Práticas Laboratoriais de Diagnóstico e Teoria do Restauro I (Ciências da Arte e do Património) Caracterização morfológica de uma moeda portuguesa do tempo da 1ª República por Microscopia Electrónica de Varrimento Objectivo Efectuar o estudo morfológico de uma moeda portuguesa do tempo da 1ª República, 5 centavos em Bronze, datada de 1924, utilizando a microscopia eletrónica de varrimento (MEV). Mostrar o funcionamento de um microscópio electrónico de varrimento. Introdução Para a protecção e conservação do património cultural, nomeadamente de moedas e outros objectos, torna-se importante a caracterização morfológia da sua superfície de modo a avaliar a presença de produtos resultantes da interacção do objecto com o meio ambiente. A microscopia electrónica de varrimento é uma das técnicas usadas para a caracterização da morfológica das superfícies. O microscópio electrónico de varrimento é um poderoso instrumento utilizado no desenvolvimento e controlo da qualidade de materiais. Os domínios de aplicação desta técnica estendem-se desde a caracterização microestrutural de amostras (metais, cerâmicos, compósitos, biomateriais) até às aplicações em arte, geologia, medicina, biologia, etc. O princípio de funcionamento baseia-se na incidência de um feixe de electrões (feixe primário) num ponto da superfície da amostra, e a subsequente recolha dos sinais electrónicos emitidos pelo material. As amostras são percorridas sequencialmente por um feixe de electrões acelerado por uma tensão que varia entre 0 e 40 KV, finamente focado através de um sistema de lentes electromagnéticas. Da interacção do feixe electrónico com a amostra resulta a emissão de diversos tipos de radiação e electrões (ver Figura 1), entre os quais os electrões secundários (ES) (com energias inferiores a 50 eV) utilizados na formulação da imagem da amostra. Os electrões secundários são electrões da amostra que sofrem excitação e “escapamse” da superfície. Os electrões retrodifundidos (ER) permitem a distinção, na amostra em análise, de regiões de átomos leves e pesados. 1 Fig. 1. Tipos de radiação emitida por uma amostra quando submetida a um feixe de electrões A profundidade dos electrões não ultrapassa algumas dezenas de nanometros. A observação de imagens obtidas através da detecção de ES tem forte contraste topográfico. Os electrões retrodifundidos (RD) identificam os electrões da superfície da amostra com energia elevada. Uma característica relevante desta emissão resulta do coeficiente de retrodifusão ser uma função crescente do número atómico (Z). Deste modo, é possível fazer uma análise da composição da amostra, mas o contraste entre elementos quimicamente distintos só se manifesta quando as diferenças nos respectivos números atómicos são elevadas. As amostras para poderem ser caracterizadas por microscopia electrónica de varrimento têm de satisfazer as seguintes condições: apresentar boa condutividade eléctrica superficial, a não existência de condutividade superficial leva à necessidade de metalização, através da aplicação de um revestimento ultra-fino, de Au ou C para evitar a acumulação de carga eléctrica que possa repelir o feixe electrónico; suportar o vácuo, a técnica SEM utiliza um feixe de electrões, o que torna necessário a utilização de vácuo; estabilidade física e química, nas condições de observação / interacção com o feixe electromagnético. A análise simultânea dos sinais recolhidos pelos detectores permite caracterizar cada ponto da amostra em termos de: topografia (ES e ER), número atómico (ER), propriedades cristalinas (ER), composição química elementar (ER), campos magnéticos (ER), orientação cristalina local da amostra (ER). Geralmente a esta técnica está associada à técnica de espectroscopia dispersiva de Raios-X (EDS), que permite uma análise semi-quantitativa dos elementos químicos à superfície dos materiais. No presente trabalho, a microscopia electrónica de varrimento permitirá obter imagens muito ampliadas dos detalhes dos objectos a analisar, dando informações sobre, por exemplo, os vestígios da cunhagem, os pontos e zonas de corrosão, etc, dos materiais a analisar. Material e Equipamento Microscópio electrónico de varrimento JEOL modelo JSM-5200 LV; moeda; fita autocolante de carbono e fita autocolante de cobre. 2 Bibliografia [1] Carlos Sá, “ Caracterização morfológica, microestrutural e microanalítica de materiais por microscopia electrónica de varrimento e a micro-análise por raiosx, CEMUP, Porto, 1994. [2] A. L. Mata, M. Salta, M. Neto, M. H. Mendonça, I. T. Fonseca, Corros. Prot. Mater., 28 (4) (2009) 114-119. [3] R. M. L. Vieira, M. F. Guerra, R. B. Scorzelli, I. Souza Azevedo, M. Duttine, C.E. Brito Pereira, Revista Brasileira de Arqueometria, Restauração e Conservação, 1 (6) (2007) 296 – 300. [4] J. A. Martinho Simões, M. A. R. Botas Castanho, I. M. S. Lampreia, F. J. V. Santos, C. A. Nieto de Castro, M. F. Norberto, M. T. Pamplona, L. Mira, M. M. Meireles, Guia do Laboratório de Química e Bioquímica; Lidel: Lisboa, 2000. 3 Caracterização morfológica de uma moeda portuguesa do tempo da 1ª República por Microscopia Electrónica de Varrimento Questionário Nomes dos elementos do grupo: Turma: 1. A partir das imagens registadas por microscopia electrónica de varrimento tire informações sobre a morfologia da superfície dos materiais analisados. O que pode concluir sobre o estado de conservação dos mesmos. 2. Que outra(s) técnica(s) poderia usar para identificar o(s) produto(s) observado(s)? 4