A Potência Transformadora das Imagens Alquímicas através da Intervenção RIME em Mulheres Brasileiras com Câncer de Mama. Ana Catarina Araújo Elias1; Marcos Desidério Ricci2; Lórgio Henrique Diaz Rodriguez3; Stela Duarte Pinto4; Joel Sales Giglio5; Edmund Chada Baracat6. 1 = Psicóloga. Pós-Doutoranda pelo Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) 2 = Médico. Doutor Assistente do Setor de Mastologia da Disciplina de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Co-orientador do estudo. 3 = Psicólogo. Coordenador do Serviço de Psicologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Colaborador do estudo. 4 = Psicóloga do Serviço de Psicologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Colaboradora do estudo 5 = Médico. Professor Associado do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM UNICAMP). Analista Junguiano pela Associação Junguiana do Brasil (AJB) filiada a International Association for Analytical Psychology (IAAP). 6 = Médico. Professor Titular da Disciplina de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Orientador do estudo. B) Denominação e o endereço da instituição onde o trabalho foi elaborado: Pesquisa de Pós-Doutorado da primeira autora denominada “Resignificação da experiência de ser portadora de câncer de mama, através da aplicação da Intervenção RIME, para promoção de qualidade de vida”, orientada pelo sexto autor, coorientada pelo segundo autor e com colaboração dos coautores terceiro, quarto e quinto. Serviço de Mastologia da Disciplina de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e Serviço de Psicologia Hospitalar do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Endereço: Avenida Doutor Arnaldo, 251 Cerqueira César, São Paulo – SP. CEP: 01246-000. C) Endereço do autor para correspondência, incluindo endereço eletrônico (email). Ana Catarina Araújo Elias. Rua Juquis, 391 ap.62B. Bairro Moema. São Paulo – SP. CEP 04081-010. [email protected] D) Agradecimentos. Agradecemos ao Doutor Eduardo Gustavo Pires de Arruda, ao Doutor Alexandre Siqueira Franco Fonseca e ao Doutor Eduardo Montag pelo encaminhamento das pacientes do Ambulatório de Cirurgia Plástica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). E) Conflitos de Interesse. Declaramos que a pesquisa não recebeu nenhum tipo de financiamento e que não houve conflitos de interesse na sua realização. Palavras-chave: Espiritualidade. Alquimia (Jung). Qualidade de Vida. Imagens (Psicoterapia). Psicoterapia Breve. Oncologia. I - INTRODUÇÃO O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Para o Brasil, em 2014, são esperados 57.120 casos novos de câncer de mama, com um risco estimado de 56,09 casos a cada 100 mil mulheres(1). Em uma revisão da literatura utilizando como palavras-chave “imagery, theory junguina, oncology” não encontramos nenhum estudo, e utilizando-se apenas “imagery, theory junguina” encontramos em língua inglesa, nos últimos doze anos, quatro estudos que relatam: a relevância de se considerar a dimensão histórica das imagens relacionadas ao processo alquímico proposto por Jung(2); a imaginação ativa na contratransferência ativando a função simbólica no analista e, assim, contribuindo para a mediação da consciência emergente no analisando(3); a necessiddae de ser definir quando ocorre a imaginação ativa, visto que existem muitas formas de expressão que evocam ou são evocados por esta técnica, como a visualização de imagens, sonhos e arte, porem a imaginação ativa implica sempre na ocorrência da transferência e contratranferência(4); a possibilidade de a função trasncendente(5) ser eliciada em crianças através do desenho de narrativas de quadrinhos que transformou-se em uma forma modificada de imaginação ativa com crianças(6), ou seja, o desenho das histórias em quadrinho facilitaram o estabelecimento de diálogo entre os conteúdos inconscientes e conscientes, e favoreceram a transformação psíquica e a simbolização de crianças com doença orgânica. A Intervenção RIME que integra técnicas de relaxamento, imaginação dirigida e elementos da espiritualidade, com enfoque simbólico e transpessoal, foi desenvolvida no mestrado(7-9) da primeira autora para resignificar a Dor Simbólica da Morte (Dor Psíquica e Dor Espiritual) de pacientes fora de possibilidades de cura, e no doutorado(10-12) foi desenvolvido um programa de treinamento para profissionais de saúde e estudado tanto a experiência do profissional, como a dos pacientes, na aplicação da RIME. Os resultados sugeriram que a RIME promove qualidade de vida, dignidade e melhora de bem-estar psicoespiritual no processo de morrer, como também benefícios psicoespirituais para os profissionais de saúde que a aplicam. Os benefícios alcançados pela aplicação da RIME em portadores da demência de Alzheimer e em seus cuidadores também foram estudados, onde observou-se melhorias na comunicação interpessoal e nos aspectos sócio-emocionais e espirituais dos cuidadores e dos doentes (13). O presente trabalho refere-se à pesquisa de pós-doutorado da primeira autora que objetivou estudar, desta vez, os benefícios da RIME em pacientes com possibilidades de cura, aplicando em mulheres mastectomizadas, em tratamento de um câncer de mama, e com possibilidades de cura, a Intervenção RIME, enquanto eliciadora da função transcendente(5), ou seja, enquanto facilitadora para o estabelecimento de diálogo entre os conteúdos inconscientes e conscientes, favorecendo a transformação sóciopsicoespiritual destas pacientes, de forma a interferir positivamente na ‘qualidade de vida’ e nos aspectos psicológicos de ‘desesperança’ e de ‘autoestima’. II – MÉTODOS Esta pesquisa foi aprovada sem restrições pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), número do parecer: 70430, data da relatoria: 08/08/2012. Durante o ano de 2013 foram encaminhadas pelo Ambulatório da Cirurgia Plástica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), trinta e quatro pacientes, mastectomizadas, em processo de reconstrução mamária e tratamentos adjuvantes, com possibilidades de cura, das quais vinte e oito foram triadas e randomizadas através de cinco grupos de sorteio na presença de médicos do Ambulatório da Mastologia do ICESP, e em cada grupo de sorteio metade das pacientes foi para o Grupo Controle para receber até doze sessões de Psicoterapia Breve (PB), pela co-autora4 e a outra metade foi para o Grupo RIME, para receber três sessões de RIME pela autora principal, e mais até doze sessões de PB pela co-autora4. A PB descrita neste estudo, em resumo, é uma psicoterapia com foco definido, número limitado de sessões e realizada através da expressão verbal. Após um ano de triagem o estudo foi submetido à análise estatística, considerando-se o tamanho da amostra necessária para que a diferença entre os grupos longitudinalmente fosse significativa, considerando-se erro tipo I de 5% e poder de 95%, e concluiu-se que a amostra de vinte e oito pacientes era suficiente, de acordo com os objetivos do estudo, incluindo a desistência de três pacientes no Grupo RIME e três pacientes no Grupo Controle, por motivos pessoais. O método utilizado foi o exploratório comparativo, descritivo e randomizado, com abordagem quantiqualitativa. A abordagem qualitativa foi fundamentada, para a interpretação simbólica dos dados, na Psicologia Analítica(5,14-17), com tratamento dos dados pela análise do conteúdo ramificada na análise temática(10-12). A elaboração dos resultados qualitativos foi realizada através de análise consensual, em um grupo composto pela pesquisadora principal e os coautores 3, 4 e 5, com conhecimentos qualificados na Psicologia Analítica, na Psicologia Hospitalar e na Psico-oncologia. A análise quantitativa foi realizada por estatístico vinculado a Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo através do método ‘modelo de efeitos mistos’. Os dados sócio-demográficos do Grupo RIME e do Grupo Controle foram submetidos ao Teste exato de Fisher e Teste t de Welch, não apresentando nenhuma diferença significativa, ou seja, valor ‘p’ maior que 0,05. Os instrumentos para a coleta dos dados qualitativos foram entrevista semiestruturada gravada e representação gráfica, antes da 1ª sessão e após a 3ª sessão de RIME. Os instrumentos para a coleta de dados quantitativos para o Grupo RIME e para o Grupo Controle foram a Escala de Qualidade de Vida Bref / WHOQOL Bref(18); Escala de Auto-Estima de Rosenberg(194); Escala de Desesperança de Beck (BHS)(20); Escala Visual Analógica, modelo expressões faciais coloridas(10-12), as quais foram aplicadas após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Grupos RIME e Controle), após a 3ª sessão de RIME (Grupo RIME) e após o término da PB (Grupos RIME e Controle). As principais bases teóricas utilizadas para o desenvolvimento da RIME são a Psicologia Analítica(14-17) e as Experiências de Quase Morte(21-26). A aplicação da RIME é iniciada pela indução do estado de relaxamento mental através de respiração lenta e profunda e da audição de uma música suave, previamente escolhida pelo paciente, do compositor Aurio Corrá; em seguida é induzida a visualização de uma imagem da natureza também da escolha do paciente (praia, cachoeira, jardim, campo ou lago) onde um Supremo Ser Espiritual de Luz, que emana Amor absoluto, incondicional previamente definido pela paciente de acordo com a sua religião, a aguarda para acompanhá-la na vivência. O Ser Espiritual de Luz tem dupla representação: na dimensão simbólica, sóciopsíquica, representa o Self(15) (fonte interna) e na dimensão espiritual representa o contato psíquico da paciente com Seres de Luz (fonte externa)(21-26), ou seja, com o Amor Incondicional, o Sagrado, representado através da dimensão cultural de sua religião. A Intervenção RIME se estrutura através de quatro imagens básicas, de possível caráter arquetípico, relacionadas às fases e operações alquímicas(17) e que se referem aos Símbolos de Transformação(14). Parte-se da matéria prima nigredo e realiza-se a solutio para se chegar ao albedo através de duas imagens. 1º) Água representada por cachoeira, ou praia / mar, ou rio, onde a paciente lava, dissolve, o seu sofrimento, o seu conteúdo sombrio. Dissolve-se o sofrimento mencionado e escolhido pela própria paciente. 2º) Túnicas coloridas, as quais a paciente experimenta todas e depois escolhe mentalmente a túnica da cor que sente preferir, em referência as cores dos chakras postulados pelas tradições orientais. Simbolicamente é observado se o movimento da libido é de progressão ou regressão(5) e se a função transcendente(5) é eliciada. As cores induzidas são: vermelha, laranja, amarela (cores quentes / chakras inferiores ou terrestres, sugerindo progressão da libido); verde, azul céu, azul royal (cores frias, chakras superiores ou psíquicos, sugerindo regressão da libido); rosa, violeta, branco, prateado, dourado (cores mistas, quente e fria somadas / chakras espirituais, sugerindo que a função transcendente foi eliciada). Em seguida, através da terceira imagem, realiza-se a coagulatio para se chegar a citrinitas. Coagula-se a qualidade escolhida pela paciente para seu bem estar e qualidade de vida. 3º) Em uma estrela, da mesma cor escolhida para a túnica, alcançada através de uma escadaria branca, a paciente recebe sementes douradas que são depositadas, pelo Supremo Ser Espiritual de Luz, que emana Amor absoluto incondicional, na testa, na garganta, no coração, no umbigo, nas mãos e nos pés da paciente, para que iluminem seus pensamentos, suas palavras, seus sentimentos, suas emoções, sua ação e o seu caminhar, diante da qualidade desejada. Por ultimo, através da quarta imagem, realiza-se a coniunctio para se chegar a rubedo. 4º) Caixa vermelha contendo um presente, que o Supremo Ser Espiritual de Luz que emana Amor absoluto, incondicional, entrega para a paciente, como referência simbólica a um específico aspecto do potencial criativo que emerge do inconsciente e que deve ser integrado à consciência, desenvolvido, vivenciado(5,14-17). Na finalização da vivência, quando a paciente simbolicamente se prepara para voltar da estrela para o lugar de onde partiu (praia, cachoeira, jardim, campo ou lago), descendo pela escadaria branca, recebe também um manto azul, simbolizando proteção. O tempo médio de aplicação da vivência é de 25 minutos, acrescidos do tempo necessário para expressão verbal antes e após a aplicação da RIME. No Grupo RIME foram aplicadas três sessões de RIME pela pesquisadora principal em cada paciente, com no mínimo uma semana de intervalo entre uma sessão e outra, e em seguida até doze sessões de PB pela co-autora4. No Grupo Controle foram aplicadas até doze sessões de PB pela co-autora4, em cada uma das pacientes. A PB foi finalizada quando a paciente e a psicóloga sentiam que o foco proposto havia sido suficientemente trabalhado. A média de sessões de PB para o Grupo RIME foi de cinco sessões e para o Grupo Controle foi de seis sessões. III – RESULTADOS - Resultados Quantitativos De acordo com a análise estatística, comparando-se o Grupo RIME com o Grupo Controle, os resultados quantitativos encontrados indicaram melhora expressiva (38,3%) na Percepção da Qualidade de Vida do WHOQOL(18) após RIME, em comparação tanto a PB do Grupo Controle (12,5%), como a PB do Grupo RIME (16,2%). Melhora expressiva na Autoestima (Rosemberg)(19) após RIME (14,6%), em comparação tanto a PB do Grupo Controle (piorou 35,9%), como a PB do Grupo RIME (8,3%). A melhora no BHS (desesperança)(20) foi semelhante, tanto no Grupo RIME como no Grupo Controle: RIME= 20,1%, RIME+PB=27,1%, PB 11,1%. A melhora no bem estar frente à angústia focal trabalhada (Escala Visual Analógica)(10-117) foi significativa tanto no Grupo RIME (ruim bem estar para bom bem estar) como no Grupo Controle (desagradável bem estar para bom bem estar). Nenhum dos três tratamentos, RIME, RIME + PB, PB apresentaram melhora significativa nos domínios do WHOQOL(18) e na satisfação com a saúde do WHOQOL(18). - Resultados Qualitativos A análise qualitativa dos dados indicou que o principal sofrimento, o foco para transformação das mulheres brasileiras com câncer de mama do Grupo RIME foi a necessidade de autovalorização, o que também foi observado na PB do Grupo Controle. As principais transformações psicológicas encontradas, mediadas pelos elementos simbólicos da RIME, foram: 1) Transformação da representação do feminino ausente ou devorador para amoroso ou protetor. 2) Transformação da representação do masculino intangível, ausente ou impotente para tangível, potente e amoroso. 3) Transformação da representação do divino intangível, inacessível, impessoal para próximo, acessível e amoroso. Tais representações na mulher referem-se a estruturas de personalidade, sendo que a representação do feminino está relacionada à personalidade principal, com características relacionadas aos sentimentos e à intuição (Eros) e a representação do masculino, a uma subpersonalidade denominada animus, e que opera em um nível autônomo e menos consciente, com características relacionadas à racionalidade e à objetividade (Logos)(15). A representação do Divino refere-se à conexão da personalidade com o sagrado(15). A transformação destas estruturas básicas da personalidade indica um movimento saudável e regenerador da libido(5) deslocando-se da polaridade pulsão de morte, para a polaridade pulsão de vida, e possibilitando a integração na consciência da capacidade de autocuidado, de autovalorização, de autoconfiança; do merecimento da proteção do amor Divino; da existência de recursos internos e de novas possibilidades externas para expressão do próprio potencial. Objetivou-se neste estudo que a RIME eliciasse a função transcendente(5), ou seja, que facilitasse a integração na consciência do potencial curativo e construtivo das pacientes, ampliando as capacidades de autovalorização e ação positiva, fortalecendo a personalidade pela união simbólica dos opostos(5,14-17), o que foi alcançado, observando-se a categoria encontrada na análise simbólica das cores das túnicas, ou seja: “Há indícios de a RIME eliciar a função transcendente(5), podendo esta função transcendente ocorrer com movimento de regressão da libido(5), com movimento de progressão da libido(5), ou com movimento alternado de progressão / regressão(5)”; e do presente oferecido pelo Ser Espiritual de Luz, na caixa vermelha: Representações do mundo mineral: Sementes douradas. “Fumacinha” azul. Tapete cheio de estrelas de todas as cores. Coroa com pedras brilhantes. Coroa cheia de pedras verdes. Coroa dourada com pedras de esmeralda. Dois Cristais. Representações do mundo vegetal: Rosa Vermelha. Rosas vermelhas. Buquê de flores. Rosa cor de rosa. Rosa cor de laranja. Tulipa. Representações do mundo animal: Pomba branca em caixa branca. Representações do mundo humano: Sensação de cura. Sentimento de Amor, de Cuidados / Carinho, de Paz. Qualidade “coragem”. Criança neném. Sentimento de vazio. Mama vermelha brilhando. Coração dourado. Mensagem tranquilizadora em canudinho de papel. Pingente dourado com a foto da filha e do filho juntos. Roupão Branco. Caixa azul com carta (bilhete) escrito “Acredita, Confia e Perdoa”. Cartaz muito bonito escrito: “Acredite Sempre”. Fotografias de lugares e da família, pessoas conhecidas, mas com referência ao futuro e feliz. A análise(5,14-17,27) destes Símbolos de Transformação sugeriu representações de cura e plenitude, que resultou na categoria: “Mediado pelos símbolos de transformação (presentes), o potencial arquetípico inconsciente adentrou na consciência: com potencial para a transformação psíquica, na maioria das vezes com energia para constelá-la, e representando faróis de luz iluminando a escuridão do inconsciente para expressão da feminilidade criativa”. Em relação à representação gráfica objetivou-se identificar sentimentos, emoções ou pensamentos frente ao câncer no momento do diagnóstico e no momento atual do tratamento (em processo de reconstrução mamária e tratamentos adjuvantes) e observar a transformação destes sentimentos após as três sessões de RIME, e os autores na análise consensual observaram que no simbolismo houve transformação para melhor nos desenhos de todas pacientes após a terceira sessão de RIME, sugerindo que esta Intervenção facilita a introdução na consciência dos recursos autocurativos e minimiza a memória traumática. IV – CONCLUSÕES Este estudo objetivou promover através da RIME transformações sóciopsicoespirituais, tendo como foco para transformação um sofrimento psicológico escolhido pela paciente, não necessariamente relacionado ao câncer de mama, de forma a contribuir para a qualidade de vida, a autoestima e minimizar a desesperança destas pacientes. Comparando-se a Intervenção RIME com a PB aplicada no Grupo Controle, observou-se, frente à análise estatística, que a RIME tem mais força de estruturação psíquica e fortalecimento egóico que a PB, pois promoveu melhora significativa tanto na percepção da qualidade de vida, como na autoestima das pacientes. Em relação à promoção de esperança e a transformação do foco (sofrimento psicológico escolhido pela paciente para ser trabalhado) os resultados entre a RIME e a PB foram similares, porem observou-se que a RIME tem força de transformação mais rápida, pois foram aplicadas três sessões de RIME, e na PB do Grupo Controle uma média de seis sessões. Embora a PB seja uma intervenção consagrada em Psico-oncologia, os resultados alcançados neste estudo são relevantes para indicação da RIME para tratamento psicológico em situação de crise em ambiente hospitalar e de tratamento oncológico, considerando-se tanto a internação, o pré e pós-cirúrgico e o ambulatório. Não foram encontradas melhoras significativas na PB das pacientes do Grupo RIME, comparadas às melhoras alcançadas pela própria RIME, o que sugere que as três sessões de RIME são suficientes para promover a transformação. Observa-se que a RIME não traz uma solução cognitiva, racional, para os problemas e sofrimentos das pacientes, e sim facilita a percepção da força da própria pulsão de vida para resolver o problema, ou seja, a capacidade para reconhecer o próprio potencial, a própria força energética, a possibilidade de ser capaz de construir uma vida melhor, mais integrada, a autovalorização. Em resumo, a Intervenção RIME favorece que a libido(5), como força construtiva, seja potencializada, em mulheres brasileiras com câncer de mama, com possibilidades de cura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Incidência de Câncer no Brasil – Estimativa 2014. 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