III Jornada Acadêmica de Toxicologia

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22/S8
volume 22 • suplemento 8
Maio DE 2012
issn 0103-880 X
RMMG
Revista Médica de Minas Gerais
Apoio
III Jornada Acadêmica de Toxicologia
Esta publicação é resultado da parceria entre as seguintes Instituições
30 e 31 de maio e 01 de junho de 2012
Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte – MG, Brasil
Revista Médica de Minas Gerais
EDITOR GERAL
Enio Roberto Pietra Pedroso
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
EDITORES ASSOCIADOS
Cirurgia
Alcino Lázaro da Silva
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Andy Petroianu
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Tarcizo Afonso Nunes
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Clínica Médica
David de Pádua Brasil
Faculdade de Ciências Médicas de MG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Manoel Otávio da Costa Rocha
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Ginecologia e Obstetrícia
Fernando Marcos dos Reis
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Pediatria
Dulciene Maria Magalhães Queiroz
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Manoel Roberto Maciel Trindade
Departamento de Cirurgia da UFRGS
Porto Alegre, RS – Brasil
Edmundo Anderi Júnior
Faculdade de Medicina do ABC
São Paulo, SP – Brasil
Marco Antonio de Avila Vitoria
Organização Mundial da Saude – OMS
Genebra, SUIÇA
Enio Cardillo Vieira
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Marco Antonio Rodrigues
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Fábio Leite Gastal
Hospital Mãe de Deus
Porto Alegre – RS, Brasil
Maria Inês Boechat
Dept. of Radiological Sciences
David Geffen School of Medicine at UCLA
University of Califórnia
Los Angeles – CA, USA
Fabio Zicker
Organizaçao Mundial da Saúde
Genebra, SUIÇA
Federico Lombardi
Universtá degli Studi di Milano
Milano, ITALY
Genival Veloso de França
Centro de Ciências da Saúde da UFPB
João Pessoa – PB, Brasil
Georg Petroianu
Department of Cellular Biology &
Pharmacology Herbert Wertheim
College of Medicine
Florida International University
Miami, FL – USA
Mauro Martins Teixeira
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Mircea Beuran
Clinical Emergency Hospital Bucharest
Bucharest, ROMENIA
Naftale Katz
Fundação Oswaldo Cruz,
Centro de Pesquisas René Rachou
Belo Horizonte – MG, Brasil
Nagy Habib
Imperial College London. Department of Surgery
London, UK
Nicolau Fernandes Kruel
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e UNISUL
Florianópolis. SC – Brasil
Ennio Leão
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Gerald Minuk
University of Manitoba, Department of Internal
Medicine
Manitoba, CANADA
Maria do Carmo Barros de Melo
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Geraldo Magela Gomes da Cruz
Faculdade de Ciências Médicas de MG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Saúde Coletiva
Giselia Alves Pontes da Silva
Centro de Ciências da Saúde da UFPE
Recife – PE, Brasil
Orlando da Silva
Department of Paediatrics, UWO
Neonatal Intensive Care Unit
London, Ontario, Canadá
Henrique Leonardo Guerra
PUC Minas
Belo Horizonte – MG, Brasil
Paulo Roberto Corsi
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP
São Paulo, SP – Brasil
Henrique Neves da Silva Bittencourt
Centre Hospitalier Universitaire Sainte-Justine –
Universite de Montreal
Montreal – QC, CANADÁ
Pietro Accetta
UFF / Faculdade de Medicina
Niterói – RJ – Brasil
Maria da Conceição J. Werneck Côrtes
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Saúde Mental
Humberto Corrêa da Silva
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
CONSELHO EDITORIAL
Ahmed Helmy Salem
Assiut University Hospitals & Faculty of
Medicine Tropical Medicine &
Gastroenterology Department
Assiut EGYPT
Aldo da Cunha Medeiros
Centro Ciências da Saúde da UFRN
Natal – RN, Brasil
Antônio Luiz Pinho Ribeiro
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Aroldo Fernando Camargos
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Bruno Caramelli
Faculdade de Medicina da USP
São Paulo – SP, Brasil
Bruno Zilberstein
Faculdade de Medicina da USP
São Paulo – SP, Brasil
Carlos Teixeira Brandt
Centro de Ciências da Saúde da UFPE
Recife – PE, Brasil
Cor Jesus Fernandes Fontes
Faculdade de Medicina da UFMT
Cuiabá – MT, Brasil
Jacques Nicoli
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Jair de Jesus Mari
Faculdade de Medicina da UNIFESP
São Paulo – SP, Brasil
João Carlos Pinto Dias
Centro de Pesquisas René Rachou-FIOCRUZ
Belo Horizonte – MG, Brasil
João Carlos Simões
Curso de Medicina da Faculdade Evangélica do
Paraná ( FEPAR)
Curitiba, PR – Brasil
João Galizzi Filho
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
José Carlos Nunes Mota
Departamento de Medicina da UFS
Aracaju, SE – Brasil
Nilson do Rosário Costa
Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Protásio Lemos da Luz
Universidade de São Paulo – Incor
São Paulo – SP, Brasil
Renato Manuel Natal Jorge
Universidade do Porto
Porto – Portugal
Roberto Marini Ladeira
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
Belo Horionte – MG, Brasil
Rodrigo Correa de Oliveira
Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas
René Rachou, Laboratório de Imunologia
Belo Horizonte – MG, Brasil
Ruy Garcia Marques
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro – RJ, Brasil
Sandhi Maria Barreto
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
José da Rocha Carvalheiro
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP
São Paulo, SP – Brasil
Sérgio Danilo Pena
Instituto de Ciências Biológicas – UFMG
Núcleo de Genética Médica – GENE
Belo Horizonte – MG, Brasil
Leonor Bezerra Guerra
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
William Hiatt
Colorado Prevention Center
Denver, Colorado, USA
22/S8
Editorial
UMA PUBLICAÇÃO DA Associação Médica de
Minas Gerais – AMMG • Conselho Regional de
Medicina de Minas Gerais – CRM-MG • Cooperativa Editora e de Cultura Médica Ltda. – Coopmed
• Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais
– FCMMG • Faculdade de Medicina da UFMG
– FM/UFMG • Federação Nacional das Cooperativas Médicas – Fencom • Secretaria de Estado
da Saúde de Minas Gerais – SES/MG • Secretaria
Municipal de Saúde de Belo Horizonte – SMSa/
BH • Sindicato dos Médicos do Estado de Minas
Gerais – Sinmed-MG • Unimed-BH Cooperativa
de Trabalho Médico Ltda – Unimed-BH.
Diretoria Executiva do Conselho Gestor
Francisco José Penna – Presidente •
Helton Freitas – Diretor Financeiro •
Marcelo Gouvea Teixeira – Diretor de Relações
Institucionais •
Conselho Gestor
Ajax Pinto Ferreira (Coopmed) • Amélia Maria
Fernandes Pessôa (Sinmed-MG) • Cláudio de
Souza (CRM-MG) • Francisco José Penna
(FM/UFMG) • Helton Freitas (UNIMED-BH) •
Lucas Viana Machado (FCMMG)• Luciana Costa
Silva (AMMG) • Luiz Edmundo Noronha Teixeira
(Fencom) • Marcelo Gouvea Teixeira (SMSa-BH) •
Editor Administrativo
Maria Piedade Fernandes Ribeiro Leite
Revisores
Magda Barbosa Roquette de Pinho Taranto (Pt)
Secretária
Suzana Maria de Moraes Miranda
Normalização Bibliográfica
Maria Piedade Fernandes Ribeiro Leite
Projeto gráfico: José Augusto Barros
Produção Editorial: Folium
Tiragem: 500 exemplares
Indexada em: LILACS – Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde; PERIODICA - Indice de
Revistas Latinoamericanas; LATINDEX - Sistema
Regional de Información en Linea para Revistas
Científicas de América Latina, el Caribe y Portugal;
Afiliada a Associação Brasileira de Editores
Científicos - ABEC.
Versão Online: ISSN: 2238-3182
Disponível em: http://rmmg.medicina.ufmg.br/
Início da Publicação: v.1, n.1, jul./set. 1991
Correspondências e artigos
Revista Médica de Minas Gerais
Faculdade de Medicina da UFMG
Av. Prof. Alfredo Balena, 190 – Sala 12
30130-100 – Belo Horizonte. MG. Brasil
Telefone: (31) 3409-9796
e-mail (artigos): [email protected]
e-mail (correspondências):
[email protected]
Rev Med Minas Gerais 2012; 22(Supl 8): S1 - S48
Mensagem do Coordenador da Disciplina de Toxicologia
O Homem, lutando por sua sobrevivência, teve que aprender a reconhecer as propriedades benéficas ou nocivas das plantas, animais e substâncias
presentes no meio no qual habita. Ademais, constitui requisito fundamental
para o desenvolvimento pleno e racional de uma nação o conhecimento
das características do ambiente e das interações entre os seres vivos em seu
espaço peculiar.
A Toxicologia objetiva estudar os efeitos adversos causados por agentes
químicos ao homem e ao meio ambiente, investigando, ainda, as propriedades físico-químicas de cada substância e avaliando a segurança de seu uso.
O estudo e o manejo das intoxicações devem seguir diretrizes adaptadas às
especificidades regionais, às características biológicas peculiares da fauna
e da flora e aos costumes locais. A elevada incidência das intoxicações em
nosso meio impõe seu estudo sistemático e o ensino adequado de seu manejo.
As Jornadas Acadêmicas de toxicologia visam contribuir ao cumprimento
dessa missão. Este Suplemento da Revista Médica de Minas Gerais compila
e guarda a memória da III JATOX, realizada nos dias 30 e 31 de maio e 01 de
junho de 2012, e demonstra claramente a elevada qualidade do desempenho
dos estagiários e preceptores do Serviço de Toxicologia do Hospital João
XXIII, um dos maiores centros de referência em toxicologia no país.
Que esta iniciativa, por demais relevante, siga profícua, proveitosa e devidamente amparada por nossas instituições.
Manoel Otávio da Costa Rocha
Professor Titular. Departamento de Clínica Médica
Coordenador da Disciplina de Toxicologia
22/S8
sumário
1 • Editorial
3 • Comissões
4 • Programação Científica
Capa: Logomarca III Jornada Acadêmica
de Toxicologia.
8 • Sessão de Pôsteres
28 • Sessão de Temas Livres
36 • Sessão de Temas Orientados
2
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
22/S8
III Jornada Acadêmica de Toxicologia
COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenador III JATOX e Editor do Suplemento
Dr. Manoel Otávio da Costa Rocha
Coordenador Científico e
Editor Adjunto do Suplemento
Dr. Délio Campolina
Comissão Científica e
Editoras Adjuntas do Suplemento
Dra. Cecília Maria de Souza Lagares Dabien Haddad
Dra. Luciana Silveira
coordenação acadêmica
Coordenadora Geral
Jemima Sant’Anna
Coordenador Científico
Heraldo Valladão
Equipe:
Walter Flausino
Leandro França
José Márcio Barcelos
Coordenador Financeiro
Matheus Gurgel
Equipe:
Guilherme Apgáua
Gustavo Bretas
Ian Christoff
Lívia Tanure
Coordenadores de Divulgação
Moises Diniz
Paula Rodrigues
Equipe:
Antônio Dias
Daniela Aluotto
Gustavo Neves
Gustavo Rodrigues
Letícia Godoy
Secretária
Isadora Mota
Equipe:
Flávia Vitorino
Hérica Moreira
Livia Inêz
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
3
programação científica
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
30 e 31 de maio e 01 de junho de 2012
30 de maio – quarta-feira
17h00
Registro e entrega de materiais. Fixação e avaliação de pôsteres
18h30
Abertura Oficial da III JATOX
18h40
Atendimento pré-hospitalar ao paciente intoxicado
19h10
Indicações e contraindicações dos procedimentos médicos mais
comuns em toxicologia
19h35
Relato de caso: “Avaliação do acidente crotálico pós-queda: diagnóstico e
tratamento tardios”
20h00Lanche
20h20
Tema livre: “Acidente Cáustico”
20h45
Lavagem Gástrica: realmente efetiva?
21h10
Tema livre: “Amitraz”
21h35
Mesa redonda
22h00
Adiamento da sessão
31 de maio – Quinta-feira
4
17h00
Fixação e avaliação de pôsteres
18h30
Tema livre: “Identificação de animais peçonhentos”
18h55
Intoxicação por hipoglicemiantes orais
19h20
Tema livre: “Intoxicação por opioide”
19h45
Lanche
20h05
Abordagem psicológica do paciente intoxicado
20h35
Tema livre: “Intoxicação por cobre: identificação e manejo”
21h00
Desafios dos novos anticonvulsivantes
21h25
Mesa redonda
22h00
Adiamento da sessão
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
01 de junho – sexta-feira
17h00
Fixação e avaliação de pôsteres
18h30
Atualização em pesquisas na área de toxicologia
19h00
Soroterapia antiveneno: Tratamento das reações adversas
19h25
Tema livre: “Acidente Crotálico”
19h50
Lanche
20h10
Protocolo de Síndrome Coronariana Aguda no IAM induzido por drogas
20h35
Tema livre: “Acidente Escorpiônico”
21h00
Qual a situação da toxicologia na comissão de especialidades?
21h30
Premiações
22h00
Encerramento Oficial da III JATOX
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
5
Sumário
Sessão de Pôsteres
Avaliação das alterações cardiotóxicas decorrentes
do uso da doxorrubicina: estudo experimental em ratos...........................................................................................09
P001 - RISCO DE TOXICIDADE POR REPELENTES TÓPICOS CONTRA INSETOS CONTENDO DEET......................................... 14
P002 - ARRITMIAS CARDÍACAS INDUZIDAS POR ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS.................................................................. 14
P003 - A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL NA ABORDAGEM DO PACIENTE USUÁRIO DE CRACK........................... 14
P004 - ABORDAGEM DO PACIENTE COM INTOXICAÇÃO POR LÍTIO............................................................................................. 14
P005 - EPIDEMIOLOGIA, CLÍNICA E TRATAMENTO DOS ACIDENTES OFÍDICOS........................................................................ 15
P006 - ENVENENAMENTO – DESCONTAMINAÇÃO DO TRATO GASTROINTESTINAL............................................................... 15
P007 - EPIDEMIOLOGIA DA INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS: ÊNFASE PARA OS SALICILATOS...................................... 15
P008 - ACIDENTES DE CONTATO COM LONOMIA OBLIQUA:
EFEITOS SISTÊMICOS DAS TOXINAS DETERMINANDO SÍNDROME HEMORRÁGICA................................................................. 15
P009 - RISCO DE INTOXICAÇÃO PELA CAFEÍNA PRESENTE EM BEBIDAS ENERGÉTICAS......................................................... 16
P010 - NOVAS PERSPECTIVAS NO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA INTOXICAÇÃO POR PARACETAMOL................... 16
P011 - INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS........................................................................................................................... 16
P012 - INTOXICAÇÃO PELA SÍNDROME DO BODY PACKER............................................................................................................. 16
P013 - TOXICOLOGIA FORENSE – INTOXICAÇÃO POR ÁCIDO ....................................................................................................... 17
P014 - INTOXICAÇÕES INFANTIS POR HIPOCLORITO DE SÓDIO.................................................................................................... 17
P015 - DOPING COM ESTEROideS ANDROGÊNICOS ANABÓLICOS: EFEITOS TÓXICOS NO ORGANISMO.............................. 17
P016 - TRATAMENTO ESPECÍFICO DE INTOXICAÇÕES EXÓGENAS POR DIGOXINA .................................................................. 17
P017 - LOXOSCELISMO EM BELO HORIZONTE: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
E CLÍNICOS DA INTOXICAÇÃO PELO VENENO DE ARANHAS DO GÊNERO LOXOSCELES......................................................... 18
P018 - BOTULISMO ALIMENTAR INFANTIL: SUA OCORRÊNCIA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO.......................................... 18
P019 - PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ATENDIMENTOS REALIZADOS
PELA UNIDADE DE TOXICOLOGIA DO HOSPITAL JOÃO XXIII EM 2010........................................................................................ 18
P020 - ENCEFALOPATIA POR INTOXICAÇÃO COM CEFEPIMA........................................................................................................ 18
P021 - PERIGOS DA INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA INFANTIL.................................................................................................. 19
P022 - SATURNISMO: REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................................................. 19
P023 - A AYAHUASCA (CHÁ DO SANTO DAIME) E SEUS EFEITOS PSICOTRÓPICOS................................................................... 19
P024 - TOXICOLOGIA CLÍNICA DOS ACIDENTES POR PICADAS DE ABELHAS............................................................................. 19
P025 - ACIDENTE POR LOXOSCELES E LOXOSCELISMO.................................................................................................................. 20
P026 - ACIDENTE POR MANIHOT UTILISSIMA POHL........................................................................................................................ 20
P027 - PSICOSE NA DOENÇA DE PARKINSON: ANÁLISE DA TOXICIDADE DE DROGAS ANTIPARKINSONIANAS COMO CAUSA.......20
P028 - FASCIOTOMIAS NA SÍNDROME COMPARTIMENTAL POR ACIDENTE BOTRÓPICO –
ANÁLISE COMPARATIVA DE QUATRO CASOS DO CIAT – BH......................................................................................................... 20
P029 - BOTULISMO IATROGÊNICO: UMA POSSÍVEL COMPLICAÇÃO NO TRATAMENTO DE ESPASTICIDADE EM CRIANÇAS.......21
P030 - ABORDAGEM DO PACIENTE VÍTIMA DA INGESTÃO DE CÁUSTICOS................................................................................. 21
P031 - TRATAMENTO PARA SUPERDOSAGEM DE CARBAMAZEPINA E LÍTIO: RELATO DE CASO.......................................... 21
P032 - REPERCUSSÕES NEUROLÓGICAS DA INTOXICAÇÃO POR CHUMBO................................................................................. 21
P033 - INTOXICAÇÃO POR IMIDAZOLÍNICOS NASAIS EM CRIANÇAS............................................................................................ 22
6
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
P034 - DISFUNÇÃO TIREOIDIANA INDUZIDA PELA AMIODARONA................................................................................................ 22
P035 - ABORDAGEM CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA DOS ACIDENTES ESCORPIÔNICOS EM BELO HORIZONTE....................... 22
P036 - ESCORPIONISMO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO
ESTADO DE MINAS GERAIS, COM ENFOQUE EM BELO HORIZONTE............................................................................................ 22
P037 - INTOXICAÇÃO POR FERRO: UM DESAFIO NA PREVENÇÃO PRIMÁRIA............................................................................ 23
P038 - ABORDAGEM DO PACIENTE COM SUPERDOSAGEM DE FERRO......................................................................................... 23
P039 - ESTUDO DOS EFEITOS TÓXICOS DO FORMALDEÍDO.......................................................................................................... 23
P040 - INTOXICAÇÃO POR INGESTÃO DE HIGIENIZADORES.......................................................................................................... 23
P041 - INTOXICAÇÃO POR ALUMÍNIO: ASPECTOS RELEVANTES PARA A CLÍNICA.................................................................... 24
P042 - LAVAGEM GÁSTRICA NA EXPOSIÇÃO TÓXICA AGUDA EM CRIANÇAS............................................................................. 24
P043 - ERUCISMO POR LONOMIA OBLIQUA – RELATO DE CASO................................................................................................... 24
P044 - INTOXICAÇÃO NA SÍNDROME DE MÜNCHHAUSEN: DIAGNÓSTICO E MANEJO CLÍNICO.............................................. 24
P045 - INTOXICAÇÃO POR NAFTALENO: UMA ABORDAGEM CLÍNICA......................................................................................... 25
P046 - NANODESINTOXICAÇÃO: UM MÉTODO EMERGENTE......................................................................................................... 25
P047 - INTOXICAÇÃO POR INSETICIDAS ORGANOFOSFORADOS.................................................................................................. 25
P048 - PREVENÇÃO DOS ACIDENTES COM PRODUTOS CÁUSTICOS NO BRASIL........................................................................ 25
P049 - SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA NEONATAL: ASPECTOS GERAIS E TRATAMENTO........................................................... 26
P050 - TOXICIDADE MITOCONDRIAL NA TERAPIA COM ANTIRRETROVIRAIS.......................................................................... 26
P051 - TOXICOLOGIA REPRODUTIVA: AÇÃO DE DROGAS PSICOATIVAS NA INFERTILIDADE MASCULINA........................... 26
P052 - USO DE FRAGMENTOS FAB NA INTOXICAÇÃO POR DIGOXINA......................................................................................... 26
P053 - ESTUDO DAS FRAÇÕES PURIFICADAS DA PEÇONHA DO ESCORPIÃO AMARELO (TITYUS SERRULATUS)................ 27
P054 - EFEITOS AGUDOS DA COADMINISTRAÇÃO DE ECSTASY E ETANOL................................................................................. 27
Sessão de Temas Livres
Escorpionismo: quadro clínico e manejo dos pacientes graves................................................................................29
TL 001 - INTOXICAÇÃO AGUDA POR AMITRAZ..................................................................................................................................34
TL 002 - RELATO DE CASO: ACIDENTE CROTÁLICO.........................................................................................................................34
TL 003 - ACIDENTE CÁUSTICO: RELATO DE CASO............................................................................................................................34
TL 004 - INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE CROTÁLICO PÓS QUEDA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO TARDIOS......................34
TL 005 - INTOXICAÇÃO POR COBRE: IDENTIFICAÇÃO E MANEJO.................................................................................................35
Sessão de Temas Orientados
Lavagem gástrica realmente efetiva?...................................................................................................................................37
Soroterapia antiveneno: tratamento das reações adversas...................................................................................40
TO 001 - O DESAFIO NO TRATAMENTO DOS NOVOS ANTICONVULSIVANTES............................................................................45
TO 002 - PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS MÉDICOS EM TOXICOLOGIA: INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES.......................45
TO 003 - INTOXICAÇÃO POR HIPOGLICEMIANTES ORAIS...............................................................................................................45
TO 004 - SÍNDROME CORONARIANA AGUDA NO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO INDUZIDA POR COCAÍNA....................45
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
7
pôsteres
artigo original
Avaliação das alterações cardiotóxicas
decorrentes do uso da doxorrubicina:
estudo experimental em ratos
Clinical evaluation of the doxorubicin-induced cardiotoxicity:
experimental study in rats
Isabela Martins Melo1, Maira Souza de Oliveira2, Marília Martins Melo3
RESUMO
A doxorrubicina é um dos quimioterápicos mais utilizados no tratamento de tumores sólidos
e hematopoiéticos, embora possa causar reações adversas, especialmente cardiomiopatia
secundária. Apesar do potencial cardiotóxico, a doxorrubicina ainda é amplamente utilizada
devido a sua alta eficácia e baixo custo. Nesse trabalho objetiva-se estudar a sintomatologia
associada ao uso da doxorrubicina em ratos, para elucidar seus efeitos cardiotóxicos. Dez
ratos Wistar machos foram distribuidos em dois grupos: tratado, o qual recebeu 5mg/kg de
doxorrubicina em 1,0mL de salina, via intraperitoneal a cada sete dias, durante quatro semanas; e controle, o qual recebeu apenas 1,0 mL de salina nas mesmas condições descritas.
Realizou-se eletrocardiograma antes dos tratamentos e após quatro semanas, juntamente
com ecocardiograma. Os animais do grupo tratado apresentaram apatia, emagrecimento,
desidratação e fezes diarreicas com muco, indicando disfunção metabólica decorrente da
toxicidade do quimioterápico. Em dois animais, o quadro clínico evoluiu para óbito, 19 dias
após início do tratamento. No eletrocardiograma detectou-se aumento na amplitude das
ondas P e R, sugerindo sobrecarga atrial e ventricular esquerda, respectivamente. A onda
T apresentou amplitude superior à onda R, provavelmente devido a alterações eletrolíticas
secundárias ao quadro de desidratação e diarreia. Arritmias atriais e ventriculares, contudo,
não foram detectadas. Foi diagnosticada disfunção ventricular nos animais que receberam
doxorrubicina, quando avaliados por ecocardiografia de deformação miocárdica (velocidade e deslocamento radiais do ventrículo esquerdo). Conclui-se que a doxorrubicina provoca
cardiotoxicidade dose-dependente com redução progressiva da função ventricular esquerda,
a qual pode ser diagnosticada precocemente com a ecocardiografia strain.
1
Acadêmica do 4° período, Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Belo Horizonte, MG – Brasil.
2
Doutoranda, University of Wisconsin-Madison (USA).
3
Prof. Associada, PhD, DCCV, Laboratório de Toxicologia,
UFMG. Belo Horizonte, MG – Brasil.
Palavras-chave: Quimioterapia; Eletrocardiografia; Ecocardiografia de Deformação
Ventricular; Rato.
ABSTRACT
Doxorubicin is one of the most common drugs used in the treatment of solid and hemopoietic tumors; however it causes a dose-dependent adverse effects, mainly cardiomyopathy.
Despite the obvious cardiac toxicity potential, doxorubicin is still widely used due to its
high efficiency and low cost. Therefore, this research aims to study the symptoms associated with the use of doxorubicin in rats, in order to elucidate its cardiac toxicity. Ten male Wistar rats were distributed into two groups: treated, which received 5mg/kg of doxorubicin
in 1.0 mL saline intraperitoneal weekly, for four weeks, and control, which received only
1.0 mL of saline under the same conditions described. Electrocardiography was performed
before treatment and after four weeks when echocardiography was done as well. The
treated group showed apathy, weight loss, dehydration and diarrheal stools with mucus,
indicating metabolic dysfunction due to the toxicity of chemotherapy. Two animals died, 19
days after the beginning of the experiment. The electrocardiogram detected an increase in
Instituição:
Depto. Clínica e Cirurgia, Escola de Veterinária da UFMG
Belo Horizonte, MG – Brasil
Endereço para correspondência:
Marília Martins Melo
Av. Antônio Carlos, 6627
Bairro: Pampulha
CEP: 31270-901
Belo Horizonte, MG – Brasil
E-mail: [email protected]
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
9
Avaliação das alterações cardiotóxicas decorrentes do uso da doxorrubicina: estudo experimental em ratos
the amplitude of P, R and S waves, suggesting atrial and
ventricular overload, respectively. The greater amplitude
of the T-wave when compared to the R wave occurred
probably due to electrolyte alterations caused by dehydration and diarrhea. Nevertheless, atrial and ventricular arrhythmias were not detected. Ventricular dysfunction was
diagnosed in animals that received doxorubicin when
evaluated by strain echocardiography (left ventricular
radial velocity and displacement). It was concluded that
doxorubicin causes a dose-dependent cardiotoxicity, with
a progressive left ventricular dysfunction which may be
early detected using the strain echocardiography.
Key words: Chemotherapy; Electrocardiography; Strain
Echocardiography; Rat.
introdução
A doxorrubicina é considerada um dos agentes
mais ativos disponíveis para o tratamento quimioterápico de alguns tumores sólidos e hematopoiéticos
e também parte importante como adjuvante no tratamento de neoplasias em estágios precoces. Todavia,
sua eficácia está associada a inúmeras reações adversas, dentre as quais as cardiomiopatias secundárias são as mais significativas.1
Nesse contexto, redução progressiva da função
ventricular esquerda, observada pela diminuição nas
frações de encurtamento e de ejeção, medidas pelo
modo M do exame ecocardiográfico, é observada em
proporção significativa dos pacientes submetidos ao
tratamento com doxorrubicina, apresentando também, elevado risco de desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva.2-3
No atual momento, os mecanismos que causam a
cardiotoxicidade da doxorrubicina ainda não foram
completamente elucidados.4 No entanto, foi sugerido
que a produção de espécies reativas de oxigênio, desequilíbrio de cálcio e apoptose de cardiomiócitos
são consideradas condições de cardiotoxicidade.5-7
Apesar do seu evidente potencial cardiotóxico, a
doxorrubicina é amplamente utilizada em pacientes
oncológicos devido à sua alta eficácia e custo relativamente baixo, quando comparado a outros quimioterápicos. Portanto, o monitoramento dos pacientes em
quimioterapia com a doxorrubicina se torna essencial,
para um diagnóstico precoce de disfunção cardíaca.
A ecocardiografia tem papel preponderante no
diagnóstico e monitoramento de doenças cardíacas,
constituindo técnica não invasiva e segura devido à
sua característica não-ionizante.8-9 A fração de ejeção
do ventrículo esquerdo é a medida mais comumente
usada para avaliar a função sistólica do coração, bem
10
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
estabelecida, com forte prognóstico e implicações
terapêuticas; no entanto, pode não ser satisfatória
em todos os casos.9 Nesse sentido, outras medidas
de contratilidade do miocárdio podem fornecer informações adicionais valiosas, como o grau de deformação ventricular (ecocardiografia strain).9-10 A ecocardiografia strain permite a avaliação quantitativa
regional da função sistólica miocárdica, sendo seus
valores mais precisos por não apresentarem as limitações do método Doppler, como a influência do movimento cardíaco global e de estruturas adjacentes e
a dependência do ângulo de incidência.9
Diante deste contexto, objetivou-se avaliar as alterações cardíacas decorrentes do uso da doxorrubicina utilizando o rato como modelo experimental.
Métodos
O presente estudo seguiu as normas definidas
pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
(COBEA) e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Experimentação da Universidade Federal de Minas Gerais
(CETEA, 176/2010).
Dez ratos Wistar albinus machos, como peso médio de 165 gramas foram distribuidos em dois grupos
(G): grupo tratado (GI), o qual recebeu 5mg/kg de doxorrubicina diluidos em 1,0mL de salina, via intraperitoneal a cada sete dias, durante quatro semanas; e
grupo controle (GII), o qual recebeu apenas 1,0mL de
salina nas mesmas condições descritas. Os animais
foram mantidos em biotério, com temperatura controlada (20°C - 24°C), expostos a ciclos alternados de
luz/escuridão (12h/12h) e receberam ração comercial (Rat Chow®) e água ad libitum.
O eletrocardiograma (ECG-PC, TEB) e ecocardiograma (Vevo 2100, Visual Sonics) foram realizados
antes dos tratamentos (tempo zero) e ao final do período experiemental (quatro semanas após). Os traçados de ECG foram realizados durante 10 minutos,
com velocidade de 50 mm/s e sensibilidade 2N. Os
animais foram previamente anestesiados (isofluorano 2,5%) e posicionados em decúbito dorsal. Foram
avaliados frequência cardíaca, rítmo cardíaco e medidas das ondas e intevalos.
O ecocardiograma foi realizado nos modos bidimensional (2-D), modo-M, Doppler e strain, com os
ratos previamente anestesiados (isoflurano 2.5%) e
posicionados em decúbito dorsal sobre uma plataforma ligeiramente inclinada (entre 45° e 90°) e segui-
Avaliação das alterações cardiotóxicas decorrentes do uso da doxorrubicina: estudo experimental em ratos
ram as recomendações da Sociedade Americana de
Ecocardiografia. A função cardíaca foi avaliada pelo
modo-M (fração de ejeção e fração de encurtamento) e strain (deformação, velocidade e deslocamento,
tanto em corte longitudinal quanto transversal), sendo obtidas seis medidas de cada variável.
Resultados
Os animais do grupo tratado apresentaram apatia, emagrecimento progressivo, desidratação e fezes
diarreicas com muco, indicando disfunção metabólica decorrente da toxicidade do quimioterápico. Em
dois animais o quadro clínico evoluiu para óbito, 19
dias após início do tratamento.
No ECG (Figura 1) detectou-se aumento na amplitude das ondas P e R sugerindo sobrecarga atrial e
ventricular esquerda, respectivamente. Também foi
observada onda T com amplitude superior à onda R,
provavelmente devido a alterações eletrolíticas secundárias ao quadro de desidratação e diarreia. Arritmias
atriais e ventriculares, contudo, não foram detectadas.
Foi diagnosticada disfunção ventricular nos animais que receberam doxorrubicina, quando avaliados pelo método strain. Esses animais apresentaram menores valores para os índices de velocidade
e deslocamento radiais do ventrículo esquerdo,
quando comparados ao grupo controle (Figura 2).
A avaliação pelo modo-M não detectou diferença
entre os grupos.
Figura 1 - Traçados electrocardiográficos dos animais do grupo tratado com doxorrubicina. Os traçados à esquerda do painel foram obtidos no tempo zero e os à direita, ao final do experimento. Nota-se aumento na amplitude de onda P (de 0,04 mV [A1] para 0,10 mV [A2]), de onda R (de 0,11 mV [B1] para 0,20 mV [B2]) e de onda T (amplitude superior à da onda R [C2] o que não era detectado para o mesmo animal no início do experimento [C1]).
Figura 2 - Imagens ecocardiográficas de deformação miocárdica obtidas de ratos Wistar. Notar diminuição
do deslocamento radial entre um animal controle (A) e um do grupo tratado com doxorrubicina (C). Padrão
semelhante pode ser notado para variável velocidade radial a qual se apresentava elevada em animal controle
(B), porém diminuída em animal que recebeu doxorrubicina (D).
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
11
Avaliação das alterações cardiotóxicas decorrentes do uso da doxorrubicina: estudo experimental em ratos
Discussão
Apesar de o efeito cardiotóxico da doxorrubicina ser amplamente conhecido, os animais
avaliados no presente estudo também apresentaram reações adversas de caráter sistêmico, como
apatia, emagrecimento progressivo, desidratação,
diarreia e óbito. Uma vez que todos os animais foram mantidos nas mesmas condições ambientais
e de regime alimentar e que no grupo controle os
animais apresentaram ganho de peso e permaneceram vivos ao longo de todo período experimental, pode-se atribuir à doxorrubicina a ocorrência
dos efeitos adversos relatados. Reações colaterais
como as observadas, notadamente a expressiva
perda de peso e a ocorrência de óbito, também
foram relatadas por outros pesquisadores, corroborando os resultados encontrados.11
O efeito cardiotóxico da doxorrubicina pode ser
identificado pela ecocardiografia strain, por meio
da qual observou-se diminuição nas medidas de
velocidade e deslocamento radiais do ventrículo
esquerdo, durante ciclos cardíacos consecutivos.
Contudo, os mesmos animais, quando avaliados
pelo modo-M, apresentaram medidas de fração
de ejeção e encurtamento sistólico do ventrículo
esquerdo semelhantes ao grupo controle. Assim, a
ecocardiografia strain se mostrou uma ferramenta
diagnóstica de grande valor, uma vez que possibilitou detectar a disfunção ventricular precocemente, ou seja, quando as medidas do modo-M
ainda se apresentavam normais. Ao contrário do
observado na presente pesquisa, há estudos nos
quais foram relatadas medidas de fração de ejeção
e de encurtamento diminuídas, decorrentes da
administração de doxorrubicina.2,3,11 Dessa forma,
pode-se inferir que o grau de cardiotoxicidade nos
animais estudados não foi tão elevado, o que explicaria a ausência de alterações no modo-M. Tal
hipótese é embasada pela ausência de arritmias
atriais e ventriculares, as quais também são relatadas na literatura.11
Além do grau de toxicidade, outro fator que
pode justificar a ausência de arritmias é o tempo
de monitoramento eletrocardiográfico. Como as arritmias são de ocorrência intermitente, avaliações
de longo prazo, como as realizadas com Holter (na
rotina clínica) ou telemetria (em ensaios experimentais), podem detectar alterações não identificadas em traçados de rotina. Na presente pesquisa,
12
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
porém, os animais foram avaliados por ECG convencional. Contudo, buscou-se minimizar tal efeito
aumentando o período de registro, sendo feito o
monitoramento durante 10 minutos consecutivos.
Apesar da ausência de arritmias, uma importante
alteração detectada foi o aumento de amplitude
da onda T, normalmente atribuído à ocorrência de
desequilíbrio eletrolítico, mais precisamente hiperpotassemia, e que é relatado na literatura para o
mesmo modelo experimental.11 Considerando-se a
amostra avaliada, o grau avançado de desidratação
dos animais e a ocorrência de diarreia justificariam
o achado eletrocardiográfico.
Em resumo, os animais que receberam doxorrubicina apresentaram importantes alterações
adversas, tanto metabólicas quanto cardiovasculares, que podem ser justificadas pela administração da droga, uma vez que os animais do grupo
controle permaneceram saudáveis e clinicamente
estáveis durante todo período experimental.
Conclusão
Conclui-se que a doxorrubicina provoca cardiotoxicidade dose-dependente que pode resultar em insuficiência cardíaca e redução progressiva da função
ventricular esquerda, a qual pode ser diagnosticada
precocemente com a ecocardiografia strain.
Referências
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left ventricular systolic function? J Echocardiogr. 2011; 9:41-50.
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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P001 - RISCO DE TOXICIDADE POR REPELENTES TÓPICOS CONTRA
INSETOS CONTENDO DEET
P003 - A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL NA ABORDAGEM
DO PACIENTE USUÁRIO DE CRACK
Scalioni ACM¹, Gonçalves DMV¹, Fernandes RAF²
Gonçalves AJV¹, Guimarães AF¹, Macedo DCLA¹, Ventura SP²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Pediatra e professora da FM-UFMG
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médico do setor de toxicologia do Hospital
João XXIII
Introdução: Picadas de insetos podem provocar irritação local, reações de
hipersensibilidade, desconforto, além de transmitir doenças, como dengue
e febre amarela. Como medida profilática, são frequentemente utilizados os
repelentes de aplicação tópica, principalmente os que contêm DEET (N, N-dietil-meta-toluamida) como princípio ativo. Embora seu uso seja geralmente seguro, é importante considerar seu potencial tóxico, especialmente em
crianças. Objetivo: Este trabalho apresenta uma breve revisão bibliográfica
sobre as possíveis manifestações clínicas adversas, em crianças, associadas
ao uso de repelentes contendo DEET. Metodologia: Foram analisados artigos
do PubMed, sobre o uso de DEET e reações adversas relacionadas à sua toxicidade. (Palavras chave: repelentes de insetos, N,N-dietil-meta-toluamida,
toxicidade, efeitos adversos). Resultados: Vários autores associaram o uso
de repelentes contendo DEET a determinados sinais e sintomas, incluindo:
neurológicos (cefaleia, distúrbios visuais, ataxia, dormência e convulsões),
dermatológicos (urticária, hiperemia e edema) e outros (náuseas, vômitos,
fadiga, dispneia). Entretanto, é difícil estabelecer a relação de causalidade
entre o uso do repelente e o surgimento da manifestação, uma vez que existem diversos vieses, tais como:doenças já existentes, uso concomitante de
outros medicamentos, concentração de DEET utilizada. Conclusão: Visto
que diversas manifestações clínicas podem estar associadas ao uso de DEET,
a utilização desse composto deve ser criteriosa. Deve ser também considerada sua substituição por medidas eficazes e seguras, como os métodos de
barreira (telas, vestimentas, lençóis e cobertores).
Introdução: A Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na lei 10.216, de
2002, busca consolidar um amplo modelo de atenção à saúde mental. As
medidas adotadas crescem a cada ano frente à expansão do crack no país –
estima-se que cerca de 0,1% da população brasileira seja usuária de crack. O
Ministério da Saúde assume o protagonismo do combate à droga. Objetivo:
Demonstrar a importância crescente da Política Nacional de Saúde Mental
na abordagem de pacientes usuários de crack. Método: Revisão da Política
Nacional de Saúde Mental do paciente usuário de crack no site do Ministério
da Saúde. Resultado: A Política Nacional de Saúde Mental propõe cuidados
com base nos recursos que a comunidade oferece. Este modelo conta com
uma rede de serviços e equipamentos variados tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os
Centros de Convivência e Cultura e os Leitos de Atenção Integral (em Hospitais Gerais ou nos CAPS III) e o Programa de Volta para Casa, que oferece
bolsas para egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos. Para
atender à demanda crescente, tem-se hoje 1.771 CAPS, quantidade quatro
vezes maior que em 2002. Conclusão: A Política Nacional de Saúde Mental
visa promover o tratamento digno e de qualidade para os usuários de crack.
Entretanto, a rede de serviços disponibilizados pelo governo é insuficiente
frente à expansão do crack no país.
E-mail: [email protected]
E-mail: [email protected]
P002 - ARRITMIAS CARDÍACAS INDUZIDAS POR ANTIDEPRESSIVOS
TRICÍCLICOS
Toledo AASF¹, Baptista FVD¹, Ramos SDAS¹, Assis TGP¹, Prais HAC²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Professor Adjunto do Curso de Medicina da UFOP
Introdução: Os antidepressivos tricíclicos (ADT) constituem importante classe de medicamentos com larga e antiga utilização no tratamento de transtornos psiquiátricos e neurológicos, dentre outros. Por serem indicados a pacientes com potencial risco de intoxicação, os ADT merecem estudo sobre sua
letalidade relacionada às arritmias cardíacas – principal causa de morte em
superdosagens desses medicamentos. Objetivos: Este estudo tem como objetivo levantar dados de revisão sobre arritmias associadas à intoxicação por
ADT, seu diagnóstico e tratamento, bem como a conscientização do médico
quanto ao uso parcimonioso de ADT em cardiopatas e ao risco de superdosagem. Metodologia: Realizou-se busca parcialmente sistematizada de artigos
de revisão com os unitermos: “antidepressivos tricíclicos” e “arritmias cardíacas”, no banco de dados MEDLINE, via PUBMED, nos últimos 10 anos, nos
idiomas inglês, espanhol, francês e português. Foram selecionados apenas
estudos em seres humanos. Procedeu-se a sistematização das informações
sobre diagnóstico clínico e eletrocardiográfico, tratamento e prevenção, considerando o nível de evidência científica. Discussão e Conclusão: Observou-se número reduzido de publicações do tipo revisão sobre o tema nos últimos
anos. Nos países desenvolvidos, os ADT são drogas de segunda escolha para
a maioria dos tratamentos psiquiátricos (substituídos pelos inibidores seletivos da recaptação de serotonina e outros). Entretanto, no Brasil, alguns ADT
são distribuídos gratuitamente pelo governo e constituem base de tratamento
para transtornos depressivos e ansiosos na rede pública. Portanto, as principais complicações cardíacas da superdosagem de ADT devem ser de conhecimento do médico, independentemente de sua especialidade e do nível de
complexidade do atendimento ao paciente.
E-mail: [email protected]
14
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
P004 - ABORDAGEM DO PACIENTE COM INTOXICAÇÃO POR LÍTIO
Souza BN¹, Silveira FMS¹, Botelho APM¹, Monteiro BS¹, Sá GRN²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Cardiologista/Intensivista – Hospital Vila
da Serra – Nova Lima/MG
Introdução: O lítio é um estabilizador do humor, cuja dose tóxica é muito próxima da dose terapêutica, facilitando a intoxicação. Possui meia-vida de 20-24h;
não sofre metabolização; eliminação renal. Objetivos: Discutir quadro clínico,
propedêutica e tratamento da intoxicação por lítio. Metodologia: Revisão da
literatura atualizada. Resultados: A intoxicação pode seguir-se a uma ingestão
aguda ou ocorrer por acúmulo crônico e o quadro clínico pode variar desde
náuseas, vômitos, hipertensão, taquicardia, confusão, agitação, até bradicardia, hipotensão, hipertermia, convulsões e coma. Laboratório: leucocitose, hiperglicemia, albuminúria, glicosúria, diabetes insipidus nefrogênico adquirido.
ECG: taquicardia ou bradicardia sinusal, achatamento ou inversão da onda T,
prolongamento de QT e BAV. Diagnóstico confirmado pela dosagem sérica.
Tratamento: lavagem gástrica nas primeiras horas da ingestão e aumento da excreção renal com soluções cristaloides e alcalinização da urina. A hemodiálise
reduz rapidamente as concentrações séricas do lítio e está indicada em casos
graves, como em quadros neurológicos graves e concentração sérica maior
que 4 mmol/L. Indicada precocemente na insuficiência renal. Mesmo com a
diálise, a recuperação pode durar dias a semanas, devido à lenta depuração
tecidual. Conclusões: A intoxicação pode ser aguda ou crônica, com acometimento variado do SNC e dos rins. O tratamento depende do tempo de ingestão,
dose, formulação, sintomas, idade, presença de comorbidades e parâmetros
como dosagem sérica do lítio, eletrólitos e função renal.
E-mail: [email protected]
P005 - EPIDEMIOLOGIA, CLÍNICA E TRATAMENTO DOS ACIDENTES
OFÍDICOS
P007 - EPIDEMIOLOGIA DA INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS:
ÊNFASE PARA OS SALICILATOS
Mendonça ALP¹, Nunes BF¹, Soares DRA¹, Ventura SP²
Lima JC¹, Silva LF¹, Araújo ACRA¹, Diniz EA¹, Asevedo LOM²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médico do setor de toxicologia do Hospital
João XXIII
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; 2Farmacêutico da Força Aérea Brasileira
Introdução: Os acidentes causados por serpentes venenosas são um importante problema de saúde pública no Brasil devido à sua elevada incidência,
morbidade e letalidade. Objetivo: Abordar a epidemiologia e os aspectos
clínicos gerais e específicos dos quatro gêneros de serpentes que mais
provocam acidentes em Minas Gerais e fornecer orientação básica sobre
o tratamento de acidentes ofídicos. Metodologia: Realizou-se pesquisa bibliográfica em livros e em artigos de periódicos nacionais, além de consultas nos sites do Ministério da Saúde e da Secretaria de Vigilância da Saúde
do Mato Grosso do Sul. Resultados: Os quatros gêneros de serpentes que
mais causam acidentes em Minas Gerais são: Bothrops, Crotalus, Lachesis
e Micrurus. Em 2011, segundo dados obtidos no DATASUS, foram notificados 3.484 acidentes ofídicos no estado. Minas Gerais é o segundo estado
com maior número de acidentes no país, contribuindo com 12,8% do total.
Acidentes com serpentes dos gêneros Bothrops e Lachesis cursam com inflamação local intensa e hemorragia poucas horas após o acidente e com o
aparecimento de bolhas no local da picada e insuficiência renal aguda após
12 horas. Já o acidente crotálico cursa com alterações discretas no local da
picada, mialgia generalizada e ptose palpebral poucas horas após o acidente. Hematúria e insuficiência renal aguda podem aparecer após 12 horas.
Na ocorrência de um acidente, deve-se levar o paciente a um centro onde
ele possa receber soro antiofídico específico o mais rápido possível. Conclusão: Os acidentes ofídicos são urgências médicas frequentes e graves.
Por isso, é fundamental que todo médico conheça a epidemiologia desses
acidentes e a conduta mais apropriada a ser adotada.
Introdução: Registros dos Centros de Intoxicações demonstram os medicamentos como responsáveis por grande parte dos atendimentos, destacando-se aqueles amplamente prescritos. As crianças de um a cinco anos são as
mais atingidas, sendo, no Brasil, os salicilatos os segundos maiores responsáveis. Estimam-se mais de 100 milhões de prescrições de salicilatos/ano no
país, desconsiderando-se os números relativos à automedicação. Objetivo:
Apresentar o panorama da intoxicação medicamentosa por salicilatos. Metodologia: Revisão bibliográfica de artigos científicos do BVS e Portal CAPES.
Resultados: Dados do SINITOX mostram os medicamentos como os grandes
responsáveis pelas intoxicações. As drogas mais envolvidas são analgésicos,
antipiréticos e anti-inflamatórios. Estudo realizado em seis Hospitais Universitários brasileiros observou tendência de aumento das notificações de intoxicação por medicamentos ano a ano. Apontou as crianças de um a cinco
anos como as mais atingidas, representando 26,4%, sendo os salicilatos os
segundos maiores responsáveis. Em 2004, o Centro de Intoxicação nos EUA,
registrou 40.405 intoxicações por salicilatos, sendo 63% acidentais e 44% envolvendo menores de seis anos. Lessa et al. apontam a automedicação como
causa base dos medicamentos constituírem o principal agente tóxico, sendo
as crianças as maiores vítimas devido à prescrição médica e administração
medicamentosa inadequadas e curiosidade natural da idade. Conclusão: Os
medicamentos são os principais agentes das intoxicações, destacando-se
aqueles amplamente utilizados como, os salicilatos, e tendo como principais
vítimas as crianças. Isto reflete, principalmente, automedicação abusiva,
contato das crianças com medicamentos no lar e erros na administração.
Reflexões sobre o uso racional e orientação médica são indispensáveis.
E-mail: [email protected]
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P006 - ENVENENAMENTO – DESCONTAMINAÇÃO DO TRATO
GASTROINTESTINAL
P008 - ACIDENTES DE CONTATO COM LONOMIA OBLIQUA: EFEITOS
SISTÊMICOS DAS TOXINAS DETERMINANDO SÍNDROME HEMORRÁGICA
Borges DM¹, Bozzi ICRS¹, Reis JV¹, Remigo LF¹, Dias IM²
Braga FS¹, Ramos CM¹, Silveira EDS¹, Oliveira HM¹, Machado LC²
Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Enfermeira da Prefeitura de Belo Horizonte
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Residente em Clínica Médica do HPS João XXIII
Introdução: A maior parte das mortes por envenenamento é causada por
superdosagem suicida intencional em adolescentes e adultos. No entanto,
mesmo em caso de exposição grave, o envenenamento é raramente fatal se
a vítima receber assistência médica imediata e tratamento de suporte adequado. Nesse contexto, os procedimentos de descontaminação devem ser
realizados simultaneamente com a avaliação inicial do paciente, diagnóstico
e exames laboratoriais. Objetivos: Detalhar os procedimentos de descontaminação do trato gastrointestinal (TGI), explicitando as indicações, contraindicações e efeitos adversos de cada técnica. Metodologia: Foi realizada
revisão através da base de dados LILACS, utilizando as palavras-chave: “descontaminação” e “paciente intoxicado”. Resultados: A descontaminação
visa diminuir a exposição do organismo ao agente tóxico reduzindo o tempo,
a superfície e a quantidade do agente em contato com o organismo. Há, basicamente, dois grupos de medidas para descontaminação do TGI: 1) os que
promovem a evacuação gástrica: indução de vômito e lavagem gástrica 2) os
que diminuem a absorção intestinal: adsorventes (carvão ativado e Terra de
Füller), catárticos e irrigação intestinal. Cada um desses métodos tem indicações e contraindicações específicas. Por isso, a escolha do procedimento
mais adequado para cada caso deve levar em conta o tempo de intoxicação,
a toxicidade do agente, a dose ingerida, a forma farmacêutica (quando se
tratar de um medicamento) e a apresentação da substância. Conclusões: As
técnicas apresentadas devem ser utilizadas de forma criteriosa, evitando aplicações desnecessárias. Por isso, é preciso conhecer sua eficácia, indicações
e consequências, tanto no atendimento pré-hospitalar quanto no hospitalar.
Introdução: A lagarta Lonomia obliqua apresenta distribuição biogeográfica
por todo o Sul e Sudeste do Brasil. Agrupam-se em troncos de árvores ou no
solo, onde podem causar acidentes por contato de suas cerdas com a pele
humana. As vítimas são, predominantemente, do sexo masculino, crianças ou
trabalhadores rurais. O contato com as toxinas provoca desde dor e queimação a distúrbios hemostáticos, levando à síndrome hemorrágica. Objetivos:
Demonstrar a relevância das toxinas Lopap e Losac no quadro clínico hemorrágico decorrente do envenenamento e abordar a importância epidemiológica dos casos no Brasil. Metodologia: Seleção e confronto de bibliografia e
casos clínicos. Resultados: A síndrome hemorrágica parece ser causada pelo
consumo dos fatores de coagulação sanguíneos e certo grau de fibrinólise
associada. As toxinas presentes no veneno são dose-dependente, potencializadas pelo cálcio e pró-coagulantes. A Lopap relaciona-se com a atividade
da protrombina e a Losac atua no fator X de coagulação. As ações dessas toxinas promovem a atividade da cascata de coagulação de forma desregulada,
causando coagulopatia disseminada. Após o acidente de contato, ocorrem
sinais flogísticos no local. De 8-72 horas após, instala-se quadro de discrasia
sanguínea, seguido ou não de manifestações hemorrágicas e possível comprometimento renal. Conclusões: O quadro pós-contato com a lagarta pode
significar séria ameaça à saúde, devendo ser identificado e abordado corretamente pelos profissionais da saúde. Noções de prevenção de acidentes desse
tipo, por observação e uso de proteção, devem ser conhecidas e divulgadas.
E-mail: [email protected]
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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P009 - RISCO DE INTOXICAÇÃO PELA CAFEÍNA PRESENTE EM
BEBIDAS ENERGÉTICAS
Da Silva FLC¹, Gomes PS¹, Brito DCN¹, Fernandes RAF²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Pediatra e professora da UFMG
Introdução: O consumo de bebidas energéticas vem aumentando universalmente, sobretudo entre adolescentes e adultos jovens que buscam melhorar
o desempenho físico e mental. Seu principal componente, a cafeína, quando
consumido em excesso, pode provocar intoxicação aguda e, eventualmente, levar à morte. Materiais e Métodos: Revisão bibliográfica sistemática dos
últimos 10 anos no PubMed, incluindo artigos de revisão e relatos de casos.
Resultado: O consumo de bebidas energéticas vem se tornando rotina em
festas e em academias, precedendo a atividade física. Embora também apresente taurina, vitaminas do complexo B e carboidratos em sua composição,
a cafeína constitui o elemento de maior efeito estimulante reconhecido. Seu
conteúdo varia entre 50 a 500 mg por unidade comercializada. Após a sua
ingestão, a cafeína é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal e metabolizada pelo citocromo P450, no fígado. Doses acima de 150 mg/kg podem
ser fatais em adultos. Doses menores podem induzir síndrome hiperadrenérgica, hiper ou hipoglicemia, taquicardia e outras arritmias, vômitos, convulsões,
coma e morte, dependendo da capacidade metabólica individual. Conclusão: A cafeína é o principal componente das bebidas energéticas e apresenta
potencial tóxico, incluindo êxito letal. A facilidade de acesso aos energéticos,
a frequente associação com bebidas alcoólicas ou outros estimulantes, a individualidade metabólica e a banalização da toxicidade da cafeína, fazem dos
energéticos uma fonte em potencial para intoxicações graves. Desta forma,
torna-se essencial a regulação da venda e inclusão de orientações claras sobre os riscos do seu uso nos rótulos dos produtos.
E-mail: [email protected]
P011 - INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS
Barbosa JPA¹, Machado JEP¹, Gomes TV²
¹Acadêmicos de Medicina da UFMG; ² Médica do Setor de Anestesiologia do
Hospital Albert Sabin de Juiz de Fora – Minas Gerais.
Introdução: O Brasil é um dos maiores consumidores de organofosforados
do mundo. Esses compostos são tóxicos, já foram utilizados como armas
químicas e hoje têm função pesticida – em ambientes rurais (agrotóxicos)
e urbanos (inseticidas). Os organofosforados, usados na forma de material
particulado, são muito lipossolúveis, o que explica sua alta absorção e disseminação no organismo. Considerados os maiores contribuidores de doenças por envenenamento, causam 200.000 mortes por ano. Métodos: Estudo
de revisão bibliográfica através de análise de artigos publicados no Scielo a
partir de 2005 e dados do Ministério da Agricultura. Desenvolvimento: Os
organofosforados inativam a acetilcolinesterase, levando ao acúmulo de acetilcolina nas sinapses muscarínicas e nicotínicas. Os sintomas de intoxicação
variam de acordo com dose e tempo de exposição. São eles: miose, cefaleia,
tonteira, confusão mental, lesões hepáticas, dermatológicas, renais, neurológicas, cardiovasculares. Podem gerar aborto, câncer, anomalias congênitas e reprodutivas. A exposição ocorre principalmente por desinformação,
falta de recurso ou uso incorreto dos equipamentos de proteção individual
(EPI) por trabalhadores. Acomete também consumidores dos produtos com
resíduos de agrotóxicos ou aqueles que vivem em áreas de uso de inseticidas. O tratamento consiste na manutenção das funções vitais, correção dos
distúrbios colinérgicos com administração de atropina, descontaminação.
Conclusão: Os dados de intoxicação são subnotificados devido ao medo do
trabalhador de sofrer retaliações no emprego, ou à não atribuição dos sintomas à intoxicação, uma vez que são inespecíficos. As manifestações clínicas
são progressivas e irreversíveis. Portanto, necessita-se de um esquema de
vigilância eficiente, instrução dos trabalhadores rurais e da população para
minimizar os efeitos desses produtos.
E-mail: [email protected]
P010 - NOVAS PERSPECTIVAS NO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
DA INTOXICAÇÃO POR PARACETAMOL
Lima GC¹, Carvalho LF¹, Figueiredo FR¹, Ferreira JL¹, Fernandes RAF²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Pediatra e professora da UFMG
Introdução: A intoxicação por paracetamol merece atenção especial
dos profissionais de saúde, pois representa a maior causa de insuficiência
hepática aguda no mundo. Por ter boa eficácia, baixo custo e ser de fácil
acesso à população, o paracetamol tem seu uso amplamente difundido, o
que aumenta o risco de intoxicação por esse medicamento. As doses usuais como analgésico/antitérmico são muito inferiores às tóxicas, embora o
descuido na administração desse fármaco possa induzir quadros graves de
insuficiência hepática, nem sempre diagnosticados a tempo de ser instituído
o tratamento especifico. A N-acetilcisteina (NAC) é o antídoto clássico para
hepatotoxidade induzida por superdosagem de paracetamol; contudo, sua
eficácia é limitada pela necessidade de abordagem precoce – até oito horas
após a intoxicação. Com intuito de contornar essa limitação, tornam-se necessárias pesquisas por medicamentos alternativos. O uso do etil-piruvato,
um anti-inflamatório com propriedades hepatoprotetoras, tem se mostrado
como possível alternativa à NAC. Objetivo: Apresentar o que de mais recente
vem sendo estudado sobre a possibilidade de utilizar outras condutas medicamentosas no tratamento da intoxicação aguda por paracetamol. Metodologia: Consultas no PubMed, tendo como palavras chaves: intoxicação, paracetamol, tratamento, N-acetil cisteina. Resultado: Estudos recentes mostram
que o etil-piruvato pode ser eficaz no tratamento precoce de intoxicação por
paracetamol, assim como a NAC. Entretanto, no tratamento tardio, esse composto prejudica a regeneração hepática. Conclusão: O etil-piruvato pode ser
uma alternativa terapêutica à NAC, embora apresente limitações semelhantes à ela, o que constitui motivo de discussões em andamento.
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
P012 - INTOXICAÇÃO PELA SÍNDROME DO BODY PACKER
Romeiro JVN¹, Rabelo HKM¹, Lima GO¹, Diniz ML¹, Ribeiro V²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Professor de Medicina Legal da FDSM
Introdução: Adotou-se o termo “síndrome do body packer” para tipificar a
intoxicação por droga ilícita, transportada no interior do corpo. Constitui
intercorrência cada vez mais frequente, que se dá pela ruptura intra-abdominal de cápsulas ou bolsas contendo as substâncias tóxicas. Tal ruptura
leva a uma invasão maciça da droga na corrente sanguínea, provocando
grandes danos à saúde e morte frequente. Objetivo: Estudar as características da síndrome do body-packer, intercorrência toxicológica emergente no
Brasil. Metodologia: Revisão sistemática de artigos, publicações e relatos
de caso sobre o assunto. Resultados: O transporte intracorpóreo de drogas, problema há décadas frequente em países europeus, tem se tornado
também uma realidade no Brasil. Tendo isto em conta, o intensivista deve
ser capaz de identificar sinais, sintomas e até comportamentos que caracterizam a síndrome do body packer. Deve-se suspeitar de qualquer paciente
com sinais de intoxicação por droga que tenha recentemente chegado de
um voo internacional. O quadro caracteriza-se por comportamento ansioso, taquicardia, movimentos espasmódicos, além de sintomas abdominais
obstrutivos. Pacientes com este quadro devem ser submetidos a exames de
imagem, e quase sempre deve-se fazer a retirada cirúrgica do material e
lavagem intestinal. Conclusão: A maior internacionalização dos aeroportos
brasileiros colocou o país na rota dos body packers, fazendo da intoxicação maciça por drogas ilícitas uma intercorrência toxicológica emergente
no Brasil. As equipes médicas intensivistas devem estar a par da conduta
recomendada para estes casos.
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P013 - TOXICOLOGIA FORENSE – INTOXICAÇÃO POR ÁCIDO
Romeiro JVN¹, Rabelo HKM¹, Lima GO¹, Araújo ACRA¹, Ribeiro V²
P015 - DOPING COM ESTEROideS ANDROGÊNICOS ANABÓLICOS:
EFEITOS TÓXICOS NO ORGANISMO
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Professor de Medicina Legal da FDSM
Aquino BB¹, Gonçalves DMV¹, Aluotto DLC¹, França LE¹, Machado GPM²
Introdução: A toxicidade dos ácidos apresenta-se majoritariamente na forma
de corrosão. Esta pode ter ação externa/tópica ou interna/sistêmica. Nesses
casos, o exame toxicológico deve ser acompanhado de investigação mais
profunda, exposta neste trabalho. Objetivo: Discorrer sobre a conduta terapêutica e médico-legal em casos de envenenamento ou queimadura por
diferentes ácidos. Metodologia: Revisão da literatura médica pertinente e
levantamento de dados sobre casos de acidentes com ácido (com óbito ou
não) atendidos pelo IML de Pouso Alegre- MG, entre 2003 e 2011. Resultados:
Ácidos são substâncias que causam lesões de caráter coagulante. Ao entrar
em contato com os tecidos superficiais, os ácidos desidratam os mesmos. São
comumente utilizados em práticas dolosas, como tentativas de homicídio e
autoextermínio. A ação dos ácidos sobre o organismo é coagulante, pois desidrata os tecidos e causa escaras endurecidas. A cor da escara é de grande
valor, pois indica qual foi o ácido formador da lesão. Quando usados para
fins de agressão, as sedes mais comuns da lesão por ácido são a face, pescoço e tórax. Já a ingestão de ácido está mais associada a acidentes, e requer
tratamento intensivo com reposição eletrolítica e lavagem do trato digestivo.
Conclusão: As lesões por ácido requerem atenção de diversas especialidades médicas, que devem fazer registros fidedignos das intercorrências, já que
quase sempre elas têm consequências judiciais.
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Professor adjunto do Departamento de
Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG
E-mail do autor: [email protected]
Introdução: O uso de esteroides androgênicos objetivando aprimorar o desempenho atlético é relatado em competições esportivas de grande porte e,
nos últimos anos, vem ganhando espaço entre atletas amadores para fins de
musculação e benefício da imagem corporal. Por ser esse um problema de
saúde pública, faz-se necessário que os efeitos adversos dessa prática sejam
identificados, abrangendo distúrbios que passam por sistemas como reprodutor, circulatório, endócrino, musculoesquelético e hepático, Objetivo:
Identificar efeitos deletérios associados ao uso abusivo de esteroides androgênicos nos diversos sistemas do organismo. Materiais e Métodos: Revisão
bibliográfica de artigos científicos de interesse ao tema abordado e coleta
de dados no portal UpToDate. Resultados: Segundo a literatura revisada, o
uso abusivo de esteroides androgênicos associa-se com mortalidade cerca
de cinco vezes superior entre atletas que aderem a ele, bem como maior
incidência de infarto do miocárdico, disfunção hepática e morte súbita. Evidências publicadas no UpToDate apontam também casos de ginecomastia,
risco aumentado para dislipidemias, transtornos psiquiátricos e rupturas
tendíneas como possíveis consequências advindas do doping por esteroides
androgênicos. Conclusão: Frente a tantos efeitos adversos, é preciso alertar
a população de modo geral, e atletas em particular, para os riscos dessa prática, ressaltando-se os malefícios intrínsecos ao seu uso continuado.
E-mail do autor: [email protected]
P014 - INTOXICAÇÕES INFANTIS POR HIPOCLORITO DE SÓDIO
Ferreira JCD¹, Auad LI¹, Zuccheratte LB¹, Cenedezi JM²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Graduada em Farmácia pela Universidade Federal de Londrina
Introdução: Os produtos domissanitários com potencial tóxico favorecem
os acidentes no ambiente domiciliar, envolvendo principalmente crianças. A
intoxicação por hipoclorito de sódio, em especial, é relevante por sua alta
frequência. Objetivos: Caracterizar as intoxicações infantis decorrentes da
ingestão de hipoclorito de sódio, sua evolução e tratamento. Metodologia:
Pesquisa bibliográfica especializada e verificação da compatibilidade entre
embalagens de água sanitária e regulamentações da Anvisa. Desenvolvimento: Os fatores que predispõem à intoxicação vão desde negligência dos pais
até falha do fabricante ao fazer embalagens atrativas, mas carentes de informações, como constatado na confrontação com as regras da Anvisa. Trata-se
de acidente de natureza cáustica, gerando queimaduras variáveis no trato digestivo. Após a ingestão, verificam-se vermelhidão, descamação da mucosa,
dor e sialorreia. Em casos mais extremos, pode haver necrose e perfuração do
trato digestivo, com alastramento do hipoclorito de sódio para outras cavidades. O tratamento inicia-se ainda no domicílio, preconizando-se a ingestão de
líquidos ricos em proteínas, o que gera um efeito protetor para a mucosa. No
hospital, o prognóstico depende da recuperação do próprio organismo. Faz-se
jejum de seis horas; não havendo melhora, são realizados procedimentos invasivos, como endoscopia e jejunostomia. Conclusão: Os acidentes com água
sanitária constituem a primeira causa de intoxicação infantil por produtos domissanitários e, assim, a conscientização dos pais e ações de vigilância sobre
os produtos tornam-se fatores-chave para redução dos casos
E-mail do autor: [email protected]
P016 - TRATAMENTO ESPECÍFICO DE INTOXICAÇÕES EXÓGENAS
POR DIGOXINA
Carneiro LR¹, Assini AG², Cardoso FM¹, Moreira FA³
¹Acadêmicas de Medicina da UFMG; ²Acadêmico de Farmácia da UFMG;
³Professor adjunto do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Introdução: A digoxina é utilizada no tratamento de insuficiência cardíaca e
fibrilação atrial. Casos de intoxicação por este fármaco, tanto aguda quanto
crônica, são frequentes em pronto-atendimentos devido a sua ampla utilização e estreita faixa terapêutica. Em adultos, a superdosagem pode ocorrer com 10 mg, dose que resulta em 50% de óbito em crianças expostas. A
prevalência e a gravidade desse quadro tornam imperativo o estudo de sua
terapêutica. Objetivos: Revisar métodos consagrados e emergentes para o
tratamento de intoxicação por digoxina. Metodologia: Análise de literatura
científica no PubMed. Descritores: digoxin toxicity treatment, digoxin antidote. Resultados: O tratamento baseia-se em três vertentes: 1) Descontaminação gastrointestinal: o carvão ativado representa o método mais eficaz,
sendo capaz de diminuir a absorção da digoxina, reduzir sua meia-vida de 36
para 21,5 ± 6,5 horas e aumentar sua eliminação. Entretanto, seu emprego se
restringe às primeiras duas horas de intoxicação. 2) Controle das arritmias:
estabilização do paciente que pode apresentar bloqueio átrio-ventricular,
bradiarritmias, assistolia e fibrilação ventricular. Nos casos mais graves,
indica-se cardioversão elétrica não sincronizada. 3) Imunoterapia com fração Fab de IgG contra digoxina: capaz de reverter o quadro completamente.
Reservada para casos graves por não haver estudos conclusivos sobre a segurança do seu uso repetido. O antídoto foi aprovado pela FDA (Food and
Drug Administration) como Digibind, em 1986, e DigiFab, em 2001. Conclusão: A intoxicação por digoxina possui opções terapêuticas que apresentam
restrições quanto ao uso ou ao tempo em que podem ser aplicadas. Novos
tratamentos, principalmente imunoterápicos, devem ser avaliados.
E-mail do autor: [email protected]
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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P017 - LOXOSCELISMO EM BELO HORIZONTE: ASPECTOS
EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS DA INTOXICAÇÃO PELO VENENO
DE ARANHAS DO GÊNERO LOXOSCELES
P019 - PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ATENDIMENTOS REALIZADOS
PELA UNIDADE DE TOXICOLOGIA DO HOSPITAL JOÃO XXIII EM 2010
Gomez LMZ¹, Orsini MSA¹, Magalhães O¹, Araújo SAF¹, Botelho JR²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Professor do Instituto de Ciências Biológicas, UFMG
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Professor do Instituto de Ciências Biológicas, UFMG
Introdução: A gravidade e incidência dos acidentes envolvendo aranhas do
gênero Loxosceles em Belo Horizonte, bem como o desconhecimento das
características do loxoscelismo, por profissionais de saúde, reforçam a necessidade de se elucidarem os aspectos epidemiológicos e clínicos relacionados à intoxicação pelo veneno desses aracnídeos. Metodologia: Revisão
bibliográfica utilizando artigos disponíveis em portais especializados (Scielo
e Capes) e trabalhos de instituições de pesquisa nacionalmente reconhecidas
(Fiocruz e ICB-UFMG). Objetivos: Verificar a relevância dos acidentes envolvendo aranhas do gênero Loxosceles em Belo Horizonte e esclarecer aspectos
relacionados à epidemiologia, à sintomatologia e ao atendimento dos casos
de loxoscelismo. Resultados: As aranhas do gênero Loxosceles são altamente sinantrópicas, ocorrendo no interior e imediações de residências. Em 2010,
a incidência de acidentes envolvendo aranhas Loxosceles foi significativa em
Belo Horizonte, visto que esses representaram 21(15%) dos 136 atendimentos
por araneísmo no CIATBH. A patogenia dos casos de loxoscelismo relaciona-se
com a ação proteolítica e hemolítica do veneno dessas aranhas. Em 87-98% dos
casos ocorrem manifestações cutâneas, caracterizadas por necrose de pele,
dor, edema endurado e eritema no local da picada. Pode haver evolução para
acometimento visceral ou sistêmico (1-13%), cuja expressão clínica inclui náuseas, febre, coagulação intravascular disseminada, hemoglobinúria e falência
renal aguda. Conclusão: Diante desses resultados, evidencia-se a importância
do aprimoramento do conhecimento dos profissionais de saúde sobre os aspectos relacionados a esses acidentes e da realização de medidas de saúde
pública para evitar intoxicação pelo veneno de espécies do gênero Loxosceles.
Magalhães O¹, Gomez LMZ¹, Orsini MSA¹, Araceli S¹, Botelho JR²
Introdução: As intoxicações e os acidentes com animais peçonhentos constituem grave problema de saúde pública em todo o mundo. A Organização
Mundial de Saúde estima que 1,5 a 3% da população mundial seja intoxicada anualmente, o que revela a necessidade de adoção de medidas profiláticas eficazes. Nesse contexto, a informação epidemiológica destaca-se
como ferramenta indispensável. Objetivos: Descrever o perfil dos atendimentos realizados no Setor de Toxicologia do Hospital João XXIII em 2010
e discutir como esses dados podem influenciar a adoção de medidas de
controle e tratamento. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo/analítico
desenvolvido a partir de dados divulgados pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Minas Gerais. Resultados e Discussão: Em 2010
houve 10843 atendimentos, sendo 4753 deles de modo presencial e 50,43%
referentes a pacientes do sexo feminino. A maioria estava nas faixas etárias
de um a cinco anos(21%) e de 20 a 29 anos(19,7%). Em relação às circunstâncias das intoxicações, 57% dos casos foram relatados como acidentais e 21%
como tentativas de autoextermínio. Com relação aos agentes intoxicantes,
1402 foram por praguicidas, 271 por raticidas, 2705 por medicamentos, 154
por plantas, 630 por drogas de abuso, 898 por agentes cáusticos e 2190 por
animais peçonhentos. Conclusão: A análise desses dados pode ser usada
como fundamentação no planejamento de medidas de saúde direcionadas
a redução das taxas de intoxicação, a partir da identificação dos grupos de
risco, principais agentes e circunstâncias das intoxicações.
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P020 - ENCEFALOPATIA POR INTOXICAÇÃO COM CEFEPIMA
P018 - BOTULISMO ALIMENTAR INFANTIL: SUA OCORRÊNCIA,
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Sérgio SR¹, Rocha P¹, Dantas M¹, Matos V¹, Sérgio NR²
Valente LA¹, Diniz MLL¹, Loures IRC²
¹ Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médica cardiologista do Socor
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médica pela UFJF, residente em Neurologia
Pediátrica
Introdução: A cefepima é um antibiótico pertencente à classe das cefalosporinas de quarta geração, amplamente utilizada no meio hospitalar. É administrada por via parenteral e indicada para tratamento inicial de infecções
graves, septicemia e neutropenia febril. Contudo, em doses tóxicas, esse antibiótico pode causar encefalopatia. Objetivo: Descrever o quadro clínico
de pacientes com encefalopatia por intoxicação de cefepima. Metodologia:
Revisão bibliográfica, consulta a artigos, relato de casos e de trabalhos publicados relacionados em sites de busca como Lume, Scielo, LILACS e Refdoc.
fr utilizando os descritores: neurotoxicidade, cefepime, estado epiléptico,
encefalopatia e nervous system disease. Discussão: A cefepima atua como
antagonista do ácido gama-aminobutírico (GABA),o que aumenta a excitabilidade neuronal. Dessa maneira, elevadas concentrações séricas deste antibiótico podem trazer prejuízos ao sistema nervoso central, manifestando-se
com algum grau de disfunção neurológica. Os principais sinais e sintomas
apresentados são sonolência, confusão mental, agitação, redução do sensório, desorientação, mioclonia, coma e tremores. Essas manifestações se
iniciam normalmente entre o segundo e o oitavo dia de uso da cefepima e
tendem a regredir com a suspensão desse medicamento. Os fatores de risco
para o desenvolvimento desse quadro são a idade, a diminuição da função
renal e a dosagem inadequada. Para um diagnostico pré-clinico, podem-se
observar as alterações no eletroencefalograma e aumento da concentração
plasmática da cefepima. Conclusão: Pacientes hospitalizados tratados com
cefepima, especialmente idosos ou com algum grau de comprometimento
renal, podem desenvolver sintomas neurológicos associados ao comportamento, cognição e redução do sensório.
Introdução: O botulismo infantil caracteriza-se por paralisia aguda e flácida
causada pela neurotoxina do Clostridium botulinum, que bloqueia a transmissão neuromuscular e causa morte por paralisia de músculos e vias respiratórias. A bactéria habita o solo no mundo inteiro, disseminando-se por
meio da produção de esporos, que contaminam alimentos agrícolas. Afeta
lactentes com três semanas até seis meses de idade, sem preferência por sexo
ou etnia. Provoca sintomas neurológicos e digestivos agudos que muitas vezes passam despercebidos, podendo levar ao óbito em cinco semanas. Objetivos: Estimar o valor do diagnóstico clínico e tratamento precoce além das
medidas alimentares preventivas à aquisição do botulismo antes de 12 meses
de idade. Metodologia: Pesquisa no SCIELO por “botulismo alimentar infantil”, “botulismo infantil”; Tratado de pediatria, NELSON; Dados epidemiológicos do Portal Saúde, do governo federal. Resultado: O quadro de botulismo
infantil ocorre após absorção e germinação de esporos do C. botulinum no
intestino do lactente com consequente produção de toxina. Ocorre quadro
de constipação intestinal, inapetência, letargia, choro fraco e diminuição da
atividade espontânea, com diminuição progressiva e simétrica de resposta
motora neurológica em sentido crânio-caudal, paralisia flácida: a tríade clássica do botulismo. Seu diagnóstico deve ser clínico, já que exames laboratoriais são demorados. O tratamento é a internação do paciente, com emprego
de suporte ventilatório, alimentação adequada e administração intravenosa
de imunoglobulina contra as toxinas A/B. Conclusão: É indiscutível a importância do diagnóstico clínico, dificultado por sintomas inespecíficos, além
do tratamento precoce do botulismo infantil, diminuindo tanto sua letalidade
quanto melhorando seu prognóstico.
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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P021 - PERIGOS DA INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA INFANTIL
Silva TRF¹, Silva FLC¹, Souza GG¹, Carmo GH¹, Vidigal PVT²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Docente da Faculdade de Medicina da UFMG
Introdução: Os medicamentos representam a principal causa de intoxicações humanas registradas no Brasil e apresenta tendência de crescimento. Os
grupos populacionais mais atingidos são as mulheres e as crianças menores
de cinco anos, sendo os medicamentos responsáveis por 39,2% dos eventos
tóxicos registrados nessa faixa etária. Entretanto, esses registros não refletem
a real magnitude do problema, devido a fatores como a subnotificação e a
tendência de registro apenas dos casos mais agudos, com sinais clínicos mais
exuberantes. Objetivos: Caracterizar os fatores associados às ocorrências de
intoxicações medicamentosas no Brasil, em crianças menores de cinco anos,
e identificar as principais classes terapêuticas envolvidas, a evolução e as
circunstâncias dos eventos. Metodologia: Revisão da literatura sobre o tema
nos últimos 10 anos, presente no PubMed e Scielo, e busca de dados em sites
relacionados. Resultados: Várias classes de medicamentos são responsáveis
por grande quantidade de casos de intoxicação, entre as quais: os descongestionantes nasais, os analgésicos, os broncodilatadores e os anticonvulsivantes. Os casos concentram-se na faixa etária de dois e três anos e, quanto à
evolução, são registrados baixos índices de sequelas e letalidade, sendo que
a maioria evolui para a cura. A principal circunstância envolvida é o acidente
individual, seguida do erro de administração e do uso terapêutico. Conclusões: Apesar da baixa letalidade, a intoxicação infantil por fármacos gera alta
morbidade, além de onerar o sistema de saúde. Isso demonstra a necessidade
de ações educativas tanto junto às crianças quanto aos seus responsáveis.
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P023 - A AYAHUASCA (CHÁ DO SANTO DAIME) E SEUS EFEITOS
PSICOTRÓPICOS
Rodrigues RMO¹, Moriguti MM¹, Silva MAMS¹, Milagres RB¹, Fidelis GTA²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Psicanalista e professor da Faculdade de
Medicina da UFMG
Introdução: A Ayahuasca, chá produzido do cipó Jagube (Banisteriopsis caapi) e das folhas da Chacrona (Psychotria viridis), é um alucinógeno ritualístico usado em algumas tradições religiosas brasileiras como o Santo Daime,
a Barquinha e a União do Vegetal. A bebida contém substâncias psicotrópicas como o N,N-dimetiltriptamina (DMT) e algumas β-carbolinas, sendo
que, a despeito disso, seu uso para fins religiosos ocorre no Brasil. Objetivos: Discutir os efeitos toxicológicos, baseados nos aspectos farmacológicos
dos compostos de ação psicotrópica presentes na Ayahuasca. Metodologia:
Realizaram-se pesquisas nas bases de dados SciELO e LILACS, utilizaram-se
os descritores Ayahuasca, Psychotria, Banisteriopsis e Psicotrópicos. RESULTADOS: A planta P.viridis contém o agente psicodélico DMT, enquanto a planta B.caapi contém β–Carbolinas (inibidores da monoamino-oxidase- MAO).
A DMT não possui atividade com o consumo oral, já que é inativada pelas
MAO’s periféricas. Entretanto, a inibição da MAO pelas β-carbolinas supera
essa inativação, permitindo que a DMT atinja o SNC. O DMT é um composto
similar à 5-HT, atuando como agonista serotoninérgico, principalmente em
receptores 5-HT2A. Portanto, a Ayahuasca gera uma hiperativação serotoninérgica, podendo levar ao quadro de “síndrome da serotonina”, que inclui
tremores, diarreia, hipertermia, sudorese, taquicardia, hipertensão arterial e
até à morte. Conclusões: O uso da Ayahuasca, apesar de amplo entre os
adeptos religiosos, é potencialmente grave. O conhecimento de suas ações
farmacológicas é importante no acompanhamento de saúde dos usuários.
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P022 - SATURNISMO: REVISÃO DE LITERATURA
Massahud MD¹, Sá NC¹, Ferreira SR¹, Matos VP¹, Massahud JE2
¹Acadêmicos do 7° período do curso de Medicina da UFMG; 2Médico do trabalho
da empresa Anglo American
Introdução: Usado desde a antiguidade, o chumbo é o quinto metal mais utilizado na indústria. Está presente na construção civil, baterias de ácido, munições, proteções contra raios-X e é um constituinte das ligas metálicas para a
produção de soldas, fusíveis e revestimentos de cabos elétricos. A intoxicação
por esse metal ocorre devido à exposição prolongada e se dá, principalmente,
pela ingestão ou inalação de pequenas partículas. A doença gerada pela intoxicação por chumbo chama-se saturnismo. Objetivo: Este trabalho tem por
objetivo discutir a doença de origem ambiental mais comum em todo mundo:
o saturnismo. Métodos: Busca por artigos científicos de revisão no PubMed,
utlizando as palavras-chave: saturnismo e intoxicação por chumbo; revisão
das principais literaturas sobre o tema. Resultados: A intoxicação saturnina
apresenta efeitos sobre diversos sistemas: hematopoiético, sistema nervoso
central, sistema renal e gastrointestinal. A encefalopatia é um dos mais sérios
acometimentos do saturnismo, sendo mais comum em crianças do que em
adultos, levando a disfunções psicológicas e neurocomportamentais, até mesmo ao coma. O tratamento consiste no uso de quelantes, sendo os principais:
dimercaprol, versenato de cálcio, D-penicilamina e ácido dimercaptosuccínico. Entretanto, a terapia com esses agentes deve ser cautelosa devido aos
diversos efeitos colaterais. Conclusão: Face à singularidade do chumbo, alternativas de substituição deste elemento ainda são desafiadoras. Portanto, seu
uso deve ser acompanhado de precauções e os profissionais da saúde devem
estar atentos aos sinais e sintomas causados pela intoxicação, assim como
conhecer a conduta a ser adotada em um caso de saturnismo.
Email: [email protected]
P024 - TOXICOLOGIA CLÍNICA DOS ACIDENTES POR PICADAS
DE ABELHAS
Silva MVF¹, Rodrigues LM¹, Vasconcelos LOG¹, Carvalho SS¹, Vasconcelos HF²
¹ Acadêmicos de medicina da UFMG; 2Médico otorrinolaringologista do Hospital
São João de Deus, Divinópolis-MG
Introdução: As abelhas pertencem à superfamília Apoidea. No Brasil, a espécie que causa mais acidentes é a Apis mellifera, que possui veneno composto
por diversas substâncias farmacologicamente ativas, que podem ativar o sistema imune, promovendo reações alérgicas. O local da picada é rapidamente
identificado pela presença do ferrão preso na pele. A correta remoção do ferrão deve ser feita utilizando lâminas de bisturi ou outro material pontiagudo.
Interessantemente, o número de picadas não é o principal fator relacionado à
gravidade dos acidentes. Objetivo: Mostrar a importância da abordagem dos
casos dos acidentes por picadas de abelha, em virtude de ser um fato relativamente corriqueiro na prática médica. Metodologia: Revisão bibliográfica de
artigos científicos pesquisados no PubMed e da literatura médica. Discussão:
A associação entre a sensibilidade do indivíduo, a dose de veneno inoculada,
o poder toxigênico e alergizante das proteínas inoculadas, o local acometido
e o número de picadas determinam a intensidade das manifestações clínicas
do indivíduo, que variam desde manifestações locais até anafilaxia. Nos quadros leves a moderados, podem-se administrar anti-histamínicos e analgésicos. Nos quadros graves, o objetivo do tratamento é manter a oxigenação e a
perfusão de órgãos vitais, utilizando-se, ainda, corticosteroides e epinefrina e
medidas adicionais, de acordo com a necessidade. Exames complementares
são úteis para o acompanhamento de pacientes graves. Conclusão: Os acidentes com abelhas são importantes e a não intervenção médica adequada pode
até resultar no óbito do indivíduo.
Email: [email protected]
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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P025 - ACIDENTE POR LOXOSCELES E LOXOSCELISMO
Deus LMC¹, Fernandes FA¹, Cardoso FC¹, Moraes HP¹, Ventura SP²
P027 - PSICOSE NA DOENÇA DE PARKINSON: ANÁLISE DA TOXICIDADE DE DROGAS ANTIPARKINSONIANAS COMO CAUSA
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médico do CIAT-BH
Bragaglia BQ¹, Campanati EG¹, Campanati RG¹, Vieira CA¹, Queiroz DD²
Introdução: Os acidentes por Loxosceles, popularmente conhecidas por
aranha-marrom é mais comum no sul do Brasil. Ocorrem especialmente nos
meses quentes e chuvosos e estão frequentemente relacionados aos atos
de vestir e dormir, atingindo mais a região proximal de membros e tronco.
Objetivos: Revisar a literatura científica sobre os acidentes com Loxosceles.
Materiais e métodos: Pesquisa em livros, artigos e monografia. Discussão:
Denomina-se loxoscelismo o envenenamento provocado pela picada de
aranhas do gênero Loxosceles, que se apresenta sob duas formas: cutânea
(dermonécrotica) e cutâneo-visceral (hemolítica). A primeira manifestação
da forma cutânea é dor em queimação, que surge de duas a oito horas após
picada. Ocorre formação de halo eritematoso em volta do ponto de inoculação, que já apresenta isquemia. Essa área isquêmica aumenta, formando a
chamada “placa marmórea”. Cerca de 36 a 48 horas após, surgem bolhas e
equimoses que podem evoluir para necrose. A forma cutâneo-visceral é pouco frequente, se caracteriza por hemólise, anemia e icterícia, podendo levar
à insuficiência renal e ao óbito.O tratamento é feito com a limpeza do local
utilizando-se água, sabão e antissépticos. Deve-se verificar a necessidade do
soro antiloxoscélico poliespecífico. Promover hiperidratação para prevenir
lesão renal. Conclusão: A evolução do quadro clínico é variável. É benigna na maioria dos casos, principalmente quando diagnosticados e tratados
precocemente. Quando ocorre necrose extensa, hemólise intravascular e
insuficiência renal, o prognóstico é reservado. A prevenção dos acidentes
por Loxosceles pode ser feita com medidas educativas para a população,
promovendo o conhecimento de hábitos e características da aranha.
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Enfermeira especialista em Geriatria e Gerontologia do Instituto Jenny de Andrade Faria, Hospital das Clínicas da UFMG
Email: [email protected]
P026 - ACIDENTE POR MANIHOT UTILISSIMA POHL
Deus LMC¹, Cardoso FC¹, Fernandes FA¹, Moraes HP¹, Ventura SP²
1Acadêmicos
da Faculdade de Medicina da UFMG; ²Médico do CIAT-BH
Introdução: Conhecida popularmente como “mandioca brava”, M. utilissima
apresenta glicosídeos cianogênicos em todas as suas partes, como a linamarina e a lothaustralina. Esses, quando submetidos à ação enzimática, produzem ácido cianídrico (HCN): C10H17O6N + H2O linamarinase > C3H6O +
C6H12O6 + HCN. Materiais e métodos: Base de busca Scielo, Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) e materiais disponibilizados pela USP e UFRJ sobre M. utilíssima e acidentes. Discussão: A clínica
de intoxicação por M. utilissima é desencadeada pelos efeitos tóxicos do íon
cianeto (CN-), que se liga de forma estável ao Fe2+, comprometendo a função
da citocromoxidase na cadeia respiratória, com queda na produção de ATP
e hipóxia citotóxica. O quadro clínico caracteriza-se por náuseas, vômitos,
cefaleia, taquipneia, taquicardia, confusão mental, coma e parada cardiorrespiratória. Indivíduos que apresentam quadros graves e sobrevivem podem
evoluir com comprometimento neurocomportamental. Intoxicação alimentar por raízes de mandiocas dificilmente é observada e raramente relatada
em trabalhos científicos. Contudo, são registrados casos esporádicos devido
ao mau cozimento do alimento, vitimando indivíduos de todas as idades. Em
2009, foram registrados 1.307 casos de intoxicação por planta no país, sendo
65,7% destes em crianças de 0-9 anos, com dois óbitos. O tratamento preconizado se baseia na administração de O2 a 100%, lavagem gástrica (se na
primeira hora) e uso do kit cianeto: nitrato de amila (inalatório), nitrato de
sódio (endovenoso) e tiossulfato de sódio (endovenoso). Conclusão: Diagnóstico precoce da intoxicação, associado ao tratamento imediato, além de
propiciar evolução benigna, justifica os poucos relatos de óbito.
Email: [email protected]
Introdução: A doença de Parkinson não é considerada apenas um distúrbio
motor, compreendendo, também, diversos transtornos cognitivos, emocionais
e comportamentais. A manifestação de eventos psicóticos em indivíduos com
a doença tem se tornado bastante comum. A manifestação de psicose sempre
foi associada à toxicidade de drogas antiparkinsonianas, que, a fim de aumentar a atividade dopaminérgica na via nigroestriatal, acabam por sensibilizar
inespecificamente as vias mesolímbicas. Contudo, essa manifestação é hoje
associada tanto a fatores extrínsecos, relacionados à medicação, como a intrínsecos, referentes ao início da doença, tempo de evolução e condição geral
do paciente. Objetivo: Estudar a contribuição das drogas antiparkinsonianas
e dos fatores relacionados à doença para o desencadeamento de psicose em
indivíduos com parkinsonismo idiopático. Metodologia: Análise de literatura
das bibliotecas virtuais PubMed e Scielo. Conclusão: A toxicidade das drogas
antiparkinsonianas é um fator crucial a ser considerado na patogênese da psicose em indivíduos com doença de Parkinson. As drogas mais utilizadas levam ao aumento da atividade não seletiva dopaminérgica, gerando inúmeros
efeitos adversos, dentre eles a psicose. Entretanto, a simples correlação entre
a toxicidade medicamentosa e a psicose não explica a ocorrência da mesma,
embora a suspensão medicamentosa diminua em grande parte seus efeitos
adversos. Dessa forma, deve-se destacar a influência de aspectos inerentes à
doença e sua progressão na emergência desses sintomas.
Email: [email protected]
P028 - FASCIOTOMIAS NA SÍNDROME COMPARTIMENTAL POR
ACIDENTE BOTRÓPICO – ANÁLISE COMPARATIVA DE QUATRO
CASOS DO CIAT – BH
Motta AS¹, Magalhães SLS²
¹Acadêmica de medicina da UFMG; ²Médica da Unidade de Toxicologia do
Hospital João XXIII da FHEMIG (CIAT-BH)
Introdução: Os acidentes causados pelo gênero Bothrops correspondem a
90% dos casos de ofidismo notificados no Brasil. Alguns casos podem evoluir
para síndrome compartimental (SC), resultando em sequelas graves, como
amputação ou óbito do paciente. O diagnóstico é clínico e o tratamento deve
ser precoce. Descrição dos casos: 1- Paciente com 53 anos, evoluiu com edema até terço médio da coxa, surgindo flictenas nas proximidades do local
de inoculação. Após fasciotomia, não houve prejuízo funcional do membro
acometido, e paciente obteve alta hospitalar em ótimas condições clínicas.
2- Paciente com cinco anos, apresentou dor intensa, edema importante até
a raiz da coxa direita, com presença de bolhas e equimoses, sendo realizada fasciotomia. Houve alta após boa evolução clínica. 3- Paciente de seis
anos, à admissão apresentava edema até coxa esquerda e suspeita de SC. Na
fasciotomia, foram observados sinais de necrose muscular. Houve evolução
desfavorável da lesão e posterior amputação transtibial do membro inferior
esquerdo (MIE), seguida de alta hospitalar. 4- Paciente de 27 anos, apresentava-se instável hemodinamicamente à admissão hospitalar, com edema acentuado e cianose intensa em MIE. Mesmo com realização de fasciotomia, houve piora do quadro local e sistêmico, sendo submetido à amputação de MIE
no nível da coxa, e posterior desarticulação do mesmo. Progrediu com piora
sistêmica e evoluiu para óbito. Discussão: Na avaliação dos quatro casos observou-se que o fator decisivo para o sucesso da fasciotomia não foi o tempo
decorrido desde o acidente, mas o momento do diagnóstico da SC, que deve
ser precoce, para melhorar as possibilidades de boa evolução do paciente.
Email: [email protected]
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
P029 - BOTULISMO IATROGÊNICO: UMA POSSÍVEL COMPLICAÇÃO
NO TRATAMENTO DE ESPASTICIDADE EM CRIANÇAS
P031 - TRATAMENTO PARA SUPERDOSAGEM DE CARBAMAZEPINA
E LÍTIO: RELATO DE CASO
Carvalho LN¹, Veiga LJB¹, Massahud MD¹, Diniz ML¹, Massahud JE²
Correa KFB¹, Petrocchi JA¹, Miotto IZ, Figueiredo ALDP¹, Borges MFM²
¹ Acadêmico de Medicina UFMG; ² Médico do trabalho da empresa Anglo American
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médica graduada pela UFMG
Introdução: A toxina botulínica é produzida pelo Clostridium botulinum,
bacilos Gram positivos, anaeróbios estritos, e flagelados. Nas últimas décadas, o uso de toxina botulínica para tratamento de transtornos musculares
e espasticidade associada à paralisia cerebral tem se tornado prática muito
difundida. Relato de caso: Menina de seis anos, diagnosticada com paralisia
cerebral secundária a agenesia parcial do corpo caloso, que recebia tratamento com toxina botulínica desde outubro de 2001. Uma semana após a
administração da última dose, apresentou quadro de febre alta, decadência,
recusa de se alimentar, crise de engasgamento, obstipação intestinal, ptose
palpebral, ausência de reflexos osteotendinosos e mucosidade abundante,
progressiva, que obrigou à aplicação de medidas de suporte ventilatório.
Em tratamento com toxina botulínica, nas mesmas doses, que havia recebido cinco meses antes, apresentara quadro clínico similar, mas de menor
intensidade. Em ambas as situações, o quadro foi atribuído a processo infeccioso respiratório. Encaminhada a hospital de referência, diante da falta de
melhora do quadro, foi levantada a suspeita de botulismo. Discussão: São
descritos na literatura alguns efeitos secundários à difusão local da toxina
a músculos adjacentes. Os mais graves são a disfagia e a paralisia respiratória secundárias a injeções na musculatura cervical. São raros os relatos
de efeitos generalizados provocados pela difusão da toxina no sangue, que
mimetizam o botulismo. A ocorrência de efeitos adversos ao tratamento em
parte parece decorrer do fato deste ser realizado habitualmente em unidades
de referência distantes da residência dos pacientes, sem acompanhamento
concomitante pelo serviço de saúde local. Também o desconhecimento do
problema por parte dos profissionais desses serviços pode gerar confusão
diagnóstica no atendimento ao paciente.
Introdução: A carbamazepina é um anticonvulsivante e, assim como o lítio,
é estabilizador de humor utilizado no tratamento de transtorno bipolar. Seu
efeito terapêutico provém da interação com canais de Na+ e consequente inibição da despolarização neuronal. O lítio, por sua vez, se acumula em células
excitáveis, levando à perda parcial de K+ e hiperpolarização celular. Quando
administradas em conjunto, aumenta-se o risco de superdosagem. Embora
existam métodos de desintoxicação eficientes para a superdosagem isolada desses medicamentos, o tratamento para a intoxicação combinada ainda
não foi padronizado. Descrição do Caso: Mulher, 38 anos, com transtorno bipolar, tratada por dois meses com 700mg/dia de carbamazepina e 600mg/dia
de carbonato de lítio, foi encontrada irresponsiva aos estímulos. Admitida no
setor de emergência hospitalar, apresentava Glasgow igual a 3, pressão arterial de 80/55 mmHg, frequência cardíaca de 90bpm e frequência respiratória
de 13 ipm. Foi submetida a diversas lavagens estomacais. Recebeu, via tubo
gástrico, 20g de carvão ativado e 250 mL de solução de citrato de magnésio
e subsequente infusão com solução de Ringer. Seguiu-se tratamento com heparina sódica e hemoperfusão de carvão vegetal. Discussão: A superdosagem por carbamazepina caracteriza-se clinicamente por sonolência, ataxia,
alucinações, convulsões e coma. A intoxicação por lítio caracteriza-se por
delírios, convulsões e coma. Os sintomas são relacionados à concentração
plasmática de cada droga, e ambas possuem metabolismos diferentes; assim,
deve-se estabelecer prioridades no tratamento da superdosagem combinada.
No presente relato, o tratamento proposto foi eficiente em eliminar ambas as
drogas do organismo, revertendo o quadro de intoxicação.
Email: [email protected]
Email: [email protected]
P030 - ABORDAGEM DO PACIENTE VÍTIMA DA INGESTÃO DE
CÁUSTICOS
P032 - REPERCUSSÕES NEUROLÓGICAS DA INTOXICAÇÃO POR
CHUMBO
Lopes NNG¹, Pinto JS¹, Nogueira MMI¹, Lopes RLC²
Santana TVM¹, Rojo JL¹, Jordão JA¹, Batista RS¹, De Paula CJ²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Cirurgião Geral do Hospital João XXIII
1Acadêmicos
Introdução: Cáusticos são produtos químicos capazes de causar lesão ao
contato com o tecido. Geralmente são ácidos ou bases fortes. Nos países em
desenvolvimento, como o Brasil, essas substâncias estão largamente disseminadas, inclusive no interior das casas, e mal rotuladas, gerando acidentes,
principalmente na infância. Na vida adulta, é mais comum que a ingestão
esteja associada à tentativa de autoextermínio. As lesões resultantes podem ter graus variados e uma abordagem rápida e precisa dos casos pode
reduzir a morbimortalidade. Objetivos: Discutir a pertinência dos diversos
procedimentos terapêuticos e propor algoritmo para manejo da intoxicação
por cáusticos. Metodologia: Revisão de artigos publicados no Goldfrank’s
Toxicologic Emergencies e na base de dados Pubmed, nos últimos 10 anos,
utilizando-se as palavras chave: caustic ingestion e caustic injury. Discussão: A anamnese e o exame físico devem ser os primeiros instrumentos para
classificação de risco, devendo-se buscar, nesse momento, o agente causal,
sua apresentação, concentração e quantidade ingerida e os sinais e sintomas
desencadeados. Devem ser evitadas manobras como uso de carvão ativado, indução de vômito, neutralização e lavagem gástrica, que podem piorar
o quadro, gerando, por exemplo, perfuração esofágica. Nos pacientes com
estabilidade clínica e sem sinais e sintomas sistêmicos, cabe apenas a observação. Os demais exigem propedêutica específica, com destaque para a
endoscopia digestiva alta, que serve para reestratificação do caso. Pacientes
com lesão grau II ou III devem ser avaliados quanto à indicação e conveniência de tratamento cirúrgico. O emprego de antibióticos é controverso, não
estando indicado o uso de corticosteroides.
Introdução: O saturnismo é a intoxicação pelo chumbo e está, na maioria
das vezes, relacionado à atividade profissional que ocorre principalmente na
produção de baterias, fundição, solda, fabricação de cerâmica, uso de tintas
que contêm chumbo, mineração, entre outras. Dados obtidos nos anos 90
indicam que mais de 4.000.000 de toneladas de chumbo eram consumidas
anualmente em todo o mundo e que cerca de 1% da força de trabalho estaria exposta a ele. Objetivos: Informar acadêmicos e profissionais de saúde a
respeito do elevado número de acometidos por intoxicação por chumbo e
suas repercussões neurológicas. Materiais e Métodos: Trata-se de estudo de
revisão bibliográfica em compêndios e artigos médicos, utilizado-se o termo
intoxicação por chumbo indexado ao Medline e outros sistemas de busca
pela Internet. Resultados: A neuropatia periférica provocada pelo chumbo é a manifestação mais comum em exposições ocupacionais, ocorrendo
desmielinização e degeneração dos axônios. Em casos graves e geralmente
crônicos de intoxicação, ocorrem as chamadas síndromes cerebrais orgânicas, que se iniciam lentamente, com irritabilidade difusa e dificuldade no
aprendizado. As encefalopatias satúrnicas crônicas resultam em problemas
de memória, problemas psíquicos e edema cerebral. O prognóstico é ruim,
geralmente sobrevindo morte ou alteração permanente da função nervosa
cerebral. Conclusão: A intoxicação profissional por chumbo tem diminuído
em países desenvolvidos, mas ainda apresenta elevada incidência em países
não desenvolvidos. O tratamento em casos com acometimento neurológico
é ineficaz, sendo principalmente sintomático.
Email: [email protected]
do curso de Medicina da UFMG; 2Enfermeira do Programa de
Saúde de Família da cidade de Pedro Leopoldo
Email: [email protected]
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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P033 - INTOXICAÇÃO POR IMIDAZOLÍNICOS NASAIS EM CRIANÇAS
Gualberto LIPS¹, Reis JV¹, Pessoa MB¹, Utsch DD²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médica pediatra do Hospital Municipal
de Contagem e Hospital Júlia Kubitschek
Introdução: Os descongestionantes nasais tópicos compostos por derivados
imidazolínicos são importantes agentes de intoxicação na faixa etária pediátrica. Apesar da menor concentração das apresentações para uso infantil
(cerca de metade da concentração de uso adulto), o risco de intoxicação permanece, principalmente entre neonatos e lactentes, devido à sua menor superfície corporal. Objetivo: Verificar a sintomatologia, tratamento e métodos
de prevenção dessas intoxicações. Metodologia: Revisão de artigos científicos, protocolos clínicos e análise de dados do SINITOX e ANVISA. Resultados: As imidazolinas atuam como agonistas de receptores a2-adrenérgicos
periféricos das mucosas causando seu efeito terapêutico desejado, a vasoconstrição local. Entretanto, as imidazolinas absorvidas pelos vasos da mucosa nasal em doses tóxicas estimulam receptores a2-adrenérgicos presentes nos centros de controle do sistema cardiovascular e do sistema nervoso
central, determinando a inibição da atividade simpática cerebral, depressão
neurológica e respiratória, bradicardia e hipotensão arterial. O tratamento
consiste em suporte respiratório, hemodinâmico e controle dos sintomas, já
que não há antídoto específico conhecido e as manifestações clínicas geralmente remitem até 24 horas após a exposição. A naloxona tem sido sugerida
como possível antagonista, embora não haja estudos clínicos controlados.
Conclusão: Apesar de aparentemente inofensivos, os descongestionantes
nasais imidazolínicos podem causar sérios danos á saúde, inclusive com risco de morte. Seu uso deve ser feito apenas com prescrição médica, conforme
dose prescrita. Para evitar o uso indiscriminado, é imprescindível esclarecer
a população sobre estes riscos e aumentar o controle de sua venda.
Email: [email protected]
P034 - DISFUNÇÃO TIREOIDIANA INDUZIDA PELA AMIODARONA
Costa KS¹, Souza LP¹, Martins KCC¹, Dayrell RTM¹, Rezende NA²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Professor do Departamento de Clínica
Médica da UFMG
Introdução: A amiodarona é um medicamento utilizado para o tratamento da
arritmia cardíaca. Seu uso crônico pode ocasionar alterações na função tireoidiana, levando ao hipotireoidismo ou à tireotoxicose. Objetivo: Apresentar análise
dos efeitos adversos e da toxicidade da amiodarona à tireoide. Métodos: Revisão
de dados literários sobre a tireotoxicidade da amiodarona e relato de caso sobre
hipertireoidismo após uso desse medicamento. Relato de caso: Paciente de 77
anos, chegou ao ambulatório Carmo-Sion para acompanhamento de problemas
da tireoide e hipertensão arterial. Relatava dor retroesternal em queimação há
nove meses, desencadeada pelo esforço e associada com dispneia e síncope.
Após atendimento em unidade de saúde local, teve diagnosticadas extrassístoles
ventriculares, sendo prescrito amiodarona 200 mg MID. Pouco tempo após iniciar
o uso desse medicamento, observou-se formação de bócio. Em atendimento ambulatorial no Carmo-Sion foi solicitada cintilografia de tireoide que evidenciou
bócio tóxico difuso. Exames laboratoriais evidenciaram alterações dos níveis
TSH 0,02 microUI/mL (VR: 0,34-5,6), T4 livre 3,45 ng/dL (VR: 0,45-1,24). Discussão: Cerca de 50% dos indivíduos em uso de amiodarona apresentam alterações
tireoidianas. A amiodarona contém 37% de iodo em sua composição, o que pode
ocasionar sobrecarga de iodo no organismo. O medicamento atua inibindo a
atividade das desiodases, ocasionando aumento sérico de T3 reverso e T4, com
redução de T3 sérico. Ademais, exerce efeito citotóxico direto sobre as células da
tireoide. A disfunção tireoidiana parece estar relacionada a fatores predisponentes e falência das adaptações à sobrecarga de iodo. A tireotoxicose pode ocorrer
por dois mecanismos: aceleração da produção de hormônios pela sobrecarga de
iodo em indivíduos com doença de Graves ou com bócios tóxicos latentes (tipo 1)
e pelo efeito tóxico direto, causando tireoidite com liberação de hormônios pré-formados (tipo 2). Já o hipotireoidismo está mais relacionado a casos em que já
existam anticorpos antitireoide. Prováveis explicações seriam a incapacidade da
tireoide em superar o efeito inibitório pela sobrecarga de iodo ou o dano celular
induzido pelo excesso de iodo no folículo tireoidiano. Conclusão: É recomendado que os médicos estejam sempre atentos aos pacientes com uso de amiodarona,
monitorando-os em relação aos hormônios tireoidianos e, se necessário, revisando a necessidade clínica de sua utilização. Email: [email protected]
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
P035 - ABORDAGEM CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA DOS ACIDENTES
ESCORPIÔNICOS EM BELO HORIZONTE
Silva G¹, Matias I¹, Teodoro I¹, Remigio L¹, Costa J²
1UFMG; 2Instituto
de Ciências Biológicas da UFMG
Introdução: Os acidentes com escorpiões apresentam prevalência importante na região metropolitana de Belo Horizonte, sendo a espécie mais envolvida
o Tityus serrulatus. Clinicamente, o paciente pode apresentar manifestações
locais e sistêmicas. A gravidade da picada depende de fatores como espécie
e tamanho do escorpião, massa corporal do acidentado, sensibilidade do paciente ao veneno, quantidade de veneno inoculada e rapidez de atendimento.
Metodologia: Revisão de artigos científicos sobre escorpionismo e visita ao
Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. Resultados: Segundo dados do
Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII, os acidentes com escorpiões
constituem cerca de 60% dos acidentes por animais peçonhentos, ocorrendo com maior frequência entre os meses de agosto a março e tendo elevada
prevalência nas regiões nordeste e noroeste de Belo Horizonte. Observa-se
grande aumento das notificações dos acidentes escorpiônicos na última década: em 1990 foram notificados 191 acidentes em Belo Horizonte e, em 2004,
1.143 acidentes. Os adultos, geralmente, apresentam dor e parestesia no local
da picada. Já crianças e idosos podem apresentar manifestações sistêmicas.
O tratamento proposto para o acidente por escorpião visa neutralizar o mais
rápido possível a toxina circulante, combater os sintomas do envenenamento
e dar suporte às condições vitais do paciente. Conclusões: O escorpionismo
é um problema relevante de saúde pública em Belo Horizonte. Observa-se
que, atualmente, a incidência de acidentes escorpiônicos é elevada, tornando
necessária a adoção de campanhas que orientem a população sobre como
prevenir a picada e como proceder nas situações em que ela ocorre.
Email: [email protected]
P036 - ESCORPIONISMO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO
ESTADO DE MINAS GERAIS, COM ENFOQUE EM BELO HORIZONTE
Oliveira AC¹, Santos AKD¹, Belfort AFL¹, Belfort JT²
1Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Orientador, especialista em oftalmologia
pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia – SOB, Médico do Hospital Professor Agamenon Magalhães – PE
Introdução: O escorpionismo é o quadro do envenenamento humano causado pela toxina escorpiônica, composta por diversas substâncias, incluindo
cardiotoxinas e neurotoxinas, cujos efeitos principais se devem à hiperexcitações autonômica e neuromuscular. Objetivo: Análise clínica do escorpionismo e sua relevância, principalmente em Belo Horizonte. Metodologia: Seleção e confronto de bibliografia (artigos indexados no Jornal de Pediatria e
publicações de mestrado). Resultados: O escorpionismo constitui problema
de saúde pública em Belo Horizonte, ocorrendo casos de morte ou sequelas
temporárias. A espécie Tityus serrulatus é responsável pela maioria dos acidentes, sendo mais afetadas as regiões nordeste e noroeste da cidade. Sua
importância decorre da frequência de casos urbanos e precocidade da evolução fatal na faixa etária pediátrica, devendo sempre ser considerado como
agravo que necessita atendimento imediato, pois o início das manifestações
clínicas é precoce. Embora a maioria dos casos apresente sintomatologia
leve, pacientes com menos de sete anos apresentam maior risco de complicações sistêmicas e óbito, quando picados pelo T. serrulatus O quadro local
caracteriza-se por dor de intensidade variável em queimação e pontadas. A
evolução para óbito pode ser rápida em crianças, devido à ocorrência de
convulsões e cardiotoxicidade. Conclusão: O atendimento precoce do paciente é essencial já que o escorpionismo ainda é causa importante de óbito.
Apesar da existência do soro antiescorpiônico e do avanço na medicina intensiva, a prevenção aos acidentes deve ser continuamente estimulada.
Email: [email protected]
P037 - INTOXICAÇÃO POR FERRO: UM DESAFIO NA PREVENÇÃO
PRIMÁRIA
Duarte HS¹, Brazões FAS¹, Martins JLM¹, Romeiro JVN¹, Fernandes RAF²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ² Professora da Faculdade de Medicina
da UFMG
Introdução: O uso de sais de ferro é muito comum na prática médica, especialmente em crianças, para profilaxia e tratamento da anemia ferropriva
(doença hematológica mais comum na infância). Em decorrência da sua fácil
disponibilidade, da existência de formulações farmacêuticas com concentrações variadas e do desconhecimento e banalização sobre sua toxicidade, a
intoxicação medicamentosa acidental pelo ferro apresenta-se como uma das
mais frequentes em pediatria. Objetivo: Descrever a fisiopatologia e clínica
da intoxicação por ferro, ressaltando a importância de medidas de prevenção primária. Métodos: Revisão bibliográfica dos últimos 20 anos (PubMed),
com estudo de relatos de caso e artigos de revisão. Discussão: A intoxicação
por ferro manifesta-se em doses superiores a 20mg/kg. Pode apresentar evolução em cinco fases: manifestações gastrointestinais, latência, choque e manifestações neurológicas ,melhora clínica e desenvolvimento de estenose do
trato gastrointestinal. O ferro promove corrosão direta da mucosa gastrointestinal, podendo levar à perda de líquidos e desidratação grave. Em altas
concentrações intracelulares, provoca acidose lática e produção de radicais
livres, com subsequente dano oxidativo. Conclusão: O sulfato ferroso é medicação amplamente utilizada em nosso meio, de fácil acesso às crianças,
nos domicílios. Embora seja grande o risco da intoxicação, o decréscimo da
morbidade e letalidade pela intoxicação pelo ferro é eficazmente obtido por
meio da prevenção primária. Além disso, deve-se estar atento aos sinais precoces de intoxicação pelo metal, para que sejam tomadas medidas terapêuticas imediatas, prevenindo o risco de evolução para choque refratário e óbito.
P039 - ESTUDO DOS EFEITOS TÓXICOS DO FORMALDEÍDO
Campos VG¹, Praça GM¹, Silva TR¹, Jardim VB¹, Cunha LBS²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médico e professor convidado de Anatomia
Médica da UFMG
Introdução: O formol ou formaldeído tem várias aplicações, sendo usado, por
exemplo, como desinfetante, como antisséptico, em tratamentos capilares e,
tradicionalmente, na conservação das peças de cadáveres nos laboratórios de
anatomia das faculdades de medicina. Materiais e Métodos: Revisão do tema
em literatura especializada, abrangendo periódicos integrados ao LILACS,
SCIELO e PubMed. Discussão: O formol, usado na conservação de peças anatômicas nas universidades, é tóxico quando ingerido ou inalado, ao entrar em
contato com a pele e até mesmo pelas vias intravenosa, intraperitoneal ou
subcutânea. Em concentrações de 20 ppm no ar causa, rapidamente, irritação
nos olhos e tem sido classificado como sendo carcinogênico, tumorogênico
e teratogênico para humanos. A inalação da forma gasosa pode causar irritação nos olhos, no nariz, nas mucosas e no trato respiratório superior. Em
altas concentrações, pode causar bronquite, pneumonia ou laringite. As manifestações clínicas mais frequentes, no caso de inalação, são cefaleia intensa,
tosse, dispneia, vertigem e edema pulmonar. Longos períodos de exposição
podem causar dermatite e hipersensibilidade além de rachaduras na pele, por
ressecamento. Outras consequências são danos degenerativos no fígado, rins,
coração e cérebro. Conclusão: No estado líquido ou vapor o formol é irritante
para pele, olhos e trato respiratório uma realidade dos laboratórios de anatomia que ainda utilizam formol na conservação das peças anatômicas.
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P038 - ABORDAGEM DO PACIENTE COM SUPERDOSAGEM DE FERRO
P040 - INTOXICAÇÃO POR INGESTÃO DE HIGIENIZADORES
Martins JLM¹, Boaventura LR¹, Carvalho LN¹, Duarte HS¹, Fernandes RAF²
Matos VP¹, Carvalho LN¹, Ferreira SR¹, Oliveira WG, Carvalho MN²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Pediatra e professora da Faculdade de
Medicina da UFMG
¹Acadêmicos de Medicina da UFMG; ²Médica Pediatra do Hospital Odilon Behrens
Introdução: O sulfato ferroso é amplamente utilizado na prática clínica e
frequentemente é de fácil acesso às crianças, nos domicílios; por isso, tem
sido causa importante de intoxicação acidental na infância. A abordagem
adequada dos casos suspeitos de superdosagem é essencial para uma evolução favorável, evitando risco de agravamento do quadro e evolução para
óbito. Objetivo: Estudo da abordagem médica precoce mais adequada nos
casos de intoxicação por sulfato ferroso. Métodos: Revisão da literatura
pelo PubMed, utilizando-se os descritores: ferro, sulfato ferroso, toxicidade,
intoxicação e tratamento. Discussão: O diagnóstico de intoxicação por ferro inclui a história clínica, exame físico e exames laboratoriais, que indicam
os pacientes de maior risco. Associado ao tratamento suportivo (cefaleia,
convulsões, distúrbios metabólicos e choque), alguns autores sugerem que
a dosagem sérica do ferro sérico deva orientar o tratamento específico. Em
pacientes assintomáticos com dosagem inferior a 55μmol/L, após a quarta
hora da ingestão, o tratamento é expectante. Dosagens entre 55-90μmol/L,
indicam observação por pelo menos 24 horas e, na ausência de sintomas, nenhuma outra conduta deve ser tomada. Níveis séricos superiores a 90μmol/L
indicam tratamento com quelante de ferro, que deve ser mantido até que
os sintomas desapareçam. A dosagem da capacidade total de ligação do
ferro também é recomendada para estimar a presença de ferro livre e a necessidade do uso de quelante. Conclusão: O manejo adequado dos casos
de intoxicação por ferro deve incluir a abordagem terapêutica de suporte e
exames laboratoriais que indiquem a terapia quelante de ferro.
Introdução: Adolescentes norteamericanos têm sido motivo de preocupação das autoridades sanitárias por utilizarem higienizadores de mãos com o
intuito de se embebedarem mais rapidamente. O produto, que contém 65% de
álcool etílico, já foi origem de mais de 2.600 casos de intoxicação desde 2010
na Califórnia. Objetivo: Descrever um tipo de intoxicação pouco comum no
Brasil, mas que eventualmente pode se tornar comum nos próximos anos.
Metodologia: Revisão bibliográfica, consulta a artigos na base de dados PubMed, reportagens, relato de casos e de trabalhos publicados relacionados.
Descritores: hand sanitizers; intoxication. Discussão: O álcool etílico é absorvido principalmente na porção proximal do intestino delgado e em grande parte metabolizada até acetaldeído no fígado. A “intoxicação legal” ocorre em concentrações de pelo menos 80-100mg/dL. O abuso de etanol, por
individuo sadio em jejum, produz hipoglicemia transitória dentro de 6-36h.
Outras manifestações comuns são alterações comportamentais, psicomotoras, cognitivas, e sono profundo e conturbado. Com taxas de 300-400mg/dL
de sangue, pode levar o indivíduo à morte. Estima-se que o consumo repetitivo de álcool possa abreviar a expectativa de vida da pessoa em até uma
década. Conclusão: As intoxicações por etanol são bastante comuns devido
à variedade de bebidas que contém o álcool em sua composição. Além disso,
têm surgido formas novas e perigosas de abuso do etanol. Por isso, devem ser
tomadas medidas preventivas para evitar consumo inconsequente.
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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P041 - INTOXICAÇÃO POR ALUMÍNIO: ASPECTOS RELEVANTES
PARA A CLÍNICA
Magalhães EV¹, Coelho SCP¹, Amaral VF²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ² Professora assistente do Instituto de
Ciências Biológicas – UFMG
Introdução: O principal minério do alumínio é a bauxita. O metal e seus
compostos são usados como materiais de construção, abrasivos, catalisadores, medicamentos e na fabricação de produtos antiperspirantes e adstringentes. Por isso, a exposição diária ao alumínio é inevitável, o que, em determinados casos, pode gerar intoxicação no homem. Objetivo: Verificar as
vias de absorção do alumínio, as manifestações clínicas, o tratamento e a sua
prevenção. Metodologia: Livros médicos sobre intoxicação e artigos procurados na base de dados PubMed com o descritor “intoxicação por alumínio”.
Resultados: As vias de introdução e absorção de alumínio são respiratória,
oral e cutânea, além da parenteral. A toxicidade se dá pela ligação do alumínio principalmente à transferrina e à albumina, que favorece a sua deposição em determinados órgãos alvo. As principais manifestações clínicas são:
irritação gastrointestinal, encefalopatias, a síndrome denominada de AIBD
(Aluminium Induced Bone Disease), anemia microcítica e hipocrômica, efeitos respiratórios, em casos de inalação, e hipertrofia cardíaca. O tratamento
depende de o quadro clínico ser agudo ou crônico. Na maioria das vezes,
resume-se no afastamento da fonte de exposição associado a medidas de
controle sintomático e de suporte. A prevenção através do controle da quantidade de alumínio na água potável e em alimentos é a medida mais eficaz
no que se refere à intoxicação por alumínio. Conclusão: Apesar de não ser
comum a intoxicação por alumínio, quando há suspeita, o paciente deve ser
conduzido ao hospital mais próximo para confirmação desse quadro, para
que o tratamento se inicie precocemente e não ocorram complicações neurológicas, ósseas e hematológicas.
P043 - ERUCISMO POR LONOMIA OBLIQUA – RELATO DE CASO
Quintão JG¹, Paiva SMW¹, Bizzotto RM¹, Clemente L¹, Seabra V2
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médico da FHEMIG
Introdução: Acidentes com lagartas Lonomia obliqua, a forma mais grave
de erucismo, frequentemente causam distúrbios da coagulação e síndromes
hemorrágicas. Sua toxina promove ativação da protrombina e fator X, com
atividade pró-coagulante e coagulopatia de consumo que levam a um estado
hemorrágico induzido pela depleção do fibrinogênio e fibrinólise secundária.
Podem evoluir com equimoses, hemorragia pulmonar e intracraniana, e insuficiência renal aguda, sua principal complicação. Relato do caso: Paciente de
dois anos, sexo feminino, admitida em unidade de pronto atendimento uma
hora e meia após contato com lagarta em primeiro quirodáctilo esquerdo. O
acidente ocorreu no município de Brumadinho, MG, e, instantes após, evoluiu
com dor, hiperemia e edema do dedo e região tenar. A lagarta foi identificada,
apresentando listras longitudinais amarelas e marrons, com cerdas verdes em
formato cipreste. Suspeitou-se de erucismo lonômico, sendo realizada raspagem local e solicitado coagulograma com fibrinogênio, que revelou RNI alargado, aumento do TTPa, trombocitose e depleção de fibrinogênio. Com isso,
cinco horas após o ocorrido, foi administrado o soro antilonômico e mantida
observação clínica por 72 horas, com repetição dos exames laboratoriais, que
evidenciaram melhora progressiva do quadro. Na alta hospitalar, apresentava
exames com valores próximos aos limites de normalidade. Conclusão: Erucismo por Lonomia obliqua é relativamente incomum em Minas Gerais e a
maioria da população desconhece a toxicidade de seu veneno. Contudo, esse
acidente tem alta letalidade e taxa de fatalidade entre 1,7% a 2,5%. Seu adequado manejo envolve um correto tratamento de suporte e soroterapia específica.
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P042 - LAVAGEM GÁSTRICA NA EXPOSIÇÃO TÓXICA AGUDA EM
CRIANÇAS
P044 - INTOXICAÇÃO NA SÍNDROME DE MÜNCHHAUSEN:
DIAGNÓSTICO E MANEJO CLÍNICO
Machado AEA¹, Pereira AL¹, Costa ABN¹, Machado N²
Faria LPG¹, Santos LL¹, Simão MTJ¹, Oliveira PMC¹, Teotônio SS²
¹Acadêmicos da graduação do curso de Medicina da UFMG; ² Médico pediatra
da equipe médica do SAMU-MG
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ² Pediatra intensivista no Hospital João
XXIII, Belo Horizonte, Minas Gerais
Introdução: As tentativas para diminuir a exposição aos agentes tóxicos, seja
por medidas para promover evacuação gástrica ou para diminuição da absorção intestinal, veem sendo aplicadas há muitos anos. Todavia, há várias
restrições quanto à real eficácia desses procedimentos, tanto no atendimento
pré-hospitalar quanto no hospitalar. A lavagem gástrica tem sido amplamente
empregada nos procedimentos de descontaminação gastrintestinal. Todavia,
a eficácia desse procedimento permanece duvidosa. Objetivos: Tecer considerações acerca da lavagem gástrica na exposição tóxica aguda em crianças.
Metodologia: Pesquisa bibliográfica em artigos de periódicos nacionais e
internacionais, por meio do Portal Capes, assim como orientação de profissional especializado na área. Resultados: A quantidade de substâncias marcadas removidas é altamente variável e diminui com o tempo, não havendo
evidências de que a lavagem gástrica melhore a evolução de pacientes intoxicados, podendo, ao invés disso, causar importantes complicações.. A lavagem gástrica deve ser considerada somente em casos de intoxicação grave e
só se mostra eficaz o procedimento for realizado até 60 minutos da ingestão.
Conclusões: As intoxicações graves e a letalidade são baixas, verificando-se
que, muitas vezes, os procedimentos de lavagem gástrica são desnecessários
e iatrogênicos. A principal ação contra as exposições tóxicas é a prevenção.
É essencial criar um ambiente seguro para o desenvolvimento das crianças.
Introdução: Diante de intoxicação infantil, os médicos devem atentar para a
psicopatia denominada síndrome de Münchhausen por procuração (SMPP).
Objetivo: Apontar características clínicas de intoxicação na SMPP e alertar o
médico para essa eventualidade no diagnóstico de intoxicação infantil. Metodologia: Revisão bibliográfica no PubMed utilizando o descritor “Munchhausen por procuração”. Resultados: A SMPP ocorre quando um parente, em
95% dos casos a mãe, intencionalmente provoca sinais de distúrbios médicos
em seu filho, colocando-o em risco, a fim de criar uma situação que requeira
cuidado médico, sem objetivar ganho secundário. Alguns sinais nos fazem
desconfiar da SMPP: história prévia de frequente hospitalização com sintomas
incomuns e inexplicáveis que desaparecem na ausência do responsável e que
não condizem com os resultados dos exames da criança; sinais que pioram
em casa, mas melhoram quando a criança está sob cuidados médicos; presença de remédios ou substâncias químicas anormais no sangue ou urina da
criança; responsável preocupado em demasia com a criança e excessivamente disposto a obedecer aos profissionais de saúde; mãe com conhecimento de
enfermagem. O envenenamento é apontado como a forma mais usada na produção de sintomas e as drogas mais usadas são fenobarbital, benzodiazepínicos, insulina, aspirina, antidepressivos, antieméticos e codeína. As manifestações clínicas são polimórficas e variadas incluindo desde quadros de coma
a sintomas gastrointestinais. Conclusão: A SMPP constitui possível causa de
intoxicação infantil; por isso, faz-se necessário o desenvolvimento de padrões
de cuidado e diagnóstico, a fim de tornar mais rápido seu reconhecimento e a
tomada de medidas no manejo dessa doença.
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
P045 - INTOXICAÇÃO POR NAFTALENO: UMA ABORDAGEM CLÍNICA
P047 - INTOXICAÇÃO POR INSETICIDAS ORGANOFOSFORADOS
Coelho SCP¹, Magalhães EV¹, Amaral VF²
Batista RS¹, Souza LP¹, Santana TVM¹, Jordão JA¹, Ramalho DB²
¹Acadêmicas do Curso de Medicina da UFMG; ²Professora Assistente do Departamento de Patologia Geral do ICB/UFMG³
1Acadêmicos
Introdução: O naftaleno está presente em produtos de uso domiciliar, como
desodorantes sanitários, repelentes contra insetos, além das conhecidas
“bolinhas de naftalina”, que, por possuírem formato e odor atrativo para crianças, levam-nas a constituírem as principais vítimas de intoxicação. Objetivo:
Verificar as vias de absorção do naftaleno, as manifestações clínicas, o tratamento, e o prognóstico da intoxicação pelo composto. Metodologia: Livros
didáticos e Scielo. Descritores: “naftaleno”; “glicose-6-fosfato desidrogenase”.
Resultados: A absorção de naftaleno se dá pelas vias oral, cutânea e inalatória,
sendo potencializada por solventes orgânicos e lípides. A toxicidade se dá
pela oxidação de componentes celulares por seus metabólitos tóxicos – alfa e
beta naftoquinonas e naftóis – e pela depleção de glutationa, que resultam em
instabilidade da membrana das hemácias. Esse mecanismo leva à hemólise
intravascular aguda, manifestação clínica importante da intoxicação. Entretanto, as manifestações geralmente observadas são cefaleia, náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia e febre, sendo que, em casos graves, podem ocorrer sintomas neurológicos. O tratamento é sintomático, além de visar reduzir
o tempo de contato do paciente com a substância para evitar a absorção. O
prognóstico é bom, visto que, na maioria dos casos, são observadas apenas
as manifestações gerais ou os pacientes permanecem assintomáticos. Conclusão: A intoxicação por naftaleno pode ter repercussões – ainda que menos
comuns – bastante graves, especialmente em crianças. Por isso, pacientes intoxicados ou com suspeita de intoxicação devem permanecer em observação
hospitalar e realizar exames complementares, para investigar principalmente
a ocorrência de hemólise, de complicações hepáticas e renais.
Introdução: As intoxicações por pesticidas são causas importantes de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Estima-se que mais de três milhões de
pessoas são acometidas, com cerca de 220.000 mortes por ano. Objetivos:
Investigar dados epidemiológicos das intoxicações por organofosforados,
bem como discutir o mecanismo de ação, diagnóstico, as principais manifestações clínicas, tratamento, complicações e prognóstico. Materiais e Métodos: Trata-se de estudo de revisão bibliográfica em compêndios e artigos,
por meio do Medline, Scielo e outros sistemas de busca pela internet, usando
os termos intoxicação por organofosforados e contaminação por organofosforados. Discussão: A produção mundial de inseticidas organofosforados
encontra-se em franca expansão, verificando-se número crescente de casos
de intoxicação por esses produtos, que constitui causa importante de mortalidade em todo mundo. Intoxicações por organofosforados, que inativam a
acetilcolinesterase, são responsáveis por milhares de mortes anualmente. As
manifestações clínicas se dividem em sintomatologia muscarínica, nicotínica, no sistema nervoso central, e não colinérgicas. O diagnóstico baseia-se
em evidências clínicas e na redução da atividade da colinesterase. O tratamento consiste em descontaminação, uso de atropina e oximas e terapêutica
sintomática. Dentre as principais complicações destaca-se a insuficiência
respiratória e pneumonia por aspiração. O prognóstico vai depender de diversas variantes, entre elas: a quantidade, a toxicidade, a via de absorção
do organofosforado e tempo gasto até os primeiros socorros. Conclusão: É
indispensável aos profissionais de saúde entender os efeitos deletérios dos
organofosforados no organismo, bem como conhecer as possibilidades terapêuticas para reversão dos quadros de intoxicação.
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do curso de Medicina da UFMG; 2Enfermeira do Programa de
Saúde de Família da cidade de Pedro Leopoldo
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P046 - NANODESINTOXICAÇÃO: UM MÉTODO EMERGENTE
Pinto DN¹, Siqueira LA¹, Faria TM¹, Souza DWS²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Físico médico na Clínica Radiocare,
Hospital Felício Rocho
Introdução: Os métodos terapêuticos convencionais contra intoxicação
possuem eficácia e segurança limitadas, o que justifica as pesquisas atuais
focadas no desenvolvimento de um método inovador de desintoxicação.
Nesse contexto, nanomateriais têm sido investigados como agentes parenterais para a eliminação de toxinas do organismo. Objetivos: Apresentar
um método emergente de desintoxicação por meio de nanomateriais, discutindo suas deficiências e perspectivas da nanomedicina. Metodologia:
Foram utilizadas as seguintes bases de busca para revisão literária e achado
de artigo científico: LILACS, Pubmed, e CHOCHRANE. Palavras-chave utilizadas: desintoxicação, nanodesintoxicação, nanomedicina, nanopartículas,
drogas. Resultados: Os estudos recentes de desintoxicação focaram-se em
três classes de nanomateriais: micelas nanocarreadoras, lipossomas e nanopartículas. Esses capturam a droga por mecanismos de adsorção ou internalização. Apesar do sucesso observado in vitro, existem ainda limitações para
sua aplicação, cuja principal seria a incapacidade de acomodar uma grande
diversidade de toxinas. Assim, o ideal seria inativar toxinas ao invés de removê-las. Novas pesquisas visam unir as reações de biotransformação às nanopartículas porosas, cuja superfície permite maior captação de moléculas. O
objetivo principal é introduzir nas nanopartículas um redutor que converta
os metabólitos tóxicos gerados na fase I à sua forma não tóxica. Conclusões:
Com intuito de aperfeiçoar a eficiência de desintoxicação dos nanomateriais,
a biotransformação tem sido utilizada como modelo na modificação desses
compostos. Nesse contexto, os nanotubos de sílica têm se destacado e podem vir a constituir o melhor método para desintoxicação sistêmica.
P048 - PREVENÇÃO DOS ACIDENTES COM PRODUTOS CÁUSTICOS
NO BRASIL
Reis JV¹, Gualberto LIPS¹, Pessoa MB¹, Utsch DD²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médica pediatra do Hospital Municipal
de Contagem e Hospital Júlia Kubitschek
Introdução: Apesar das campanhas educacionais, a ingestão de produtos
cáusticos é ainda problema frequente no Brasil, principalmente entre crianças menores de cinco anos. As lesões cáusticas são de alta morbidade e
geram graves sequelas, além de demandarem internações de alto custo e
exigirem cuidados multidisciplinares em longo prazo. Objetivos: Verificar
os protocolos clínicos de referência, relembrar o Projeto de Lei 4.841-A/94 e
discutir sua importância. Metodologia: Leitura de artigos científicos, protocolos de atendimentos. Discussão: Acidentes desse tipo necessitam de atendimento rápido para reduzir as complicações e melhorar o prognóstico do
paciente. O Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII é de referência em
Minas Gerais. É possível receber orientações sobre a conduta a ser aplicada
por telefone, a partir do auxílio de outros profissionais. Além disso, apenas
os métodos de prevenção desses acidentes, como cuidados para armazenamento e informação sobre os produtos aos pais, mostram-se insuficientes
perante a curiosidade inerente às crianças. Isto posto, a utilização da Embalagem Especial de Proteção à Criança (EEPC), proposta pelo P.L. 4.841-A/94,
ainda se encontra sem previsão de aprovação. Países que já adotaram tal
política obtiveram redução significativa na ocorrência desses casos. Conclusão: Apesar de o atendimento ser eficaz em centros urbanos, em meios rurais
ainda há deficiência de diagnóstico rápido e condutas adequadas. Portanto,
o serviço de atendimento por telefone dos centros de referência em toxicologia de cada região do Brasil auxiliam na padronização dessas condutas.
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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P049 - SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA NEONATAL: ASPECTOS GERAIS
E TRATAMENTO
P051 - TOXICOLOGIA REPRODUTIVA: AÇÃO DE DROGAS PSICOATIVAS NA INFERTILIDADE MASCULINA
Cunha IRC¹, Cruz BIVM¹, França LE¹, Batista FHB²
Oliveira RR1, Freitas Júnior HO1, Rodrigues LV1, Castro IV2
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ² Orientador; Médico graduado pela UFMG
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médica Ginecologista da UltraClínica
Introdução: A chamada síndrome de abstinência neonatal (NAS) é um conjunto de sinais e comportamentos do recém-nascido que ocorrem após interrupção abrupta da exposição a drogas in-utero, principalmente descrito para
substâncias como heroína, metadona, buprenorfina ou medicações derivadas, como hidrocodona ou oxicodona. Objetivo: Discutir a complexidade
da NAS e seus principais aspectos acerca da apresentação clínica e tratamento. Metodologia: Revisão bibliográfica de artigos científicos, utilizando
as bases de dados: UpToDate, PubMed e Portal CAPES. Resultados: Heroína
e metadona são os opioides mais comumente relacionados com abstinência,
surgindo entre 48-72h e 48h após o nascimento, respectivamente. A exposição intraútero a substâncias psicoativas pode gerar problemas fisiológicos
e/ou neurocomportamentais no neonato, cujo quadro clínico é tipicamente
caracterizado por irritabilidade, choro estridente, tremores, hipertonicidade,
taquipneia, vômitos e diarreia. Embora o quadro seja mais bem caracterizado em casos de retirada de opioides, também pode ocorrer com benzodiazepínicos, barbitúricos e álcool. O diagnóstico da exposição baseia-se na
identificação do opioide na urina materna, urina ou mecônio do neonato.
O tratamento inicial é suportivo, com diminuição da estimulação sensorial
e nutrição adequada ao recém-nascido. Indica-se terapia farmacológica aos
neonatos que apresentam convulsões, déficit ponderal ou distúrbios de sono.
Conclusão: NAS é significante causa de morbidade infantil, provocando sérios problemas a curto ou longo prazo. Os melhores resultados na terapia
farmacológica têm sido obtidos com administração de opioides, entretanto,
mais pesquisas devem ser realizadas na tentativa de estabelecer melhores
protocolos de avaliação, e tratamentos associados a resultados efetivos.
Introdução: Cerca de 35% dos casos de infertilidade são hoje integralmente
ou em parte explicados por um fator masculino. Dessa forma, o estudo de
agentes químicos que atuam principalmente nos testículos se torna importante para auxílio de casais que sofrem com problemas de infertilidade Objetivo: Avaliar a relação de drogas psicoativas com a infertilidade masculina
e alertar os profissionais de saúde sobre a relevância do estudo da saúde do
homem. Método: Avaliação da literatura dos últimos 10 anos, disponível em
bases de dados como PubMed, Lilacs, Medline, Scielo e outros. Resultado:
Dentre as substâncias psicoativas analisadas, o álcool, o tabaco, a maconha,
e a cocaína são apontadas como prováveis agentes de infertilidade masculina. Por outro lado, a cafeína foi considerada como um fator positivo na fertilidade. O álcool, maconha, tabaco, cafeína e cocaína exercem ações diretas
na fertilidade masculina. No contexto fisiológico, o álcool associa-se diretamente à toxicidade testicular; a maconha causa alterações no eixo hipotálamo-hipófise-gônadas que prejudica a espermatogênese; o tabaco pode causar alterações morfológicas dos espermatozoides e lesão do DNA; a cafeína
atua aumentando a motilidade dos espermatozoides devido ao aumento da
testosterona sérica e a cocaína leva à degeneração das células germinativas.
Conclusão: Existe número considerável de trabalhos que mostram relação
entre as drogas abordadas e a infertilidade masculina. Entretanto, muitos trabalhos demonstram resultados divergentes e poucos são os artigos de peso
com grandes espaços amostrais que foram conclusivos a ponto de trazer um
consenso à comunidade médica.
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P052 - USO DE FRAGMENTOS FAB NA INTOXICAÇÃO POR DIGOXINA
P050 - TOXICIDADE MITOCONDRIAL NA TERAPIA COM ANTIRRETROVIRAIS
Vieira LF¹, Barbosa PSH¹, Fernandes PB¹, Avilla R¹, Rocha D²
Oliveira PMC¹, Santos LL¹, Faria LPG¹, Rocha MP¹, Oliveira CRA²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Mestranda em odontologia pela UFMG
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Especialista em Clínica Médica pelo
Hospital das Clínicas e Mestre em Infectologia e Medicina Tropical pela
UFMG; Médico plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII,
Belo Horizonte, MG
Introdução: Apesar de sua toxicidade, a digoxina ainda possui amplas aplicações terapêuticas, principalmente no tratamento de arritmias cardíacas e
insuficiência cardíaca congestiva. Sua estreita janela terapêutica associada à
utilização em pacientes idosos, em portadores de disfunção renal e ao uso em
conjunto com outros medicamentos, explica a alta proporção de intoxicações
em seus usuários. Objetivos: Este trabalho tem como objetivo analisar o uso
de anticorpos antidigoxina no manejo da intoxicação por digoxina e os possíveis efeitos adversos desse tratamento. Metodologia: Revisão bibliográfica
de artigos científicos pesquisados na base de busca Pubmed, utilizando os
descritores: “Digoxin intoxication” e “Fab fragments”. Resultados: Anticorpos
antidigoxina foram desenvolvidos para tratar casos de intoxicação pelo fármaco. Já existem pelo menos dois diferentes tipos de anticorpos desenvolvidos e testados para tal função. Esses anticorpos removem a digoxina dos
sítios de ligação do tecido e se combinam com o fármaco livre circulante. O
complexo farmacológico entre o fragmento Fab do anticorpo e a digoxina
possui taxa de excreção mais elevada do que a droga isolada. Conclusões:
Apesar de poucos estudos relatados na literatura científica sobre o assunto, os
ensaios clínicos já realizados obtiveram resultados que sugerem segurança e
efetividade, tendo sido constatados poucos efeitos adversos.
Introdução: Agentes antirretrovirais, bem como a maior parte das medicações disponíveis, associam-se a efeitos tóxicos não negligenciáveis, numa
frequência ainda pouco conhecida. Objetivo: Discutir os mecanismos e as
manifestações clínicas da toxicidade mitocondrial relacionada ao uso de
antirretrovirais. Metodologia: Foi realizada consulta no Portal SCIELO utilizando como descritores os termos “toxicidade” e “terapia antirretroviral”.
Dentre os resultados obtidos, foram selecionados os artigos utilizados nesta
revisão bibliográfica. Resultados: Alguns efeitos adversos como pancreatite, hipersensibilidade, neuropatia periférica e nefrolitíase já foram descritos
em pacientes recebendo terapia antirretroviral nas doses terapêuticas recomendadas. O alvo dos antirretrovirais é a enzima transcriptase reversa do
HIV, mas além da inutilização da maquinaria replicativa do vírus, eles são
capazes também de inibir a gama polimerase humana, enzima envolvida na
replicação do DNA mitocondrial (mtDNA). A tarefa biológica do mtDNA é
codificar enzimas envolvidas na cadeia respiratória. Os antirretrovirais, ao
inibirem a mtDNA, conduzem a possíveis efeitos deletérios sobre o funcionamento adequado da cadeia respiratória e, com isso, a diferentes efeitos
tóxicos secundários. Dentre eles, o aumento da deposição hepática de lipídios, levando à esteatose, a miopatia acompanhada de mialgia e a acidose
lática, a qual é potencialmente fatal. Quanto mais tempo durar o tratamento
antirretroviral, maior será a possibilidade de desenvolvimento de toxicidade
mitocondrial. Conclusão: Os medicamentos antirretrovirais são indispensáveis para o controle imunovirológico adequado nas infecções pelo HIV.
Entretanto, a despeito de sua utilidade, podem relacionar-se a uma série de
efeitos tóxicos, sendo alguns potencialmente fatais.
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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P053 - ESTUDO DAS FRAÇÕES PURIFICADAS DA PEÇONHA DO
ESCORPIÃO AMARELO (TITYUS SERRULATUS)
P054 - EFEITOS AGUDOS DA COADMINISTRAÇÃO DE ECSTASY
E ETANOL
Oliveira NPS¹, Santos SS¹, Costa GB²
Miotto IZ¹, Figueiredo ALDP¹, Petrocchi JA¹, Correa KFB¹, Borges MFM²
¹Pós-graduandos do curso de especialização em microbiologia aplicada às ciências da saúde – UFMG; ²Mestrando em Microbiologia UFMG – Bolsista CNPq
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ²Médica orientadora
Introdução: O veneno solúvel de T. serrulatus, quando fracionado, apresenta
diferentes componentes tóxicos; esses peptídeos tóxicos têm chamado a atenção de pesquisadores por interferirem em processos básicos que normalmente
ocorrem em membranas biológicas. Contudo, pouco se sabe sobre a ação dessas toxinas, exceto a Tityustoxina. Objetivo: Descrever diferentes trabalhos
desenvolvidos relacionados às frações purificadas do veneno de T. serrulatus,
escorpião responsável pelo maior número de notificações por acidentes escorpiônicos em Minas Gerais. Métodos: Levantamento bibliográfico de artigos
científicos no portal de periódicos Capes, que contemplem o estudo de componentes tóxicos do veneno de T. serrulatus. Resultados: A fração I, obtida pelo
fracionamento do veneno solúvel em coluna Sephadex G-50, mostrou-se não
tóxica para ratos, mas contém hialuronidase. Já as frações II, III e IV mostraramse letais para ratos e a fração IV-5 é possivelmente a molécula de Tityustoxina.
Em outro estudo, por meio de injeções intravenosas e intra-hipocampais de três
frações obtidas do veneno de T. serrulatus em ratos Wistar, observaram-se alterações comportamentais e modificações histológicas; além disso, a liberação
de neurotransmissores, como glutamato, acarretou a estimulação excessiva de
receptores, desencadeando eventos que culminaram no surgimento de convulsões. Outra toxina purificada, a TS-8F, quando administrada na dose 0,05 µg/
animal, não causou convulsões mas conduziu à uma diminuição da locomoção.
Através do fracionamento da peçonha de T. serrulatus, diferentes componentes
tóxicos podem ser isolados, facilitando, assim, o entendimento do mecanismo
de ação de tais componentes, por meio de análises experimentais.
Introdução: O MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina; ecstasy) é uma droga sintética de estrutura e propriedades farmacológicas semelhantes às anfetaminas. Usuários de ecstasy tendem a associá-lo a outras substâncias psicoativas, dentre as quais se destaca o álcool, provavelmente devido ao seu fácil
acesso. Os efeitos dessas drogas dependem de sua ação no sistema nervoso
central. Assim, sendo o MDMA um agente estimulante e o etanol um agente sedativo, é possível que a coadministração dessas substâncias acarrete redução
dos efeitos, se comparado ao observado na administração isolada das drogas.
Objetivos: Discutir os efeitos agudos que podem ser observados na coadministração de etanol e MDMA. Metodologia: Análise literária em bancos de dados científicos, limitada aos últimos dez anos e tendo como base as palavras-chave “ecstasy”, “MDMA”, “etanol”, “álcool”. Resultados: A coadministração
das drogas foi testada em estudos e mostrou-se bem tolerada. Há evidências
de que o MDMA é capaz de reverter a redução do estado de alerta e a sedação
induzidas pelo etanol. Entretanto, na análise de outras funções cognitivas, foram observadas ações sinérgicas ou a manutenção dos efeitos induzidos por
alguma das drogas isoladamente. Conclusão: Apesar de os efeitos resultantes
da administração isolada do MDMA e do etanol serem geralmente opostos, os
mecanismos de ação não são antagônicos. As vias moleculares pelas quais o
MDMA induz a excitação neuronal e o etanol induz depressão são diferentes.
Isso explica porque alguns efeitos opostos não são anulados na coadministração das duas drogas, além de alguns efeitos sinérgicos.
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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temas livres
relato de caso
Escorpionismo: quadro clínico e
manejo dos pacientes graves
Scorpion Envenomation: clinical presentation and
management of severe cases
Patrícia Drumond Ciruffo1; Livia de Oliveira Coutinho2; Júnia Dueli Boroni2;
Ana Elisa Tavares Diniz2; Wallace Fernandes Diniz2
RESUMO
Os escorpiões representam um grave risco à saúde pública brasileira, especialmente
nas áreas urbanas, devido à alta incidência e potencial gravidade de casos ocorridos
por acidentes com esses animais peçonhentos. Do ponto de vista médico-sanitário,
o gênero Tityus, com destaque para a espécie Tityus serrulatus é, atualmente, o responsável pelo maior número de casos de picadas de escorpião no país. O objetivo do
presente estudo foi relatar e comparar dois casos clínicos de escorpionismo ocorridos no mês de março do ano de 2012, na região metropolitana de Belo Horizonte,
Minas Gerais, Brasil. Ambos os acidentes foram classificados como graves. Entretanto, as diferenças na abordagem e no manejo entre os dois casos clínicos foram
consideradas fatores determinantes nas suas evoluções e prognósticos. Desta forma,
fazer o diagnóstico e iniciar a administração de soroterapia antiveneno específica
adequada o mais precocemente possível são essenciais nos casos de envenenamento
por picada de escorpião, sendo os Centros de Informações e Assistência Toxicológicas (CIATs) ferramentas fundamentais.
Médico do Serviço de Toxicologia do Hospital Pronto
Socorro João XXIII (CIAT-BH). Belo Horizonte, MG – Brasil.
2
Aluno de Graduação da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e Acadêmico
da Disciplina de Toxicologia Clínica do Serviço de Toxicologia
do Hospital Pronto Socorro João XXIII (CIAT-BH).
Belo Horizonte, MG – Brasil.
1
Palavras-chave: Escorpiões; Venenos de Escorpião; Sáude Pública; Mordeduras e
Picadas; Envenenamento; Tityus serrulatus.
ABSTRACT
Scorpions represent a serious risk to public health in Brazil, especially in urban areas
due to the high incidence and potential severity of cases occurred in accidents with
these poisonous animals. From the perspective of health care, the Tityus gender, especially the Tityus serrulatus species, is currently responsible for the largest number of
cases of scorpion stings in the country. The purpose of the present work was to report
and compare two clinical cases of scorpion envenomation occurred in March of 2012,
in the metropolitan region of Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Both accidents
were classified as severe cases. However, the differences in approach and management between the two clinical cases were considered determinant in their evolution
and prognosis. Therefore, make the diagnosis and initiate the administration of properly specific antivenom serotherapy as early as possible are core in cases of poisoning by scorpions sting, and the Centers for Toxicological Information and Assistance
(CIATs) are fundamental tools.
Key words: Scorpions; Scorpion Venoms; Public Health; Bites and Stings; Poisoning;
Tityus serrulatus.
Instituição:
Serviço de Toxicologia do
Hospital Pronto Socorro João XXIII (CIAT-BH)
Belo Horizonte, MG – Brasil
Endereço para correspondência:
Livia de Oliveira Coutinho
Rua Cândido Tostes, 295/502
Bairro: São Mateus
CEP: 36016-030
Juiz de Fora, MG – Brasil
E-mail: [email protected]
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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Escorpionismo: quadro clínico e manejo dos pacientes graves
introdução
O escorpionismo (envenenamento causado por
picada de escorpião ou quadro clínico resultante do
acidente escorpiônico) é um agravo de considerável
repercussão médico-sanitária brasileira, pela alta incidência e potencial gravidade dos casos, perfazendo
a maioria dos atendimentos de acidentes por animais
peçonhentos no Centro de Informação e Assistência
Toxicológica (CIATs).1,2
No ano de 2010, em todo o país, foram registrados 126.759 acidentes por animais peçonhentos no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN), sendo 52.355 (41,30%) causados por escorpiões. Desses, 12.214 (23,33%) ocorreram na Unidade Federativa de Minas Gerais, a qual é a que mais
notifica atualmente, seguida pela Bahia, São Paulo,
Pernambuco e Alagoas, locais onde os escorpiões
constituem um real problema de saúde pública.3 No
mesmo período, foram notificados 2.190 casos de
acidentes por animais peçonhentos nos atendimentos realizados na Unidade Toxicológica do Hospital
João XXIII (CIAT-BH), em Belo Horizonte, sendo 1.314
(60%) classificados por acidente escorpiônico.2
Os escorpiões são cosmopolitas, embora o perfil
epidemiológico mais grave dos acidentes com esses
animais ocorra em áreas de maior concentração
urbana, regiões climáticas quentes e em épocas de
aumento de temperatura e pluviosidade.4,5 Além disso, os acidentes são mais frequentes durante a noite,
quando os escorpiões habitualmente saem para buscar alimentos,6 sendo que a maior parte das picadas
ocorre nas extremidades do corpo.1
As espécies de maior interesse médico no país
estão agrupadas no gênero Tityus e, dentre elas, as
três mais importantes, por serem as responsáveis
pela maior parte dos acidentes com humanos, são:
T. serrulatus (escorpião amarelo), T. stigmurus (escorpião do Nordeste) e T. bahiensis (escorpião marrom).7
O T. serrulatus é a responsável pela maioria dos casos mais graves e às vezes fatais, principalmente em
crianças,8 devido à alta toxicidade do seu veneno.1
No Brasil, assim como na região metropolitana de
Belo Horizonte, mais de 90% dos acidentes por escorpião são classificados como leves9 e cursam com sintomas locais e evolução benigna.8 Nesses casos, a dor
local pode se acompanhada de parestesia e irradiação
para o membro acometido.1,5 O ponto de inoculação
pode não ser visível, mas podem ser encontrados halo
eritematoso e edema discretos, sudorese e piloereção.7
30
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
Vômitos ocasionais, taquicardia e agitação discreta podem ocorrem decorrentes da ansiedade e da dor.7 Dor
intensa no sítio de inoculação do veneno é uma constante no acidente escorpiônico, até mesmo naqueles
que envolvem espécies não letais aos humanos.10
Os casos moderados e graves são observados
principalmente em crianças e progridem com exacerbação do quadro local e manifestações sistêmicas.5,9
Nos moderados, ocorrem algumas manifestações
sistêmicas isoladas e pouco intensas como náusea,
vômitos ocasionais, sudorese discreta, taquicardia,
taquipneia e picos hipertensivos leves.5,7 Já os graves
cursam com agravamento do comprometimento geral do paciente e das manifestações sistêmicas como
sudorese profusa, vômitos incoercíveis, salivação
excessiva, alternância entre prostração e agitação,
bradicardia, insuficiência cardíaca, edema agudo de
pulmão, choque, convulsões, coma.5 As manifestações cardiorrespiratórias, particularmente o edema
agudo de pulmão e o choque, são as principais causas de óbito no acidente escorpiônico grave.11
O tratamento dos casos leves incluem apenas analgesia local ou sistêmica, não requerendo medidas específicas, como administração de soro antiveneno.9
A administração de soro antiescorpiônico (SAE) é
reservada para casos moderados e graves e deve ser
ofertada o mais precocemente possível por via endovenosa e em dose adequada,5 visando neutralizar rapidamente a toxina circulante.7 Na falta do SAE, pode-se utilizar soro antiaracnídico (SAAr).1 Além disso,
combater os sintomas secundários à ação do veneno
e fornecer suporte às condições vitais do paciente são
medidas que devem ser implementadas conjuntamente ao tratamento específico. Todo paciente que chega
ao hospital por picada de escorpião deve ser mantido em observação por seis horas em casos leves, por
24 a 48 horas em casos moderados, e internados em
unidade especializada de suporte intensivo em casos
graves com instabilidade cardiorrespiratória.7
RELATOS DE CASOS
Caso 1: No dia 23/03/2012, às 8:30 h, o CIAT-BH,
através do Serviço de orientações pelo telefone,
foi contatado por médica assistente da Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) de Contagem-MG para
discussão sobre o caso de criança de três anos, sexo
feminino, previamente hígida, proveniente de Contagem-MG, com relato de estar brincando no tapete
Escorpionismo: quadro clínico e manejo dos pacientes graves
de casa em 22/03/2012, por volta das 22:00 h, quando
subitamente começou a chorar e a queixar-se de dor
no dorso da mão direita. Evoluiu com vômitos, sendo
atendida na UPA-Contagem às 2:00 h de 23/03/2012
com rebaixamento do sensório (Escala de Coma de
Glasgow 9), sudorese, taquipneia, fase expiratória aumentada, murmúrio vesicular reduzido e presença de
crepitações na ausculta pulmonar, pulsos periféricos
impalpáveis e pulsos centrais finos, glicemia capilar
de 377 mg/dL. Recebeu tratamento de suporte intensivo com entubação orotraqueal, exibindo hematúria
macroscópica e sangramento observado no tubo
endotraqueal. Apresentou três episódios de parada
cardiorrespiratória (PCR). Devido ao seu status hiperglicêmico, a paciente estava sendo abordada como
possível vítima de cetoacidose diabética. Com aproximadamente 10 horas de evolução foi aventada a
hipótese diagnóstica de escorpionismo pela médica
assistente. Foi então colhida história epidemiológica,
com relato da mãe da paciente de ocorrência de vários casos de escorpionismo na vizinhança e, inclusive, de já ter sido encontrado escorpião dentro da
sua própria residência. O contato com o CIAT-BH foi
realizado para certificar se o quadro poderia configurar um caso de escorpionismo e quais as orientações
cabíveis sobre seu manejo e seguimento. Os esclarecimentos e as orientações dados pelo CIAT-BH foram:
história e quadro clínicos compatíveis com escorpionismo grave; administração de quatro ampolas de
SAE, sem diluição, via endovenosa, em 10 minutos;
solicitação de revisão laboratorial (hemograma, ionograma, gasometria arterial, função hepática e renal,
amilase sérica, glicemia plasmática, creatinofosfoquinase e sua fração MB, coagulograma); realização
de eletrocardiograma e tomografia computadorizada
de crânio, já que a criança exibia sangramentos e
o exame seria importante na identificação precoce
de possíveis fenômenos hemorrágicos cerebrais. Às
14:00 h foi autorizada vaga para transferência ao Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Pronto Socorro João XXIII (HPSJXXIII), com entrada no CTI às
16:30 h. A paciente foi mantida entubada, sedada, em
uso de aminas vasoativas, e exibiu a décima quarta PCR, sendo prontamente assistida com manobras
de reanimação por 20 minutos, sem sucesso, e óbito
constatado às 22:10 h de 23/03/2012.
Caso 2: Em 06/03/2012, às 21:45 h, o CIAT-BH, através do Serviço de orientações pelo telefone, foi contatado por médico assistente da Unidade de Saúde de
Jaboticatubas – MG, para discussão sobre o caso de
criança de nove anos, sexo masculino, previamente
hígida, proveniente da cidade de Jaboticatubas-MG,
vítima de picada de animal peçonhento em região
plantar do segundo artelho do pé esquerdo às 21:15
h desse mesmo dia. O irmão mais velho da vítima
havia visto o animal, sendo capaz de informar que
se tratava de escorpião de cor amarelada e de dorso
escurecido. O paciente encontrava-se muito agitado,
queixando de cefaleia intensa e exibiu quatro episódios de vômitos. Foi solicitada transferência para o
HPSJXXIII, pois na Unidade de Saúde não havia SAE.
Foi orientado transporte assistido por médico, com
hidratação moderada devido ao risco de edema agudo de pulmão. Admitido às 23:00 h no serviço de Toxicologia do HPSJXXIII com queixa de dor intensa no
local da picada. Ao exame, encontrava-se sonolento,
com extremidades frias, sialorreia, bradicardia sinusal ao eletrocardiograma, sem sinais de acometimento pulmonar, glicemia capilar de 504 mg/dL. Foi feito
diagnóstico de escorpionismo grave pela espécie T.
serrulatus e administradas quatro ampolas de SAE,
sem diluição, via endovenosa, em 10 minutos e dipirona via endovenosa. Foi realizada revisão laboratorial
direcionada, com boa evolução. A alta hospitalar foi
dada em 08/03/2012, com o paciente assintomático.
DISCUSSÃO
O relato dos dois casos em conjunto objetivou destacar as semelhanças dos seus perfis epidemiológicos e
manifestações clínicas, comuns aos acidentes escorpiônicos, mas que culminaram em evoluções totalmente
opostas em função de fatores prognósticos distintos.
Ambos os acidentes descritos ocorreram na região
metropolitana de Belo Horizonte, MG, em horário
noturno e no mês chuvoso de março, caraterísticas
compatíveis com o perfil epidemiológico do acidente escorpiônico.1-6 A dor súbita e intensa em membro
relatada por crianças previamente hígidas, com evolução rápida para vômitos, hiperglicemia e manifestações sistêmicas com agravamento do comprometimento geral auxiliaram a equipe de saúde assistente a
apontar as variáveis mais importantes capazes de predizer a potencial gravidade dos casos desde a picada
até o diagnóstico de acidente escorpiônico grave.5,7-9
O veneno do escorpião contém uma mistura heterogênea de toxinas com variantes entre as espécies. No
entanto, a característica marcante da maioria deles é a
presença de proteínas neurotóxicas capazes de atuar
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
31
Escorpionismo: quadro clínico e manejo dos pacientes graves
em sítios específicos de canais de sódio, com subsequente despolarização das terminações nervosas pós-ganglionares, levando à liberação maciça de neurotransmissores, principalmente epinefrina, norepinefrina
e acetilcolina, responsáveis pela maior parte dos sinais
e sintomas clínicos do escorpionismo.1,5,7,8,10 O aumento
de secreção de glândulas sudoríparas, do pâncreas e
de mucosa gástrica, assim como piloereção, alterações
do sistema termorregulador, tremores, espasmos musculares, miose, priaprismo, bradicardia e hipotensão
ocorrem em função da sobrecarga de acetilcolina. Sudorese profusa e aumento de perdas gastrointestinais
com vômitos, como ocorrido em ambos os casos relatados, estão intimamente relacionados à gravidade do
envenenamento e podem cursar com desequilíbrio
hidroeletrolítico e choque.1,7,8,10,11 Já a liberação maciça
de catecolaminas pode ocasionar midríase, hiperglicemia, arritmias cardíacas, hipertensão arterial, podendo
evoluir para edema agudo de pulmão e falência cardiocirculatória,1,7,10,11 a exemplo do caso 1. A elevação da glicemia, que geralmente ocorre nas primeiras horas após
a picada em acidentes moderados e graves,5 associado
ao rebaixamento do sensório no relato 1, foram fatores
de confundimento para abordagem inicial errônea da
vítima como caso de cetoacidose diabética.
Em geral, pacientes com manifestações sistêmicas
ainda podem apresentar leucocitose com neutrofilia, hipopotassemia, hiperamilasemia, hiperglicemia e glicosúria.7 Lesão miocárdica pode cursar com elevação das
enzimas cardíacas; taquicardia ou bradicardia sinusal,
extrassístoles ventriculares, inversão da onda T, presença de ondas U proeminentes e alterações semelhantes
ao infarto agudo do miocárdio ao eletrocardiograma; e
hipocinesia difusa e transitória do septo interventricular
e da parede posterior do ventrículo esquerdo à ecocardiografia.1,5,7 A radiografia do tórax pode evidenciar aumento da silhueta cardíaca e sinais de edema pulmonar
agudo.1,5,7 Alterações do sistema nervoso central têm sido
observadas mais raramente, com descrição na literatura de envenenamento por escorpiões do gênero Tityus
associado a infarto cerebral.10 Isso poderia justificar a
necessidade de realização de tomografia computadorizada de crânio em casos específicos e quando indicado,
como ocorreu no caso 1. A detecção quantitativa do veneno circulante do T. serrulatus pode ser realizada por
técnicas de imunodiagnóstico (ELISA).1,5,7
A gravidade dos casos depende da espécie e tamanho do escorpião, da quantidade de veneno inoculado, da massa corporal do acidentado, da sensibilidade do paciente ao veneno, de doenças prévias,
32
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
desnutrição e anemia.1,8,10 Mesmo na ausência de história de picada ou identificação do animal, a presença das manifestações clínicas impuseram a suspeita
do diagnóstico de escorpionismo no caso 1. Já o segundo caso apontou o T. serrulatus, espécie associada a casos graves e letais,1,8 o causador do acidente.
Os fatores de pior prognóstico no acidente escorpiônico relacionam-se com a idade do paciente, o
atraso do diagnóstico, o tempo maior do que três horas decorrido entre a picada e admissão hospitalar e
o atraso na administração do soroterapia específica,
na identificação e no tratamento das complicações
clínicas.1,8 Por causa da pequena massa corporal,
crianças abaixo de sete anos (especialmente abaixo
de quatro anos) estão sob risco de grave morbidade
e mortalidade.1,10 Da mesma forma, crianças e idosos
constituem grupo de risco, pois seu sistema imune
está em formação ou debilitado. Apesar disso, adultos sadios não estão totalmente imunes aos efeitos
adversos do envenenamento escorpiônico, sendo
descritos muitos casos fatais na literatura.4
O caso 1 exemplificou uma confluência de fatores
prognósticos que acabaram por culminar no óbito da
paciente durante as primeiras 24 horas de evolução:
idade de três anos, tempo prolongado de quatro horas
entre o acidente e a chegada da vítima ao hospital,
atraso de administração da soroterapia específica
após decorrido 11 horas do acidente, retardo da identificação de complicações clínicas e entubação precoce. Diferentemente, no caso 2, a idade de nove anos
e o tempo precoce de duas horas e 45 minutos entre o
acidente e a soroterapia foram fatores determinantes
para o bom prognóstico e cura dessa criança.
A ação do veneno se inicia poucos minutos após a
picada1 e, por isso, a administração de soro antiveneno
deve ser feita o mais precocemente possível, no intuito
de prevenir a sobrecarga de catecolaminas e o desenvolvimento ou as complicações graves do envenenamento. Sua administração deve ser por via endovenosa
a fim de atingir o pico sérico mais rapidamente e com
paciente monitorizado para a detecção e tratamento
de possíveis reações anafiláticas ao soro heterólogo.10
CONCLUSÃO
A literatura médica apresenta dados incontestáveis
sobre a necessidade da administração precoce de soro
antiveneno específico como forma de evitar desfechos
indesejáveis do veneno no acidentado, assim como a
Escorpionismo: quadro clínico e manejo dos pacientes graves
necessidade de conhecimento do profissional da área
de saúde sobre os mecanismos de ação do veneno, do
quadro clínico do acidente escorpiônico, do domínio
dos cuidados de emergência envolvendo cuidados intensivos em unidade especializada e da importância da
avaliação constante do paciente grave. A pesquisa de
sinais e sintomas na população pediátrica pode estar
comprometida pelas caraterísticas próprias dessa faixa
etária. No entanto, a equipe de saúde deve estar sempre
atenta a não subestimar o diagnóstico, especialmente
nessa faixa etária, e mesmo na ausência de história de
picada ou identificação do animal. Quando o soro antiveneno não está disponível, deve-se solicitar a transferência imediata do paciente para centro de referência
ou, quando isso não é possível, a única opção pode ser
o suporte clínico do paciente. Daí a importância de descentralização de centros de referência capacitados ao
adequado manejo desses pacientes.
Existe ainda a necessidade de orientar a população geral, através de atividades educativas, sobre a
busca imediata a serviços de referência quando se
reconhece, ou mesmo suspeita, de uma vítima de picada de escorpião, assim como orientar a população
sobre hábitos de vida dos escorpiões a fim de se evitar o acidente, especialmente em áreas onde o escorpião constitui problema de saúde pública.
O presente estudo não objetivou discutir os pormenores e as polêmicas das diversas possibilidades
de intervenção em paciente com acidente escorpiônico grave. A proposta foi demonstrar a grande dificuldade enfrentada na abordagem e manejo adequado
desses casos, e alertar o profissional da saúde e a população geral de como o acidente escorpiônico pode
se apresentar com variadas apresentações clínicas e
até mesmo evoluir em poucas horas para um desfecho trágico. Além disso, o trabalho visou descrever
os principais quadros clínicos esperados em um caso
de escorpionismo grave no intuitivo de alertar para a
necessidade de se estabelecer o diagnóstico precoce, deixando a cargo do médico intensivista a delineação da melhor conduta para casos individualizados.
REFERÊNCIAS
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Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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TL 001 - INTOXICAÇÃO AGUDA POR AMITRAZ
TL 003 - ACIDENTE CÁUSTICO: RELATO DE CASO
Motta A¹, López F¹, Melo G¹, Ricco J¹, Ciruffo P²
Vasconcelos FSP¹, Nunes GLA¹, Reis JMF¹, Vieira MVL¹, Ventura SP²
¹Acadêmicos de Medicina da UFMG; ² Médica da Unidade de Toxicologia do
Hospital João XXIII da FHEMIG (CIAT-BH)
1Aluno de graduação em medicina da Faculdade de Medicina da UFMG; 2Médico
do serviço de toxicologia do Hospital João XXIII
Introdução: O amitraz é uma substância de uso agrícola e veterinário, responsável por intoxicações humanas, acidentais ou intencionais. Há poucos
relatos descritos na literatura e o caso a seguir foi baseado em levantamento
bibliográfico e revisão de artigos existentes sobre o assunto. Relato de caso:
Paciente de três anos, proveniente de cidade do centro-oeste mineiro, trazido a hospital em Belo Horizonte com quadro de intoxicação exógena por
ingestão de amitraz numa concentração de 12,5%. À admissão a paciente
apresentava rebaixamento do nível de consciência, Escala de Coma de Glasgow 10, pupilas isocóricas e fotorreativas, crepitações grosseiras a ausculta
respiratória, taquipneia e extremidades frias. A conduta inicial consistiu em
oferecer oxigênio por máscara, acesso venoso periférico, monitorizarão cardíaca contínua e transferência para o Centro de Tratamento Intensivo. Após
melhora do quadro neurológico e estabilização hemodinâmica, o paciente
foi encaminhado ao Centro de Pediatria, onde permaneceu ate melhora completa dos sintomas. Discussão: os sintomas da intoxicação aguda por amitraz
se iniciam rapidamente e podem ser graves. No entanto, o tratamento adequado possibilita a remissão completa da doença.
introdução: A ingestão de substância cáustica atinge população infantil, normalmente vítima de ingestão acidental, e os adolescentes e adultos, devido a
tentativas de autoextermínio. Nos adultos, as lesões decorrentes são frequentemente mais graves, por serem intencionais, com grandes volumes ingeridos
ou por substâncias de grande potência cáustica. Os acidentes cáusticos podem ser decorrentes de produtos de duas categorias: os ácidos e as bases.
O primeiro está associado em maior parte a lesão gástrica ocasionada por
necrose do tipo coagulação. No acidente com bases resulta em necrose de
liquefação e acomete, principalmente, o esôfago. Descrição do caso: Paciente feminina, 36 anos, deu entrada no serviço de toxicologia do Hospital João
XXIII em 22/02/2012, trazida por familiares que a encontraram frente à sua
residência, após ingestão de grande quantidade de “Diabo Verde” em tempo
indeterminado. Apresentou queixa inicial de dor retroesternal e epigástrica.
A evolução clínica foi no período da data da admissão até 01/03/2012, data
do óbito. Sumariamente, as medidas propedêuticas e terapêuticas sequencialmente realizadas, nesse espaço de tempo, foram: fibronasolaringoscopia, endoscopia digestiva alta, entubação orotraqueal, tomografia computadorizada
de tórax e abdome, revisão laboratorial, internação em CTI,traqueostomia,
gastrostomia. Discussão: O acidente cáustico, moderado/ grave, apresenta
prognóstico reservado devido às sequelas possíveis e ao fato de ser potencialmente fatal. Na literatura médica não há consenso acerca de determinadas
condutas. Entre estas, destacam-se o tempo para realização da endoscopia
digestiva alta e medidas cirúrgicas. O objetivo deste relato de caso é trazer
estas questões e proporcionar reflexão sobre o assunto.
E-mail: [email protected]
E-mail: [email protected]
TL 002 - RELATO DE CASO: ACIDENTE CROTÁLICO
Fideles WFJ¹, Porto RMF¹, Salera RB¹, Quintão JG¹, Ciruffo DP²
¹Acadêmicos de medicina da UFMG; ² Médica da Unidade de Toxicologia do
Hospital João XXIII da FHEMIG (CIAT-BH)
Introdução: As serpentes do gênero Crotalus têm distribuição irregular pelo
país. São responsáveis por cerca de 7,7 % dos acidentes ofídicos registrados
no Brasil e apresentam o maior coeficiente de letalidade dentre todos os acidentes ofídicos (1,87%), pela frequência com que evoluem para insuficiência
renal aguda. Em Belo Horizonte, são responsáveis pela maioria dos casos de
ofidismo. Descrição do caso: Paciente de 30 anos, sexo feminino, foi picada
por cobra desconhecida. Pelo telefone, o médico que a admitiu informou que
ela se queixava de dor local, tonteira, cefaleia, dispneia e sensação de corpo
estranho em faringe. Ao exame, mantinha dados vitais dentro da normalidade, sem sinais de necrose ou de sangramento no local da picada. Evoluiu
com piora do quadro geral, mialgia intensa, sem diurese, sendo encaminhada ao Serviço de Toxicologia em Belo Horizonte. À admissão, referia mialgia
intensa e diplopia. Diurese com mioglobinúria importante. Estável hemodinamicamente. Administradas 20 ampolas de soro anticrotálico (acidente
grave), hiperidratação e alcalinização urinária. Monitorada laboratorialmente com creatinofosfoquinase, creatinina e ionograma. Apresentou melhora
significativa do estado geral. Manteve recuperação gradual, recebendo alta
oito dias após a internação. Discussão: Em 2011, 60,5% dos casos de ofidismo
atendidos no serviço de referência de Belo Horizonte corresponderam a crotálicos. A dosagem sérica de creatinofosfoquinase e creatinina, juntamente
com a monitorização dos íons e da diurese se mostraram parâmetros confiáveis para o controle da eficácia do tratamento. O soro anticrotálico em tempo
hábil, a hiperidratação e a alcalinização da urina preveniram danos renais
extensivos e corroboraram o bom prognóstico da paciente.
E-mail: [email protected]
TL 004 - INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE CROTÁLICO PÓS QUEDA,
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO TARDIOS
Valladão HR1, Diniz MA1, Aguiar IM1, Costa PRSM1, Sant’Anna J1, Amaral MSG1,
Magalhaes SLS2
1Acadêmicos de Medicina da UFMG; 2Plantonista do Centro Informações e
Atendimento de Toxicologia de Belo Horizonte (CIAT-BH)
Introdução: Análise de caso clínico em que o paciente admitido no Pronto
Socorro de referência com sinais, sintomas e perfil laboratorial sugestivos
de acidente crotálico, e com melhora evidente após terapêutica com soro
anticrotálico. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 32 anos, durante
festa em sítio, relata queda de um “barranco”, sobre local com vegetação. Foi
atendido em hospital de menor porte, recebendo alta com diagnóstico de
contusão de membro inferior esquerdo. Evoluiu com piora do quadro clinico, parestesias de membro inferior esquerdo (MIE) e de face, queixando-se
de diplopia. Procurou centro de referência 18 horas após o acidente, onde
provas laboratoriais (creatinofosfoquinase total (CKt)- 32000 creatinina-1,23
AST-328) e exame clínico (fáscies neurotóxica, parestesia de MIE) indicavam
possível diagnóstico de acidente crotálico. Recebeu 10 ampolas de soro anticrotálico. Teve leve reação ao soro, controlada com tratamento adequado.
O paciente evoluiu com melhora clinica, embora com aumento progressivo
de CKt (maior valor de 82000). Realizou-se hiperidratação e alcalinização
de urina. Manteve-se rigoroso controle clínico. Após normalização de CKt,
o paciente teve alta hospitalar. Discussão: O paciente não apresentava sintomas sugestivos de acidente crotálico, no local do primeiro atendimento.
Possivelmente, a picada ocorreu durante a queda, em local onde serpentes já
haviam sido encontradas antes. O reconhecimento de sinais e sintomas, além
de exames laboratoriais adjuvantes proporcionaram diagnóstico e tratamento corretos e em tempo hábil, evitando sequelas para o paciente. Devido à
prevalência significativa dos acidente ofídicos, torna-se imprescindível o conhecimento de seu manejo na formação médica.
E-mail: [email protected]
34
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
TL 005 - INTOXICAÇÃO POR COBRE: IDENTIFICAÇÃO E MANEJO
Diniz MA1, Amaral MSG1, Sant’Anna J1, Valladão HR1, Aguiar IM1, Siruffo PD2
1Acadêmico
da Faculdade de Medicina da UFMG; Monitor do Estágio de Toxicologia da Faculdade de Medicina da UFMG no Hospital João XXIII; 2Médica
Plantonista do Departamento de Toxicologia Clínica do Hospital João XXIII
Introdução: A intoxicação por cobre é área geralmente pouco abordada em
livros, visto que a maioria desconhece o metal em contaminantes e que sua
dosagem sérica está restrita aos grandes centros de atendimento. Entretanto,
trata-se de situação com potencial de gravidade e sequelas. Objetivos: Este
artigo revisa artigos, livros e outras formas de conhecimento toxicológico e
propõe um fluxograma de atendimento aos suspeitos de intoxicação por cobre. Metodologia: Revisão bibliográfica de artigos, livros e fontes de conhecimento toxicológico disponíveis e referenciadas através de acesso eletrônico
nos portais Micromedex.com e UpToDate.com. Os acessos ocorreram entre
31 de maio de 2012 e 29 de junho de 2012. Resultados: A identificação do
intoxicado parte da suspeita de exposição ao produto contendo o metal em
sua composição. Analisa-se então a via de exposição, importante para definir
o potencial de gravidade. Na maioria dos casos há sinais de irritação local.
Além disso, nos casos em que o metal atinge a corrente sanguínea, pode cursar insuficiência hepatorrenal e hemólise, principalmente. Em contaminantes
com características cáusticas, a intoxicação também terá tal característica. A
quelação do metal para eliminação do mesmo é recomendada em apenas alguns casos. Cuidados gerais de toxicologia serão usados na grande parte das
intoxicações. Conclusões: Com base no descrito vê-se que a intoxicação por
cobre demanda variadas condutas relacionadas, principalmente com a via de
exposição e o tipo de sal de cobre ao qual o paciente foi exposto.
E-mail: [email protected]
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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temas ORIENTADOS
artigo original
Lavagem gástrica realmente efetiva?
Gastric lavage- effective?
Franciele A. Bianchi Leidenz1; Walter Flausino Fideles Júnior2; Guilherme Rocha Lucciola2
RESUMO
Método descrito pela primeira vez há pouco menos de 200 anos, a lavagem gástrica é atualmente utilizada na terapêutica de intoxicação por grande variedade de substâncias. Este procedimento visa à remoção da substância ingerida antes que esta atinja o intestino delgado,
local de maior absorção; e vem sendo realizado de maneira bastante indiscriminada pelos
profissionais da saúde. A técnica deve ser realizada por pessoal devidamente capacitado e
em ambiente que ofereça adequadas condições de suporte ao paciente frente às possíveis
complicações. Este artigo tem a intenção de motivar a discussão acerca da real eficácia desta
prática, além de trazer informações úteis sobre os reais benefícios e desvantagens advindas
da realização da lavagem gástrica e de outras técnicas de descontaminação do estômago.
Médico do Serviço de Toxicologia do Hospital Pronto
Socorro João XXIII (CIAT-BH). Belo Horizonte, MG – Brasil.
2
Aluno de Graduação da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Belo Horizonte, MG – Brasil.
1
Palavras-chave: Lavagem Gastrica; Descontaminação; Toxicologia.
ABSTRACT
Described for the first time less than 200 years ago, the gastric lavage method is performed nowadays in the therapeutics for intoxication by several kinds of substances.
This procedure, which aims to remove the ingested substance before it reaches the small
bowel, place of highest level of absortion; has been conducted in a fairly indiscriminate
way by health professionals. It must be performed by well trained personnel in a proper
facility, able to manage possible complications. This article is intended to encourage discussion about the real effectiveness of this practice, and provide useful information concerning real benefits and disadvantages arising from the performance of gastric lavage
and other techniques for decontamination of the stomach, and, therefore, of the patient.
Key words: Gastric Lavage; Decontamination; Toxicology.
introdução
A lavagem gástrica consiste na administração de fluido no estômago por meio de
tubo de grande calibre e sua posterior remoção juntamente com as substâncias que se
encontravam no interior gástrico. Tal procedimento visa a evitar que substâncias tóxicas ingeridas cheguem ao intestino delgado, local onde ocorre a maior absorção devido à grande superfície absortiva. A absorção frequentemente é rápida, particularmente para substâncias lipossolúveis. Portanto, remover uma toxina do estômago pode
diminuir a quantidade total absorvida e, por isso, reduzir sua toxicidade sistêmica.
Não é uma técnica destituída de perigo (cita-se: laringoespasmo, aspiração de conteúdo gástrico, trauma de esôfago ou de vias aéreas, arritmias, translocação de conteúdo
gástrico ao intestino delgado, distúrbios hidroeletrolíticos, entre outros). Está associada
com hipóxia transitória em pacientes prostrados, e pode resultar em aspiração pulmonar.
A introdução de grande quantidade de líquido no estômago pode causar distensão gástrica
Instituição:
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Belo Horizonte, MG – Brasil
Endereço para correspondência:
Walter Flausino Fideles Júnior
Rua das Palmeiras, 94
Bairro: Social
CEP: 75510-430
Itumbiara, GO – Brasil
E-mail: [email protected]
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
37
Escorpionismo: quadro clínico e manejo dos pacientes graves
com consequente abertura do piloro e extravasamento
de conteúdo para o intestino delgado. Ou seja, ao invés
de reduzir a fração de substância tóxica absorvida, o procedimento pode aumentar a absorção da droga, um processo associado com o rápido início de sintomatologia.
Nas últimas décadas, muitos trabalhos têm contestado os reais benefícios do procedimento.
■■
■■
■■
■■
■■
METODOLOGIA
Foi realizada pesquisa bibliográfica em Portal CAPES, utilizando as palavras-chave: lavagem gástrica,
gastric lavage, gastric descontamination. Foram selecionados artigos do PubMed, com ênfase aos escritos entre
1966 e 2008, sobre generalidades e eficácia da técnica.
RESULTADOS
■■
indicações:
ingestão de substâncias com elevada toxicidade
sistêmica e repercussões potencialmente graves;
■■ substâncias não adsorvidas pelo carvão ativado;
■■ até 60 minutos da ingestão ou em casos específicos de retardo de esvaziamento gástrico somado à alta toxicidade da substância ingerida.
■■
Jones e Volans1 concluíram que a lavagem gástrica
deve ser realizada com até uma hora da ingestão da
toxina. Mas na prática, dificilmente o paciente chega
ao serviço de emergência em tempo hábil devido a:
não procura por ajuda (perfil do paciente que tenta
autoextermínio), dificuldades no transporte até o local e problemas na triagem hospitalar.
Quando a substância a ser retirada pode reagir
com água formando compostos tóxicos (ex. fosfato
de zinco ou alumínio, que liberam fosfina, uma toxina respiratória), é preferível realizar a lavagem com
óleo vegetal. Outra indicação para essa técnica consiste na ingestão de substância lipossolúvel com alta
toxicidade sistêmica (ex.: cresol).
Matthew et al.2, em estudo prospectivo, demonstraram em 37% dos pacientes recuperação de 200mg
de barbitúricos com a lavagem gástrica sendo realizada até quatro horas após a ingestão.
■■
contraindicações:
pacientes com depressão do SNC (fazer proteção de vias aéreas antes do procedimento);
■■
38
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
ingestão de cáusticos, corrosivos, hidrocarbonetos ou derivados de petróleo. Exceção: se
a toxicidade sistêmica do composto ingerido
suplantar os malefícios do procedimento;
pacientes com risco de perfuração gastrintestinal;
distúrbios hidroeletrolíticos;
ingestão clinicamente insignificante ou de
substâncias pouco tóxicas;
Saetta3 afirma que em crianças é preferível a
indução de emese, tendo em vista o diminuto
calibre das sondas a serem usadas, a falta de
cooperação do paciente e a agressão psicológica que o ato poderia causar.
controvérsias sobre a efetividade da lavagem
gástrica:
Kulig et al.4, em estudo prospectivo envolvendo
592 casos de autointoxicação, concluíram que técnicas de esvaziamento gástrico na abordagem inicial
da superdosagem medicamentosa são geralmente
desprovidas de benefício, a não ser que a lavagem
gástrica seja realizada com até uma hora da ingestão.
Em contraposição, Tandberg et al.5 concluiram
que a lavagem gástrica é o método conhecido de descontaminação mais eficiente no que tange à recuperação de quantidade de substância ingerida, no caso,
cianocobalamina (45% comparado a 28% na êmese).
Bateman6 afirmou que um equilíbrio precisa ser alcançado entre situações em que o procedimento é desprovido de valor (ex.: em doses medicamentosas não tóxicas)
e naquelas em que seu papel é incerto porque os estudos
realizados até o momento não abrangeram suas particularidades (ex.: na superdosagem de aspirina, em que há
retardo do esvaziamento gástrico e também na superdosagem de compostos não adsorvidos pelo carvão ativado).
Eddleston et al.7 mostraram que a lavagem gástrica
realizada em localidades pobres, sem estrutura adequada e sem equipe bem treinada é perigosa; realizaram um estudo em seis hospitais do Sri-Lanka, acompanhando 14 lavagens gástricas em 23 dias. Três pacientes
morreram durante o procedimento ou pouco após sua
realização e sete aspiraram conteúdo gástrico, desenvolvendo pneumonia. Dessa forma, concluíram que
seja considerada a lavagem para poucos pacientes: naqueles com ingestão de dose fatal do tóxico, que deram
consentimento verbal ou estão sedados e intubados. Os
pesquisadores reiteram a necessidade de sempre se pesar risco versus benefício nessas populações.
Extensa revisão de literatura concluiu em 20048 que:
“a lavagem gástrica não deveria ser empregada rotinei■■
Escorpionismo: quadro clínico e manejo dos pacientes graves
ramente”. “Estudos clínicos mostraram poucos benefícios para pacientes intoxicados com grande quantidade
do tóxico”. Uma revisão anterior desse mesmo grupo em
19979 chegou a conclusões similares. Diretrizes publicadas nos últimos 18 anos têm desencorajado essa rotina.
Buckley10 concluiu que não há evidência clínica suficiente que apoie o uso de qualquer prática de descontaminação gastrintestinal, em qualquer situação e que,
portanto, mais estudos são necessários nessa área.
Estudos de Lapatto-Reiniluoto et al.11 mostraram que
o uso do carvão ativado isoladamente ou associado à
lavagem gástrica mostraram eficácia similar na prevenção da absorção do diazepam, ibuprofeno e citalopram.
Esses resultados demonstram que a lavagem gástrica
não necessita ser realizada antes da administração do
carvão ativado frente às intoxicações por tais fármacos.
Clements e Shaskos12 evidenciaram que muitas das
pesquisas revisadas que mostram o efeito da descontaminação gastrintestinal em modelos animais e voluntários tem falhas em seu desenho. “Em muitos estudos
o início da descontaminação se deu poucos minutos
após a ingestão; em outros a dose utilizada não foi alta
suficiente para atingir toxicidade. Em ambas situações,
temos cenários pouco símiles com a vida real”. Segundo os pesquisadores, “o importante é tratar o paciente e
não a substância tóxica”.
No estudo de Tenenbein et al.13, dez voluntários
ingeriram 5g de ampicilina. Diferentes técnicas foram
usadas uma hora após a ingestão e a concentração
da ampicilina sérica foi estimada. A redução na absorção comparada ao grupo controle foi de 32% na
lavagem gástrica; 38% na indução de emese; 57% no
carvão ativado (50g) com sulfato de magnésio (30g).
Em 2008, Bailey14 mostrou que as indicações das várias técnicas de descontaminação gastrintestinal não estão claras em muitas situações. Os clínicos devem decidir
sempre considerando riscos e benefícios em cada caso.
CONCLUSÃO
A maioria dos estudos recentes sobre descontaminação gástrica vai de encontro ao uso indiscriminado que se observa atualmente. Observa-se tendência
crescente em se indicar tal procedimento cada vez
menos, restringindo-o principalmente a casos de ingesta maciça de substâncias muito tóxicas e com cer-
ca de uma hora transcorrida da ingestão, desde que
em local adequado e com profissionais capacitados.
Sempre se deve pesar riscos e benefícios do procedimento em cada caso. O alvo da terapêutica é o paciente e não a simples remoção da substância tóxica.
REFERÊNCIAS
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1999;319:1414¬7.
2. Matthew H, Mackintosh TF, Tompsett SL, Cameron JC, Gastric
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stop?. J R Soc Med. 1993; 86(7): 396-9.
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of acutely poisoned patients without gastric emptying. Ann
Emerg Med. 1985;14:562-7
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paper: gastric lavage. J Toxicol Clin Toxicol 2004;42:933–43. [PubMed: 15641639]
9. American Academy of Clinical Toxicology and European Association of Poisons Centres and Clinical Toxicologists. Position
statement: gastric lavage. J Toxicol Clin Toxicol 1997;35:711–9.
[PubMed: 9482426]
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descontamination. Clin Toxicol (Philadelphia). 2005; 43(2):129-30.
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of diazepam, ibuprofen and citalopram. Br J Clin Pharmacol. 1999
Aug; 48 (2):148-53.
12. Clements EA, Shaskos JB. Current Controversies in Gastrointestinal Decontamination. J Pharm Pract. 2005; 18:209.
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14. Bailey B. To Decontaminate or Not to decontaminate? The Balance Between Potential Risks and Foreseeable Benefits. Clin
Ped Emerg Med. 2008; 9:17-23.
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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artigo de revisão
Soroterapia antiveneno:
tratamento das reações adversas
Antivenom serum therapy: treatment of adverse reactions
Juliana Sartorelo Carneiro Bittencourt Almeida1; Diego Peixoto de Souza2;
Camila Lara Rocha2; Soraya Luiza Campos Silva2
RESUMO
1
Médico do Serviço de Toxicologia do Hospital Pronto
Socorro João XXIII (CIAT-BH). Belo Horizonte, MG – Brasil.
2
Aluno de Graduação da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Belo Horizonte, MG – Brasil.
Soroterapia antiveneno consiste na utilização de soro para neutralizar venenos inoculados
após acidente por animal peçonhento. Dados epidemiológicos de 2010 do Hospital João
XXIII revelaram que 20% dos atendimentos no Serviço de Toxicologia no hospital foram decorrentes de acidentes com animais peçonhentos. O soro deve ser administrado o mais precocemente possível sendo que a dose administrada em adultos e crianças é igual, uma vez
que a função do soro é neutralizar a maior quantidade de veneno circulante, independente
do peso do paciente. A aplicação deve ser feita entre 20 e 60 minutos, sob estrita vigilância
médica e da enfermagem, em sala de emergência. Complicações da soroterapia incluem
reações anafiláticas, anafilactoides e a doença do soro. As medicações utilizadas no tratamento das reações adversas incluem epinefrina, anti-histamínicos (antagonistas H1 e H2) e
corticosteroides. Teste de sensibilidade ao soro e pré-medicação são contraindicados.
Palavras-chave: Imunização Passiva; Envenenamento/terapia; Preparações Farmacêuticas/efeitos adversos; Premedicação.
ABSTRACT
Serotherapy antivenom is the use of serum to neutralize poisons inoculated after an accident by
venomous animal. Epidemiological data from the João XXIII Hospital in 2010 revealed that 20%
of attendances at the Service of Toxicology at the hospital were due to accidents with venomous
animals. The serum should be administered as early as possible and the dose administered is
equal to adults and children, since the function of the serum to neutralize the greater amount of
venom current, independent of patient weight. The application must be made between 20 and
60 minutes under strict medical supervision and nursing in the emergency room. Complications of antivenom therapy include anaphylactic reactions, anaphylactoid and serum sickness.
Medications used to treat adverse reactions include epinephrine, antihistamines (H1 and H2 antagonists) and corticosteroids. Sensitivity test to serum and premedication are contraindicated.
Key words: Immunization, Passive; Poisoning/therapy; Pharmaceutical Preparations/
adverse effects; Premedication.
introdução
Instituição:
Serviço de Toxicologia do
Hospital Pronto Socorro João XXIII (CIAT-BH)
Belo Horizonte, MG – Brasil
Endereço para correspondência:
Diego Peixoto de Souza
Rua Ipacaraí, 103
Bairro: Pindorama
CEP: 30865-100
Belo Horizonte, MG – Brasil
E-mail: [email protected]
40
Soroterapia antiveneno consiste na utilização de soro para neutralizar venenos
inoculados após acidente por animal peçonhento. Sabe-se que soro é um concentrado de imunoglobulinas, ou seja, de anticorpos obtidos através da sensibilização de
diversos animais, a maioria de origem equina.1,2
Dados epidemiológicos de 2010 do Hospital João XXIII revelaram que 20% dos
atendimentos no Serviço de Toxicologia no hospital foram decorrentes de acidentes
com animais peçonhentos, dos quais 60% foram devidos a escorpiões (escorpionis-
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
Soroterapia antiveneno: tratamento das reações adversas
mo), 14% a lagartas (erucismo), 12% a himenópteros,
que são destituídos de importância no que diz respeito à soroterapia, 8% a serpentes (ofidismo) e 6% a
aranhas (araneísmo).
O escorpionismo é mais comum nos meses quentes e chuvosos.1 As picadas atingem predominantemente os membros superiores, 65% das quais acometendo mão e antebraço. A maioria dos acidentes
escorpiônicos é considerada leve (83,8%), não sendo
indicada soroterapia nesses casos. Situando-se a letalidade em 0,58%. Em Minas Gerais os óbitos têm sido
associados, com maior frequência, a acidentes causados por T. serrulatus, ocorrendo mais comumente em
crianças, idosos e pacientes com comorbidades.1-3
Erucismo é o nome dado ao acidente causado
pelo contato com lagartas, insetos da ordem Lepdóptera.1 O uso de soroterapia antiveneno no Brasil se aplica somente aos acidentes com a lagarta do
gênero Lonomia, pois os acidentes com esse gênero
são potencialmente graves e podem desencadear síndrome hemorrágica.1 Nos últimos anos, o erucismo
lonômico vem adquirindo significativa importância
médica em virtude da gravidade e da expansão dos
casos, principalmente na região Sul.2
As aranhas de maior importância clínica são:
Phoneutria, ou Armadeira, que na maioria dos casos
causa dor intensa à picada, e em alguns casos leva
a sintomas sistêmicos, e representa a maioria dos
acidentes, Loxoceles, ou Aranha Marrom, que pode
levar a necrose no local da picada, e mais raramente
a manifestações sistêmicas e a Latrodectus ou Viúva-negra, pela gravidade das manifestações clínicas (arritmias cardíacas, choque).1-3
A ocorrência do acidente ofídico está, em geral,
relacionada a fatores climáticos e ao aumento da ativi-
dade humana nos trabalhos no campo. Perna e pé são
os locais mais atingidos, ao contrário do escorpionismo
que acomete mais o membro superior.1 No Brasil, quatro
tipos de acidente são considerados de interesse em saúde: botrópico (jararaca), crotálico (cascavel), laquético
(surucucu) e elapídico (jararaca). Em geral, cerca de
80% dos acidentes documentados são pelo gênero Bothrops (jararaca), mas na região metropolitana de Belo
Horizonte, devido à presença de vegetação de cerrado,
há maior prevalência de picadas por cascavéis.1-3
Administração do soro
A Tabela 1 mostra o número de ampolas de soro
necessárias para a neutralização do veneno por animal de acordo com a gravidade do caso e o tipo de
soro que deverá ser utilizado:
A classificação do acidente em leve, moderado
ou grave se baseia em sintomas clínicos e alterações
laboratoriais.1,3 Alguns acidentes não seguem esta
classificação devido a potencial gravidade, como o
acidente por coral, surucucu e viúva-negra.2
O soro deve ser administrado o mais precocemente possível. O número de ampolas de soro
utilizadas aumenta com a gravidade do acidente.
A identificação do animal é extremamente importante, uma vez que a utilização de soro específico
é sempre a melhor escolha, pois é mais eficaz. Se o
número disponível de ampolas for inferior ao recomendado, a soroterapia deve ser iniciada enquanto
se providencia o tratamento complementar.1,3 A dose
de adultos e crianças é igual, uma vez que a função
do soro é neutralizar a maior quantidade de veneno
circulante, independentemente do peso do paciente.
Tabela 1 - Indicação do número de ampolas de soros antiveneno para tratamento de acidentes por ofídios
ou aracnídeos peçonhentos
Acidentes causados por
Classificação e número de ampolas
Leve
Moderado
Grave
Tipo de Soro
Bothrops (jararaca)
2-4
4-8
12
SAB, SABL ou SABC
Crotalus (cascavel)
5
10
20
SAC ou SABC
Micrurus (coral)
–
–
10
SAE
Lachesis (surucucu)
–
10
20
SABL ou SAL
Tityus (escorpião)
0
2-3
4-6
SAEEs ou SAAr
Phoneutria (armadeira)
0
2-4
5-10
SAAr
Loxoceles (aranha-marron)
0
5
10
SAAr ou SALox
Latrodectus (viúva-negra)
–
1
2
SALatr
Fonte: ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/zoo/manu_peco01.pdf
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
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Soroterapia antiveneno: tratamento das reações adversas
A aplicação é intravenosa, com exceção do soro anti-latrodectus (viúva-negra) que é intramuscular. No
hospital João XXIII o soro é aplicado sem diluição,
pois desta maneira, acredita-se que o veneno neutraliza porcentagem maior de veneno, além de diminuir
o risco de desnaturação das proteínas do antiveneno,
que ocorre com o aumento da temperatura; já que o
soro deve ser conservado à temperatura de 2º a 8°C.1,3
A aplicação deve ser feita entre 20 e 60 minutos, sob
estrita vigilância médica e da enfermagem, em sala
de emergência. O paciente deve estar monitorizado,
ter o corpo exposto para a identificação de possíveis
reações cutâneas.1 Como a manifestação de reações
de hipersensibilidade pode ser repentina, é necessário deixar preparada a medicação que agirá nessa situação. Se houver reação deve-se suspender a
administração do soro e fazer uso das medicações
necessárias de acordo com a gravidade da manifestação. Assim que houver estabilização do quadro deve-se reiniciar a aplicação do soro.1-3
Manejo das Reações
Adversas Imediatas
As reações adversas imediatas podem ser de
dois tipos: anafiláticas ou de hipersensibilidade
tipo I, mediadas por IgE e anafilactoides ou pseudoalérgicas, que independem de exposição prévia
a proteínas de cavalo. No desencadeamento destas reações podem estar implicadas a interação
direta dos componentes do soro antiveneno com
a membrana de superfície dos mastócitos e basófilos ou a ativação do complemento, formando as
anafilotoxinas, que atuariam liberando diretamente os mediados químicos.5-7
As manifestações clínicas das reações imediatas
do tipo anafilático ou anafilactoide são semelhantes,
não permitindo inferir os mecanismos imunopatológicos envolvidos.5 Os sinais e sintomas observados
podem variar desde reações apenas cutâneas até
quadros mais graves de broncoespasmo, edema de
glote e hipotensão. Antes de administrar o soro, devem ser obtidas informações sobre reações anteriores a algum soro heterólogo, história de atopia exacerbada, relato de reação alérgica a pelo de cavalo
(rinite, espirros, dermatite), para se inferir possíveis
reações de hipersensibilidade. Os cuidados devem
ser redobrados caso as respostas forem positivas.4
42
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
Medidas gerais são muito importantes para suporte adequado em caso de reações adversas graves. O
paciente deve estar monitorizado, em sala de urgência. Deve haver material para suporte de vias aéreas,
tais como Ambu, tubo orotraqueal e laringoscópio
devidamente testados, acesso venoso funcionante,
fonte de oxigênio suplementar próximo ao leito do paciente.1,4 Além disso, deve-se checar se as medicações
e equipamentos estão em local de fácil acesso, e em
caso de edema de glote que dificulte a intubação, a
equipe de cirurgia deve ser acionada para avaliar a
necessidade de crico/traqueostomia de urgência.1
As medicações utilizadas para tratar as reações
adversas são: epinefrina, anti-histamínicos H1 e H2 e
corticosteroides.4
A epinefrina atua em receptores alfa-adrenérgicos
aumentando a resistência vascular periférica e assim
a pressão arterial. Em receptores beta-adrenérgicos
promove relaxamento da musculatura brônquica
além de aumentar força e frequência cardíaca, inotropismo e cronotropismo, respectivamente. É utilizada caso haja uma reação anafilática grave, com
alterações respiratórias e/ou circulatórias.5,6
Os anti-histamínicos antagonizam receptores H1
e H2, atuando de forma sinérgica no combate à resposta inflamatória desencadeada pela liberação de
histamina. Como se sabe, a histamina é um mediador essencial das respostas imunes e inflamatórias.
É liberada pelos mastócitos e basófilos e liga-se a
receptores H1 e H2 sobre células musculares lisas e
células endoteliais vasculares. Atua no músculo liso
dos brônquios e bronquíolos, provocando contração,
e no músculo liso de alguns leitos vasculares, provocando dilatação; aumenta a permeabilidade vascular
se ligando a receptores H1 e H2. São utilizados desde as reações anafiláticas leves, tais como prurido e
erupção cutânea, até as reações graves, associados
às outras medicações descritas.4,6
O corticosteroide não atua impedindo o aparecimento das reações imediatas; na verdade, ele desempenha papel importante na estabilização das membranas lisossomais, inibindo a liberação continuada
dos mediadores da inflamação, a agregação de neutrófilos, diminui a ativação do complemento, limita
agressão vascular, previne a liberação de ácido araquidônico das membranas de fosfolipídios e, portanto, diminui a liberação de leucotrienos, mediadores
potentes da anafilaxia. O pico de ação do corticoide
ocorre duas a quatro horas após a sua administração,
sendo que em reações de hipersensibilidade imedia-
Soroterapia antiveneno: tratamento das reações adversas
tas não tem ação instantânea, tendo importância entretanto nas reações retardadas, tardias e nas reações
de hipersensibilidade do tipo 3.4,5,7
Utilização de pré-medicação
na prevenção às reações adversas
à soroterapia antiveneno
Manejo das Reações Adversas Tardias
Vários estudos já foram realizados no sentido de
avaliar a necessidade de administrar de maneira profilática as medicações atualmente utilizadas para o
tratamento das reações adversas imediatas à soroterapia.5,10-15 Essa prática consiste na aplicação de anti-histamínicos, corticoide e/ou epinefrina minutos antes da aplicação do soro, visando prevenir as reações
desencadeadas pelo sistema imune do paciente.
As reações adversas no mundo ocorrem em 3 a
84% dos pacientes vitimas de acidentes com animais
peçonhentos.8,10,12,14,15 No Sri Lanka, cerca de 75% dos
pacientes desenvolvem reações adversas imediatas à
soroterapia, sendo que mais de 50% das reações são
consideradas reações anafiláticas graves.10 Já na Austrália, apenas 3% dos pacientes que recebem soroterapia antiveneno desenvolvem reações adversas imediatas.5,14 Se analisarmos esses resultados em relação
à população brasileira, ocorrem reações adversas em
cerca de 54% dos pacientes, e destas, menos de 3%
são consideradas reações anafiláticas graves.10,11 Essa
grande variabilidade se deve às diferentes formas
de manufatura do soro antiveneno, à quantidade e
velocidade de soro infundido e às características da
peçonha e da população estudada.
A maioria dos estudos mostra que não há benefícios associados ao uso de pré-medicação antes do
soro, ou seja, não há diferença estatisticamente significativa entre os pacientes que receberam, ou não, essas
medicações antes da soroterapia antiveneno. De Silva,
et al.10, em um estudo prospectivo no Sri Lanka avaliaram 1.007 pacientes vítimas de acidente ofídico, que
receberam prometazina, hidrocortisona e epinefrina,
separadamente, ou em todas as associações possíveis,
15 minutos antes do soro antiveneno. O estudo mostrou
que apenas os pacientes que receberam baixas doses
de epinefrina, isoladamente, tiveram redução estatisticamente significativa nas reações adversas graves.
No Brasil, o uso de epinefrina em todos os pacientes de maneira profilática antes da soroterapia antiveneno, além de trazer benefícios a porcentagem muito
pequena dos pacientes, ainda aumentaria a chance
de complicações relacionadas ao uso de epinefrina,
tais como hipertensão, taquicardia, aumento da demanda miocárdica e do risco de hemorragia cerebral.
Entre cinco a 24 dias após a aplicação do soro, o
paciente pode apresentar sintomas como febre, erupção cutânea e artropatia. Essas manifestações são
características da doença do soro que se deve a formação de complexos imunes entre os anticorpos IgG
específicos e um antígeno alérgeno (soro). Esses complexos imunes podem ser encontrados nos tecidos ou
endotélio vascular o que pode produzir lesão tissular
pela ativação do complemento, formação de anafilotoxinas, quimiotaxia de polimorfonucleares. Os órgãos
mais afetados incluem a pele (urticária, vasculites), articulações (artrites) e rins (glomerulonefrite).1,3,6
A doença do soro normalmente tem resolução
benigna. O tratamento inclui corticosteroides e medicações para alívio dos sintomas.3
Valor do teste de sensibilidade
para estimar reações adversas
No passado, era realizado o teste de sensibilidade, utilizando-se uma pequena quantidade do soro
antiveneno para estimar o risco de aparecimento de
reações adversas durante a aplicação da soroterapia.5,8,9 O teste consistia em aplicar no paciente, por
via subcutânea, cerca de 0,01 mL do soro a ser utilizado e aguardar 15 a 20 minutos. Se após esse período
houvesse o aparecimento de pápula circundada por
eritema maior que 2 mm, o teste seria positivo, ou
seja, o paciente poderia desenvolver reações adversas imediatas à soroterapia antiveneno.9
Essa prática foi descontinuada, e o teste de sensibilidade foi abolido da rotina do atendimento de
urgência ao paciente vítima de acidente por animal
peçonhento, já que pesquisas realizadas mostraram
que pacientes com resultado negativo nos testes também apresentavam reações adversas durante a aplicação.8,9 Um teste negativo levava a equipe médica
a diminuir a vigilância durante a administração do
soro, prejudicando o paciente, além de atrasar a aplicação da soroterapia específica.8,9
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
43
Soroterapia antiveneno: tratamento das reações adversas
Diante desses resultados, até o momento não há
evidências de benefícios na aplicação de nenhuma
medicação preventiva para diminuição das reações
adversas imediatas à soroterapia antiveneno.
Conclusão
A soroterapia antiveneno é, a despeito das reações
adversas, o instrumento mais eficaz de tratamento dos
acidentes provocados por animais peçonhentos. Deve
ser específica e realizada o mais precocemente possível.
As reações anafiláticas e anafilactoides podem
ocorrer durante ou logo após a aplicação do soro,
podem ser leves, moderadas ou graves. A equipe médica deve estar ciente dessas possíveis complicações
e preparada para agir caso elas ocorram. Existem
medicações específicas que agem antagonizando ou
diminuindo o efeito das reações adversas, que devem
ser utilizadas prontamente, caso seja necessário.
O teste de sensibilidade, que era realizado para
estimar o aparecimento de reações à soroterapia,
não é mais utilizado devido a sua baixa sensibilidade.
A aplicação de pré-medicação, com o intuito de
prevenir o aparecimento de reações adversas, não
tem benefícios, pois, segundo estudos na área, não
houve redução nas reações adversas em pacientes
que receberam as medicações de maneira preventiva.
REFERÊNCIAS
1. Andrade Filho A, Campolina D, Dias MB. Toxicologia na prática
clínica. Belo Horizonte: Folium; 2001.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento
de acidentes por animais peçonhentos. São Paulo: Funasa; 2001
out. [Citado em 2012 abr. 12]. Disponível em: ftp://ftp.cve.saude.
sp.gov.br/doc_tec/zoo/manu_peco01.pdf
3. Hospital Vital Brazil, Instituto Butantan. Acidentes por animais
peçonhentos. [Citado em 2012 abr. 12] Disponível em: ftp://ftp.
cve.saude.sp.gov.br/doc_ tec/zoo/aula03_peconhentos.pdf
4. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Procedimento para aplicação de soros. Brasília: Funasa: 2001 ago.
5. Isbister GK, Brown SGA, MacDonald E, White J, Currie BJ. Australian Snakebite Project Investigators. Current use of Australian
44
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
snake antivenoms and frequency of immediatetype hypersensitivity reactions and anaphylaxis. Med J Austr. 2008; 188:473-6.
6. Nagao ATD, Nunes PB, Coelho HLL, Sole D.Alergia a medicamentos, hipersensibilidade alérgica a fármacos, reações adversas a
medicamentos. J Pediatr (Rio J). 2004; 80(4): 259-66.
7. Day NK, Good RA,Wahn V. Adverse reactions in selected patients
following intravenous infusions of gamma globulin. Am J Med.
1984; 76:25-32.
8. Bucaretchi F, Vieira JR, Zambrone FAD, Brito AVG. Avaliação do
teste de sensibilidade e das reações precoces à soroterapia no
envenenamento ofídico em crianças. Rev Soc Bras Toxicol. 1989;
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9. Cupo P, Azevedo-Marques MM, de Menezes JB, Hering SE. Immediate hypersensitivity reactions after intravenous use of antivenin sera: prognostic value of intradermal sensitivity tests. Rev
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10. De Silva Ha, Pathmeswaran A, Ranasinha Cd, Jayamanne S, Samarakoon Sb, et al. (2011) Low-dose adrenaline, promethazine,
and hydrocortisone in the prevention of acute adverse reactions to antivenom following snakebite: a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. PLoS Med. 2011; 8(5): e1000435.
doi:10.1371/ journal. pmed. 1000435
11. Bucarethi F, Douglas JL, Fonseca MRCC, Zambrone FAD, Vieira
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precoces ao antiveneno em pacientes que receberam pré-tratamento com antagonistas H1 e H2 da histamina e hidrocortisona.
Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 1994 Oct; 36(5): 451-7.
12. Malasit P,Warrell DA, Chanthavanich P, et al. Prediction, prevention, and mechanism of early (anaphylactic) antivenom reactions in victims of snake bites. Br Med Jl (Clin Res Ed) 1986;
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14. Premawardhena AP, de Silva CE, Fonseka MM, et al. Low dose
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antivenom serum in people bitten by snakes: randomised, placebo controlled trial. Br Med J. 1999; 318:1041-3.
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to prevent acute adverse reactions to antivenom for snakebites.
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16. World Health Organization-WHO. Guidelines for the Production,
Control and Regulation of Snake Antivenom Immunoglobulins.
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TO 001 - O DESAFIO NO TRATAMENTO DOS NOVOS ANTICONVULSIVANTES
Nobre IM¹, Castro ILA¹, Prata P²
¹Acadêmicos de Medicina da UFMG; ²Médico da FHEMIG
Introdução: As intoxicações medicamentosas representaram 26% dos 10.843
atendimentos no Setor de Toxicologia do Hospital João XXIII em 2010. Desse total, 300 foram causadas por anticonvulsivantes. Objetivos: Apresentar
os anticonvulsivantes mais comumente usados e suas intoxicações; discutir
diferenças entre os antigos e os novos anticonvulsivantes. Métodos: Revisão
de livros e artigos científicos. Resultados: Foram comparados seis anticonvulsivantes: fenitoína, carbamazepina e ácido valpróico; topiramato, gabapentina e lamotrigina. Os três primeiros são fornecidos pelo SUS e são os
mais utilizados na prática clínica. Os novos possuem menos efeitos colaterais
e, por isso, são mais bem tolerados pelos pacientes. O manejo de pacientes
intoxicados pelos anticonvulsivantes, no geral, é semelhante: suporte clínico
e administração de carvão ativado. Conclusões: O grande desafio do uso
dos anticonvulsivantes reside no fato de, apesar de apresentarem maior índice de segurança, a dosagem da concentração sérica desses medicamentos
não está disponível na prática clinica. Dessa forma, a confirmação da etiologia da intoxicação fica limitada, bem como o direcionamento do tratamento.
E-mail: [email protected]
TO 003 - INTOXICAÇÃO POR HIPOGLICEMIANTES ORAIS
Dorim DDR1, Dias EJ1, Gomes GM1, Oliveira CRA 2
1Acadêmicos de Medicina da UFMG; 2Médica plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII – FHEMIG
Introdução: Os hipoglicemiantes orais são utilizados para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 , doença que apresenta altas taxas de prevalência em todo
o mundo. As sulfanilureias representam subgrupo de medicações hipoglicemiantes, cuja utilização tem sido associada a eventos de intoxicação potencialmente fatais secundários ao uso abusivo da medicação, ingestão acidental ou
tentativa de autoextermínio. Objetivo: Apresentar revisão dos aspectos clínicos e do tratamento associados à intoxicação por sulfanilureias. Metodologia:
Revisão da literatura sobre o tema. Resultados: Cerca de 1-2% dos usuários
de sulfanilureias apresenta, em algum momento do tratamento, episódio de
hipoglicemia grave, condição potencialmente fatal e que requer intervenção
hospitalar de emergência. Dentre estes pacientes, cerca de 10% evoluem para
o óbito secundário à hipoglicemia e 5% para lesão neurológica grave. Além
disso, tais pacientes podem apresentar hiponatremia, hipocalemia, hipocalcemia, icterícia colestática e depressão da medula óssea. Dentre os principais
sintomas associados à hipoglicemia grave estão tremores, sudorese, ansiedade, palpitação, irritabilidade, dificuldade de fala, confusão mental, convulsões
e coma. O tratamento desta condição requer intervenção rápida e efetiva, com
suporte hospitalar e uso de solução de glicose hipertônica. Mais recentemente,
a administração parenteral de octreotídeo, um agonista dos receptores de somatostatina, tem demonstrado eficácia satisfatória no controle glicêmico dos
pacientes intoxicados por sulfanilureias, reduzindo a secreção de insulina, GH,
TSH e glucagon. Conclusão: As sulfanilureias são amplamente utilizadas para
o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 e a intoxicação relacionada a esta medicação associa-se à hipoglicemia grave, requerendo diagnóstico e intervenção médica rápidos. A utilização de octreotídeo apresenta eficácia comprovada para o tratamento da hipoglicemia associada a esta intoxicação.
E-mail: [email protected]
TO 002 - PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS MÉDICOS EM TOXICOLOGIA:
INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
TO 004 - SÍNDROME CORONARIANA AGUDA NO INFARTO AGUDO
DO MIOCÁRDIO INDUZIDA POR COCAÍNA
Toledo CR1, Fernandes MRC1, Cardoso MASS1, Veloso MVP2
Bernardo LM1, Bernardes KD1, Monteiro LS1, Ventura SP²
de Medicina da UFMG; 2Médico clínico e intensivista no Hospital
1Acadêmicas de Medicina da Faculdade de Medicina da UFMG; ²Médico do
setor de toxicologia do Hospital João XXIII
Introdução: Os procedimentos médicos em toxicologia são realizados na
abordagem inicial do paciente intoxicado. Devem ser executados de forma
rápida e eficiente, em etapas usualmente sequenciais, sendo elas: estabilização, descontaminação e eliminação. São realizados com o propósito de
afastar o risco de morte iminente e reduzir a exposição ao agente tóxico.
Objetivos: Descrever como são realizados os principais procedimentos médicos em toxicologia, suas indicações e contraindicações, além de possíveis
complicações. Metodologia: Revisão de literatura especializada através da
consulta de compêndios de toxicologia e de emergências clínicas. Resultados: Na estabilização do paciente, pode ser feita a intubação orotraqueal,
as cateterizações nasogástrica e vesical. A intubação orotraqueal permite a
manutenção da ventilação e todos esses procedimentos de estabilização preparam o paciente para as etapas seguintes. Na descontaminação são realizadas: descontaminação cutânea, descontaminação ocular, descontaminação
gástrica e terapia inalatória. Esses procedimentos visam reduzir o contato
com o agente tóxico e minimizar a sua absorção. Os procedimentos de eliminação descritos são: administração de carvão ativado, uso de catárticos,
hemodiálise, hemoperfusão, diálise peritoneal, exsanguíneo-transfusão e
alcalinização da urina ou plasmática. Eles são realizados no intuito de retirar do organismo do paciente o agente tóxico absorvido ou em processo de
absorção. Conclusão: Os procedimentos em toxicologia são essenciais para
a estabilização e o tratamento de pacientes graves. O conhecimento básico
sobre as indicações e contraindicações desses procedimentos é imprescindível ao médico, seja qual for sua especialidade, a fim de instalar a terapêutica
adequada e evitar o agravo de danos.
Introdução: Nos Estados Unidos da América a cocaína é a segunda droga
mais consumida e a que mais leva à emergência médica. Os pacientes podem
apresentar arritmias, miocardite, isquemia miocárdica, vasoconstrição cerebral e convulsões, demonstrando a importância de uma abordagem médica
rápida e eficaz. Objetivo: Investigar a conduta preconizada para pacientes
que chegam ao pronto atendimento com queixa de dor torácica associada ao
uso de cocaína. Metodologia: Revisão sistemática de artigos científicos. Conclusão: No tratamento dos pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM)
associado à cocaína preconiza-se a administração de benzodiazepínicos e
nitroglicerina como medicamentos de primeira escolha. Bloqueadores de canais de cálcio e fentolamina podem ser usados quando o paciente for refratário ao primeiro tratamento. O uso de betabloqueador está contraindicado
nesses casos, pois aumentam a vasoconstrição da artéria coronária e levam à
diminuição do fluxo sanguíneo. Por outro lado, no tratamento de IAM devido
a outras causas o betabloqueador é normalmente o medicamento de primeira
escolha. Dessa forma, mostra-se a importância de se diferenciar o IAM associado ao uso de cocaína de infartos por outras causas, já que as indicações
de tratamento são diferentes e a administração incorreta de medicamentos
podem agravar o quadro do paciente ou até mesmo levá-lo ao óbito.
1Acadêmicos
João XXIII
E-mail: [email protected]
E-mail: [email protected]
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
45
índice de autores
A
Aguiar IM, 35, 36
Aluotto DLC, 18
Amaral MSG, 35, 36
Amaral VF, 25, 26
Aquino BB, 18
Araceli S, 19
Araújo ACRA, 16, 18
Araújo SAF, 19
Asevedo LOM, 16
Assini AG, 18
Assis TGP, 15
Auad LI, 18
Avilla R, 27
B
Baptista FVD, 15
Barbosa JPA, 17
Barbosa PSH, 27
Batista FHB, 27
Batista RS, 22, 26
Belfort AFL, 23
Belfort JT, 23
Bernardes KD, 46
Bernardo LM, 46
BIVM, Cruz, 27
Bizzotto RM, 25
Boaventura LR, 24
Borges DM, 16
Borges MFM, 22, 28
Botelho APM, 15
Botelho JR, 19
Bozzi ICRS, 16
Braga FS, 16
Bragaglia BQ, 21
Brazões FAS, 24
Brito DCN, 17
C
Campanati EG, 21
Campanati RG, 21
Campos VG, 24
Cardoso FC, 21
Cardoso FM, 18
Cardoso MASS, 46
Carmo GH, 20
46
Carneiro LR, 18
Carvalho LF, 17
Carvalho LN, 22, 24
Carvalho MN, 24
Carvalho SS, 20
Castro ILA, 46
Castro IV, 27
Cenedezi JM, 18
Ciruffo DP, 35
Ciruffo P, 35
Clemente L, 25
Coelho SCP, 25, 26
Correa KFB, 22, 28
Costa ABN, 25
Costa GB, 28
Costa J, 23
Costa KS, 23
Costa PRSM, 35
Cunha IRC, 27
Cunha LBS, 24
D
Dantas M, 19
Da Silva FLC, 17
Dayrell RTM, 23
De Paula CJ, 22
Deus LMC, 21
Dias EJ, 46
Dias IM, 16
Diniz EA, 16
Diniz MA, 35, 36
Diniz ML, 17, 22
Diniz MLL, 19
Dorim DDR, 46
Duarte HS, 24
F
Faria LPG, 25, 27
Faria TM, 26
Fernandes FA, 21
Fernandes MRC, 46
Fernandes PB, 27
Fernandes RAF, 15, 17, 24
Ferreira JCD, 18
Ferreira JL, 17
Ferreira SR, 20, 24
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
Fideles WFJ, 35
Fidelis GTA, 20
Figueiredo ALDP, 22, 28
Figueiredo FR, 17
França LE, 18, 27
Freitas Júnior HO, 27
G
Gomes GM, 46
Gomes PS, 17
Gomes TV, 17
Gomez LMZ, 19
Gonçalves AJV, 15
Gonçalves DMV, 15, 18
Gualberto LIPS, 23, 26
Guimarães AF, 15
J
Jardim VB, 24
Jordão JA, 22, 26
L
Lima GC, 17
Lima GO, 17, 18
Lima JC, 16
Lopes NNG, 22
Lopes RLC, 22
López F, 35
Loures IRC, 19
M
Macedo DCLA, 15
Machado AEA, 25
Machado GPM, 18
Machado JEP, 17
Machado LC, 16
Machado N, 25
Magalhães EV, 25, 26
Magalhães O, 19
Magalhaes SLS, 35
Magalhães SLS, 21
Martins JLM, 24
Martins KCC, 23
Massahud JE, 20, 22
Massahud MD, 20, 22
Matias I, 23
Matos V, 19
Matos VP, 20, 24
Melo G, 35
Mendonça ALP, 16
Milagres RB, 20
Miotto IZ, 22, 28
Monteiro BS, 15
Monteiro LS, 46
Moraes HP, 21
Moreira FA, 18
Moriguti MM, 20
Motta A, 35
Motta AS, 21
MTJ, Simão, 25
N
Nobre IM, 46
Nogueira MMI, 22
Nunes BF, 16
Nunes GLA, 35
O
Oliveira AC, 23
Oliveira CRA, 27, 46
Oliveira HM, 16
Oliveira NPS, 28
Oliveira PMC, 25, 27
Oliveira RR, 27
Oliveira WG, 24
Orsini MSA, 19
P
Paiva SMW, 25
Pereira AL, 25
Pessoa MB, 23, 26
Petrocchi JA, 22, 28
Pinto DN, 26
Pinto JS, 22
Porto RMF, 35
Praça GM, 24
Prais HAC, 15
Prata P, 46
Q
Queiroz DD, 21
Quintão JG, 25, 35
R
Rabelo HKM, 17, 18
Ramalho DB, 26
Ramos CM, 16
Ramos SDAS, 15
Reis JMF, 35
Reis JV, 16, 23, 26
Remigio L, 23
Remigo LF, 16
Rezende NA, 23
Ribeiro V, 17, 18
Ricco J, 35
Rocha D, 27
Rocha MP, 27
Rocha P, 19
Rodrigues LM, 20
Rodrigues LV, 27
Rodrigues RMO, 20
Rojo JL, 22
Romeiro JVN, 17, 18, 24
S
Sá GRN, 15
Salera RB, 35
Sá NC, 20
Santana TVM, 22, 26
Sant’anna J, 35
Sant’Anna J, 36
Santos AKD, 23
Santos LL, 25, 27
Santos SS, 28
Scalioni ACM, 15
Seabra V, 25
Sérgio NR, 19
sérgio SR, 19
Silva FLC, 20
Silva G, 23
Silva LF, 16
Silva MAMS, 20
Silva MVF, 20
Silva TR, 24
Silva TRF, 20
Silveira EDS, 16
Silveira FMS, 15
Siqueira LA, 26
Siruffo PD, 36
Soares DRA, 16
Souza BN, 15
Souza DWS, 26
Souza GG, 20
Souza LP, 23, 26
T
Teodoro I, 23
Teotônio SS, 25
Toledo AASF, 15
Toledo CR, 46
U
Utsch DD, 23, 26
V
Valente LA, 19
Valladão HR, 35, 36
Vasconcelos FSP, 35
Vasconcelos HF, 20
Vasconcelos LOG, 20
Veiga LJB, 22
Veloso MVP, 46
Ventura SP, 15, 16, 21, 35, 46
Vidigal PVT, 20
Vieira CA, 21
Vieira LF, 27
Vieira MVL, 35
Z
Zuccheratte LB, 18
Rev Med Minas Gerais 2012; 22 (Supl 8): S1-S48
47
Normas de Publicação
Orientações aos autores
1. A Revista Médica de Minas Gerais (RMMG) destina-se
à publicação de artigos originais, revisões, atualizações,
resumo de teses, relatos de casos ou notas técnicas,
comentários, pontos de vista e imagens inéditas das especialidades médicas e demais ciências da saúde.
2. A revista tem periodicidade trimestral (março, junho, setembro e dezembro) com a seguinte estrutura: editorial, artigos
originais, artigos de revisão, atualização terapêutica, relatos de
caso, educação médica, história da Medicina, comentários ou
pontos de vista, imagens, cartas aos editores, comunicados das
instituições mantenedoras e as normas de publicação.
2.1. Para efeito de categorização dos artigos, considera-se:
a) Artigo Original: trabalhos que desenvolvam crítica e
criação sobre a ciência, tecnologia e arte da Medicina,
Biologia e matérias afins que contribuam para a evolução
do conhecimento humano sobre o homem e a natureza.
b) Artigos de Revisão: trabalhos que apresentam síntese
atualizada do conhecimento disponível sobre Medicina,
Biologia e matérias afins, buscando esclarecer, organizar,
normatizar, simplificar abordagem dos vários problemas que
afetam o conhecimento humano sobre o homem e a natureza.
c) Atualização Terapêutica: trabalhos que apresentam síntese atualizada do conhecimento disponível sobre a terapêutica em Medicina, Biologia e matérias afins, buscando esclarecer, organizar, normatizar, simplificar a abordagem sobre os
vários processos utilizados na recuperação do ser humano de
situações que alteram suas relações saúde-doença.
d) Relato de Caso: trabalhos que apresentam a experiência médica, biológica ou de matérias afins em função da
discussão do raciocínio, lógica, ética, abordagem, tática,
estratégia, modo, alerta de problemas usuais ou não, que
ressaltam sua importância na atuação prática e mostrem
caminhos, conduta e comportamento para sua solução.
e) Educação Médica: trabalhos que apresentam avaliação, análise, estudo, relato, inferência sobre a experiência
didático-pedagógica e filosófica, sobre os processos de
educação em Medicina, Biologia e matérias afins.
f) História da Medicina: trabalhos que revelam o estudo
crítico, filosófico, jornalístico, descritivo, comparativo ou
não sobre o desenvolvimento, ao longo do tempo, dos fatos
que contribuíram para a história humana relacionada à
Medicina, Biologia e matérias afins.
g) Comentários ou Ponto de Vista: apresentação de
comentários, opiniões ou ponto de vista sobre assuntos de
relevância em todos os campos da Medicina, Biologia e Ciências da Saúde em geral, a convite ou demanda espontânea.
h) Imagem: flagrantes registrados de momentos, fenômenos, situações que descrevem alterações biológicas
ou médicas de importância para a atualização, reciclagem
de conhecimentos, revelados por sua aparência com a
descrição e discussão sucinta do registro e indicação de
referências para estudo do assunto.
i) Cartas aos Editores: correspondências de leitores
comentando, discutindo ou criticando artigos publicados na
revista. Sempre que possível, uma resposta dos autores ou
editores será publicada junto com a carta.
j) Comunicados das instituições mantenedoras: matérias de interesse das mantenedoras.
artigo e são cegos quanto à identidade dos autores e local
de origem do trabalho. Após receber ambos os pareceres, os
Editores Associados os avaliam e decidem pela aceitação,
recusa ou devolução do artigo aos autores com as sugestões
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aos autores para esclarecimentos, mas cada versão é sempre analisada pelos revisores, Editores Associados e/ou o
Editor Geral, que detém o poder da decisão final, podendo a
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configuração: margens esquerda e superior de 3 cm e direita
e inferior de 2 cm; tamanho de papel formato A4 (21 cm x 29,7
cm); espaço entrelinhas de 1,5 cm, fonte Times New Roman,
tamanho 12, conforme estrutura estabelecida no item 8.
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seres humanos, deverá ser encaminhada cópia do parecer de aprovação pelo Comitê de Ética reconhecido pela
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), segundo
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(CNS)-196/96. E para os manuscritos que envolveram apoio
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e, ainda, declarada na carta de submissão a ausência de
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7. Os trabalhos devem ser enviados para o endereço eletrônico (e-mail: [email protected]), anexando-se:
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8. Os manuscritos devem ter a seguinte estrutura e ordem:
3. Os manuscritos para publicação nas seções “Artigo
Original”, “ Artigo de Revisão”, “Atualização Terapêutica”,
“Educação Médica” e “História da Medicina” devem ter até
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limitar-se a 30. Os artigos das seções “Relato de Caso” e
“Comentários ou Ponto de Vista” devem ter até oito laudas,
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15. A seção de “Imagem” deve ter até três laudas, incluindo
a figura e as referências, que devem limitar-se a cinco;
Carta aos Editores: recomenda-se o tamanho máximo de
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a) Primeira página: título; título em inglês; nome(s)
completo(s) do(s) autor(es), acompanhado(s) de sua(s)
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indicação da instituição onde o trabalho foi realizado;
endereço do autor correspondente; indicação da seção na
qual o trabalho deverá ser publicado.
b) Segunda página1: título; título em inglês; resumo (em
formato semiestruturado para os artigos originais) 2 do trabalho em português, sem exceder o limite de 250 palavras;
palavras-chave (três a 10), de acordo com Descritores em
Ciências da Saúde (DECS) da BIREME/OPAS/OMS versão
do Medical Subject Headings (MeSH) do PUBMED da
National Library of Medicine (http://decs.bvs.br/); abstract
(resumo em língua inglesa), consistindo na correta versão
do resumo para aquela língua; key words (palavras-chave
em inglês) também de acordo com o DECS.
c) Terceira página: texto estruturado de acordo com a
tipologia do trabalho:
- Artigo Original: Introdução e Literatura; Material ou
Casuística; Métodos; Resultados; Discussão; Conclusões.
- Artigos de Revisão: Introdução; Revisão da literatura;
Discussão ou Comentários; Conclusão.
- Atualização Terapêutica: Introdução; Revisão da literatura;
Discussão ou Comentários; Conclusão.
- Relato de Caso: Introdução; Descrição do caso; Discussão;
Conclusão.
- Educação Médica: Introdução; Desenvolvimento Livre;
Conclusão.
- História da Medicina: Introdução; Desenvolvimento Livre;
Conclusão; Comentários.
- Ponto de Vista: Introdução; Desenvolvimento Livre; Conclusão.
- Imagem: Apresentação da Imagem; Breve Descrição e
Discussão do Registro.
d) Agradecimentos (opcional).
e) Referências (como especificado no item 9 destas normas).
4. Os trabalhos recebidos serão analisados pelo Corpo Científico da RMMG (Editor Geral, Editores Associados, Conselho
Editorial e Consultores Ad Hoc). O trabalho submetido é primeiramente protocolizado e analisado quanto à sua apresentação e normas. Estando estas em conformidade, o trabalho
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revisores da especialidade correspondente. Os revisores são
sempre de instituições diferentes da instituição de origem do
1 Esta página é opcional para as seções: Comentários
ou Pontos de Vista e Imagem.
2 O resumo no formato semiestruturado deverá ser
adotado para os artigos da categoria “artigos originais”,
compreendendo, obrigatoriamente, as seguintes partes,
cada uma das quais devidamente indicada pelo subtítulo
respectivo: Introdução; Objetivos; Métodos; Resultados;
Conclusões.
9. Para efeito de normalização adota-se o “Uniform Requirements for Manuscripts (URM) do International Committee
of Medical Journal Editors” (ICMJE) - estilo Vancouver - disponível em: http://www.icmje.org/.
As referências citadas no texto são numeradas consecutivamente, na ordem em que são mencionadas pela primeira vez,
mediante número arábico, sobrescrito, após a pontuação,
quando for o caso, correspondendo às referências listadas
no final do artigo. As referências devem ser apresentadas de
acordo com as normas “Citing Medicine: the NLM Style Guide
for Authors, Editors, and Publishers”, 2007, disponível em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK7256/; versão em
português disponível em: http://www.bu.ufsc.br/ccsm/vancouver.html#pseis. Os títulos das revistas são abreviados de
acordo com o “Journals Database” do PUBMED, disponível
em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=journals,
ou no Portal de Revistas Científicas da BVS, BIREME/OPAS/
OMS, disponível em: http://portal.revistas.bvs.br/?lang=pt.
10. As ilustrações são denominadas: TABELA (tabelas e quadros) e FIGURA (fotografias, gráficos e outras ilustrações) e
devem ser colocadas imediatamente após a referência a elas.
Dentro de cada categoria deverão ser numeradas sequencialmente durante o texto. Exemplo: Tabela 1, Figura 1. Cada ilustração deve ter um título e a fonte de onde foi extraída. Cabeçalhos
e legendas devem ser suficientemente claros e compreensíveis,
sem necessidade de consulta ao texto. As referências às ilustrações no texto deverão ser mencionadas entre parênteses,
indicando a categoria e o número da tabela ou figura. Ex: (Tabela
1, Figura 1). As fotografias deverão ser enviadas em arquivos
anexos e não devem ser incorporadas no editor de texto; podem
ser em cores e deverão estar no formato JPG, em alta resolução
(300 dpi) e medir, no mínimo, 10 cm de largura para uma coluna
e 20 cm de largura para duas colunas. Devem ser nomeadas,
possuir legendas e indicação de sua localização no texto.
11. As medidas de comprimento, altura, peso e volume
devem ser expressas em unidades do sistema métrico
decimal (metro, quilograma, litro) ou seus múltiplos e submúltiplos, as temperaturas em graus Celsius e os valores de
pressão arterial em milímetros de mercúrio. Abreviaturas
e símbolos devem obedecer padrões internacionais. Ao
empregar pela primeira vez uma abreviatura, esta deve ser
precedida do termo ou expressão completos, salvo se se
tratar de uma unidade de medida comum.
12. Lista de checagem: recomenda-se que os autores
utilizem a lista de checagem a seguir, para certificarem-se
de que toda a documentação está sendo enviada. Não é
necessário enviar a lista.
• Carta de submissão assinada (assinatura digital) por todos
os autores
• O manuscrito em arquivo.doc, contendo:
a) página de rosto com todas as informações solicitadas;
b) resumo em português, com palavras-chave;
c) resumo em inglês – abstract e key words;
d) texto (com citações numeradas por ordem de aparecimento indicadas por algarismos arábicos);
e) referências no estilo Vancouver, numeradas em ordem de
aparecimento das citações no texto;
f) tabelas numeradas por ordem de aparecimento;
g) figuras numeradas por ordem de aparecimento;
h) legendas das tabelas e figuras.
13. Os casos omissos serão resolvidos pela Comissão Editorial.
14. O Conselho Editorial e RMMG não se responsabilizam
pelas opiniões emitidas nos artigos.
15. Em casos de não aprovação de artigos, os autores serão
comunicados por escrito. Os artigos reprovados não serão
devolvidos.
16. Os artigos devem ser enviados para:
Revista Médica de Minas Gerais
Av. Alfredo Balena, 190
Prédio da Faculdade de Medicina, sala 12
30130-100 • Belo Horizonte • MG • Brasil
Fone/Fax: (31) 3409-9796
E-mail: [email protected]
Site: http://rmmg.medicina.ufmg.br/
Rev Med Minas Gerais 2012; 22(Supl 8): S1-S48
Revista Médica de Minas Gerais
EDITOR GERAL
Enio Roberto Pietra Pedroso
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
EDITORES ASSOCIADOS
Cirurgia
Alcino Lázaro da Silva
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Andy Petroianu
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Tarcizo Afonso Nunes
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Clínica Médica
David de Pádua Brasil
Faculdade de Ciências Médicas de MG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Manoel Otávio da Costa Rocha
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Ginecologia e Obstetrícia
Fernando Marcos dos Reis
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Pediatria
Dulciene Maria Magalhães Queiroz
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Manoel Roberto Maciel Trindade
Departamento de Cirurgia da UFRGS
Porto Alegre, RS – Brasil
Edmundo Anderi Júnior
Faculdade de Medicina do ABC
São Paulo, SP – Brasil
Marco Antonio de Avila Vitoria
Organização Mundial da Saude – OMS
Genebra, SUIÇA
Enio Cardillo Vieira
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Marco Antonio Rodrigues
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Fábio Leite Gastal
Hospital Mãe de Deus
Porto Alegre – RS, Brasil
Maria Inês Boechat
Dept. of Radiological Sciences
David Geffen School of Medicine at UCLA
University of Califórnia
Los Angeles – CA, USA
Fabio Zicker
Organizaçao Mundial da Saúde
Genebra, SUIÇA
Federico Lombardi
Universtá degli Studi di Milano
Milano, ITALY
Genival Veloso de França
Centro de Ciências da Saúde da UFPB
João Pessoa – PB, Brasil
Georg Petroianu
Department of Cellular Biology &
Pharmacology Herbert Wertheim
College of Medicine
Florida International University
Miami, FL – USA
Mauro Martins Teixeira
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Mircea Beuran
Clinical Emergency Hospital Bucharest
Bucharest, ROMENIA
Naftale Katz
Fundação Oswaldo Cruz,
Centro de Pesquisas René Rachou
Belo Horizonte – MG, Brasil
Nagy Habib
Imperial College London. Department of Surgery
London, UK
Nicolau Fernandes Kruel
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e UNISUL
Florianópolis. SC – Brasil
Ennio Leão
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Gerald Minuk
University of Manitoba, Department of Internal
Medicine
Manitoba, CANADA
Maria do Carmo Barros de Melo
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Geraldo Magela Gomes da Cruz
Faculdade de Ciências Médicas de MG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Saúde Coletiva
Giselia Alves Pontes da Silva
Centro de Ciências da Saúde da UFPE
Recife – PE, Brasil
Orlando da Silva
Department of Paediatrics, UWO
Neonatal Intensive Care Unit
London, Ontario, Canadá
Henrique Leonardo Guerra
PUC Minas
Belo Horizonte – MG, Brasil
Paulo Roberto Corsi
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP
São Paulo, SP – Brasil
Henrique Neves da Silva Bittencourt
Centre Hospitalier Universitaire Sainte-Justine –
Universite de Montreal
Montreal – QC, CANADÁ
Pietro Accetta
UFF / Faculdade de Medicina
Niterói – RJ – Brasil
Maria da Conceição J. Werneck Côrtes
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Saúde Mental
Humberto Corrêa da Silva
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
CONSELHO EDITORIAL
Ahmed Helmy Salem
Assiut University Hospitals & Faculty of
Medicine Tropical Medicine &
Gastroenterology Department
Assiut EGYPT
Aldo da Cunha Medeiros
Centro Ciências da Saúde da UFRN
Natal – RN, Brasil
Antônio Luiz Pinho Ribeiro
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Aroldo Fernando Camargos
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Bruno Caramelli
Faculdade de Medicina da USP
São Paulo – SP, Brasil
Bruno Zilberstein
Faculdade de Medicina da USP
São Paulo – SP, Brasil
Carlos Teixeira Brandt
Centro de Ciências da Saúde da UFPE
Recife – PE, Brasil
Cor Jesus Fernandes Fontes
Faculdade de Medicina da UFMT
Cuiabá – MT, Brasil
Jacques Nicoli
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
Jair de Jesus Mari
Faculdade de Medicina da UNIFESP
São Paulo – SP, Brasil
João Carlos Pinto Dias
Centro de Pesquisas René Rachou-FIOCRUZ
Belo Horizonte – MG, Brasil
João Carlos Simões
Curso de Medicina da Faculdade Evangélica do
Paraná ( FEPAR)
Curitiba, PR – Brasil
João Galizzi Filho
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
José Carlos Nunes Mota
Departamento de Medicina da UFS
Aracaju, SE – Brasil
Nilson do Rosário Costa
Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Protásio Lemos da Luz
Universidade de São Paulo – Incor
São Paulo – SP, Brasil
Renato Manuel Natal Jorge
Universidade do Porto
Porto – Portugal
Roberto Marini Ladeira
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
Belo Horionte – MG, Brasil
Rodrigo Correa de Oliveira
Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas
René Rachou, Laboratório de Imunologia
Belo Horizonte – MG, Brasil
Ruy Garcia Marques
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro – RJ, Brasil
Sandhi Maria Barreto
Faculdade de Medicina da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
José da Rocha Carvalheiro
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP
São Paulo, SP – Brasil
Sérgio Danilo Pena
Instituto de Ciências Biológicas – UFMG
Núcleo de Genética Médica – GENE
Belo Horizonte – MG, Brasil
Leonor Bezerra Guerra
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG
Belo Horizonte – MG, Brasil
William Hiatt
Colorado Prevention Center
Denver, Colorado, USA
22/S8
volume 22 • suplemento 8
Maio DE 2012
issn 0103-880 X
RMMG
Revista Médica de Minas Gerais
Apoio
III Jornada Acadêmica de Toxicologia
Esta publicação é resultado da parceria entre as seguintes Instituições
30 e 31 de maio e 01 de junho de 2012
Faculdade de Medicina da
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte – MG, Brasil
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