alessandra oliveira barreto

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ALESSANDRA OLIVEIRA BARRETO
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE PROTEÍNAS
RELACIONADAS COM A REABSORÇÃO ÓSSEA EM
CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE PALATO DURO E LÍNGUA
NATAL-RN
2013
ALESSANDRA OLIVEIRA BARRETO
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE PROTEÍNAS
RELACIONADAS COM A REABSORÇÃO ÓSSEA EM
CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE PALATO DURO E LÍNGUA
NATAL-RN
2013
ALESSANDRA OLIVEIRA BARRETO
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE PROTEÍNAS
RELACIONADAS COM A REABSORÇÃO ÓSSEA EM CARCINOMA
EPIDERMÓIDE DE PALATO DURO E LÍNGUA
Tese apresentada ao Programa de PósGraduação
em
Departamento
Patologia
de
Oral
do
Odontologia
da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como parte dos requisitos para a
obtenção do Título de Doutora em
Patologia Oral.
Orientador: Prof. Dr. Antônio de Lisboa
Lopes Costa.
NATAL/RN
2013
DEDICATÓRIA
Dedico esta conquista. . .
Aos meus queridos pais, Gilvan e Fabíola por tornar
possível a realização de mais uma etapa da minha vida.
Sempre acreditando e respeitando minhas decisões.
A Marcus, pelo amor, incentivo e confiança em mim
depositada. Além da enorme paciência.
Aos meus irmãos, cunhadas e sobrinhas, por tonarem
essa jornada bem mais descontraída.
E a Bernardo, minha mais bela razão de e existir.
AMO MUITO VOCÊS !
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelas bênçãos concedidas durante todas as fases da minha vida.
Ao meu orientador Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, pela dedicação e
ensinamentos proporcionados durante esses anos de tão agradável convívio. O meu
muito obrigado pela sua contribuição na minha formação acadêmica.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral. À Profa.
Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz, pela atenção, amizade, ensinamentos e carinho a
mim dispensados. À Profa. Dra Éricka Janine Dantas da Silveira, pelas enormes
contribuições e disponibilidade oferecidas durante a realização desta pesquisa. Além
dos sábios conselhos e experiências valiosas trocadas sobre a nossa segunda profissão:
ser mãe! À Profa. Dra. Lélia Batista de Souza, exemplo de dedicação e amor à
profissão acadêmica. Agradeço pelos ensinamentos transmitidos. À Profa. Dra.
Roseana de Almeida Freitas, pelo grande estimulo que desperta para a carreira
cientifica. Às Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel pelas contribuições a
esta pesquisa, pelos ensinamentos e amizade. Profa. Dra. Hébel Cavalcanti Galvão,
pela gentiliza e alegria com que trata seus alunos e colegas de trabalho. Ao Dr. Leão
Pereira Pinto exemplo de mestre, obrigada pelos ensinamentos. À Profa. Dra. Ana
Myriam Costa de Medeiros, pela simplicidade e amizade.
Minha profunda
admiração e respeito a todos.
Às minhas amigas de turma, Águida e Ana Rafaela. Eu não poderia ter
companheiras melhores do que vocês. Águida, faço das suas palavras a minha: ” você
tem um lugar enorme no meu coração, gosto de você de graça”. E Rafa não tenho
palavras para agradecer todo carinho e atenção dedicada a mim durante esses vários
anos de convivência. Além das enormes contribuições para essa pesquisa, mesmo sem
tempo. Muito obrigado por tudo . . . Sou muito feliz por ter vocês duas ao meu lado.
À Cynthia, Keila, Joabe e Pedro pela disponibilidade nos momentos
necessários e a amizade verdadeira. A Roseane pela enorme ajuda e disponibilidade
para que eu finalizasse esta pesquisa. Obrigada pela amizade de vocês.
Aos doutorandos: Emeline, Maiara, Felipe, Adriana, Fernando, Denise,
Bárbara, Clarissa, Ana Luiza, Natália, Emília, Stefânia, Nazareno, Cida e
Rodrigo. Aos já doutores Bruna Amaral, Bruna Rafaela, Marcelo, Débora Pitta,
e Valéria. Pelos momentos especiais de convívio e amizade compartilhada.
Ao aluno de Iniciação Científica, Gurgiane e Felipe pela ajuda e prontidão
com que realizou a coleta de alguns casos.
Aos funcionários Idel, Gracinha, Lourdinha, Sandrinha, Canindé, Hévil
e Ricardo. Pela disponibilidade e amizade de vocês.
Aos familiares e amigos que de uma forma direta ou indireta contribuíram
para a finalização desta etapa.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq) pelo
apoio financeiro que possibilitou o desenvolvimento deste trabalho.
RESUMO
RESUMO
O carcinoma epidermóide oral (CEO) apresenta uma tendência marcante de invadir
o osso quando localizado em palato duro e rebordo. O mecanismo preciso desta
invasão permanece incompletamente descrito, apesar de sugerirem na literatura que
a destruição óssea, invasão e metástase seja mediada por osteoclastos e não
diretamente por células do carcinoma. As moléculas RANK/RANKL /OPG são
fundamentais na oesteoclastogênese, assim como a IL-6 que regula suas expressões.
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a expressão imuno-histoquímica de fatores de
reabsorção óssea (RANKL e OPG) e da citocina (IL-6) no carcinoma epidermóide
de palato duro (com invasão óssea) e língua (sem invasão óssea), correlacionandoas com os parâmetros clinicopatológicos e prognósticos. A amostra foi constituída
por 30 carcinomas epidermóides com invasão óssea (localizados no palato) e 31
sem invasão óssea (localizados na língua). Foram avaliados a intensidade e a média
das células tumorais, estromais e inflamatórias imunomarcadas para os anticorpos
anti-RANKL, anti-OPG e anti-IL-6, no front de invasão e no centro tumoral. O
escore (s) da imunorreatividade das células foi estabelecido através da
multiplicação do percentual de células positivas (P) pelo valor da intensidade da
marcação (I) (S = P x I), em cinco campos (400×). A análise da expressão da
proteína RANKL foi significativamente mais expressa (p=0,002) nas células
inflamatórias, com tendência há uma maior expressão nas células dos carcinomas
epidermóides do palato duro. Entre os parâmetros clinicopatológicos foi observado
associação do RANKL com o pior prognóstico, com significância estatística apenas
para o estágio avançado do tumor (p= 0,033). A OPG demonstrou fraca expressão
tanto nos casos de língua (0,77 ±1,85) quanto de palato duro (1,32 ± 2,48), com
ausência de significância estatística (p>0,05). Em relação aos parâmetros
clinicopatológicos a OPG apresentou tendência de associação com o pior
prognóstico, com associação estatística significante para o óbito (p=0,048) e
invasão perivascular (p=0,047). A IL-6 foi significantemente mais expressa
(p<0,001) em células tumorais e inflamatórias nos carcinomas epidermóides de
palato duro. E dentre os parâmetros clinicopatológicos, a IL-6 apresentou tendência
de associação com o bom prognóstico, com diferença estatística para a ausência de
metástase e as células tumorais (p = 0,020), estromais (p = 0,027) e inflamatórias
(p = 0,017). Com base nos resultados pode-se concluir que a IL-6 pode ser utilizada
como um marcador do carcinoma epidermóide oral com invasão óssea, e que a
relação RANKL/OPG está alterada no carcinoma epidermóide oral.
Palavras-chave: Carcinoma epidermóide; invasão óssea; RANK/RNKL/OPG; IL-6;
Imuno-histoquímica.
ABSTRAT
ABSTRAT
Oral squamous cell carcinoma (CEO ) has a marked tendency to invade the bone
when located in the palate and lip . The precise mechanism of this invasion is still
not completely described , although the literature suggests that the bone destruction
, invasion and metastasis is mediated by osteoclasts and not directly by carcinoma
cells . The molecules RANK / RANKL / OPG are fundamental in
oesteoclastogênese, and IL-6 that regulates its expression. The objective of this
research was to evaluate the immunohistochemical expression of factors of bone
resorption ( RANKL and OPG ) and cytokine ( IL - 6 ) in squamous cell carcinoma
of the hard palate (with bone invasion ) and tongue (without bone invasion ) ,
correlating with the clinicopathological parameters and prognosis. The sample
consisted of 30 squamous cell carcinoma with bone invasion (located on the palate)
and 31 without bone invasion (located on the tongue). Were evaluated and the
average intensity of the tumor cells , stromal and inflammatory immunostained for
anti-RANKL antibodies , anti- OPG and anti -IL- 6 at the invasive front and center
of the tumor. The score (s) of the immunoreactivity of cells was established by
multiplying the percentage of positive cells (P) for marking intensity value (I) (S =
P x I) in five fields (× 400). The analysis of the expression of RANKL protein was
expressed significantly higher (p = 0.002) in inflammatory cells, there is a trend to
higher expression in squamous cell carcinomas of the hard palate. Among the
clinicopathologic parameters was observed association of RANKL with the worst
prognosis, with statistical significance only for the advanced stage of the tumor (p
= 0.033). The OPG showed weak expression both in cases of tongue (0.77 ± 1.85)
and hard palate (1.32 ± 2.48), with no statistical significance (p > .05). In relation
to clinicopathological parameters OPG tended association with worse prognosis,
with a statistically significant association for death (p = 0.048) and perivascular
invasion (p = 0.047). IL- 6 was expressed significantly more (p < 0.001) in tumor
and inflammatory cells in squamous cell carcinoma of the hard palate. In addition,
among the clinicopathologic parameters, IL- 6 showed a tendency of association
with good prognosis, with a statistical difference for the absence of metastasis and
tumor cells (p = 0.020), stromal (p = 0.027) and inflammatory (p = 0.017). Based
on the results it can be concluded that IL -6 may be used as a marker of oral
squamous cell carcinoma with bone invasion, and the ratio RANKL / OPG is
changed in oral squamous cell carcinoma.
Keywords: Squamous cell carcinoma, bone invasion; RANK / RNKL / OPG, IL-6;
Immunohistochemistry
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
Quadro 1.
Sistema de estadiamento clínico do (TNM) para o carcinoma
epidermóide oral, preconizado por SOBIN, WITTEKIND,
72
2002..............................................................................
Quadro 2:.
Categorias de Estadiamento clínico (TNM) para o carcinoma
epidermóide oral, preconizado por SOBIN, WITTEKIND
74
(2002).............................................................................
Quadro 3.
Sistema de gradação histológica de malignidade no “front” de
invasão (Bryne, 1998) proposto por Bryne et al. (1992)............ 75
Quadro 4.
Especificidade, recuperação antigênica, diluição, tempo de
incubação e fabricante dos anticorpos primários utilizados no
78
estudo.....................................................................................
Quadro 5.
Variável
dependente
que
será
analisada
estudo.................................................................................
no
80
Quadro 6.
Elenco de variáveis independentes associadas às proteínas
81
analisadas no estudo......................................................
Quadro 7.
Elenco de variáveis independentes gerais..................................
Figura 1.
82
Regulação da osteoclastogênese........................................
42
Figura 2
Mecanismo de ação do RANKL expresso por vários tipos
celulares e a indução da osteoclastogênese através da sua
45
ligação com o RANK nos precursores osteoclásticos. ..........
Figura 3
Abundância de OPG em relação ao RANKL, inibindo a ligação
do RANKL ao RANK, resultando em redução da
osteoclastogênese e promoção da apoptose de osteoclastos
45
existentes..........................................................................
Figura 4.
Carcinoma epidermóidede língua de alto grau de malignidade.
(H/E, 100×).................................................................
101
Figura 5.
Carcinoma epidermóide de Palato duro de alto grau de
malignidade. (H/E, 400×)...............................................
101
Figura 6.
Fotomicrografia demonstrando moderada marcação das células
tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo anti-
RANKL, no carcinoma epidermóide de língua. Marcação 102
predominante citoplasmática. (ADVANCETM, 200×)...............
Figura 7.
Fotomicrografia demonstrando intensa marcação das células
tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo antiRANKL, no carcinoma epidermóide de palato duro. Marcação
predominante
citoplasmática.
(ADVANCETM,
200×)...........................................................................
102
Figura 8.
Fotomicrografia demonstrando ausência de marcação das
células tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo antiOPG no carcinoma epidermóide de língua. . (ADVANCETM,
103
400×)....................................................
Figura 9.
Fotomicrografia demonstrando fraca marcação das células
tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo anti-OPG no
carcinoma epidermóide de palato duro. (ADVANCETM,
200×).........................................................................
103
Figura 10.
Fotomicrografia demonstrando fraca marcação das células
tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo anti-IL-6 no
carcinoma epidermóide de língua.
. (ADVANCETM,
400×).........................................................................
104
Figura 11.
Fotomicrografia demonstrando intensa marcação das células
tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo anti-IL-6, no
carcinoma epidermóide de palato duro.
Marcação
104
citoplasmática e nuclear. (ADVANCETM, 200×)...................
LISTA DE TABELAS
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1.
Associação entre a localização da lesão e o sexo dos
85
pacientes......................................................................
Tabela 2
Associação entre a localização da lesão e a ausência ou
86
presença de metástase...........................................................
Tabela 3.
Associação entre o estágio clínico, local da lesão e o desfecho
87
da doença.......................................................................
Tabela 4.
Associação entre a gradação histológica de malignidade e a
88
localização da lesão........................................................
Tabela 5.
Associação entre a gradação histológica de malignidade, a
ausência ou presença de invasão vascular / perineural, o
desfecho clínico da doença, a ausência ou presença de
89
metástase e o estadiamento clínico....................................
Tabela 6.
Associação entre a localização da lesão e a intensidade da
imunoexpressão do RANKL, OPG e IL-6............................
90
Tabela 7.
Parâmetros observados de acordo com os escores da
91
imunoexpressão do RANKL.............................................
Tabela 8.
Parâmetros observados de acordo com os escores da
91
imunoexpressão do OPG. Natal...........................................
Tabela 9.
Parâmetros observados de acordo com os escores da
92
imunoexpressão da IL-6...................................................
Tabela 10.
Parâmetros observados de acordo com os escores da
imunoexpressão do RANKL, OPG e IL-6 de acordo com o
93
estadiamento clínico das lesões..........................................
Tabela 11.
Parâmetros observados de acordo com os escores da
imunoexpressão do RANKL, OPG e IL-6 de acordo com a
ausência ou presença de metástase............................................ 95
Tabela 12.
Parâmetros observados de acordo com os escores da
imunoexpressão do RANKL, OPG e IL-6 de acordo o desfecho
97
da doença.........................................................
Tabela 13.
Parâmetros observados de acordo com os escores da
imunoexpressão do RANKL, OPG e IL-6 de acordo a gradação
98
histológica de malignidade......................................
Parâmetros observados de acordo com os escores da
imunoexpressão do RANKL, OPG e IL-6 de acordo a ausência
100
ou presença de invasão vascular / perineural..............
Tabela 14.
LISTA DE SIGLAS E
ABREVIATURAS
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CEO
Carcinoma epidermóide oral

RANK
Do inglês receptor activator of nuclear factor κB, traduzido como
receptor ativador do fator nuclear κB

RANKL
Do inglês receptor activator of nuclear factor κB ligand, traduzido
como ligante do receptor ativador do fator nuclear κB.

OPG
Do inglês osteoprotegerin, traduzido como osteoprotegerina

TNF
Do inglês tumor necrosis factor, traduzido como fator de necrose
tumoral

NF-kB
Do inglês nuclear factor κB, traduzido como fator nuclear κB.

IL
Interleucina

PTHrP
Do inglês parathyroid hormone related protein traduzido como
proteína relacionadas ao hormônio da paratireóide

M-CSF
Do inglês granulocyte-macrophage colony-stimulating fator
traduzido como fator estimulador de colônia de granulócito
macrófago

OMS
Organização mundial de saúde

HPV
Do inglês, human papiloma virus, traduzido como vírus do
papiloma humano.

SGHM)
Sistemas de gradação histológica de malignidade

TNF-α
Do inglês tumor necrosis factor-α, traduzido como fator de
necrose tumoral-α.

NF-kβ
Do inglês nuclear factor κB, traduzido como fator nuclear κB.

TGF-β
Do inglês transforming growth factor-β, traduzido como fator
transformador de crescimento-β.

IGF
Do inglês insulin-like growth factor, traduzido como fator de
crescimento semelhante à insulina.

TRAF
Do inglês TNF receptor-associated factor, traduzido como fator
associado ao receptor do fator de necrose tumoral

ELISA
Do inglês, enzyme-linked immunoabsorbent assay, referente ao
teste enzimático ELISA.

RT-PCR Do inglês, reverse transcription polymerase chain reaction,
traduzido como reação da transcriptase reversa, seguida de reação
em cadeia da polimerase.

TNM
Do inglês, tumor-node-metastasis, traduzido como tamanho do
tumor, envolvimento do linfonodo regional e envolvimento por
metástases à distância.

UV
Ultravioleta.
SUMÁRIO
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO.....................................................................................
26
2.
REVISÃO DA LITERATURA............................................................... 29
2.1
CARCINOOMA EPIDERMÓIDE ORAL...............................................
29
2.1.1
Considerações epidemiológicas e etiológicas........................................
29
Carcinoma Epidermóide Oral-Considerações clínicopatológicas.....
31
2.2.
REMODELAÇÃO ÓSSEA.......................................................................
35
2.2.1
Remodelação Óssea – Considerações gerais.........................................
35
Remodelação Óssea – Sistema RANK / RANKL / OPG......................
38
.
2.1.2
.
.
2.2.2
.
2.2.3
Expressão do RANK / RANK-L / OPG no câncer................................ 46
.
2.3
PARTICIPAÇÃO DA IL-6 NA REABSORÇÃO ÓSSEA.......................
54
2.4
ESTUDOS ASSOCIANDO RANK / RANK-L / OPG e IL-6..................
63
3.
PROPOSIÇÃO......................................................................................... 66
4.
MATERIAIS E METÒDOS...................................................................
68
4.1.
CONSIDERAÇÕES ÉTICAS...................................................................
68
4.2.
CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO.......................................................
68
4.3
POPULAÇÃO..................................................................
68
4.4.
AMOSTRA...............................................................................................
69
4.4.1
Critérios de Inclusão................................................................................ 69
.
4.4.2
Critérios de Exclusão............................................................................... 69
.
4.5.
OBTENÇÃO DOS DADOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS........
70
4.5.1
Sistema de Estadiamento Clínico (TNM).............................................
70
4.6.
ESTUDO MORFOLÓGICO....................................................................
73
4.7.
ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO..................................................
75
4.7.1
Método imuno-histoquímico................................................................
75
Análise imuno-histoquímica...............................................................
78
4.8
CALIBRAÇÃO INTER-EXAMINADOR.............................................
79
4.9.
ELENCO DE VARIÁVEIS....................................................................
79
4.10.
ANÁLISE ESTATÍSTICA.......................................................................
82
5.
RESULTADOS.....................................................................................
84
5.1.
PERFIL DA AMOSTRA........................................................................
84
5.2.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS............................................
86
5.3.
RESULTADOS IMUNOISTOQUÍMICOS............................................
88
6.
DISCUSSÃO........................................................................................
108
7.
CONCLUSÃO.......................................................................................
131
REFERÊNCIAS........................................................................................
133
APÊNDICES.............................................................................................
159
.
4.7.2
.
.
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
O carcinoma epidermóide oral (CEO) é a neoplasia maligna mais comum da
cabeça e pescoço, e uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o
mundo, sendo diagnósticados em média 275 000 novos casos (JEMAL et al., 2006).
Apesar dos avanços na detecção e diagnóstico precoce, a sobrevida em 5 anos para
pacientes com esta doença manteve-se em 50% nos últimos 30 anos (SHINRIKI et al.,
2012). Este câncer pode originar-se em qualquer parte da cavidade oral, como língua,
lábio, assoalho bucal, mucosa jugal, gengiva e palato, sendo que as localizações
anatômicas mais acometidas variam geograficamente, refletindo a exposição a diferentes
fatores de risco de acordo com a população estudada (SCULLY e BAGAN, 2009;
JOHNSON et al., 2010).
Esta neoplasia apresenta comportamento agressivo e uma tendência à invassão
óssea, sendo caracterizada por alto grau de invasividade local e potencial metastático. A
invasão do CEO em ossos maxilar e mandibular é um problema clínico comum (TANG
et al., 2008), que geralmente requer ressecção cirúrgica, levando ao comprometimento na
função dos maxilares (CHUANG et al., 2009) e um pior prognóstico (ISHIKURO et al.,
2008). Embora tenha havido alguns avanços nas pesquisas, o mecanismo preciso pelo
qual o CEO invade o osso permanece incompletamente descrito. Acredita-se que o
processo de invasão óssea ocorra por interações entre tumor-hospedeiro, por extensão
direta. Apesar de algumas controvérsias que ainda existem, alguns estudos sugerem que
a destruição óssea, invasão e metástase do CEO são mediadas por osteoclastos e não
diretamente por células do carcinoma (TANG et al., 2008).
Os osteoclastos são células multinucleadas responsáveis pela reabsorção óssea,
que podem ser encontrados com mais facilidade no osso invadido por células malignas
(CHUANG et al., 2009). A osteoclastogênese é regulada por um complexo sistema de
sinalização que envolve três moléculas essenciais da família do fator de necrose tumoral
(TNF), o ativador do receptor NF-kB (RANK), o ligante RANK (RANKL) e
osteoprotegerina (OPG) (ISHIKURO et al., 2008). As interações entre RANKL e RANK
induzem a diferenciação dos pré-osteoclastos em osteoclastos, causando reabsorção
óssea. No entanto a OPG, um receptor chamariz para RANKL, que compete com o
RANK, protege contra a destruição óssea. A Osteoclastogênese é, portanto, modulada por
um equilíbrio entre OPG e RANKL (CHUANG et al., 2009), sendo este equilíbrio
fundamental para a regulação da diferenciação e função dos osteoclastos (ISHIKURO et
al., 2008).
Para explorar os fatores que contribuem para à reabsorção óssea causada pelo
câncer, vários grupos de pesquisa, “in vitro” e em animais, têm investigado a expressão
de moléculas liberadas por células tumorais que regulam a expressão do RANKL e OPG,
como a: interleucina (IL)-1b, IL-6, IL-8 (YUVARAJ et al., 2009), fator de necrose
tumoral- α, e proteína relacionadas ao hormônio da paratireóide (PTHrP), a calcitonina
e estrogênio, em CEO humanos (TADA et al., 2009). Dentre estas, a IL-6 é uma citocina
importante que estimula a reabsorção óssea mediada por osteoclastos por induzir a
expressão de RANKL nas células osteoblásticas. Apesar disto, tem se investigado
extensivamente seu papel na formação de osteoclastos associados ao CEO (KAYAMORI
et al., 2010).
Diante destes estudos enfatizando a importância do RANKL, OPG e IL-6 na
osteoclastogênese, esta pesquisa visa comparar a expressão do RANKL, OPG, e IL-6,
através da técnica imuno-histoquímica, em CEO de palato duro e língua e correlacionalas com parâmetros clinicopatológicos. Na tentativa de avaliar o papel desses marcadores
e sua a associação com a reabsorção óssea.
REVISÃO DA LITERATURA
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. CARCINOMA EPIDERMOIDE ORAL
2.1.1. Considerações epidemiológicas e etiologicas
No Brasil, excluindo-se o câncer de pele, o câncer oral e de faringe representam o
quinto em incidência de câncer entre os homens e o sexto entre as mulheres. E segundo
dados do INCA (2012), as estimativas deste tipo de neoplasia para este ano, correspondem
a 14.170 novos casos no total geral, sendo 9.990 destes em homens e 4.180 em mulheres.
Para estado do Rio Grande do Norte foram previstos 190 casos, sendo 55 destes casos na
capital, a incidência prevista é de 5 a 7% de todas as neoplasias malignas.
O carcinoma epidermóide oral, também denominado de carcinoma de células
escamosas ou carcinoma espinocelular, representa mais de 90% de todos os tumores
malignos que acometem as estruturas orais e inclui os cânceres de lábio e de cavidade
oral - mucosa jugal, gengivas, palato duro, língua e assoalho de boca (JOHNSON et al.,
2005; MAROCCHIO et al., 2010; MARTIN et Al.; 2012). Conforme definição da
Organização Mundial de Saúde (OMS), o carcinoma epidermóide oral se caracteriza por
uma neoplasia epitelial invasiva com variados graus de diferenciação escamosa e uma
propensão a metástases linfonodais precoces (JOHNSON et al., 2005).
Dentre os cânceres, o CEO acorre principalmente em comunidades de baixa renda
e pessoas mais velhas, sendo 90% acima de 45 anos de idade (IARC, 2003). E acomete
duas vezes mais homens que mulheres, na maioria países, fato este que pode ser
justificado pelos homens tenderem a serem mais usuários de tabaco e álcool (MUIR E
WEILAND, 1995; OTOH et al., 2005).
Os fatores de risco envolvidos na etiologia do carcinoma epidermóide oral podem
ser divididos em fatores extrínsecos e intrínsecos. Os fatores extrínsecos são o tabaco,
álcool, vírus e a radiação ultravioleta (UV), principalmente para os carcinomas de lábio
inferior. Já os fatores intrínsecos incluem alterações genéticas, hábitos alimentares, estado
imunológico e saúde oral geral (McDOWELL, 2006; AMTHA et al., 2009; BAGAN;
SCULLY, 2009). Contudo, para o seu desenvolvimento, se faz necessária uma associação
destes fatores, tendo em vista ser o carcinoma epidermóide oral uma doença de etiologia
multifatorial (CURADO; HASHIBE, 2009; SCULLY; BAGAN, 2009).
Estudos epidemiológicos associando a exposição a fatores de risco e o CEO
evidenciam uma maior prevalência destes tumores em homens entre a sexta e sétima
décadas de vida, por ser este grupo mais exposto, com o passar dos anos, aos fatores de
risco (MOORE et al., 2000; NEVILLE et al., 2009). Porém, estudos recentes têm
apresentado resultados diferentes em relação à frequência de câncer oral. Uma diminuição
na incidência de carcinoma epidermóide oral em homens e um aumento entre as mulheres
e grupos jovens têm sido observados (DAHLSTROM et al., 2008, MAROCCHIO et al.,
2010). Este fato pode ser atribuído às mudanças nos hábitos das mulheres como o
consumo de álcool e tabaco, aumento na expectativa de vida e aumento de infecção pelo
HPV (DURAZZO 2005, PAPAGEORGE 2007, CURADO, HASHIBE, 2009, PATEL
2011).
Com relação aos sítios anatômicos, esta neoplasia acomete principalmente língua
e lábios, podendo acorrer em outras localizações como assoalho, mucosa jugal, gengiva
e palato (KERDPON, SRIPLUNG, 2001). No entanto, os sítios anatômicos mais
acometidos variam geograficamente, refletindo a exposição a diferentes fatores de risco
de acordo com a população estudada (SASAKI et al., 2005; CHOI et al., 2006;
JOHNSON et al., 2010). Como destacaram Scully e Bagan (2009), houve mudança nos
padrões tanto do câncer de lábio inferior como do intra-oral, pois ocorreu uma diminuição
na incidência do câncer de lábio no gênero masculino, nos últimos 30 anos. Assim como,
a língua tem sido o principal sítio de acometimento na Inglaterra, Estados Unidos e
Coréia, provavelmente pelo consumo associado de tabaco e álcool (OLIVER;
HELFRICK; GARD, 1996;). E na Ásia, a mucosa jugal é a localização mais comum,
devido ao hábito de mascar betel (FRITZ et al., 2000; IAMAROON et al., 2004). Já em
países tropicais como Austrália e Brasil, a alta incidência de carcinoma epidermóide de
lábio inferior se deve principalmente à intensa exposição solar a que essa população está
submetida (COSTA et al., 2002
2.1.2. Considerações clínicopatológicas
O carcinoma epidermóide oral possui apresentação clínica variável, incluindo as
formas leucoplásica, eritroplásica, eritroleucoplásica e úlceras nos padrões de
crescimento exofítico e endofítico. No estágio inicial apresenta-se como uma mácula ou
placa eritematosa ou leucoplásia bem delimitada. Com o passar do tempo essas placas
tornam-se espessas com fissuras mais profundas, numerosas e desenvolvem
irregularidades maiores na superfície. (CAMPISI et al., 2006; MCDOWELL, 2006;
NEVILLE et al., 2009).
Histologicamente, o carcinoma epidermóide oral caracteriza-se como uma
proliferação de células epiteliais malignas que invadem o tecido conjuntivo, dispostas
isoladamente ou em grupos celulares, podendo formar cordões, ninhos e lençóis por vezes
crescendo como entidades independentes dentro do conjuntivo. As células neoplásicas
exibem hipercromatismo, pleomorfismo nuclear e celular, aumento do número de figuras
de mitose, típicas ou atípicas (JONHSON et al., 2005; NEVILLE et al., 2009; BATISTA
et al., 2010).
A agressividade desses tumores, de acordo com os estudos, está relacionada com
diferentes fatores, incluindo tamanho e localização anatômica do tumor, grau histológico,
nível de envolvimento dos tecidos vizinhos e presença de metástase no momento do
diagnóstico (KADEMANI et al., 2005; MASSANO et al., 2006; SILVEIRA et al., 2007).
Logo, a padronização de dados que possibilitem a classificação dos tumores de uma
determinada localização anatômica e norteiem a conduta terapêutica para as diferentes
apresentações dos cânceres em geral, são de grande valia para a seleção e avaliação do
tratamento, bem como estabelecimento do prognóstico dos tumores.
O sistema de estadiamento clínico de tumores (TNM) tem sido o padrão de
classificação adotado para caracterizá-los e propor a terapia mais adequada, assim como,
estimar a sobrevida dos pacientes (LOURENÇO et al., 2007). Este sistema foi
desenvolvido por Pierre Denoix na França, entre os anos de 1943 e 1952 e, atualmente,
encontra-se em sua sexta edição (KREPPEL, 2010). Este sistema está baseado na
avaliação de três componentes para descrever a extensão anatômica da doença: T extensão do tumor primário; N - ausência ou presença e a extensão de metástase em
linfonodos regionais e M - ausência ou presença de metástase à distância. A adição de
números a estes três componentes indica a extensão da doença maligna. Assim temos:
T0, T1, T2, T3, T4 | N0, N1, N2, N3 | M0, M1. Após definir as categorias T, N e M, elas
podem ser agrupadas em estádios (SOBIN; WITTEKIND, 2002; WITTEKIND et al.,
2002). Para o carcinoma epidermóide oral, o grupamento por estádios inclui os níveis I,
II, III, IVa, IVb e IVc. Os estádios I e II são considerados de melhor prognóstico em
comparação aos estádios III e IV que representam a doença avançada (AMAR et al.,
2003).
De acordo com Warnakulasuriya (2009), o carcinoma epidermóide oral
permanece como uma doença letal em mais de 50% dos casos diagnosticados anualmente,
principalmente pelo fato destes estarem em estadiamentos avançados no momento da
detecção. Fato este que é demonstrado em estudos que relatam uma preocupante falta de
conscientização sobre o câncer oral, em relação aos seus sintomas e causas e estas lacunas
no conhecimento precisam ser abordados, principalmente nos grupos de alto risco (CHEN
et al., 2010). O pobre prognóstico reflete uma compreensão limitada dos mecanismos de
invasão local e regional e metástase presente numa porção significativa dos pacientes, em
conjunto com uma resposta insatisfatória à terapia sistêmica convencional em diferentes
estágios da doença (HADDAD et al., 2008; BERNIER et al., 2009)
No entanto, existem casos diagnosticados em estádios iniciais, tratados
corretamente, e que, contudo, evoluem rapidamente ao óbito, não condizendo com a
indicação clínica do TNM. Diante destes fatos, suscitou a instituição de outros fatores
prognósticos para suplementar o sistema (LOURENÇO et al., 2007; COSTA; ARAÚJO;
RAMOS, 2005). Assim, os sistemas de gradação histológica de malignidade (SGHM)
para o carcinoma epidermóide oral surgiram com o intuito de fornecer conhecimentos
adicionais que pudessem explicar o comportamento biológico discrepante de tumores
com características clínicas semelhantes (LOURENÇO et al., 2007). Esse conjunto de
informações contribuiria para uma melhor previsibilidade do prognóstico e sobrevida dos
pacientes, através do delineamento do tratamento adequado para cada caso
(ANNEROTH; BATSAKIS; LUNA, 1987). E para Bryne (1998), as características
morfológicas e moleculares na área do front de invasão do carcinoma epidérmoide oral,
podem refletir melhor o prognóstico destes tumores, já que vários eventos moleculares
importantes ocorrem na interface tumor-hospedeiro, citando-se aumento da proliferação
celular, perdas e ganhos de moléculas de adesão, secreção de enzimas proteolíticas e
angiogênese.
Jimi et al. (2011) ao revisar os mecanismos moleculares e celulares de invasão
óssea pelo carcinoma epidermóide oral observaram que o padrão histológico de invasão
da mandíbula parecem correlacionar-se com o comportamento clínico. Entatizando que,
as lesões infiltrativas são mais propensas a ter recorrência primária, regional e distante. E
tem sido sugerido que o padrão erosivo no carcinoma epidermóide oral se estende de um
modo mais previsível e podem ser tratados com mandibulectomias marginais, em vez de
ressecção segmentar. Portanto, a identificação dos padrões histológicos distintos levantou
a possibilidade de que cada padrão pode apresentar um comportamento diferente.
Isihikuro et al. (2008) investigaram o padrão histológico de invasão óssea
mandibular de 97 casos de carcinoma epidermoide oral da gengiva, sendo 52 casos com
padrão errosivo de invasão óssea e 45 casos com padrão infiltrativo, na tentativa de
encontrar correlação com os fatores clinicos (TNM) e histológicos (grau de diferenciação,
fibroblastos, células inflamatórias e osteoclastos). Os resultados não demostraram
correlação significativa entre o padrão de invasão óssea e os fatores clínicos, embora 89%
dos casos com padrão de invasão errosiva tinham menos de 4 cm (T1 e T2) e 40% dos
cados com padrão infiltrativo tinham mais de 4cm (T3 e T4), sugerindo que o padrão de
invasão erosivo e infiltrativo representam fases diferentes do desenvolvimento do tumor.
Na análise histológica foi encontrada correlação significativa apenas entre o padrão
infiltrativo de invasão óssea e o elvado número de osteoclástos e fibroblastos na interface
tumor-osso, sugerindo que a destruição óssea, pelo carcinoma epidermóide oral, com
padrão de invasão infiltrativo é mais agressivo devido ao elevado número de osteoclastos.
Isihikuro et al. (2008) destacam ainda, que a importante descobertas deste estudo
histopatológico foi que as células tumorais não exibiram nenhum contato direto com os
osteoclastos e osso adjacente, e que o estroma fibroso estava presente em todos os casos,
entre as células tumorais e a reabsorção óssea. Concluíram, portanto que o contato direto
das células tumorais com os osteoclastos ou superfície óssea não é necessária para
promover reabsorção óssea osteoclástica no local da invasão tumoral, assim como, o
estroma fibroso está envolvido na reabsorção óssea osteoclástica.
Com relação a sobrevida, a pesquisa de Wong et al. (2000) obseraram que a
porcentagem de pacientes livres da doença, três anos após o tratamento de carcinoma
epidermoide oral, com padrão de invasão óssea infiltrativo foi de 30%, já para o padrão
erosivo a sobrevida aumentou 73%, destacando que a determinação patológica pósoperatório do padrão de invasão óssea fornece informação prognóstica importante e,
portanto, devem ser rotineiramente comentado por patologistas ao analisar casos com
invasão mandibular.
Shibahara et al (2002) realizaram uma análise histopatológica retrospectiva de
pacientes com CEO na gengiva e observaram que o tumor não invadiu a mandíbula em
60% dos pacientes, apesar da estreita proximidade da lesão à mandíbula. E na pesquisa
de Totsuka et al. (1991) observaram que alguns pacientes, no entanto, mostraram
evidências de infiltração agressiva das células tumorais na mandíbula. Contudo, não foi
possível identificar no pré-operatório, a partir dos achados clínicos, se invasão óssea
estava presente e o grau de malignidade. Os pesuisadores concluíram que há necessidade
de uma análise mais acurada. Como enfatiza Totsuka et al. (1991), ao identificar que o
diagnóstico radiográfico é inadequado e que o desenvolvimento de uma nova técnica de
diagnóstico que permite a estimativa precisa da extensão da invasão mandibular pelo
tumor é necessário.
A avaliação da invasão mandibular ou maxilar pelo carcinoma epidermoide oral,
através da inspeção radiografica, revela que em alguns pacientes, o tumor causa
reabsorção invasiva da mandíbula, em outros, está em contato com a mandíbula, mas não
demonstra progressão invasiva (TOTSUKA et al., 1999). A capacidade deste tumor de
invadir o osso é um evento crítico, que pode leva à metástase, afetando o prognóstico dos
pacientes (FURUTA et al., 2012). Segundo JIMI etal. (2011), o desenvolvimento de uma
abordagem terapeutica para evitar o desenvolviemto do processo de invasão óssea, é
fundamental, pois este processo é crítico na determinação do prognóstico.
Estudos clinicopatológicos têm relatado que a reabsorção óssea por osteoclastos é
um procedimento importante durante o processo de invasão dos tumores, como nos
carcinomas orais. As células cancerosas invadem os tecidos circundantes, a fim de
ampliar a massa tumoral pela secreção de enzimas proteolíticas. Desta maneira, a
reabsorção óssea osteoclástica fornece espaço e os nutrientes necessários para o
desenvolvimento de células cancerígenas no osso (WANG et al., 2004; UCHIDA, 1998).
O processo de invasão consiste das interações entre tumor-hospedeiro (SEMBA
et al., 1996). Embora tenha havido alguns avanços, o mecanismo preciso pelo qual o
carcinoma epidermóide oral invade o osso permanece incompletamente descrito (WONG
et al., 2000; BROWN et al., 2002). Entretanto acredita-se que a invasão óssea ocorra por
extensão direta e não por metástase (SEMBA et al., 1996). De maneira que, apesar de
algumas controvérsias que ainda existam, a destruição óssea associada à invasão é
mediada por osteoclastos, e não diretamente pelas células do carcinoma (GUISE e
MUNDY, 1998).
Estudos recentes têm demonstrado que a reabsorção óssea por osteoclastos é um
passo importante no processo de invasão ossea e metástase em vários tipos de
malignidade (YUVARAJ et al., 2009), indicando que um entendimento completo do
regulamento de osteoclastogênese por células cancerigenas é necessário para evitar a
invasão das mesmas. Desta maneira, vários experimentos em animais e in vitro utilizando
células cancerigenas têm mostrado que estas produzem várias citocinas, incluindo a
interleucina-6 (IL-6), IL- 11, TNFa e proteína relacionadas ao hormônio da paratireóide
(PTHrP). Estas citocinas regulam a expressão do receptor ativador do fator nuclear-JB
ligante (NF-JB), (RANKL) e osteoprotegerina, que estão relacionadas com a
osteoclastogênese (FURUTA et al., 2012).
2.2. REMODELAÇÃO ÓSSEA
2.2.1. Considerações gerais
Os ossos do esqueleto humano desempenham várias funções, incluindo o suporte,
a protecção dos órgãos internos, proporcionando um reservatório de cálcio e de fosfato e
serve como fonte para todas as células sanguíneas. O tecido ósseo é constituído por
células vivas embebidas numa matriz orgânica mineralizada. Existem dois tipos
principais de células ósseas: osteoblastos (células formadoras de osso) e os osteoclastos
(células de reabsorção óssea) (KARSENTY, 2003). Componentes estruturais de osso
incluem osso cortical e osso trabecular. O osso cortical, também conhecido como o osso
compacto representa cerca de 80% da massa óssea total, e encontra-se em grande parte
nas hastes dos ossos longos e sua função principal é mecânica. O osso trabecular, também
conhecido como osso esponjoso, é composto por finas placas ósseas preenchidas com
medula hematopoiética, contendo gordura e vasos sanguíneos. As superfícies de osso
trabecular são importantes para a remodelação óssea local (PRICE et al., 1993;
BERENSON et al., 2006).
A superfície externa do osso cortical é recoberta pelo periósteo, uma fina estrutura
vascular com uma camada fibrosa externa composta por fibras de colagénas e fibroblastos
e uma camada interna composta por células osteoprogenitoras achatadas, que podem se
diferenciar em osteoblastos (NATHER et al., 2005). O endósteo, o qual reveste a
superfície interna do osso, é composto de células osteoprogenitoras e uma pequena
quantidade de tecido conjuntivo. Tanto o periósteo quanto o endósteo proporcionar um
fornecimento contínuo de novas células osteoprogenitoras e osteoblastos para o
crescimento de osso e reparo. A matriz óssea é composta tanto da matéria orgânica e de
matéria inorgânica. A matéria orgânica inclui fibras de colágeno tipo I composto por
feixes de fibrilas e incorporado em uma substância fundamental contendo proteoglicanos
e glicoproteínas. A matéria inorgânica é um análogo de fosfato de cálcio hidroxiapatita
chamado. A dureza do osso é devido à associação da hidroxiapatite com fibras de
colagénio (BERENSON et al., 2006).
O osso é um tecido dinâmico que permanentemente está sendo renovado como
um mecanismo intrínseco de se regenera e como um meio de integrar os vários produtos
químicos, hormonais e estímulos externos biomecânicos. Em nível celular, a remodelação
óssea segue uma sequência de repetidos ciclos de reabsorção pelos osteoclastos, os quais
derivam da linhagem de monócitos e macrófagos, seguidos pela formação óssea pelos
osteoblastos, que são provenientes de células mesenquimais pluripotentes (HOFBAUER,
HEUFELDER, 2001).
O processo normal pelo qual os osteoblastos e osteoclastos destroem o osso e
forma novo osso existente é chamado de remodelação óssea. Os ossos são continuamente
remodelados como um mecanismo para manter a força óssea e integridade. A massa óssea
é mantida constante através de um equilíbrio da ação de osteoclastos e osteoblastos, em
um processo multifásico, que inicialmente, os osteoclastos reabsorvem a matriz óssea, e,
em seguida, os osteoblastos formam matriz óssea no mesmo local (BARON, 1999; BUIJS
et al., 2009). Na fase de ativação, os osteoclastos migram para um local específico do
esqueleto. Na fase de reabsorção ocorre erosão por estas células (um processo chamado
também osteólise). E a fase seguinte, a inversão, é caracterizada por apoptose dos
osteoclastos. Finalmente, na fase de formação, novo osso é depositado por osteoblastos
(KHOSLA, 2001; BERENSON et al., 2006).
A remodelação óssea normal mantém o equilíbrio adequado entre a ação dos
osteoclastos (células da reabsorção óssea) e osteoblastos (células formadoras de osso).
Em certas condições ósseas, como nas neoplasias ósseas, incluindo metástases ósseas,
ocorre alteração neste equlíbrio, promovendo a formação elevada de osteoclastos,
acelerando assim a reabsorção óssea e induzir a perda óssea (BERENSON et al., 2006;
COCHRAN, 2008).
O estudo realizado por Epker e Frost (1965) foi um dos pioneiros a demonstrar
que interações entre osteoblastos e osteoclastos seriam essenciais à remodelação óssea.
Atualmente, sabe-se que o equilíbrio entre as atividades osteoclástica e osteoblástica é
regulado por fatores físicos, como a estimulação mecânica e por diversos polipeptídeos,
como hormônios e citocinas (BOYCE; XING, 2008; ANANDARAJAH, 2009).
A reabsorção óssea pelos osteoclastos desintegra o colágeno (que é o principal
componente orgânico do tecido ósseo) e libera cálcio e fatores de crescimento a partir da
matriz óssea. Noventa por cento das proteínas libertadas consiste da degradação dos
produtos do colágeno, enquanto os restantes 10% são das citocinas da matriz e fatores de
crescimento (MANOLAGAS e JILKA, 1995).
É importante ressaltar que a matriz óssea é considerada como um armazém de
fatores de crescimento e citocinas. Grande quantidade de fator de crescimento
transformante-b (TGF-b) e fator de crescimento de insulina (IGF) II, juntamente com o
fator de crescimento de fibroblastos (FGF), fator de crescimento derivado de plaquetas
(PDGE) e outras citocinas são produzidas pelas células do estroma e imunológicas e são
armazenados dentro da matriz óssea mineralizada (MUNDY 1993; MANOLAGAS e
JILKA 1995; AZIM et al., 2012). Embora chamados ''fatores de crescimento'', não
necessariamente induzem diretamente a proliferação de células malignas, pois podem,
indiretamente, promover a angiogênese e osteoclastogênese, que por sua vez iria
remodelar o osso para estimular o crescimento do tumor (ROODMAN, 1999; GUISSE et
al., 2006).
Os osteoclastos são células especializadas derivadas da linhagem hematopoiética
de macrófagos-monócitos que se aderem, e uma vez ativadas, degradam a matriz óssea
(BOYLE et al., 2003; TEITELBAUM, 2007). Reabsorvem o osso através da geração de
um microambiente isolado entre as células da membrana plasmática e a superfície óssea
na qual a matriz mineralizada é mobilizada por um meio ácido, e a matriz orgânica é
degradada pela protease lisossomal catepsina K (TEITELBAUM, 2007).
A reabsorção óssea é um processo de múltiplas etapas, iniciando-se com
proliferação de precursores dos osteoclastos imaturos, seguindo com a diferenciação e
maturação desse tipo celular, e finalmente a degradação das matrizes orgânicas e
inorgânicas do tecido ósseo (TEITELBAUM, 2000). A osteoclastogênese é regulada por
uma cascata de eventos que envolvem a participação de moléculas e citocinas próinflamatórias, que apresentam um papel crucial em lesões patológicas que envolvem
inflamação crônica (COCHRAN, 2008).
Jimi et al. (1996) e Takahashi et al. (1998) descreveram as primeiras evidências
de que contatos célula-célula seriam necessários à indução da osteoclastogênese. Nestes
estudos, constatou-se que a co-cultura de osteoblastos e precursores osteoclásticos
resultava na formação de osteoclastos funcionais. Entretanto, quando estas populações
celulares foram separadas por uma membrana seletiva, que permitia a passagem de fatores
solúveis, mas não possibilitava a passagem de células, não houve formação de
osteoclastos. Com base nessas evidências, sugeriu-se que o processo de osteoclastogênese
envolvia a interação de ligantes, presentes nas membranas citoplasmáticas dos
osteoblastos, com receptores existentes na membrana celular dos osteoclastos.
A partir destes relatos, várias pesquisas buscaram identificar fatores envolvidos
na interação osteoblasto-osteoclasto. Dessa forma, entre 1997 e 1998, foram descobertas
moléculas pertencentes ao grupo de receptores e ligantes relacionados ao TNF,
representadas pelo RANK, RANKL e OPG, que seriam essenciais ao processo de
remodelação óssea (ANDERSON et al., 1997; SIMONET et al., 1997; TSUDA et al.,
1997; LACEY et al., 1998; YASUDA et al., 1998b).
2.2.2. Participação do sistema RANK / RANKL / OPG na remodelação óssea
O ciclo de remodelação óssea é regulado por uma variedade de fatores locais e
sistémicos. Recentes achados sobre a via RANKL/RANK/OPG têm esclarecido o
envolvimento dessas proteínas como sendo moléculas chaves na regulação do
metabolismo ósseo e biologia da reabsorção óssea. A formação, diferenciação e atividade
dos osteoclastos são reguladas por essas três proteínas que são membros da superfamília
dos ligantes e receptores do fator de necrose tumoral (TNF) (LU et al., 2006; ANDRADE
et al., 2008; COCHRAN, 2008).
O RANK é um receptor transmembrana (de superfície celular) do tipo 1
pertencente a superfamília de receptores do TNF que está presente em células precursoras
de osteoclastos, células dendríticas, fibroblastos e células T. Estruturalmente, é um
peptídeo de 616 aminoácidos, composto por proteína que apresenta um peptídeo
sinalizador (28 aminoácidos), um domínio extracelular N-terminal (184 aminoácidos),
um domínio transmembrana (21 aminoácidos) e um grande domínio citoplasmático C-
terminal (383 aminoácidos) ( THEOLEYRE et al., 2004; KEARNS; KHOSLA;
KOSTENUIK, 2008). Encontra-se expresso e produzido pelos osteoblastos ligado à
membrana ou clivado na forma solúvel, e é também produzido por outros tipos celulares
incluindo fibroblastos, linfócitos T e B, células dendríticas condrócitos, células
endoteliais e células epiteliais de glândulas mamárias (ANDERSON et al., 1997;
NAKAGAWA et al., 1998; HSU et al.,; BUCAY et al., 1998; MIN et al., 2003;
SRIVASTAVA et al., 2003; THEOLEYRE et al., 2004; ANDRADE et al., 2008;
LEIBBRANDT; PENNINGER, 2008).
A ativação do RANK pelo RANKL é seguida por sua interação com membros da
família dos receptores associados ao TNF (TRAF), ativação do NF-кB e c-Fos que estão
relacionados com o processo de maturação osteoclástica (KHOSLA, 2001). Quando
ativado promove a maturação dos osteoclastos pelo aumento da expressão de genes
específicos (ANDRADE et al., 2008; HOFBAUER, 2006; KHOSLA, 2001; MENEZES
et al., 2006; LU et al., 2006; COCHRAN, 2008). Se destaca, portanto, como uma proteína
necessária e importante na osteoclastogênese, pois se liga ao RANK presente na
superfície dos pré-osteoclastos e osteoclastos, estimulando a diferenciação dos
progenitores osteoclastos e a ativação dos osteoclastos maduros, além de inibir a apoptose
dos osteoclasto (CROTTI et al., 2003; LU et al., 2006).
O RANKL é um peptídeo de 317 aminoácidos da família do TNF expresso de
forma distinta como uma citocina de membrana celular ou liberado como fator solúvel
por diversos tipos celulares, como linfócitos T e osteoblastos (BOYCE; XING, 2008;
HOFBAUER, 2006; TYROVOLA et al., 2008). Enquanto a forma ligada à superfície
celular é mais comum e expressa por vários tipos celulares, a forma secretada é limitada
às células T ativadas e linhagens celulares de carcinoma de células escamosas
(HOFBAUER; HEUFELDER, 2001; TYROVOLA et al., 2008; WITTRANT et al.,
2004).
Os efeitos biológicos do RANKL são produzidos quando ele se liga ao RANK na
superfície dos pré-osteoclastos resultando na fusão, diferenciação, ativação e
sobrevivência de osteoclastos (ANDRADE et al., 2008; DOUGALL; CHAISSON, 2006;
MENEZES et al., 2006; TYROVOLA et al., 2008). Na presença de concentrações
permissivas de M-CSF, RANKL estimula a diferenciação, proliferação, fusão e ativação
de células de linhagem osteoclástica, resultando no aumento de osteoclastos ativos e em
reabsorção óssea (KHOSLA, 2001; Schneeweis et al., 2005; TYROVOLA et al., 2008).
O RANKL é considerado um estimulador de células dendríticas, agindo e atuando
como um fator de sobrevivência para células dendríticas e modulando a ativação de
células T maduras. Estas atividades são associadas com a ativação do NF-κB após a
ligação do RANKL ao seu receptor de membrana RANK (BAUD’HUIN et al., 2007;
HOFBAUER; HEUFELDER, 2001).
Experimentos in vivo com RANKL promovem a ativação de osteoclastos,
ocasionando perda óssea e causando severa hipercalcemia, enquanto a deleção de
RANKL resulta na ausência de osteoclastos maduros e subsequente desenvolvimento de
osteopetrose. Deleção de RANK em roedores gera um fenótipo idêntico ao dos animais
deficientes em RANKL. Estes achados demonstram que o RANKL é um fator próreabsortivo (BAUD’HUIN et al., 2007; HOFBAUER, 2006).
Tanto o fator estimulador de colônia de granulócito-macrófago (M-CSF) quanto
o RANKL são fatores hematopoiéticos essenciais para a osteoclastogênese. Enquanto MCSF é crucial nos primeiros passos da osteoclastogênese, o RANKL é crítico para a
maturação e ativação dos osteoclastos (BOYLE et al., 2003). A expressão de M-CSF por
osteoblastos é requerida para que as células progenitoras se diferenciem em osteoclastos;
a célula sozinha é incapaz de completar este processo. M-CSF ligado à seu receptor (rMCSF ou c-Fms) funciona como um sinal primário para o desenvolvimento de osteoclastos.
A completa diferenciação dos osteoclastos requer a expressão de RANKL pelas células
osteoblásticas e de RANK pelos percussores osteoclásticos (Figura 1) (BOYCE; XING,
2008; KHOSLA, 2001).
Figura 1. Regulação da osteoclastogênese. Fonte: Adaptado de KHOSLA, 2001.
A resposta celular do RANKL depende da presença do receptor inibitório, OPG,
assim como do nível de expressão do seu receptor RANK, que é primariamente expresso
em células de linhagem macrofágica/monocítica, incluindo precursores osteoclásticos,
células T e B, células dendríticas e fibroblastos (ANDRADE et al., 2008). RANKL ativa
seu receptor específico RANK e sinaliza uma cascata de sinais que envolvem a
estimulação de c-jun, NF-kB, e quinase serina/treonina (PKB/Akt) que estão relacionados
com a proliferação, diferenciação e apoptose celular (HOFBAUER; HEUFELDER,
2001).
O maior inibidor da osteoclastogênese foi identificado simultaneamente em 19971998 pelo grupo Tsudas e companhia Amgen (BAUD’HUIN et al., 2007; BOYCE;
XING, 2008; HOFBAUER; HEUFELDER, 2001). Eles nomearam respectivamente este
novo regulador negativo da diferenciação osteoclástica como fator inibitório da
osteoclastogênese (OCIF) ou osteoprotegerina (OPG). A OPG é um peptídeo de 380
aminoácidos que pertence a família de receptores do TNF, e em contraste com todos os
outros receptores TNF necessitam de domínios citoplasmáticos e de membrana e são
secretados como proteínas solúveis (KHOSLA, 2001; TYROVOLA et al., 2008).
OPG é um receptor solúvel que atua como antagonista do RANKL (KHOSLA,
2001). É produzido por numerosos tipos celulares, incluindo células imunes,
osteoblásticas e endoteliais. É considerado um receptor inibitório para RANKL, pois
bloqueia a interação RANK/RANKL, inibindo o estágio terminal de diferenciação
osteoclástica e, assim resultando numa diminuição da reabsorção óssea (BAUD’HUIN et
al., 2007; HOFBAUER, 2006).
Os efeitos do RANKL são contrários aos da osteoprotegerina (OPG). RANKL e
OPG são regulados por vários hormônios (glicocorticóides, vitamina D, estrógeno),
citocinas (fator de necrose tumoral alfa, interleucinas 1, 4, 6, 11, e 17), e vários fatores
transcripcionais mesenquimais (como cbf-a, por exemplo) (HOFBAUER; HEUFELDER,
2001).
Estudos in vitro demostram que os efeitos da OPG incluem inibição da
diferenciação, sobrevivência e fusão osteoclástica; assim como, a estimulação da
apoptose de osteoclastos, reduzindo desse modo a capacidade de reabsorção óssea
(HOFBAUER, 2006; KATAGIRI; TAKAHASHI, 2002; KHOSLA, 2001; TYROVOLA
et al., 2008). A super-expressão da OPG em camundongos ou administração da OPG em
roedores inibe a osteoclastogênese, ativação de osteoclastos e a reabsorção óssea,
resultando em um fenótipo osteopetrótico. Por outro lado, a deleção da OPG foi associada
com acentuada osteoclastogênese, aumento da reabsorção óssea e osteoporose massiva
(HOFBAUER, 2006; KATAGIRI; TAKAHASHI, 2002; KHOSLA, 2001).
O papel da OPG foi demonstrado por intermédio de experimentos com
camundongos transgênicos e knock-out. Camundongos knock-out em OPG desenvolviam
uma grande diminuição da densidade e do volume ósseo e sofriam de osteoporose
associado com uma alta incidência de fraturas e deformidade nas vértebras. Esta
osteoporose induzida era totalmente revertida pela injeção intravenosa de OPG
recombinante. Isto demonstra que a presença da OPG é essencial para a manutenção da
massa óssea em situações fisiológicas funcionando como um poderoso agente
osteoprotetivo (BAUD’HUIN et al., 2007; KATAGIRI; TAKAHASHI, 2002).
O papel osteoprotetor da OPG também tem sido suportado pela deleção parcial da
OPG em pacientes com Doença de Paget juvenil, uma doença autossômica recessiva onde
os indivíduos afetados têm um aumento na remodelação óssea, osteopenia e fraturas
(BOYCE; XING, 2008). Um aumento da atividade do RANKL, associado a uma
diminuição da atividade regulatória da OPG, tem sido implicado em diversas doenças
como osteoporose, artrite reumatóide e doença periodontal. (ANDRADE et al., 2008;
SILVA et al., 2008; HOUFBAUER; HEUFELDER, 2001; MENEZES et al., 2006;
VERNAL et al., 2006).
A reabsorção e formação ósseas são reguladas pela relativa concentração do
RANKL expresso por várias células, bem como do receptor RANK no precursor do
osteoclasto e do receptor solúvel OPG. Quando a expressão de RANKL é relativamente
elevada em relação ao OPG, RANKL fica disponível para ligar-se ao RANK no precursor
do osteoclasto, inclinando o balanço a favor da ativação e formação dos osteoclastos e
reabsorção óssea, ou seja, quando o RANK liga-se ao seu ligante específico, inicia-se a
osteoclastogênese (Figura 2). A ligação do RANKL ao precursor do osteoclasto ocorre
no estágio em que as células de origem hematopoiéticas se diferenciam em unidade
formadora de colônia de granulócitos e macrófagos (CFU-M). Essa ligação no CFU-M
na presença de fator estimulante de colônia de macrófagos induz a diferenciação de préosteoclastos em células multinucledas que se tornam osteoclastos maduros (COCHRAN,
2008). Quando a concentração da OPG é relativamente maior que a expressão do
RANKL, OPG liga-se ao RANKL inibindo sua ligação ao RANK (Figura 3). Desse
modo, leva a uma redução na formação de osteoclastos e a apoptose dos osteoclastos préexistentes (COCHRAN, 2008).
Figura 2. Mecanismo de ação do RANKL expresso por vários tipos celulares e a indução da
osteoclastogênese através da sua ligação com o RANK nos precursores osteoclásticos. Fonte:
Adaptado de COCHRAN, 2008.
Figura 3. Abundância de OPG em relação ao RANKL, inibindo a ligação do RANKL ao RANK, resultando
em redução da osteoclastogênese e promoção da apoptose de osteoclastos existentes. Fonte:
Adaptado de COCHRAN, 2008.
Pesuisadores afirmam que a reabsorção patológica, pelo menos em parte, ocorre
devido ao aumento do número de precursores de osteoclastos (LI et al., 2004; BOYCE;
XING, 2008; KHOSLA, 2001). Essa hipótese é suportada pela evidência de que um
elevado número de precursores de osteoclastos foi identificado no sangue periférico de
doentes afetados por mieloma múltiplo, doença de Paget, e artrite psoriática (Ritchlin et
al., 2003; Gregoretti et al., 1995; Demulder etal., 1982). E pelo conhecimento de que na
fase inicial das doenças, com envolvimento ósseo, os precursores de osteoclastos
expressam c-fms, que é o receptor celular para o fator estimulante de colónias dos
macrófagos (M-CSF), necessários para o desenvolvimento dos osteoclastos (Arai et al.,
1999).
No entanto estudos relatam que a osteoclastogênese pode ser estimulada por
mecanismos independentes do RANKL. Como observado no estudo de Kobayashi et al.
(2005) in vitro com ratos que o TNF-α pode estimular osteoclastogénese por um
mecanismo independente do RANKL em macrófagos da medula óssea dos ratos. A
pesquisa de Azuma et al. (2000), em modelos humanos, identificaram que na presença de
fator estimulante de colônias dos macrófagos (M-CSF), o TNF-α é suficiente para induzir
a diferenciação de precursores de osteoclastos, por um processo independente de
RANKL. No estudo de Sabokbar et al. (2003) sobre a reabsorção óssea em osteólise
periprostética, foi demonstrado que o TNF-α pode promover osteólise induzindo
diretamente macrófagos para se diferenciarem em osteoclastos.
Os efeitos do RANKL são bloqueados por receptores solúveis como a OPG.
Estudos in vitro e in vivo têm mostrado que a tríade RANK/RANKL/OPG são essenciais
para a vida dos osteoclastos e ainda, como mediadores de doenças ósseas, sendo
importantes alvos moleculares para o diagnóstico e intervenção terapêutica
(HOFBAUER; HEUFELDER, 2001).
Acredita-se que o equilíbrio entre a expressão do RANKL e OPG seja
fundamental para a regulação da diferenciação e função dos osteoclastos (Tada et al.,
2009). Como suportado pelas pesquisas de Bucay et al. (1999) e kong et al. (1999) ao
observarem que a disfunção destes dois genes em ratos resultou em osteopetrose grave
devido à ausência de osteoclastos e osteoporose pelo aumento do número de osteoclastos,
respectivamente. Em diversos modelos animais de doenças ósseas malignas e benignas,
a administração da proteína OPG ou de RANK solúvel foi capaz de neutralizar o RANKL
e assim, prevenir a reabsorção óssea e reduzir a perda óssea (KHOSLA, 2001).
Anormalidades na razão RANKL/OPG têm sido implicadas na patogênese da
osteoporose pós menopausa, artrite reumatóide, doença de Paget, doença periodontal,
tumores ósseos benignos e malignos, metástases ósseas e hipercalcemia maligna.
(HOFBAUER; HEUFELDER, 2001). E segundo BAUD’HUIN et al. (2007) a razão
RANKL / OPG pode ser usada como marcador biológico de prognóstico em patologias
ósseas como a osteoporose, espondilite aquilosante, artrite reumatóide, tumores ósseos
benignos e osteólise associada a perdas protéticas e fraturas ósseas. Este índice pode
também ser importante para avaliação de novas drogas contra doenças ósseas e como
terapia para patologias ósseas.
2.2.2.3 Expressão do RANK / RANK-L / OPG no câncer
Entre as mais importantes descobertas no campo da biologia óssea, estão as
relacionadas ao papel do sistema RANK / RANKL / OPG na regulação da remodelação
e função óssea osteoclástica (YASUDA et al., 1998; SUDA et al., 1999; AZIM et al.
2012). Proporcionando uma melhor compreensão do processo de reabsorção óssea, que é
considerada uma etapa preliminar na evolução e progressão de alguns tipos de câncer
(AZIM et al. 2012).
Assim, esta via foi estabelecida como reguladora do processo de invasão e
metástases ósseas de vários tipos de câncer humano, tais como câncer de mama
(THOMAS et al, 1999; BENDRE et al, 2003), câncer de próstata (BROWN et al, 2001),
o mieloma (SEZER et al, 2003; YACCOBY et al, 2004) e carcinoma epidermóide oral
(NAGAI et al, 2000). E segundo Guise e Mundy (1998) as células cancerígenas ao
invadirem o osso proliferam e inibem a sua apoptose, enfatizando que o osso é um
armazém de citocinas e fatores de crescimento, que proporcionam um ambiente
extremamente fértil para o crescimento celular. Como destacaram Semba et al. (1996) ao
observarem uma presença mais significativa de osteoclastos no osso invadido por células
cancerígenas do que no sem invasão.
Good et al. (2002) objetivando avaliar a expressão do RANKL em tumores que
acometem o osso, realizaram uma pesquisa, imuno-histoquímica prospectiva, em 5 casos
de tumor ósseo benigno primário, 3 casos de tumor ósseo maligno primário e 8 casos de
tumor metastático e observaram expresão positiva do RANKL em 13 casos dos 16
analisados.Concluindo que a ativação direta dos osteoclastos pela expressão de RANKL
nas células tumorais é um importante mecanismo para ocasionar a destruição óssea.
Posteriormente, Grimaud et al. (2003) em sua pesquisa por PCR-RT e ELISA,
destacaram que a proporção RANKL/OPG foi significativamente aumentada em
pacientes que sofrem de osteólise grave associado ao tumor em comparação com tecidos
saudáveis. Além disso, observaram, através da imuno-histoquímica, a expressão positiva
do RANKL em tumores ósseos malignos primários (osteossarcoma e condrossarcoma) e
no tumor de células gigantes. Os autores sugerem que a expressão da OPG pode refletir
um mecanismo homeostático do esqueleto para contrabalançar o aumento da reabsorção
óssea.
E de acordo com Weber et al. (2000), a invasão do tecido ósseo por um tumor
benigno ou maligno, primária ou secundária, rapidamente afeta o equilíbrio entre a
reabsorção e aposição óssea. Este desequilíbrio em favor da reabsorção óssea pode
resultar na aquisição de novas propriedades celulares pelas células ósseas, como: o
aumento da atividade proteolítica e a alteração da expressão de fatores local ou tumoral.
Uma hipótese, para este desequilíbrio é que a instabilidade genômica de células tumorais
pode causar mutações que afetam as propriedades críticas celulares. Outra hipótese é a
construção de um ambiente que favoreça a reabsorção óssea.
Segundo Wittrant et al. (2004), a interacção entre as células tumorais, os fatores
derivados do tumor e o microambiente ósseo são cruciais para a iniciação e promoção das
doenças malignas no esqueleto. Ao analisar histologicamente lesões ósseas, por
metástases, os pesquisadores observaram que a destruição do osso é mediada pelos
osteoclastos, e não pela ação direta das células tumorais. Estas observações sugerem um
ciclo vicioso para a formação de tumores ósseos osteolítios, ocasionando estímulos para
a proliferação celular no tumor em paralelo com um desequilíbrio da relação
formação/reabsorção óssea em favor da destruição óssea. Os autores destacam, ainda, que
as células tumorais secretam fatores solúveis no osso (por exemplo, hormonio, citocinas
e fatores de crescimento) que estimulam a reabsorção óssea osteoclástica, através da
produção indireta do RANKL por células estromais osteoblásticas. No entanto, outros
estudos demostram que as células tumorais podem produzir RANKL, atuando
diretamente na diferenciação e ativação dos osteoclastos, como no relatado por Croucher,
et al. (2001) em mieloma múltiplo, Zhang et al. (2001) em câncer de próstata, Nagai et
al. (2000) em linhagem de células de carinoma epidermóide oral e Michigami et al. (2001)
em neuroblastoma humano.
Roodman et al (2004), ao analisar o mecanismo da metástase óssea, observaram
que dentro do microambiente ósseo, o nível de osteoclastogênese e reabsorção óssea
depende, principalmente, do equilíbrio entre RANKL/OPG, e que as células tumorais
secretam fatores que podem induzir a ativação dos osteoclastos através da elevação dos
níveis locais do RANKL em osteoblastos e células estromais, estimulando, portanto, a
atividade osteoclástica excessiva e conseqüentemente, a degradação óssea. Concluindo,
portanto, que a elevada propensão das células tumorais em metastizar o osso, indica que
este fornece um meio favorável ao crescimento do tumoral; e que o tumor induz as células
a expressarem RANKL e, subsequentemente, a osteólise conduz à liberação de fatores de
crescimento pró-tumoral e citocinas para o microambiente do osso, resultando em um
ciclo vicioso de destruição ossea e proliferação do tumoral. Destacam, ainda, que a
osteólise nas metástases ósseas ocorre devido, principalmente, à ação dos osteoclastos,
ao invés das células tumorais. As células tumorais, no entanto, participam de um ciclo
vicioso, por induzir a atividade dos osteoclastos. Alem disso, já esta bem estabelecido
que a presença do RANKL em tumores com envolvimento ósseo aumenta a
osteoclastogênese e acelera a reabsorção óssea.
Atualmente, já se sabe que as células malignas podem perturbar tanto o sistema
esquelético quanto o imunitário. A interação entre as células do câncer e ósseas resultam
em um ciclo vicioso de destruição óssea e crescimento do câncer. A remodelação óssea
gera um ambiente rico em fator de crescimento que atrai as células cancerosas e promove
a sua proliferação. Por sua vez, as células cancerosas, estimulam a formação e ativação
de osteoclastos, resultando na reabsorção óssea adicional que estimula ainda mais o
crescimento de células malignas (TERPOS et al., 2011).
Estudos estão sendo realizados na tentativa de esclarecer o processo de
quimiotaxia do RANKL (JONES et al., 2006; SANTINI et al., 2011; JOYCE e
POLLARD, 2009). Como o realizado por JONES et al. (2006) em células do câncer de
mama nos quais observaram nas amostras elevada expressão da proteína RANKL,
sugerido que esta pode atuar como um fator quimiotático para estas células cancerosas.
Segundo os autores o microambiente ósseo é uma fonte rica em RANKL, e atrae células
tumorais que expressam RANK.
Tem sido relatado que as células malignas que expressam RANKL são capazes de
induzir a osteoclastogênese, mesmo na ausência de outras células estimulatórias (NAGAI
et al., 2000; FARRUGIA et al., 2003; Wittrant et al. 2004; AZIM et al. 2012). Porém
nem todos os tipos de câncer expressam RANKL, assim como o contato célula a célula e
entre o câncer e células hospedeiras nem sempre conduzem a expressão do RANKL
(GIULIANI et al., 2003; OHSHIBA et al., 2003).
A revisão do papel do RANKL e algumas outras moléculas-chave na reabsorção
óssea osteoclástica, relacionadas com câncer de mama, realizada por Azim et al. (2012)
demonstraram que o principal mecanismo celular responsável pela metástases ósseas
osteolíticas é a ativação osteoclástica. A superexpressão do RANKL tem sido considerada
como um pré-requisito para praticamente todas as condições de câncer que induzem a
destruição do osso. Assim, o direcionamento terapêutico para o RANKL parece ser uma
abordagem racional para o tratamento ou até mesmo para evitar o processo de metástases
ósseas.
Ao avaliar os mecanismos da metástase óssea, Roodman (2004) observou que
alterações no equilíbrio entre os níveis RANKL / OPG nos locais das metástases estão
associadas com a osteoclastogênese. Assim como pesquisas com o bloqueio total da
sinalização do RANKL em modelos animais demonstraram uma dependência absoluta
entre a inducão da osteólise no tumor e sinalização do RANKL (MORONY et al.; 2001;
JONES et al.; 2006; MARTINS et al., 2012).
De acordo com Boyle et al. (2003), a osteoclastogênese e, consequentemente, a
reabsorção óssea é regulada, principalmente, pelo nível de RANKL, que é expresso quase
que exclusivamente dentro do osso e pelas células do estroma, que são induzidas pela
maioria dos hormônios e fatores que estimulam a reabsorção óssea. Este fato confirma
sua associação com a metastase óssea em vários tipos de tumor incluindo o da mama,
próstata, neuroblastoma, mieloma múltiplo, tiróide, renal e pulmonar (ROODMAN,
2004) e, a proporção alterada de RANKL / OPG tem sido associada com a osteólise de
pacientes com mieloma múltiplo (TERPOS et al., 2003), câncer de mama e pulmão
(MOUNTZIOS et al., 2006).
Canon et al (2008) sugerem que a redução na diferenciação de osteoclastos e
ativação (e conseqüente redução da reabsorção óssea) pode ter um efeito positivo sobre a
progressão de tumores e, consequentemente, pode melhorar a sobrevida destes pacientes.
Já que a inibição do RANKL, em seu estudo in vitro com carcinoma de mama, ocasionou
o aumento da apoptose das células tumorais devido à redução de fatores pró-tumorais
(sobrevivência e proliferação) derivados de osso. Assim, os autores concluíram que
diminuição do tumor não é exclusivamente devido à incapacidade de se expandir no osso,
mas também devido a morte das células de tumorais, resultante da inibição de RANKL.
Santini et al. (2011) demonstraram as primeiras evidências clínicas do papel da
expressão do RANK, em tumores primários, como um marcador preditivo para metástase
óssea. Em seu estudo, que incluiu 93 pacientes com câncer de mama, aqueles com
tumores com expressão positiva para RANK tinham uma taxa significativamente maior
de metástase óssea em comparação aos pacientes com tumores com baixa ou ausência de
marcação para RANK. Os pesquisadores sugerem que a investigação do sistema RANK
/ RANKL pode abrir novos espaços na previsão da recorrência óssea e também pode
identificar um subgrupo de pacientes que estão em maior risco de desenvolver metástase
óssea.
Azim et al., (2012), ao realizarem uma revisão sobre os aspectos fisiopatológicos
relacionados com a evolução da metástase óssea no câncer de mama, enfatizando o papel
fundamental do RANKL e algumas outras moléculas-chave da reabsorção óssea
osteoclástica, observaram que o desenvolvimento da metástase óssea envolve interações
complexas e recíprocas entre as células do câncer e o microambiente ósseo, gerando um
ciclo vicioso que resulta no crescimento de células tumorais e destruição óssea. Assim
como destacaram que a afinidade das células de câncer de mama com o osso não é
definido apenas pelo microambiente favorável a sobrevivência das células, mas também
pela capacidade destas, juntamente com as células estromais /osteoblástica, em recrutar
osteoclastos através do sistema RANK / RANKL /OPG.
Estudos realizados em câncer de mama têm revelado que o papel do RANKL vai
além da reabsorção óssea. Enfatizam que a relação RANK / RANKL têm uma
importância potencial na tumorigênese. Dois recentes estudos em modelos animais
demonstraram que a inibição da função do RANKL pode resultar em uma acentuada
diminuição da incidência do câncer de mama. O bloqueio do RANKL não só reduz a
formação do tumor, como também a disseminação das células do câncer para o pulmão.
Esses dados sugerem que o RANKL pode ser alvo de abordagens na prevenção e /ou
tratamento do câncer (GONZALEZ-SUAREZ et al., 2010; SCHRAMEK et al., 2010).
A via de sinalização RANK/RANKL/OPG, também conhecida como tríade
molecular, foi identificada por Guise e Mundy (1998) como um importante processo de
invasão e metástase óssea do carcinoma epidermóide oral, através da reabsorção óssea
pelos osteoclastos. Posteriormente, ao explorar os fatores que contribuem para a
associação do câncer à reabsorção óssea, Nagai et al. (2000) foram os primeiros a
informar sobre a expressão do RANKL em células do carcinoma epidermóide oral.
Em seguida, Tada et al. (2005) sugeriram que as células do CEO podem induzir a
supressão da OPG, promovendo assim a osteoclastogênese. Esta pesquisa in vitro foi
realizada com o objetivo de identificar os possíveis mecanismos pelos quais as células do
carcinoma epidermóide oral (BHY) regulam a formação de osteoclastos e observaram
que as células tumorais reduzem a expressão da OPG, ao invés de aumentar a expressão
do RANKL para promover a osteoclastogenese. Para esta conclusão, os autores avaliaram
o nível de expressão do RANKL e OPG, através da análise PCR-RT e imunohistoquímica, e identificaram que as células BHY co-cultivadas com células da medula
óssea de camundongos formaram poucos osteoclastos, embora as células BHY
expressassem RANKL. No entanto, ao adicionar a essa cultura osteoblastos primários
ocorreu forte indução da osteoclastogênese na ausência de fatores osteotrópicos. A análise
imuno-histoquímica mostrou uma redução da expressão de OPG nas lesões osteolíticas,
em comparação aos casos com tumor que nao apresentavam lesões osteoliticas.
No entanto, o papel das células do carcinoma epidermóide oral na função dos
osteoclastos, assim com na sobrevivência e atividade de reabsorção óssea pelos
osteoclastos não é bem compreendida. Na tentativa de esclarecer esses questionamentos
Tada et al. (2009) avaliaram, in vitro, o efeito do carcinoma epidermóide oral sobre as
funções dos osteoclastos, utilizando o cultivo de célula BHY, linhagem de CEO humana,
em um meio condicionado (BHY-CM) que estimula a sobrevivência dos osteoclastos ao
suprimir Bim, uma proteína pró-apoptótica, dependendo da quinase regulada por sinal
extracelular (ERK) e multinucleação e concluiram que as células do carcinoma
epidermóide oral regulam a osteoclastogênese e suas funções.
Com o objetivo de elucidar os mecanismos moleculares da invasão óssea pelo
CEO, Subramanya et al. (2009) realizaram PCR-TR para avaliar o nível de expressão
CXCL13, CXCR5, RANKL e MMP-9 em linhagem de células malignas (SCC1, SCC12
e SCC14a) e desenvolveram um modelo in vivo de CEO por injeção subcutânea de células
tumorais sobre a superfície calvária ratos, que desenvolveram os tumores em 4 a 5
semanas, para examinar a invasão óssea das células tumorais. Os autores sugeriram que
aumento significativo do número de osteoclastos na interface tumor/osso e a elevada
expressão imunohistoquímica da CXCL13 e RANKL, apoiam a osteoclastogênese.
Chuang et al. (2009) foram os primeiros a pesquisar in vivo a imuno-expressão da
tríade RANK/RANKL/OPG em 40 casos de carcinoma epidermóide oral localizados na
gengiva, sendo 25 sem invasão óssea e 15 com invasão óssea, e observaram uma alta
expressão do RANK e RANKL e uma baixa expressão da OPG nos casos 40 CEO, não
havendo diferença significativa entre os casos com e sem invasão óssea. No entanto ao
comparar com o grupo controle (5 casos de mucosa oral normal) os pesquisadores
encontraram diferença significativa na marcação dos três anticorpos. Os autores sugerem
que o CEO sem invasão óssea possuem potencial para induzir a osteoclastogênese através
da via RANK/RANKL/OPG, se estimulada em condições adequadas (como por exemplo,
na aproximação das células tumorais com o osso) e concluem que a via
RANK/RANKL/OPG possuem valor como biomarcador do carcinoma epidermóide oral.
No estudo, in vivo e in vitro, realizado por Shin et al. (2011), sobre a invasão óssea
do carcinoma epidermoide oral, através da via RANK/RANKL/OPG, foi realizada o
cultivo de linhagem de celulas B88 (células oriundas do CEO de língua moderadamente
diferenciado) e posteriormente injetada na região do masseter de ratos, que foram tratados
durante 3 semanas com OPG. Observaram que a inibição da ligação RANK/RANKL
através da OPG impede a invasão óssea pelas células B88, por inibir a osteoclastogênese
e migração de células cancerígenas e por induzir a apoptose das células malignas, através
da via indireta anti-cancerígena. No entanto, a OPG não afetou a proliferação e apoptose
em células B88 in vitro. Diante destes achados, os autores sugeriram que os efeitos de
OPG sobre a apoptose das células B88 são restritos ao ambiente ósseo e concluíram que
o RANKL promove a migração de células tumorais que expressam RANK, induzem os
osteoclastos, facilitando a invasão óssea, e que OPG inibe a sinalização RANKL e
suprime a invasão óssea das células carcinoma epidermóide oral.
Shin et al. (2011) enfatizam, ainda, baseados nos resultados da sua pesquisa in
vivo e in vitro que a OPG suprime a invasão óssea pelas células cancerígenas por três
mecanismos. No primeiro, a OPG suprime a osteoclastogênese e reabsorção óssea. No
segundo, a OPG pode regular o microambiente tumoral do carcinoma epidermóide oral,
induzindo a apoptose das células tumorais por mecanismos indiretos (por exemplo,
limitando o fornecimento de fatores de crescimento derivadas do osso, por meio da
inibição da reabsorção óssea osteoclástica). E no terceiro mecanismo, a OPG suprime a
migração das células do carcinoma epidermóide oral induzidas pelo RANKL.
Com o objetivo de determinar se o CEO em gatos funciona como um relevante
modelo de estudo para o CEO em humanos, em termos de comportamento osteolítico e
expressão da reabsorção óssea, a pesquisa in vitro e in vivo de Martins et al. (2012)
utilizou linhagens de células de CEO de gatos localizado na gengiva (SCCF2) e na língua
(SCCF3) para obter carcinomas espontâneos e a linhagem de células já estabelecidas do
CEO de gato localizado na laringe (SCCF1) e de humano localizado na laringe (UMSCC12), na glandula salivar (A253) e na língua (SCC25), com o intuito de comparar se o
fenótipo da invasão óssea e da expressão do PTHrP (estimulador da reabsorção óssea
osteoclástica), do RANKL (ativador da osteoclastogénese) e da OPG (inibidor de
osteoclastogénese) são similares entre as duas espécies, e para avaliar se CEO de gato,
com invasão óssea, pode ser utilizado como um modelo de estudo para o CEO humano.
Durante as análises, utilizou-se a técnica de co-cultura in vitro para investigar a interação
do CEO com o osso e com os pré-osteoblastos (MC3T3) e a técnica in vivo da imagem
bioluminescente, da radiografia (Faxitron®) e da microscopia para medir o crescimento
do xenoenxerto e invasão óssea em ratos. Pode-se observar no estudo, que CEO em gatos
e humanos expressam altos níveis de PTHrP e que estes estão associados com a
reabsorção óssea in vitro e in vivo e osteoclastogênese. E que as células MC3T3
aumentam a espressão do RANKL e reduz a expressão da OPG em meio condicionado
por células com capacidade de invadir osso (SCCF2) em comparação às células SCCF3,
que possuem mínima capacidade de invasão óssea, o que foi parcialmente revertido com
o anticorpo neutralizante anti-PTHrP. Concluíndo, portanto, que a reabsorção óssea
induzida pelo CEO de gato está associada com a secreção do PTHrP pelas células
tumorais e com o aumento da expressão da relação do RANKL/OPG em pré-osteoblastos
em ratos. E que os modelos pré-clínicos de CEO em gato recapitula as caracteristicas
fenotipicas da invasão óssea do CEO espontâneo e será útil para futuros estudos préclínicos e mecanicistas sobre o comportamento da invasão óssea.
Zhang et al. (2013) ao investigarem o papel do RANKL na destruição óssea
mediada pelas células do CEO, através da pesquisa in vitro (linhagem de
células/camundongos) e in vivo (50 casos de CEO) utilizando metódos de PCR, citometria
de fluxo, ELISA e imunohistoquímica. Os autores observaram que CEO expressa níveis
variados de RANKL, tanto ligado à menbrana quanto solúvel, e demonstram a capacidade
do CEO de produzir RANKL, alterando diretamente o microambiente do tumor para
aumentar a osteoclastogênese (in vitro) e de mediar invasão óssea local (in vivo).
2.3. PARTICIPAÇÃO DA IL-6 NA REABSORÇÃO ÓSSEA
As citocinas são proteínas solúveis, que desempenham importante papel na
iniciação e manutenção de doenças inflamatórias e nas respostas imunes, bem como
estímulos intercelulares. A Interleucina-6 (IL-6) caracteriza-se como uma citocina próinflamatória multifuncional que ordena a transição da inflamação aguda para crônica, a
partir da modificação do infiltrado leucocitário inato, atua tanto na imunidade inata
quanto na adquirida. Ela é sintetizada por fagócitos mononucleares, células do endotélio
vascular, fibroblastos e outras células como células T ativadas, em resposta a
microrganismos e a outras citocinas, especialmente IL-1 e TNF-α. Sua forma funcional
se caracteriza por um homodímero com cada subunidade formando um domínio globular
com quatro α-hélices.
Os sinais celulares da IL-6 são transmitidos através de receptor expresso em uma
variedade de tipos de células-alvo. O receptor solúvel da IL-6 (sIL-6R) permite aumentar
o repertório de células responsivas à IL-6 (Jones et al, 2001) e consiste em uma proteína
de ligação à citocina e uma subunidade transdutora de sinal e, ambas pertencem à família
dos receptores de citocina do tipo I. A subunidade transdutora de sinal de 130 kD é
chamada gp130, que é também componente de sinalização de outros receptores de
citocina. (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008).
A IL-6 foi originalmente identificada como uma citocina derivada das células T
que induz a maturação final das células B em células produtoras de anticorpos e apresenta
várias atividades biológicas que diferem amplamente entre vários tipos de tecidos e
células. Sua atividade na inflamação é considerada uma faca de dois gumes, pois atua
tanto como anti-inflamatório (por exemplo, na baixa regulação de recrutamento de
neutrófilos e expressão das citocinas pró-inflamatórias) (SCHINDLER et al, 1990; XING
et al, 1998), como também na pró-inflamação (por exemplo, indução de reagentes de fase
aguda no fígado) em doenças crônicas (JONES et al, 2001).
Além de estimular a síntese de proteínas e contribuir com a resposta inflamatória
na fase aguda, já que estimulam a produção de neutrófilos por progenitores da medula
óssea, podem atuar de comum acordo com os fatores estimuladores de colônias, assim
como na imunidade adquirida induzindo o crescimento e diferenciação de linfócitos B e
na produção de imunoglobulinas, estimulando da proliferação de linfócitos T e ativação
da cascata do complemento (HIRANO et al, 1988; RIDKER et al, 1997; KARIN et al.,
2006; ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008; LITTMAN; RUDENSKY, 2010).
Destaca-se ainda, dentre as funções da IL-6, sua capacidade de sinalização que
pode direcionar carcinógenos para o desenvolvimento e progressão de diversos tipos de
câncer (PARK et al., 2010; GRIVENNIKOV; KARIN, 2008; BARTON, 2005;
NISHIMOTO, 2010). E sua atuação na osteoclastogênese pela estimulação de células
progenitoras ou por um sistema parácrino, essencial para o metabolismo ósseo, onde os
osteoblastos e células progenitoras desempenham um papel central por meio de
mediadores como RANK, RANKL e OPG (KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005;
AESCHLIMANN; EVANS, 2004).
Segundo Terpos et al. (2011) em sua revisão dos efeitos da osteoclastogênese
sobre o crescimento e metástases do câncer, a osteólise mediada por osteoclastos resulta
na liberação de fatores de crescimento, como a IL-6, no microambiente ósseo que
facilitam o crescimento e metástases do câncer, e que as citocinas derivadas do osso
fornecem estímulos quimiotáticos para direcionar a migração celular.
Jimi et al. (2011) relatam que o osso é um armazém com vários fatores de
crescimento, incluindo a IL-6 que é produzida por células do estroma, e induzem os
fibroblastos/osteoblastos a sintetizarem RANKL e, subsequentemente, induzirem a
formação dos osteoclastos. Estes fatores de crescimento são liberados no microambiente
ósseo na forma ativa, e como consequência da reabsorção óssea osteoclástica estimulam
a proliferação das células cancerosas e inibem a apoptose.
Os fatores osteolíticos (PTHrP, IL-1b, IL-6, IL-8 e IL-11) secretados a partir das
células tumorais aumentam a reabsorção óssea através da promoção da osteoclastogênese,
pois induzem a expressão do RANKL em osteoblastos, e este ao se ligarem ao RANK
aumentam a proliferação e a fusão dos precursores de osteoclastos na presença de M-CSF
(PICKERING et al., 2002).
E dentre estes fatores osteolíticos, Ishimi et al. (1990) destacam que a IL-6,
sintetizada no ósso pelos osteoblastos, apresenta-se como um importante regulador do
desenvolvimento osteoclástico, pois fisiologicamente, regula o metabolismo ósseo.
Assim, esta citocina demonstra efeitos únicos e importantes sobre a célula óssea
(ROODMAN, 1992), como, por exemplo, a elevada formação de células com
características osteoclásticas que têm a capacidade de reabsorver o osso (MANOLAGAS,
1995; KURIHARA et al., 1990). Nibali et al., (2012) enfatizam que a IL-6 parece
contribuir para patogênese do câncer oral através de diferentes mecanismos e processos
biológicos, ao avaliarem a associação entre IL-6 e uma série de doenças bucais, incluindo
o carcinoma epidermóide oral, por meio de uma revisão das evidências disponíveis na
literatura.
Com o intuito de avaliar o mecanismo de invasão óssea, Shibahara et al. (2005)
realizaram testes imuno-histoquímico em 38 casos de carcinoma epidermoide oral da
gengiva mandibular, sendo 23 com invasão óssea e 15 sem invasão óssea, utilizando os
anticorpos: PTHrP,TNF-α, IL -1A, IL-1B, IL-6, IL-11, IL-18 e TGF-β. Observaram que
os carcinomas com invasão óssea expressaram elevada quantidade de células positivas
para o PTHrP, TNF-a, IL-6 e IL-11, com diferença estatística em relação aos casos sem
invasão óssea (P <0,01) e nenhuma diferença significativa foi encontrada para os
parâmetros clínicos ou achados histopatológicos entre os dois grupos. Os pesquisadores
concluiram que estas citocinas: PTHrP, TNF-α, IL-6 e IL-11 derivam do câncer e
desempenham um importante papel no mecanismo de invasão óssea nesta doença.
Tem sido relatado que a IL-6 pode promover ou inibir a proliferação de células
carcinogênicas e que uma variedade de tumores malignos apresentam ou sintetizam a IL6, sugerindo assim um possível mecanismo de ação sobre o câncer (SHIBAHARA et al.
2005). No Carcinoma epidermóide oral, vários experimentos, in vitro e in vivo, têm
demonstrado que as células tumorais produzem diferentes citocinas que regulam a
expressão de RANKL e OPG, dentre estas se encontra a IL-6, enfatizando, portanto a
capacidade desta de induzir a formação de osteoclasto e reabsorção óssea (JABLONSKA
et al., 1997; CHEN et al., 1999; OKAMOTO et al., 2000; ST JOHN et al., 2004; TERPOS
et al., 2011).
Deyanam et al. (2008) ao investigarem o mecanismo pelo qual, por via oral, a
linhagem de celulas carcinogênicas estimulam a osteoclastogênese, observaram que estas
células
induzem a ativação dos osteoclastos, pois, estas podem ser estimuladas
indiretamente por citocinas, como a IL-6. No entato, não ficou totalmente esclarecido se
estas citocinas são ativadas por células cancerosas e se estão diretamente envolvidas na
invasão óssea e metástases de tumores malignos.
A produção e secreção da IL-6 em carcinoma epidermóide oral e sua influência
sobre a destruição óssea, foram investigadas por Hwang et al. (2012) através do cultivo
de células (YD-10B e HSC-3). Os autores puderam observar uma elevada secreção da IL6, pelas células cultivadas, assim como identificaram que em estados patológicos, como
na metástase óssea, a elevada concentração da IL-6 estimula ainda mais as células
tumorais a ativarem os osteoclastos, proporcionando o aumento da reabsorção óssea
osteolítica. Concluíndo, portanto que a IL-6 está diretamente associada com a progressão
do câncer e ativação dos mecanismos da osteoclastogênese.
Algumas pesquisas têm demonstrado a presença de níveis elevados da IL-6 no
soro de pacientes com carcinoma epidermóide oral (JABLOSNSKA et al., 1997; CHEN
et al., 1999; TRIKHA et al., 2003), e correlacionam estes altos níveis com um pobre
prognóstico clínico (HONG et al., 2007). De acordo com Duffy et al. (2008) estes
elevados níveis de Il-6 podem servir como marcador para predizer recorrência do tumor,
metástase tumoral e baixa sobrevida dos pacientes com carcinoma epidermóide oral,
embora, de acordo com os autores, o aumento da IL-6 sintetizada pelas células do tumor
não esteja bem elucidado e poucos estudos tenham investigado extensivamente este
mecanismo. Assim como, para John et al. (2004), a Il-6 também pode ser indicada como
um potencial biomarcador para o CEO e orofaríngeo.
Segundo Tang et al. (2008), o potecial agressivo das células do CEO, de invasão
e metástase óssea, pode ser associado à esta super expressão da IL-6, pois sua pesquisa
demostra claramente que o mecanismo de invasão óssea da células cancerígenas é
influenciado pela super expressão desta, que ativa a produção e promoção da
osteoclastogênese. Portanto, dada a importância da IL-6 com relação a invasão e
proliferação das células cancerígenas, no qual ambos os eventos contribuem para a
progressão do CEO, pode-se destacar que qualquer perturbação na secreção da mesmas
ocasiona uma estratégia atrativa de tratamento no carcinoma epidermoide oral
(TUBERGEN et al., 2011).
O aumento da reabsorção óssea osteoclástica fornece espaço para as células
cancerosas pode crescer e induzir novas interações moleculares com as diferentes
citocinas dentro do microambiente ósseo. As maiorias das evidências indicam que as
células do câncer podem induzir a ativação osteoclástica através da liberação de
mediadores solúveis tais como IL-1, IL-6, 1L-8, E2, TNF e PTHrP (ROODMAN, 2004;
KOHNOET Al., 1994). Nomura et al. (2007) ao analisarem a invasão óssea mandibular
pelo CEO, através de modelos murine, observaram que a expreesão da IL-6, TNF-α e
PTHrP está associada com a ativação dos osteoclastos presentes no tecido tumoral.
Adicionalmente, estudos com linhagem de células de CEO demonstraram que estas
expressam fatores osteolíticos, como IL-6, TNF-α, PTHrP, e IL-11, que estimulam a
produção do RANKL em células estromais, tais como osteoblastos, para mediar
indiretamente a diferenciação de osteoclastos e permitir a invasão tumoral (SHIBAHARA
et al.; 2005; DEYAMA et al.; 2008; KAYAMORI et al.; 2010; MARTINS et al., 2012).
Apesar da interleucina-6 acelerar a reabsorção óssea osteoclástica, não está
estabelecido, na literatura, se esta citocina esta diretamente envolvida na invasão óssea
do câncer oral. Diante deste questionamento, Okamoto et al. (2000) realizaram uma
pesquisa in vitro com duas linhagem de células do carcinoma epidermóide oral de
humanos, sendo uma linhagem altamente invasiva e a outra linhagem não-invasiva, que
foram cultivadas e injetadas no masseter de ratos tratados com estimulos e bloqueio da
IL-6. Observaram que o cultivo das células com capacidade de reabsorver o osso (BHY)
e células ricas em osteoclasto, demonstraram um efeito estimulatório significativo sobre
a atividade de reabsorção óssea osteoclástica e quimiotaxia de osteoclastos, no entanto
este efeito foi drasticamente inibido quando adicionado o anticorpo anti-IL-6. Os
pesquisadores sugerem o importante papel da IL-6 sobre as células tumorais na
reabsorção óssea osteoclástica.
Como objetivo de determinar o papel da IL-6 no carcinoma epidermoide oral,
Chang et al. (2013) avaliaram através do método ELISA a concentração sorológica da IL6, a partir de amostras de sangue, de 237 pacientes com CEO, 104 com lesões prémalignas orais (85 leucoplasias, 5 eritroplasias e 104 eritroleucoplasias) e 125 saudáveis.
Oa resultados mostraram concentrações sigificativamente mais elevadas da IL-6 nos
pacientes com CEO em comparação aos pacientes com lesões pré-malignas orais e
saudáveis, no entanto, não houve diferença significante entre os pacientes com lesão prémaligna e saudável. Ao avaliar a concentração da IL-6 como um potencial marcador para
distinguir pacientes com CEO dos saudáveis, através da curva de ROC, observaram que,
provavelmente, não pode ser utilizado eficazmente como um marcador de diagnóstico,
apesar dos níveis séricos da IL-6 estar significativamente mais elevados nos pacientes
com CEO, em comparação com os outros dois grupos. Entre os pacientes com CEO,
houve associação significativa da concentração da IL-6 com o estadiamento (TNM) e
presença de invasão óssea, sendo a concentração da IL-6 superior nos pacientes com
maior estadiamento e com presença de invasão óssea. Não houve diferença significativa
para a gradação histológica, invasão perineural e hábitos (álcool e fumo). Houve
associação signficativa com a sobrevida (5 anos), indicando que as concentrações de IL6 no soro pode desempenhar um papel na predição de sobrevida global em pacientes com
CEO. Os pesquisadores concluíram que a concentração da IL-6 no soro esta associada
com o tamanho e agressividade do CEO e que pode ser útil como um indicador de
prognóstico após tratamento.
Cheng et al. (2013) na tentativa de encontrar um valor prognóstico para a IL6 em
pacientes com CEO, investigaram associação entre as características clinico-patológicas
e expressão imuno-histoquímica da IL-6 em 337 casos de CEO, sendo 74 do gênero
feminino e 263 do gênero masculino. Os resultados revelaram um forte a moderada
expressão da IL-6 em 116 tumores (34,4%) e uma fraca ou negativa expressão em 221
tumores (65,6%). Ao associar esses resultados com os dados clinico-patológicos, a alta
expressão da IL-6 foi significamente associada com alta taxa de metastáse nos linfonodos
(P =0.007, baixa diferenciação histológica (P= 0.008), feminino (P= 0.008) e
inversamente associada com o hábito de mascar betel (P=0.028). Não houve associação
significativa com a idade, fumo, consumo de álcool, tamanho do tumor, metástase
distante e estadiamento. Análise multivariada revelou que somente gênero masculino (P=
0.002), estagio clínico avançado (P= 0.001), alta taxa de metastáse nos linfonodos (P
=0.007) e baixa diferenciação histológica (P= 0.010) foram correlacionados com pobre
prognóstico. Os pesquisadores concluíram que a elevada expressão da IL-6 em células
tumorais pode ser associada com manifestações clínicas agressivas e a sugere como um
preditor de sobrevivência, particularmente em pacientes do gênero masculino.
Que et al. (2012) com intuito de investigar os fatores derivados do câncer que
regulam a reabsorção óssea osteoclástica, através da estimulação da expressão de
RANKL em células estromais, identificaram duas linhagem de células tumorais clonais
HSC3-C17 e HSC3-C13 que foram isoladas a partir de células do CEO maternal (HSC3)
que apresentaram altas (HSC3-C13) e baixa (HSC3-C17) capacidade de induzir a
expressão do RANKL em células estromais, quando comparadas com às células
maternas. Ao cultivar em meio condicionado, as células HSC3-C13 aumentaram
significativamente o número de osteoclastos em co-cultura com células óssea de rato
quando comparadas com as células HSC3-C17 e HSC3. Os tumores gerados a partir de
xenoenxerto da linhagem de células clonais HSC3-C13 para a região do periósteo do osso
parietal de ratos, apresentaram grande destruição óssea e um aumento significativo no
número de osteoclastos, em comparação com as células HSC3-C17. Expressão gênica foi
comparada entre HSC3-C13 e C17-HSC3 células por meio de análise de microarray, e
foram idendificados 11 genes que apresentavam o nível 5 vezes mais elevado em células
HSC3-C13 do que nas HSC3-C17 . Dentre estes, o gene da IL-6 foi o que mostrou maior
expressão em células HSC3- C13, em comparação com células HSC3-C17. Esses
resultados indicam que a IL-6 está envolvida na destruição óssea induzida pelo cancer
oral.
Um número crescente de estudos foram recentemente realizados reforçando o
papel das citocinas, incluindo IL-6, na patogênese e progressão de doenças malignas orais
(CUI et al 2010; KAYAMORI et al 2010; GASCHE et al 2011; GAUR et al 2011;
SHINRIKI et al 2011; LÓPEZ et al 2011; MARTIN et al 2011; CHEN et al 2012;
GASCHE et al 2011; HWANG et al 2012; NIBALI et al 2012; CHANG et al 2013). Em
particular, estudos clínicos relataram o aumento de níveis da IL-6 no soro e saliva de
pacientes com câncer oral e outros da cabeça e pescoço, em comparação com os controles
pareados por idade e localização e demonstraram sua relação significativa com o
estadiamento e resposta à terapia (CHEN et al, 1999; BIGBEE et al, 2007).
A IL-6 parece contribuir para patogênese do câncer oral através de diferentes
mecanismos e processos biológicos. Um estudo in vitro mostraram que a IL-6 pode
estimular as células tumorais a secretar maior quantidade de metaloproteinases 1 e 9de
matriz, os quais desempenham um papel importante na crescimento infiltrativa,
metástases e neo-angiogênese (SUNDELIN et al, 2005). A IL-6 pode também modular
uma variedade de vias, incluindo queratinócitos crescimento celular, sobrevivência,
diferenciação e função. Em particular, a IL-6 tem sido mostrado para estimular a
proliferação de culto humano queratinócitos em pele psoriática (GROSSMAN et al,
1989). Além disso, a IL-6 pode ativar fatores de transcrição tais como transdutor de sinal
e ativador da transcrição (STAT) -1 e STAT-3, que por sua vez foram observada em
vários tumores (HIRANO et al, 2000).
O estudo recente de Gasche et al. (2010) identificou que a IL-6 também pode
promover tumorigênese, ao provocar hipometilação, bem aberrantes, no DNA e
alterações de hipermetilação no promotor, que pode levar a mudanças epigenéticas na
expressão gênica das células do carcinoma epidermóide oral. Além disso, no estudo in
vitro de Jeng et al. (2003) observou-se que os queratinócitos orais podem produzir IL-6
em resposta a fatores ambientais bem conhecidos, como a areca e o tabagismo, elevando
o risco ao desenvolvimento do carcinoma epidermóide oral.
2.4 ESTUDOS ASSOCIANDO RANK / RANK-L / OPG e IL-6
A destruição óssea associada ao câncer é criticamente regulada por vários fatores
sintetizados por células tumorais, tais como PTHrP, IL-6, IL-11, TNF-a e prostaglandina
E (OKAMOTO et al., 2000; BROWN et al., 2002; ONO et al., 2003; TADA et al., 2005;
SHIBAHARA et al., 2005; JIMI et al., 2011; QUE et al., 2012), que também são
sintetizadas pelas células do carcinoma epidermóide oral (QUE et al 2012). Dentre estes
fatores, destaca-se a IL-6 produzida pelas células estromais no carcinoma epidermóide
oral que induzem as células fibroblásticas a produzirem RANKL no estroma
(KAYAMORI et al. 2010). Esta cascata forneçe um novo mecanismo de reabsorção óssea
osteoclástica induzida pelo carcinoma epidermóide oral, no entanto a indução da síntese
do fator RANKL pelo câncer derivados das células do estroma não é bem compreendida
(QUE et al., 2012).
Sabe-se que a IL-6 é uma citocina que estimula a expressão do RANKL em células
osteoblásticas, e é provável que esta citocina esteja envolvida também na indução da
expressão RANKL pelas células tumorais (TEITELBAUM, 2003). Segundo Hofbauer et
al. (2004), ao investigar a patogênese e tratamento de doenças ósseas, observaram que o
RANKL é um fator essencial para a osteoclastogênese e que sua expressão pode ser
regulada por vários fatores de reabsorção óssea, dentre eles a IL-6.
Terpos et al. (2011) destacam que a IL-6, apresenta-se como um potente indutor
da expressão de RANKL em osteoblastos e fibroblastos sinoviais, estimulando a
sinalização RANK/RANKL. De acordo ainda com sua revisão, a remodelação óssea gera
um ambiente rico em fatores de crescimento que atrai as células cancerosas e promovea
sua proliferação. Por sua vez, estas células estimulam a formação e ativação dos
osteoclastos, resultando, consequentemente, na reabsorção óssea adicional que estimula
ainda mais o crescimento das células cancerosas. Os autores concluíram, portanto, que as
citocinas derivadas do osso fornecem estímulos quimiotáticos para direcionar a migração
das celulas tumorais e facilitar o crescimento e metástase do cancer.
Embasado no importante papel que os osteoclastos desempenham sobre a invasão
óssea, Matsubara et al. (2013) investigaram a expressão das citocinas relacionadas com o
osteoclastos em carcinoma epidermóide oral localizados na gengiva. A amostra (n=23)
foi dividida em dois grupos, sendo 13 casos com invasão óssea e 10 casos sem invasão
óssea. Dentre as citocinas, foram utilizadas a IL-1, Il-6, TNF-α, PTHrP, RANKL, RANK
e OPG. Neste estudo prospectivo, as expressões dessas citocinas foram analisadas pela
PCR e imunohistoquimica. Os autores constataram que a as citocinas IL-1, IL-6, TNF-α,
PTHrP e RANKL apresentaram elevada expresão no grupo com invasão óssea, e que a
IL-6 é uma citocina não específica que responde a varias alterações inflamatórias, por
estimulação do tumor ou não. Sugerindo, portanto que IL-1, IL-6, TNF-α, PTHrP e
RANKL desempenham um importante papel nos mecanismos subjacentes da invasão
mandíbula e que a expressão do sistema RANK / RANKL /OPG podem contribuir, no
futuro, para o tratamento e prevenção do carcinoma epidermóide oral.
Jimi et al. (2011) analisaram a relação entre os osteoclastos e as células do
carcinoma epidermóide oral, em lesões ósseas mandibulares de cinco pacientes,
observaram uma redução da expressão de OPG em células estromais, quando comparado
com as lesões normais. Destacando que a indução da expressão RANKL ou redução da
expressão da OPG em células cancerígenas do estroma é mais importante para a formação
de osteoclastos que a expressão de RANKL em células CEO. Os autores destacam ainda
que a inibição da diferenciação e função de osteoclastos através do bloqueio da via
RANK/ RANKL constitui em uma abordagem potencialmente nova para a manutenção
da integridade do esqueleto. Afinal, o sucesso do bloqueio desta via irá impedir o
desenvolvimento de invasão óssea através das células do carcinoma epidermóide oral.
Ishikuro et al. (2008) destacam que o estroma está envolvido na reabsorção óssea
osteoclástica. Para melhor avaliar o papel deste estroma realizou estudo imunohistoquímico com vários marcadores envolvidos na função e diferenciação dos
osteoclastos e obseravarm que as células fibroblásticas, e possivelmente as células
osteoblásticas, ao lado dos osteoclastos na área de reabsorção óssea apresentam marcação
positiva para RANKL e negativa para OPG, sugerindo fortemente que as células do CEO
em torno da área óssea secretam alguns fatores da reabsorção óssea que induzem a
expressão do RANKL em células fibroblásticas e osteoblástica. Para confirmar esta
hipótese, realizaram um estudo in vitro com células osteoblásticas de ratos (MC3T3-E1)
e células do carcinoma epidermóide oral de humano (células BHY), por meio de RTPCR, e este experimento demonstrou claramente que as células BHY expressam TNF-α,
IL-1β, PTHrP e IL-6 regulam a expressão de RANKL e OPG. No entanto, a capacidade
de induzir a expressão de RANKL podem ser diferente em cada caso do CEO, pois a
freqüência de células fibroblásticas positivos para RANKL associandas ao osteoclasto
variou nos casos examinados. De acordo com os pesquisadores esses experimentos in
vitro e em animais sugerem que diversas citocinas liberadas pelas células tumorais
regulam o sistema RANK / RANKL / OPG no câncer oral.
Kobayashi et al. (2009) revisaram o desenvolvimento a partir de células
hematopoiéticas da linhagem de monócitos e macrófagos dos sistemas de co-cultura de
osteoblastos e células hematopoéticas com o objetivo de examinar a osteoclastogênese in
vitro. Os autores observaram que os osteoblastos são fundamentais para a
osteoclastogênese e que expressão RANKL em resposta aos fatores de reabsorção óssea.
Assim como observaram que o RANKL é uma citocina essencial para a osteoclastogênese
e que os osteoblastos produzem também osteoprotegerina (OPG), que inibe a
diferenciação dos osteoclastos e funciona interrompendo a interacção entre RANK e
RANKL. Destacando diante dos resultados que o eixo RANK / RANKL / OPG é
regulador central de diferenciação e função dos osteoclastos.
Cui et al. (2010) investigaram sete proteínas relacionadas com os osteoclastos (IL1α, RANK, RANKL, PTHrP, OPG, IL -6, e TNF-α), com objetivo de preve, em biópsias,
a invasão óssea pelas células do carcinoma epidermóide oral. Ao realizarem a análise
imuno-histoquímica, retrospectiva, de 30 casos com diagnóstico histipatológico de
carcinoma epidermóide oral com invasão óssea observaram expressão positiva para todas
as 7 proteínas investigadas, no entanto ao analisaream a acurácia da marcação através dos
testes de especificidade e sensibilidade identificaram o valor preditivo positivo de IL-1α,
IL-6, RANK, PTHrP foi maior do que o das outras citoquinas, e o valor preditivo negativo
da IL-1α, OPG, RANK, RANKL, PTHrP foi superior que as outras proteínas, concluindo
assim que IL-1α, RANK e PTHrP demostram ter uma melhor uniformidade do que as
outras proteínas e podem ser utilizadas para prever a invasão mandibular em biopsia.
PROPOSIÇÃO
3. PROPOSIÇÃO
O propósito deste experimento é comparar a expressão imuno-histoquímica de fatores de
reabsorção óssea (RANKL e OPG) e uma citocina anti-inflamatória (IL-6) no carcinoma
epidermóide de palato duro (com reabsorção óssea) e língua (sem reabsorção óssea), com
o intuito de verificar se existe associação na expressão destas moléculas entres estas
neoplasias e o processo da reabsorção óssea. Assim como avaliar a correlação dos
parâmetros clinicopatológicos e prognósticos com a expressão destas moléculas entre as
neoplasias.
MATERIAIS E MÉTODOS
4. MATERIAS E MÉTODOS
4.1. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
A presente pesquisa foi apreciada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Liga Norte Rio-Grandense Contra o Câncer (LNRCC) sob o parecer número 91.627
(APÊNDECE A).
4.2. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
O estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva observacional baseada na
observação, análise, registro e quantificação da expressão das proteínas RANKL, OPG e
IL-6, por meio de imuno-histoquímica, em espécimes de carcinomas epidermóides de
palato duro e língua.
4.3. POPULAÇÃO
Constituiu-se população deste estudo, todos os casos de carcinomas epidermóides
de palato e língua registrados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Dr. Luiz
Antônio, Natal, RN, no período de 2004-2010.
4.4. AMOSTRA
A amostra do estudo foi intencional, constituída por 61 casos, a fim de obter uma
boa dispersão dos dados em torno da média (SIEW, 2000), de carcinomas epidermóides
de palato duro e língua, registrados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Dr.
Luiz Antônio, Natal-RN, no período de 2004 a 2010. Deste total, 30 lesões foram oriundas
do palato e 31 foram provenientes da língua.
Os dados clínicos foram obtidos dos prontuários médicos que continham todas as
informações necessárias à realização da pesquisa. Os prontuários médicos permaneceram
no referido Serviço, assim como, o material biológico resultante da terapêutica cirúrgica
instituída, após a obtenção dos espécimes para o estudo.
4.4.1. Critérios de Inclusão
Foram incluídos na amostra, apenas os casos de carcinomas epidermóides de
palato duro e língua tratados por excisão cirúrgica, que possibilitaram a avaliação do front
de invasão tumoral e cujas fichas clínicas dos pacientes continham informações relativas
ao estadiamento clínico (TNM) das lesões, desfecho, recidiva e metástase.
Foram incluídos os casos com reabsorção óssea de palato que apresentavam
comprovação histopatologicamente e/ou exames de imagens, através da tomografia da
cabeça e pescoço.
4.4.2. Critérios de Exclusão
Foram excluídos da amostra lesões de pacientes que foram submetidos
previamente à radioterapia ou quimioterapia, os casos que não possuíram quantidades
suficientes de material biológico para realização da gradação histológica de malignidade
e do estudo imuno-histoquímico; e que não possuíam acompanhamento clínico de pelo
menos 24 meses para definir o desfecho.
4.5. OBTENÇÃO DOS DADOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
As informações clínicopatológicas obtidas foram: idade, sexo, localização
anatômica da lesão, sistema de estadiamento clínico (TNM), metástase, reabsorção óssea
e desfecho. Todas essas informações foram obtidas dos prontuários médicos.
Para a análise do desfecho, informações atualizadas presentes no prontuário
médico como: estado clínico do paciente, data e causa do óbito foram consideradas.
4.5.1 Sistema de Estadiamento Clínico (TNM)
Para o estadiamento clínico dos carcinomas epidermóides de palato duro e língua,
coletados nos prontuários médicos dos pacientes tratados no Hospital Dr. Luiz Antônio,
Natal-RN, foram utilizados os parâmetros por eles adotados que são os elencados na sexta
edição da Classificação TNM dos Tumores Malignos (SOBIN; WITTEKIND et al.,
2002), os quais são apresentados nos Quadros 1 e 2. Estes foram anotados em fichas
apropriadas
Quadro 1: Sistema de estadiamento clínico do (TNM) para o carcinoma epidermóide
oral, preconizado por SOBIN, WITTEKIND, 2002.
TAMANHO DO TUMOR PRIMÁRIO (T)
TX
Nenhuma informação disponível sobre o tumor primário
T0
Nenhuma evidência de tumor primário
T1S
Apenas carcinoma in situ em estágio primário
T1
Tumor com menos de 2 cm em seu diâmetro maior
T2
Tumor com 2 a 4 cm em seu diâmetro maior
T3
Tumor com mais de 4 cm em seu diâmetro maior
T4a
T4b
Tumor que invade estruturas adjacentes: cortical óssea, nervo alveolar
inferior, assoalho da boca, ou pele da face (queixo ou nariz)
Tumor que invade o espaço mastigador, lâminas pterigóides ou base
do crânio ou envolve artéria carótida interna
ENVOLVIMENTO DE LINFONODO REGIONAL (N)
NNX Os linfonodos regionais não podem ser avaliados
NN0
Ausência de metástase em linfonodos regionais
Metástase em um único linfonodo homolateral, com 3 cm ou menos
N1
em sua maior dimensão
N2a – Metástase em um único linfonodo homolateral com mais de 3
cm e até 6 cm em sua maior dimensão
NN2
N2b – Metástase em linfonodos homolaterais múltiplos, nenhum deles
com mais de 6 cm em sua maior dimensão
N2c - Metástase em linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhum
deles com mais de 6 cm em sua maior dimensão
NN3
Metástase em linfonodo com mais de 6 cm em sua maior dimensão
ENVOLVIMENTO POR METÁSTASES DISTANTES (M)
MX
A presença de metástase à distância não pode ser avaliada
M0
Ausência de metástase à distância
M1
Metástase à distância
Quadro 2: Categorias de Estadiamento clínico (TNM) para o carcinoma epidermóide
oral, preconizado por SOBIN, WITTEKIND (2002).
ESTÁGIO
CLASSIFICAÇÃO TNM
0
Tis N0 M0
I
T1 N0 M0
II
T2 N0 M0
III
T3 N0 M0 ou
T1, T2 ou T3, N1 M0
IVA - T1, T2, T3 N2 M0 ou T4a N0, N1, N2 M0
IV
IVB – Qualquer T N3 M0 ou T4b com qualquer N M0
IVC - Qualquer T com qualquer N M1
4.6. ANÁLISE MORFOLÓGICO
A amostra selecionada, fixada em formol a 10% e incluída em parafina, foi
submetida a cortes com 5µm de espessura, os quais, por sua vez, foram estendidos em
lâminas de vidro e submetidos à coloração de rotina da hematoxilina e eosina. Sob
microscopia de luz (Olympus CX31, Olympus Japan Co., Tokyo, JPN), os espécimes
foram analisados em aumentos de 100× e 400×. Foi realizada então a análise da gradação
histológica de malignidade dos espécimes, no front de invasão tumoral (Bryne 1998), de
acordo com o sistema proposto por Bryne et al.(1992) (Quadro 3).
Quadro 3: Sistema de gradação histológica de malignidade no “front” de invasão (Bryne,
1998) proposto por Bryne et al. (1992).
Escore de Malignidade
Aspectos
Morfológicos
1
Alto
Grau de
(> 50%
Ceratinização
das
células)
Pouco
Pleomorfismo
(> 75%
Nuclear
das células
maduras)
2
Moderado
(20 a 50% das
células)
Moderado
(50 a 75% das
3
4
Baixo
(5 a 20% das
células)
Intenso
(25 a 50% das
células maduras) células maduras)
Ausênte
(0 a 5% das
células)
Extremo
(0 a 25% das
células
maduras)
Dissociação
Bordas
Padrão de
Invasão
infiltrativa
s
bem
delimitada
s
Cordões, bandas
e/ ou trabéculas
sólidas
infiltrativas.
Pequenos grupos celular difusa e
ou cordões de pronunciada,
células
em
pequenos
infiltrativas
grupos
(N>15)
células
e/ou
individuais
(N<15).
Infiltrado
Inflamatório
Intenso
Moderado
Escasso
Ausente
Para a gradação de Bryne et al. (1992), os escores obtidos em cada um dos
parâmetros foram somados, obtendo-se, dessa forma, o escore final de malignidade do
caso. As lesões que apresentaram escores finais entre 4 e 8, foram classificadas como de
baixo grau de malignidade. Por sua vez, os tumores com escore final igual ou superior a
9, foram classificados como de alto grau de malignidade (Silveira et al., 2007). Destacase que a gradação histológica de malignidade foi realizada por dois examinadores,
previamente calibrados. Os casos cujas classificações de malignidade, determinadas pelos
examinadores, consistiram em discordância. Os dados referentes aos dados clínicos e
gradação histológica de malignidade foram anotados em fichas apropriadas.
Além da gradação foi avaliado a invasão vascular ou perivascular, nas áreas
centrais e periféricas.
4.7 ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO
4.7.1 Método imuno-histoquímico
Os espécimes selecionados, fixados em formol a 10% e emblocados
em parafina, foram submetidos a cortes com 3µm de espessura, os quais, por sua vez,
foram estendidos em lâminas de vidro devidamente preparadas com adesivo à base de
organosilano (3-aminopropiltrietoxisilano, Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, USA).
Após esse processo, o material foi submetido ao método da imunoperoxidase pela técnica
baseada em polímeros de dextrano (ADVANCETM HRP, Dako North America Inc.,
Carpinteria, CA, USA), utilizando anticorpos primários anti-RANKL, anti -OPG e
anti-IL-6 (Quadro 4).
Como controle positivo para os anticorpos anti-RANKL e anti-OPG, foram
utilizados os cortes histológicos de lesão central de células gigantes. O controle positivo
para o anticorpo anti-IL-6 foi utilizado as células da amostra deste estudo, cujos
citoplasma estava corados. O controle negativo consistiu na substituição dos anticorpos
primários por albumina de soro bovino a 1% (BSA) em solução tampão. A técnica
utilizada seguiu o protocolo descrito abaixo.

Desparafinização: 2 banhos em xilol, à temperatura ambiente (10 minutos cada);

Re-hidratação em cadeia descendente de etanóis:

Álcool etílico absoluto I (5 minutos);

Álcool etílico absoluto II (5 minutos);

Álcool etílico absoluto III (5 minutos);

Álcool etílico 95°GL (5 minutos);

Álcool etílico 80°GL (5 minutos);

Remoção de pigmentos formólicos com hidróxido de amônia a 10% em etanol
95°, à temperatura ambiente (10 minutos);

Lavagem em água corrente (10 minutos)

Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);

Recuperação dos sítios antigênicos (Quadro 3);

Lavagem em água corrente (10 minutos);

Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);

Duas incubações dos cortes em solução de peróxido de hidrogênio 3% 10
volumes, em proporção de 1/1, para o bloqueio da peroxidase endógena tecidual
(10 minutos cada);

Lavagem em água corrente (10 minutos);

Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);

Duas passagens em solução tampão TRIS-HCL (tris-hidroximetil-aminometano,
Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, USA) pH 7,4 (5 minutos cada);

Incubação dos cortes com anticorpos primários (Quadro 3), em solução diluente
(Antibody diluent with background reducing components, Dako North America
Inc., Carpinteria, CA,USA);

Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos
cada);

Incubação com o anticorpo secundário (Biotinylated link universal, Dako North
America Inc., Carpinteria, CA, USA), em diluição 1:200, à temperatura ambiente
(30 minutos);

Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos
cada);

Incubação com o complexo estreptoavidina-biotina HRP (Dako North America
Inc., Carpinteria, CA, USA), à temperatura ambiente (30 minutos);

Duas passagens em solução tampão TRIS-HCL pH 7,4 (5 minutos cada);

Revelação da reação com solução cromógena constituída por 25mg a 30mg de
diaminobenzidina (3,3-diaminobenzidina, Sigma Chemical Co., St. Louis, MO,
USA), diluída em 100ml de TRIS-HCl pH 7,4, ativada por 1,2ml de peróxido de
hidrogênio 10 volumes, em câmara escura (3 minutos);

Lavagem em água corrente (10 minutos);

Passagens rápidas em água destilada (2 trocas);

Contracoloração com hematoxilina de Mayer, à temperatura ambiente (10
minutos);

Desidratação em cadeia ascendente de etanóis:

Álcool etílico 80°GL (2 minutos);

Álcool etílico 95°GL (2 minutos);

Álcool etílico absoluto I (5 minutos);

Álcool etílico absoluto II (5 minutos);

Álcool etílico absoluto III (5 minutos);

Duas passagens em xilol (2 minutos cada);

Montagem em resina Permount® (Fisher Scientific Inc., Fair Lawn, NJ, USA).
Quadro 4: Especificidade, recuperação antigênica, diluição, tempo de incubação e
fabricante dos anticorpos primários utilizados no estudo.
Anticorpo
Recuperação
Antigênica
Anti-
Citrato pH6.0
RANKL
Pascal
Diluição
Tempo de
incubação
1:200
Overnight
1:200
Overnight
1:100
Overnight
Citrato pH6. 0
Anti-OPG
Pascal
Anti-IL-6
______
Fabricante
Santa Cruz
Biotechnology
Santa Cruz
Biotechnology
R&D Systems
4.7.2. Análise imuno-histoquímica
Após o processamento dos cortes histológicos e tratamento imuno-histoquímico,
cada espécime foi analisado à microscopia de luz (Olympus CX41, Olympus Japan Co.,
Tokyo, JPN), por dois examinadores previamente treinados. Destaca-se que a análise
imuno-histoquímica foi realizada sem que os examinadores tivessem conhecimento da
localização do caso, em questão.
A avaliação quantitativa da marcação imuno-histoquímica dos antígenos foi
realizada em todos os espécimes incluídos na amostra. O parâmetro consistiu na
positividade da marcação, sendo consideradas positivas as células do tecido conjuntivo e
no parênquima que exibiram coloração acastanhada, quer seja no núcleo ou seu
citoplasma, independente da intensidade da marcação. Em aumento de 100x os campos
foram escolhidos e, com aumento final de 400x, foram contadas as células positivas.
Dessa forma, calculou-se os índices de marcação dos anticorpos do estudo em
porcentagem de células positivas no total de cada caso.
A avaliação das imunoexpressões de RANKL, OPG e IL-6, foi realizada de forma
quantitativa, utilizando adaptação da metodologia descrita na pesquisa de Chuang et. al.
(2009). No front de invasão tumoral e no centro tumoral, sob aumento de 100x, foram
selecionados cinco campos de maior imunorreatividade para as células tumorais, células
estromais (fibroblastos) e células inflamatórias. Sob aumento de 400x em cada um destes
campos foi estabelecido o percentual de células positivas (P) atribuindo o valor: 0 (<1%
das células positivas), 1 (1% - 24% das células positivas), 2 (25% - 49% das células
positivas), 3 (50% - 74% das células positivas) e 4 (≥ 75% das células positivas) e
classificado a intensidade (I) da marcação: 0 (sem reatividade), 1 (fraca reatividade), 2
(moderada reatividade) e 3 (forte reatividade). Os escores totais (S) foram obtidos pela
multiplicação da porcentagem de células positivas (P) pela intensidade (I), em cada
campo (S = P x I).
4.8. CALIBRAÇÃO INTER-EXAMINADOR
A padronização na análise de dados é de extrema importância na realização da
pesquisa. Um dos requisitos para se assegurar a fidedignidade dos achados é a
minimização de variação e erros. Portanto, fez-se necessária a realização de um processo
de calibração com o objetivo de obter a confiabilidade do estudo e verificar a
reprodutibilidade inter-examinador.
Para tanto, foi realizada a calibração inter-examinador para o estudo imunohistoquímico, em que cada examinador avaliou 10 casos iguais e a partir dos dados
obtidos foi calculado o coeficiente Kappa. O valor obtido para o estudo morfológico foi
de 0,889, sendo considerado excelente. Para as análises imuno-histoquímicas foram
obtidos valores de 0,851 para o anticorpo anti-IL-6, considerado bom; 0,905 e 0,927 para
os anticorpos anti-RANK-L e anti-OPG, respectivamente, considerados excelente. Dessa
forma ficou comprovada a reprodutibilidade entre os examinadores.
4.9. ELENCO DE VARIÁVEIS
As variáveis dependentes estão apresentadas no quadro 5 e as variáveis
independentes são apresentadas no quadro 6 e 7.
Quadro 5: Variável dependente que será analisada no estudo.
Tipo da Variável
Carcinoma epidermóide
oral
Definição
Categoria
Tumor maligno de células
Localizado no palato duro
escamosas
Localizado na língua
Quadro 6: Elenco de variáveis independentes associadas às proteínas analisadas no
estudo.
Tipo de variável
Definição
Categoria
Imunomarcação
Intensidade e % de células
do RANKL
neoplásicas positivas para
o anticorpo anti-RANK-L
Marcação das células neoplásicas
estromais e inflamatórias no front de
invasão
e
centro
tumoral
pelo
anticorpo anti- RANK-L
.
Marcação das células neoplásicas
Imunomarcação
do OPG
estromais e inflamatórias no front de
invasão
e
centro
tumoral
pelo
anticorpo anti- OPG
Marcação das células neoplásicas
Imunomarcação
do IL-6
estromais e inflamatórias no front de
invasão
e
centro
tumoral
pelo
anticorpo anti- IL-6
Intensidade e % de células
neoplásicas positivas para
o anticorpo anti-OPG
Intensidade e % de células
neoplásicas positivas para
o anticorpo anti-IL-6
Quadro 7: Elenco de variáveis independentes gerais.
Tipo de variável
Definição
Categoria
Idade
Duração ordinária da vida.
Média dos anos
Classificação do tumor considerando
Estádio 0
as características de tamanho do tumor
Estádio I
Estadiamento
(T), metástase regional (N) e
Estádio II
clínico TNM
metástase à distância (M)
Estádio III
Estádio IVa, IVb ou IVc
Desfecho da
Estado do paciente após período
Remissão da lesão
doença
mínimo de 24 meses posterior ao
Óbito do paciente
diagnóstico da lesão primária
Metástase
Formação de uma nova lesão tumoral
Presença
a partir do tumor primário, mas sem
Ausência
continuidade entre as dois.
Localização
Palato duro (com invasão
anatômica da
Local anatômico de onde foi removido
óssea)
lesão
o tumor.
Língua (sem invasão
óssea)
Gradação
Classificação histopatológica do tumor
histológica de
considerando os parâmetros: grau de
≤ 8- baixo grau de
malignidade
ceratinização, pleomorfismo nuclear,
malignidade
Bryne et al.
padrão de invasão e infiltrado
≥ 9- alto grau de
(1992)
inflamatório
malignidade
Invasão de
células
neoplásicas em
vasos sanguíneos
/
perivascular
Sim
Presença de pelo menos um grupo de
células tumorais no interior dos vasos
Não
4.10. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos foram digitados em planilha eletrônica Excel (Microsoft
Office 2010®), exportados para o programa Statistical Package for the Social Sciences
(versão 20.0; SPSS Inc., Chicago, IL, USA) e submetidos à estatística descritiva e
inferencial, com intuito de testar as hipóteses levantadas na presente pesquisa.
Para avaliar o estadiamento clínico TNM com as demais variáveis estudadas, os
estádios I e II foram combinados em um único grupo e os estádios III e IV em outro grupo.
De maneira semelhante, ao associar os parâmetros clínicos com os dados referentes à
gradação histológica de malignidade proposta proposto por Bryne et al. (1992), os dados
também foram agrupados, sendo o primeiro grupo constituído pelas lesões bem
diferenciadas e o segundo grupo pelas lesões moderadamente/pobremente diferenciadas.
A análise dos aspectos clínicos e morfológicos foi realizada através da estatística
descritiva e do teste do Qui-quadrado de Pearson. A análise da intensidade da
imunoexpressão dos marcadores nas diferentes localizações das lesões também foi feita
através do teste do Qui-quadrado de Pearson. Para o estudo do percentual de células
positivas em relação aos aspectos clinicopatológicos, foi utilizado o teste t de Student.
Para todos os testes utilizados, o nível de significância foi estabelecido em 5% (p < 0,05).
RESULTADOS
5. RESULTADOS
5.1. PERFIL DA AMOSTRA
A amostra deste estudo foi composta por 61 casos de carcinoma epidermóide oral,
sendo 30 (49,2%) casos de língua e 31 (50,8%) de palato. A média de idade dos indivíduos
foi de 70,87 ± 12,77. A menor idade foi de 39 anos e a maior de 99 anos (intervalo = 60
anos). Quanto ao sexo, 31 (50,8%) pacientes foram mulheres e 30 (49,2%) homens. A
média de idade para as mulheres foi de 73,06 ± 12,66 (intervalo = 54 anos), já para os
homens essa média foi de 68,6 ± 12,69 (intervalo = 52 anos). As lesões de língua foram
mais comuns nos homens (n = 16 / 53,3% ), já as lesões de palato foram mais comuns
nas mulheres (n = 17 / 54,8%) (Tabela 1).
Tabela 1. Associação entre a localização da lesão e o sexo dos pacientes. Natal, RN – 2013.
Local da lesão
Sexo
Valor de p*
Feminino
Masculino
CEO de língua
14 - 45,2%
16 - 53,3%
CEO de palato
17 - 54,8%
14 - 46,7%
0,527
Fonte: Hospital Dr. Luiz Antônio
*Teste do Qui-quadrado de Pearson
Com relação ao estadiamento clínico, de acordo com o sistema tumor-nodometástase (TNM), os casos foram agrupados em Estágios I e II e Estágios III e IV. Foram
observados 26 (42,6%) casos nos Estágios I e II e 35 (57,4 %) casos nos Estágios III e
IV. Dos casos de língua, 10 (33,3%) exibiram Estágios I e II e 20 (66,7%) casos exibiram
Estágios III e IV. Dos casos de palato, 16 (51,6% ) exibiram Estágios I e II e 15
(48,4%) exibiram Estágios III e IV. Não houve diferença estatística entre as diferentes
localizações e os estágios clínicos (p = 0,152).
Quanto à presença ou não de metástase, a maioria dos casos exibiu ausência (n =
51, 83,6%) estando a metástase presente em apenas 10 (16,4%) casos. A maior parte dos
casos metastáticos ocorreu em lesões de língua (n = 8 / 80,0%) enquanto aquelas com
ausência de metástase foram mais frequentes nas lesões do palato (n = 29 / 56,9%). Esse
último resultado foi estatisticamente significativo (p = 0,034). Quanto ao estágio clínico,
a maioria dos casos com Estágio I e II (n = 23 / 45,1%) e com Estágios III e IV (n = 28 /
54,9%) exibiu ausência de metástase (p = 0,381) (Tabela 2).
Tabela 2. Associação entre a localização da lesão e a ausência ou presença de metástase.
Natal, RN – 2013.
Local da lesão
Metástase
Valor de p*
Ausente
Presente
CEO de língua
22 - 43,1%
8 - 80,0%
CEO de palato
29 - 56,9%
2 - 20,0%
I e II
23 - 45,1%
3 - 30,0%
III e IV
28 - 54,9%
7 - 70,0%
0,034
Estágio
0,381
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste do Qui-quadrado de Pearson
Quanto ao desfecho clínico da doença, 39 (63,9%) casos exibiram remissão da
doença, enquanto 22 (36,1%) indivíduos morreram da doença. A maioria dos casos com
remissão exibiu Estágio T1 e T2 (n = 20 / 51,3%), já a maior parte dos casos com óbito
exibiu Estágio T3 e T4 (n = 16 / 72,7%). Essa associação exibiu leve tendência à
correlação estatística (p = 0,071). Com relação ao local da lesão, a maioria dos casos de
língua (n = 19 / 48,7%) e dos casos de palato (n = 20 / 51,3%) exibiu remissão da doença
(p = 0,924) (Tabela 3).
Tabela 3. Associação entre o estágio clínico, local da lesão e o desfecho da doença. Natal,
RN – 2013.
Estágio
Desfecho
Valor de p*
Remissão
Óbito
T1 e T2
20 - 51,3%
6 - 27,3%
T3 e T4
19 - 48,7%
16 - 72,7%
CEO língua
19 - 48,7%
11 - 50,0%
CEO palato
20 - 51,3%
11 - 50,0%
0,071
Local da
lesão
0,924
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste do Qui-quadrado de Pearson
5.2. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
De forma geral, as lesões exibiram proliferação de células epiteliais malignas, que
invadiam o tecido conjuntivo subjacente sob a forma de lençóis, ninhos e cordões. As
células tumorais exibiram citoplasma eosinofílico abundante, com limites celulares bem
definidos, pontes intercelulares e núcleo hipercromático. Vários graus de pleomorfismo
celular e nuclear foram visualizados. Observou-se também a presença de ninhos celulares
arredondados com a porção central ceratinizada, formando pérolas de ceratina.
De acordo com as características histológicas, todos os casos foram graduados em
graus histológicos distintos, de acordo com o sistema de gradação histológica de
malignidade de Bryne (1998). Foram observados grau de ceratinização, pleomorfismo
nuclear, padrão de invasão e infiltrado inflamatório. As lesões foram então agrupadas em
baixo grau (escore ≤ 8) e alto grau (escore > 8). De acordo com esta gradação histológica
de malignidade, 17 (27,9%) casos foram classificados como lesões de baixo grau e 44
(72,1%) como lesões de alto grau. A maioria das lesões de língua (n = 22 / 73,3%) e de
palato (n = 22 / 71,0%) foi de alto grau (p = 0,838; Tabela 4).
Tabela 4. Associação entre a gradação histológica de malignidade e a localização da lesão.
Natal, RN – 2013.
Gradação
Local da lesão
Valor de p*
CEO língua
CEO palato
Baixo grau
8 - 26,7%
9 - 29,0%
Alto grau
22 - 73,3%
22 - 71,0%
0,838
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste do Qui-quadrado de Pearson
Avaliou-se também a presença ou ausência de invasão vascular e perineural.
Houve presença de invasão em 38 (62,3%) dos casos e ausência em 23 (37,%) dos casos.
Observou-se correlação entre o alto grau histológico de malignidade e a presença de
invasão vascular e perineural (p = 0,007). Quanto ao desfecho da doença, a maioria das
lesões de baixo (n = 11 / 28,2%) e de alto grau (n = 28 / 71,8%) exibiu remissão da doença
(p = 0,938). Com relação à presença ou não de metástase, a maior parte dos casos de baixo
(n = 14 / 27,5%) e de alto grau (n = 37 - 72,5%) exibiu ausência de metástase (p = 0,870).
Quanto ao estadiamento clínico, observou-se que a maioria dos casos de baixo grau (n =
10 / 38,5%) exibiu Estágios I e II. Dos casos de alto grau, a maior parte (n = 28 / 80,0%)
exibiu Estágios III e IV (p = 0,115; Tabela 5).
Tabela 5. Associação entre a gradação histológica de malignidade, a ausência ou presença de
invasão vascular / perineural, o desfecho clínico da doença, a ausência ou presença
de metástase e o estadiamento clínico. Natal, RN – v2013.
Gradação
Invasão vascular / perivasculaar
Ausente
Presente
Baixo grau
11 - 47,8%
6 - 15,8%
Alto grau
12 - 52,2%
32 - 84,2%
Gradação
Valor de p*
0,007
Desfecho
Remissão
Óbito
Baixo grau
11 - 28,2%
6 - 27,3%
Alto grau
28 - 71,8%
16 - 72,7%
Gradação
0,938
Metástase
Ausente
Presente
Baixo grau
14 - 27,5%
3 - 30,0%
Alto grau
37 - 72,5%
7 - 70,0%
Gradação
0,870
Estágio
T1 e T2
T3 e T4
Baixo grau
10 - 38,5%
7 - 20,0%
Alto grau
16 - 61,5%
28 - 80,0%
0,115
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste do Qui-quadrado de Pearson
5.3. RESULTADOS IMUNOISTOQUÍMICOS
Para a análise da intensidade de expressão, os escores ≤ 2 foram agrupados em
casos com fraca imunoexpressão e os > 2 em casos com forte imunoexpressão. Nos casos
de língua, a imunoexpressão do RANKL foi predominantemente forte (60%), nos casos
de palato a distribuição foi similar (p > 0,05). Para a OPG, todos os casos de língua e de
palato exibiram fraca imunoexpressão (p > 0,05). Para a IL-6, a maior parte dos casos de
língua exibiu fraca imunoexpressão (96,7%), enquanto dos casos de palato, a maior parte
exibiu forte imunoexpressão (54,8%). Esse último resultado revelou diferença
estatisticamente significativa (p < 0,001) (Tabela 6).
Tabela 6. Associação entre a localização da lesão e a intensidade da imunoexpressão do
RANKL, OPG e IL-6. Natal, RN – 2013.
Local da
Intensidade de marcação RANKL
Valor de p*
lesão
Fraca
Forte
Língua
12 - 40,0%
18 - 60,0%
Palato
15 - 48,4%
16 - 51,6%
0,513
Intensidade de marcação OPG
Fraca
Forte
Língua
30 - 100%
0
Palato
30 - 96,8%
1 - 3,2%
0,325
Intensidade de marcação IL-6
Fraca
Forte
Língua
29 - 96,7%
1 - 3,3%
Palato
14 - 45,2%
17 - 54,8%
<0,001
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste do Qui-quadrado de Pearson
Foi observada também a imunoexpressão dos marcadores entre as diferentes
localizações das lesões e tipos celulares. A normalidade da distribuição dos dados foi
verificada através do teste de Kolmogorov-Smirnov, portanto, apenas testes paramétricos
foram utilizados. Para o RANKL, a média de células positivas tumorais, estromais e
inflamatórias foi maior nos casos de palato que nos de língua. Todavia, apenas a análise
das células inflamatórias exibiu diferença estatística significativa (p = 0,002; Tabela 7).
Para o OPG, houve maior imunoexpressão de células tumorais nos casos do palato
(1,32 ± 2,48) em comparação aos de língua (0,77 ±1,85). As células estromais e
inflamatórias exibiram uma média discretamente maior também nas lesões de palato em
comparação às de língua. Não houve significância estatística em nenhuma dessas
correlações anteriores (p > 0,05; Tabela 8).
Tabela 7. Parâmetros observados de acordo com os escores da imunoexpressão do RANKL.
Natal, RN – 2013.
Intervalo de confiança Valor
Tipo
Local da
Desvio(95%)
de p*
Média
celular
lesão
padrão
Mínimo
Máximo
Células
Língua
4,53
3,471
3,24
5,83
tumorais
Palato
6,06
3,614
4,74
7,39
Células
Língua
5,07
3,542
3,74
6,39
estromais
Palato
6,68
4,061
5,19
8,17
Células
Língua
3,93
2,572
2,97
4,89
infamatórias
Palato
6,77
4,185
5,24
8,31
0,097
0,104
0,002
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste t de Student
Tabela 8. Parâmetros observados de acordo com os escores da imunoexpressão do OPG. Natal,
RN – 2013.
Intervalo de confiança Valor
Local da
Desvio(95%)
de p*
Tipo celular
Média
lesão
padrão
Mínimo
Máximo
Células
Língua
0,77
1,851
0,08
1,46
tumorais
Palato
1,32
2,482
0,41
2,23
Células
Língua
0,77
1,851
0,08
1,46
estromais
Palato
0,87
1,962
0,15
1,59
Células
Língua
0,77
1,851
0,08
1,46
infamatórias
Palato
0,87
1,962
0,15
1,59
0,325
0,832
0,832
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste t de Student
Para a IL-6, houve maior imunoexpressão de células tumorais, estromais e
inflamatórias em lesões do palato em comparação às de língua. Todas as correlações para
a IL-6 exibiram resultados estatisticamente significantes (p < 0,001; Tabela 9).
Tabela 9. Parâmetros observados de acordo com os escores da imunoexpressão da IL-6. Natal,
RN – 2013.
Intervalo de confiança
Valor
Local da
Desvio(95%)
de p*
Tipo celular
Média
lesão
padrão
Mínimo
Máximo
Células
Língua
3,97
2,498
3,03
4,90
tumorais
Palato
9,52
3,254
8,32
10,71
Células
Língua
3,83
2,479
2,91
4,76
estromais
Palato
7,81
3,280
6,60
9,01
Células
Língua
3,90
2,398
3,00
4,80
infamatórias
Palato
8,00
3,347
6,77
9,23
<0,001
<0,001
<0,001
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste t de Student
Observou-se a imunoexpressão dos marcadores de acordo com o estadiamento
clínico das lesões. Para o RANKL, a média de células positivas tumorais, estromais e
inflamatórias foi maior nos Estágios III e IV que nos Estágios I e II. Todavia, apenas a
análise das células tumorais exibiu diferença estatística significativa (p = 0,033). Para a
OPG e para a IL-6, a média de células positivas tumorais, estromais e inflamatórias foi
maior nos Estágios I e II em comparação aos Estágios III e IV, todavia sem diferença
estatística (p<0,05; Tabela 10).
Tabela 10. Parâmetros observados de acordo com os escores da imunoexpressão do RANKL,
OPG e IL-6 de acordo com o estadiamento clínico das lesões. Natal, RN – 2013.
Valor
Intervalo de confiança
Tipo
Desvio(95%)
de p*
Estágio
Média
celular
padrão
Mínimo
Máximo
RANKL
Células
T1 e T2
4,23
2,747
-3,699
-0,068
tumorais
T3 e T4
6,11
3,969
-3,605
-0,162
Células
T1 e T2
5,31
3,575
-3,011
0,998
estromais
T3 e T4
6,31
4,071
-2,974
0,960
Células
T1 e T2
5,08
3,610
-2,474
1,427
infamatórias
T3 e T4
5,60
3,875
OPG
-2,455
1,409
Células
T1 e T2
1,12
2,455
-1,031
1,261
tumorais
T3 e T4
1,00
2,015
-1,071
1,301
Células
T1 e T2
1,00
2,098
-0,671
1,300
estromais
T3 e T4
0,69
1,745
-0,704
1,332
Células
T1 e T2
1,00
2,098
-0,671
1,300
infamatórias
T3 e T4
0,69
1,745
IL-6
-0,704
1,332
Células
T1 e T2
7,77
4,033
-0,339
3,763
tumorais
T3 e T4
6,06
3,903
-0,354
3,778
Células
T1 e T2
6,69
3,519
-0,333
3,261
estromais
T3 e T4
5,23
3,431
-0,344
3,271
Células
T1 e T2
6,69
3,519
-0,595
3,065
infamatórias
T3 e T4
5,46
3,543
-0,596
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste t de Student
3,067
0,033
0,310
0,590
0,846
0,538
0,538
0,102
0,110
0,182
A imunoexpressão do RANKL, OPG e IL-6 foi também correlacionada com a
ausência ou presença de metástase. Para os três marcadores, as células tumorais, estromais
e inflamatórias exibiram maiores médias em lesões com ausência de metástase em
comparação àquelas com presença de metástase. Houve significância estatística para as
células tumorais (p = 0,020), estromais (p = 0,027) e inflamatórias (p = 0,017) marcadas
com a IL-6 (Tabela 11).
Tabela 11. Parâmetros observados de acordo com os escores da imunoexpressão do RANKL,
OPG e IL-6 de acordo com a ausência ou presença de metástase. Natal, RN – 2013.
Intervalo de confiança
Valor
Tipo
Desvio(95%)
de p*
Metástase
Média
celular
padrão
Mínimo
Máximo
RANKL
Células
tumorais
Células
estromais
Células
infamatórias
Ausente
5,47
3,630
-1,528
3,469
Presente
4,50
3,504
-1,661
3,603
Ausente
6,00
3,950
-1,994
3,394
Presente
5,30
3,561
-1,996
3,396
Ausente
5,41
3,753
-2,399
2,823
Presente
5,20
3,882
-2,684
3,108
0,440
0,586
0,877
OPG
Células
tumorais
Células
estromais
Células
infamatórias
Ausente
1,14
2,254
-0,988
2,062
Presente
0,60
1,897
-0,912
1,987
Ausente
0,86
1,908
-1,057
1,582
Presente
0,60
1,897
-1,158
1,684
Ausente
0,86
1,908
-1,057
1,582
Presente
0,60
1,897
-1,158
1,684
0,441
0,696
0,696
IL-6
Ausente
7,29
3,971
0,409
5,779
Presente
4,20
3,327
0,551
5,638
Ausente
6,24
3,564
-0,042
4,712
Presente
3,90
2,601
0,300
4,371
Ausente
6,41
3,573
0,225
4,999
3,80
2,658
0,539
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste t de Student
4,684
Células
tumorais
Células
estromais
Células
infamatórias
Presente
0,020
0,027
0,017
A média da imunoexpressão dos marcadores foi correlacionada com o desfecho
da doença. De acordo com os marcadores RANKL e OPG, as células tumorais, estromais
e inflamatórias foram mais frequentes em indivíduos que exibiram óbito. Para a IL-6, as
células tumorais e estromais foram sensivelmente mais frequentes nos casos com
remissão, enquanto as inflamatórias exibiram maior média nos casos de óbito. Observouse significância estatística apenas para as células estromais e inflamatórias
imunomarcadas com a OPG (p = 0,048, em ambas; Tabela 12).
Tabela 12. Parâmetros observados de acordo com os escores da imunoexpressão do RANKL,
OPG e IL-6 de acordo o desfecho da doença. Natal, RN – 2013.
A imunomarcação foi correlacionada também com a gradação histológica de
malignidade. Para o RANKL e a OPG, as células tumorais, estromais e inflamatórias
Tipo
celular
Desfecho
Média
Desviopadrão
Intervalo de confiança
(95%)
Mínimo
Máximo
Valor
de p*
RANKL
Células
Remissão
4,97
3,535
-2,856
0,986
tumorais
Óbito
5,91
3,715
-2,900
1,030
Células
estromais
Remissão
5,69
3,894
-2,612
1,542
Óbito
6,23
3,891
-2,627
1,557
Células
infamatórias
Remissão
5,28
3,755
-2,276
1,749
Óbito
5,55
3,801
-2,298
1,771
0,343
0,609
0,795
OPG
Células
Remissão
0,64
1,530
-2,275
0,011
tumorais
Óbito
1,77
2,943
-2,512
0,249
Células
estromais
Remissão
0,38
1,206
-2,175
-0,237
Óbito
1,59
2,576
-2,402
-0,010
Células
infamatórias
Remissão
0,38
1,206
-2,175
-0,237
Óbito
1,59
2,576
-2,402
-0,010
Células
Remissão
6,79
3,901
-2,139
2,184
tumorais
Óbito
6,77
4,309
-2,223
2,267
Células
estromais
Remissão
5,87
3,172
-1,838
1,945
Óbito
5,82
4,136
-2,012
2,119
Células
infamatórias
Remissão
5,87
3,172
-2,222
1,602
6,18
4,227
-2,411
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste t de Student
1,791
0,104
0,048
0,048
IL-6
Óbito
0,984
0,958
0,766
exibiram maiores médias nas lesões de alto grau. Para a IL-6, as células tumorais foram
sensivelmente mais frequentes nas lesões de baixo grau, enquanto as células estromais e
inflamatórias exibiram discreta maior frequência nas lesões de alto grau. Nenhuma dessas
associações exibiu diferença estatisticamente significativa (p>0,05; Tabela 13).
Tabela 13. Parâmetros observados de acordo com os escores da imunoexpressão do RANKL,
OPG e IL-6 de acordo a gradação histológica de malignidade. Natal, RN – 2013.
Tipo
Gradação
Média
celular
Desviopadrão
Intervalo de confiança
(95%)
Mínimo
Máximo
Valor
de p*
RANKL
Células
tumorais
Baixo grau
5,00
3,373
-2,503
1,639
Alto grau
5,43
3,713
-2,451
1,587
Células
estromais
Baixo grau
4,82
3,395
-3,668
0,724
Alto grau
6,30
3,998
-3,546
0,602
Células
infamatórias
Baixo grau
5,12
3,887
-2,514
1,795
Alto grau
5,48
3,726
-2,607
1,888
0,666
0,158
0,746
OPG
Células
tumorais
Baixo grau
0,76
2,333
-1,655
0,866
Alto grau
1,16
2,156
-1,733
0,944
Células
estromais
Baixo grau
0,59
1,698
-1,409
0,767
Alto grau
0,91
1,974
-1,354
0,712
Células
infamatórias
Baixo grau
0,59
1,698
-1,409
0,767
Alto grau
0,91
1,974
IL-6
-1,354
0,712
Células
tumorais
Baixo grau
6,82
4,142
-2,264
2,366
Alto grau
6,77
4,017
-2,350
2,452
Células
estromais
Baixo grau
5,76
3,649
-2,147
1,904
Alto grau
5,89
3,506
-2,233
1,990
Células
infamatórias
Baixo grau
5,88
3,480
-2,190
1,909
0,551
0,532
0,532
0,966
0,907
0,890
Alto grau
6,02
3,625
-2,193
1,912
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste t de Student
Foi realizada também a correlação entre a imunomarcação e a ausência ou
presença de invasão vascular / perineural. Para o RANKL, as células tumorais e estromais
exibiram maiores médias naquelas lesões com presença de invasão vascular / perineural,
enquanto as células inflamatórias foram mais frequentes nas lesões sem invasão. Para a
OPG, as células tumorais, estromais e inflamatórias foram mais frequentes nas lesões com
presença de invasão vascular / perineural. Para a IL-6, as células tumorais e estromais
foram mais imunomarcadas nas lesões com ausência de invasão vascular / perineural. Já
a média das células inflamatórias foi praticamente semelhante entre os casos com
ausência e com presença de invasão. Apenas a média das células tumorais imunomarcadas
com OPG exibiram diferença estatística significativa (p = 0,047; Tabela 14).
Tabela 14. Parâmetros observados de acordo com os escores da imunoexpressão do RANKL,
OPG e IL-6 de acordo a ausência ou presença de invasão vascular / perineural. Natal,
RN – 2013.
Tipo
celular
Invasão
vascular /
perineural
Média
Desviopadrão
Intervalo de confiança
(95%)
Mínimo
Máximo
Valor
de p*
RANKL
Células
tumorais
Células
estromais
Células
infamatórias
Células
tumorais
Células
estromais
Células
infamatórias
Ausente
5,00
3,177
-2,414
1,414
Presente
5,50
3,861
-2,328
1,328
Ausente
5,57
3,847
-2,572
1,545
Presente
6,08
3,921
-2,573
1,546
Ausente
5,61
4,053
-1,621
2,365
Presente
5,24
3,590
OPG
-1,699
2,443
Ausente
0,43
1,199
-2,127
0,155
Presente
1,42
2,564
-1,958
-0,014
Ausente
0,43
1,199
-1,614
0,378
Presente
1,05
2,193
-1,488
0,252
Ausente
0,43
1,199
-1,614
0,378
Presente
1,05
2,193
-1,488
0,252
0,586
0,618
0,719
0,047
0,161
0,161
IL-6
Ausente
7,17
3,798
-1,514
2,757
Presente
6,55
4,176
-1,472
2,714
Ausente
6,00
3,233
-1,636
2,110
Presente
5,76
3,716
-1,578
2,052
Ausente
5,96
3,282
-1,939
1,853
6,00
3,756
-1,883
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
*Teste t de Student
1,796
Células
tumorais
Células
estromais
Células
infamatórias
Presente
0,554
0,794
0,962
Figura 4. Carcinoma epidermóide de Palato duro de alto grau de malignidade.
(H/E, 400x)
Figura 5. Carcinoma epidermóidede língua de alto grau de malignidade.
(H/E, 100x)
Figura 6. Fotomicrografia demonstrando intensa marcação das
células tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo antiRANKL, no carcinoma epidermóide de palato duro. Marcação
predominante citoplasmática. (ADVANCETM, 200x).
Figura 7. Fotomicrografia demonstrando moderada
marcação das células tumorais, estromais e inflamatórias
com anticorpo anti-RANKL, no carcinoma epidermóide de
língua.
Marcação predominante citoplasmática.
(ADVANCETM, 200x)
Figura 8. Fotomicrografia demonstrando fraca marcação das
células tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo
anti-OPG no carcinoma epidermóide de palato duro.
(ADVANCETM, 200x).
Figura 9. Fotomicrografia demonstrando ausência de
marcação das células tumorais, estromais e inflamatórias com
anticorpo anti-OPG no carcinoma epidermóide de língua.
(ADVANCETM, 400x).
Figura 4. Carcinoma epidermóide de Palato duro de alto grau de malignidade.
(H/E, 400x)
Figura 5. Carcinoma epidermóidede língua de alto grau de malignidade.
(H/E, 100x)
Figura 6. Fotomicrografia demonstrando intensa marcação das
células tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo antiRANKL, no carcinoma epidermóide de palato duro. Marcação
predominante citoplasmática. (ADVANCETM, 200x).
Figura 7. Fotomicrografia demonstrando moderada
marcação das células tumorais, estromais e inflamatórias
com anticorpo anti-RANKL, no carcinoma epidermóide de
língua.
Marcação predominante citoplasmática.
(ADVANCETM, 200x)
Figura 8. Fotomicrografia demonstrando fraca marcação das
células tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo
anti-OPG no carcinoma epidermóide de palato duro.
(ADVANCETM, 200x).
Figura 9. Fotomicrografia demonstrando ausência de
marcação das células tumorais, estromais e inflamatórias com
anticorpo anti-OPG no carcinoma epidermóide de língua. .
(ADVANCETM, 400x).
Figura 10. Fotomicrografia demonstrando intensa marcação das
células tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo antiIL-6, no carcinoma epidermóide de palato duro. Marcação
citoplasmática e nuclear. (ADVANCETM, 200x).
Figura 11. Fotomicrografia demonstrando fraca marcação das
células tumorais, estromais e inflamatórias com anticorpo antiIL-6 no carcinoma epidermóide de língua. (ADVANCETM,
400x).
DISCUSSÃO
6. DISCUSSÃO
O câncer oral é o sexto câncer mais comum em todo o mundo e a oitava causa
de mortes relacionadas às neoplasias malignas (PARKIN et al., 2005; JOHNSON et al.,
2011). O carcinoma epidermóide oral é a neoplasia maligna oral mais comum, sendo
responsável por quase 3% de todos os casos de câncer no mundo, com incidência estimada
em 275 mil casos / ano (JEMAL et al., 2011; YANAMOTO et al., 2012), e respondendo
por mais de 95% de todos os cânceres orais, associado a uma alta morbidade e
mortalidade (BATISTA et al., 2010; PONTES et al., 2011). Sendo caracteriza por ser
uma neoplasia epitelial invasiva, com variados graus de diferenciação (JOHNSON et al.,
2005).
Com relação aos sítios anatômicos, esta neoplasia acomete com maior
frequência a língua e lábios e com menor frequência assoalho, mucosa jugal, gengiva e
palato (KERDPON, SRIPLUNG, 2001), de acordo com a variação geográfica, refletindo
a exposição a diferentes fatores de risco para cada população estudada (SASAKI et al.,
2005; CHOI et al., 2006; JOHNSON et al., 2010). Na Inglaterra, Estados Unidos e Coréia,
provavelmente pelo consumo associado de tabaco e álcool a língua tem sido o principal
sítio de acometimento (OLIVER; HELFRICK; GARD, 1996). E na Ásia, a mucosa jugal
é a localização mais comum, devido ao hábito de mascar betel (FRITZ et al., 2000;
IAMAROON et al., 2004; SHARMA et al., 2010). Já em países tropicais como Austrália
e Brasil, a alta incidência de carcinoma epidermóide de lábio inferior se deve
principalmente à intensa exposição solar a que essa população está submetida (COSTA
et al., 2002). Corroborando com os dados da literatura a pesquisa realizada por Radoi et
al. (2013) em 689 casos de carcinoma epidermóide oral, na França, observaram que a
localização anatômica mais comum foi a língua (42,4%), seguido pelo assoalho da boca
(27,3%), lábio (11,7%), palato mole (10,7%), gengiva (5,4%) e palato duro (2,5%).
O carcinoma epidermóide oral é a sexta doença maligna mais comum no sexo
masculino e a oitava mais comum no feminino (JOHNSON et al., 2011). Na maioria dos
países acomete duas vezes mais homens do que mulheres (MUIR E WEILAND, 1995;
UCHIDA, 1998; OTOH et al., 2005). Com relação à idade, acomete pessoas mais velhas,
sendo 90% acima de 45 anos de idade (IARC, 2003). Estudos epidemiológicos
evidenciam uma maior prevalência destes tumores em homens entre a sexta e sétima
décadas de vida, por ser este grupo mais exposto, com o passar dos anos, aos fatores de
risco (MOORE et al., 2000; NEVILLE et al., 2009).
Porém, estudos recentes têm apresentado resultados diferentes com relação à
frequência do câncer oral. Uma diminuição na incidência de carcinoma epidermóide oral
em homens e um aumento entre as mulheres, assim como o acometimento em grupos
jovens (DAHLSTROM et al., 2008; CURADO, HASHIBE, 2009; MAROCCHIO et al.,
2010; ZINI et al., 2010; JOHNSON et al., 2011 PATEL 2011GANLY et al., 2012;
YANAMOTO et al., 2012; LING et al., 2013; RADOI et al., 2013). Como observaram
Ling et al., (2013), ao analisarem a incidência de 210 casos carcinoma epidermóide oral,
que 113 (53,8%) homens e 97 (46,2%) mulheres, com uma relação homem / mulher de
1,16:1, com média de idade de 55 anos , faixa de 22 anos a 88 anos. E a meta-análise de
Brandizzi et al. (2005) em Buenos Aires mostrou a relação homem / mulher para ser
1.24:1 para o período 1992 - 2000, comparado a 7.1:1 para o período 1950-1970.
No presente estudo, a média de idade da amostra foi de 70,87 ± 12,77. A menor
idade foi de 39 anos e a maior de 99 anos (intervalo = 60 anos). A incidência dos casos
quanto ao sexo foi de 31 (50,8%) do gênero feminino e 30 (49,2%) do masculino. Estes
resultados corroboram os relatos da literatura que trazem estes parâmetros atuais em
relação à elevação da prevalência do carcinoma epidermóide oral entre as mulheres. Este
fato pode ser atribuído às mudanças nos hábitos das mulheres como o consumo de álcool
e tabaco, aumento na expectativa de vida e a diferença geográfica.
Apesar do sucesso no desenvolvimento de diagnósticos e terapias o prognóstico
para o câncer oral continua desconhecido (KADEMANI et al., 2005; YANAMOTO et al.
2012). De acordo com Johnson et al. (2011), a taxa de sobrevida dos pacientes com
carcinoma oral, em todo o mundo, demonstra poucas evidências de melhoria ao longo das
últimas décadas, apesar de grandes avanços nas pesquisas. Atualmente, os estudos
destacam que a sobrevida de 5 anos para os pacientes com carcinoma epidermóide oral
varia entre 50% a 60% (ARDUINO et al., 2008; YANAMOTO et al. 2012).
Com o intuito de propor terapias mais adequadas, bem como, estimar a sobrevida
dos pacientes o sistema de estadiamento clínico de tumores (TNM), o qual tem sido
considerado como padrão mundialmente aceito de classificação, tem sido adotado para
classificar os tumores, possibilitando uma linguagem comum entre os centros de
oncologia. No entanto as pesquisas referentes ao TNM como indicador de prognóstico
para o carcinoma epidermóide oral são controversas (LOURENÇO et al., 2007).
Estudos realizados ao longo das últimas décadas têm demonstrado que o sistema
de estadiamento clínico de tumores (TNM) do carcinoma de células escamosas oral é o
fator prognóstico clínico mais importante na determinação do plano de tratamento e
fornece uma confiável base para a sobrevida (KADEMANI et al., 2005; ARDUINO et
al., 2008; GONZALEZ-GARCIA et al., 2009; KALAVREZOS et al., 2010;
KERNOHAN et al., 2010; HUANG et al., 2010; YANAMOTO et al., 2012). Resultados
semelhantes foram observados na pesquisa de Yanamoto et al. (2012). Os autores
destacaram que, dentre os 187 casos de carcinoma epidermoide oral, os tumores
diagnósticados nos estágios I e II obtiveram melhor prognóstico do que aqueles com
estágio III e IV, pois estes na fase I e II obtiveram significativamente maior taxa de
sobrevida em 5 anos (73,3%) em comparação aos pacientes nos estágios III e IV (41,8%).
Segundo Radoi et al. (2013) o prognóstico é melhor em pacientes com estágios
iniciais do carcinoma epidermóide oral de língua do que naqueles em que o tumor se
espalhou para os linfonodos regionais ou locais mais distantes no momento do
diagnóstico. Para Dantas et al. (2003), o estadiamento clínico TNM é um importante
indicador de prognóstico para o carcinoma epidemóide de língua. Os autores observaram
associação estatisticamente significativa entre o TNM e o prognóstico da lesão,
considerado como a presença de recidiva ou a remissão do tumor. Resultados semelhantes
foram encontrados por Choi et al. (2006) após realização de análise multivariada para
analisar fatores indicadores de prognóstico para o carcinoma epidermóide oral,
encontraram que o TNM foi o fator mais importante na sobrevida dos pacientes,
reforçando a ideia de que o TNM é um método muito útil na previsão de prognóstico. E
o estudo de Silveira et al. (2007) também encontrou associação significativa entre o TNM
e o prognóstico dos tumores (óbito do paciente ou remissão do tumor), com 86,7% dos
casos agrupados nos estágios I e II exibindo remissão do tumor e 77,77% dos pacientes
incluídos nos estágios III e IV, apresentando óbito, em uma amostra de 30 pacientes com
carcinoma epidermóide língua.
O estudo de Ling et al. (2013) com objetivo de analisar os fatores prognósticos
que podem influenciar na sobrevida, avaliou retrospectivamente 210 casos de carcinoma
epidermóide oral de língua. Destes, 39 casos (18,6%) foram classificados no estágio I, 44
casos (21,0%) no estágio II, 61 casos (29,0%) no estágio III e 66 casos (31,4%) no estágio
IV. Durante acompanhamento, as estimativas da sobrevida de 5 anos de acordo com a
fase clínica, foram 75,7%, 54,4%, 45,0% e 34,1% para as fases I a IV, respectivamente
(P <0,001). Os autores destacaram que conforme observado na literatura os casos
classificados nos estágios III e IV tiveram uma sobrevida mais curta do que os
calssificados nos estágios I e II, com associação estatisticamente significante (P = 0,001).
No entanto o estudo de Pontes et al. (2011) analisou a taxa de sobrevida e fatores
prognósticos independentes em 85 casos de carcinoma epidermóide de língua e assoalho
de boca, ao realizar a análise multivariada, o estadiamento clínico TNM não se mostrou
como fator de prognóstico (sobrevida de 5 anos) para estes carcinomas. Resultados
semelhantes foram encontrados nos estudos de Costa; Araújo; Ramos, (2005) e Isihikuro
et al. (2008). Assim como o estudo retrospectivo de Meng et al. (2012) realizado em 68
casos de carcinoma epidermóide localizados no palato duro, observaram que 46 casos
(59%) classificados nos estágios I e II e 32 casos nos estágios III e IV e a taxa de sobrevida
e livre da doença em 5 anos foram de 49,8% e 49,7%, respectivamente. Os autores não
encontraram associação estatisticamente entre o TNM e o prognóstico da lesão,
considerado a sobrevida e o tempo de 5 anos livre do tumor.
Nesta pesquisa, foi encontrada uma leve tendência à correlação estatística entre
os casos classificados nos estágios III e IV e o óbito dos pacientes (p = 0,071). Estes
resultados estão em concordância com os estudos citados acima (DANTAS et al., 2003;
VARTANIAN et al., 2004; CHOI et al., 2006; SILVEIRA et al., 2007), revelando que de
fato, o estadiamento clínico TNM é um fator indicativo de prognóstico também para os
carcinomas epidermóides de língua e palato duro. Além disso, apesar de nossa amostra
ser intencional, houve predomínio do estágio III e IV (n = 35, 57,4%), resultado
semelhante ao estudo de Ling et al. (2013) e Radoi et al. (2013), mas este fato é contrário
ao normalmente observado em estudos com amostra aleatória de carcinoma epidermóide
oral, em que a maioria dos casos encontra-se nos estágios I e II (COSTA et al., 2002;
BATISTA et al., 2010; PONTES et al. 2011; MENG et al., 2012; YANAMOTO et al.,
2012).
Somando-se aos resultados contraditórios das pesquisas referentes ao TNM, a
existência de casos diagnosticados em estágios iniciais, tratados de forma correta, mas
que evoluíam rapidamente ao óbito, não condizendo com a indicação clínica do TNM,
gerou a necessidade de instituição de outros fatores prognósticos para suplementar o
sistema (LOURENÇO et al., 2007). Dessa forma, surgiram os sistemas de gradação
histológica de malignidade para o carcinoma epidermóide oral, com o intuito de fornecer
conhecimentos
complementares
que
favorecessem
explicações
relativas
ao
comportamento biológico discrepante de tumores com características clínicas
semelhantes (LOURENÇO et al., 2007).
Em virtude da alta morbidade e mortalidade do carcinoma epidermóide oral,
parâmetros clínicos e histopatológicos têm sido utilizados para padronizar e classificar os
tumores, e assim estabelecer o tratamento e o prognóstico dos mesmos. Para o carcinoma
epidermóide oral, o tamanho do tumor, gradação histológica de malignidade, metástase
em linfonodo regional e recidiva da lesão são os principais fatores relacionados à
sobrevida dos pacientes (SOUZA et al., 2011).
Outro parâmetro clínico analisado na presente pesquisa foi à presença de
metástase. E de acordo com a pesquisa de Lim et al. (2004) a presença de metástase
linfonodal regional é considerada um dos principais indicadores de prognóstico para o
carcinoma epidermóide oral. Para Radoi et al. (2013) a taxa de sobrevivência para
pacientes com carcinoma epidermóide de língua está intimamente relacionado ao local,
tamanho e profundidade da invasão da lesão primária. Os estudos têm buscado estabelecer
associação entre as características clínicas e histopatológicas do carcinoma epidermóide
oral com o prognóstico desses tumores (ZITSCH et al., 1999; KUROKAWA et al., 2005;
BATISTA et al., 2010; PONTES et al., 2011).
Kurokawa et al. (2005), ao analisarem o valor prognóstico de parâmetros clínicos
e histopatológicos tais como espessura do tumor, tamanho do tumor, TNM, metástase
linfonodal, gradação histológica de malignidade no front de invasão e no centro tumoral
e invasão microvascular em carcinomas epidermóides orais, encontraram que a presença
de metástase linfonodal reduziu significativamente a taxa de sobrevida de 5 anos dos
pacientes.
Beltramini et al. (2011) ao revisarem 65 casos de carcinoma epidermóide de
palato duro e palato duro com envolvimento do palato mole, demonstraram que a taxa de
metástases foi de 37,5% nos carcinomas de palato duro com envolvimento do palato mole,
no entanto a taxa de metástases para os casos localizados exclusivamente em palato duro
foi de 10%. Resultados semelhantes foram encontrados por Meng et al. (2012), que
destacaram que a invasão do palato mole por carcinoma epidermóide oral primário de
palato duro é um fator de risco considerando o prognóstico.
Yanamoto et al. (2012) sugerem em sua pesquisa que o carcinoma epidermóide
de língua apresenta um pior prognóstico (para taxa de sobrevida de 5 anos - 34,1%)
quando comparado aos carcinomas epidermóides da cavidade oral em outras localizações
(taxa de sobrevida de 5 anos - 65,9%). Os autores justificam esse resultado devido,
principalmente, à maior incidência de micrometástases ocultas nos casos localizados na
língua. Este fato também foi observado no estudo de Fan et al. (2010) que identificaram
a presença de metástase como um fator de risco para a recorrência do carcinoma
epidermóide oral, sugerindo, consequentemente, pior prognóstico.
Meng et al. (2012) encontraram associação estatisticamente significante entre a
taxa de metástase nodal positiva com os tumores em estágios mais avançados III e IV
(44% dos casos analisados), sugerem que os carcinomas epidermóide oral em estágios
mais avançados devem ser tratados de forma mais radical, pois apresentam elevado
potencial para metástase e consequentemente pior prognóstico.
No presente estudo, a presença de metástase linfonodal regional esteve
significativamente associada ao local do tumor, com predomínio dos casos com presença
de metástase linfonodal nos carcinomas epidermóides de língua (p = 0,034). Estes
resultados corroboram os relatos da literatura que destacam que dentre os carcinomas
epidermóides orais os localizados nas regiões com maior vascularização, no caso da
amostra do nosso estudo os casos de língua são considerados de pior prognóstico devido
ao maior risco da ocorrência de metástase (YANAMOTO et al., 2012; FAN et al., 2010).
Além disso, dentre os casos com metástase houve predomínio do estágio III e IV (n =
70%), resultado semelhante ao estudo de Meng et al. (2012), Fan et al. (2010), Yanamoto
et al. (2012) e Radoi et al. (2013). Estes resultados justificam a utilização destes
parâmentos clínicos (metástase e TNM) na determinação do prognóstico e o planejamento
do tratamento do carcinoma epidermóide oral.
Com relação ao desfecho clínico da doença o nosso estudo revelou uma leve
tendência à correlação estatística com o estadiamento clínico (p = 0,071). Dos casos
analisados, 39 casos (63,9%) exibiram remissão da doença, enquanto que 22 (36,1%)
indivíduos morreram da doença. A maioria dos casos com remissão exibiu o estágio I e
II (n = 20 / 51,3%), já a maior parte dos casos com óbito apresentaram estágio III e IV (n
= 16 / 72,7%). No nosso estudo, o tempo de acompanhamento foi de 24 meses, o qual é
considerado um tempo satisfatório para esta análise (GUTIÉRREZ-PASCUAL et al.,
2011). Estes resultados corroboram os relatos da literatura que trazem este parâmetro
como indicador de pior prognóstico para os carcinomas epidermóides orais,
(KADEMANI et al., 2009; VARTANIAN et al., 2004; SALGARELLI et al., 2009). Além
disso, enfatiza o fato de que apesar do carcinoma epidermóide oral ser considerado um
tumor de bom prognóstico, quando estes se apresentam em estágios avançados e com
metástase o desfecho destes casos é mais sombrio.
Diversos sistemas de gradação histológica foram propostos (BRODERS, 1920;
WAHI, 1971; FISHER, 1975; LUND et al., 1975; CRISSMAN et al., 1984;
ANNEROTH; BATSAKIS; LUNA, 1987). Todos esses sistemas geraram resultados
controversos em diferentes pesquisas. Em 1992, Bryne et al. propuseram um novo sistema
de gradação, baseado em modificação por eles proposta (1989) do sistema recomendado
por Anneroth; Batsakis; Luna (1987). Nesse estudo, os autores utilizaram amostra de 61
casos de carcinoma epidermóide oral e compararam o valor prognóstico do sistema com
e sem a contagem mitótica no front de invasão tumoral. Os resultados evidenciaram o
sistema como de alto valor prognóstico e com boa reprodutibilidade Inter examinador.
Apesar da remoção de um parâmetro do sistema, os autores não alteraram o escore final
de malignidade.
Bryne (1998) sugere que o front de invasão tumoral reflete melhor o prognóstico
dos tumores pelo fato de vários eventos moleculares importantes, como aumento de
proliferação celular, perdas e ganhos de moléculas de adesão, secreção de enzimas
proteolíticas e angiogênese, ocorrerem principalmente na interface tumor-hospedeiro.
A literatura mostra divergência em relação aos resultados do SGHM proposto
por Bryne et al. (1992). Silveira et al. (2007), ao analisarem 30 casos de carcinoma
epidermóide de língua utilizando o sistema de gradação proposto por Bryne et al. (1992),
recomendaram modificação na pontuação do escore final de malignidade, uma vez que o
parâmetro contagem de mitose havia sido suprimido. Os autores consideraram os escores
entre 4 a 8 pontos como de baixo grau de mailignidade e acima de 8 pontos, de alto grau
de malignidade. Contudo, os resultados da pesquisa não demonstraram associação
siginificativa entre a gradação histológica de malignidade proposta por Bryne et al. (1992)
e o desfecho da doença, metástase linfonodal e TNM.
O estudo de Kurokawa et al. (2005) analisou 124 casos de carcinoma
epidermóide de língua, buscando fatores preditivos de prognóstico e metástase linfonodal.
Após a realização da análise multivariada, os pacientes cujos tumores exibiram espessura
≥ 4mm, metástase linfonodal e o índice de gradação no front de invasão ≥ 8 pontos
tiveram significativa redução da taxa de sobrevida de 5 anos. Além disso, o índice de
gradação no front de invasão ≥ 11 foi um valor preditivo de metástase linfonodal. Dessa
forma, os autores concluíram que o alto escore de malignidade no front de invasão tem
alto valor prognóstico para o carcinoma epidermóide de língua.
Tendo em vista a forte associação entre a gradação histológica de malignidade
proposta por Bryne et al. (1992) com a presença de metástase linfonodal, estadiamento
clínico TNM e o desfecho dos tumores, bem como fraca associação da classificação
proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005). Baseado nos relatos acima descrito, a
presente pesquisa adotou o sistema de gradação preconizado por Bryne et al. (1992), pois
se revela como melhor indicador de prognóstico para o carcinoma epidermóide oral.
E nossos resultados exibiram predominância de casos classificados como alto
grau de malignidade (n = 72,1), tanto para os casos localização de língua (n = 22 / 73,3%)
quanto os de palato duro (n = 22 / 71,0). Isto provavelmente se deve ao fato da utilização
de amostra intencional, com 50% dos casos apresentando sendo de língua. Pois estes são
descritos por serem mais invasivos e indiferenciados (ABREU et al., 2004). Os nossos
resultados estão de acordo com os achados de Choi et al. (2006); Silveira et al. (2007);
Pontes et al. (2011); Ling et al. (2013) e Yanamoto et al. (2012).
A invasão perineural é observada em pequenos subgrupos de pacientes com
carcinoma epidermóide oral. E este padrão de propagação é geralmente considerado como
fator de risco para a sobrevivência de pacientes com câncer primário de cabeça e pescoço
e é considerado um indicador de tratamento coadjuvante (BERNIER et al., 2004;
COOPER et al., 2004).
Os resultados do presente estudo ao associarmos os parâmetros de prognóstico
(metástase, estadiamento clínico, invasão vascular e perineural e desfecho) com a
gradação histológica proposta por Bryne et al. (1992), demonstraram associação
estatisticamente siginificativa entre o alto grau de malignidade e a presença de invasão
vascular e perineural (p = 0,007) e uma forte tendência à significância estatística com os
estágios avançados do carcinoma (III e IV) (p = 0,115). Como referido anteriormente, a
metástase e o desfecho não estiveram associados à gradação histológica de malignidade.
Tendo em vista está forte associação entre os dois parâmetros de prognóstico:
estadiamento clínico e invasão vascular e perineural e a gradação histológica proposta por
Bryne et al. (1992), os nossos resultados sugerem que estes podem ser uma ferramenta
útil na predição do prognóstico de carcinomas epidermóides de língua e palato.
Nossos achados estão de acordo com o estudo de Meng et al. (2012) que ao
avaliarem nos carcinomas epidermóides de palato a relação entre os parâmetros de
prognóstico (invasão perineural, metástase e estadiamento clínico) com o desfecho (taxa
de sobrevida de 5 anos), os autores acima referidos observaram correlação
estatisticamente significativa entre a taxa de sobrevida de 5 anos livre da doença com a
presença de invasão perineural (10,4%) e com a ausência de invasão perineural (52,8%).
A correlação com a metástase e com o estadiamento clínico não exibiram diferença
estatística, mas demonstrou uma tendência de correlação entre a presença de metástase e
tumores em estágios mais avançados com um pior desfecho (menor taxa de sobrevida de
5 anos). Concluíram, diante destes resultados, que a presença da invasão perineural,
metástase e recorrência regional podem ser indicativo para um comportamento tumoral
mais agressivo nos carcinomas epidermoides de palato, necessitando de um protocolo de
tratamento mais invasivo.
Com relação à intensidade do infiltrado inflamatório, nossos resultados não
exibiram correlação estatística com a localização da lesão, as lesões de língua exibiram a
mesma quantidade de casos (n = 15 / 50,0%) com intensidade ausente / fraca e moderada
/ forte, enquanto a maioria das lesões de palato (n = 21 / 67,7%) exibiu intensidade
moderada / forte (p = 0,162). Ao correlacionar a intensidade do infiltrado inflamatório
com a metástase e o estadiamento clínico, não houve associação significativa. Este último
resultado exibiu forte tendência à significância estatística (p = 0,056).
A presente pesquisa avaliou ainda fatores relacionados a reabsorção óssea,
utilizando os marcadores RANKL, OPG e IL-6. Pois sabe-se que a remodelação óssea é
regulada por uma variedade de fatores sistêmicos e locais. E os estudo atuais sobre a via
RANKL/RANK/OPG têm esclarecido o envolvimento dessas proteínas como sendo
moléculas chaves na regulação do metabolismo ósseo e biologia da reabsorção óssea,
através da formação, diferenciação e ativação dos osteoclastos (LU et al., 2006;
ANDRADE et al., 2008; COCHRAN, 2008; KHOSLA, 2001; SCHNEEWEIS et al.,
2005; TYROVOLA et al., 2008; BOYLE et al., 2003; CUI, 2010; SHIN et al., 2011;
AZIM et al. 2012; MARTINS et al., 2012).
A reabsorção e formação ósseas são reguladas pelo equilíbrio entre a relativa
concentração do RANKL expresso por várias células, bem como do receptor RANK no
precursor do osteoclasto e do receptor solúvel OPG. Quando a expressão de RANKL é
relativamente elevada em relação ao OPG, RANKL fica disponível para ligar-se ao
RANK no precursor do osteoclasto, inclinando o balanço a favor da ativação e formação
dos osteoclastos e reabsorção óssea, ou seja, quando o RANK liga-se ao seu ligante
específico, inicia-se a osteoclastogênese. Portanto as anormalidades na razão RANKL /
OPG têm sido implicadas na patogênese da várias doenças, como a osteoporose pósmenopausa, artrite reumatóide, doença de Paget, doença periodontal, tumores ósseos
benignos e malignos, metástases ósseas, hipercalcemia maligna e o carcinoma
epidermóide oral. (HOFBAUER; HEUFELDER, 2001).
E mais recentemente, Sood et al. (2011) observaram em seu estudo com
carcinoma epidermóide de tireóide uma super expressão de RANKL. Resultados estes
semelhantes a vários estudos, nos quais foram evidenciados um nível aumentado do
RANKL em tumores sólidos em desenvolvimento nos sítios ósseos, destacando que
parece ser um mecanismo fundamental para estas patologias (TADA et al., 2005; TADA
et al., 2009; JONES et al., 2006; ARMSTRONG et al., 2008; SABBOTA et al., 2010). E
esta razão RANKL / OPG tem sido utilizada como um marcador biológico de prognóstico
em patologias ósseas como a osteoporose, espondilite aquilosante, artrite reumatóide,
tumores ósseos benignos e osteólise associada a perdas protéticas, fraturas ósseas e
atualmente no carcinoma epidermóide oral (BAUD’HUIN et al., 2007; SEMBA et. al.,
1995; BROWN et. al., 2002; SHAW et. al., 2004).
No entanto, estudos relatam que a osteoclastogênese pode ser estimulada por
mecanismos independentes do RANKL. Como observado pelo estudo in vitro com ratos
realizado por Kobayashi et al. (2005) que o TNF-α pode estimular osteoclastogénese por
um mecanismo independente do RANKL em macrófagos da medula óssea dos ratos. A
pesquisa de Azuma et al. (2000), em modelos humanos, identificaram que na presença de
fator estimulante de colónias dos macrófagos (M-CSF), o TNF-α é suficiente para induzir
a diferenciação de precursores de osteoclastos, por um processo independente de
RANKL.
Atualmente é bem compreendido que a citocina pró-inflamatória, interleucina 6
(IL-6), está superexpressa em tecidos cronicamente inflamados, como no câncer
(COUSSENS e WERB, 2002). Baseado neste fato, as presquisas vêm ressaltando sua
atuação na carcinogênese, apesar, do seu exato papel neste mecanismo ser ainda pouco
conhecido. Na tentativa de esclarecer os mecanismos da osteoclastogênse e
consequantemente compreender melhor a carcinogênse, pesquisas recentes tem sido
realizadas in vitro e em animais, com células do carcinoma epidermóde oral e têm
mostrado que estas células tumorais produzem várias citocinas, entre elas a interleucina6 (IL-6), IL-11, TNFα e PTHrP (KAWAMATA et. al., 1997; OKAMOTO et. al., 2000;
SHIBAHARA et. al., 2005; TADA et. al., 2005; NOMURA et. al., 2007; HENSON et.
al., 2007; ERDEM et. al., 2007), que regulam a expressão de RANKL e OPG. No entanto
os perfis de expressão destas moléculas no carcinoma epidermóide oral são pouco
investigados.
Os resultados de diversos estudos sobre esta tríade vêm proporcionando
conhecimento para uma melhor compreensão do processo de reabsorção óssea, que é
considerada uma etapa preliminar na evolução e progressão de alguns tipos de câncer,
incluindo o carcinoma epidermóide oral (THOMAS et al, 1999; BENDRE et al, 2003;
BROWN et al, 2001; SEZER et al, 2003; YACCOBY et al, 2004; NAGAI et al, 2000;
ISHIKURO et al. (2008) AZIM et al. 2012). Mas, ainda não são bem compreendidos e
permanecem controverso os mecanismos moleculares pelos quais estas vias podem
ativamente induzir o processo de invasão óssea, se esta via pode servir como um indicador
de prognóstico para carcinoma epidermóide oral (QUE et al 2012).
Com base nestas observações, a atenção desta pesquisa foi voltada para os
fatores relacionados à reabsorção óssea (RANKL, OPG e IL-6) que têm sido alvo de
intensas investigações relacionadas com o câncer. Partindo do pressuposto de que estas
citocinas estão relacionadas com os osteoclastos, desempenhando papéis importantes,
analisamos a expressão imuno-histoquímica do RANKL, OPG e IL-6 em carcinoma
epidermóide oral com invasão óssea (localizados no palato duro) e em carcinoma
epidermóide oral sem invasão óssea (casos de língua), avaliando suas expressões tanto
em células tumorais quanto em células estromais e inflamatórias, com a finalidade de
fornecer subsídios para melhor compreensão da função dessas moléculas na patogênese
e progressão desta doença, assim como verificar uma possível associação destes com a
perda óssea. Destaca-se que não existem na literatura estudos in vivo avaliando estes três
marcadores em carcinoma epidermóide oral.
Estudos iniciais sobre a ação da tríade RANK/RANKL/ OPG em neoplasias
malignas demonstram que as células tumorais podem produzir RANKL, atuando
diretamente na diferenciação e ativação dos osteoclastos, como relatado por Croucher, et
al. (2001) em mieloma múltiplo, Zhang et al. (2001) em câncer de próstata, Nagai et al.
(2000) em linhagem de células de carcinoma epidermóide oral e Michigami et al. (2001)
em neuroblastoma humano.
No entanto, estudos posteriores destacaram que a interação entre as células
tumorais, os fatores derivados do tumor e o microambiente ósseo são cruciais para a
iniciação e promoção das doenças malignas no esqueleto (FARRUGIA et al., 2003; CUI
et al., 2010; SHIN et al., 2011; MATSUBARA, et al., 2013). E que a destruição do osso
é mediada pelos osteoclastos, e não pela ação direta das células tumorais, sugerindo,
portanto, que as células tumorais secretam fatores solúveis (por exemplo, hormonio,
citocinas e fatores de crescimento) que estimulam a reabsorção óssea osteoclástica,
através da produção indireta do RANKL por células estromais osteoblásticas
(WITTRANT et al., 2004).
Resultados semelhantes foram observados por Roodman et al (2004), ao
analisarem que o tumor induz as células a expressarem RANKL e, subsequentemente, a
osteólise conduz à liberação de fatores de crescimento pró-tumoral e citocinas para o
microambiente do osso, resultando em um ciclo vicioso de destruição ossea e proliferação
tumoral, destacando, portanto que a osteólise ocorre por ação dos osteoclastos, ao invés
da atuação direta das células tumorais.
Assim, tem sido aceito que a destruição do osso associada com a invasão de
carcinoma parece ser mediada por osteoclastos, em vez de diretamente pelo carcinoma
(GUISE, MUNDY, 1998). Esses achados foram suportados por linhas de pesquisa in vitro
na qual utilizaram células tumorais para induzir, direta ou indiretamente, a
osteoclastogénese usando sistemas de cultura de osteoclastos (OKAMOTO et al., 2000;
TADA et al., 2005; TADA et al., 2009).
As alterações no equilíbrio entre os níveis RANKL / OPG estão associadas com
a osteoclastogênese (ROODMAN, 2004), e o bloqueio total da sinalização do RANKL
em modelos animais demonstraram uma dependência absoluta entre a inducão da
osteólise no tumor e sinalização do RANKL (MORONY et al.; 2001; JONES et al.; 2006;
MARTINS et al., 2012). E os estudos atuais destacam que a superexpressão do RANKL
tem sido considerada como um pré-requisito para praticamente todas as condições de
câncer que induzem a destruição osso (CUI, 2010; SHIN et al., 2011; AZIM et al. 2012;
MARTINS et al., 2012; AZIM et al., 2012).
Esses achados estão de acordo com os resultados do estudo imuno-histoquímico
de Good et al. (2002) que observaram uma super expressão do RANKL em tumores
ósseos benigno, maligno e metastático. Assim como, a pesquisa de Grimaud et al. (2003)
encontram expressão positiva do RANKL em tumores ósseos malignos primários e no
tumor de células gigantes. Os pesquisadores destes estudos enfatizam que OPG foi
imunosuprimida e sugerem que a sua expressão reflete um mecanismo homeostático do
esqueleto para contrabalançar o aumento da reabsorção óssea. E na presente pesquisa
encontrou-se também uma elevada imunoexpressão da proteína RANKL, assim como
uma supressão da expressão da OPG tanto nas lesões com reabsorção quanto nas sem
reabsorção óssea.
No carcinoma epidermóide oral estes achados foram confirmados por Tada et al.
(2005) ao observarem in vitro que as células tumorais induzem fortemente a
osteoclastogênese na ausência de fatores osteotrópicos e que para promover a
osteoclastogenese reduzem a expressão da OPG, ao invés de aumentar a expressão do
RANKL. Destacam ainda a partir destes resultados que a modulação da taxa de expressão
do RANKL / OPG pelo microambiente contribui para formação dos osteoclastos, ao invés
de apenas modular a expressão RANKL pelas células tumorais.
Entretanto o papel das células do carcinoma epidermóide oral na função dos
osteoclastos, assim como na sobrevivência e atividade de reabsorção óssea pelos
osteoclastos não foram bem compreendida. E na tentativa de escalrecer esses
questionamentos, Tada et al. (2009) realizaram, uma nova pesquisa com células do
carcinoma epidermóide oral e concluiram que as células regulam a osteoclastogênese e
suas funções. Resultados semelhantes foram encontrados por Subramanya et al. (2009),
ao investigarem os mecanismos moleculares da invasão óssea pelo carcinoma
epidermóide oral e observarem que o aumento significativo do número de osteoclastos na
interface tumor - osso e a elevada expressão imuno-histoquímica de RANKL, apoiam a
osteoclastogênese. Este resultado é condizente ao da presente pesquisa que observou a
elevada expressão imuno-histoquímica de RANKL tanto nos diferentes tipos de lesão
(carcinoma epidermoíde oral com e sem reabsorção óssea) quanto nos diferentes tipod de
célula (células tumorais, estromais e inflamatórias) e demonstra associação desta elevada
expressão do RANKL com a osteoclastogênese.
O primeiro estudo in vivo que analisou a via RANK / RANKL / OPG em
carcinoma epidermóide oral foi realizado por chuang et. al. (2009). Neste estudo os
autores, observaram uma elevada expressão de RANK e RANKL tanto nos casos com
invasão óssea, como nos casos sem invasão óssea. Assim como a marcação da OPG, foi
fraca tanto nos casos com invasão óssea como nos casos sem invasão, indicando uma
baixa concentração de OPG. Esses resultados demonstram que a elevada taxa de ligação
entre RANK/RANKL é permitida pela baixa expressão da OPG, sendo estes achados
essenciais para a reabsorção óssea, e são compatíveis com os estudos in vitro anteriores
(NAGAI et. al., 2000; TADA et. al., 2005; TADA et al., 2009). Esses achados in vivo e
in vitro, de que as células do carcinoma epidermóide oral atuam na expressão das
proteínas RANK, RANKL e OPG estão de acordo com estudos em outros tipos de
carcinoma humano, como câncer de mama (THOMAS et al., 2001), o câncer de próstata
(BROWN et al.,2002), e mieloma múltiplo (SEZER et. al., 2003).
Em nosso estudo, foi encontrada uma forte expressão do anticorpo anti-RANKL
na maioria das células neoplásicas tanto nos casos de carcinoma epidermóide sem invasão
óssea (localizados na língua) como nos casos de carcinomas epidermóides com invasão
óssea (localizados no palato duro). As médias das células tumorais, estromais e
inflamatórias marcadas positivamente para RANKL foram maiores nos casos de
carcinoma epidermóide com invasão óssea do que nos casos sem invasão óssea. Todavia,
apenas a média das células inflamatórias exibiu diferença estatística significativa. Com
relação ao anticorpo anti-OPG foi encontrada um predomínio da fraca expressão nas
células neoplásicas em ambos os casos de carcinoma epidermóide oral com e sem invasão
óssea. As médias das células tumorais, estromais e inflamatórias marcadas positivamente,
para o anticorpo anti-OPG, foram poucas ou ausentes em ambos os casos de carcinoma
epidermóide oral com e sem invasão óssea. Estes resultados sugerem um aumento da taxa
de ligação a RANK / RANKL, devido a supressão da expressão da OPG. Estes são
compatíveis com os estudos de Nagai et. al. (2000), Tada et. al. (2005), chuang et. al.
(2009); Tada et al. (2009) e Shin et al. (2011).
No presente estudo, a ausência de diferença na expressão do RANKL e OPG
entre os casos de carcinoma epidermóide oral com e sem reabsorção óssea sugere que os
casos sem invasão óssea, possuem realmente potencial para induzir osteoclastogênese
através da via RANK / RANKL / OPG e este poderão ser desencadeados em condições
adequadas. Alem disso, a possível aproximação das células neoplásicas com o osso pode
ser um pré-requisito para a ativação desta via (BROWN et. al., 2002; WONG et al., 2000;
CHUANG et al., 2009). Estes achados são condizentes com estudos em outros tipos de
cânceres humanos, como de mama (THOMAS et al. 1999), de próstata (BROWN et al.
2001), e mieloma múltiplo (SEZER et al. 2003), que também destacam o papel da via de
sinalização RANKL / RANK na osteoclastogênese.
Nossos resultados sugerem, também, que a ausência de expressão da OPG nas
células neoplásicas e, nas células estromais e inflamatórias são induzidas pela atuação
autócrina e parácrina das células tumorais, com o intuito de promover a osteoclastogênese
e consequentemente a invasão óssea. Pois, sabe-se que a OPG produzida por osteoblastos
/ células estromais são um importante regulador negativo da diferenciação e função dos
osteoclastos. Esses resultados corroboram com o observado nas pesquisas de Tada et. al.
(2005), Chuang et. al. (2009); Tada et al. (2009) e Shin et al. (2011).
As pesquisas de Martins et al. (2012) e de Jimi et al. (2011) observaram que a
ausência de associação da expressão do RANKL no carcinoma epidermóide oral em
relação à formação de osteoclastos ou invasão óssea pode ser justificada pela capacidade
das células neoplásicas de estimular a expressão no estroma de RANKL, ou de inibir a
expressão da OPG no estroma ser mais importante do que a própria expressão do RANKL
nas células tumorais. Sugerindo, portanto, que o papel chave das células neoplásicas na
osteoclastogênese é pela via indireta, estimulando as células estromais. Esses achados
reforçam os resultados do nosso estudo e está em acordo com as pesquisas de Udagawa
et al. (1990), Giuliani et al. (2001) e Zhang et al. (2013) ao enfatizarem que o tecido
estromal é o regulador chave da relação RANKL/OPG, que rege a osteoclastogênese tanto
em condições fisiológicas quanto patológicas, ao demonstrarem que os osteoblastos
respondem aos estímulos osteopróticos (elevação da expressão de RANKL e diminuição
da expressão da OPG), oriundos das células estromais.
No entanto em nossa pesquisa não encontramos diferenças da imunoexpressão
nas células estromais em relação às demais células analisadas e proteínas, relacionadas
com a reabsorção óssea, utilizada por esta pesquisa. Contrariando os achados das
pesquisas acima citados e da pesquisa de Ishikuro et. al. (2008) que enfatiza que dentre
os resultados do seu estudo as mais importantes descobertas histopatológicas foram que
as células tumorais não exibiram nenhum contato direto com os osteoclastos e o osso
adjacente, e que o estroma fibroso interveio entre as células do tumor e das áreas de
reabsorção óssea em todos os casos. Estes resultados indicam que o contato direto das
células tumorais com osteoclastos ou com a superfície de reabsorção óssea não é
necessária para promover reabsorção óssea osteoclástica no local da invasão tumoral.
Sezer et. al. (2003) observaram em sua pesquisa que a expressão do RANKL e
o nível da sua superexpressão é variável entre as células neoplásicas, e o contato célulacélula e entre as células neoplásicas e as células do hospedeiro nem sempre ocasionam a
expressão do RANKL. Estes achados estão de acordo com nosso estudo e com a pesquisa
de Zhang et al. (2013) que demonstraram que as células neoplásicas do carcinoma
epidermóide oral expressam níveis variados de RANKL, tanto ligado à membrana quanto
solúvel, e que sua capacidade de produzir RANKL, pode ser alteranda diretamente pelo
microambiente tumoral para estimular ainda mais a osteoclastogênese e têm a capacidade
de mediar invasão óssea local.
Pesquisas recentes demonstram que o equilíbrio entre RANKL e OPG é
fundamental para a regulação da diferenciação e função dos osteoclastos (ISHIKURO et
al. 2008; JIMI et al., 2011; SHIN et al., 2011; MARTINS et al., 2012; ZHANG et al.,
2013). Assim como, experimentos in vitro e em animais com células neoplásicas do
carcinoma epidermóide oral têm mostrado que as células tumorais produzem várias
citocinas como a interleucina-6 (IL-6), IL-11, TNFa e PTHrP (KAWAMATA et. al.,
1997; OKAMOTO et. al., 2000; SHIBAHARA et. al., 2005; TADA et. al., 2005; CUI et
al., 2005; NOMURA et. al., 2007; HENSON et. al., 2007; ERDEM et. al., 2007), que
regulam a expressão de RANKL e OPG. No entanto, apesar destes experimentos
destacarem que diversas citocinas liberadas pelas células tumorais regulam o sistema
RANK / RANKL / OPG no câncer oral, Ishikuro et. al. (2008) enfatizam que poucos
relatórios investigaram o perfil de expressão destas moléculas em carcinoma epidermóide
oral.
No presente estudo, os resultados para a intensidade de expressão do anticorpo
anti-IL-6 nas células neoplásicas exibiram forte imunoexpressão nos carcinomas
epidermóides com invasão óssea (localizados no palato duro) e fraca imunoexpressão no
carcinoma sem invasão óssea, sendo esta diferença estatisticamente significante. Os
resultados para as médias das células tumorais, estromais e inflamatórias marcadas
positivamente foram em maior quantidade nos casos de carcinoma epidermoide com
invasão óssea do que nos carcinomas sem invasão óssea, sendo esta diferença
estatisticamente significante. Nossos resultados corroboram com as pesquisas de Que et.
al. (2012), Kayamori et. al. (2010), Jimi et. al.(2011); Shibahara et. al. (2005) e Okamoto
et. al. (2000). E sugere que a interleucina-6 se destaca como um importante fator derivado
das células neoplásicas que está associada com a formação dos osteoclastos e com os
mecanismos da invasão óssea (HWANG et al. 2012; MARTINS et al. 2011).
De acordo com a revisão realizada por Nibali et al., (2012), a IL-6 contribui para
patogênese do câncer oral através de diferentes mecanismos e processos biológicos.
Dentre suas funções Matsubara, et al. (2013) destaca a capacidade destas em ativar os
osteoclastos através da atuação indireta na via RANK/RANKL /OPG, com o intuito de
aumentar o processo de reabsorção óssea, estando sua expressãoin dependente do
RANKL. Terpos et al. (2011) destacam em relação à função do RANKL, que seus efeitos
de sinalização não são limitados ao sistema esquelético, pois podem também serem
expressos em outros sistemas reguladores incluindo a sobrevivência de célular, o sistema
imunitário, o cardiovascular, o endócrino e o nervoso. Os autores concluem que as células
neoplásicas podem pertubar ambos os sistema esqueletico e imunitário. Diante destas
observações, acreditamos que a elevada expressão de RANKL nas células inflamatória
esteja associada com a elevada expressão da IL-6, que como destacado é uma citocina
pró-inflamatória que está diretamente associada ao sistema imune e indiretamente
associada como a reabsorção óssea, através da atuação na via RANK/RANKL/OPG.
Apesar de o seu mecanismo ser ainda controvérso (WATSON et al, 1990; HEFLER et al,
2003).
Ao contrário dos nossos resultados a pesquisa de Matsubara et al. (2013) não
encontrou diferença significativa entre os níveis de expressão da IL-6 nos casos de
carcinoma epidermoide oral com invasão óssea, e observaram que estes níveis de
expressão foram bastante variáveis entre os casos. Segundo os autores estes resultados
podem ser esclarecidos pelo fato da IL-6 ser uma citocina multifuncional, e esta associada
a diferentes processos inflamatórios não específicos, podendo, portanto ser fortemente
afetada por vários mecanismos, ao contrário das outras citocinas. Resultados semelhantes
foram observados por Yoneda et al. 1993 e Farrugia et al. (2003) e Cui et al. (2010).
E segundo Tang et al. (2008) o potencial agressivo das céluas do carcinoma
epidermóide oral para a invasão e metástase óssea, pode ser associado a esta super
expressão da IL-6, pois sua pesquisa demostra claramente que o mecanismo de invasão
óssea das células cancerígenas é influenciado pela super expressão da IL-6, que ativa a
osteoclastogênese. Portanto IL-6 demonstra ser um fator essencial para a
osteoclastogênese, pois é responsável pela indução da expressão do RANKL em células
do estroma, incluindo osteoblastos (ZHANG, 2013). Esses achados corroboram com
nossos resultados que exibiram elevada expressão da IL-6 nas células estromais em
conjunto com a expressão do RANKL e supressão da OPG, esses dados reforçam a
importância funcional do RANKL sinalização na fisiopatologia da invasão óssea do
carcinoma epidermóide oral com invasão óssea.
Com relação aos nossos resultados a forte expressão, nos três tipos de células
analisadas, da IL-6 no carcinoma epidermóide com invasão óssea (localizados no palato
duro) sugerimos que estas células e seus produtos desempenham um papel crucial no
estabelecimento de um microambiente tumoral propício para a regulação da proliferação,
sobrevivência e invasão óssea das células neoplásicas. Estes resultados são apoiados pela
pesquisa de Kayamori et at. (2010) que demonstraram forte associação entre a expressão
de proteínas relacionadas com a reabsorção óssea com as células estromais, que regulam
a formação de osteoclasto induzida pelas células neoplasicas do carcinoma epidermóide
oral. Assim como pela revisão de Jimi et al. (2011) que observaram a indução da
osteoclastogênese através da expressão do RANKL em células estromais.
Assim de acordo com Matsubara et al. (2013) a expressão elevada de RANKL
pode ser o ponto de partida para ativação da via RANK / RANKL /OPG em favor da
reabsorção óssea. E a elevada expressão da IL-6 reforçar a ativação dos osteoclastos,
estimulando esta via. Portanto Shibahara et. al. (2005) destaca que a IL-6 é um marcador
altamente confiável para o câncer oral com invasão óssea, apresentando sensibilidade de
95,5-100%. Em contraste com o intervalo de sensibilidade para os casos sem invasão
óssea de apenas 35,7-53,8%. Os autores concluíram que esta citocina é um bom preditor
da invasão óssea por células do câncer oral. Nossos achados sustentam tais descobertas e
sugerem ainda que mais estudos são necessários para estabelecer outras citocinas, que
não estas utilizadas por este estudo.
O aumento da expressão de IL-6 na saliva ou no soro tem sido observado em
pacientes com câncer colorretal, de mama cancro, linfoma, carcinoma hepatocelular,
carcinoma pancreático, carcinoma de células renais, câncer de bexiga, e mieloma múltiplo
e tem sido implicada no desenvolvimento de tumores (LIN et al., 2007; SCHAFER;
BRUGGE, 2007, WONG et al., 2009; KNUPFE; PREISS, 2010; BAYLISS et al., 2011;
RAVISHANKARAN; KARUNANITHI, 2011). Assim como a pesquisa de Chen et al.
(2013) destacam que a elevada expressão da IL-6 é proposto como um fator clinicamente
relevantes de mau prognóstico em pacientes com uma série de tipos de câncer, como
colorectal, pulmão, renais e linfoma de Hodgkin (THIOUNN et al., 1997; KNUPFE;
PREISS, 2010; BAYLISS et al., 2011; RAVISHANKARAN; KARUNANITHI, 2011).
Em sua pesquisa com carcinoma epidermoide oral, chen et. al. (2013), verificou
que a alta expressão da IL6 em células tumorais está relacionada com o sexo feminino,
com a alta alta taxa de metástases em linfonodos e pouca diferenciação histológica.
Portanto, os autores sugerem que esta pode ser um fator prognóstico independente para
pacientes com tumores, especialmente em pacientes do sexo masculino. Resultados
semelhantes foram encontrados por Wang et. al. (2002), Sahebjamee et. al. (2008), Nibali
et. al. (2012).
Assim como o estudo de Van tubergen, (2011), em um pequeno grupo de
pacientes com carcinoma epidermóide oral, observaram que os casos de carcinoma com
alta expressão da IL-6 exibiu pobre prognóstico quando compaarado com os casos com
de baixa expressão da IL-6. Esses resultados apoiam a teoria de outros estudos de que a
IL-6 quando superexpressa no carcinoma epidermóide oral têm piores resultados,
incluindo pobre prognóstico, recorrência tumoral, bem como o desenvolvimento de tumor
primário. De acordo com estas observações, elevados nível de IL-6 no soro de pacientes
portadores de carcinoma epidermóide está correlacionada com baixa sobrevida e um
aumento na produção de IL-6 durante o tratamento está associado com tumor recorrentes
(DRUZGAL et al., 2005; DUFFY et.al., 2008). Além disso, níveis séricos elevados de
IL-6 estão associados com a resistência à radioterapia (DE SCHUTTER et al., 2005).
Chang et al. (2013) avaliaram a concentração sorológica da IL-6 em 237
pacientes com CEO, 104 com lesões pré-malignas orais e 125 saudáveis e observaram
concentrações sigificativamente mais elevada da IL-6 nos pacientes com carcinoma
epidermóide oral em comparação aos pacientes com lesões pré-malignas orais e
saudáveis, No entanto a concentração da IL-6 não pode ser utilizada como um potencial
marcador para distinguir pacientes com carcinoma dos saudáveis, não demonstrou
eficácia como um marcador de diagnóstico. Entre os pacientes com carcinoma
epidermóide oral, os autores encontraram associação significativa entre a concentração
da IL-6 e o estadiamento clínico e sobrevida e ausencia de associação com a gradação
histológica, invasão perineural e hábitos (alcool e fumo). Os pesquisadores concluíram
que a concentração da IL-6 no soro está associada com o tamanho e agressividade do
carcinoma epidermóde oral e que pode ser útil como um indicador de prognóstico após
tratamento.
Nossos resultados demonstraram associação positiva entre a média de expressão
do IL-6 com maioria dos casos apresentavam lesões em estágios iniciais, ausência de
metástase, presença de invasão vascular / perineural, alto grau histológico de malignidade
e remissão, nos três tipos de células analisadas. Foi encontrada associação estatística
apenas entre a ausência de metástase. Nossos resultados demostram uma tendência de
associação da IL-6 com o melhor prognóstico dos pacientes, tendo em vista que o
desenvolvimento de metástase linfonodal diminui sobremaneira o prognóstico. Nossos
achados discordam da maioria dos trabalhos presentes na literatura que enfatizam a
associação desta citocina com pior prognóstico (THIOUNN et al., 1997; LIN et al., 2007;
SCHAFER; BRUGGE, 2007, WONG et al., 2009; KNUPFE; PREISS, 2010; BAYLISS
et al., 2011; RAVISHANKARAN; KARUNANITHI, 2011; VAN TUBERGEN, 2011;
CHEN et al. 2013). Esta discrepância em nossos resultados e entre os demais estudos,
pode ser justificado pela utilização de amostras com tamanho e populações diferentes
e/ou metodologias diferentes.
Nosso achados também não corroboram com a pesquisa de Shibahara et al.
(2005) que avaliam a expressão das citocinas osteoclásticas, dentre estas a IL-6 em
carcinoma epidermóide oral com e sem invasão óssea, e nenhuma diferença significativa
foi encontrada para os parâmetros clínicos ou achados histopatológicos entre os dois
grupos, apesar da elevada expressão destas citocinas nos carcinomas com invasão óssea
com diferença estatística em relação aos casos sem invasão. Para esses pesquisadores as
citocinas osteoclásticas, entre elas a IL-6 derivam do câncer e desempenham importantes
papéis relacionados, principalmente, os mecanismos de invasão óssea do carcinoma
epidermoide oral.
Nossos resultados demonstraram associação positiva entre a média de expressão
do RANKL com o pior prognóstico dos pacientes, tendo em vista que a maioria dos casos
apresentavam lesões em estágios avançado do tumor, ausência de metástase, presença de
invasão vascular / perineural, alto grau histológico de malignidade e óbito, nos três tipos
de células analisadas. Entretanto foi encontrada significância estatística apenas entre as
células tumorais e o estágio avançado do tumor. Assim como, observamos associação
positiva entre a média de expressão da OPG com o pior prognóstico dos pacientes, tendo
em vista que a maiorias dos casos apresentavam lesões em estágios iniciais, ausência de
metástase, presença invasão vascular / perineural, alto grau histológico de malignidade e
óbito, nos três tipos de células analisadas. Foi encontrada associação estatística apenas
entre as células estromais e inflamatórias com o óbito e das células tumorais com a
invasão vascular / perineural. Esses resultados sugerem que a expressão elevada de
RANKL e baixa da OPG estão associadas com a agressividade do tumor, pois estas
moléculas estão diretamente ligadas com a reabsorção óssea, que é conhecido como
indicador de pior prognóstico. Entretanto mais pesquisas devem ser realizadas para
elucidar estes resultados.
CONCLUSÃO
7.
Conclusões
De acordo com os resultados obtidos na presente pesquisa, pode-se
concluir que:
1.
A relação RANKL/OPG está alterada no carcinoma epidermóide oral com
e sem invasão óssea. Demonstrando que mesmo os carcinomas epidermóides orais sem
invasão óssea apresentam potencial para induzir osteoclastogênese através da via
RANK / RANKL / OPG, condições adequadas.
2.
A proteína IL-6 está diretamente envolvida na reabsorção óssea
ocasionada pelos carcinomas epidermóides e pode ser utilizada como um indicador de
diferenciação da presença ou ausência de invasão óssea pelo carcioma epidermóide oral.
3.
A IL-6 demonstrou uma tendência de associação com o melhor
prognóstico dos pacientes.
4.
A proteína RANKL apresentou uma tendência de associação com o pior
prognóstico dos pacientes com carcinoma epidermóide oral.
5.
A proteína OPG demonstrou uma tendência de associação com o pior
prognóstico dos pacientes.
6.
Os parâmetros clinicopatológicos (desfecho clínico, grau de malignidade
e invasão vascular e perineural e TNM) não são úteis para diferenciar os carcinomas
com e sem invasão óssea, no entanto são ferramentas úteis na predição do prognóstico
de carcinoma epidermóide de língua e palato.
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APÊNDICE
APÊNDECE A
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