TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Há diferenças entre artigo científico e artigo de divulgação científica. Observe as definições abaixo: O artigo científico trata de pesquisas científicas, cujo artigo produzido serve para prestar conta da pesquisa efetuada e dos resultados obtidos. Ele é densamente descritivo acerca do trabalho científico realizado e extremamente preciso nos dados apresentados e nos informes de resultados obtidos, fazendo uso de gráficos e outros recursos técnicos para apresentação da pesquisa científica realizada. Sua linguagem é formal, faz uso de termos e expressões correspondentes à área científica relativa à pesquisa realizada e visa a um público específico, sendo que tal enunciatário não faz parte do público leigo em geral e sim de um público de especialistas na área científica em questão. Sua publicação, normalmente, se dá em revistas científicas produzidas e editadas por institutos de pesquisas científicas ou sites especializados em publicações desse gênero. O artigo de divulgação científica trata de informes acerca de pesquisas científicas realizadas, de sua importância, originalidade e dos impactos disso na sociedade e para o avanço da ciência. Apresenta dados e resultados de forma simplificada e expõe teorias, fundamentos e conclusões de modo a demonstrar a essencialidade do trabalho realizado e de seus resultados obtidos. Pode apresentar, de maneira descritiva simplificada, as descobertas científicas em determinada área acerca de conclusões já obtidas ou ainda acerca de hipóteses levantadas, mas que ainda carecem de comprovação, devendo-se, é claro, especificar no artigo que os fatos científicos apresentados são hipotéticos e ainda carentes de comprovação final. Sua linguagem é formal, mas deve-se evitar o uso constante de termos e expressões, cuja inteligibilidade é acessível apenas aos especialistas da área científica em questão. Portanto, dirigi-se a um enunciatário leigo que pertence a um público formado por pessoas comuns da sociedade, que têm interesse em informações de pesquisas e dados científicos, mas que não são cientistas ou especialistas em ciência. Todos os termos e expressões científicas que possam aparecer no artigo, devem ser devidamente explicados a partir de uma linguagem que permita, de modo simples e objetivo, a compreensão daquele termo ou expressão por parte do enunciatário do artigo em questão. Sua publicação, normalmente, se dá em jornais, revistas de divulgação científica visando o público em geral ou sites especializados em publicações desse gênero para o público leigo. Veja o que diz o físico Adilson de Oliveira, que escreve artigos de divulgação científica para o site da revista Ciência Hoje: (...) Aliadas da divulgação Entre as alternativas que normalmente uso, estão a analogia e a metáfora, ou seja, o emprego de palavras ou expressões em sentido literal ou figurado que resulta em comparação explícita ou implícita. Mas é preciso ressaltar que toda comparação tem um limite de validade. Para exemplificar essa estratégia, podemos usar uma explicação do conceito de dualidade ondapartícula, introduzido pela física quântica. Existem determinados experimentos nos quais um elétron, partícula fundamental com carga elétrica negativa, se comporta como se fosse uma onda. Nos antigos televisores de tubo (atualmente eles são feitos de cristal líquido, plasma ou LED), um filamento emitia elétrons e estes eram acelerados por um campo elétrico até atingirem a tela da TV. Nessa situação, os elétrons se comportam como pequenas esferas carregadas individuais (eis uma analogia), atingindo diferentes pontos da tela com intensidades variadas para produzir a imagem. Por outro lado, nos chamados microscópios eletrônicos usados para produzir imagens com grande aumento (de até cerca de 100 mil vezes), os elétrons são também emitidos por um filamento, mas, ao se chocarem com a superfície dos materiais, eles se comportam como uma onda. De fato, nessa situação, os elétrons ‘iluminam’ (eis uma metáfora) a superfície do material, permitindo a formação de uma imagem. Portanto, na física quântica, o elétron pode ser uma onda ou uma partícula, dependendo da forma como está agindo. Na verdade, ele não é uma coisa nem outra, mas apenas podemos imaginálo se ora o considerarmos onda, ora partícula. Explicar a ciência para o grande público é um grande desafio, mas é também uma tarefa de grande prazer. Cada vez que eu recebo uma mensagem de algum leitor desta coluna dizendo que aprendeu um novo conceito, ou começou a apreciar a física, a astronomia, a química, entre outras áreas, eu sempre me emociono. Por meio dessa interação, tenho a esperança de aproximar cada vez mais a ciência do público, para que ela seja apreciada como parte da nossa cultura. Afinal, perceber que é possível compartilhar com as outras pessoas conhecimentos que me fascinam e também estimulá-las a refletir sobre eles não tem preço. Essa sem dúvida é a maior recompensa que eu recebo por fazer esta coluna mensalmente. Adilson de Oliveira Departamento de Física Universidade Federal de São Carlos http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/fisica-sem-misterio/a-dificil-e-prazerosa-missao-de-comunicarciencia/?searchterm=A%20dif%C3%ADcil%20e%20prazerosa%20miss%C3%A3o%20de%20comunicar%2 0ci%C3%AAncia Veja um exemplo de artigo de divulgação científica: Universos paralelos realmente existem? Joshua Clark Em 1954, Hugh Everett III, um jovem candidato ao doutorado da Universidade de Princeton, apareceu com uma ideia radical: a existência de universos paralelos, exatamente como o nosso. Esses universos estariam todos relacionados ao nosso. Na verdade, eles derivariam do nosso, que, por sua vez, seria derivado de outros. Nesses universos paralelos, nossas guerras surtiriam outros efeitos dos conhecidos por nós. Espécies já extintas no nosso universo se desenvolveriam e se adaptariam em outros e nós, humanos, poderíamos estar extintos nesses outros lugares. sso é enlouquecedor e, mesmo assim, compreensível. Noções de universos ou dimensões paralelos, que se assemelham aos nossos, apareceram em trabalhos de ficção científica e foram usadas como explicações na metafísica, mas por que um jovem físico em ascensão arriscaria o futuro de sua carreira propondo uma teoria sobre universos paralelos? Com sua teoria dos Muitos Mundos, Everett precisou responder uma questão muito difícil relacionada à física quântica: por que a matéria quântica se comporta irregularmente? O nível quântico é o menor já detectado pela ciência. O estudo da física quântica começou em 1900, quando o físico Max Planck apresentou o conceito para o mundo científico. Seu estudo sobre a radiação trouxe algumas descobertas que contradiziam as leis da física clássica. Essas descobertas sugeriram que existem outras leis operando no universo de forma mais profunda do que as que conhecemos. Em um curto espaço de tempo, os físicos que estudavam o nível quântico perceberam algumas coisas peculiares nesse mundo minúsculo. Uma delas é que as partículas que existem nesse nível conseguem tomar diferentes formas arbitrariamente. Por exemplo: os cientistas observaram fótons - minúsculos pacotes de luz - atuando como partículas e ondas. Até mesmo um único fóton tem esse desvio de forma [fonte: Brown University (em inglês)]. Imagine que você fosse um ser humano sólido quando um amigo olhasse você e, quando ele olhasse de novo, você tivesse assumido a forma gasosa. Isso ficou conhecido como o Princípio da Incerteza de Heisenberg. O físico Werner Heisenberg sugeriu que, apenas observando a matéria quântica, afetamos seu comportamento; sendo assim, nunca podemos estar totalmente certos sobre a natureza de um objeto quântico ou seus atributos, como velocidade e localização. A interpretação de Copenhague da mecânica quântica apóia essa idéia. Apresentada primeiramente pelo físico dinamarquês Niels Bohr, essa interpretação afirma que todas as partículas quânticas não existem em um ou outro estado, mas em todos os estados possíveis de uma só vez. A soma total dos possíveis estados de um objeto quântico é chamada de sua função de onda. A condição de um objeto existir em todos seus possíveis estados, de uma só vez, é chamada desuperposição. Segundo Bohr, quando observamos um objeto quântico, afetamos seu comportamento. A observação quebra a superposição de um objeto e o força a escolher um estado de sua função de onda. Essa teoria explica por que os físicos obtiveram medidas opostas em relação ao mesmo objeto quântico: o objeto "escolheu" estados diferentes durante diferentes medidas. A interpretação de Bohr foi amplamente aceita e ainda o é por grande parte da comunidade que estuda física quântica, mas ultimamente a teoria de Everett dos Muitos Mundos tem recebido muita atenção. http://ciencia.hsw.uol.com.br/universo-paralelo.htm PROPOSTA DE REDAÇÃO Imagine que, em sua escola, você decide apresentar um experimento na Feira de Ciências. Você comunica sua intenção ao seu professor e ele sugere que você realize a seguinte experiência: Pêndulos mágicos Objetivo Ilustrar o conceito de ressonância e desmistificar alguns charlatães esotéricos. Descrição Pêndulos de diferentes comprimentos pendurados de uma mesma haste podem ser "excitados" em fortes oscilações sem nenhuma causa aparente. Os pêndulos podem ser latas de refrigerante penduradas por cordões em uma haste de madeira (um cabo de vassoura, por exemplo). Os comprimentos dos cordões são em torno de 15 a 20 cm, ou outros valores que você escolhe por tentativa. As latas devem conter água até cerca da metade de sua capacidade. Com um pouco de prática você conseguirá balançar fortemente qualquer um dos dois pêndulos, com o outro parado, sem que os observadores notem qualquer movimento em suas mãos e na haste. O pêndulo parece oscilar por vontade própria. Além disso, você pode alternar as oscilações entre um pêndulo e o outro. Robert Ehrlich, em seu livro "Why Toast Lands Jelly-side Down", que recomendamos, sugere que a melhor posição para esse truque é sentado, com os cotovelos apoiados nos joelhos, enquanto segura a haste com as mãos. Análise O fenômeno físico ilustrado nessa experiência chama-se ressonância. Uma pequena e imperceptível oscilação dada à haste por suas mãos pode provocar fortes oscilações em um dos pêndulos. Cada um deles tem uma freqüência própria de oscilação. Quando a freqüência de oscilação da haste coincide com a freqüência preferida por um dos pêndulos, este pêndulo começa a balançar com amplitudes crescentes. Mudando, imperceptivelmente, a freqüência do movimento das mãos, pode-se parar esse pêndulo e balançar o outro. Depois de mistificar sua platéia durante um bom tempo você deve revelar o segredo e explicar como é feito o truque. Você é um cientista e não um charlatão. Então você diz o que é ressonância, fala de sintonia de um aparelho de rádio, da ponte que caiu, enfim, dá o seu recado de cientista. Material usado Uma haste de madeira que pode ser um cabo de vassoura. Latas de refrigerante e cordões. Dicas Para fazer um dos pêndulos oscilar observe sua freqüência natural e imprima pequenos toques com a mão usando essa freqüência. Esse toque deve ser leve e sutil, possivelmente uma pequena pressão dos polegares sobre a haste. Pratique bastante, variando os comprimentos dos cordões, até conseguir total controle do truque. A água nas latinhas ajuda a dar sensibilidade às suas mãos ao procurarem a freqüência de ressonância de um dos pêndulos. Na verdade, você pode usar até mais de dois pêndulos, se conseguir bastante destreza nessa demonstração. Um resultado excelente dessa experiência é mostrar ao público como alguns efeitos estranhos e aparentemente sobrenaturais têm explicações físicas simples. Aproveite para desmistificar essas histórias de percepção extra-sensorial, telecinesia, poder do pensamento e outros besteiróis do gênero. Aliás, esse pode ser o tema central de sua apresentação. http://www.seara.ufc.br/sugestoes/fisica/oti2.htm Ressonância É o fenômeno que acontece quando um sistema físico recebe energia por meio de excitações de freqüência igual a uma de suas freqüências naturais de vibração. Assim, o sistema físico passa a vibrar com amplitudes cada vez maiores. Cada sistema físico capaz de vibrar possui uma ou mais frequências naturais, isto é, que são características do sistema, mais precisamente da maneira como este é construído. Como por exemplo, um pêndulo ao ser afastado do ponto de equilíbrio, cordas de um violão ou uma ponte para a passagem de pedestres sobre uma rodovia movimentada. Todos estes sistemas possuem sua frequência natural, que lhes é característica. Quando ocorrem excitações periódicas sobre o sistema, como quando o vento sopra com freqüência constante sobre uma ponte durante uma tempestade, acontece um fenômeno de superposição de ondas que alteram a energia do sistema, modificando sua amplitude. Conforme estudamos anteriormente, se a freqüência natural de oscilação do sistema e as excitações constantes sobre ele estiverem sob a mesma frequência, a energia do sistema será aumentada, fazendo com que vibre com amplitudes cada vez maiores. Um caso muito famoso deste fenômeno foi o rompimento da ponte Tacoma Narrows, nos Estados Unidos, em 7 de novembro de 1940. Em um determinado momento o vento começou soprar com freqüência igual à natural de oscilação da ponte, fazendo com que esta começasse a aumentar a amplitude de suas vibrações até que sua estrutura não pudesse mais suportar, fazendo com que sua estrutura rompesse. O caso da ponte Tacoma Narrows pode ser considerado uma falha humana, já que o vento que soprava no dia 7 de Novembro de 1940 tinha uma frequência característica da região onde a ponte foi construída, logo os engenheiros responsáveis por sua construção falharam na análise das características naturais da região. Por isto, atualmente é feita uma análise profunda de todas as possíveis características que possam requerer uma alteração em uma construção civil. http://www.sofisica.com.br/conteudos/Ondulatoria/Ondas/ressonancia.php Durante a Feira de Ciências, seu experimento faz muito sucesso entre os visitantes. Como resultado final de seu trabalho científico, seu professor pede para que você escreva um ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA acerca de seu experimento e do assunto científico a ele relacionado. Siga as instruções abaixo: - Escreva um ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA sobre o tema de seu experimento a ser publicado no site e no jornal de sua escola. - Mencione seu experimento como exemplo e ilustração do tema em seu artigo. - O enunciatário do seu artigo de divulgação científica deverá ser a comunidade de sua escola (alunos, pais, professores, etc.).