diagnóstico dos processos erosivos na zona rural do município de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO GEOGRAFIA
LENIR CARDOSO BRITO
DIAGNÓSTICO DOS PROCESSOS EROSIVOS NA ZONA RURAL DO
MUNICÍPIO DE BALSAS-MA.
São Luís
2006
LENIR CARDOSO BRITO
DIAGNÓSTICO DOS PROCESSOS EROSIVOS NA ZONA RURAL DO
MUNICÍPIO DE BALSAS-MA.
Monografia apresentada ao curso de
geografia da Universidade Federal
do Maranhão, como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel
em Geografia.
Orientador: Antonio Cordeiro Feitosa.
São Luís
2006
BRITO, Lenir Cardoso.
Diagnóstico dos processos erosivos na zona
rural do município de Balsas-MA./ Lenir
Cardoso Brito.- São Luís, 2005.
?????f. : il.
Monografia (Graduação em Geografia)- Curso de Geografia,
Universidade Federal do Maranhão, 2005.
Monografias- Normalização. I. Título.
CDU
DIAGNÓSTICO DOS PROCESSOS EROSIVOS NA ZONA RURAL DO
MUNICÍPIO DE BALSAS-MA.
Lenir Cardoso Brito
APROVADA EM:
/
/
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dr. Antonio Cordeiro Feitosa
__________________________________________________
Prof. Luís Jorge Dias
__________________________________________________
Prof. José de Ribamar dos Santos Carvalho
A Deus, pelo dom da vida.
AGRADECIMENTOS
A meus pais, por serem exemplo de vitória e honestidade, pela
dedicação primordial que tiveram com a minha educação, pelo incentivo,
carinho, amor.
A meus irmãos, Junior e Vinicius, pelo companheirismo e cumplicidade
compartilhados no dia-a-dia.
Aos meus primos, em especial Davi, Erich, Jerfesson e Walmer, pelo
apoio e auxílio nos trabalhos de campo da monografia.
Aos tios Amaro, Acássia, Cardoso (In memorian), Djanira, Gercilam,
Gercilene e Getúlio, pelo carinho e por fazerem parte de minha vida.
A toda turma de 2002-1, pelo companheirismo e pelos bons momentos
que compartilhamos.
Aos amigos que conquistei ao longo da vida, e na Universidade, que
dividiram comigo bons momentos, Flávio, Alexsandro, Rafael (Fófo), Jorge e
Simone, pelos papos no bambu, lanche no CCET, calouradas, trabalhos de
campo, viagens e todas as situações tempestuosas de final de período.
A amiga Larissa, pelos anos de amizade, compreensão, carinho e por
estar sempre presente nas horas boas e ruins.
A todos que compõe, ou que fizeram parte junto comigo do NEPA,
Fernanda, Fernando, Cléa, Diana, Gonzaga, Jane, Lílian, Márcia, Ribinha e
Ulisses em especial, pelo auxílio no tratamento cartográfico, guardarei ótimas
recordações de todos vocês.
A todos os professores do curso de Geografia da Universidade Federal
do Maranhão pela dedicação e respeito.
Ao professor Cordeiro, que me acompanhou desde o primeiro período
no curso, pelos ensinamentos, pela paciência, amizade e por ter acreditado
neste trabalho.
Ao professor de inglês, Léo, pela amizade e auxilio na tradução do
resumo.
“O bosque precede o homem e o deserto
o segue”
Chateaubriand
RESUMO
Abordam-se os diversos tipos de atividades relacionadas com o uso intensivo
do solo para a prática de atividades agropastoris, no município de Balsas,
Estado do Maranhão, considerando a necessidade do conhecimento de dados
relativos às variáveis ambientais da área, os tipos e as características das
atividades desenvolvidas e os reflexos do manejo do solo. O método utilizado
na pesquisa foi o fenomenológico baseado a percepção e análise do
comportamento dos agentes naturais e antrópicos que exercem influência
sobre a paisagem local, os procedimentos empregados foram: análise da
documentação cartográfica e bibliográfica, visitas ao campo, registro fotográfico
da área, e trabalhos de gabinete compreendendo a interpretação dos dados
obtidos, produção cartográfica e elaboração da monografia. Na pesquisa foi
identificado diversos tipos de erosão na zona rural de Balsas, a maioria eram
pluviais, porém é notória a influência das atividades econômicas acelerando o
desgaste natural do solo.
ABSTRACT
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
2.1 Métodos
2.2 Procedimentos metodológicos
2.2.1 Levantamento cartográfico
2.2.2 Trabalho de campo
2.2.3 Trabalho de gabinete
3
LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL
3.1 Localização geográfica do município de Balsas
3.2 Caracterização Geoambiental
3.2.1
Vegetação
3.2.2
Geologia e Geomorfologia
3.2.3
Pedologia
3.2.4
Clima
3.2.5
Hidrografia
3.2.6
Caracterização humana
4 PROCESSO DE OCUPAÇÃO E O INÍCIO DA MODERNIZAÇÃO
AGRÍCOLA
4.1 O início da colonização maranhense
4.2 O processo de ocupação do Sul do Maranhão.
4.3 Modernização da agricultura
5 RESULTADOS
5.1 Agentes e processos erosivos
5.2.1 Contribuição da erosão na modelagem do relevo
5.2.2 Erosão pluvial
5.2.3 Alternativas de controle e recuperação de áreas erodidas.
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
A Geografia representa o princípio de todas as outras ciências que
tratam da organização do espaço terrestre, é a ciência que estuda a Terra na
sua diversidade de formas, interações físicas e intervenções humanas que
constituem a paisagem.
O homem, através de suas atividades, é capaz de modificar a
paisagem de maneira positiva ou negativa. A Geografia estuda as modificações
de ordem física e social da paisagem e a Geomorfologia, por sua afinidade com
esta ciência, tem como objeto à organização do ambiente numa perspectiva
dinâmica.
Através dos conhecimentos obtidos com o desenvolvimento da ciência
geomorfológica, observou-se à relação direta entre a vegetação e o
escoamento superficial, sendo possível expressar claramente a idéia de que a
vegetação oferece proteção parcial para o solo evitando erosões, o que é de
extrema importância para os estudos ambientais. As primeiras idéias a respeito
da Geomorfologia surgiram a partir da observação empírica do ambiente, o que
provavelmente estava atrelado ao desenvolvimento das atividades humanas.
Desde
quando
tomou
consciência
de
sua
individualidade
e
sociabilidade, o homem desenvolveu o instinto de sobrevivência. No início,
andava sozinho ou em pequenos grupos e se refugiava no topo de árvores. Em
seguida, passou a viver em grupos e começou a buscar o domínio da natureza,
desenvolvendo novas técnicas e fazendo modificações no ambiente para
estruturar seu habitat. Descobertas como a roda, o fogo e o metal, contribuíram
para o progresso das técnicas e das primeiras idéias sobre a agricultura e a
pecuária, impulsionando também novas invenções e avanços.
Antes de se organizarem em sociedade, os homens eram coletores. Ao
se agruparem, observaram que estavam mais seguros e passaram a
desenvolver a prática da caça. Com o tempo, concluíram que os animais
tendiam a ficar próximos de quem lhes desse comida. Passaram, então, a
domesticá-los acostumando-os a viver próximos a eles. No decorrer dos anos,
observaram que, além de fornecerem alimento, os animais poderiam auxiliar
em algumas tarefas.
A permanência mais demorada do homem em determinados lugares,
abandonando o nomadismo, iniciou-se, de fato, quando este percebeu que as
sementes deixadas em alguns locais germinavam e originavam novas plantas.
Observando esse fenômeno, o homem começou a se fixar em locais onde
pudesse cultivar os primeiros vegetais. Para isto, deu início ao processo de
desmatamento, iniciando a agricultura com o plantio do trigo e da cevada,
principais grãos utilizados na alimentação dos povos antigos.
Levando em consideração as técnicas utilizadas atualmente na
agricultura, os procedimentos utilizados no princípio da atividade eram
rudimentares, baseadas na queima da vegetação para desmatar, na
preparação da terra feita manualmente seguindo-se o emprego do arado de
tração animal. Essas técnicas foram aprimoradas, mas algumas comunidades
ainda permanecem desprovidas de tecnologia, sendo possível verificar certa
defasagem em relação às técnicas modernas.
Ao longo do território maranhense, constata-se o emprego de grande
variedade de técnicas agrícolas, devido sua extensão, diversidade cultural e
econômica. No norte do Estado, é notória a realização da broca e da utilização
do fogo para a limpeza preliminar do terreno, seguindo-se o plantio com
emprego da enxada e das próprias mãos para semear. A lavoura é praticada,
em geral, em pequenas áreas, pois é caracteristicamente de subsistência,
sendo comercializado apenas o excedente da produção.
No sul do Maranhão a lavoura é mecanizada substituiu as práticas
tradicionais, passando sendo desenvolvida em grandes propriedades e dispor
de tecnologias modernas e de infra-estrutura adequada, uma vez que a
produção é caracteristicamente voltada para a exportação.
Antes do início da agricultura de exportação na porção sul, ou no Sertão
de Pastos Bons como era conhecida a área, desenvolvia-se a pecuária
extensiva. A pecuária começou com a expansão da frente pastoril, oriunda do
vale do rio São Francisco, que alcançou o Maranhão pelo sudeste do Estado, a
partir de 1730, instalando grande número de fazendas nas áreas dos rios
Neves, Balsas, Farinha.
Os pecuaristas da região enfrentaram dificuldades no que tange a
comercialização do produto, os principais impedimentos estavam relacionados
com a ausência de infra-estrutura para o transporte de gado até as feiras
comerciais. Com os problemas encontrados no desenvolvimento da atividade,
esta foi aos poucos perdendo sua influência.
Do período de declínio da pecuária até a ascensão da agricultura, o
município de Balsas desenvolveu a economia agrícola baseada na subsistência,
o que só foi modificado a partir de 1973, com a chegada dos sul-riograndenses,
que começaram a produzir arroz de forma intensificada, com o tempo e os bons
resultados obtidos novos produtos, como a soja, foram introduzidos.
Os agricultores tomaram conta do espaço, formando grandes
latifúndios, com isso as lavouras foram se intensificando sem o conhecimento
dos parâmetros ambientais do local. O manejo inadequado da área resultou em
efeitos danosos provocados pela atividade no solo que por estar desprotegido
do escoamento superficial no período das chuvas, sofre intensos processos
erosivos que modelam a paisagem da área. Além das atividades humanas, o
ambiente sofre a ação de outras forças exógenas, como a chuva e os ventos,
que auxiliam no processo de esculturação da paisagem.
A influência do homem sobre os demais fatores ambientais vem
resultando, progressivamente, em transformações cada vez mais amplas e
efetivas na organização do espaço geográfico, tornando irreversíveis as
possibilidades de recuperação de ambientes naturais extintos ou densamente
devastados.
O impacto provocado nos solos implica, muitas vezes, a perda da terra
útil e interfere na modelagem do terreno. O relevo é para o homem um conjunto
de componentes da natureza pela sua imponência, forma e beleza. Influi
diretamente nas situações do cotidiano, tanto para moradia como para
exploração econômica.
O objetivo deste estudo é diagnosticar os processos erosivos
decorrentes de atividades agropecuárias na zona rural do município de Balsas
situado no Maranhão, observando os agentes que interferem na modelagem do
terreno, e propor alternativas de recuperação que se adequem a área.
2 METODOLOGIA
2.1 Métodos
Para a realização de pesquisas com abordagem espacial, são
utilizados diversos métodos contemplando a sistemática dedutiva e indutiva
considerando a contextualização dos fenômenos em escala nacional e regional
e sua observação in loco.
De acordo com Ross (2000, p. 29), no tratamento metodológico na
análise geomorfológica, normalmente ocorrem os maiores erros dos estudiosos
da disciplina. Freqüentemente se observam trabalhos em geomorfologia que
tratam no capítulo referente à metodologia, somente dos procedimentos
técnicos e operacionais. Essa atitude demonstra certa confusão entre o que é
método e o que técnica. Deve-se deixar claro que o método está ligado à teoria
e os procedimentos a técnica, funcionando como apoio a metodologia.
Neste estudo, o método Dedutivo subsidiou a correlação das variáveis
geomorfológicas da área de estudo com as descritas na literatura, enquanto o
método Indutivo serviu de base para a observação direita das formas do relevo
local, identificado os fenômenos e os agentes que dinamizam a modelagem do
terreno.
A observação direta da paisagem local foi orientada pelo método
Fenomenológico, de base qualitativa, apoiado na percepção e vivência
ambiental da área-objeto do estudo (TUAN, 1980). Na Geografia, a abordagem
fenomenológica é desenvolvida por duas correntes de pensamento: a
Geografia da Percepção e a Geografia Comportamental.
No trabalho foram adotadas as orientações das duas correntes de
pensamento, aplicadas à percepção da paisagem local, a partir da vivência
com o objeto de estudo e à análise do comportamento do solo face à ação dos
agentes e processos modeladores da paisagem da zona rural do Município de
Balsas.
2.2 Procedimentos metodológicos
Segundo Cunha e Guerra (1996; p. 32), a metodologia se difere dos
procedimentos metodológicos, tendo em vista que a metodologia consiste no
modo
ou
maneira
de
executarmos
um
trabalho,
enquanto
que
os
procedimentos são as técnicas utilizadas para a aplicação do método. Desta
forma foram utilizadas as seguintes técnicas:
2.2.1 Revisão Bibliográfica
Segundo Cunha e Guerra (1996; p. 34) o levantamento bibliográfico é
importante, pois permite que o pesquisador possa organizar-se de acordo com
o tipo de trabalho que deseja realizar, podendo ser algo original, ou que já
tenha sido realizado em algum trabalho semelhante ao desejado, desta forma a
análise da bibliografia encontrada pode auxiliar no desenvolvimento da
pesquisa.
Através do levantamento e análise, também é possível observar se o
assunto é atualizado ou não, assim como aproveitar as contribuições dos
demais autores. Desta forma também é possível encontrar meios mais
modernos, disponíveis sobre o objeto de estudo.
Para a produção da pesquisa foram utilizados conteúdos relacionados
ao estudo da geomoforfologia, tanto uma abordagem geral quanto específica
para estudos de erosões em áreas de cerrados, como: Baggio Filho (2001),
Bertoni e Lombardi Neto (1985), Bigarella (1971), Carvalho (1994), Christofolleti
(1980), Feitosa (1996), Guerra (2001), Karmann (2003), Penteado (1980),
Rodrigues (2002), Ross (2000).
2.2.2 Levantamento cartográfico
No levantamento cartográfico foram utilizadas duas cartas do município
de Balsas, elaboradas pela Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério do
Exército-DSG/ME, na escala de 1:100.000 as folhas SB.23-Y-DIV MI-1270 e
acrescentar 2ª carta
A utilização das cartas se deu a partir da compatibilização para a
escala de trabalho com os procedimentos de scaneralização e digitalização,
para ser feita a adaptação utilizando as ferramentas disponibilizadas pelo Corel
Draw versão 11, em seguida no tratamento cartográfico foram utilizados os
recursos oferecidos pelo Carta Linx e Arc view, para a conclusão do banco de
dados a ser demonstrado.
2.2.3 Trabalho de Campo
A sistematização dos trabalhos de campo realizados na área-objeto da
pesquisa valorizou a definição prévia dos instrumentos utilizados e dos locais a
serem mensurados para o registro das informações. Foram duas as visitas à
campo, em quatro fazendas selecionadas uma de atividade pastoril, uma de
monocultura de soja, uma de banana e outra de produção de arroz.
Na execução dos trabalhos de campo foram identificadas e
georeferenciadas as áreas onde os processos erosivos são mais intensos,
além de caracterizá-las considerando as atividades desenvolvidas, numa
perspectiva diacrônica, identificando as causas e conseqüências das perdas de
solos.
2.2.4 Gabinete
As atividades de gabinete dizem respeito à avaliação, análise e
interpretação dos dados obtidos durante a pesquisa, tanto no levantamento
bibliográfico e cartográfico quanto nos trabalhos de campo, contemplando,
também, a produção de gráficos, tabelas e cartas relacionadas com a
disposição das unidades amostrais da área.
3 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL
3.1 Localização geográfica do município de Balsas
O município de Balsas (Figura 01) está localizado na porção sul do
Estado do Maranhão à 7°31’ de latitude e 46° 82’ de longitude, integrando a
microrregião dos Gerais de Balsas, sendo Balsas a cidade principal. Limita-se
ao norte com os municípios de: Nova Colinas, Fortaleza dos Nogueiras e São
Raimundo das Mangabeiras; ao sul, com Alto Parnaíba; a leste, com os
municípios de Sambaíba e Tasso Fragoso e a oeste com Riachão, Campos
Lindos, Recursolândia e Lizarda, sendo os três últimos pertencentes ao Estado
do Tocantins.
3.2 Caracterização Geoambiental
3.2.1 Vegetação
O município de Balsas insere-se no domínio florístico do Bioma do
Cerrado. Segundo Brasil (1991, p. 42), o Cerrado é caracterizado por árvores e
arbustos com troncos retorcidos e galhos curtos, tortos e revestidos por uma
casca grossa, que se distribui em três gradientes denominados Campo
Cerrado, Cerrado e Cerradão.
Para Feitosa (1996, p. 37), o cerrado constitui um complexo
vegetacional que compreende o Campo Cerrado, o Cerrado e o Cerradão.
Esse complexo varia em altura e densidade de espécies de acordo com os
índices de umidade que se diferenciam com o clima quente semi-úmido e com
relevo das chapadas e tabuleiros.
O Campo Cerrado ou Cerradinho se concentra em áreas com
deficiência hídrica, geralmente no topo das chapadas, apresentando tapete
graminoíde com cobertura arbustiva esparsa, de uma só espécie, sendo
utilizado economicamente para pecuária extensiva.
O Cerrado propriamente dito é uma formação pouco densa,
bioestratificada, onde o extrato rasteiro é graminoíde e o arbóreo possui
ramificações irregulares e folhas grandes endurecidas, como as do cajueiro e
pequizeiro.
No Cerradão predominam árvores de médio porte, com folhas grossas
e troco menos retorcido, o extrato herbáceo é constituído por gramíneas,
ciperáceas e bromeliáceas. Devido à diversificada composição florística do
Cerrado é possível encontrar grande diversidade frutífera (Quadro 01).
NOME CIENTÍFICO
NOME POPULAR
Anacardium microicarpum
Cajuí
Byrsonina spp.
Murici
Bowdichia vergiloides
Sucupira
Carapa guianensis
Andiroba
Cariocar brasilienses
Pequi
Hymenaea stigonocarpa
Jatobá
Mauritia vernifera
Buriti
Peltophorum dubium
Faveira
Fonte: Maranhão (1991, p. 53).
Quadro 01: Algumas espécies típicas do cerrado maranhense.
3.2.2 Geologia e Geomorfologia
Segundo Rodrigues (2003, p. 76), as bases para o entendimento do
relevo da região do Cerrado remontam ao período Cretáceo, caracterizado por
vários eventos geológicos. É nesse período que surgem as primeiras plantas
fanerógramas, os primeiros peixes ósseos, o apogeu e o fim dos dinossauros,
além se completar a formação atual dos continentes.
Em decorrência da deriva continental, a porção sul-americana passa
por um período de relativa calmaria tectônica e, portanto, os processos de
geração de maciços continentais são pouco expressivos, predominando os de
denudação e a formação de extensas superfícies de aplainamento, ao longo
dos sucessivos ciclos de erosivos, e as bacias de acumulação sedimentar.
O ambiente que atualmente é de domínio florístico do Cerrado, variou
extremamente, com períodos de extrema aridez, evidenciados pelos materiais
eólicos cretáceos, assim como momentos de intensa umidificação do ambiente,
evidenciados por depósitos fluviais e lacustres (BIGARELLA, 1971). No
Terciário, amplas superfícies de aplainamento desenvolveram-se por todo o
território brasileiro, estas feições ainda existem nos topos de serras e planaltos.
A fisiografia da área-objeto de estudo compreende uma estrutura
geológica de base sedimentar da bacia do Parnaíba, segundo Petri e Fúlfaro
(1983, p. 54), nos topos predominam litologias compostas de arenitos, siltitos e
argilitos. O relevo é composto por chapadas com topos tabulares e
subtabulares cuja altitude varia entre 300 e 500 m, com forte índice de
dissecação. As maiores altitudes locais são as serras do Penitente e Gado
Bravo e Chapada das Mangabeiras.
De acordo com Maranhão (2002, p. 15), a estrutura geológica da região
de Balsas compreende: Cobertura Detrítica (Quaternário), sobreposta às
formações Sardinha (Cretáceo), Pedra do Fogo (Permiano) e Piauí
(Carbonífero), sendo as duas primeiras da Era Cenozóica e as duas últimas da
Era Paleozóica, que afloram nas áreas de maior dissecação.
3.2.3 Pedologia
Maranhão (2002, p. 19), afirma que os solos da área são dos seguintes
tipos: Latossolo Amarelo, Podzólico vermelho Amarelo Concrecionário, Areias
Quartzosas e solos Litólicos, o que confere as seguintes características: solos
arenosos, muito drenados, erodíveis, com baixa fertilidade natural, baixa
retenção de umidade associada à acidez e alta porosidade, apresentando grau
de fragilidade à erodibilidade variando de médio á forte.
Os Latossolos ocupam 35 % da área do Maranhão, é caracterizado
pelo baixo teor de nutrientes e de matéria orgânica. As porções superiores
destes solos têm drenagem livre, mas podem ser saturados com água durante
a estação chuvosa. Os teores de argila variam entre 15 a 35 % e a acidez é
notavelmente uniforme com pH em torno de 5,5 na superfície e 4,5 no
horizonte mediano.
O segundo grupo de solos mais importante do Maranhão são os
Podzólicos, com 28 % do território estadual. São solos bem desenvolvidos,
com textura argilosa variando de baixa a média fertilidade natural. Os
horizontes superiores são espessos, ácidos e fortemente lixiviados, o que cria
muitos problemas para a utilização agrícola. Em conseqüência, são requeridas
grandes quantidades de fertilizantes, particularmente nitrogênio e fósforo.
Ab’Saber (1971, p. 97), afirma que as Areias Quartzosas constituem
solos pouco desenvolvidos, exibindo horizontes mal diferenciáveis por
apresentar pouca quantidade de argila. Os litólicos são solos muito rasos,
combinados à exposição rochosa em relevo fortemente ondulado a
montanhoso. Esse tipo de solo é facilmente encontrado na região Norte do
Brasil. Ocupa 8 % da área total do Estado, apresenta baixa capacidade de
retenção de água e as plantas normalmente sofrem estresse hídrico.
A EMBRAPA (2005) desenvolveu uma nova classificação de solos, que
não descarta a classificação universal, mas pode ser utilizada em território
brasileiro. De acordo com nova classificação o Latossolo Amarelo passa a ser
denominado somente Latossolo, o Podzólico vermelho Amarelo Concrecionário
de Luviossolos e Areias Quartzosas e solos Litólicos passam a fazer parte do
mesmo grupo denominado Neossolos.
3.2.4 Clima
Segundo Maranhão (2003; p. 36) o clima da região é do tipo tropical,
quente e úmido, com média pluviométrica de 1.400 mm ao ano. O regime de
chuvas se estende de setembro a abril, com maior intensidade nos meses de
novembro e dezembro. O período de estiagem tem início no mês de maio e
termina em agosto, tendo maior intensidade nos meses de junho e julho
(Gráfico 01). A temperatura média anual oscila em torno de 26º C, com
máximas de até de 36º e mínimas de 22º C, porém no mês de julho, a
temperatura pode diminuir chegando a atingir índices em torno de 12ºC a 14ºC.
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
Fonte: EMBRAPA soja, campo experimental de Balsas (2006).
Gráfico 01: Média pluviométrica de Balsas, 1989-2005.
3.2.5 Hidrografia
A hidrografia da área é constituída pelos rios Balsas, Balsinhas, Cocal,
Macapá e Maravilha, todos afluentes do rio Balsas que deságua no rio
Parnaíba, sendo os dois primeiros da margem direita e os três últimos da
margem esquerda além do rio Sereno, que recorta a região oeste do município
de Balsas, e é afluente do rio Manuel Alves Grande, pela margem direita.
O principal curso d’água do município é o rio Balsas (Foto 01), que
abastece a população e irriga pequenas lavouras, além de servir como fonte de
lazer, principalmente no mês de julho, quando a cidade recebe grande número
de turistas. Um dos principais atrativos do rio, nessa época, é a descida de
bóia. Segundo Floriano (2005, p. 1), a brincadeira que começou em 1964 por
ele e um primo. Atualmente a descida é organizada pela Prefeitura Municipal
com finalidade de educar a população acerca da importância da conservação
do rio Balsas.
Fonte: Autor (2005)
Foto 01. Vista parcial do rio Balsas
A microrregião de Gerais de Balsas não é conhecida somente pela
produção de soja, mas também pelo grande potencial turístico, constituído de
cachoeiras e corredeiras que lhe confere a titulação de Vale das Águas. As
cachoeiras mais procuradas pelos turistas ficam no município de Carolina, são
elas: Pedra Caída, São Romão e Prata, porém também há outras cachoeiras
no município de Riachão sendo a mais conhecida a de Santa Bárbara e o Poço
Azul ambas na mesma localidade e em Balsas as mais conhecidas são as Três
Marias (Foto 02) e a de Macapá.
Fonte: Autor (2005)
Foto 02. Três Marias
3.2.6 Caracterização humana
O município de Balsas foi fundado no ano de 1918. Segundo IBGE
(2000), a população atual é de 64.059 habitantes, sendo 83 % residentes na
zona urbana e 17 % na zona rural. A taxa média de crescimento da população
é de 4,2 %. Através da estatística é possível notar que apesar da economia do
município ser baseada na agricultura a maior parte população vive na zona
urbana, o que pode revelar tanto o movimento pendular feito pelos
trabalhadores, quanto os baixos índices de emprego oferecidos pelas lavouras.
De acordo com o IBGE (2001), o índice de desenvolvimento humano
da cidade é de 0,696, registrando índice maior que a média do Estado que é de
0,647. No ranking brasileiro, ocupa o 3059º lugar e no ranking maranhense o
5º. Esses números se devem aos índices de renda 0,640, de longevidade
0,651 e de educação 0,796, sendo os dois últimos maiores do que a média do
Estado do Maranhão.
A principal atividade econômica local é a produção de soja. Entretanto,
há outras atividades que ganham bastante destaque. No que se refere à
agricultura vale ressaltar a produção de arroz, banana, abacaxi, laranja, além
dos campos experimentais de girassol, uva e cana de açúcar.
Devido à expansão e diversidade da produção agrícola, os empresários
do comércio têm buscado cada vez mais serviços para oferecer à clientela de
agricultores. Na cidade, são comuns grandes empresas de produtos químicos a
serem utilizados nas lavouras, de maquinários, de tecnologia, além de serviços
prestados por empresas de planejamento ambiental.
Com a intensificação da agricultura, a pecuária perdeu expressão, mas
ainda é exercida, principalmente por fazendeiros mais antigos originários da
própria região de Balsas, porém sem grandes reflexos para a economia por
causa da falta de modernização comparativamente aos grandes centros.
O município tem grande potencial turístico, ainda pouco explorado, mas
já começa a receber turistas, principalmente nos meses de junho e julho,
interessados nos festejos de Santo Antônio (Foto 03), nas vaquejadas, nas
cachoeiras, no passeio pelo rio Balsas (Foto 04) e na exposição
agrotecnologica.
Fonte: Prefeitura Municipal de Balsas (2005).
Foto 03. Festejo de Santo Antônio.
Fonte: Prefeitura municipal de Balsas (2005).
Foto 04. Descida de bóia no rio.
4 PROCESSO DE OCUPAÇÃO EVOLUÇÃO DA AGRICULTURA
4.1 O início da colonização maranhense
A chegada dos europeus no Maranhão teve início em 1612, 112 anos
depois de terem aportado pela primeira vez no Brasil, pois o acesso era difícil
tanto por via terrestre quanto marítima. Por terra, ficava muito distante e
perigoso, devido aos obstáculos representados pelos animais e pelos índios;
por mar, as embarcações naufragavam na área de risco próxima a Ilha do
Maranhão.
O rei João III, de Portugal, criou a capitania do Maranhão em 1534,
entregando-a ao tesoureiro e historiador João de Barros. A região ficou
abandonada por algumas décadas, devido à falta de ajuda oficial. Essa
situação despertou a cobiça de estrangeiros, especialmente os franceses, que
estabeleciam contato direto e vantajoso com os índios.
Em 1612, os franceses, em expedição comandada por Daniel de La
Touche, instalam a França Equinocial, e fundaram São Luís, nome que
homenageava o rei francês Luís XIII. Em 1615, os portugueses habitantes de
Pernambuco, comandados por Jerônimo de Albuquerque, derrotam os
invasores e iniciam a colonização.
4.2 O processo de ocupação do Sul do Maranhão.
Antes da chegada dos europeus, a região sul do Estado do Maranhão
era habitada por índios Guajajaras. A ocupação pelos portugueses oriundos do
nordeste brasileiro, caracterizou-se de forma diferenciada do norte (CABRAL,
1992, p. 107) a ocupação do alto sertão maranhense processou-se
tardiamente, em relação ao povoamento das áreas mais próximas ao litoral.
No sul do Maranhão, onde está inserido o município de Balsas, a
ocupação foi iniciada devido à expansão da frente pastoril oriunda do vale do
São Francisco, pelo interior do Estado, a partir de 1730, instalando grande
número de fazendas nos sertões de Pastos Bons.
Uma das primeiras instalações do município de Balsas foi à construção
de um porto fluvial através do qual se abastecia a região e por onde era
escoado o excedente da produção. Segundo Abreu (1998, p. 05), além do
porto também foi construído, no local, um espaço para a realização de festas
de propriedade de Antonio Jacobina.
As festas que eram realizadas chamavam a atenção dos moradores de
povoados vizinhos, alguns dos que vinham, gostavam do lugar e lá se
instalavam em definitivo. Por este processo, a povoação foi crescendo e, em 23
de maio de 1882, pela lei nº. 1.269, foi criada a Vila Nova, depois denominada
de Vila de Santo Antônio, em homenagem ao padroeiro da cidade. O município
de Balsas foi criado em 1918, pela lei nº. 775, recebendo essa denominação
em alusão ao tipo de embarcação utilizada como transporte local.
Na segunda metade do século XVIII, à frente de vaqueiros, avançou
continuamente instalando-se nos vales dos rios Balsas, Neves e Macapá. Na
proporção em que aumentava o número das fazendas, a posse da terra ia se
tornando cada vez mais difícil devido as constantes disputas entre os vaqueiros
e os índios.
Nos conflitos pela terra os índios geralmente saiam vencidos, já que
estavam mais vulneráveis do que os vaqueiros principalmente no que diz
respeito ao armamento. Das tribos indígenas que habitavam a região, restaram
algumas poucas, concentrando-se hoje na porção central e no extremo-sul do
Estado. São elas: Bacurizinho, Canela, Krahó, Kricaty, Porquinhos e parte da
Guajajaras.
A pecuária teve seu apogeu até a segunda metade do século XX,
transformando a região em importante exportadora de carne bovina. Porém,
devido aos grandes problemas, principalmente com relação à ausência de
infra-estrutura para o transporte de gado até as feiras, para comercialização,
como: diminuição do rebanho por extravio e morte de rezes, perda de peso e
redução do lucro em face do tempo destinado aos deslocamentos e à falta de
alimentação adequada do rebanho, ocorreu uma diminuição gradativa do
interesse pela atividade.
4.3 Modernização da agricultura
Aliada a atividade pecuarista, era desenvolvida a agricultura de caráter
subsistêncial de produtos como: arroz, feijão e milho. Com o constante
desinteresse pela pecuária a agricultura foi aos poucos sendo intensificada. A
partir de 1973, esta atividade ganhou mais expressão através do cultivo
comercial do arroz e mais tarde da soja pelos sul-rio-gradesses, que migraram
para a região de Balsas, atraídos pelo preço do hectare de terra e dos
incentivos oferecidos pelo Governo Estadual.
Brito (2005, p. 07), afirma que atualmente o produto base da economia
local é a soja, contudo, no início os produtores tiveram muitos problemas na
implantação dessa atividade devido às dificuldades de adaptação das
variedades do grão às condições climáticas da região e, devido à falta de infraestrutura para armazenamento e escoamento da produção, as lavouras só
começaram a dar lucros a partir de 1993, quando, através de iniciativas dos
agricultores pioneiros e de gestões das lideranças políticas regionais, os
governos Federal e Estadual, além da implantação da Estrada de Ferro
Carajás e Norte-Sul, melhoraram o acesso aos portos que se localizam no
norte do Estado do Maranhão e construíram as rodovias que ligam as cidades
do sul a capital São Luís.
Com a dinamização na produção e escoamento da soja, as cidades do
sul do Maranhão perderam sua essência pecuarista dando espaço à agricultura
mecanizada. Os lucros obtidos pelos produtores de soja e arroz despertaram
ainda mais a atenção de pessoas interessadas na monocultura da soja.
A região de Balsas não é atrativa só para pessoas de outros Estados.
Muitos maranhenses se transferiram para região em busca de emprego nas
fazendas, porém a agricultura mecanizada tem descartado a mão-de-obra
desses migrantes, que mesmo assim permanecem na cidade contribuindo com
o aumento do desemprego e conseqüente periferização. Silva (2001, p. 11)
assinala que as questões agrária e agrícola estão inseridas na problemática ao
afirmar que, “muitas vezes, a maneira pela qual se resolve a questão agrícola
pode servir para agravar a questão agrária”.
5 RESULTADOS
5.1 Agentes e processos erosivos
A erosão pode ser definida segundo Carvalho (1994, p. 25), como o
fenômeno do desgaste das rochas e dos solos, com desagregação,
deslocamento ou arrastamento de partículas por ação de agentes exógenos
como a chuva e o vento. Guerra (2001, p. 187), completa afirmando que a
erosão dos solos não causa problemas apenas nas áreas onde ocorre,
podendo reduzir a fertilidade dos solos e criar ravinas e voçorocas, dificultando
e até mesmo impossibilitando o aproveitamento econômico do solo local.
Os elementos que compõem o meio podem influenciar direta ou
indiretamente os solos, podendo constituir agentes ativos ou passivos no
processo erosivo. Como agente ativo, pode-se considerar a água, temperatura,
insolação, vento, gelo, ação de microorganismos e a ação humana. Como
passivos considera-se a topografia, a gravidade, o tipo de solo e a cobertura
vegetal.
A ação da água, combinada com a da gravidade e da topografia,
podem gerar vários efeitos dependendo da sua intensidade, quantidade e
duração. Essa atuação é intitulada de erosão pluvial, processada por infiltração
e escoamento. A infiltração gera remoção de minerais e nutrientes quando a
umidade se excede modificando as características do solo, estressando os
limites de plasticidade e liquidez. As águas de escoamento (difusa, laminar ou
concentrada), são aquelas que percolam o terreno, cuja força de arrasto
depende das características físicas do local.
O clima também exerce influência sobre a paisagem, a temperatura e
insolação, por exemplo, são de grande importância no fenômeno erosivo. A
temperatura influencia a erosão, atuando em conjunto a insolação, provoca
contrações e dilatações sucessivas que facilitam o desprendimento de
partículas. Concomitante ao trabalho da temperatura e insolação, os ventos
atuam no deslocamento do material já desagregado, tendo grande importância
nos terrenos planos, onde o escoamento superficial é insignificante e a
cobertura vegetal atua apenas de forma parcial na proteção do solo.
Em comparação com os outros agentes, os microorganismos têm um
papel mais reduzido, enquanto que à ação humana atua intensivamente na
formação de processos erosivos, devido suas práticas decorrentes de
escavações, construção civil, agricultura, enfim manejos diretos com a terra.
O tipo de solo também interfere diretamente na erosão, através de
suas propriedades como textura e estrutura. Os solos arenosos são de textura
grossa e a infiltração da água se processa mais facilmente. O solo argiloso é
de textura fina o que dificulta a infiltração da água. Os solos arenosos não são
bem estruturados e têm pouca resistência à força de arrasto. Os argilosos são
mais bem estruturados, com maior resistência ao arraste de partículas
provocado pela água.
Considerando o solo como uma coleção de partículas de diferentes
tamanhos de grãos. A água fica armazenada nos espaços vazios entre os
grãos (Figura 02). Esses espaços são chamados de poros, onde se encontram
bolhas de ar e água. A porosidade do solo está na zona de aeração, que fica
logo abaixo da superfície, já a zona saturada (Figura 03) é onde se encontra o
lençol freático.
Fonte: cptc/Inpe
Figura 02. Solo, grãos e poros com bolhas de ar e água.
Fonte: cptc/Inpe (2006)
Figura 03. Divisões do solo.
Por conseqüência dos agentes modeladores da paisagem, a erosão
pode ocorrer de duas formas: lenta e acelerada. Considera-se erosão lenta a
que ocorre pelo desgaste natural normalmente sem influência antrópica; a
erosão acelerada pode ocorrer tanto por influência humana, quanto por ação
catastrófica ou até mesmo pela combinação dos dois eventos, o que é muito
comum no manejo inadequado do solo.
Segundo Penteado (1980, p. 99), o conjunto de agentes que atuam
sobre o terreno influenciando na sua modelagem realiza os processos
areolares. É através da atuação desses processos, atrelados com os agentes
modeladores, que será gerada a erosão, esta por sua vez pode ser classificada
de acordo com Carvalho (1994, p. 30) em quatro tipos: erosão eólica, hídrica
superficial, de remoção em massa e fluvial.
A erosão eólica ocorre quando o as partículas do solo se desprendem,
perdendo coesão. A coesão diz respeito ao grau de estruturação das
partículas, este fenômeno depende de fatores como condições da superfície,
tamanho e estabilidade das partículas, textura, além da velocidade e da
turbulência do vento.
A erosão hídrica superficial pode apresentar-se de diferentes
maneiras, determinadas pela forma que se processam, normalmente é
originada pelo efeito splash, o golpe da gota d’água primeiramente desestrutura
a capa superficial do solo, em seguida tem-se o desprendimento das partículas
e o arraste do material por escoamento difuso, filetes de água que se separam
espalhando-se e juntando novamente; ou laminar, produzida por desgaste
contínuo e suave da camada mais superficial da rocha.
Os movimentos de massa ou do regolito (CHRISTOFOLETTI, 1980),
podem ser lentos ou acelerados, para Penteado (1980, p. 100) os lentos são os
movimentos de apenas alguns decímetros, comuns em regiões periglaciais.
Enquanto que o movimento acelerado é caracterizado por fluxo de terra,
deslizamentos ou avalanches, geralmente ocasionados pela ação da gravidade
e o excesso de chuvas, comuns em regiões tropicais, tais movimentos podem
ser intermitentes ou repentinos.
A erosão fluvial é caracterizada por ser continua, pois seu agente ativo
é a ação da força de drenagem da água dos rios. O transporte de material
nesse caso pode se apresentar de quatro modos: em solução (argila orgânica),
suspensão (silte e argila), rolamento ou arrastamento (seixos e areia) e
saltação (areia e pequenos seixos).
Observa-se que uma das principais conseqüências da erosão é a
perda da terra útil, ou seja, economicamente aproveitável. O fenômeno
consiste na perda de camadas mais superficiais, onde estão concentradas as
maiores taxas de matéria orgânica e de nutrientes minerais, necessários para a
manutenção e equilíbrio das propriedades físicas e químicas do solo, que
colaboram para o melhor desenvolvimento da sua fertilidade e estabilidade.
De acordo com Bertoni e Lombardi Neto (1999), a erosão está ligada
ao manejo e às propriedades físicas do solo, que fazem parte dos fatores
controladores deste processo. As propriedades físicas do solo interferem na
erosão hídrica quando afetam a velocidade de infiltração da água, a
permeabilidade e a resistência às forças de transporte. As diferentes técnicas
de uso e manejo do solo controlam a erosão através da adoção de práticas
conservativas que visam aumentar a resistência do solo ou diminuir as forças
do processo erosivo.
5.2.1 Contribuição da erosão na modelagem do relevo
Ao realizar seu trabalho, os agentes erosivos interferem diretamente na
esculturação do relevo. É através de fatores como ação do vento e da chuva
aliada a agentes passivos como a topografia e o tipo de solo, que a erosão age
escupindo a paisagem geomorfológica.
Os agentes naturais podem interferir na modelagem do relevo de
diversas formas. A ação da água, por exemplo, nas vertentes mais íngremes a
velocidade é maior do que em terrenos planos. Segundo Popp (2002, p. 141),
nestas condições a força da gravidade exercida pela água é maior atuando de
forma mais intensa na esculturação do relevo. Esse processo é comum nas
bordas das chapadas, onde o declive é mais íngreme facilitando o
deslocamento de massas de sedimentos no período de chuvas.
Além da ação pluvial, a ação fluvial também tem grande importância na
composição do relevo. Um exemplo é o que acontece na face norte da
Chapada das Mangabeiras, que apresenta um recorte em duas ramificações
cuja interpretação geomorfológica evidencia a modelagem do relevo pelo rio
Balsas.
A erosão eólica está diretamente ligada à intensidade dos ventos;
quanto maior sua energia maior a quantidade de partículas que transporta.
Esse fenômeno pode ocorrer de duas formas por deflação ou corrasão. Por
deflação ocorre o processo de rebaixamento do terreno, removendo e
transportando partículas incoerentes encontradas na superfície e a corrasão
resulta do impacto das partículas de areia transportadas pelo vento contra as
rochas.
A erosão envolve o arranque das partículas, das formações superficiais
e rochas; o transporte; e a deposição do material sem intervenção humana.
Atuando naturalmente, de forma lenta e gradativa em todos os meios. As
conseqüências resultantes desse processo geomorfológico natural são todas
as formações que nos rodeiam, no caso de estudo tem-se como exemplo o
recorte das chapadas (Figura 04).
Fonte: Embrapa (2005)
Figura 04. Imagem do Relevo do Município de Balsas.
De acordo com Tarouco (2006, p. 1), os desníveis altimétricos que
ocorrem na zona sul do Estado do Maranhão foram provocados pelo
soerguimento do continente Sul-Americano no início do período Mioceno da era
Terciária. O esforço tectônico soergueu o nível de base do continente e
favoreceu o desenvolvimento dos processos erosivos que modelaram os
extratos sedimentares originando as chapadas (Foto 05), os chapadões e as
cuestas.
Fonte. Autor (2005).
Foto 05. Vista parcial das chapadas.
Devido seu formado de topo aplainado as chapadas também são
conhecidas como tabuleiros, sendo o município de Balsas, acompanhado pelos
municípios de Alto Parnaíba e Tasso Fragoso, um dos locais onde ocorrem
com maior expressão. A morfologia dessas superfícies, demonstra a imposição
da drenagem, influenciando a esculturação do relevo na regressão de vertentes
e a ocorrência dos terraços de aplainamento e patamares estruturais.
A fase que gerou o aplainamento das superfícies das chapadas é
conhecida como “Ciclo das Velhas”, nessa fase agentes como o clima,
auxiliaram na modelagem das depressões sobre as quais ocorreu a deposição
de material clástico mal selecionado e laterizado. O processo de laterização se
constitui em diagênese, resultante do aumento da eletropositividade dos
colóides do solo, o processo se conclui com a transformação dos solos em
rochas.
Tarouco (2006, p. 3) afirma também que o avanço dos processos
modeladores
pela
dissecação
estende-se
numa
longa
extensão
compreendendo não só a região de Balsas, mas também Carolina, Riachão,
Fortaleza dos Nogueiras, Sambaíba, Loreto e São Felix de Balsas. Na Bacia do
rio Sereno e no Médio Balsas observa-se a redução gradativa das escarpas
sedimentares até a total ausência, nesse ponto observa-se que a erosão
arrasou o relevo, formando extensas áreas de planuras, caracterizando a
pediplanação.
Segundo Guerra e Guerra (2003, p. 469), a pediplanação é o processo
mais eficaz no aplainamento de superfícies extensas de áreas de clima quente,
como é o caso de Balsas onde o clima é quente, e com consideráveis índices
pluviométricos, que favorecem o carreamento de solos pelo escoamento
superficial.
5.2.2 Erosão pluvial
A erosão pluvial é um tipo de processo comumente encontrado na zona
rural do município de Balsas, os fatores mais comuns são: o clima, a
topografia, o tipo de solo, além da intervenção humana, que através do manejo
agrícola inadequado, pode auxiliar facilitando a ocorrência e a intensidade do
fenômeno (Foto 06).
Fonte. Autor (2003).
Foto 06. Processo erosivo em área de pastagem nas proximidades de um campo de soja.
Solos desestabilizados podem sofrer vários tipos de desgastes no
período das chuvas, é o arraste do material pela força gravitacional da água
que irá provocar a erosão pluvial. Dessa forma, o processo de transporte de
sedimentos está intimamente ligado com o ciclo hidrológico.
Ciclo hidrológico é o movimento da água entre os continentes, oceanos
e a atmosfera. Para Karmann (2003, p. 115), o ciclo hidrológico é todo o
caminho percorrido pela água no planeta. Na atmosfera, o vapor da água é
transformado em nuvens cujo desequilíbrio pode desencadear precipitações
em forma de chuva, neve ou granizo.
Durante o movimento na atmosfera e nas camadas mais superficiais da
crosta (Figura 05), a água pode percorrer desde o mais simples até os mais
complexos caminhos. Quando ocorre precipitação, uma parte da água se
infiltra através dos poros do solo e das rochas. Pela ação da força da
gravidade, a água vai se infiltrando até encontrar rochas impermeáveis, quando
se acumula ou começa a movimentar-se horizontalmente em direção às áreas
mais baixas.
Fonte: Ambiente Brasil
Figura. 05. Ilustração demonstrativa do ciclo hidrológico.
É no escoamento pluvial que se iniciam os processos erosivos, a
percolação da água provoca o arraste do material até uma área de topografia
mais rebaixada. Para Santos e Santos (2003, p. 01) esse movimento pode ser
intensificado em solos que apresentam fragilidade natural à ação pluvial ou são
desprovidos de cobertura vegetal.
As diferentes técnicas de manejo podem provocar significativas
alterações nas propriedades físicas e químicas dos solos, o que pode torná-los
mais suscetíveis à erosão, ou até mesmo mais resistentes, dependendo da
técnica aplicada (Brady, 1989). Além disso, estas propriedades se constituem
condicionantes da entrada, direcionamento e fluxo de água no solo.
A ação antrópica influencia de maneira significativa o equilíbrio
ambiental na zona rural de Balsas, que, naturalmente, apresenta médio grau de
fragilidade face à ação pluvial. O índice de dissecação do relevo é forte com
declividade variando entre 20 e 30 %. A fragilidade natural à erodibilidade varia
de média à forte devido conforme o tipo de solo.
O fator erodibilidade do solo pode ser determinado pela relação
desenvolvida por Lombardini e Moldenhauer apud Carvalho (1994, p. 37), a
equação permite usar os valores de precipitação média anual e mensal, para
extrair a média mensal do índice de erosão:
EcI= 6,886 (Pm²) 0,85
P
Sendo;
EcI: média mensal do índice de erosão.
Pm: precipitação média mensal
Aplicando a equação à realidade do local tendo como parâmetro o mês
de janeiro, que é o de maior incidência de chuvas, encontra-se um valor
aproximado de 58,7 mm/h. O grau de fragilidade natural encontrado varia de
médio à forte. Tal condição constitui problema ambiental grave considerandose o emprego contínuo das práticas agrícolas intensivas.
De acordo com Ross (2000, p. 75), a agricultura de ciclo curto (arroz,
soja, milho, feijão), como as praticadas na área-objeto de estudo, oferece fraca
proteção ao solo face à ação da águas pluviais. Por conta da fraca proteção
oferecida pela cobertura vegetal, é comum se encontrar no local, diversos tipos
de processos erosivos (Foto 08).
Fonte. Autor
Foto 8. Ravinamento em fazenda de produção de soja.
Segundo Guerra (2001, p. 153), a intensidade da chuva vem sendo
utilizada por pesquisadores no intuito de identificar o valor crítico a partir do
qual começa a haver perda de solo. E notória a dificuldade que os estudiosos
têm encontrado em estabelecer um padrão universal, devido a uma série de
outros fatores, que influenciam no processo. Os valores mais aceitos no meio
científico são: 25 mm/h (HUDSON, 1961); 10 mm/h (MOGAN, 1977); 6 mm/h
(RICHTER E NEGENDANK, 1977) e 5 mm/h (BOARDMAN E ROBINSON,
1985).
No caso de Balsas, foi analisada a energia cinética da chuva nos anos
de 1989 até 2005. Segundo Guerra (2001, p. 154), é possível determinar uma
relação entre energia cinética e intensidade da chuva. Baseados nesse
relacionamento determinaram-se a seguinte equação (WISCHMEIER E SMITH,
1958):
E.C.= 11,87 + 8,73 log10I
Aplicando à fórmula as médias pluviométricas de Balsas, observou-se
que nos anos utilizados na pesquisa a energia cinética excede todos os limites
aceitos para perda de solos, pelo meio científico (Gráfico 02). Desta forma temse a maior intensidade no ano de 2000 com 39,1 joules/m²/mm e a menor no
ano de 1998 com 36 joules/m²/mm. Convém destacar o dia 02 do mês de
janeiro de 2005 em que a média pluviométrica chegou a 126 m²/mm, foi
decretado estado de calamidade pública devido os estragos proporcionados
pelas chuvas (Foto 9).
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Fonte: autor (2005).
Gráfico 02. Resultado da relação entre energia cinética e intensidade pluviométrica no
Município de Balsas.
Fonte: autor (2005)
Foto 09: Erosão decorrente das chuvas intensas de janeiro de 2005.
Durante a pesquisa foi observado que a maior parte dos processos
erosivos locais é iniciada com o desprendimento das partículas pelo efeito
splash. Segundo Guerra (1998, p. 166), as partículas desprendidas irão
preencher os poros na superfície diminuindo a porosidade e aumentando a
compactação, dando início à formação de crostas e selagem no topo do solo
(topsoil) (Foto 10). Desta forma, a infiltração da água no solo diminui
aumentando o escoamento superficial e, consequentemente, a perda de
material por erosão pluvial.
Fonte. Autor (2005)
Foto 10. Solo de aspecto compactado com início de ravinamento.
A compactação é o arranjo, ou agrupamento das partículas formadoras
do solo. Na área de estudo, o processo ocorre em função do manejo, as
camadas adensadas impedem o desenvolvimento do sistema radicular da
vegetação e restringem o movimento da água e do ar ao longo do perfil.
Almeida, Araújo e Guerra (2005, p. 32) classificam as ações antrópicas
e as condições naturais nas categorias fatores facilitadores e fatores diretos. A
partir das características traçadas (Quadro 02), é possível analisar o impacto
de atividades comumente desenvolvidas na área de estudo.
FATORES
Fatores
facilitadores
Fatores diretos
AÇÕES ANTRÓPICAS
CONDIÇÕES
NATURAIS
Desmatamento
topografia
Permissão do superpastoreio
textura do solo
Uso excessivo da vegetação
composição do solo
Taludes de corte
Cobertura vegetal
Remoção da cobertura vegetal
Regime hidrológico
uso de máquinas
chuvas fortes
condução do gado
alagamentos
Encurtamento de pousio
ventos fortes
Uso excessivo de produtos
químicos
Fonte: Almeida, Araújo e Guerra (2005, p. 33)
Tabela 02: Classificação dos fatores de degradação ambiental das terras.
Quase sempre aliada à compactação do solo, observa-se também a
lixiviação dos solos. Por esse processo ocorrem mudanças na coloração do
material, que normalmente adquire cor mais esbranquiçada devido a perda de
nutrientes como o ferro. A modificação química pode proporcionar solos com
baixa produtividade, ou até mesmo improdutivos.
5.2.3 Alternativas de controle e recuperação de áreas erodidas.
A erosão está diretamente ligada ao manejo e às propriedades físicas
do solo, que fazem parte dos fatores controladores deste processo. As
propriedades físicas afetam a permeabilidade e a resistência às forças de
transporte da chuva e interferem na erosão hídrica quando a velocidade de
infiltração da água é alterada. As diferentes técnicas de uso e manejo do solo
controlam a erosão através da adoção de práticas conservativas que visam
aumentar a resistência do terreno ou diminuir as forças do processo erosivo
(Bertoni e Lombardi Neto, 1985).
As práticas conservativas não atuam de maneira isolada. Na
agricultura, essas atividades devem ser realizadas em conjunto, pois uma fase
depende da outra. Dessa maneira, efetua-se a análise da composição química
e física do solo utilizando-se das técnicas adequadas de preparo do terreno e
aplicando-se técnicas como as curvas de nível, o terraceamento (interceptação
do fluxo e armazenamento da água), a rotação de culturas, adubação verde e
plantio de fileiras de plantas protetoras.
De acordo com Guerra (2001, p. 189), ao serem estabelecidas as
medidas conservacionistas, deve-se lembrar que os custos necessários para a
recuperação de uma área erodida são quase sempre muito altos. Por conta
disso, quase nunca são desenvolvidos, enquanto que as práticas de
conservação são em geral de custo muito baixo, dizendo respeito à prevenção
da erosão, o que se chama de planejamento ambiental. Em várias partes do
mundo o método tem provado sua eficiência.
Guerra (2001, p. 195), afirma que existem grandes variedades de
métodos de controle de erosão. A decisão quanto à escolha cabe aos objetivos
a serem atingidos e ao tipo de material da área. A finalidade principal é diminuir
o efeito da velocidade do runoff. Contudo, é necessário optar pelo aumento da
capacidade de retenção de água ou liberação do excesso. Os métodos
mecânicos são utilizados geralmente associados às medidas agronômicas,
podendo ser empregado terraceamento, curvas de nível, canaletas, estruturas
de estabilização e os geotêxteis.
Atualmente têm-se utilizado com bastante intensidade os geotêxteis
(ou biotêxteis) com a finalidade principal de proteger o solo do escoamento
superficial. São telas, feitas com fibras naturais como do coco nome científico
(Foto 11,12 e 13), da juta e do buriti. Também podem ser utilizados materiais
artificiais como telas plásticas ou náilon. A confecção do material é realizada a
partir de um estudo para melhor acoplação da tela ao solo e a fixação do
produto é feita com pinos.
Fonte: Deflor Bioengenharia (2005)
Foto 11. Vista lateral de uma geotêxtil de fibra de coco.
Fonte: Deflor Bioengenharia (2005)
Foto 12. Vista frontal de uma geotêxtil de fibra de coco.
Fonte: Deflor Bioengenharia (2005)
Foto13. Bobina de geotêxtil de fibra de coco.
De acordo com Guerra (2001, p.197), os geotêxteis podem reduzir em
até 20 % as taxas de erosão, quando comparadas com encostas sem proteção.
A manta funciona no solo degradado, não só estabilizando a perda de
partículas, mas também servindo como matéria orgânica, o que irá facilitar o
desenvolvimento de cobertura vegetal e auxiliar na estabilização da área
erodida.
Diversas técnicas podem ser utilizadas na recuperação de áreas
erodidas. Dauton (2004, p. 36) desenvolveu no Estado de São Paulo, uma
técnica com o aproveitamento de pneus. Embora o pneu seja classificado como
um resíduo inerte (ABNT, 1987), a sua disposição inadequada no ambiente
pode provocar sérios prejuízos, um exemplo é a queima acidental liberando
poluentes no solo, água e ar.
O pneu pode ser utilizado por duas técnicas: na construção de diques
de contenção de sedimentos através de barreiras ou com o enterro do pneu por
completo no fundo da voçoroca. A segunda alternativa é mais viável pela
rapidez no consumo do material e do maior restabelecimento da paisagem. O
pneu quando picado, também pode servir como acondicionador físico em solos
sujeitos a compactação ou em sistemas de drenagem.
CONCLUSÃO
O crescimento constante da população mundial sugere maior demanda
na produção agrícola, com a finalidade de abastecer esse contingente
populacional. Desde então a agricultura vem sendo desenvolvida em busca de
maior produção e lucratividade.
No Brasil, os reflexos dessa tendência têm sido notados de diversas
formas; uma delas é a introdução de novos alimentos na culinária nacional,
como é o caso da soja. Atrelada à agricultura de exportação, a produção de
soja tem se expandido ocupando não só áreas das regiões sul e sudeste do
Brasil, mas preferencialmente as regiões de domínio florístico do cerrado, em
Estados como: Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Tocantins e
Maranhão, sendo focalizada na região de Balsas.
A agricultura de exportação trouxe dinamismo econômico para o
município de Balsas, mas vem provocando sérios problemas de caráter
ambiental que vão além da erosão do solo. A erosão implica não só no
desgaste do solo, mas em uma série de problemáticas que compreendem
desde a obstrução de cursos d’ água, até a quebra da relação solo-planta.
Como conseqüência do desmatamento, a erosão e o assoreamento
podem provocar o desaparecimento de mananciais, bem como acentuar os
efeitos das inundações. O carreamento excessivo dos sedimentos pode causar
uma grande gama de impactos ambientais, desde a própria degradação do
solo até a extinção de nascentes.
Na zona rural de Balsas é comum a ocorrência de processos
geomorfológicos como ravinas e voçorocas que se desenvolvem por grandes
extensões das fazendas. A maioria inicia-se nas porções mais altas e terminam
descarregando o material carreado pelas chuvas nas zonas mais baixas,
normalmente nas margens dos rios.
Normalmente as voçorocas locais têm formato em V, o que caracteriza
que a erosão está ocorrendo a partir das camadas superficiais, demonstrando
a fragilidade dos horizontes O, A e B face à ação do escoamento pluvial. Os
solos do cerrado apresentam fragilidade natural ao efeito pluvial, porém é
notório que as atividades que vem sendo desenvolvidas sem o conhecimento
prévio dos parâmetros ambientais do local, têm colaborado com o aumento da
magnitude do fenômeno erosivo.
Algumas técnicas vêm sendo empregadas com o objetivo de evitar a
perda de solo. As curvas de nível são as mais comuns, mas não garantem 100
% de eficácia. As curvas podem diminuir a energia do escoamento superficial,
porém quando não são devidamente planejadas não suportam a ação pluvial
por muito tempo.
A ocupação das encostas das chapadas para a produção de arroz e
soja é outra preocupação. A retirada da vegetação e o manejo inadequado do
solo desestabilizam o talude carreando o material, durante as chuvas, para o
sopé. Toda essa problemática exige maior conscientização dos produtores, em
busca equilíbrio entre a conservação e utilização.
Uma alternativa de equilíbrio entre o meio artificial e o natural, no caso
da agricultura é a agroecologia. A iniciativa tem sido bem aceita no mercado
devido à busca da população mundial por melhor qualidade de vida. Essa
medida ainda não é adotada para a produção de soja, porém é uma boa
alternativa para amenizar os efeitos da degradação ambiental, ocasionados
pelo uso irracional do solo e o uso intensivo de agrotóxicos.
A implantação dos sistemas agroecológicos no Brasil têm demonstrado
a possibilidade natural de renovação do solo, pois facilita a reciclagem de
nutrientes,
utiliza
racionalmente
os
recursos
naturais
e
mantém
a
biodiversidade. Na área de estudo o método tem sido analisado para a
fruticultura.
Para o desenvolvimento de novas iniciativas referentes à agropecuária,
é necessário maior participação do poder público na tomada de decisões, com
base em um planejamento ambiental adequado, que respeite as características
da geomorfologia local, levando em consideração as áreas passíveis de
ocupação, os tabuleiros; e as impróprias para a ocupação que são previstas na
legislação ambiental, entre elas as nascentes, margens dos rios e encostas de
maior declividade.
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