EXPRESSÕES FACIAIS EM SITUAÇÃO DE APRENDIZADO

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EXPRESSÕES FACIAIS EM SITUAÇÃO DE APRENDIZADO
SILVA, Leandro Chagas da1 – UEL
PASSOS, Marinez Meneghello2 – UEL
ARRUDA, Sergio de Mello3 – UEL
Grupo de Trabalho – Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: CAPES e CNPq
Resumo
Este artigo apresenta resultados de uma investigação sobre a relação professor-aluno em
situação de aprendizado. Para sustentar as evidências percebidas, assumimos que existe uma
relação entre eles e que nessa relação o professor e o aluno desempenham papéis diferentes.
Entendemos ‘papel’ como um conjunto de atribuições, destacando que ao aluno cabe aprender
e o professor possui saberes que facilitam esse aprendizado. Com relação aos saberes do
professor, defendemos que a observação das expressões faciais se configura como uma
ferramenta que o auxilia nesta relação professor-aluno. Neste artigo não nos preocupamos em
responder como o professor pode utilizar essa ferramenta, mas elencar os principais itens que
estiveram presentes na elaboração do sistema de análise de expressões faciais que nos foi útil
em situação de aprendizado e, também, como resultado de um movimento teórico e esforço de
produção de dados, apresentar as principais expressões faciais que se evidenciaram ao final do
processo que conduzimos. Para isso, apresentamos os principais aspectos de uma investigação
que acompanhou alunos enquanto estudantes de ciências e matemática por cerca de dois anos.
Para se pautar durante o desenvolvimento da relação professor-aluno, um dos pesquisadores
precisou desenvolver uma habilidade específica em relação à observação de expressões
faciais. E mais, teve que organizar e elaborar uma nova fundamentação teórica que permitisse
que a observação das expressões faciais fosse configurada como um objeto de estudo para a
pesquisa em ensino de ciências e matemática. Por fim, destacamos que essa investigação
1
Mestrando em Ensino de Ciências e Educação Matemática: Universidade Estadual de Londrina, UEL – Brasil.
Pesquisador estudante junto ao grupo de pesquisa em Educação em Ciências e Matemática (EDUCIM) com
apoio CAPES – Brasil. E-mail: [email protected].
2
Doutora em Educação para a Ciência, pela Faculdade de Ciência da Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho, Unesp Bauru – Brasil. Professora associada da Universidade Estadual de Londrina, UEL –
Brasil. Pesquisadora junto ao grupo de Pesquisa na Formação de Professores, USP – Brasil. Líder junto ao grupo
de pesquisa em Educação em Ciências e Matemática (EDUCIM). E-mail: [email protected].
3
Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo, USP – Brasil. Professor da Universidade Estadual de
Londrina, UEL – Brasil. Pesquisador junto ao grupo de Pesquisa na Formação de Professores, USP – Brasil.
Pesquisador junto ao grupo de pesquisa em Políticas Educacionais e Formação de Professor de Matemática,
UEPG – Brasil. Líder junto ao grupo de pesquisa em Educação em Ciências e Matemática (EDUCIM). E-mail:
[email protected].
17388
possuiu características de uma pesquisa qualitativa e, portanto, nos atentamos mais para a
descrição de processos do que para a comprovação de hipóteses.
Palavras-chave: Situação de aprendizado. Relação professor-aluno. Expressão facial.
Introdução
A observação de expressões faciais já data de 1872 em publicações de Charles
Darwin4. Em 2011, Paul Ekman5 elaborou um sistema de análise de expressões faciais em que
se observavam emoções como desprezo, aversão, raiva, tristeza, medo, surpresa e alegria.
Nesta publicação, em 2013, apresentamos um sistema de análise de expressões faciais para
observar alunos durante uma situação de aprendizado, momento em que um aluno pode estar
confuso, frustrado, pensando ou ter concluído algo; esses casos foram denominados de
situações do aprendiz.
Para formularmos a hipótese de que o aluno pode ser observado como alguém que se
encontra em uma dessas quatro situações e que o professor pode se utilizar dessa observação
para se relacionar com o aluno, nos referenciamos em autores que defendem os três itens
seguintes, presentes ao longo de toda pesquisa: 1) ensinar é, obrigatoriamente, entrar em
relação com o outro; 2) as expressões faciais fornecem evidências de alguma reação
fisiológica vivenciada por um indivíduo; 3) o não verbal interfere na relação professor-aluno.
Então entendemos que as expressões faciais já são objeto de interesse científico já há
algum tempo e que existe um contexto teórico em que elas podem ser consideradas em
situações de aprendizado. E foi nesse sentido que conduzimos observações de expressões
faciais de alunos enquanto estudavam. Descreveremos brevemente como isso ocorreu e
também quais foram as habilidades que um dos autores6 teve que desenvolver enquanto
observador. Por fim, escrevemos sobre os processos metodológicos consultados ao organizar
e apresentar as observações realizadas, que culminam nas imagens que, para nós,
representaram as expressões faciais características das situações do aprendiz.
4
DARWIN, C. As expressões das emoções nos homens e nos animais. São Paulo: Cia das Letras, 2000.
EKMAN, P. Emotions revealed: recognizing faces and feelings to improve communication and emotional life.
New York: Times Books, 2011.
6
Para conduzir esta pesquisa, foi necessário que um dos autores, Leandro Chagas da Silva, desempenhasse
múltiplos papéis, estando entre eles o de professor, observador e pesquisador. Neste artigo, que foi redigido na
primeira pessoa do plural, estaremos nos referindo a este autor quando indicarmos algum desses papéis na
primeira pessoa do singular. Ou seja, quando indicarmos no texto o professor, o observador e o pesquisador.
5
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A relação entre o professor e o aluno do ponto de vista das expressões faciais
Assumimos que ensinar “é, obrigatoriamente, entrar em relação com o outro”
(TARDIF, 2002, p. 222) e, também, que elementos não verbais interferem nesta relação, no
mesmo sentido do que foi exposto por Gauthier et al. ao citar que “[...] os professores
eficientes empregam sinais não verbais e não obstrutores (gestos, contato direto com os
olhos, proximidade), que não quebram o efeito do clímax” (GAUTHIER, et al., 1998, p. 245,
grifo nosso). Ou ainda no mesmo sentido da seguinte citação:
O entusiasmo se manifesta por meio de vários sinais: fala rápida, timbre de voz
aguda, variação de entonação; movimento expressivo dos olhos; gestos frequentes e
expressivos; movimentos teatrais do corpo; expressões faciais variadas e cheias de
emoção; emprego de um vocabulário vivo; aceitação imediata e entusiasta das ideias
e dos sentimentos; demonstração de um grau elevado de energia (GAUTHIER,
1998, p. 255, grifo nosso).
Com base nessas referências, podemos sustentar que sinais não verbais, gestos e
expressões faciais são elementos que podem ser considerados na relação professor-aluno, e
ainda mais, que podem ser observados em professores considerados eficientes. E, se adotamos
que essas são características presentes em professores eficientes, podemos assumir que o
emprego correto desses elementos pode ser entendido como uma característica do saber do
professor. Com relação a esse saber, entendemos que “[...] o saber dos professores é plural,
compósito, heterogêneo, porque envolve, no próprio exercício do trabalho, conhecimentos e
um saber-fazer bastante diversos, provenientes de fontes variadas e, provavelmente, de
natureza diferente” (TARDIF, 2002, p. 18), então, além de empregar esses sinais, defendemos
que o professor também pode observar o aluno e fazer uma leitura do que se passa com o
aprendiz. Além de dominar habilidades relacionadas ao emprego adequado de sinais não
verbais, os professores também podem observar os sinais não verbais empregados pelos
alunos. Na pesquisa à qual este artigo se refere, nos ocupamos em definir e descrever um
grupo de expressões faciais que pudessem ser significantes7 para o professor durante o
exercício da docência. Mas aqui coube uma pergunta: se elas serão significantes, serão
significantes do quê? A resposta foi elaborada com base no relatório NRC8 (2009, p. 73) onde
7
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, que pode ser acessado no endereço priberam.pt/dlpo. Significante:
que significa.
8
O National Research Council (NRC) dos EUA é uma instituição sem fins lucrativos que fornece
informações sobre questões de interesse mundial relacionadas a ciências, engenharia e medicina. Os
resultados de seus relatórios anuais servem como referência para novos estudos nessas áreas.
17390
há a citação de um projeto piloto em que se buscou inferir se um aluno estaria confuso,
frustrado, pensando ou se teria concluído algo9 com base na observação de suas expressões
faciais. Mas nesse relato não há a apresentação de imagens, algo que fizemos nesta
publicação. E conhecendo as expressões faciais significantes para as situações do aprendiz, é
possível que o professor perceba sutilezas durante as aulas que não seriam perceptíveis apenas
pela fala, permitindo, de acordo com o que pesquisamos, que o professor obtenha um grande
número de indicadores sobre a forma que os alunos reagem à sua aula.
Com isso pensamos o professor como alguém que pode ter precisão na sua avaliação
sobre o que está ocorrendo no momento em que se relaciona com o aluno. E que essa precisão
pode ser obtida com base em indicadores de um sistema de análise de expressões faciais
próprio para situação de aprendizado. Entendemos que ser preciso é ser capaz de medir
pequenas variações e que
se não sou capaz de estabelecer a diferença entre uma norma, um fato, um afeto, um
papel social, uma opinião, uma emoção etc., sou um perigo público numa sala de
aula, pois sou incapaz de compreender todas as sutilizas das interações com os
alunos em situações de ação contingentes (TARDIF, 2002, p. 180).
Sendo assim, concebemos as expressões faciais como um elemento que pode ser
observado pelo professor na relação com o aluno e que a leitura adequada do que observa se
configura como uma ferramenta que o auxilia na condução dessa relação.
Metodologia
Os principais aspectos metodológicos desta pesquisa foram divididos em dois grupos:
um relacionado à obtenção de dados; e outro relacionado à apresentação desses dados. Para
obter os dados, foi necessário que o pesquisador desenvolvesse uma habilidade de observar
expressões faciais e também que desenvolvesse um método para obter dados de suas
observações. Este método pode ser entendido com base nos seguintes itens: a) olhar a
expressão facial do aluno; b) descrever pequenas variações desta expressão; c) atribuir
significado à descrição; e d) dialogar com o aluno para ajustar/testar o significado inferido.
Essas etapas podem se repetir várias vezes até que o professor obtenha um bom significado a
ser relacionado a uma determinada expressão facial. Nesta pesquisa, para obter expressões
faciais representativas ao que denominamos de situações do aprendiz, foi necessário
9
Tradução livre.
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entrevistar constantemente os alunos enquanto resolviam exercícios de ciências e matemática
por um período de quase dois anos. Ao final desse tempo, o pesquisador já conseguia
identificar a situação de cada aluno com base em suas expressões faciais. E não foi apenas
isso, ele também precisou adquirir a habilidade de representar as expressões observadas nos
alunos em sua própria face.
A apresentação dessas expressões foi feita com base em procedimentos sugeridos para
a análise textual. Com base em Moraes (2003) e Moraes e Galiazzi (2011), podemos entender
que com os procedimentos da análise textual é possível reorganizar, descrever e reler textos, o
que torna possível novas interpretações sobre algum fenômeno. Um conjunto de textos,
selecionado segundo algum critério da pesquisa, pode ser denominado de corpus de pesquisa.
O corpus é entendido como algo que pode ser desmontado em pequenos fragmentos, que
correspondem a trechos dos textos que, quando lidos, possuem um sentido completo em si. Os
fragmentos são então reagrupados de acordo com o critério de possuírem um sentido
semelhante entre si, formando assim grupos que são descritos como categorias. Sobre este
procedimento, denominado categorização, podemos destacar que:
A categorização é parte do processo de análise e interpretação de informações de
pesquisa qualitativa. Pode tomar uma diversidade de direcionamentos, dependendo
dos pressupostos assumidos pelo pesquisador em sua análise. Na análise textual
discursiva corresponde a uma organização, ordenamento e agrupamento de
conjuntos de unidades de análise, sempre no sentido de conseguir novas
compreensões dos fenômenos investigados. Equivale, nesse sentido, à construção de
estruturas compreensivas dos fenômenos, posteriormente expressas em forma de
textos descritivos e interpretativos (MORAES e GALIAZZI, 2011, p. 74).
Para o tratamento das imagens observadas, procedemos de forma semelhante a isso,
mas com algumas adaptações. Nosso corpus foi constituído pelas expressões faciais de alunos
enquanto estudavam. Os fragmentos correspondem à imagem estática de uma expressão
facial, representada neste artigo por meio de fotografias do pesquisador. As categorias
correspondem às quatro situações do aprendiz e podem ser entendidas como categorias
elaboradas a priori, sendo as imagens agrupadas em cada categoria de acordo com o critério
de receberem significados que possuam alguma semelhança entre si. Por meio dessas
categorias apresentaremos os resultados obtidos desse movimento teórico e esforço de
pesquisa.
Sobre a observação dos alunos podemos destacar que cerca de dez participantes foram
acompanhados individualmente durante seus estudos, sendo alguns deles encontrados
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semanalmente por quase quatro semestres letivos. Nesse contexto foi possível observá-los
com base em Ekman (2011) e se constatar que existiu um limite entre as análises possíveis
com este referencial e as necessidades de avaliação em uma situação de aprendizado, o que
direcionou nossa pesquisa para a elaboração de um novo referencial que se configurasse em
um sistema de análise de expressões faciais próprio para situação de aprendizado.
Resultados
Sobre os resultados, destacamos que nem todas as expressões faciais obtidas durante
nossa pesquisa estão presentes nesta publicação. Escolhemos apenas as mais significativas
para cada situação, sendo duas imagens para cada caso, exceto para quando inferimos que o
aluno estaria pensando, pois apenas uma expressão compõe essa categoria. Então,
apresentamos quais foram as sete expressões faciais mais significativas para as situações do
aprendiz, organizadas e descritas de acordo com as categorias confuso, frustrado, pensando e
conclusão.
As imagens foram apresentadas aos pares, sendo a da esquerda uma expressão facial
neutra, e a da direita, uma expressão facial representada, dessa forma é possível que o leitor
observe as diferenças entre as duas. As imagens são acompanhadas de textos descritivos e
interpretativos; as descrições se referem às características que podem ser observadas em cada
expressão; e as interpretações são aquelas obtidas pelo professor junto aos alunos observados
e ao final de cada texto há uma frase que possui o sentido que foi atribuído para cada
expressão facial. Ou seja, para cada imagem existe uma interpretação e, também, uma
descrição de quais são as características que podem ser observadas na expressão facial.
As imagens representadas a seguir são do próprio pesquisador, pois optamos por
preservar a identidade de qualquer aluno que tenha participado de nossa pesquisa, por se
tratar, na maioria dos casos, de menores de idade. Ressaltamos também que aprender a
representá-las está de acordo com a ideia de que a sistematização de expressões faciais nos
pareceu mais interessante enquanto processo do que enquanto produto, pois provavelmente
outros professores podem alterar ou complementar os sentidos que foram atribuídos para cada
expressão, indicando, inclusive, expressões que não foram consideradas em nossa pesquisa.
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Confuso
Situações que supomos que o aluno estava confuso.
Figura 1: Expressão facial de confusão CB – confuso boca
Característica: contração dos cantos da boca para baixo.
Interpretação: esta expressão foi considerada um forte indício de dúvida, mesmo
quando o aluno afirmava algo. Em outras palavras, seria como se o aluno estivesse falando
“não sei”.
Figura 2: Expressão facial de confusão CS – confuso sobrancelha
Característica: sobrancelhas fortemente contraídas em direção ao nariz; pulsação das
sobrancelhas.
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Interpretação: essa expressão é semelhante à expressão de pensando no sentido de
estar com a sobrancelha contraída em direção ao nariz. Entretanto, ela ocorre com mais
intensidade. Em muitos casos foi comum os músculos da sobrancelha pulsarem. Na maioria
dos casos bastava esclarecer melhor a parte do assunto que gerava essa expressão. O professor
entendia essa expressão como se o aluno falasse “estou concentrado no que está dizendo, mas
não estou entendendo”.
Frustrado
Situações que supomos que o aluno estava frustrado.
Figura 3: Expressão facial de frustração FMU – frustração maçã unilateral
Característica: apenas uma das maçãs do rosto saliente.
Interpretação: o aluno sente-se desconfortável em relação à própria capacidade de
resolver o exercício. O aluno costumava verbalizar algum tipo de desconforto em relação a si
mesmo, nesses casos. Geralmente estava pensando em algo que o bloqueava durante a
resolução de um exercício ou no entendimento de uma explicação. Em alguns casos, foi
comum que viesse acompanhada da expressão “sou burro mesmo”. Para o professor, é como
se o aluno falasse: “Me sinto mal em relação a mim mesmo ao tentar aprender esse assunto”.
17395
Figura 4: Expressão facial de frustração FPSR –
frustração pálpebra superior relaxada
Característica: pálpebra superior relaxada.
Interpretação: representou um desânimo do aluno em relação à atividade que estivesse
realizando. Em alguns casos o aluno chegava a falar: “Não quero fazer”. Em Ekman (2011),
trata-se de uma expressão de tristeza. Quando o professor a identificava, bastava que
esperasse em silêncio, por alguns segundos, até que o próprio aluno começasse a falar sobre o
que o frustrava. Geralmente era sobre sua capacidade de aprender algo. O professor a entendia
como se o aluno dissesse: “Não consigo realizar essa atividade que me propus a fazer”.
Pensando
Situações que supomos que o aluno estava pensando.
Figura 5: Expressão facial de quem está pensando PS –
pensando sobrancelha
17396
Característica: sobrancelhas levemente contraídas em direção ao nariz.
Interpretação: essa foi considerada pelo professor a melhor expressão em situações de
aprendizado. Indicava que o aluno estava raciocinando. Seus pensamentos estavam fluindo,
seja durante uma explicação ou durante a resolução de um exercício. O aluno estava focado.
Nesses casos era comum que a atenção do aluno estivesse sobre a matéria, não sobre si
mesmo. As expressões seguintes a esta geralmente eram as de confuso ou de conclusão. As
diferenças entre esta expressão e a de confuso são o tempo e a intensidade da contração dos
músculos das sobrancelhas. Esta expressão durou o tempo em que o aluno parecia estar
concentrado, era uma expressão quase fixa.
Conclusão
Situações que supomos que o aluno havia concluído algo.
Figura 6: Expressão facial de conclusão CBT –
conclusão boca testa
Característica: sobrancelhas levantadas; queixo levemente caído; boca entreaberta e
levemente esticada em direção às orelhas.
Interpretação: essa expressão é a mais esperada ao final de uma explicação bem-sucedida. Geralmente, quando o aluno faz essa expressão, olha para o exercício e o resolve.
Ou, em outros casos, faz um comentário que mostra ter entendido algo sobre a explicação. Foi
considerado pelo professor como um forte indício de que seu objetivo durante uma explicação
está sendo alcançado. Em muitos casos, após o aluno apresentar uma expressão de confuso, e
ser indagado pelo professor sobre “qual é o problema”, e tentar explicar a sua confusão, o
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próprio aluno identificava o seu equívoco, reformulava o seu raciocínio e, enquanto
verbalizava uma conclusão, fazia esta expressão facial. Para Ekman (2011), ela recebe o
significado de surpresa. Para o professor, era como se o aluno dissesse: “Entendi!”.
Figura 7: Expressão facial de conclusão CQ – conclusão queixo
Característica: queixo projetado para frente.
Interpretação: podemos dar a mesma interpretação atribuída à expressão CBT, pois são
expressões que podem, inclusive, ocorrer simultaneamente. Podemos caracterizá-la também
apenas como a visão lateral da expressão CBT.
Essas foram sete das expressões faciais que julgamos pertinentes a esse evento, a
pesquisa completa se encontra na dissertação de mestrado do primeiro autor deste artigo.
REFERÊNCIAS
DARWIN, C. As expressões das emoções nos homens e nos animais. São Paulo: Cia das
Letras, 2000.
EKMAN, P. Emotions revealed: recognizing faces and feelings to improve communication
and emotional life. New York: Times Books, 2011.
GAUTHIER, C. et al. Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o
saber docente. Ijuí: Unijuí, 1998.
MORAES, R. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual
discursiva. Ciência & Educação, Bauru: Faculdade de Ciências, v.9, n.2, p. 191-211, 2003.
17398
MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise textual discursiva. 2.ed. rev. Ijuí: Ed. Unijuí,
2011.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Learning science in informal Environments:
people, places, and pursuits. Committee on learning in informal environments. Washington,
DC: The National Academies Press, 2009.
TARDIF, M. Saberes docentes na formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.
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