CEDERJ / EXTENSÃO – FÍSICA Uma breve história do mundo dos quanta UNIDADE 5 Uma breve história do mundo dos quanta Érica Polycarpo & Marta F. Barroso Unidade 5 Propriedades da Função de Onda Sumário: • Apresentação • Interpretação de Born para a função de onda • Solução da Equação de Schrödinger para um potencial unidimensional • Discussão • Referências Apresentação Na aula passada, apresentamos a Equação de Schrödinger, a equação diferencial satisfeita pela onda associada aos objetos microscópicos, cujo comprimento de onda foi determinado primeiramente por de Broglie. Nessa unidade, iremos discutir a noção de função de onda segundo a visão de Borne também resolver a Equação de Schrödinger para um potencial conhecido. Interpretação de Born para a função de onda Ao analisarmos a Equação de Scrödinger (Eq. 6 da Unidade 4) verificamos que as soluções dessa equação são funções complexas. Funções reais, como as soluções da equação de onda clássica, são possíveis apenas para potenciais muito particulares. Conseqüentemente, não há como dar às soluções da Equação de Schrödinger uma existência física, assim como fazemos com as ondas na superfície da água, ou em uma corda, ou mesmo com as ondas de luz. Nesses casos, a amplitude da onda está associada a um deslocamento (no caso das ondas mecânicas) ou ao campo elétrico (no caso da luz, ondas eletromagnéticas). Ao mesmo tempo em que muitos se puseram a buscar soluções da Equação de Schrödinger para sistemas sujeitos a diferentes potenciais, outros procuravam desenvolver uma compreensão física adequada para essas soluções. Born and Dirac foram figuras centrais no que diz respeito a essas questões. Algumas das idéias que pretendemos discutir já foram apresentadas em pontos específicos das unidades anteriores, especialmente da primeira, onde discutimos a dualidade onda-partícula. Agora reunimos todas as informações, na tentativa de construir um panorama consistente, ainda que qualitativo, da mecânica quântica. È importante enfatizar que as idéias aqui descritas correspondem à interpretação mais aceita da física quântica, a estatística. Há, porém, outras interpretações na literatura, e sugerimos a referência [1] para uma boa discussão sobre o tema. As propriedades matemáticas indispensáveis à função de onda já haviam sido bem determinadas pelo próprio Schrödinger: ela deve ser univocamente definida, contínua e finita em todo o espaço e tempo. Born então, inspirado pelas idéias de Einstein para os fótons, supôs que o quadrado da função de onda do elétron deveria fornecer uma densidade de probabilidade para o elétron. Com essa interpretação, era possível prever as probabilidades de espalhamento de partículas por alvos atômicos, o que foi realizado com grande sucesso. Ao mesmo tempo, Heisenberg, no artigo em que introduzia o Princípio da Incerteza, mostrou que não somente o caráter Erica Polycarpo e Marta F. Barroso – pág.1 Max Born ganhou o prêmio Nobel em 1954, pela sua pesquisa fundamental em mecânica quântica, em particular pela sua interpretação estatística da função de onda. CEDERJ / EXTENSÃO – FÍSICA Uma breve história do mundo dos quanta UNIDADE 5 determinístico da física clássica deveria ser abandonado, mas também o conceito ingênuo de realidade que enxerga as partículas atômicas como se elas fossem minúsculos grãos de areia. Nas palavras de Born, em seu discurso na entrega do prêmio Nobel de 1954, “Grãos de areia têm, em cada instante, posição e velocidade bem definidas. Com o elétron, a situação é bem diferente. Se a sua posição é medida com acurácia crescente, a possibilidade de se determinar a sua velocidade diminui e vice-versa”. Ainda segundo Born, se chamamos ψ ( x, t ) a função de onda do elétron, então ψ ( x, t ) dx = ψ ( x, t )ψ * ( x, t )dx 2 (1) nos dá a densidade de probabilidade de encontrar o elétron entre x e x + dx no instante t. ψ ( x, t ) é, portanto, interpretada como uma amplitude de probabilidade. Essa função contém toda a informação disponível, ou experimentalmente acessível, sobre o elétron. Essas grandezas físicas experimentalmente acessíveis, os observáveis (momento, energia, posição, carga, momento angular,...), correspondem aos valores médios ou aos autovalores dos operadores associados a elas. Os autovalores de um observável podem ser previstos teoricamente, bem como podem ser previstas as probabilidades de que uma medida desse observável resulte em cada um dos seus autovalores. Valores esses que são os únicos capazes de serem medidos. A equação que determina os autovalores ∧ a de um observável A é: ∧ Aψ ( x, t ) = aψ ( x, t ), (2) ∧ a qual diz que o resultado da atuação do operador A sobre o estado descrito pela autofunçãoψ ( x, t ) é a própria autofunção multiplicada pelo número a . O valor médio de um observável, ou o seu valor esperado, é dado por ∧ ∧ A = ∫ ψ * ( x, t ) Aψ ( x, t )dx (3) ∧ Para calcular os autovalores ou o valor esperado do operador A é preciso escrevê-lo em termos da posição e do tempo. Para as grandezas momento e energia, não é possível escrever os operadores com simples funções de x e t, mas como operadores diferenciais: ∧ P ↔ −ih ∂ ∂x ∧ E ↔ ih e ∂ ∂t (4) f , que é uma função da posição x , p e possivelmente do tempo t, o operador é obtido pela substituição na ∧ ∧ ∧ ∂ e t = t. função f ( x, p, t ) de x, p , t pelo operadores x = x, P = −ih ∂x Assim, para qualquer grandeza dinâmica do momento Podemos então encontrar solucionando a equação: ∧ P ψ p ( x , t ) ≡ −i h as autofunções do ∂ ψ p ( x , t ) = pψ p ( x , t ) ∂x operador momento, (5) Erica Polycarpo e Marta F. Barroso – pág.2 CEDERJ / EXTENSÃO – FÍSICA Uma breve história do mundo dos quanta UNIDADE 5 As soluções são ondas planas de momento ψ p ( x, t ) = Ce ipx / h ,−∞ ≤ p ≤ ∞. É fácil verificar que a probabilidade de se encontrar a partícula posição entre − ∞ e + ∞ diverge, o que nos mostra que autofunções de momento não representam um estado quântico aceitável. Como vimos anteriormente, soluções aceitáveis da Equação de Schrödinger podem ser escritas em termos de uma expansão em integral de Fourier: ∞ ψ ( x) = ∫ C ( p)e ipx / h dp Coeficientes (6) −∞ C ( p ) = constante indicam determinação completa do momento e, portanto, indeterminação completa da posição, de onde se origina a divergência da Eq. (1). Solução da Equação de Schrödinger Vejamos agora um exemplo de solução da Eq. de Schrödinger para um potencial constante no tempo do tipo degrau. Embora esse tipo de potencial não seja encontrado na natureza, ele é freqüentemente utilizado para aproximar situações reais. Por serem fáceis de tratar matematicamente, são muito úteis na obtenção de resultados que permitem ilustrar vários fenômenos quânticos realmente encontrados na natureza. Primeiramente, devemos notar que, se o potencial não depende do tempo, podemos fazer uma separação de variáveis tal que a equação de Schrödinger seja separada em duas. Separação de variáveis na Equação de Schrödinger Se escrevemos ψ ( x, t ) = χ ( x)φ (t ) (1) e substituimos na Equação de Schrödinger, obtemos: i hχ ( x ) ∂φ (t ) h2 ∂ 2 χ ( x) =− φ (t ) + U ( x) χ ( x)φ (t ) ∂t 2m ∂x 2 Ao dividirmos os dois lados por ih (2) χ ( x)φ (t ) , ficamos com 1 ∂φ (t ) h 2 1 ∂ 2 χ ( x) =− + U ( x) . 2m χ ( x) ∂x 2 φ (t ) ∂t (3) Como o lado esquerdo da Eq. 3 só depende do tempo e o lado direito só depende da posição, ambos devem ser iguais a uma constante, que chamaremos convenientemente de E . A solução do lado esquerdo, ih 1 ∂φ (t ) = E, φ (t ) ∂t (4) é dada por Erica Polycarpo e Marta F. Barroso – pág.3 Lembrete: estamos resolvendo o problema em 1 dimensão. Caso estivéssemos resolvendo em três dimensões, o operador H seria escrito como → h2 2 H =− ∇ + U (r ) 2m CEDERJ / EXTENSÃO – FÍSICA Uma breve história do mundo dos quanta UNIDADE 5 φ (t ) = Ae E −i t h = Ae −iwt , (5) onde w é a freqüência da função de onda solução da Equação (2) e com as relações de de Broglie, é a energia da partícula. O lado direito da Eq.3 pode ser escrito como E , de acordo Hχ ( x) = Eχ ( x) , onde (6) H é um operador diferencial, chamado o operador Hamiltoniano: h2 ∂2 H =− + U ( x) . 2m ∂x 2 (7) A Eq. 6, também escrita como, ∂ 2 χ ( x ) 2m + 2 (E − U ( x) )χ ( x) = 0 , ∂x 2 h (8) é conhecida como a Equação de Schrödinger independente do tempo, e as ψ ( x, t ) = Aχ ( x)e − iwt são chamadas soluções estacionárias, e têm energia bem definida. A Eq. 6 é uma equação de autovalor do operador linear H . Determinadas as suas soluções χ n (x ) com autovalores E n , pode-se construir a soluções do tipo combinação linear ψ ( x, t ) = ∑ C n χ ( x ) e −i Ent h , (9) que também é solução da Eq. de Schrödinger, porém não representa uma partícula de energia bem definida. Solução da Equação de Schrödinger independente do tempo Vamos buscar agora as soluções da Equação de Schrödinger independente do tempo para o potencial da Fig. 1, igual a 0, x < 0 U ( x) = . V0 , x > 0 (10) U(x) U (x) Us(x) V0 -ε ε x Figura 1: Potencial degrau unidimensional (em azul). Em vermelho, apresentamos um potencial que aproxima-se do degrau. Erica Polycarpo e Marta F. Barroso – pág.4 CEDERJ / EXTENSÃO – FÍSICA Uma breve história do mundo dos quanta UNIDADE 5 Temos que considerar duas situações: E > V0 e E < V0 . Na primeira situação, podemos reescrever a Eq. 8, como ∂ 2 χ ( x) + k 2 χ ( x) = 0; 2 ∂x k2 = 2m (E − V0 ) , h2 (11) cuja solução mais geral é dada por χ ( x) = Ae ikx + A' e -ikx , com (12) A e A´ sendo duas constantes complexas. Quando a energia é menor que o potencial, a Eq. 8 pode ser reescrita como ∂ 2 χ ( x) − ρ 2 χ ( x) = 0; 2 ∂x ρ2 = 2m (V0 − E ). h2 (13) Nesse caso, a solução mais geral é dada por χ ( x) = Be ρx + B' e - ρx , (14) onde B e B´ são também constantes complexas. Note que, classicamente, não haveria possibilidade da partícula se encontrar em uma região de x > 0. Vejamos agora quais as condições de contorno que devem ser satisfeitas por χ (x) . O potencial degrau da Eq. 10 pode ser aproximado pelo potencial U s (x) ilustrado na Fig. 1 em vermelho, que é igual a U (x) em todo o espaço, exceto em uma região muito pequena entre x = −ε e x = +ε , onde ele não apresenta um degrau, mas varia continuamente. Nós podemos escrever, para o potencial U s (x ) , ∂ 2 χ s ( x ) 2m + 2 (E − U s ( x) )χ s ( x) = 0 ∂x 2 h como uma equação de diferença: ∂χ s (+ε ) ∂x 2 − ∂χ s (−ε ) ∂x 2 ε 2m = 2 ∫ (U s ( x) − E )χ s ( x)dx h −ε ε → 0 , U s (x) permanece finito, e portanto a integral permanece finita e torna-se menor quando ε diminui. Para ε = 0 a integral é zero. Logo, ∂χ s ( x) é contínua. Em um degrau finito (V0 finito), tanto a função de onda como a ∂x ε →0 Quando sua primeira derivada são contínuas. Soluções para E > V0 Podemos agora aplicar essas condições de contorno para determinar as constantes das nossas soluções, primeiramente para E > V0 , situação em que a função de onda para qualquer valor de x é do tipo (12). Erica Polycarpo e Marta F. Barroso – pág.5 CEDERJ / EXTENSÃO – FÍSICA Uma breve história do mundo dos quanta UNIDADE 5 Vamos escrever as soluções para x < 0 e x > 0 como: χ ( x < 0) = A1 e ik1x + A1 ´e − ik1 x e χ ( x > 0) = A2eik 2 x + A2´e − ik 2 x , com k1 = (15) 2m(E − V0 ) 2mE = k e . 2 h2 h2 Desta forma, as condições de contorno se traduzem nas equações χ ( x = 0) x < 0 = χ ( x = 0) x > 0 = A1 + A1 ´= A 2 + A 2 ' ∂χ ∂χ ( x = 0) x < 0 = ( x = 0) x > 0 = ik1 ( A1 − A1 ´) = ik 2 ( A2 − A2 ´). ∂x ∂x (16) Supondo que inicialmente temos partículas que se aproximam do degrau vindo da esquerda, e que sofrem reflexão e transmissão em x = 0 , temos A 2 ' = 0 , e o sistema de Equações (15) pode ser resolvido para A 1 ' /A 1 e A 2 /A 1 . As soluções são: A1 ' k 1 - k 2 = A 1 k1 + k 2 e A2 2k1 = A 1 k1 + k 2 (17) As razões são reais e positivas e não há deslocamento de fase na reflexão e na transmissão. Para determinarmos a constante que está faltando, precisaríamos aplicar a condição de normalização da função de onda, ou seja, igualarmos a integral do quadrado da função de onda sobre todo o espaço a 1. As soluções que determinamos, porém, são ondas planas, o que torna a normalização impossível, uma vez que essa integral diverge. Como já foi mencionado anteriormente, a solução física para uma partícula seria dada por um pacote de ondas planas que satisfazem as condições determinadas acima. Probabilidades de reflexão e de transmissão para E > V0 Ao multiplicarmos as soluções da Equação de Schrödinger independente do tempo encontradas acima pelo termo temporal, vemos que a função de onda para x < 0 é na verdade uma onda estacionária, formada pela combinação das ondas incidente e refletida, pois as localizações dos nós não mudam com o tempo. Fisicamente, essas funções de ondas são úteis para descrever feixes estacionários de partículas. Podemos calcular as probabilidades de reflexão e de transmissão desses feixes de partículas pelo potencial a partir da razão do fluxo refletido e do fluxo transmitido, respectivamente, pelo fluxo incidente. Dado que o fluxo de probabilidade nos fornece a probabilidade por unidade de tempo de encontrar uma partícula do feixe cruzando o ponto x , ao se mover em uma dada direção, ele é proporcional à densidade de probabilidade da onda que se move nessa direção nesse ponto, multiplicada pela velocidade de propagação. Para x < 0 , a velocidade de propagação é υ1 = p1 hk1 p 2 hk 2 = = . Para x > 0 , a velocidade é υ 2 = . m m m m Erica Polycarpo e Marta F. Barroso – pág.6 CEDERJ / EXTENSÃO – FÍSICA Uma breve história do mundo dos quanta UNIDADE 5 Logo, as probabilidades de reflexão R= T= υ1 A1 ´e υ1 A1 e ik1 x − iwt 2 υ 2 A2 ´e υ1 A1 e R e transmissão T , são dadas por: ik1 x − iwt 2 = A1 ik 2 x − iwt 2 ik1 x − iwt 2 A1 ´ = 2 2 = 1− k 2 A2 ´ k1 A1 (k 4k1 k 2 2 2 = + k2 1 (k ) 4k 1 k 2 1 + k2 2 (18) ) 2 É interessante notar que , classicamente, uma partícula com energia total E se movendo no sentido crescente de x sofrerá uma força no ponto x = 0 , que atuará no sentido de “freiá-la”, diminuindo a sua velocidade. Na mecânica quântica, como acabamos de ver, há uma probabilidade apreciável da partícula ser refletida pelo degrau de volta para a região x < 0 , mesmo que ela tenha energia suficiente para atravessá-lo e passar para a região x > 0 . A probabilidade de transmissão somente E >> V0 e k 2 → k1 . Em qualquer situação, como pode ser visto a partir de (18), R + T = 1 . tende a zero no limite em que Soluções para E > V0 Nesse caso, vamos escrever as soluções para x < 0 e x > 0 como: χ ( x < 0) = A1 e ik1x + A1 ´e − ik1 x e χ ( x > 0) = B2e ρ 2 x + B2´e − ρ 2 x , com k1 = 2mE e ρ2 = h2 2m(V0 − E ) h2 (19) . Para que a solução em x > 0 seja finita no infinito, é preciso que condições de continuidade em x = 0 resultam no sistema χ ( x = 0) x < 0 = χ ( x = 0) x > 0 = A1 + A1 ´= B 2 ' ∂χ ∂χ ( x = 0) x < 0 = ( x = 0) x > 0 = ik1 ( A1 − A1 ´) = ik 2 B 2 , ∂x ∂x B 2 = 0 . As (20) cujas soluções são: A 1 ' k 1 - iρ 2 = A 1 k 1 + iρ 2 e B2´ 2k1 = . A 1 k1 + iρ 2 (21) As razões entre as amplitudes são complexas e, portanto, as funções de onda refletida e transmitida sofrem um deslocamento de fase. Erica Polycarpo e Marta F. Barroso – pág.7 CEDERJ / EXTENSÃO – FÍSICA Uma breve história do mundo dos quanta UNIDADE 5 Probabilidades de reflexão e de transmissão para E < V0 Comparando os fluxos refletido e transmitido com o fluxo incidente, como fizemos anteriormente, obtemos as probabilidades de reflexão R e transmissão T . R= T= υ1 A1 ´e ik1x − iwt 2 υ1 A1 e ik1 x − iwt 2 υ 2 A2 ´e υ1 A1 e = A1 ik 2 x − iwt 2 ik1 x − iwt 2 A1 ´ = 2 2 =1 , k 2 B2 ´ k1 A1 (22) 2 2 =0 ou seja, não há fluxo transmitido, o que está de acordo com a física clássica. Ao verificarmos, porém, a densidade de probabilidade em x > 0 , encontramos um comportamento completamente diferente do clássico. Vejamos: ψ *ψ x >0 = B2´* B2 ´e −2 ρ 2 x , (23) isto é, a probabilidade de encontrar uma partícula decai rapidamente quando x cresce, mas não é nula, como seria esperado classicamente. Este fenômeno, denominado penetração na região classicamente proibida, se estende por uma distância da ordem de 1 / k 2 . No limite clássico, o produto m(V 0 − E ) é tão grande, quando comparado a medida. h 2 , que essa distância torna-se pequena demais para ser Discussão Outros potenciais além do potencial degrau são simples de serem tratados matematicamente e úteis como aproximação de potenciais reais. Dentre eles, a barreira de potencial nos permite estudar o efeito de tunelamento. A barreira de potencial é um degrau de dimensão finita, ou seja, a região de potencial diferente de zero está confinada a uma região pequena do espaço. Em certas condições, é possível que partículas de energia menor que o potencial da barreira “tunelem”, atravessando a região proibida e sendo transmitidas à região posterior, com potencial novamente nulo. Certos tipos de decaimentos radioativos e processos de fissão de núcleos pesados são governados por esse processo. Além disso, os transistores de efeito de campo (FET – Field Effect Transistor) que estão presentes em quase todos os chips de computadores controlam o fluxo de elétrons a partir do ajuste eletrônico da altura de uma barreira de potencial. Soluções da Equação de Schrödinger para potenciais desse tipo e similares podem ser encontradas em vários livros, que deixamos como referências. Referências [1]FEYNMAN, LEIGHTON AND SANDS, The Feynman Lectures on Physics, Vol III. Editora Addison Wesley, 1965. [2] R. Eisberg e R. Resnick, Física Quântica, Editora Campus, 1979. [3] S. Gasiorowicz, Física Quântica, Editora Guanabara Dois, 1979. Erica Polycarpo e Marta F. Barroso – pág.8