64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 ATIVIDADE NEMATICIDA/NEMATOSTÁTICA DO EXSUDATO DE SEMENTES DE Moringa oleifera (MORINGACEAE) Antônio Juscelino S. Sousa, Mariana R. Arantes, Juliana M. Gifoni, José Tadeu A. Oliveira, Ilka M. * Vasconcelos Laboratório de Toxinas Vegetais, Universidade Federal do Ceará; *[email protected] Introdução Nematoides são responsáveis por perdas em diversas culturas de interesse econômico que chegam à ordem de bilhões de dólares anuais no mundo todo [1]. O uso de agrotóxicos para reduzir os prejuízos gera problemas ambientais, sendo necessárias estratégias alternativas como a busca de moléculas vegetais eficazes contra as pragas e que causem pouco ou nenhum impacto ambiental. Moringa oleifera Lam. (FIGURA) é uma espécie da família Moringaceae que se caracteriza por ser muito resistente ao ataque de patógenos [2]. Muitos tipos de moléculas de defesa de plantas acumulam-se nas sementes, já que elas são o veículo de propagação e sobrevivência da espécie. Durante a exsudação de sementes, compostos do metabolismo primário e secundário são liberados para o meio, alguns deles interferindo no desenvolvimento de herbívoros e/ou fitopatógenos [3]. O objetivo desse trabalho foi caracterizar o exsudato de sementes de moringa quanto à composição bioquímica e avaliar o seu efeito contra o nematoide de galhas Meloidogyne incognita. Metodologia Para obtenção do exsudato, 10 sementes de M. oleifera foram distribuídas por frascos contendo 30 mL de água destilada, a 28° C, 24 h, que foi usado nas análises posteriores. A determinação qualitativa dos metabólitos secundários foi feita de acordo com Matos (1999) [4]. Para a detecção de proteínas bioativas relacionadas à defesa vegetal, foram testadas as atividades hemaglutinante, inibitória de proteases serínica e cisteínica, proteolítica, quitinásica, β1,3-glucanásica e peroxidásica. A atividade nematicida/nematostática do exsudato foi realizada com base na metodologia descrita por Coimbra e Campos (2005) [5], na qual alíquotas de exsudato foram adicionadas a grupos de indivíduos de M. incognita no estágio de J2. Água foi utilizada como controle. Após 24 h de incubação, os números de nematoides vivos, mortos e imóveis foram contados. Os ensaios foram realizados em triplicata. Resultados e Discussão Após 24 h de exsudação em água, o teor médio de proteínas detectado foi de 52 µg/mL (567 ± 20 µg/g de semente). Os metabólitos secundários presentes no exsudato foram saponinas e esteroides. Quanto às proteínas bioativas, o exsudato de sementes apresentou atividades inibitória de tripsina (168,02 ± 2,55 UI/mgP), inibitória de papaína (74,05 ± 1,10 UI/mgP), proteolítica (213,33 ± 7,55 UA/mgP) e quitinásica (0,15 ηkatal/mgP). O exsudato foi capaz de causar 97% de mortalidade na população de J2 e deixar os 3% restantes dos indivíduos imóveis (4 µgP/J2). Mesmo após fervura a 100° C por 30 min, a amostra causou 64% de mortalidade e 7% de imobilidade. Com o dobro da concentração utilizada (8 µgP/J2), o exsudato apresentou atividade nematicida de 100%. Essa atividade pode ser devida a proteínas ou a compostos secundários ou, ainda, a uma ação conjunta de ambos. Conclusões O exsudato de sementes de M. oleifera contém diversas moléculas envolvidas na defesa vegetal, incluindo metabólitos secundários e proteínas. Este exsudato se mostra promissor como uma fonte de moléculas bioativas para uso no combate ao nematoide das galhas M. incognita. Agradecimentos UFC – Universidade Federal do Ceará; CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; FUNCAP – Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Referências Bibliográficas [1] Nicol, J.M.; Turner, S.J.; Coyne, D.L.; Dennijs, L.; Hockland, S. & Tahna, M.Z. 2011. Current nematode threats to world agriculture. In: Jones, J.; Gheysen, G.; Fenoll, C. Genomics and Molecular Genetics of Plant Nematode Interactions. Springer, Heidelberg, 21-44. [2] J.M. Gifoni; J.T.A. Oliveira; H.D. Oliveira; A.B. Batista; M.L. Pereira; A.S. Gomes; H.P. Oliveira; T.B. Grangeiro & I.M. Vasconcelos. 2012. A novel chitin-binding protein from Moringa oleifera seed with potential for plant disease control. Biopolymers 98: 406-415. [3] Rose, T.L.; Conceição, A.S.; Xavier-Filho, J.; Okorov, L.A.; Fernandes, K.V.S.; Marty, F.; Marty-Mazars, D.; Carvalho, A.O. & Gomes, V.M. 2006. Defense proteins from Vigna unguiculata seed exudates: characterization and inhibitory activity against Fusarium oxysporum. Plant Soil 286: 181-191. [4] Matos, F.J.A. 1999. Introdução à Fitoquímica Experimental, 2ª Edição. Editora UFC. [5] Coimbra, J.L. & Campos, V.P. 2005. Efeito de exsudato de colônias e de filtrados de culturas de actinomicetos na eclosão, motilidade e mortalidade de juvenis do segundo estágio de Meloidogyne javanica. Fitopatologia Brasileira 1: 232-238.