título do resumo - Anais Unicentro

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UM OLHAR SOBRE AS ATIVIDADES GRAMATICAIS
EM ENUNCIADOS DE LIVROS DIDÁTICOS DIRECIONADOS AO ENSINO
DE E/LE
Natália Araújo da Fonseca (Fundação Araucária), Profa. Dra. Cláudia
Cristina Ferreira (Orientadora), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Letras Estrangeiras
Modernas, Londrina - PR.
Lingüística, Letras e Artes - Letras Estrangeiras Modernas
Palavras-chave: modo imperativo espanhol, estratégias de aprendizagem,
múltiplas inteligências.
Resumo:
Os aprendizes brasileiros de língua estrangeira apresentam uma
grande dificuldade no momento de realizar as atividades propostas pelos
professores. Uma das explicações para isto é a forma com que os
enunciados destas atividades são elaborados, visto que, na maioria das
vezes, não contribuem para a autonomia na aprendizagem do aluno,
deixando-o totalmente dependente das explicações do professor. A fim de
remediar tais dificuldades, ou parte delas, optamos por fazer uma análise
dos enunciados do livro didático Hacia el Español, nível básico, à luz da
teoria das Estratégias de Aprendizagem (EA) e das Múltipas Inteligências
(MI), cujo aspecto gramatical analisado recai sobre o modo imperativo por
ser uma das grandes dificuldades apresentadas pelos aprendizes brasileiros
de espanhol como língua estrangeira .
Introdução
Esta pesquisa teve seu início em outubro de 2009 e está inserida no
projeto de pesquisa “As Múltiplas Inteligências (MI) e as Estratégias de
Aprendizagem (EA) na Elaboração de Atividades ‘Estratégicas’”, projeto em
andamento desde 2008.
Durante o delinear do projeto, realizamos diversas leituras teóricas
que abordavam sobre as Estratégias de Aprendizagem (EA) e as Múltiplas
Inteligências (MI), no intuito de agregarmos conhecimento referente à
importância que estas exercem no ensino e aprendizagem de línguas
estrangeiras.
Oxford (1990, apud Silva, 2006, p. 2) “caracteriza as estratégias de
aprendizagem
como
instrumentos
que
permitem
um
melhor
autodirecionamento ao aprendente, uma vez que são geralmente usadas
para resolver um problema a ser solucionado, e são centradas no ‘como
fazer’ e não no ‘o que fazer’. Em relação às MI, “a teoria das inteligências
múltiplas sugere abordagens de ensino que se adaptam às ‘potencialidades’
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
individuais de cada aluno, assim como à modalidade pela qual cada um
pode aprender melhor” (GARDNER, 1994, apud ALMEIDA, p. 1).
A partir do momento em que o aluno passa a ter consciência do que
são e a tamanha contribuição das EA e das MI para o seu aprendizado, ele
as utilizará como ferramentas que explorarão as suas potencialidades e se
tornarão, paulatinamente, primordiais para sua aprendizagem.
No entanto, ao analisar a presença ou não das EA e MI nos
enunciados gramaticais do livro Hacia el Español, selecionamos apenas o
nível básico, visto que o modo imperativo é o aspecto gramatical a ser
analisado e este assunto é contemplado somente neste volume, não
podemos deixar de destacar a dificuldade que os brasileiros aprendizes do
espanhol como língua alvo enfrentam ao empregar tal modo verbal na língua
espanhola, principalmente em contextos de comunicação. Ao estudarmos o
modo imperativo, convencionamos defini-lo como “um modo de expressão
de vontade: súplica, pedido, conselho, sugestão, permissão, ordem, quando
o tratamento é de 2ª pessoa, exprimem-se em português no imperativo.”
(DUBOIS, 1973, apud FERREIRA, 2007, p. 43). As situações citadas acima
são utilizadas tanto no imperativo do português quanto do espanhol, porém,
as complicações se mostram a partir da freqüência com que o modo
imperativo é empregado em ambas as línguas. Além disso, atentamos para
o fato de que o imperativo em espanhol apresenta um leque maior de
possibilidades que em português. Em meio a essas diferenças e
semelhanças entre uma cultura e outra é onde surge a grande dificuldade
dos aprendizes brasileiros ao empregarem o modo imperativo espanhol,
tendo em vista a forte interferência lingüística e cultural que sua língua
materna (português) exerce sobre o aprendizado da língua estrangeira alvo
(espanhol).
Materiais e métodos
Para a realização desta pesquisa foi necessário uma revisão
bibliográfica sobre o tema, consultando fontes distintas, tanto impressa
quanto digital, sobre a temática abordada (EA, MI e o modo imperativo),
juntamente como as reflexões e discussões realizadas nos encontros
semanais.
O material analisado é o livro didático Hacia el Español, nível básico,
6ª edição reformulada do ano de 2004, editora Saraiva. Este livro apresenta
doze seções, em todas elas são abordados conteúdos de funções
comunicativas, - léxico, fonética, gramática, além das quatro habilidades ouvir, falar, ler e escrever. Além do nível básico, a coleção é composta por
mais dois níveis: intermediário e avançado, sendo todos de autoria de
Fátima Cabral Bruno e Maria Angélica Mendonza.
Resultados e discussão
As MI e as EA são temas que há muito tempo vem sendo discutidos
por diversos teóricos que acreditam e defendem a utilização das mesmas,
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
por contribuírem para o aperfeiçoamento do processo de ensino e
aprendizagem de qualquer língua estrangeira.
Contudo, a grande maioria dos professores não faz uso das EA e das
MI em suas aulas, seja por desconhecê-las ou até mesmo por ignorar a
contribuição que elas proporcionam ao aprendizado do aluno. Entretanto,
ressaltamos que a culpa não recai somente no professor. Muitos livros
didáticos não procuram incorporá-las em suas atividades, acarretando
assim, a não utilização das EA e MI pelos alunos. Grande parte destes
alunos é dependente das explicações do professor, logo, possuem
dificuldades em buscar alternativas para resolver seus problemas de
aprendizagem. Segundo Taillefer (2004) isso ocorre devido aos enunciados
da grande parte dos livros didáticos serem curtos e objetivos, fazendo com
que o aluno responda tais perguntas de maneira automática, sem antes
refletir sobre o objetivo da atividade.
No que diz respeito à análise dos enunciados do livro didático Hacia
el Español, nível básico, o livro apresenta um total de 21 enunciados de
atividades que versam sobre o imperativo; dentre estes 21 enunciados, 6
contemplam as EA sendo que estes 6 enunciados utilizam a estratégia
metacognitiva, 4 utilizam a metacognitiva e a cognitiva e somente 3 fazem
uso da metacognitiva, cognitiva e sócio-afetiva. Em relação às MI, 4
enunciados utilizam-nas; sendo que entre estes 4 enunciados, 3 utilizam a
inteligência musical e 1 utiliza a inteligência lingüística e a intrapessoal.
No entanto, ao analisar enunciados gramaticais que versam sobre o
modo imperativo, não poderíamos deixar de salientar as dificuldades que os
aprendizes brasileiros de língua espanhola enfrentam ao estudar o modo
imperativo espanhol. A explicação para essa dificuldade é a freqüência com
que este modo verbal é utilizado pelos hispano-falantes em relação aos
brasileiros. Segundo Fernández (1998, p. 88) “Embora, a rigor, as funções
exercidas pelo imperativo verbal sejam as mesmas, tanto em espanhol
quanto em português, o índice de freqüência desse modo verbal parece ser
maior em castelhano, sobretudo na linguagem oral, na variedade coloquial
distensa, enquanto em português, nesses contextos, preferem-se as
fórmulas imperativas atenuadas.” Por acreditarem que a utilização do modo
imperativo seja muito agressiva, os brasileiros “afirmam que os hispanofalantes são autoritários ou pouco educados, devido ao fato de não pedir, e
sim mandar” (FERNÁNDEZ, 1998, p. 22). O que se percebe é que a
dificuldade de empregar corretamente o imperativo na língua espanhola faz
parte de uma concepção estereotipada que os brasileiros criaram a respeito
dos hispano-falantes. Isso interfere de maneira significativa no ensino e
aprendizagem da língua, pois como afirma Fernández (1998, p. 21) “muitos
professores luso-falantes brasileiros evitam usar o imperativo verbal quando
se expressam em espanhol”, pois até os professores se sentem receosos
em utilizar tal modo verbal em suas aulas, por também possuírem a mesma
concepção, e com isso, acabam ensinando uma linguagem não autêntica e
deficitária aos seus alunos.
Conclusões
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Em virtude do que foi discutido, podemos concluir que há um índice
insuficiente da utilização das EA e MI nos enunciados analisados que
versam sobre o modo imperativo espanhol; no entanto, se voltarmos nosso
olhar para outros livros didáticos, veremos que muitos nem sequer as
utilizam. Os enunciados estratégicos permitem que o aluno explore as
diversas estratégias existentes e gradativamente passe a aderir as que
melhor atendam as suas necessidades, otimizando sua aprendizagem.
No que se refere ao modo imperativo, vimos que a dificuldade
manifestada pelos brasileiros em sua utilização, é a frequência com que este
é empregado nos diversos contextos comunicativos de fala hispânica, já que
no Brasil este modo verbal quase não é utilizado. Portanto, o professor deve
utilizar o modo imperativo em suas aulas, para que seus alunos saibam
empregá-lo com toda a propriedade que um nativo o faz, a fim de que não se
esvaia a essência e a autenticidade que possui a língua espanhola.
Agradecimento
Agradeço primeiramente a Deus, a UEL e a Fundação Araucária, as profª.
Marta A. O. B. dos Reis e Cláudia C. Ferreira pelas valiosas discussões e
orientações e ao apoio e carinho das pessoas que são fundamentais na
minha vida e que tanto me auxiliaram no transcorrer desta pesquisa.
Referência
ALMEIDA, M. S. R. Estilos de Aprendizagem. Disponível em:
http://www.smec.salvador.ba.gov.br. Acesso em: 22 jul. 2010
BRUNO, F. A. T. C.; MENDOZA, M. A. C. L.. Hacia el español. (ed.) 6. São
Paulo: Saraiva, 2004. p. 117 – 122
CRIVILIM, A. P; POLIDO; R. M; TAILLEFER, R. J. Q. F. Inovando os
enunciados para redirecionar a aprendizagem estratégica. In Boletim Revista da Área de Humanas. n. 46 Londrina, 2004, 129-137
ERES FERNÁNDEZ, I. G. M. O imperativo verbal espanhol. Estudo das
estratégias utilizadas no seu uso por luso-falantes brasileiros. Tese de
Doutorado. Universidade de São Paulo, 1998.
FERREIRA, C. C.. O Imperativo em gramáticas e em livros didáticos de
espanhol como língua estrangeira visto sob a ótica dos modelos de análise
contrastiva e de análise de erros. Tese Doutorado. Universidade Estadual de
Londrina, 2007.
SILVA, M. W. Estratégias de aprendizagem de línguas estrangeiras – um
caminho em direção à autonomia. Revista Intercâmbio, São Paulo 15, 2006.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
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