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O ESTADO DE S. PAULO
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C
SÁBADO
21 DE MAIO DE 2005
NIELS ANDREAS/AE
TERCIO CAPELLO/TRIBUNA DE ALAGOAS
ALEX SILVA/AE
Mais confronto
no centro
Dez mortos
em acidente
Blitz fecha
bares de Moema
Camelôs e guardas metropolitanos
voltam a se enfrentar na região
da Praça da República.
Ônibus de turismo sai da pista
em Alagoas; maioria dos mortos
e dos 30 feridos é de São Paulo.
Polícia e fiscais acham bebidas
falsificadas e outras
irregularidades em oito locais.
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História ameaça nova Cracolândia
Processos de tombamento do patrimônio adiam decisão de investimento; Prefeitura não vê problema para a revitalização da área
JONNE RORIZ/AE
URBANISMO
Ricardo Brandt
A importância histórica dos bairros Santa Ifigênia e Campos Elísios vai dificultar a terceira e mais
importante etapa da proposta de
revitalização da região da Cracolândia na gestão José Serra: a
atração de empreendimentos imobiliários, centros culturais e até de
uma universidade – como forma
de repovoar a área degradada pelo tráfico de drogas e prostituição.
O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (Condephaat) informa que todo o traçado
viário dos dois bairros, onde fica
a Cracolândia, e mais 140 imóveis da área estão em fase final de
reconhecimento como patrimônio histórico para tombamento.
Santa Ifigênia e Campos Elísios foram os primeiros bairros
planejados com arruamento regular na cidade. Surgiram impulsionados pelas estações de trem da
Luz e Júlio Prestes. Não são poucas as histórias. “Nas Ruas Santa
Ifigênia e Florêncio de Abreu,
eram os mestres-de-obras italianos que faziam as construções.
Eles tinham grande criatividade
para fazer fachadas”, conta o professor da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo da USP Benedito Lima de Toledo.
Na prática, o tombamento deve afugentar investidores, já que
ele impõe restrições para obras,
não só nos bens tombados, mas
nas áreas do entorno. Como o
tombamento abrange todo o bairro, qualquer construção deve ser
submetida ao Condephaat.
Tombamentos
impõem restrições
para obras nos
prédios e na região
Por ser a ligação entre o centro
antigo e as estações de trem, a região está cheia de hotéis que um
dia abrigaram os ricos barões do
café, políticos e outros famosos
que passavam pela cidade na primeira metade do século 20. Hoje,
a maior parte cai aos pedaços. É o
caso do Hotel Federal Paulista, na
Rua Mauá. “Está tudo podre.
Quando era pequena, passava
aqui na frente e achava tudo um
luxo”, conta Sandra, de 44 anos,
que há três anos mora no quarto
50 – paga R$ 360 por mês.
O presidente da Associação Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida, acredita que haverá limitações para grandes empreendimentos. Segundo ele, há
excessos nos pedidos de tombamento. Sobram, contudo, exemplos de patrimônio: o Palacete
Campos Elísios, o casarão da família Santos Dumont, as Igrejas
Nossa Senhora do Rosário e Santa Ifigênia e os hotéis da Rua
Mauá são apenas alguns.
O piloto do processo de revitalização, o subprefeito da Sé e secretário de Serviços, Andrea Matarazzo, garante que o tombamento
não atrapalhará seus planos. “O
maior problema para os empreendedores é a pequena propriedade.
E ainda sobrarão muitas áreas que
poderão ser exploradas”, diz.
A certeza, no entanto, não é
confirmada por empresários consultados, que pediram para não
ser identificados. Eles disseram
que vão esperar uma definição sobre o que poderá ser alterado para
depois começar a investir. ●
CMAIS INFORMAÇÕES:
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PATRIMÔNIO – Prédios de valor histórico, como o do Hotel Federal Paulista, estão caindo aos pedaços
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