A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NO CONTEXTO

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A ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NO CONTEXTO ESCOLAR
Olindina Maria Moura da SILVA
Universidade Federal de Alagoas
[email protected]
Eliandro Lira de SOUZA
Universidade Federal de Alagoas
[email protected]
Estefânia Dayane Mendes de OLIVEIRA
Universidade Federal de Alagoas
[email protected]
RESUMO
Este artigo traz reflexões sobre a necessidade da alfabetização cartográfica no Ensino de Geografia.
Nestes termos, iremos discutir a utilização de maquetes enquanto recurso didático, auxiliando no
processo de alfabetização cartográfica nas aulas de Geografia. A alfabetização cartográfica neste
trabalho é entendida como instrumento lúdico, com confecção de maquetes, proporcionando uma
visualização do conteúdo estudado: urbanização. Para o desenvolvimento do trabalho iremos utilizar
levantamentos bibliográficos acerca do que se compreende como maquete, e de que forma utilizá-la
como recurso didático. Ademais teremos a construção e apresentação das maquetes produzidas pelos
alunos. O lócus da pesquisa será as turmas de 9° ano do Ensino Fundamental II da Escola Municipal
Padre Pinho em Maceió/AL. Como referencial teórico utilizaremos das idéias de autores como
Cavalcanti (2010), Passini (2007), Silva e Castrogiovanni (2010) e Luz e Briski (2009). Espera-se que
o uso de maquetes enquanto recursos didáticos possam desenvolver nos alunos a capacidade de leitura
e interpretação de mensagens visuais, bem como o desenvolvimento do senso crítico, despertando o
interesse destes pela disciplina de Geografia, proporcionando assim uma nova leitura de mundo. O
presente trabalho encontra-se em fase inicial e pretende instigar os discentes, professores e
pesquisadores a refletir sobre a importância da alfabetização cartográfica na Geografia Escolar.
Palavras-chaves: Alfabetização Cartográfica. Maquetes. Geografia Escolar.
INTRODUÇÃO
Este artigo é parte integrante do trabalho desenvolvido no Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, do projeto intitulado “Maquetes como Recurso de
Leitura Cartográfica”, o qual visa demonstrar que é possível tornar o ensino de Geografia
mais atrativo e de melhor compreensão por parte do alunado, através de trabalhos lúdicos
empregados.
O PIBID é um programa do governo federal que visa contribuir com a formação
docente dos licenciandos, através do contato destes com as escolas públicas, onde atuarão
com estratégias de ensino. Se bem verdade o que Trindade (2013. p, 3) nos fala que:
[...] pode-se afirmar que a vinculação do PIBID no curso de Licenciatura em
Geografia, estimulou e fortaleceu a formação dos futuros professores de
Geografia, pois conviver com escola antes da graduação, além de ser um
ponto positivo, dá aos bolsistas um passo fundamental na sua
profissionalização, ou seja, um docente licenciando preparado para atuar na
educação básica.
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Diante da importância do PIBID na formação dos novos docentes, é importante
salientar o cumprimento no sucesso dos objetivos da CAPES (2013, p.2-3) para este projeto,
são eles:
 Incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação
básica;
 Contribuir para a valorização do magistério;
 Elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de
licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e
educação básica;
 Inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de
educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e
participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas
docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a
superação de problemas identificados no processo de ensinoaprendizagem;
 Incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus
professores como co-formadores dos futuros docentes e tornando-as
protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério; e
 Contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à
formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas
nos cursos de licenciatura.
Com isso, nota-se uma melhoria significativa na formação dos discentes partícipes
deste projeto, pois a partir do momento que os licenciandos se inserem na realidade escolar,
estes se sentem estimulados para a articulação teoria e prática, que irá contribuir não apenas
em sua formação como licenciando, mas como cidadão.
O presente artigo decorre ainda das nossas inquietações e indagações, fruto da nossa
prática nos estágios, onde percebemos um analfabetismo cartográfico por parte dos alunos,
que não sabem confeccionar mapas ou croquis, nem tão pouco, sabem lê-los com os recursos
de interpretação que possuem. Embora, tal fato tenha nos chamando a atenção, não foi
possível diagnosticar os fatores que levam a este analfabetismo cartográfico, pois
encontramos também em nosso alunado uma falta de embasamento, à medida que, estes não
conseguem expressar suas ideias de forma clara e precisa, seja na escrita ou nas interpretações
textuais.
A partir destas inserções, iremos discutir a importância da alfabetização cartográfica e
o uso de maquetes enquanto recurso didático nas aulas de Geografia visando que os alunos
aprendam a fazer uma leitura de mundo, baseados em uma Geografia critica, dentro da
realidade em que vivem.
Este artigo está sendo desenvolvido a partir de consultas bibliográficas, bem como na
elaboração de maquetes e demais atividades com vistas à alfabetização cartográfica dos
alunos do 9º ano de uma escola pública da rede municipal da cidade de Maceió/AL.
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DESENVOLVIMENTO
A Geografia Escolar procura auxiliar o aluno a estabelecer as relações entre homem e
o meio. Ao buscar esta conexão, espera-se que o aluno perceba a Geografia em seu dia-a-dia.
É justamente essa relação, ou essa demonstração que muitos professores da rede básica de
ensino não conseguem perpetrar, a fim de ensinar a praticidade da Geografia para os alunos.
Nesse contexto, Cavalcanti (2010. p, 15) faz uma importante apontamento sobre isso,
vejamos:
[...] os professores, ao ensinarem Geografia, devem ter em mente que essa
disciplina se constituiu na história da formação escolar congregando
basicamente conhecimentos de uma área científica que pretende ser uma
perspectiva de análise da realidade, que é a geográfica. Para tanto, essa área
tem constituído um conjunto de conceitos, categorias e teorias, a partir dos
quais constrói seu discurso. Pode-se chamar esse discurso de linguagem
geográfica.
É justamente esta linguagem geográfica que se procura estabelecer nas aulas de
Geografia durante as atividades do PIBID. Com a elaboração das maquetes trabalhar-se-á uma
conexão temática de estudos geográficos com enfoque principal em Urbanização e
Cartografia. Segundo Passini (2007, p. 147), alfabetização cartográfica compreende
A alfabetização cartográfica é uma proposta de transposição didática da
cartografia básica e da cartografia temática para usuários do ensino
fundamental, em que se aborde o mapa do ponto de vista metodológico e
cognitivo. Ela é uma proposta para que alunos vivenciem as funções do
cartógrafo e do geógrafo, transitando do nível elementar para o nível
avançado, tornando-se leitores eficientes de mapas. O aluno-mapeador
desenvolve habilidades necessárias ao geógrafo investigador: observação,
levantamento, tratamento, análise e interpretação de dados.
De acordo com Rios e Mendes (2010. p, 1) a alfabetização cartográfica refere-se “[...]
ao processo de domínio e aprendizagem de uma linguagem constituída de símbolos e
significados; uma linguagem gráfica (códigos e símbolos definidos – convenções
cartográficas).
Nesse contexto, a elaboração das maquetes permitirá que os alunos deixem de ser
apenas observadores e/ou leitores de mapas, tornando-se construtores dos mesmos. Tentando
resgatar a falta deste conhecimento que deveriam carregar desde as séries iniciais do ensino
fundamental. Ressalta-se mais uma vez que, o proposto aqui não é apenas um ensino de
cartografia, mas uma alfabetização cartográfica, tendo em vista, que este “[...] permite e
aponta diferentes práticas para que a criança aprenda simultaneamente a pensar e a ler o
espaço” (NOGUEIRA, 2009, p. 1 6).
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Contudo, deve ficar explicito para o educador, que a singular utilização de recursos
didáticos não fará com que se obtenha e desenvolva aulas construtivas, onde os alunos
consigam compreender os conteúdos. Ao contrário, é necessário que o professor ao mesmo
tempo estimule a leitura, instigando os alunos a pensarem, a tomarem decisões, permitindolhes participar e interagir de forma ponderada e critica nas aulas, sendo orientador do
conhecimento e não apenas um transmissor deste, conseguindo assim atingir uma abordagem
construtiva.
A elaboração de mapas deve partir do cotidiano do aluno, do espaço vivido por ele,
pois conforme nos orienta Silva e Castrogiovanni (2010, p. 4):
O espaço vivido é aquele que o aluno vivencia através do domínio concreto,
onde se movimenta, onde ele atua intuitivamente. É neste espaço que [...]
poderão construir o conhecimento da cartografia escolar, no seu espaço
vivido e, a partir daí, em sala de aula, consolidar o conhecimento. Neste
contexto, os sujeitos percebem que, a cidade tem certa complexidade na sua
estrutura, é dinâmica, possui velocidade e reestrutura-se em função das
necessidades dos seres humanos.
Sendo assim, buscar-se-á o caminho de instigar o desejo nos alunos pelo conteúdo e a
disciplina como um todo, com a intervenção de bolsistas e professor supervisor, pois Piaget
(1975, p. 89), nos esclarece dizendo que, [...] “a função do professor é a de inventar situações
experimentais para facilitar a invenção de seu aluno”. Concepção esta que nos conduz a ver
na utilização das maquetes um instrumento didático que proporcionará aos alunos uma
construção cientifica bastante significativa.
Nessa perspectiva, diversos recursos didáticos vêm sendo estudados e analisados por
estudiosos do ensino em Geografia, elencando estas ferramentas e como elas podem ser
trabalhadas nas aulas de Geografia. Nesse contexto, encontram-se as maquetes, que segundo
Luz e Briski (2009, p. 2) são instrumentos importantes nas aulas de Geografia.
Os motivos para a escolha de maquetes como instrumento pedagógico
podem ser variados, mas deve-se ressaltar que a visualização da Geografia
de forma concreta através das maquetes desenvolve no aluno a capacidade
de observar, pensar, interpretar a realidade física da Terra, com toda a sua
dinâmica interna e externa, de tal maneira que, de acordo com seu nível,
possa produzir conhecimento.
A inserção da maquete nas aulas de Geografia visa despertar e atrair o interesse dos
alunos pela cartografia escolar e consecutivamente pelas aulas de Geografia.
A utilização de maquetes pode permitir ao educando, ao fazer uma análise
geográfica, interpretar o relevo, descrever suas formas, entender o porquê
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dessas formas, bem como a transformação no decorrer do tempo, entendendo
os problemas e as dinâmicas sociais e relacionar tudo isso com a sua
realidade. (ID. IBID.)
É com este intuito que o professor de Geografia utiliza distintos recursos didáticos,
tendo como objetivo o sucesso do processo ensino-aprendizagem.
Assim, a construção da maquete não só trará benefícios no que se refere à atual
temática estudada pelos alunos, mas também contribuirá no processo de alfabetização
cartográfica dos mesmos.
Apesar da influência que o livro didático e o quadro negro, ou quadro branco, exercem
sobre o processo de aprendizagem nas escolas públicas brasileiras, torna-se imprescindível
que o professor busque novos formatos e métodos mais dinâmicos e lúdicos para a construção
do conhecimento, facilitando a compreensão dos conteúdos abordados, desta forma,
alcançando os objetivos propostos pela educação.
Daí vem à importância do desenvolvimento de tais atividades, visto que, os recursos
quando são criados pelos próprios alunos tornam os conteúdos mais compreensíveis e bem
mais fascinantes. Perpetuando a união do que se está estudando com o que se vive no dia a
dia, dos elementos vistos na escola com elementos que os rodeiam no cotidiano.
Maquete vem do francês, que significa simulacros ou modelos, aliás, simulacro referese a uma reprodução superficial, e modelo tem sentido de montagens ou padrões
tridimensionais que poderão sofrer alterações. Não obstante, de acordo com o Dicionário
Informal, “Maquetes são representações cartográficas, de um determinado espaço
proporcional, que possa ser visualizado tridimensionalmente, ou seja, com altura, largura e
profundidade”. Dessa forma, entende-se que maquetes são representações realistas em escala
reduzida de determinado local ou projeto arquitetônico, sendo produzida pela relação entre o
objeto real e o objeto em miniatura.
A elaboração das maquetes partirá da correlação que será feita entre os assuntos vistos
em sala de aula junto aos aspectos geográficos, econômicos, sociais e culturais observados em
Maceió-AL e no Brasil. As turmas “A” e “B” do 9° ano serão divididas em quatro grupos por
sala, desta forma, oito maquetes serão construídas. Os respectivos temas serão: Litoral de
Maceió; Bairro Cruz das Almas; Ocupação das favelas de Maceió; O Centro de Maceió e o
bairro Jaraguá; as Macrorregiões alagoanas; o bairro de Tabuleiro; e a Grande São Paulo.
Depois de confeccionadas as maquetes, estas serão apresentadas e discutidas em sala de aula.
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Como o trabalho encontra-se em fase inicial, iremos apresentar detalhadamente como
pretendemos desenvolvê-lo em sala de aula e quais os resultados que almejamos alcançar.
Para o desenvolvimento deste trabalho, realizaremos as seguintes etapas:
1ª Etapa: Retomada dos conteúdos já trabalhados em sala de aula, trazendo a tona
conceitos e o perfil de diferentes cidades e suas funções;
2ª Etapa: Desenhar em croquis o que se vai representar como também descrever o que
se quer representar contextualmente, onde entendemos aqui o croqui como o esboço do que se
pretende colocar na maquete;
3ª Etapa: Coleta de materiais recicláveis para a montagem da maquete, como por
exemplo: caixas de papelão, garrafas pets, isopor, plástico, palitos de picolé, etc.
4ª Etapa: Estabelecimento da escala para confecção das maquetes.
5a Etapa: Realizar a pintura das maquetes, logo depois, a colagem dos materiais e por
término, os acabamentos finais.
6ª Etapa: Apresentações das maquetes em sala de aula, com o intuito de verificar se
realmente estas contribuíram para o processo de ensino aprendizagem.
7a Etapa: Exposição das maquetes para toda a escola.
Como resultado da construção destas maquetes, espera-se que os alunos evidenciem na
maquete de Jaraguá, os aspectos históricos e culturais que este bairro possui e qual a sua
importância para a sociedade local; na representação em escala reduzida do Bairro de Cruz
das Almas o setor imobiliário, o novo shopping e as transformações sócio-espaciais pela qual
o bairro vem passando. Nas maquetes do Litoral, do Centro de Maceió e da ocupação das
favelas os contextos principais devem centrar-se no congestionamento, na aglomeração de
pessoas, na segregação urbana e na desigualdade social; enquanto que, na maquete do bairro
do tabuleiro será salientado a conurbação, que se faz presente cada vez mais nesta, resultante
do crescimento ocupacional e populacional do centro da capital, onde as grandes empresas e
construtoras buscam novos locais para investimento. Em macrorregiões alagoanas espera-se
que seja evidenciada a hierarquia urbana e na maquete da Grande São Paulo que seja
destacada a conurbação, e a hierarquia urbana diferenciada da nossa cidade.
Que nesta nossa experiência possamos construir uma Educação Geográfica
capacitando os discentes a saberem não apenas realizarem uma leitura cartográfica, como
confeccionarem a cartografia vendo-se como um elemento primordial e formador do espaço
geográfico.
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CONCLUSÃO
A nossa participação no PIBID tem nos proporcionado uma inserção na realidade
escolar, nos instigando a estudar e pesquisar cada vez mais na busca da articulação teoria e
prática na nossa formação docente.
Nessa perspectiva, este trabalho visa atrair a atenção do alunado para as aulas de
Geografia, mostrando que a escola pode ser um ambiente encantador e interessante;
permitindo aos discentes aguçarem sua curiosidade e seu pensamento critico.
Desse modo, as maquetes produzidas pelos alunos visam contribuir na alfabetização
cartográfica dos mesmos, possibilitando a estes conseguir se orientar e localizar no espaço
geográfico, fazendo com que os próprios alunos sejam construtores de seu conhecimento
intermediado pelo professor. Espera-se ainda que as nossas atividades envolvendo a maquete
possam cooperar de fato para a aprendizagem dos alunos da Escola Padre Pinho, e que com
isso eles possam construir os conhecimentos necessários para a Educação Cartográfica.
Por fim, deseja-se que este trabalho possibilite discussões e outros olhares na tentativa
de uma Geografia Escolar mais significativa e valorizada, possibilitando de fato a
alfabetização cartográfica nas escolas brasileiras.
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