. Segundo Guerra (2001, p. 154), é possível determinar uma relação entre energia cinética e intensidade da chuva. Baseados nesse relacionamento determinaram-se a seguinte equação (WISCHMEIER E SMITH, 1958): E.C.= 11,87 + 8,73 log10I Aplicando à fórmula as médias pluviométricas de Balsas, observou-se que nos anos utilizados na pesquisa a energia cinética excede todos os limites aceitos para perda de solos, pelo meio científico (Gráfico 02). Desta forma temse a maior intensidade no ano de 2000 com 39,1 joules/m²/mm e a menor no ano de 1998 com 36 joules/m²/mm. Convém destacar o dia 02 do mês de janeiro de 2005 em que a média pluviométrica chegou a 126 m²/mm, foi decretado estado de calamidade pública devido os estragos proporcionados pelas chuvas (Foto 9). 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Fonte: autor (2005). Gráfico 02. Resultado da relação entre energia cinética e intensidade pluviométrica no Município de Balsas. Fonte: autor (2005) Foto 09: Erosão decorrente das chuvas intensas de janeiro de 2005. Durante a pesquisa foi observado que a maior parte dos processos erosivos locais é iniciada com o desprendimento das partículas pelo efeito splash. Segundo Guerra (1998, p. 166), as partículas desprendidas irão preencher os poros na superfície diminuindo a porosidade e aumentando a compactação, dando início à formação de crostas e selagem no topo do solo (topsoil) (Foto 10). Desta forma, a infiltração da água no solo diminui aumentando o escoamento superficial e, consequentemente, a perda de material por erosão pluvial. Fonte. Autor (2005) Foto 10. Solo de aspecto compactado com início de ravinamento. A compactação é o arranjo, ou agrupamento das partículas formadoras do solo. Na área de estudo, o processo ocorre em função do manejo, as camadas adensadas impedem o desenvolvimento do sistema radicular da vegetação e restringem o movimento da água e do ar ao longo do perfil. Almeida, Araújo e Guerra (2005, p. 32) classificam as ações antrópicas e as condições naturais nas categorias fatores facilitadores e fatores diretos. A partir das características traçadas (Quadro 02), é possível analisar o impacto de atividades comumente desenvolvidas na área de estudo. FATORES Fatores facilitadores Fatores diretos AÇÕES ANTRÓPICAS CONDIÇÕES NATURAIS Desmatamento topografia Permissão do superpastoreio textura do solo Uso excessivo da vegetação composição do solo Taludes de corte Cobertura vegetal Remoção da cobertura vegetal Regime hidrológico uso de máquinas chuvas fortes condução do gado alagamentos Encurtamento de pousio ventos fortes Uso excessivo de produtos químicos Fonte: Almeida, Araújo e Guerra (2005, p. 33) Tabela 02: Classificação dos fatores de degradação ambiental das terras. Quase sempre aliada à compactação do solo, observa-se também a lixiviação dos solos. Por esse processo ocorrem mudanças na coloração do material, que normalmente adquire cor mais esbranquiçada devido a perda de nutrientes como o ferro. A modificação química pode proporcionar solos com baixa produtividade, ou até mesmo improdutivos. 5.2.3 Alternativas de controle e recuperação de áreas erodidas. A erosão está diretamente ligada ao manejo e às propriedades físicas do solo, que fazem parte dos fatores controladores deste processo. As propriedades físicas afetam a permeabilidade e a resistência às forças de transporte da chuva e interferem na erosão hídrica quando a velocidade de infiltração da água é alterada. As diferentes técnicas de uso e manejo do solo controlam a erosão através da adoção de práticas conservativas que visam aumentar a resistência do terreno ou diminuir as forças do processo erosivo (Bertoni e Lombardi Neto, 1985). As práticas conservativas não atuam de maneira isolada. Na agricultura, essas atividades devem ser realizadas em conjunto, pois uma fase depende da outra. Dessa maneira, efetua-se a análise da composição química e física do solo utilizando-se das técnicas adequadas de preparo do terreno e aplicando-se técnicas como as curvas de nível, o terraceamento (interceptação do fluxo e armazenamento da água), a rotação de culturas, adubação verde e plantio de fileiras de plantas protetoras. De acordo com Guerra (2001, p. 189), ao serem estabelecidas as medidas conservacionistas, deve-se lembrar que os custos necessários para a recuperação de uma área erodida são quase sempre muito altos. Por conta disso, quase nunca são desenvolvidos, enquanto que as práticas de conservação são em geral de custo muito baixo, dizendo respeito à prevenção da erosão, o que se chama de planejamento ambiental. Em várias partes do mundo o método tem provado sua eficiência. Guerra (2001, p. 195), afirma que existem grandes variedades de métodos de controle de erosão. A decisão quanto à escolha cabe aos objetivos a serem atingidos e ao tipo de material da área. A finalidade principal é diminuir o efeito da velocidade do runoff. Contudo, é necessário optar pelo aumento da capacidade de retenção de água ou liberação do excesso. Os métodos mecânicos são utilizados geralmente associados às medidas agronômicas, podendo ser empregado terraceamento, curvas de nível, canaletas, estruturas de estabilização e os geotêxteis. Atualmente têm-se utilizado com bastante intensidade os geotêxteis (ou biotêxteis) com a finalidade principal de proteger o solo do escoamento superficial. São telas, feitas com fibras naturais como do coco nome científico (Foto 11,12 e 13), da juta e do buriti. Também podem ser utilizados materiais artificiais como telas plásticas ou náilon. A confecção do material é realizada a partir de um estudo para melhor acoplação da tela ao solo e a fixação do produto é feita com pinos. Fonte: Deflor Bioengenharia (2005) Foto 11. Vista lateral de uma geotêxtil de fibra de coco. Fonte: Deflor Bioengenharia (2005) Foto 12. Vista frontal de uma geotêxtil de fibra de coco. Fonte: Deflor Bioengenharia (2005) Foto13. Bobina de geotêxtil de fibra de coco. De acordo com Guerra (2001, p.197), os geotêxteis podem reduzir em até 20 % as taxas de erosão, quando comparadas com encostas sem proteção. A manta funciona no solo degradado, não só estabilizando a perda de partículas, mas também servindo como matéria orgânica, o que irá facilitar o desenvolvimento de cobertura vegetal e auxiliar na estabilização da área erodida. Diversas técnicas podem ser utilizadas na recuperação de áreas erodidas. Dauton (2004, p. 36) desenvolveu no Estado de São Paulo, uma técnica com o aproveitamento de pneus. Embora o pneu seja classificado como um resíduo inerte (ABNT, 1987), a sua disposição inadequada no ambiente pode provocar sérios prejuízos, um exemplo é a queima acidental liberando poluentes no solo, água e ar. O pneu pode ser utilizado por duas técnicas: na construção de diques de contenção de sedimentos através de barreiras ou com o enterro do pneu por completo no fundo da voçoroca. A segunda alternativa é mais viável pela rapidez no consumo do material e do maior restabelecimento da paisagem. O pneu quando picado, também pode servir como acondicionador físico em solos sujeitos a compactação ou em sistemas de drenagem. CONCLUSÃO O crescimento constante da população mundial sugere maior demanda na produção agrícola, com a finalidade de abastecer esse contingente populacional. Desde então a agricultura vem sendo desenvolvida em busca de maior produção e lucratividade. No Brasil, os reflexos dessa tendência têm sido notados de diversas formas; uma delas é a introdução de novos alimentos na culinária nacional, como é o caso da soja. Atrelada à agricultura de exportação, a produção de soja tem se expandido ocupando não só áreas das regiões sul e sudeste do Brasil, mas preferencialmente as regiões de domínio florístico do cerrado, em Estados como: Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, sendo focalizada na região de Balsas. A agricultura de exportação trouxe dinamismo econômico para o município de Balsas, mas vem provocando sérios problemas de caráter ambiental que vão além da erosão do solo. A erosão implica não só no desgaste do solo, mas em uma série de problemáticas que compreendem desde a obstrução de cursos d’ água, até a quebra da relação solo-planta. Como conseqüência do desmatamento, a erosão e o assoreamento podem provocar o desaparecimento de mananciais, bem como acentuar os efeitos das inundações. O carreamento excessivo dos sedimentos pode causar uma grande gama de impactos ambientais, desde a própria degradação do solo até a extinção de nascentes. Na zona rural de Balsas é comum a ocorrência de processos geomorfológicos como ravinas e voçorocas que se desenvolvem por grandes extensões das fazendas. A maioria inicia-se nas porções mais altas e terminam descarregando o material carreado pelas chuvas nas zonas mais baixas, normalmente nas margens dos rios. Normalmente as voçorocas locais têm formato em V, o que caracteriza que a erosão está ocorrendo a partir das camadas superficiais, demonstrando a fragilidade dos horizontes O, A e B face à ação do escoamento pluvial. Os solos do cerrado apresentam fragilidade natural ao efeito pluvial, porém é notório que as atividades que vem sendo desenvolvidas sem o conhecimento prévio dos parâmetros ambientais do local, têm colaborado com o aumento da magnitude do fenômeno erosivo. Algumas técnicas vêm sendo empregadas com o objetivo de evitar a perda de solo. As curvas de nível são as mais comuns, mas não garantem 100 % de eficácia. As curvas podem diminuir a energia do escoamento superficial, porém quando não são devidamente planejadas não suportam a ação pluvial por muito tempo. A ocupação das encostas das chapadas para a produção de arroz e soja é outra preocupação. A retirada da vegetação e o manejo inadequado do solo desestabilizam o talude carreando o material, durante as chuvas, para o sopé. Toda essa problemática exige maior conscientização dos produtores, em busca equilíbrio entre a conservação e utilização. Uma alternativa de equilíbrio entre o meio artificial e o natural, no caso da agricultura é a agroecologia. A iniciativa tem sido bem aceita no mercado devido à busca da população mundial por melhor qualidade de vida. Essa medida ainda não é adotada para a produção de soja, porém é uma boa alternativa para amenizar os efeitos da degradação ambiental, ocasionados pelo uso irracional do solo e o uso intensivo de agrotóxicos. A implantação dos sistemas agroecológicos no Brasil têm demonstrado a possibilidade natural de renovação do solo, pois facilita a reciclagem de nutrientes, utiliza racionalmente os recursos naturais e mantém a biodiversidade. Na área de estudo o método tem sido analisado para a fruticultura. Para o desenvolvimento de novas iniciativas referentes à agropecuária, é necessário maior participação do poder público na tomada de decisões, com base em um planejamento ambiental adequado, que respeite as características da geomorfologia local, levando em consideração as áreas passíveis de ocupação, os tabuleiros; e as impróprias para a ocupação que são previstas na legislação ambiental, entre elas as nascentes, margens dos rios e encostas de maior declividade. REFERÊNCIAS ABREU, Pedro. O nascimento de Balsas. 1 ed. Balsas: Gráfica Balsas, 1998. 15 p. AB’SABER, Azis Nacib. Contribuição à Geomorfologia da área dos Cerrados. In: Simpósio sobre o Cerrado. São Paulo: EDUSP, 1971. p. 97-103. 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