Dieta alimentar e nutrição O alimento é mais do que apenas uma

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Dieta alimentar e nutrição
O alimento é mais do que apenas uma fonte de nutrição , para membros de varias sociedades,
o alimento traz consigo uma série de simbolismos, manifestando e criando as relações entre o
homem e o homem, o homem e as deidades e o homem e seu meio natural, portanto constitui
parte essencial da maneira como uma sociedade se organiza.
Os gêneros alimentícios consumidos por uma sociedade podem ser rigorosamente proibidos
em outra, há também variações nas diversas culturas, na maneira como o alimento é
cultivado, colhido, preparado, servido e ingerido.
Classificação do alimento
Devido ao papel do alimento na vida diária, principalmente no que se diz respeito às relações
sociais, é notoriamente difícil modificar crenças e práticas alimentares, ainda que estas
interfiram na manutenção de uma nutrição adequada. Em geral, pode-se identificar cinco tipos
de sistemas de classificação dos alimentos, embora na prática seja comum que eles coexistam
dentro de uma mesma sociedade. São eles:
- alimento versus não-alimento
- alimento sagrado versus alimento profano
- classificação paralela dos alimentos
- o alimento usado como medicamento e o medicamento usado como alimento
- Os alimentos sociais (que indicam relação, status, profissão, gênero e identidade de grupo)
Alimento versus não-alimento
Cada cultura define quais são as substancias comestíveis e quais não são, embora estas
definições geralmente omitam substâncias que possuem valor nutritivo. Essas definições
tendem a ser flexíveis, principalmente sob condições de fome, privação financeira e de viagem
ao exterior.
Alimento sagrado versus alimento profano
O termo alimento sagrado é empregado para se referir aqueles gêneros alimentícios cujo o uso
é valido por crenças religiosas, enquanto os gêneros alimentícios expressamente proibidos
pela religião são denominados profanos. Na maioria dos casos, o alimento profano é visto
como “sujo’’ e nocivo a saúde.
Em todos os casos de Tabus alimentares a classificação de um gênero alimentício como
profano pode excluir nutrientes essenciais à alimentação.
Classificação paralela dos alimentos
A divisão dos gêneros alimentícios em dois grupos principais, geralmente denominados
“quentes”e “frios”, é uma característica de muitos grupos culturais, esse sistema binário de
classificação inclui muito mais do que alimento: remédios, doenças, estados físicos e mentais,
poderes naturais e sobrenaturais. As noções de quente e frio não se referem à temperatura
real, e sim a determinados valores simbólicos referentes a cada categoria de gênero
alimentício. Uma vez que a “saúde” é definida como o equilíbrio entre as duas categorias, as
doenças são tratadas pela adição de alimentos ou remédios quentes ou frios à dieta, a fim de
restaurar o equilíbrio.
O alimento usado como remédio, e o remédio usado como alimento
Estes sistemas de categorias sobrepõem-se em geral às classificações paralelas dos alimentos,
quando ambos coexistem na mesma sociedade. Entretanto, em outras sociedades, as dietas
especiais podem ser consideradas como uma forma de medicação para determinadas doenças
ou estados psicológicos.
Ao analisar as propriedades nutricionais e farmacológicas de várias dessas substâncias, os
autores concluíram que muitas plantas utilizadas como medicamento tinham provavelmente
um valor nutritivo, enquanto que algumas plantas utilizadas principalmente como alimento
tinham também um efeito medicinal. Os remédios, tanto prescritos por médicos ou
autoprescritos, podem também ser considerados uma forma de alimento ou nutriente, sem o
qual o paciente pode enfraquecer ou morrer.
Alimentos sociais
Os alimentos sociais são aqueles consumidos na presença de outras pessoas e que possuem
um valor simbólico, assim como um valor nutritivo, para todos os envolvidos. Em todo
sociedade humana o alimento é uma forma de criar e manifestar os relacionamentos entre
pessoas. Estas relações podem ser entre indivíduos, entre os membros de grupos sociais,
religiosos ou étnicos, ou entre qualquer um desses elementos e o mundo sobrenatural.
A maioria das refeições possuem um aspecto ritual, além de sua função puramente prática de
nutrir um certo número de pessoas ao mesmo tempo. Como todas as ocasiões rituais, são
rigorosamente controladas pelas normas de uma cultura ou grupo particular. O alimento
propriamente dito é sujeito a padronizações culturais, que determinam seu tamanho, forma,
consistência, cor, cheiro e gosto apropriados. Tanto a ocasião formal de uma refeição quanto
os tipos de alimento servidos, podem ser considerados como uma linguagem complicada, que
pode ser decodificada para revelar dados sobre os relacionamentos e valores dos indivíduos
que tomam parte da mesma.
Assim como indicador de status, o alimento pode ser o emblema de uma identidade de grupo
– quer que o grupo seja baseado em critérios regionais, familiares, étnicos e religiosos. Cada
país tem seu prato nacional, e geralmente as regiões de cada país são conhecidas como por
suas cozinhas locais. O alimento produzido e consumido em cada localidade está intimamente
identificado com o senso de continuidade e coesão da comunidade; suas práticas alimentares
são levadas a outros países, os imigrantes podem manter a alimentação tradicional – com seu
gosto, cheiro e modo de preparo familiares – ou simplesmente reservam a mesma para
ocasiões especiais.
Cultura e má nutrição
Os cinco sistemas de classificação dos alimentos descritos anteriormente ilustram que o
alimento pode ser ingerido por razões tanto nutritivas quanto culturais. De uma perspectiva
clinica, essas influências culturais podem afetar a nutrição de duas maneiras:
1- Excluindo nutrientes essenciais da alimentação ( se definidas como não-alimento,
profano, alimentos pobre de pobre ou de estranhos, ou alimentos colocados na
categoria errada da dicotomia quente/frio).
2- Estimulando o consume de determinados alimentos ou bebidas ( se definidos como
alimento, sagrado, remédio, ou como indicador de identidade social, religiosa ou
étnica) realmente prejudiciais à saúde.
Quando as duas influencias acima coexistem, o risco de uma má-nutriçao é maior. Outros
fatores culturais podem também ter um efeito indireto sobre a nutrição – tais como as crenças
sobre a estrutura e o funcionamento do organismo, as dimensões e formas ideais do corpo, e o
papel da alimentação para a saúde e na doença.
Em cada caso de má nutrição, portanto, os fatores culturais – bem como os fatores pessoais,
tais como a ignorância e a idiossincrasia – constituem apenas uma parte do complexo de
influencias atuante sobre individuo, o que determina se sua dieta alimentar é adequada em
termos nutritivos ou não.
Mudanças alimentares e doenças da civilização ocidental
Burkitt, examinou muitas doenças que se tornaram comuns no um mundo ocidental,
particularmente na Europa e nos estados unidos, no século passado. Estas doenças são raras
ou desconhecidas nas sociedades tradicionais não-ocidentais, mas são cada vez mais
freqüentes sob a influencia da mudança cultural – ou seja, onde os costumes e modos de vida
ocidentais são adotados. Burkitt vê a obesidade como “a forma mais comum de má nutrição
existente no ocidente”.
Dieta alimenta e câncer
O estudo dos padrões e preferências alimentares de uma cultura é importante não só para a
pesquisa sobre a má nutrição e outras doenças ocidentais citadas. Muitos estudos sugerem
que, em alguns casos a dieta e nutrição Podem estar associadas a determinados tipos de
câncer, varias doenças podem estar ligadas a crenças e praticas alimentares, embora esses
fatores culturais seja principalmente relevantes onde há alimento suficiente par uma nutrição
apropriada. Nas tentativas de modificar ou aperfeiçoar as dietas alimentares deve-se,
portanto, levar em conta os importantes papeis culturais que os alimentos desempenham em
todas as sociedades e grupos culturais.
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