Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento GETÚLIO VARGAS DO NASCIMENTO JÚNIOR Aplicação do laser de arsenieto de gálio (GaAs) 904 nm em pontos de um protocolo de acupuntura e m mulheres com Síndrome da Tensão Pré -Menstrual - SPM São José dos Campos, SP 2007 GETÚLIO VARGAS DO NASCIMENTO JÚNIOR Aplicação do laser de arsenieto de gálio (GaAs) 904 nm em pontos de um protocolo de acupuntura em mulheres com Síndrome da Tensão Pré -Menstrual - SPM Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Bioengenharia da Universidade do Vale do Paraíba, como complementação dos créditos necessários para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica. Orientador: Profº Dr. Flávio Aimbire Soares de Carvalho Co-Orientador: Prof Dr. Renato Amaro Zangaro São José dos Campos, SP. 2007 NI95n NascimentoJúnior.GetulioVargasdo Apticaçãodo LaserDe ArsenietoDe Gálio (GaÂs)904 nm llm Pontosf)r: LJnrProtocoloDe AcuprrnturaPara Alivio De Dor E Melhora Da QualidadcDe Vida E De Sonç De Mulhcres Cotn do Nascimento / GetúlioVarga-s Síndrontcda'fensãoPré-Menstrual 2Ü07. lJnivap, dos Cantpos: Júnior.SãoJtrsé I disçolaser"color llrograma de Dissertação apresentada ao e do Institutode Pesquisa em Bìoengenharia Ciraduação do Vale do Paraíbq2007. da Universidade Desenvolvimento Pós- l. Tensãopré-Menstrual2. l,aser.ì. Acupuntura 4. Dor 5. Sono.-5' Fisïoterapial. Llarvalho.Flávio Aimbire Soaresde, Orientador ll. llL'|"ítulo Zângaro.RenatoAmaro,Co-orientador CDU:615.814.1 c cicrltíÍicos.a rcproduçãototal ou Autorizoocxclusivarïcntspara fins acarJêmico$ desdeque clctrônica,, por processofotocopiailores ou transmissão parcialilestadisscrtação, citadaa firnte. do aluno: Assinatura Júnior Data: GETULIO VARGASDO NASCIMENTOJUNIOR ..APLICAÇÃO DO LASER DE ARSENIETODE GÁLIO (GaAs)904nmEM PONTOSDE UM PROTOCOLODE ACUPUI\TURAPARA ALÍUO DE DOR E MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA E DE SONODE MULHERES COM SÍXONOMEDA TENSÃOPRE-MENSTRUAL- SPM" Dissertaçãoaprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Biomédica, do Programa de Pós-Graduaçãoem Bioengenharia,do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimentoda Universidadedo Vale do Paraíba,São Josédos Campos,SP, pela seguinte bancaexaminadora: Prof. Dr. RENATO AMARO ZÂUC.I,RO (UNI PTOf.DT.FLÁUO AIMBIRE SOARES DE CARVALH Prof. Dr. CARLOS MARCELO PASTRE (I-INESP) Prof. Dr. Marcos TadeuTavaresPacheco Diretor do IP&D - UniVap SãoJosédos Campos,20 de dezembrode 2007. DEDICATÓRIA A Deus, pelo eterno dom do aprendizado. Aos meus pais, Getúlio e Fátima pelo carinho, amor, dedicação e atenção, sempre incondicionais... Vencemos mais essa. À minha irmã Natália, pela cumplicidade. À Adria, pelo amor e companheirismo de uma vida. Essa vitória também tem muito do seu suor. À Lavínia, luz da minha vida e a coisa mais perfeita que Deus me deu. Foi mais por você do que por mim. AGRADECIMENTOS Ao Profº Dr. Luiz Vicente Franco de Oliveira, pelos ensinamentos e pelo conhecimento incomensurável que me guiaram na execução deste trabalho. Ao Profº. Dr. Flávio Aimbire, pela paciência, colaboração e amizade. Ao UNESC – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO, pela disponibilidade tanto do espaço quanto dos aparelhos para que fosse possível a realização desta pesquisa. A meus queridos amigos de curso, Rodrigo, Ana Kássia, Maura, Juliana, Josiane, Ticiane, Vanessa, Felipe, Luciano, Rafael, Claudinei e Giovana pela loucura de fazer um mestrado. Aos meus alunos, eternos colaboradores, pelo incentivo e pela cumplicidade. As voluntárias que se disponibilizaram em contribuir para a realização da pesquisa e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para este trabalho. RESUMO APLICAÇÃO DO LASER DE ARSENIETO DE GÁLIO (GaAs) 904 NM EM PONTOS DE UM PROTOCOLO DE ACUPUNTURA EM MULHERES COM SÍNDROME DA TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL O seguinte trabalho apresenta um estudo sobre a Síndrome da Tensão Pré-Mentrual (SPM), que acomete grande número de mulheres em todo o mundo. Sua ocorrência gera fatores álgicos, podendo ocasionar desta maneira um quadro sindrômico que possa impedir em algum período do ciclo menstrual as mulheres de desenvolver suas funções diárias, além de poder desencadear distúrbios do sono. O objetivo proposto neste trabalho consiste na comparação dos efeitos do laser GaAs a 904 nm na diminuição do quadro álgico e na melhora da qualidade de vida e de sono de pacientes com SPM quando aplicado em pontos de um protocolo de acupuntura. O estudo foi realizado em três ciclos menstruais consecutivos, de forma individua l, no início dos sintomas até o primeiro dia de fluxo menstrual, em 30 pacientes divididas em dois grupos: o grupo A tratado apenas com agulhas de acupuntura, de acordo com um protocolo proposto, todos os dias do início dos sintomas até o primeiro dia de fluxo menstrual, e o grupo B, tratado com laser sobre os mesmos pontos do protocolo de acupuntura da mesma forma que no grupo A. Os resultados foram verificados pela avaliação de dor subjetiva pela Escala Visual Analógica (EVA), pelo Questionário de Dor de Macgill, pelo Questionário SF-36 e pela escala de Sonolência de Epworth proposta no período pré e pós tratamento, durante os três ciclos estudados. Houve melhora do quadro de dor e na qualidade de vida dos dois grupos, sendo que o grupo B obteve um melhor resultado quando comparado ao grupo A, e ambos os grupos não obtiveram resultados significativos nas alterações do sono. Dessa forma é possível concluir que o tratamento protocolado de acupuntura é significante e válido, e que o Laser pode ser utilizado sobre os pontos do protocolo de acupuntura ,obtendo inclusive melhores resultados. Palavras-chave: Laser, acupuntura, síndrome pré -mentrual, sono. ABSTRACT APPLICATION OF THE GALLIUM ARSENIDE LASER (GaAs) 904 nm IN POINTS OF A PROTOCOL OF ACUPUNCTURE IN WOMEN WITH SYNDROME OF PREPERIOD TENSION The following work presents a study on the Syndrome of Pre-Period Tension that affects a great number of women in the whole world. Its occurrence generates algic factors, and can lead to cause a syndromic picture that can hinder the women to develop its daily functions in some period of the menstrual cycle besides unchaining riots of sleep. The objective considered in this work consists of the comparison of the effect of the GaAs laser the 904 nm in the reduction of the algic picture and the improvement of the quality of life and sleep of patients with the syndrome when applied in points of an acupuncture protocol. The study was carried through in three consecutive menstrual cycles, in an individual way, in the beginning of the symptoms until the first day of menstrual flow, in 30 patients divided in two groups: Group A was dealt only with acupuncture needles, according to the protocol proposal, every day, in the beginning of the symptoms until the first day of menstrual flow, and Group B, dealt with laser on the same points of the protocol of acupuncture in the same way that in the group A. The results were verified through the subjective evaluation of pain for Analogic Visual Scale (EVA), the Questionnaire of Pain of Macgill, Questionnaire SF-36 and the scale of Sleepiness of Epworth proposal in the pre and post treatment period, during the three studied cycles. There was improvement in the picture of pain and in the quality of life of the two groups, considering that group B got better result than group A, and both groups didn’t have significant results in sleep alterations. Based on this it is possible to conclude that the acupuncture treatment protocol is significant and valid, and that the Laser can be used on the points of the acupuncture protocol, getting better results. Keywords: Laser, acupuncture, Syndrome of Pre-Period Tension, sleep LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Locais mais Comuns da Endometriose ............................................................23 FIGURA 2 – Tai Tji – Yin e Yang...........................................................................................32 FIGURA 3 – Apresentação das Formas Yin e Yang .............................................................32 FIGURA 4 – Apresentação do Yin e Yang no Ciclo do Dia .................................................33 FIGURA 5 – Ciclo dos Cinco Elementos ...............................................................................37 FIGURA 6 – Ângulos de Puntura...........................................................................................46 FIGURA 7 – Mapa dos Meridianos Corporais.......................................................................53 FIGURA 8 –Espectro Eletromagnético .................................................................................61 FIGURA 9 – Representação da Penetração de Algumas Radiações Infravermelhas e Visíveis na Pele........................................................................................................................64 FIGURA 10 – Ponto Fígado 3 ................................................................................................67 FIGURA 11 – Ponto Vaso Concepção 6 ou Ren Mai 6 ........................................................68 FIGURA 12 – Ponto Vesícula Biliar 34 ................................................................................68 FIGURA 13 – Ponto Estômago 29 – Visão Anatômica .........................................................69 FIGURA 14 – Ponto Baço/Pâncreas 10 .................................................................................69 FIGURA 15 – Ponto Baço/Pâncreas 6 (Mar do Yin) – Visão Anatômica ............................70 FIGURA 16 – Escala Visual Analógica .................................................................................72 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Yin/Yang ...........................................................................................................33 TABELA 2 – Zang Fu ............................................................................................................41 TABELA 3 – Pontos de Acupuntura ......................................................................................50 TABELA 4 – Recursos Fisioterápicos Utilizados no Tratamento da SPM ..........................58 TABELA 5 – Exercícios Físicos Realizados no Tratamento de Pacientes com SPM ..........59 TABELA 6 – Profundidade de Penetração do Infravermelho...............................................64 TABELA 7 – Características das Pacientes Tratadas nos Dois Grupos................................80 TABELA 8 – Número de Sessões Realizadas em Cada Paciente Durante o Tratamento....81 TABELA 9 – Resultado da Análise de Dor Através do Emprego de Escala Visual Analógica de Pacientes Tratadas com Acupuntura e com Laser ............................................................81 TABELA 10 –Descritores da Dor, Segundo o Questionário de Macgill, em Pacientes Tratadas com Acupuntura e com Laser Antes e Após o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais ................................................................................................................................82 TABELA 11 – Índice de Dor, Segundo o Questionário de Macgill, em Pacientes Tratadas com Acupuntura e com Laser Antes e Após o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais....83 TABELA 12 – SF-36 – Índice de Qualidade de Vida em Pacientes Tratadas com Acupuntura e com Laser Antes e Após o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais............85 TABELA 13 – Resultado da Escala de Sonolência de Epworth Antes e Após o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais....................................................................................................88 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS MTC - Medicina Tradicional Chinesa GaAs – Arsenieto de Gálio SPM – Síndrome Pré-Menstrual DIU – Dispositivo Intra Uterino REM – Rapid Eyes Moviment (Movimento Rápido dos Olhos) NREM – No Rapid Eyes Moviment (Nenhum Movimento Rápido dos Olhos) R – Rins BP – Baço/Pâncreas F – Fígado C – Coração P – Pulmão CS – Pericárdio B – Bexiga E – Estômago VB – Vesícula Biliar ID – Intestino Delgado IG – Intestino Grosso TA – Triplo Aquecedor VC – Vaso da Concepção VG – Vaso Governador PSC – Propagated Sensation along the Channel – sensação propagada ao longo do meridiano TENS – Transcutaneous Eletrical Neuronal Stimulated – Estimulação elétrica neuronal transcutânea EMG – eletromiografia EEG – eletroencefalografia LASER – Light Amplificated Stimulated Excitation radiation - Luz Amplificada por Emissão Estimulada de Radiação Nm – nanômetros J/cm2 – joules por centímetro quadrado Mm – milímetros DNA – Ácido Desoxirribonucléico RNA – Ácido Ribonucléico AMPc – Monofosfato Cíclico de Adenosina F3 – Terceiro ponto do meridiano do fígado VC6 – Sexto ponto do meridiano do vaso da concepção VB34 – Trigésimo quarto ponto do meridiano da vesícula biliar E29 – Vigésimo nono ponto do meridiano do estômago BP10 – Décimo ponto do meridiano do Baço/Pâncreas BP6 – Sexto ponto do meridiano do Baço/Pâncreas SF – 36 - Medical Outcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey EVA – Escala Visual Analógica ESE – Escala de Sonolência de Epworth UNESC – Centro Universitário do Espírito Santo UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba CEP – Comitê de Ética e Pesquisa GABA – Ácido gama-amino-butírico DE – Densidade de Energia LBP – Laser de Baixa Potência SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................15 2 SÍNDROME DA TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL (SPM) ...............................................17 2.1 Histórico...................................................................................................................17 2.2 Conceito atual e Incidência ....................................................................................17 2.3 Classificação ...........................................................................................................18 2.3.1 Dismenorréia primária ...........................................................................................19 2.3.1.1 Teoria das vasopressinas ..............................................................................20 2.3.1.2 Teoria das prostaglandinas ...........................................................................20 2.3.1.3 Leucotrienos .................................................................................................21 2.3.1.4 Prostaciclina .................................................................................................21 2.5.1.5 Dificuldade do escoamento do fluxo menstrual...........................................21 2.5.1.6 Fisiopatologia da disminorréia primária.......................................................22 2.3.2 3 Dismenorréia secundária ......................................................................................22 2.4 A SPM e os distúrbios do sono ...............................................................................25 2.5 A SPM e o impacto na qualidade de vida .............................................................26 ACUPUNTURA NA SPM ...............................................................................................28 3.1 Medicina Tradicional Chinesa (MTC)..................................................................28 3.2 Histórico...................................................................................................................28 3.3 Acupuntura .............................................................................................................29 3.4 Pensamento Chinês e Ocidental ............................................................................30 3.5 Bases da MTC .........................................................................................................31 3.5.1 Teoria do Yin/Yang ...............................................................................................31 3.5.2 Teoria dos cinco elementos ...................................................................................34 3.5.3 As substâncias........................................................................................................38 3.5.3.1 O Qi..............................................................................................................39 3.5.3.2 O Shuen........................................................................................................39 3.5.3.3 O Xue............................................................................................................40 3.5.3.4 O Jing............................................................................................................40 3.5.3.5 O Jin Ye ........................................................................................................40 3.6 O Zang Fu................................................................................................................40 3.6.1 Os órgãos (Zang) e seus acoplados (Fu) ................................................................42 3.6.1.1 Rins (Shen) e Bexiga (Pang Guang) .............................................................42 3.6.1.2 Baço/Pâncreas (Pi) e Estômago (Wei) .........................................................42 3.6.1.3 Fígado (Gan) e Vesícula Biliar (Dan) ..........................................................43 3.6.1.4 Coração (Xin) e Intestino Delgado (Xiao Chang) ........................................44 3.6.1.5 Pulmão (Fei) e Intestino Grosso (Da Chang) ...............................................44 3.6.1.6 Pericárdio (Xin Bao) e Triplo Aquecedor (San Jiao) ...................................44 3.7 Técnicas de Puntura ...............................................................................................45 3.8 Unidades de Medida ...............................................................................................47 3.9 Agulhas de Acupunura ...........................................................................................48 3.10 Pontos de Acupuntura ............................................................................................49 3.10.1 Pontos regulares .....................................................................................................50 3.10.2 Pontos extras ..........................................................................................................50 3.10.3 Pontos dolorosos (Ashi).........................................................................................50 4 5 3.11 Meridianos Energéticos ..........................................................................................51 3.12 Dismenorréia na visão da MTC.............................................................................53 TRATAMENTOS.............................................................................................................56 4.1 Tratamentos farmacológicos..................................................................................56 4.2 Tratamentos fisioterápicos .....................................................................................58 O LASER DE ARSENIETO DE GÁLIO A 904 nm.......................................................60 5.1 O Laser ...................................................................................................................60 5.2 Princípios básicos ...................................................................................................60 5.2 Interações com os tecidos biológicos ....................................................................62 5.2 Absorção e penetração das radiações infravermelhas ........................................63 6 TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA COM A UTILIZAÇÃO DOS PROTOCOLOS DE ACUPUNTURA ................................................................................................................66 6.1 7 Pontos protocolados para o tratamento da dismenorréia ..................................66 QUESTIONÁRIOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NA SPM ......71 7.1 SF-36 - Medical Outcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey................71 7.2 Questionário de dor da McGill..............................................................................71 7.3 Escala de Sonolência de Epworth..........................................................................72 7.4 Escala Visual Analógica (EVA) .............................................................................72 8 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................73 9 OBJETIVO DO ESTUDO...............................................................................................74 10 METODOLOGIA.............................................................................................................75 10.1 Seleção das voluntárias...........................................................................................75 10.2 Termo de consentimento livre e informado ..........................................................75 10.3 Procedimento de coleta dos dados .........................................................................76 10.4 Avaliação da dor e da qualidade de vida e de sono das voluntárias ..................76 10.5 O protocolo de tratamento .....................................................................................76 11 TRATAMENTO ESTATÍSTICO................................................................................78 12 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................79 13 CONCLUSÃO..............................................................................................................90 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................91 ANEXO A - QUESTIONÁRIO SF-36 PESQUISA EM SAÚDE........................................101 ANEXO B - QUESTIONÁRIO DE DOR DE MCGILL ......................................................105 ANEXO C – ESCALA DE SONOLÊNCIA DE EPWORTH...............................................106 ANEXO D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO.........................107 ANEXO E – AUTORIZAÇÃO DO CEP...............................................................................109 15 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, pesquisas têm demonstrado que as radiações softlaser GaAs possuem efeito antiinflamatório, analgésico, estimulante celular e modulador do tecido conjuntivo na regeneração e na cicatrização de diferentes tecidos (ABERGEL et al, 1984; CRUAÑES, 1984; WANDERER, 1991; SCHMITT et al, 1993)., O laser de baixa potência possui efeitos fotoquímicos, fotofísicos e fotobiológicos que podem ser divididos em duas etapas: em curto prazo, as respostas teciduais podem ser visualizadas minutos após a aplicação do laser e, em longo prazo, onde os efeitos são observados em um período de horas ou dias após a irradiação (BRASILEIRO et al, 2004). Assim sendo, as principais respostas encontradas após a irradiação laser são a diminuição do processo inflamatório, através da inibição de fatores quimiotáticos, da modulação dos níveis de várias prostaglandinas, da analgesia devido ao aumento do nível de endorfinas (opióides, GABA e bradicinina), aumento do limiar da dor, aumento da microcirculação local no sistema linfático, aumento da fagocitose e proliferação de fibroblastos, originando uma elevação em até quatro vezes a sínteses de colágeno e a epitelização (SAY et al, 2003, BRASILEIRO, 2004). A terapia pela acupuntura consiste em buscar alivio para as dores, para preve nir doenças através da inserção de agulhas promovendo a função dos canais de energia e regular as funções energéticas dos órgãos internos e do sangue do corpo (FOCKS, 2008). Conforme a medicina chinesa o corpo humano é considerado um micro universo dividido em 14 trajetos longitudinais, que são os meridianos. Cada meridiano apresenta trajeto definido, longitudinal, e número determinado de pontos em cada meridiano. Os pontos são distribuídos simetricamente entre o lado direito e o esquerdo do corpo, exceto o Ren-Mai e o Du-Mai, cada ponto tem denominação chinesa própria. O estímulo da acupuntura obedece aos estímulos nervosos, uma vez que a maior parte das inserções localiza-se nas proximidades dos nervos periféricos (YAMAMURA, 2003). Estudos populacionais têm mostrado diferentes prevalências da Síndrome da Tensão Pré-Mestrual (SPM), que variam entre 5 e 35%, conforme os critérios utilizados e o local onde se realizam. (DEUSTER, 1999) 16 No Brasil, estudos em serviços mostram a prevalência da SPM entre 8% e 86% dependendo da intensidade dos sintomas. Em estudo realizado em ambulatório de ginecologia, os sintomas pré- menstruais relatados entre as mulheres com a forma grave (43,3%), foram: irritabilidade (86%), cansaço (71%), depressão e cefaléia (62%, cada), sendo que 95% apresentavam mais de um sintoma e 76%, associação de sintomas físicos e psíquicos. (SILVA, 2006) Deste modo, utilizamos o laser GaAs 904 nm em pontos de acupuntura para verificar uma melhora no quadro de dor e na qualidade de vida e de sono em mulheres com SPM, comparando-o ao uso das agulhas de acupuntura, verificando qual técnica é a mais apropriada para a referida disfunção. 17 2 SÍNDROME DA TENSÃO PRÉ-MESTRUAL 2.1 HISTÓRICO Há dez séculos antes de Cristo já existiam relatos que a perda de sangue pelo canal vaginal está associada a sintomas de dor. A expressão dismenorréia surgiu do grego significando a dificuldade de escoamento do fluxo menstrual (VIANA, 2001; VALADARES 2006) Já há alguns séculos a menstruação é um ponto bastante discutido dentre os estudos realizados sobre a mulher. Pontos importantes eram ressaltados e de certa forma decifrados como, por exemplo, o caráter periódico e mensal do ciclo menstrual, que foi facilmente correlacionado com as fases da lua, sendo assim observada então a regularidade menstrual mensal. Porém, um ponto era considerado um mistério para os estudiosos e médicos da época: a questão do sangramento durante esse período. Médicos da época acreditavam que o sangramento se desse para conclusão de um processo de desintoxicação, porem vários mitos e conotações negativas foram ligados a este processo, sendo que esses pensamentos sem fundamentos variavam desde magias a presságios de má sorte (SPEROFF, 1995). Acreditava-se que as mulheres neste período tornavam o vinho azedo, as sementes secas, o ferro e o bronze oxidavam-se, a lâ mina de aço perdia o fio e as abelhas abandonavam a colméia ao seu toque. Existem contos também que estas partiam agulhas, quebrava vidros e paravam relógios, e em quase todo o mundo as mulheres eram afastadas e isoladas da produção de alimentos (VIANA, 2001). 2.2 CONCEITO ATUAL E INCIDÊNCIA Na atualidade para um grande numero de mulheres, o inicio do fluxo menstrual é um fato regular, previsível e também individual e constante para estas, pois geralmente dura algo em torno de 27 a 32 dias. Porém, algumas mulheres sentem em algum estagio de sua vida, irregularidades e/ou incômodos ligados com a sua menstruação. Dentre esses problemas estão 18 a oligomenorréia, a polimenorréia, a menorragia, a hipomenorréia, a epimenorréia, a amenorréia, e a disfunção mais comum e citada que é a dismenorréia. O termo dismenorréia serve como compreensão a qualquer distúrbio que gere dor no período menstrual (POLDEN, MANTLE, 2002). A dismenorréia chega a atingir aproximadamente 50% das mulheres adultas, e em adolescentes esses numero chega a 72%. Dentre as mulheres adultas que apresentam este distúrbio, 5 a 10% sofrem de uma limitação de suas funções e atividades diárias normais por um período de até três dias por mês graças à sintomatologia sofrida. Com esta limitação a capacidade normal de trabalho e de estudo ficam também comprometidas. Essa interrupção nas atividades da mulher acaba gerando um déficit econômico, onde o que parece ser de pequena importância acaba sendo discutível e relevante. Estima-se que somente nos Estados Unidos anualmente sejam perdidos cerca de 600 milhões de horas de trabalho, estes decorrentes dos sintomas das alterações menstruais, levando a uma perda de aproximadamente 2 bilhões de dólares, o que faz com que o assunto se torne importante nos centros de saúde publica (ALDRIGHI, 2005). A dismenorréia é um dos casos médicos mais comuns na ginecologia. Esta se descreve por uma dor aguda e intensa e tem como característica o inicio súbito, o aumento abrupto e a duração curta. Essa dor pode ser cíclica, e quando é se refere à dor que ocorre com uma associação definida ao ciclo menstrual, sendo que o fenômeno cíclico mais comum é propriamente a dismenorréia ou me nstruação dolorosa como também é descrita. Quando essa dor tem duração maior que seis meses, esta é considerada dor pélvica crônica, já possuindo outro caráter levado mais pela dismenorréia congestiva (BEREK, 1998) 2.3 CLASSIFICAÇÃO A dismenorréia pode ser classificada em dismenorréia primaria e dismenorréia secundária (CONCEIÇÃO, 2005). 19 2.3.1 Dismenorréia Primaria A dismenorréia primária ocorre na ausência de qualquer doença pélvica detectável. Esta se apresenta como um quadro sindrômico que se manifesta no decorrer da menstruação e que quando atinge sua forma completa, se caracteriza por cólicas uterinas, náuseas, vômitos, cefaléia, cólicas intestinais, diarréia e dificuldades respiratórias. A condição clinica fundamental são as cólicas uterinas que estão presentes em quase todos os casos, (CONCEIÇÂO 2005). Tantas são as hipóteses levantadas para tentativa de explicação das causas da dismenorréia primária que esta síndrome chegou a ser denominada de doença das teorias. As cólicas uterinas comumente apresentam-se associadas a outras manifestações clínicas de diversos setores do organismo, principalmente do aparelho digestivo, levando a náusea e vômitos. Alterações do nível de substâncias químicas durante o período menstrual foram detectadas e pesquisas foram iniciadas para detectar qual poderia ser a substância que teria ação não só nas manifestações uterinas, mas também nas manifestações sistêmicas da síndrome. As investigações começaram a levar em conta que essa substância deveria estar relacionada às modificações endometriais, pois mulheres afetadas por dismenorréia primária apresentam ciclos menstruais ovulatórios e, consequentemente, seus endométrios são secretores por ocasião da menstruação. Pesquisas clínicas desenvolvidas nos anos 70 evidenciaram que a prostaglandina F2alfa (PGF2alfa), os leucotrienos e a prostaciclina, substâncias produzidas pelo endométrio secretor, comprovadamente participam na fisiopatologia dos distúrbios desta síndrome. Estudos comprovaram que essas substâncias somente causam o seu efeito negativo quando o material resultante da desagregação endometrial permanece retido no interior da cavidade uterina por um tempo maior do que o normal. A partir desta verificação surgiram teorias explicando a ação destas substâncias em atuação às manifestações. Dentre estas a teoria da vasopressina, a das prostaglandinas, a dos leucotrienos e das prostaciclinas foram as mais aceitas e discutidas no meio cientifico. A dificuldade e os obstáculos para o escoamento normal do material menstrual foi levado em consideração, pois é a partir deste que se inicia o processo negativo de algumas destas substâncias, (PIATO, 2002). 20 2.3.1.1 Teoria das vasopressinas A teoria das vasopressinas foi relatada por Warren e Hawker em 1967, que foram os primeiros a descrever a atuação da vasopressina induzindo contrações uterinas disrítmicas e dolorosas. Coutinho e Lopes em 1968 aprofundaram o estudo mostrando que este efeito é intensificado na presença de progesterona. Durante o período menstrual os níveis de vasopressina circulantes tendem a aumentar, e esse aumento da vasopressina associado à progesterona presente, leva aos sintomas decorrentes a dismenorréia primária a serem intensificados (CONCEIÇÃO, 2005). 2.3.1.2 Teoria das prostaglandinas A teoria das prostaglandinas diz que estas são sintetizadas no endométrio e que provocam contratilidade uterina aumentada levando à isquemia e decorrentemente à dor. Esta ocorre de forma que as prostaglandinas são derivadas de um acido graxo, o ácido araquidônico, este sendo convertido em endoperóxidos e por hidrólise em prostaglandinas E2 e F2alfa. A concentração destas prostaglandinas são maiores no sangue menstrual de mulheres com dismenorréia primária e ao final da fase secretora do ciclo menstrual, sendo que este fato promove instabilidade dos lisossomos das células endometriais, consequentemente liberando enzimas como a fosfolipase-A que tem atuação na membrana celular. Deste modo, o ácido araquidônico que é o precursor da síntese de prostaglandinas é também liberado. As prostaglandinas então são as responsáveis pelas contrações uterinas alteradas (CONCEIÇÃO, 2005). Existe um aumento de três vezes na concentração destas prostaglandinas no endométrio na fase lútea em relação à fase folicular. Este aumento é ainda maior durante os dias do fluxo menstrual. A maior parte desta formação se dá nas primeiras 48 horas, sendo este o pico dos sintomas sofridos pela mulher. Ylikorka e Dawood (1978) mostraram que o endométrio secretor em mulheres normais possui media de 2,5 ng/mg de prostaglandina F2alfa (PGF2alfa), enquanto em mulheres que sofrem de dismenorréia esse numero chega a 18,5 ng/mg. Roth-Brandl estabeleceu uma ligação direta de que a PGF2alfa esta ligada aos distúrbios sistêmicos da SPM, pois os resultados de pesquisas no qual era feito a 21 administração da substância PGF2alfa através de infusão venosa gota-a-gota em mulheres fora do período menstrual, reproduziu as mesmas manifestações clínicas de uma mulher que sofre do distúrbio durante o período menstrual (OLIVEIRA, 2001). 2.3.1.3 Leucotrienos Os leucotrienos são compostos sintetizados pelo endométrio, através de atividade da via 5-lipoxigenase. Da mesma forma da PGF2alfa, os leucotrienos provocam aumento da contratilidade uterina. Demers et al (1985) e de Ress et al (1987) citados por PIATO 2002, admitem que os leucotrienos seriam responsáveis por parte dos casos de dismenorréia primária graças a sua ação contrátil da musculatura lisa uterina, a qual leva a geração de cólicas uterinas. O fato da ação contrátil dos leucotrienos explicaria a refratariedade ao tratamento com inibidores de prostaglandinas em algumas pacientes (PIATO 2002). 2.3.1.4 Prostaciclina As prostaciclinas são substancia também sintetizadas pelas células do endométrio secretor e apresentam capacidade de provocar relaxamento de fibras musculares das camadas lisas do endométrio. Desempenha seu papel na etiologia da dismenorréia primária quando se apresenta rebaixada no organismo, pois uma vez diminuída não consegue inibir a ação exercida pela PGF2alfa, deixando-a atuar sem ser antagonizada. (PIATO 2002). 2.3.1.5 Dificuldade para escoamento do fluxo menstrual Na época de Hipócrates o material menstrual já era discutido e levantavam-se hipóteses que a sua retenção na cavidade uterina seria o responsável pelas cólicas menstruais. Com o passar dos anos vários procedimentos foram destinados a aumentar o calibre do canal cervical, proporcionando assim eliminação mais rápida do material menstrual. Um estudo do 22 tono do istmo uterino realizado por Mann 1969 citado por PIATO 2002, em mulheres afetadas por dismenorréia primária foi realizado com finalidade de verificar a freqüência de hipertonia nesta região. Foi então verificado no estudo, que 85% das mulheres apresentavam istmos hipertônicos dificultando assim no escoamento normal do fluxo menstrual. Outros fatores que vêem sendo responsabilizados pela dificuldade no escoamento do material menstrual são a estenose do canal cervical, hiperflexão entre o corpo e o colo do útero e sinéquias do canal cervical (PIATO 2002). 2.3.1.6 Fisiopatologia da dismenorréia primária Pela presença de um obstáculo impedindo um rápido escoamento do material menstrual, as substâncias químicas existentes no mesmo são absorvidas através dos vasos endometriais rotos e passam assim para a circulação sanguínea. A PGF2alfa e uma destas substâncias que podem ser absorvidas graças ao não escoamento normal do produto menstrual. Essas substâncias ocasionam alterações ao atingir desde o miométrio e as fibras musculares lisas do intestino, ao aparelho digestivo e respiratório, levando então ao aparecimento dos sintomas da dismenorréia primária. Um dos fatores que ocasionam as cólicas uterinas é a isquemia miometrial, ocasionada pela contração exagerada do miométrio. Estudos realizados por Filler e Hall 1970 citados por ALDRIGHI 2005, verificaram a freqüência e intensidade das contrações uterinas. Em mulheres com dismenorréia primária a intensidade de contração chegou de 150mmHg a 300mmHg enquanto em mulheres sem as características da síndrome a intensidade foi de 120mmHg. A intensidade de contração foi levada como fator causador das dores pelas cólicas uterinas. Outro fator que tem participação nas dores em cólicas é a prostaglandina F2alfa, pois a substância torna as fibras do miométrio mais sensíveis a ação da bradicinina (ALDRIGHI 2005). 2.3.2 Dismenorréia Secundaria A dismenorréia secundária não reflete ligação direta com a idade de inicio dos sintomas, pois esta ocorre anos após o inicio da menarca e se apresenta pela presença de uma dor 23 menstrual cíclica em associação com uma patologia pélvica subjacente. Tem como característica a presença de dor que ocorre geralmente fora da menstruação sendo esta uma dor pélvica iniciada uma a duas semanas antes da menstruação persistindo até alguns dias após a cessação da hemorragia. Geralmente acomete mulheres com mais de 20 anos, com exceção de mulheres que apresentem malformações uterinas, criando obstruções no normal fluxo desde os primeiros ciclos menstruais. Esta se dá devido a várias patologias pélvicas sendo que a principal delas e a endometriose seguida por adenomiose e pela colocação de dispositivos intra-uterinos (HALBE, 2003). A Endometriose é a segunda maior geradora de dor pélvica cíclica nas mulheres. É caracterizada pela presença de tecido endometrial que se prolifera de forma incorreta em locais fora da cavidade endometrial. Os espaços acometidos, mas comumente são: o fundo do saco de Douglas (região atrás do útero), o septo reto-vaginal (tecido que se situa entre o reto e a vagina), trompas, ovários, superfície do reto, ligamentos do útero, bexiga e parede da pélvis. Associada a endometriose a dispareunia (intercurso doloroso) e a disquezia (dor com movimentos intestinais) geralmente elevam ainda mais a dor durante o período pré-menstrual e tem como sinais e sintomas o abdômen doloroso a palpação mais comumente nos quadrantes inferiores (PALO, 2002). Figura 1 – Locais mais comuns da endometriose Fonte:http://www.astrazeneca.com.br/azws006/site/paciente/compreende_doenca/gineco/endometriose. asp acesso em 23 de outubro de 2007 24 A Adenomiose, também conhecida como endometriose interna como a presença de glândulas endometriais e estromas localizados no miométrio de forma profunda. Sua incidência oscila entre 10 a 20%, porém alguns autores apresentam números ainda mais elevados. Tende a ser mais freqüente em pacientes com idade acima de 40 anos e multíparas. Ainda existem outras situações menos freqüentes, mas que também devem ser levadas em consideração, pois podem levar aos mesmos sintomas de dor pélvica cíclica e dismenorréia (VIANA, 2001). As pacientes com adenomiose no período pré-menstrual sofrem de sensação de peso pélvico e fortes dores associadas à sensação de pressão. O exame mais confiável e que possibilita a realização de um correto diagnó stico é o ultra-som, que ao ser realizado apresenta de forma visual o útero simetricamente aumentado de volume e por vezes amolecido, sendo que a melhor realização do exame ocorre no período próximo a menstruação, ou seja, no período pré-menstrual. Quanto maior for o comprometimento da parede posterior do útero, ou este se localizar em posição de retroversão uterina, maior será o quadro álgico da mulher, associado então a dores lombares e pressão retal. Pontos como formação de massa pélvica concomitante (anomalias mullerianas), usuárias de DIU (Dispositivo Intra Uterino), fatores emocionais e qualquer obstrução ou obstáculo para o escoamento do material menstrual dentre outros, se tornam pontos importantes que devem ser considerados de grande rele vância para se realizar o diagnó stico de forma correta (OLIVEIRA, 2001). O DIU é um dos métodos contraceptivos mais eficazes disponíveis nos dias de hoje. A China é o pais que apresenta maior utilização do método sendo que 50% das usuárias de métodos contraceptivos utilizam o DIU. 70% da utilização de todas as usuárias de DIU no mundo se encontram na China. O DIU apresenta alguns efeitos adversos sendo que os mais comuns após sua inserção são o sangramento e a dor pélvica. Os dispositivos não medicados e os de cobre levam ao aumento do sangramento menstrual em ate 55% dos casos, provavelmente pela ação dilatadora endometrial. Dispositivos com progesterona causam um processo de decidualização do endométrio, provocando diminuição do sangramento menstrual (diminuição de 90% do fluxo em 1 ano). A dor ocorre devido ao aumento da liberação de prostaglandinas pelo endométrio. O uso de inibidores de prostaglandinas leva a diminuição da dor e do sangramento (MONTENEGRO 2005). Dentre os diversos sintomas causados pela dismenorréia as dores nas costas e a dor abdominal levam a um grande sofrimento durante o período menstrual especialmente quando 25 esta se manifesta já de uma forma crônica. A dor nas costas de instalação gradual tem uma ligação direta com a área ginecológica e se dá na região localizada sobre a metade superior do sacro e pode se estender lateralmente para glúteos e superiormente para região lombar. A dor abdominal aparece de forma anterior podendo ser aumentada pela pressão. Raramente se estende sobre a espinha ilíaca súpero-anterior e quando de origem uterina ela pode irradiar-se para região medial das coxas (POLDEN, 2002). 2.4 A SPM E OS DISTÚRBIOS DO SONO Durante o período de sono normalmente ocorrem de 4 a 5 ciclos bifásicos, com duração de 90 a 100 minutos. O ciclo de sono é composto pelo sono REM (movimento rápido dos olhos), e o sono NREM, aquele que não apresenta tais movimentos. O sono NREM é constituído por estágios (1, 2, 3, 4) ao longo dos quais as ondas cerebrais vão progressivamente diminuindo a freqüência e aumentando a amplitude. Os estágios 3 e 4 de sono são denominados sono de ondas lentas (DEMENT, 1998) Um estudo realizado confirmou o adiantamento de fase em relação ao sono no oscilador circadiano que regula o fim da secreção noturna de melatonina em oito pacientes com SPM, comparadas com mulheres controle. Dando seqüência à investigação, os autores propuseramse a corrigir o distúrbio circadiano com a utilização de fototerapia (luz de alta intensidade = 2,500 lux; 2 horas de exposição). Assim, seis pacientes com SPM foram submetidas a fototerapia, administrada pela manhã ou à noite, durante a semana pré- menstrual de dois ciclos menstruais. Esse procedimento adianta ou atrasa os ritmos circadianos, respectivamente. Então, esperou-se que o tratamento noturno resultasse na correção do distúrbio circadiano de adiantamento de fase, implicando também na melhora do humor. Como esperado, os resultados mostraram que somente a fototerapia à noite foi eficaz na redução da sintomatologia (PARRY e col, 1990; PARRY e col, 1994). A latência para o sono REM, considerada um marcador de ritmos biológicos, também tem sido investigada durante as fases do ciclo menstrual. Relatos de uma redução pequena, porém significante, durante a fase lútea, em comparação com a fase folicular, reforçaram a proposição de uma correlação entre posição de fase e estado clínico: as mulheres que apresentaram redução na latência para o sono REM durante a fase pré- menstrual mostraram- 26 se sintomáticas durante o mês de estudo (n=3), ao contrário daquelas cujas medidas foram normais (n=2) (PARRY e col, 1989; LEE e col, 1990; SEVERINO, 1993) 2.5 A SPM E O IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA Tradicionalmente, o conceito de qualidade de vida era delegado a filósofos e poetas: no entanto, atualmente existe crescente interesse de médicos e pesquisadores em transformá- lo numa medida quantitativa que possa ser usada em ensaios clínicos e modelos econômicos e que os resultados obtidos possam ser comparados entre diversas populações e até mesmo entre diversas patologias (BOWLING; BRAZIER, 1995). Qualidade de vida é a “percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (CICONELLI, 2003). A avaliação da qualidade de vida ou do impacto das doenças pode ser feita através de questionários padronizados, nos quais são designados escores para as várias questões envolvidas. Estes instrumentos podem ser classificados em genéricos e específicos. São questionários genéricos aqueles desenvolvidos com a finalidade de refletir o impacto de uma doença sobre a vida de pacientes em uma ampla variedade de população. Avaliam aspectos relativos à função, à disfunção e ao desconforto físico e emocional (CICONELLI, 2003). São específicos aqueles capazes de avaliar de forma individual, determinados aspectos da qualidade de vida, proporcionando uma maior capacidade de detectar melhora ou piora do aspecto específico em estudo. Sua principal característica é seu potencial de ser sensível às alterações após uma determinada intervenção (YUNUS, 1992). No Brasil, estudos em serviços mostram a prevalência da SPM entre 8% e 86% dependendo da intensidade dos sintomas. Em estudo realizado em ambulatório de ginecologia, os sintomas pré- menstruais relatados entre as mulheres com a forma grave (43,3%), foram: irritabilidade (86%), cansaço (71%), depressão e cefaléia (62%, cada), sendo que 95% apresentavam mais de um sintoma e 76%, associação de sintomas físicos e psíquicos. (DIEGOLI e col, 1994; NOGUEIRA, 1998) 27 Os sintomas emocionais mais evidentes da SPM são: tristeza, raiva, irritabilidade, nervosismo, confusão, isolamento social e cansaço; e os sintomas físicos foram: mastalgia, distensão abdominal, cefaléia, inchaço em mãos e pernas, aumento de peso e dores articulares ou musculares. De acordo com os critérios propostos no DSM-IV8 considera-se como SPM a presença de cinco dos sintomas acima, sendo que entre esses, pelo menos um deles deveria ser tristeza, raiva, nervosismo ou irritabilidade, acompanhado de dificuldades no relacionamento em casa, falta ao trabalho ou à escola, o que justifica a perda de qualidade de vida das acometidas pela SPM (FREEMAN, 2003) 28 3 ACUPUNTURA NA SPM 3.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC) A acupuntura é uma técnica das várias da medicina chinesa. Sua denominação vem do latim acus= agulha e puntura= picada, denominação esta que foi introduzida no ocidente pelos jesuítas após retornarem da China. A técnica da acupuntura se dá pela inserção de agulhas em determinados pontos corporais privilegiados, presentes em caminhos energéticos conhecidos como meridianos, estes tendo o poder de restabelecer o equilíbrio energético corporal, e através deste reequilíbrio evitar e tratar doenças (MANN, 1994). 3.2 HISTÓRICO Mesmo sem documentos que comprovem a origem da técnica, estima-se que esta seja muito remota, desenvolvendo-se há aproximadamente 3000 anos antes de Cristo. O primeiro nome guardado pela tradição foi o Fu Hi (2953 a.C.) fundador da civilização chinesa. Fu Hi foi apontado como o criador dos 8 hexagramas do livro das mutações I-Ching. Os conhecimentos foram sendo repassados de forma oral de dinastia por dinastia ate chegarem a dinastia Chou (1122 a 256 a.C.) onde foi achado uma obra escrita entre 500 – 300 a.C., obra esta sem autor conhecido. Estima-se que tenha sido desenvolvida por vários médicos, porém sua autoria foi atribuída ao lendário Hungdi Neijing. O livro se subdivide em duas partes: Su Wen (questões simples) e Ling Shu (eixo espiritual). Este ainda descreve toda a base da medicina chinesa como a teoria do Yin-Yang, os cinco elementos e Zang Fu. Graças à época de origem, o livro possui uma linguagem de difícil interpretação onde ocorrem à mistura de princípios filosóficos e terapêuticos e especulações folclóricas e místicas (MANN, 1994) A acupuntura foi ganhando referências onde então a técnica começou a ser conhecida também fora da China. Durante o século V d.C., a acupuntura fo i veiculada para a Coréia e, dois séculos após para o Japão. Com o passar do tempo os conceitos da medicina chinesa começaram a ser entendidos e traduzidos alcançando paises como à Alemanha e França durante o século XVII. Atualmente a acupuntura é muito difundida em todo o mundo sendo 29 ensinada e praticada em diversos paises. A técnica chegou ao Brasil através de imigrantes orientais da China e do Japão estes que se estabeleceram principalmente no sul e sudeste do país, porém a técnica se engrandeceu no Brasil após a chegada do professor Frederico Spaeht que vindo da Europa na década de 50 trazia os conhecimentos da acupuntura, e com isso, fazendo grande clientela em pouco tempo. Graças a sua fama pela ótima obtenção dos seus resultados, chamou a atenção da classe médica para a técnica. Os atendimentos com a utilização da técnica de acupuntura não necessitam de grande estruturação de ambiente e vão desde clínicas privadas a ambientes universitários sendo que no Brasil a técnica é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995, e três anos mais tarde pela Associação Medica Brasileira. (PAI, 2004) 3.3 ACUPUNTURA A acupuntura é um importante procedimento que compõe a medicina tradicional chinesa (MTC). Mesmo sendo um dos mais importantes procedimentos da MTC o seu uso quando associado a outras técnicas se torna ainda mais eficaz. A utilização de recursos térmicos durante o processo de puntura é uma das várias associações que podem ser feitas durante um tratamento. Uma das utilizações deste recurso térmico e através da queima do pó de uma planta chamada Artemísia vulgaris ou sinensis, sendo que esta técnica é conhecida como moxabustão. A técnica da acupuntura tem a finalidade de levar a prevenção e o tratamento de doenças apenas punturando certos pontos privilegiados do corpo utilizando um equipamento bastante simples, que é a agulha fina. Graças a sua eficácia e ao baixo custo do equipamento, esta técnica se tornou extremamente popular na China a milhares de anos. O inicio do desenvolvimento da arte compõe um longo processo histórico que foi baseado na experiência de séculos do povo trabalhador chinês na luta contra as doenças. As primeiras realizações de tratamento através de acupuntura foram realizadas com agulhas talhadas em pedras. Com o desenvolvimento da sociedade humana e a saída da era da pedra e entrada na era do bronze e do ferro, agulhas foram elaboradas com a utilização destes metais, substituindo assim as agulhas de pedra. Com a continuidade do desenvolvimento da sociedade os instrumentos de puntura se aprimoraram, levando assim ao refinamento das técnicas de acupuntura. (AUTEROCHE, 1996). 30 3.4 PENSAMENTO CHINÊS E OCIDENTAL A atividade vital de um homem tem uma estreita semelhança com a energia do céu. Ao se tratar da doença, deve-se seguir a lei a disciplina do céu e da terra senão a atividade vital do paciente pode ser prejudicada ocorrendo imediatamente uma calamidade, (QIBO citado por WANG, 2001). A grande dificuldade para os estudantes ocidentais da MTC está na enorme diferença dos padrões de pensamento do oriente. Poucos profissionais ocidentais conseguem lidar com o modo de pensar da técnica na sua forma original, não considerando os conceitos abstratos e filosóficos da técnica. Muitos estudantes de MTC adotam uma postura mental ocidental e tentam criar relações e explicações ocidentais com os conceitos chineses, resultando assim no não entendimento da técnica na sua forma real. Quanto mais o profissional deixar de lado os conceitos ocidentais e aproximar-se dos conceitos orientais, maior será a obtenção de resultados devido ao entendimento real filosófico da técnica. Geralmente os pensamentos ocidentais não tendem a procurar padrões globais, nem tende a olhar o todo ou partes de um todo. Em termos relativos, o pensamento ocidental tende a ser redutivo e analítico, ao passo que o pensamento chinês tende a ser sintético e intuitivo. Enquanto a ciência do ocidente tenta reduzir os fenômenos aos componentes lineares de causa e efeito o chinês experimenta uma síntese de combinações de fenômenos. A medicina ocidental tende a isolar um único fator causador, ou seja, reduzir ao mais simples possível, enquanto a MTC trata o individuo como um todo, tratando então as disfunções e não somente o paciente. O pensamento ocidental então considera os extremos de um aspecto, porém no pensamento chinês entre os extremos existe uma continuidade de transformações. Mesmo os pensamentos do ocidente e do oriente tendendo cada um ao seu raciocínio, estes apresentam entrelaçamentos mostrando elementos comuns entre essas duas culturas. Cada um dos sistemas apresenta suas virtudes e fraquezas, e ambos tendo se desenvolvido dentro da área especifica do conhecimento humano levam a uma forma de tratamento visando sempre a recuperação do paciente, mesmo um tendo a forma mais intuitiva de agir e o outro a forma mais racional. A cultura e o modo de pensar de ambas as medicinas devem ser consideradas, porém para a prática da MTC, não se pode querer conciliar muito os conhecimentos senão, estes levam a confusões e malefícios na hora do entendimento e pratica do tratamento tradicional chinês, (ROSS 1994). 31 3.5 BASE DA MTC A concepção filosófica chinesa é a base de todo o seu entendimento. A explicação e o entendimento de como estes visam a globalidade de integração natureza-ser humano e os fundamentos do universo se baseiam em três pilares básicos: a teoria do Yin/Yang, dos cinco movimentos e dos Zang Fu (órgãos e vísceras), (YAMAMURA, 2003). 3.5.1 Teoria do Yin/Yang A Teoria do Yin-Yang foi criada na ve lha China e possui seus conceitos básicos presentes no mais antigo livro originário do extremo oriente: o livro primordial. A base da teoria se dá pelas mutações constantes encontrada nas coisas e seres do universo, sendo esta a regra básica para sua coexistência. Através deste pensamento observa-se uma alternância de oposição e complementação entre diversos fatores e acontecimentos do dia a dia (AUTEROCHE 1992). O Yin e o Yang são tanto estágios opostos de um ciclo como estados de agregação. É esta contradição interna que leva a constituição da força motriz de toda a modificação, desenvolvimento e deterioração das coisas. Nada é totalmente Yin ou totalmente Yang. A oposição é relativa e não absoluta, pois tudo contém a semente do seu oposto. A teoria do Yin e do Yang considera o mundo como um todo sendo resultado da unidade contraditória destes dois princípios, o Yin e o Yang. (AUTEROCHE 1992). Tome o Yin-Yang do céu e da terra para fazer uma analogia com o Yin-Yang do corpo humano: Quando o Yin e o Yang da terra se combinam viram chuva; quando a energia vital e o sangue de um homem se unem, fazem suar; por isso o suor de um homem e chamado de chuva. A energia yang circula pelo corpo todo e a energia do vento se espalha pela terra, por isso a energia do homem e chamada de vento do céu e da terra. A energia do temperamento violento num homem é como o ribombar de um trovão e a energia em contra corrente se parece com a ascensão do yang, (QIBO citado por WANG, 2001). A observação mais antiga do fenômeno Yin-Yang deve ter se originado através dos camponeses em observação a alternância cíclica entre o dia e a noite. Desta maneira o dia 32 corresponde ao Yang e a noite ao Yin. O passar do dia demonstra essa alternância, o dia pertence ao Yang, porém ao alcançar seu pico ao meio dia, o Yin dentro dele, começa gradualmente a se manifestar, e este vai se manifestando até se apresentar em total, estabelecendo assim à noite (Yin). Após chegar ao seu pico na meia noite o Yang presente também dentro do Yin começa a se restabelecer retomando então novamente sua presença ate ser novamente substituído. Esse processo demonstra a alternância cíclica e contínua dos dois elementos. Cada fenômeno pode pertencer ao Yin ou ao Yang, porém sempre existirá uma semente do estagio oposto em si. A partir deste ponto de vista, Yin e Yang são dois estágios de um movimento cíclico, sendo que um interfere constantemente no outro levando assim ao um movimento cíclico e constante (MACIOCIA, 1996). Figura 2 -Tai Tji Yin-Yang Fonte: (MACIOCIA 1996,p. 3) Figura 3 - Apresentação das formas Yin-Yang Fonte: (MACIOCIA 1996,p.5 ) 33 Figura 4 - Apresentação do Yin-Yang no ciclo do dia Fonte: (MACIOCIA 1996,p. 5) Embora o Yin e o Yang sejam forças opostas, estes também são interdependentes, pois um não pode existir sem o outro. Tudo contém as forças opostas que são mutuamente exclusivas, mas que ao mesmo tempo dependem uma da outra. Não pode haver atividade sem descanso, energia sem matéria, contração sem expansão e dia sem a noite (ROSS, 1994). Tabela 1 - Yin-Yang Yang Yin Luminosidade Escuridão Sol Lua Brilho Sombra Atividade Descanso Céu Terra Redondo Plano Tempo Espaço Leste Oeste Sul Norte Esquerda Direita Fonte: Maciocia (1996). 34 Para ocorrer o equilíbrio corporal, os níveis energéticos de Yin e Yang devem estar também em constante equilíbrio. Se um modifica sua proporção de existência, consequentemente altera a existência do seu oposto. O consumo de Yin leva a um ganho de Yang enquanto o consumo de Yang leva a um ganho de Yin. A alteração no estado de equilíbrio entre estas duas forças é que leva a um enfraquecimento do organismo, levando a uma predisposição e instalação de alguma doença. Certas circunstâncias e em certos estágios energéticos de desenvolvimento, a energia Yin e a energia Yang podem transformar-se em seu oposto, processo esse conhecido como intertransformação. Quando um certo limite é alcançado, uma mudança no seu sentido oposto é inevitável, fator este demonstrado pelo exemplo da chegada do calor da primavera quando o inverno apresenta seu clímax ou o frio do outono que se apresenta quando o calor do verão atingiu o máximo. Em exemplo clínico é uma febre alta, que pode levar a uma baixa súbita de temperatura corporal, palidez e extremidades frias mostrando a mudança de caráter energético de Yang (febre) para Yin (frio) (YAMAMURA, 2003). 3.5.2 Teoria dos cinco elementos O segundo pilar da filosofia e da MTC é a teoria dos cinco elementos ou 5 movimentos. A concepção dos cinco elementos tem como base a evolução dos fenômenos naturais, mostrando a dominação de vários aspectos que compõem a natureza. Essa teoria é um antigo conceito filosófico que explica a composição e os fenômenos físicos do universo, porém foi utilizada pela MTC para expor a unidade do corpo humano e o mundo natural, também apresentando o inter-relacionamento fisiológico e patológico energético no corpo. O termo Wu Xing, que significa Wu – cinco e Xing – fase, refere-se a 5 princípios do universo simbolizados por 5 elementos, sendo eles: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. Cada elemento possui sua característica própria e se encontram em constante movimento de geração e dominância entre si, constituindo então o que foi denominado de cinco movimentos, (YAMAMURA, 2003). Água e Fogo, é o que bebe e come o povo. Metal e Madeira, é o que ele produz. Terra é o que gera os dez mil seres, o que é útil ao homem, registros no livro Shang Shu Da Chuan citados por Auteroche 1992. 35 Auteroche (1996) diz que cada elemento possui seu movimento sendo estes movimentos: • Movimento da água: Caracteriza fenômenos naturais de retração, profundidade, frio, declínio, queda e eliminação. É o ponto de partida e de chegada da transmutação dos movimentos. Tem características Yin, pois é pesada, parada, de tão pesada escorre, flui, cai, não tem forma própria, conforma-se àquilo que a contém. A água presente nos rins que são o celeiro da vida se apresenta em aproximadamente 80% do corpo humano. Quando nos sentimos letárgicos, sem vontade, sem determinação, desanimados, desistindo diante da menor dificuldade, apresentando medo da vida e das pessoas e com o frio tomando conta do nosso corpo e uma angustia e sensação de sufoco como se o fluxo da vida estivesse cercado de obstáculos e paredes ao nosso redor, quer dizer que estamos mal de água. O seu sabor é representado pelo salgado e tende a emoção do medo (HIRSCH, 2003). • Movimento Madeira: Representa o aspecto de crescimento, movimento, florescimento, síntese. É o movimento de energia vital, pois tem o poder de subir, crescer, abrir caminho para obter lugar ao sol, da mesma forma que uma árvore brota na primavera. O ser humano e dessa forma, nossos pés se firmam na terra e mantemos a postura ereta e crescemos durante a vida. Qualquer distúrbio ligado a articulações, músculos e membros mostra um desequilíbrio de madeira. Tem como representação o sabor ácido, e a sua emoção é a raiva, (HIRSCH 2003). • Movimento Fogo: Se caracteriza por todos os fenômenos naturais de ascensão, desenvolvimento, expansão e atividade. A sua energia vital é exuberante como o sol do meio dia, que também está presente em nós, irradiando calor humano através de sentimentos e produzindo alegria. Qualquer problema envolvendo a troca de calor humano revela desequilíbrio em fogo. O fogo é leve e solto, e desta maneira tende a característica Yang. A euforia, hiperexcitação, língua embolada não conseguindo falar de uma maneira compreensível são características que o coração esta desregulado. Para os chineses, coração e mente são a mesma coisa, pois os pensamentos são movimentos do coração e se este se encontra em equilíbrio tudo é regido por boa vontade e bons sentimentos. 36 Apresenta o sabor amargo como o de padrão característico. Sua emoção é a euforia, hiperexcitação, (YAMAMURA, 2003). • Movimento da Terra: Os fenômenos naturais que se traduzem por transformação, mudanças, são característicos do movimento da terra. A terra é o chão onde pisamos, sendo nossa base, nosso sustento, nossa fonte de extração de força, a energia vital tende a passar por essa fase com estabilidade de centralização antes de voltar ao movimento. No nosso ser a terra esta relacionada com o centro do nosso corpo, sendo o centro da atividade mental que gera idéias, opiniões e capacidade de reflexão. É o centro que nos envolve, a carne que reve ste nossos músculos e que nos dá a aparência e identidade corporal. Terra em harmonia faz a pessoa alcançar o estado de paz consigo mesma. Boca, lábios e tudo que está envolvido com o comer também está envolvido com a terra. Tende ao sabor doce e sua emoção negativa quando desarmonizada é a preocupação (CARNEIRO, 2003). • Movimento do Metal: Caracteriza-se pelos processos naturais de purificação, de seleção, de análise e de limpeza. No outono as folhas secas caem, as castanhas e sementes vão para os celeiros garantir as refeições do inverno. O metal em nós representa a eterna colheita. A energia vital nesse movimento e descendente, pesada e tende a purificar e limpar, assimilando o essencial e descartando o inútil. Tudo o que consideramos de precioso é designado ao metal. O pulmão e o intestino grosso que são os órgãos metal demonstram essa obtenção do essencial e liberação do inútil, pois estes realizam a captação do ar e o esvaziamento do intestino respectivamente ao qual sem esse trabalho não existiria vida. O sabor atribuído ao metal é o picante e a sua emoção tende a ser a melancolia e a depressão (AUTEROCHE, 1996). Os cinco movimentos de acordo com suas características próprias e naturais que apresentam guardam entre si uma inter-relação que permite posicioná- los adquirindo assim um processo designado pelo critério de geração. O movimento da água gera o movimento madeira, este alimentando o movimento fogo, a qual gera o movimento terra. A terra por sua vez leva ao movimento metal que gera o movimento água (YAMAMURA, 2003). 37 Figura 5 - Ciclo dos 5 elementos. Fonte: http://www.espacodealternativas.blogspot.com/2007/06/o-que-mtc.html acesso em: 28 de outubro de 2007. Os cinco movimentos executam uma produção recíproca que significa que estes se produzem mutuamente favorecendo também ao seu crescimento respectivo. Quando esta produção se encontra em harmonia todo o ser também está em harmonia. Além da produção recíproca existe também a dominação recíproca. O elemento a qual esta sendo produzido domina o seu antecessor mantendo o padrão de produção através de sua restrição. O processo de produção e dominação recíproca são processos inseparáveis, pois sem produção não há aparecimento e desenvolvimento das coisas, mas sem dominação não se pode manter as transformações e o desenvolvimento em uma produção equilibrada. Na produção há restrição e na restrição há produção. Porém esse acontecimento harmônico pode ser alterado por situações anormais de crescimento e transformação dos elementos, sendo essas as relações conhecidas como Cheng e Wu. Cheng aproveita-se do fraco e tem o sentido de agredir enquanto Wu significa ultrajar pela sua força aquilo que é fraco. Na relação Cheng o elemento domina o outro de modo excessivo, ultrapassando o grau normal de regulação, levando a uma falta de coordenação normal entre dois elementos. Na relação Wu a dominação mútua fez-se em corrente contrária, sendo um reverso do controle onde leva o nome de “contra 38 dominação”, sendo considerada também pela falta de coordenação entre dois elementos (CHONGHUO, 1993). A relação dos elementos com o corpo humano se estende, pois cada elemento possui um órgão com suas características, a qual então foi designada uma relação. Graças às propriedades de cada um dos elementos, podem-se explicar as particularidades de cada atividade fisiológica destes órgãos (YAMAMURA, 2003). • Fígado: Tem a função de drenar e de ser regulador, na natureza a madeira produz e faz crescer, tendo então relação direta com a função do órgão. Portanto o fígado pertence à madeira. • Coração: Órgão que corresponde a movimento e aquecimento graças ao Yang que faz a função de aquecer. Na natureza o Fogo exerce a mesma função, levando então o coração a pertencer ao fogo. • Baço: Origem dos nascimentos e transformações, sendo que esta mesma função e exercida na natureza pela terra, levando o baço a pertencer a terra. • Pulmão: Com sua função de purificar e fazer descer tem grande correspondência com o metal, pois a natureza do metal é a sua pureza. Eis porque o pulmão pertence ao metal. • Rins: Tem a função de controle da água. A natureza da água é umedecer, portanto os rins pertencem a água (AUTEROCHE, 1992; HIRSCH, 2003). 3.5.3 As substâncias “O céu tem 3 tesouros; o sol, a lua e as estrelas, a terra possui 3 tesouros; a água, o fogo e a terra; a existência humana e iluminada por 3 tesouros; Jing, Qi e Shen. A aplicação correta dos 3 tesouros liberta-nos para a eternidade.”, She Zheng Cong Mai citado por MANN (1994). Na MTC existem substâncias essenciais a vida. Dentre essas substâncias 5 são consideradas substâncias básicas da medicina chinesa. O conhecimento dessas substâncias é primordial, pois todos os estudos subseqüentes dependem do seu total entendimento (ROSS, 1994). 39 A tradução destas substâncias é uma grande responsabilidade, pois muitas vezes a complexidade da língua chinesa induz erros de tradução. A tradução será feita de forma que sempre será tentado elucidar os determinados conceitos na sua forma mais original. Na medicina ocidental tudo é enfatizado na estrutura anatômico- fisiólogica, inclusive o estudo de estruturas e compostos da bioquímica como sangue e linfa. Na MTC pouco se preocupa a estrutura, a histologia ou a composição química, o importante sim são as funções e relações apresentadas entre elas, chamadas de inter-relacionamentos de substâncias (MANN, 1994). 3.5.3.1 O Qi O Qi é a energia, concepção integrada à matéria. Na concepção chinesa a matéria e a energia são uma manifestação contínua de um aspecto, a composição do universo, levando a estabelecer atributos tanto energéticos quanto materiais ao Qi. Para o chinês só existe uma energia que é a matéria fundamental que constitui o universo, e tudo no mundo é resultado de seus movimentos e transformações. Tanto o microcosmo como o macrocosmo são formados por somente uma energia : o Qi (AUTEROCHE, 1992). 3.5.3.2 O Shen O Shen é o espírito, a mente, algo integrado ao corpo ou ao espiritual em integração a matéria. O termo espírito na tradução ocidental é algo oposto a matéria, mas no contexto da MTC este apresenta aspectos materiais. O Shen está presente no brilho dos olhos e este é responsável pela habilidade de pensar, raciocinar e discernir. Na MTC a consciência não reside tanto no cérebro, mas sim no coração, por isso diz-se que o Shen tem sua moradia ao lado do coração. É o Shen que faz com que cada pessoa seja um individuo único. Este originalmente vem dos pais, e após o nascimento o meio ambiente, atos, pensamentos e estilos de vida influenciam no Shen (MANN, 1994). 40 3.5.3.3 O Xue O Xue é o sangue, mas algo que extrapola o conceito ocidental em seus parâmetros preciosos de bioquímica e de histologia. Embora o Xue e sangue partilhem alguns atributos comuns, fundamentalmente, o Xue é um conceito diferente, mais amplo e funcional (MANN, 1994). 3.5.3.4 O Jing O Jing é considerado a essência. Este conceito e puramente chinês e em tentativa de tradução a um conceito moderno e considerado o código genético (por ser derivado dos pais). Mas este possui uma aplicabilidade funcional e energética no corpo. É dividido em Jing prénatal e Jing pós- natal. O Jing pré-natal e derivado dos pais e fornecido no momento da concepção, já o Jing pós-natal é formado pela fração purificada da transformação de produtos dos alimentos e bebidas (ROSS, 1994). 3.5.3.5 O Jin Ye O Jin Ye são os líquidos corporais. Estes englobam a totalidade dos líquidos normais do corpo. Abrangem as diferentes formas líquidas como líquidos do estômago, articulações, intestino e os líquidos excretados por alguns órgãos tais como lágrimas, remelas, suor, urina e saliva (AUTEROCHE, 1992). 3.6 ZANG FU O termo Zang = Órgãos e Fu = Vísceras formam o âmago central da MTC. Situam-se no centro da estrutura organizacional do corpo. A concepção da MTC sobre os órgãos internos é diferente daquela do ocidente sendo que para entendimento deste conceito e necessário aderir aos conceitos e padrões do pensamento chinês e não misturar estes conceitos com qualquer 41 outro sistema. No passado houve uma considerável confusão sobre a compreensão dos termos chineses para órgãos e vísceras, pois a tradução para termos ocidentais era realizada sendo que esta não cabe aos termos utilizados nos Zang Fu (ROSS, 1994). A função dos Zang Fu é a de receber alimentos, ar e bebidas do ambiente externo transformando estas em substâncias a qual vão circular pelo corpo e pela superfície deste, mantendo uma integração harmoniosa entre corpo e ambiente externo (MANN, 1982). Os órgãos (Zang), não possuem comunicação direta com o meio exterior, tem a função de armazenar a essência dos alimentos, que proporcionam o dinamismo físico, visceral e mental. São estruturas geradoras e transformadoras de energia e de Shen (consciência) que constitui no exterior, a manifestação da energia interior. Já as vísceras (Fu) constituem estruturas tubulares e ocas, sendo estes mais externos. Tem função de receber, transformar e assimilar os alimentos. Promove também à eliminação de dejetos e são englobadas por um elemento altamente energético: o Yang do Yang (YAMAMURA, 2003). Os aspectos energéticos dos Zang Fu, são responsáveis pela integridade do corpo. Estando estes em harmonia energética todo o desempenho funcional se manterá em normalidade. Os cinco Zang – Xin (coração), Fei (pulmão), Pi (baço/pâncreas), Gan (fígado), e Shen (rins), são o coração da medicina chinesa e são mais importantes do que os seis sistemas Fu. A percepção dos padrões de doença dos cinco sistemas Zang forma m o tema central de diagnóstico e de tratamento da MTC Cada órgão possui uma víscera como acoplado criando 6 pares de acoplados, o Xin Bao (pericárdio) foi acrescentado aos cinco Zang representando o invólucro externo que tem a função de proteger o coração (YAMAMURA, 2003). Tabela 2 – Zang Fu Palavras Zang Chinesas Aproximação Abreviação Palavras Fu Chinesas Aproximação portuguesa Abreviação portuguesa Shen Rins R Pang Guang Bexiga B Pi Baço/Pâncreas BP Wei Estômago E Gan Fígado F Dan Vesícula Biliar VB Xin Coração C Xiao Chang Intestino Delgado ID Fei Pulmão P Da Chang Intestino Grosso IG Xin Bao Pericárdio CS San Jiao Triplo Aquecedor TA Fonte – ROSS (1994). 42 3.6.1 Os órgãos (Zang) e seus acoplados (Fu) Os acoplamentos dos sistemas têm importância clínica considerável, sendo que cada um exerce uma determinada função e tem grande importância na promoção da normalidade energética corporal (ROSS, 2003). 3.6.1.1 Rins (Shen) e Bexiga (Pang Guang) Os estudos sobre Zang Fu iniciam-se com o estudo dos rins, pois este é o órgão raiz da vida, do Qi e base do Yin e Yang e da água e fogo no corpo (AUTEROCHE, 1992). Os rins possuem as determinadas funções: • Armazenam a essência ou a energia ancestral (Jing) a- Controlam o nascimento, crescimento, desenvolvimento e reprodução b- Controlam os ossos • Base do Yang e do Yin • Controlam a água • Controlam a recepção do Qi • Abrem-se nos ouvidos e manifestam-se nos cabelos. Controlam os orifícios inferiores. Fonte: ROSS 1994 A bexiga exerce a função de armazenar e transformar previamente os líquidos do corpo para serem excretados pela urina. A função da bexiga depende do Qi dos rins e se este estiver deficiente pode gerar uma enurese, incontinência urinaria e outros fatores que envolvam líquidos corporais (CARNEIRO, 2003). 3.6.1.2 Baço/Pâncreas (Pi) e Estômago (Wei) O baço e considerado um importante órgão no ponto de vista energético chinês, pois o Qi do baço é considerado a base da vida pós-Natal depois do Qi do Rim que é à base da energia pré-natal (ROSS, 1994). 43 As funções do baço/pâncreas são: • Regular a transformação e o transporte • Regular a parte carnosa dos músculos e membros • Governar o sangue • Manter os órgãos fixos • Abre-se na boca e manifesta-se nos lábios • Metaboliza a umidade e a mucosidade. Fonte: (ROSS 1994) O estômago como acoplado tem a função de receber a comida e bebida e possui características Yang sendo que sua energia Qi tende a descender. Quando sua energia ascende ocorre, por exemplo, o vô mito, demonstrando assim como a inversão do fluxo energético cria uma desarmonia corporal, este tendo que sempre seguir sua função norma l e destinada (MANN, 1994). 3.6.1.3 Fígado (Gan) e Vesícula Biliar (Dan) O fígado possui importantes funções na MTC sendo que este e o grande harmonizador corporal graças ao desempenho das seguintes funções: • Harmoniza o livre fluxo de Qi • Armazena o sangue • Harmoniza os tendões e ligamentos • Abre-se nos olhos e manifesta-se nas unhas. Fonte: (ROSS 1994) A Vesícula Biliar armazena a bile produzida pelo fígado, soltando-a periodicamente de modo que ela desça para o intestino delgado (Xiao Chang) para ajudar na digestão. O fígado e a vesícula biliar estão intimamente ligados de modo que é difícil separá- los em suas funções e nas suas desarmonias, sendo assim as desarmonias da vesícula biliar estão ligadas intimamente ao fígado e vice-versa (CARNEIRO, 2003). 44 3.6.1.4 Coração (Xin) e Intestino Delgado (Xiao Chang) O coração tem a função de comandar os vasos sanguíneos (Xue Mai), armazenar o Shen (Espírito vital), e sua abertura esta na língua apresentando sua manifestação na face. É protegido dos ataques no civos pelo invólucro do coração (Xin Bao Luo) (AUTEROCHE, 1992). O Intestino Delgado tem a função de receber, separar, absorver e encaminhar os alimentos. Uma vez que apresente uma disfunção nessa víscera alterações no movimento intestinal podem surgir graças a perda da normalidade energética corrente nesse acoplado (AUTEROCHE, 1992). 3.6.1.5 Pulmão (Fei) e Intestino Grosso (Da Chang) O pulmão (órgão impar para os chineses) mesmo sendo um Zang, é o que mais possui contato com o meio externo. Possui importantes funções como a formação de Qi através da respiração alé m de: • Harmonizar o Qi e controlar a respiração • Funções de difusão e descida (distribuição de energia – excesso vai para o rim) • Circula e harmoniza as vias das águas • Abre-se no nariz e manifesta-se nos pêlos. Comanda a garganta. Fonte: (ROSS 1994) O Intestino Grosso recebe a fração impura dos alimentos do intestino delgado movimentando-os para baixo. Também exerce a função de absorver a água e eliminar o restante das fezes (ROSS, 1994). 3.6.1.6 Pericárdio (Xin Bao) e Triplo Aquecedor (San Jiao) É considerado Zang de importância relativa tanto na teoria quanto na prática, sendo considerado o protetor externo do coração (escudo do coração), protegendo este contra 45 invasão de fatores patogênicos. O coração que é considerado o imperador dos órgãos, inviolável torna o pericárdio (Xin Bao), ministro que protege o imperador contra danos e cuja função e de guiar as pessoas nos seus prazeres e alegrias. O triplo aquecedor é o sexto Fu e integra todos os canais do corpo e participa das transformações que ocorrem nos três aquecedores. É de difícil interpretação e observado de forma errônea, porém realiza grande papel nas funções das estruturas corporais (CARNEIRO, 2003). 3.7 TÉCNICAS DE PUNTURA A técnica da acupuntura é realizada quando ocorre a aplicação de agulhas em pontos privilegiados do corpo. Para que a realização da técnica seja bem sucedida é necessário que a aplicação destas agulhas sejam exercidas de forma correta e com o paciente em uma posição confortável e relaxada. Na maioria dos casos o posicionamento apropriado pode evitar complicações e problemas na introdução das agulhas. O paciente normalmente é tratado em decúbito dorsal ou em decúbito ventral, porém este também pode ser tratado em decúbito lateral. Se o tratamento for destinado a duas zonas que necessitem de duplo posicionamento, e realizado primeiro o tratamento de uma zona e após a retirada das agulhas é realizada a continuidade do tratamento. A agulha e segurada entre o polegar e o indicador, e a ponta do dedo médio apóia a agulha e ajuda na introdução desta. A mão a qual não esta segurando a agulha considerada segunda mão, pode agarrar ou esticar a área em que a agulha será introduzida facilitando assim o processo de puntura (LIAN, 2005). A introdução da agulha pode ser realizada com o auxilio de um tubo ao qual é colocado sobre o ponto que se deseja punturar. O tubo deve ter o tamanho a qual deixe a agulha sobressair apenas por alguns milímetros, com esse procedimento a agulha e inserida através de uma batida pequena na sua base. A profundidade de introdução das agulhas e variante, dependendo da localização anatômica do ponto. As profundidades indicadas para determinado ponto também são variadas, dependendo por exemple da massa corporal e do tamanho deste paciente. A introdução em relação ao distúrbio deve ser considerada. Dores agudas ou moderadas necessitam apenas de introdução superficial enquanto dores crônicas e paralisias tendem a necessitar de introduções mais profundas. O conhecimento anatômico e topográfico 46 é essencial na acupuntura. A introdução da agulha possui vários ângulos sendo que a escolha destes ângulos depende do efeito pretendido e da área punturada (PAI, 2004). Figura 6 – Ângulos de puntura - Fonte: (LIAN 2005) • Introdução perpendicular: a introdução perpendicular é a mais comum aplicação e é normalmente aplicada em áreas musculares e adiposas do corpo. A agulha é inserida em um ângulo de 90 graus em relação a linha cutânea; • Introdução oblíqua: A agulha é inserida em um ângulo de 30-50 graus, sendo que esta é mais utilizada onde o tecido mole é mais fino. Utilizada também no tórax em região pulmonar a fim de evitar pneumotórax, afastando assim a agulha da pleura. Utilizada também em áreas da cabeça sempre com intuito de evitar lesões; • Introdução transversal: Nessa introdução a agulha é inserida no corpo num ângulo de 5-15 graus em relação a superfície cutânea. Esse método é aplicado em áreas com tecido mole muito fino como, por exemplo, áreas do crânio. (LIAN, 2005). Com a localização correta do ponto, e a correta introdução da agulha, o paciente experimenta uma sensação característica, essa sensação e conhecida com sensação do De Qi (energia dequi). Essa sensação se difere da dor da introdução da puntura, sendo então descrita como uma sensação de peso, formigamento, dormência, ou choque. O acupunturista é capaz de perceber essa sensação somente através do seu toque na agulha, essa sensação e conhecida pelo acupunturista como o fisgar do peixe. Durante a inserção a agulha passa por diversas 47 camadas teciduais (pele, camada subcutânea, músculos, vasos, perió steo). No meio do músculo, há várias camadas musculares, tecnicamente nos feixes musculares e nas camadas teciduais e que estão presentes os vários De Qi (PAI, 2004) Quando essa sensação se estende ao longo do canal, chama-se esse fenômeno de PSC (Propagated Sensation along the Channel – sensação propagada ao longo do meridiano), sensação esta não presente em todos os pontos de acupuntura e varia em termos inter e intraindividuais. A manipulação deve ser realizada após a inserção da agulha e através da manipulação é obtido à sensação de De Qi. Porém, em alguns casos, a sensação é obtida apenas com o aprofundamento da agulha. O tipo de manipulação no conceito chinês depende da avaliação da doença. Em estados de plenitude são utilizados métodos de sedação (Xie), e em estados de vazio são utilizadas métodos de tonificação (Bu). Estes métodos variam com a freqüência na rotação e no retirar e introduzir a agulha (LIAN, 2005). A manipulação das agulhas se dá pelo simples movimento de rotação, cerca de três voltas no cabo da agulha já seriam suficientes para criar a estimulação, operação esta repetida de 10 em 10 minutos com duração media de 5 segundos cada vez (PAI, 2004) No conceito chinês existem outros métodos que favorecem ou bloqueiam a circulação energética como a introdução desta a favor ou contra o canal energético a qual esta sendo trabalhado. O método de respiração também é utilizado, diz que se inserida a agulha no momento da expiração e esta for levemente puxada no momento da inspiração isso seria configurado um método de tonificação e para exercer o método de sedação somente inverteria a ordem de inserção e retirada da agulha conforme a respiração (AUTEROCHE, 1996). 3.8 UNIDADES DE MEDIDAS Para um melhor entendimento das dimensões criadas na acupuntura, as unidades de medidas devem ser conhecidas. O corpo não é medido em unidades absolutas, mas sim em unidades relativas e proporcionais para cada paciente. As distâncias são determinadas por referências anátomo-topográficas sendo que a unidade básica de medida na acupuntura é o cun. O cun e obtido através da medida dos dedos da mão do paciente. A somatória da largura do indicador com o dedo médio ao nível da articulação interfalangiana é de 1,5 cun. A medida de 1.0 cun pode ser obtida através da largura do polegar ao nível da articulação interfalângica, 48 ou através da medida entre as duas dobras da falange media do dedo médio este se encontrando em contato com a ponta do polegar. Através destas medidas é possível localizar pontos e canais em todo o corpo do paciente (LIAN, 2005). 3.9 AGULHAS DE ACUPUNTURA A agulha utilizada pelos acupunturistas é a extrapolação aperfeiçoada da sétima agulha das 9 agulhas antigas, cada uma destas 9 agulhas antigas possuem um nome e uma forma diferente. 1 - Agulha Chan (flecha), possui 1,6 cun de comprimento, e tem sua utilização nas perturbações externas que penetram no corpo, esta possui uma ponta em forma de flecha e é utilizada no nível da pele. 2 - Agulha Yuan (cilíndrica), 1,6 cun de comprimento, serve para massagens superficiais devido a sua extremidade arredondada. 3 - Agulha Di (obtusa), 3,5 cun de comprimento, não atravessa a pele devido a sua extremidade obtusa. Te m ação somente na superfície. 4 – Agulha Feng (Pontiaguda), 1,6 de comprimento, é uma agulha afiada sendo utilizada para pratica de métodos de sangria sobre os pontos de acupuntura. 5 - Agulha Pi (cortante), 4 cun de comprimento e 0,25 de espessura. Possui formato de uma espada sendo utilizada para abrir a pele e expulsão de material como pus. 6- Agulha Yuan-Li (cilíndrica, afilada), 1,6 cun de comprimento e possui a extremidade pontuda, espessa e arredondada servindo para tratamento de doenças agudas. 7- Agulha Hao (fina como um pêlo longo e fino), 3,6 cun de comprimento a agulha Hao e utilizado em caso de obstruções, dores articulares e paralisias. Esta agulha pode ser deixada no corpo durante determinado tempo de tratamento. 8 – Agulha Chang (longa), 7 cun de comprimento é muito fina e muito pontiaguda, também utilizada no caso de paralisias e obstruções. 49 9 – Agulha Da (grande e grossa), 4 cun de comprimento e é espessa com a extremidade pontiaguda. Utilizada para o tratamento de inchaços articulares, permitindo a saída de água das articulações. Fonte: (AUTEROCHE 1996) Atualmente as agulhas utilizadas para o método de puntura são agulhas descartáveis, geralmente filiformes, de aço inoxidável com diâmetro de 0,25 a 0,30mm, e o seu comprimento varia de 2,5 a 7,0 cm, dependendo da utilização e da profundidade do ponto. Agulhas de maiores tamanhos são utilizadas para criar uma puntura de 2 pontos distantes, técnica esta conhecida como transfixação de dois pontos. O material do cabo não é tão importante, embora a qualidade da agulha deva ser conferida evitando assim acidentes por quebra ou rompimento da sua base. (PAI, 2004) 3.10 PONTOS DE ACUPUNTURA Na literatura antiga, os locais de tratamento corpóreo onde se aplicava agulhas, moxas e massagens eram chamadas, entre outras referências de pontos de Qi e aberturas. Os pontos de acupuntura estão distribuídos em canais e ramificações, sendo que esses são passagens por onde circula a energia e o sangue, que internamente se comunicam com os Zang Fu, e externa mente com a superfície do corpo. O termo ponto de acupuntura foi criado pela combinação de dois ideogramas chineses, o “Siu-Shu”, que significam respectivamente: “cavidade, oco, caverna” e “transporte; em movimento”. Outra designação muito usada é a “posição do orifício” (MANN, 1994): Os trabalhos para desenvolvimento, conhecimento e sistematização dos pontos de acupuntura vêm sendo realizados desde os tempos mais primórdios pelos acupuntores. A quantidade global de pontos apresenta uma margem variada, conforme seja a fonte de informação. Os pontos de acupuntura são classificados segundo sua localização na parte do corpo e no meridiano a qual se encontra. Essa divisão classificatória leva a formação de três categorias: pontos regulares, pontos extras e pontos dolorosos (AUTEROCHE, 1996). Do ponto de vista ocidental os pontos de acupuntura são localizados na superfície corpórea onde existe uma elevada concentração de terminações nervosas e uma baixa resistência elétrica (PAI, 2004). 50 Tabela 3 – Pontos de acupuntura Tipo Número de Pontos Uni ou Bilaterais Total Unilaterais (VG e VC) 52 Unilaterais 52 Bilaterais (Canais Regulares) 309 Bilaterais 618 Total de pontos (Unilaterais e Bilaterais) 670 Fonte: (MANN 1994) 3.10.1 Pontos regulares São os pontos que fazem parte dos 14 meridianos. São distribuídos ao longo de 12 canais regulares, simétricos e ao longo de 2 canais curiosos, vaso governador e vaso da concepção, estes de disposição ímpar, mas com nomes específicos e localização definida (YAMAMURA, 2003). 3.10.2 Pontos Extras Conhecidos como pontos extraordinários, possuem nome e localização bem definida, porém não fazem parte dos 14 canais. Geralmente são correlacionados com os meridianos. Alguns pontos regulares eram considerados extras segundo literaturas antigas, pois estes se encontravam localizados fora dos medianos energéticos. Os pontos extras são pontos de concentração energética. Estudos e pesquisas contemporâneas não descartam a possibilidade da existência de meridianos regulares ainda desconhecidos, sendo que estes hoje são classificados como pontos extraordinários (MANN, 1994). 3.10.3 Pontos Dolorosos (Ashi) Ashi é o termo designado para caracterizar os pontos não classificados nas categorias regulares e extras. Manifestam-se de forma dolorosa ou sensíveis na presença de alguma enfermidade. Pontos Ashi não possuem nome nem localização pré-determinada, sendo 51 também chamados de reação celeste ou pontos de reação de grande vazio. Os pontos Ashi foram à base da seleção de pontos dos primeiros tratamentos acupunturais, por esse motivo são considerados os representantes do primeiro estágio da evolução das investigações dos pontos de acupuntura. São bastante utilizados em síndromes dolorosas. O tratamento acupuntural consiste na escolhas dos pontos selecionados ao longo do percurso dos canais. Para realização destas escolhas deve-se levar em consideração a ação do ponto do meridiano a qual está afetado, porém não levando em consideração somente o canal afetado, mas sim os seus meridianos relacionados de acordo com a teoria de inter-relacionamento dos Zang Fu. Quando o paciente não responde as seleções anteriores, pontos de vários outros canais podem ser utilizados (MANN, 1994). 3.11 MERIDIANOS ENERGÉTICOS O embrião forma-se através da energia ancestral fornecida pelos pais, e desta energia origina-se os esboços energéticos dos Zang Fu. No período fetal o Qi dos órgãos e das vísceras exteriorizam-se originando canais de energia circulantes ou meridianos energéticos. A partir desses canais ocorrerá a constituição física dos membros e tronco. Constituindo um meio de ligação entre o interior e o exterior, é responsável pela transmissão energética entre esses dois meios. São divididos em canais de energia Yang a qual veiculam água orgânica e o Yin orgânico, e os canais de energia Yin que desempenham o papel de veicular o calor orgânico e o Yang Qi. Dependendo do tipo de energia Qi que este carreia, e das funções energéticas exercidas, este ainda recebe outra classificação que é a de canais principais ou secundários (YAMAMURA 2003). Conforme a medicina chinesa, a consideração do corpo humano como micro universo é dividido em 14 trajetos longitudinais como os meridianos da terra. Anatomicamente do ponto de vista ocidental, os meridianos não existem, apesar de estudos de autores mostrarem a presença dos tais trajetos através do uso de estímulos de radioisótopos injetados ou a fotografia infravermelha. Cada meridiano apresenta seu trajeto definido de forma longitudinal e com um determinado número de pontos, estes diferentes para cada meridiano. Os pontos são distribuídos simetricamente entre o lado direito e esquerdo do corpo exceto nos canais RenMai (vasos da concepção) e Du-Mai (vasos governador), que se apresentam de uma forma corporal central não existindo assim um par energético a estes. A teoria dos meridianos revela 52 uma intercomunicação energética entre estes, sendo que essa se assemelha muito a interrelação dentre o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico (PAI, 2004). Todos os canais energéticos têm a função de circulação de Qi (energia) e Xue (sangue), sendo que a energia nutritiva formada pela essência dos alimentos circula sem parar dentro dos canais energéticos principais. Essa circulação tem início no estômago (Wei) e no intestino grosso (Da Chong) emergindo para o pulmão (Fei) alcançando então o canal energético principal para correlacionar dessa forma a relação interior/exterior, com o canal da víscera (Fu) acoplada o intestino grosso e sucessivamente os canais do estômago, baço/pâncreas (Pi), coração (Xin), intestino delgado (Xiao Chang), bexiga (Pangguang), rins (Shen), pericárdio (Xiao Bao Luo), triplo aquecedor (Sanjiao), vesícula biliar (Dan), fígado (Gan) e assim retomando para o pulmão (Fei). O início deste ciclo é às 3 horas, e a energia circulante permanece 2 horas em cada um dos doze canais energéticos principais. Quando este ciclo é realizado de forma correta e completa recebe o nome de grande circulação do Qi, sendo realizado durante um período de 24 horas. Nos canais energéticos circula também a energia de defesa denominada Wei Qi, que tende à circulação preferencialmente na periferia do corpo, possuindo funções energéticas de aquecimento e defesa orgânica (YAMAMURA, 2003). O Qi e o Xue transportados pelos canais energéticos obedecem aos princípios da polaridade Yin- Yang, o Qi circulando dentro dos canais de energia e o Xue circulante nos vasos sangüíneos promovem a nutrição, defesa e harmonização energética dos órgãos e vísceras corporais (YAMAMURA, 2003). 53 Figura 7 – Mapa dos meridianos corporais - Fonte: Mapa de meridianos 3.12 DISMENORRÉIA NA VISÂO DA MTC As particularidades fisiológicas da mulher se apresentam através de fenômenos como a menstruação, leucorréias, gravidez, parto e lactação. Para que a mulher apresente um bom funcionamento de todas as suas manifestações fisiológicas é necessário que esta apresente abundância de QI Xue (energia e sangue). Auteroche (1987) ainda cita o capítulo I do SU WEN que diz: “Na menina com idade de 7 anos, o Qi do rim (Shen Qi) é abundante, a dentição então muda e a cabeleira se alonga. • Aos 2x7 = 14 anos, a substância necessária para promover o crescimento, o desenvolvimento e a reprodução, Tian Gui (menstruação) aparece; O meridiano 54 Ren Mai se permeabiliza, o Chong Mai esta plenamente desenvolvido, as menstruações chegam regularmente e permitem um estado de fecundidade. • Aos 3X7 =21 anos, o Qi do Rim esta parado com o desenvolvimento dos últimos dentes. • Aos 4x7= 28 anos, os músculos, os ossos, estão consolidados, a cabeleira atinge seu maior comprimento e o corpo seu pleno vigor. • Aos 5x7= 35 anos, o Yang Ming perece, o rosto começa a murchar, os cabelos a cair. • 6x7= 42 anos, os três vasos Yang perecem no alto do corpo, o rosto todo se resseca e os cabelos embranquecem. • 7x7= 49 anos, o vaso Rem Mai é flácido, o Chong Mai atrofiado a menstruação esgota-se, as vias subterrâneas são cortadas e a infecundidade resulta desse esgotamento do corpo. Graças à visão de Su Wen é possível verificar a importância fisiológica do Qi do rim no estado harmônico da mulher. A força ou a fraqueza do Qi dos rins estão em relação direta com o Qi e o sangue dos meridianos (AUTEROCHE, 1987). O sangue apresenta parte do material das regras menstruais, porém sua criação e circulação dependem do Qi, pois é o Qi que comanda o sangue, e este só circula nos vasos pela movimentação causada pelo Qi. Na mulher o sangue necessita de impulso sendo que este é ocasionado pelo Qi para ocorrer então à chegada ao “mar do sangue” (Xue Hai), se concentrando na matriz (Bao Gong) a fim de produzir então a menstruação. Graças ao controle do movimento exercido pelo Qi as regras menstruais podem chegar regularmente sem serem abundantes nem escassas demais. Porém o Xue é quem mantém o Qi, pois o sangue é a mãe da energia. Com essa interdependência observa-se que Qi e Xue são inseparáveis e necessários uns ao outro, e graças às perturbações criadas nessa harmonia é que ocorrem a geração das enfermidades menstruais (AUTEROCHE, 1987). A dismenorréia é descrita como um termo da medicina ocidental para descrever regras dolorosas. O termo dismenorréia ainda é dividido em dismenorréias primária e secundária, sendo que as primárias são geralmente funcionais enquanto as secundárias são quase sempre orgânicas. Na MTC o estudo da dismenorréia possui três métodos de classificação: 55 • O primeiro é baseado no período do aparecimento das dores em relação à menstruação. • O segundo método apóia-se no fato de que do ponto de vista da MTC a dor e sempre um sinônimo de distúrbios circulatórios de Qi Xue, levando à seguinte subclassificação: a- Dismenorréia do tipo plenitude: dor que precede ou acompanha um difícil aparecimento das regras, que é agravada pela pressão. Esse distúrbio assinala uma estagnação de Qi Xue. b- Dismenorréia do tipo vazio: nesse distúrbio a insuficiência de Qi Xue é a causadora da dor, que ocorre por fraca intensidade e no decorrer da menstruação. É cessada pela pressão na região dolorosa. • O terceiro método de avaliação baseia-se na etiopatogenia exata, graças à realização de um estudo semiológico mais profundo. Maciocia (1996) relata que o tratamento deste distúrbio é realizado com uma técnica de puntura que harmonize a sua disfunção. As dores mais comuns sofridas pelas mulheres são as que se manifestam antes ou durante as regras, estas trazendo sintomas de: • Quadro álgico associado a menstruações difíceis • Intumescimento dos seios e dos flancos • Sangue de cor escura com coágulos • Boca seca, porém sem vontade de beber água • Pontos roxos no corpo da língua. A circulação do Qi nesse caso se encontra obstruída, ocorrendo estagnações e alterações no Xue, levando ao quadro sindrômico de dor antes e durante o período menstrual sendo este conhecido como dismenorréia (AUTEROCHE, 1987). Mulheres que sofrem de SPM, são portadoras de Qi estagnado, sendo que este leva a problemas no fígado, órgão responsável pelo livre fluxo do Qi no organismo e responsável pelo sentimento da raiva, levando a alterações do humor feminino perceptíveis durante esse período. As dores lombares durante o período menstrual podem ser associadas a distúrbios como a própria estagnação de Qi Xue e por deficiências de Qi do rim, sendo que para maior confirmação do diagnóstico, a paciente deve ser devidamente avaliada (MACIOCIA, 1996). 56 4 TRATAMENTOS São inegáveis os progressos obtidos nos últimos anos no sentido de esclarecer os mecanismos envolvidos nas síndromes dolorosas crônicas, assim como aprimorar as técnicas de abordagem dos pacientes (SOUZA, 1999). Inúmeros são os tratamentos que são utilizados, desde a orientação quanto às atividades que devem ser realizadas, pois a atividade física apresenta um efeito analgésico por estimular a liberação de endorfinas, que funciona m como antidepressivo, e proporciona uma sensação de bem-estar global e de autocontrole, até os tratamentos farmacológicos, passando por outras modalidades que incluem técnicas de relaxamento, eletroestimulação transcutânea e até terapia comportamental. O objetivo desses tratamentos é a eliminação dos tender points, restauração da amplitude de movimento e força muscular normal e sem dor, e melhora nos distúrbios do sono (JONES; CLARK; BENNET, 2002). Mas ainda há muitas divergências nos resultados de diferentes estudos, sugerindo uma análise crítica dos mesmos e uma maior preocupação com as metodologias empregadas (SOUZA, 1999). 4.1 TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS Graças aos avanços do conhecimento da fisiopatologia das síndromes menstruais, a possibilidade da utilização de medicamentos com uso satisfatório em pacientes que apresentam a sintomatologia se tornou maior. O caminho de tratamento da dismenorréia primária e secundária é diferente. Enquanto na dismenorréia secundária o tratamento deve ser dirigido especificamente para a doença pélvica, na dismenorréia primária o tratamento é baseado no controle hormona l do paciente. Os fármacos utilizados no tratamento de pacientes que apresentam sintomatologia leve podem ser os analgésicos de menor potência, sendo utilizados em cólicas uterinas de pequena intensidade. Estudos comprovaram a eficácia da utilização do Ibuprofen, do naproxen e da aspirina, antiinflamatórios não esteroidais, sendo que o Ibuprofen apresentou os melhores resultados para cólicas de baixa intensidade. Os 57 contraceptivos orais e os antiinflamatórios não-hormonais são utilizados no tratamento de pacientes que apresentam cólicas de forma muito acentuada (PIATO, 2002). Os contraceptivos orais apresentam grande eficácia no tratamento da sintomatologia e até mesmo no desaparecimento dos sintomas de forma definitiva. Estes compostos hormonais apresentam resultados favoráveis devido à redução dos níveis de PFG2alfa no endométrio pré-menstrual de pacientes que fazem seu uso constante. A quantidade de PFG2alfa em mulheres que utilizam pílulas anticoncepcionais é mais baixa do que em não usuárias (STAHL, 2002). Já a eficácia dos antiinflamatórios não-hormonais no tratamento da dismenorréia primária se dá pela sua capacidade de inibição da PFG2alfa e bloqueio dos receptores miometriais das prostaglandinas, tanto ao nível das fibras musculares lisas do endométrio como ao nível das fibras lisas do trato gastrintestinal. Apenas 30% das pacientes não respondem ao tratamento medicamentoso devendo então realizar a mudança da classe do medicamento antes do abandono do tratamento, pois as diferenças na sensibilidade são bastante pessoais quanto a estes, devido à variabilidade individual. Os antiinflamatórios mais utilizados na prática são o ácido mefenâmico, o piroxican e o nimesulide. Em um estudo realizado com mulheres com dismenorréia primária incapacitante, Diêgoli et al (1998) obteve taxas de melhoras de 50% da sintomatologia em 72% das pacientes tratadas com acido mefenâmico. Em caso de resistência ao uso destes medicamentos um exame complementar deve ser realizado para o descarte da possibilidade de alguma doença pélvica presente. Existem ainda alguns medicamentos que podem ser utilizados na não aceitação pelo paciente da utilização dos antiinflamatórios não- hormonais, sendo estes o sulfato de terbutalina e a nifedipina (PIATO, 2002). O Sulfato de terbutalina, um beta adrenérgico, é recomendado para pacientes que não apresentam melhoras com o uso dos antiinflamatórios não-hormonais. Este medicamento bloqueia a excitabilidade das fibras musculares lisas do endométrio provocando também uma maior irrigação sangüínea nos tecidos uterinos. Apresentam alguns efeitos colaterais como palpitações, ruborização e tremores. A Nifedipina é também utilizada em pacientes que não respondem bem ao uso dos antiinflamatórios, e tem como característica ser uma substancia bloqueadora dos canais de cálcio. Através do bloqueio de cálcio as contrações miometriais são reduzidas levando ao 58 alivio da sintomatologia. Por outro lado, estes bloqueadores são pouco utilizados devido aos grandes efeitos colaterais que podem aparecer na maioria de suas usuárias. Medidas gerais como a simples prática de atividade física e a retirada de certos alimentos do cardápio diário podem ajudar no alivio dos sintomas que se apresentam durante o período menstrual. O fumo também deve ser extinto, pois este é um agente potencializador, levando assim ao aumento dos sintomas (VIANA, 2001). A escolha do antiinflamatório não-hormonal deve ser adequada a cada paciente buscando o melhor resultado e o menor efeito colateral (principalmente aqueles que agridam menos a mucosa gástrica). Os pacientes com dismenorréia secundária também respondem bem ao uso dos medicamentos, porém se o problema pélvico apresentado for de malformação obstrutiva, o tratamento medicamentoso será falho e o tratamento deverá ser cirúrgico onde pode ser cogitada a necessidade de uma histerectomia. Várias são as técnicas de desenervação do útero sendo que a neurectomia pré-sacra foi a primeira publicada, daí então surgindo variantes como por via abdominal, quanto por via laparoscópica (ALDRIGHI, 2005). 4.2 TRATAMENTOS FISIOTERÁPICOS O tratamento atual está voltado principalmente para a redução dos sintomas. A fisioterapia tem um importante papel na melhora do controle da dor e no aumento ou manutenção das habilidades funcionais do paciente em casa ou no trabalho, assim como na redução de outros sintomas que lhe causam sofrimento (MARQUES et al., 2002). A dor é o principal sintoma da SPM e o seu controle é um dos grandes objetivos do tratamento fisioterapêutico. Além do benefício dos exercícios, outros recursos fisioterapêuticos também são citados na literatura conforme apresentados nas tabelas 4 e 5.. Recurso Resultados Autor TENS e injeção de anestésico no local da dor mais intensa Diminuição da dor difusa Bassan et al., 1995 Eletroacupuntura Eficaz a curto prazo Deluze et al., 1993 Relaxamento com biofeedback Melhora da capacidade funcional Buckelew et al., 1998 Melhora da dor e biofeedbeck produziu melhora do sono Minhoto et al., 1999. Relaxamento com biofeedback por 59 EMG e EEG Terapia manual: quiropraxia Melhora da dor, mobilidade e flexibilidade Blunt et al. 1997 Terapia manual: quiropraxia Melhora da dor, fadiga e sono Hains et al., 2000. Crioterapia Diminuição da dor por cerca de 90 minutos Metzger et al., 1998. Tabela 4: Recursos fisioterapeuticos utilizados no tratamento da SPM Fonte: Marques; Matsutani, Ferreira e Mendonça, (2002) Tipo de exercício Intensidade Duração Conclusão Autor 20 min, 3 vezes por semana. Exercício aeróbico Contínuo: 60 a 70% da FC máx Caminhada de alta e baixa 3 vezes por semana, carga intensidade aumentada gradativamente 8 semanas 24 semanas 60 min, 1 vez por semana baixa intensidade é Nichols et al., 1994 Meyer et al., 2000 benéfica Exercício aeróbico supervisionado e não sem benefícios 12 semanas ambos sem Ramsay et al., benefício 2000 supervisionado Exercício aeróbito e terapia de 45 min, 3 vezes por semana, 4 manejo do estresse picos: 60-70% da FC máx Exercício aeróbico 25 min, 2 vezes por semana Exercício aeróbico Exercício aeróbico, alongamento e fortalecimento. Wigens et al., 14 semanas ambos benéficos 12 semanas benéfico 24 semanas benéfico Sabbag et al.,.2000. 60 min, 3 vezes por semana 6 semanas benéfico Martin et al.,1996. 60 min, 2 vezes por semana 20 semanas ambos benéficos Jentoft et al., 2001. 24 semanas benéfico 60 min, 3 vezes por semana. 6070% da FC máx 1996. Meiworm et al., 2000. Exercício aquático em solo (alongamento., fortalecimento.,relaxam Hidroterapia e educativo Mannerkorpi et al., 2000. Exercício de endurance de baixa intensidade Treinamento de força 2 vezes por semanas 20 semanas benéfico 21 semanas benéfico Menghoel et al., 1992. Hakkinen et al., 2001. Exercício de alongamento 1 vez por semana 6 semanas benéfico Tabela 5: Exercícios físicos realizados no tratamento de pacientes com SPM. Fonte: Marques; Matsutani, Ferreira e Mendonça, (2002). Marques et al., 1994 60 5 O LASER DE ARSENIETO DE GALIO A 904 NM 5.1 LASER A palavra laser significa Luz Amplificada por Emissão Estimulada de Radiação (MAIMAM, T H, 1960), cuja radiação eletromagnética não ionizante, apresenta características exclusivas, tais como monocromaticidade, por meio de um feixe de luz, com fótons de um mesmo comprimento de onda ou cor, coerência quando todas as ondas são ordenadas e em fase, e colimação, que é a propriedade que o laser tem de se propagar no espaço sem sofrer atenuação, propriedade esta que esta relacionada com a divergência do feixe. (CHAVANTES et al, 1994) Outra característica é a polarização, que ocorre quando as ondas de luz estão todas orientadas num só plano, gerando a vibração dos campos elétricos em uma só direção, podendo ser linear ou circular (COTTON, 2004) A radiação de um laser resulta da emissão de fótons de átomos ou moléculas estimuladas por um campo ele tromagnético, quando um fóton incidente interage com um átomo que já está excitado, emitindo um fóton idêntico ao primeiro e deslocando na mesma direção um fóton estimulador, sincronizando sua onda com este de forma que as duas ondas alinhem suas cristas, somando suas magnitudes e aumentando a intensidade da luz emitida, coerente e organizada (BAXTER, 1997). Os lasers de baixa potência podem causar efeitos analgésicos, antiinflamatórios e cicatrizantes (TATARUNAS, 1998), e a energia absorvida nos tecidos biológicos transformase em outras, atuando no interior dos tecidos e propagando os seus efeitos em tecidos vizinhos (GENOVESE, 2000) 5.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS O Laser é constituído de uma cavidade ótica, contendo no seu meio interno átomos excitados, que são estimulados e amplificados sucessivamente por uma fonte de energia e 61 limitados por dois espelhos, um com reflexão total e outro com reflexão parcial. (PASCU, 2000), onde os fótons se chocam a estes espelhos excitando progressivamente os átomos alojados na cavidade ótica, amplificando o processo, que emerge através do segundo espelho com 97% de reflexão, emergindo então, somente 3% de uma luz altamente concentrada e de alto poder, conhecida com raio laser (CHAVANTES; JATENE, 1990) Por ser uma radiação óptica, o laser encontra-se no espectro eletromagnético, tendo como intervalo espectral mais usado na prática clinica os valores compreendidos entre 630 a 1300 nm, como mostrado na figura 1, incluindo a luz visível e a parte próxima do espectro infravermelho, chamada de “janela terapêutica” para os tecidos biológicos (BAXTER, 1997) Figura 8 – espectro eletromagnético - Fonte: http://educar.sc.usp..br/otica/espectro.gif O laser de arsenieto de gálio (GaAs), emite comprimento de onda de 904 nm, com uma potência de pico entre 10 e 15 mW, sendo invisível, pulsado e com penetração de 30 a 50 mm (TUNER; HODE, 1999) Ele é obtido através de uma estimulação sobre um diodo semicondutor, formado por cristais de arsenieto de gálio, também conhecido como laser semicondutor ou laser diodo (BAXTER, 1997; GENOVESE, 2000) Em um estudo realizado com 75 pacientes portadores de fibromialgia que apresentavam pontos de dor pelo corpo, divididos em três grupos, onde um foi tratado com laser em onze 62 pontos dolorosos, outro grupo foi tratado com efeito placebo e o terceiro grupo tratado com medicamento analgésico, observou-se após três semanas de tratamento que houve uma melhora significativa no grupo tratado com irradiação laser (GÜR, et al, 2002) 5.3 INTERAÇÕES COM OS TECIDOS BIOLÓGICOS A radiação luminosa, ao incidir um tecido biológico pode sofrer reflexão, refração, absorção ou espalhamento (ASSIS et al, 2006) A absorção é o principal efeito biológico laser/tecido, pois dela depende a quantidade de energia entregue ao tecido e os efeitos nele provocados. Dependendo da energia do fóton, a radiação pode ser transferida a molécula causando transições rotacionais, vibracionais ou eletrônicos, provocando nos tecidos, efeitos fotoquímicos, fotofísicos, fotoelétricos, fotomecânicos e fototérmicos (KARU et al, 2005) Diversos estudos têm demonstrado os efeitos do laser de baixa potencia no controle da dor. A ativação de prostaglandinas e prostaciclinas pelo laser é responsáve l pelos efeitos que estas substâncias causam como vasodilatação, que aumenta a circulação sanguínea e gera diminuição da dor, aumento da permeabilidade da membrana plasmática e reequilíbrio da pressão osmótica, ocasionados pelo efeito antiinflamatório do laser (ROCCIA, 1983). Outro efeito antiálgico do laser ocorre após a captação periférica do estímulo doloroso pelas terminações nervosas livres, que leva ao aparecimento do ácido láctico e do ácido pirúvico, estabilizando a membrana celular por hiperpolarização e diminuindo o efeito álgico da bradicinina e da prostaglandina ao nível dos receptores, o que sugere que o laser age nos receptores periféricos até o sistema nervoso central (PIMENTA, 1990) O efeito analgésico do laser baseia-se ainda na interferência da mensagem elétrica, estabilizando o potencial de membrana e dificultando a inversão da polaridade, resultando em menor sensação dolorosa. O laser ainda estimula a liberação de beta endorfinas, facilita a liberação de substancias algógenas através do incremento circulatório, evitando a redução do limiar de excitabilidade dos receptores dolorosos (VEÇOSO, 1993) 63 Em um estudo realizado com 56 indivíduos portadores de dor provenientes da disfunção crânio- mandibular, onde os pacientes receberam oito sessões de laser, duas vezes por semana durante quatro semanas, divididos em três grupos, onde o primeiro grupo recebeu irradiações da ordem de 4 J/cm2 , o segundo irradiações de 8 J/cm2 , e o terceiro recebeu tratamento placebo, verificou-se eficácia de alívio da dor significativo no primeiro grupo (RIBEIRO, 2003). A literatura ainda mostra certas controvérsias, o que justifica maiores estudos para comprovar a eficácia do laser nos processos dolorosos. 5.4 ABSORÇÃO E PENETRAÇÃO DAS RADIAÇÕES INFRAVERMELHAS As radiações Infravemelhas (IV) podem ser refletidas, absorvidas, transmititidas, refratadas e difratadas, todos estes eventos são importantes, mas para as radiações no IV apenas a refração, a absorção e a transmissão são biologicamente significantes (KITCHEN; PARTRIDGE, 1991). Segundo Ward (1986) citado por Low e Reed (2001), algumas radiações que se chocam com a superfície da pele serão refletidas e outras irão penetrar, sofrendo então dispersão, refração e sendo finalmente absorvidas pelos tecidos. A quantidade de reflexão da radiação visível varia com a cor da pele, porém, para o infravermelho terapêutico é insignificante. Quase 95% da radiação aplicada perpendicularmente à pele é absorvida. Pequenas quantidades de radiação podem ser, em algumas circunstâncias, realmente transmitidas, não apenas através da pele, mas dos tecidos subjacentes e mesmo de uma parte do corpo. A pele (epiderme e derme) não é, obviamente, um tecido homogêneo simples, porém uma estrutura complicada com múltiplas camadas e cheia de formas irregulares, como os folículos pilosos e as glândulas sudoríparas. Em geral, a água e as proteínas absorvem fortemente o infravermelho. O que acontece com qualquer radiação que penetra na pele é algo altamente complexo e depende da estrutura, da vascularização, da pigmentação e do comprimento de onda da radiação. Isto explica as discrepâncias para determinar o padrão de penetração e absorção da radiação na pele (Tabela 6). 64 Fonte Profundidade de penetração (mm) Comprimento de onda (nm) King (1989) 2-4 mm 800-900 Harlen (1982) 3 mm "IV curtos" Ward (1986) "pouca" 1.200 Nightingale(1959) 0,36 mm 1.100 Gourgouliatos(1990) 5-10 mm 1.200 Tabela 6: Profundidade de penetração do infravermelho - Fonte: Low; Reed, (2001) Figura 9 - Representação da penetração de algumas radiações infravermelhas e visíveis na pele. - Fonte: Low e Reed, (2001). O laser possui efeitos bioquímicos e bioelétricos potentes, dentre eles estão: mudanças no potencial de membrana, equilíbrio da bomba de sódio e potássio, repolarização e hiperpolarização da membrana em casos de dor, ativação da função de neural, aumento do potencial de ação nervoso, ativação dos processos de regeneração de fibras nervosas, tem efeito antiinflamatório (estimulando a microcirculação e interferindo na síntese de prostaglandinas), acelera os processos metabólicos celulares, aumenta de síntese do ATP mitocondrial, muda a velocidade de síntese de DNA e RNA, altera os níveis de AMPc, libera 65 acetilcolina e opióides e normaliza ações enzimáticas (GONZALES, 1996; GEB, 1985; GONZALES, 1990). Na MTC, ao se realizar um diagnóstico etiológico, faz-se na verdade um diagnóstico energético, e ao aplicar uma estimulação com raios laser pontos de acupuntura, estase fazendo na verdade uma terapia energética, aplicando o efeito regulador do ponto de acupuntura com o efeito regulador da energia do laser. Nesta hipótese de trabalho, acredita-se que ao estimular com radiações laser os pontos de acupuntura, pode-se obter melhores resultados, pois soma-se o efeito da acupuntura com o efeito do laser de baixa potencia. (HUIHE e col, 1993; MASTELLARI, 1997) 66 6. TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA COM A UTILIZAÇÃO DOS PROTOCOLOS DE ACUPUNTURA Segundo a MTC a fisiologia da menstruação da mulher é coordenada pelo livre fluxo de Qi e Xue graças ao fígado, vaso da penetração e vaso da concepção. O sangue deve mover-se corretamente necessitando que o fígado desempenhe sua função de livre fluxo harmônico de Qi. Portanto se a energia do fígado se estagna, ge ra dor, especialmente antes do período menstrual, no entanto, se esta dor se evidenciar durante o período menstrual, demonstrará evidencias estagnação de Xue no fígado. A estagnação é a causa patológica mais comum e importante na dismenorréia (ROSS, 1994 ). O diagnóstico para o tratamento deve ser realizado, considerando o período da dor, a resposta a pressão, e a localização da dor para obtenção do resultado. A diferenciação mais importante para o tratamento é a de plenitude ou de vazio do paciente. Os tipos plenitudes são mais comuns e mais importantes clinicamente, pois estes geram fortes dores, consequentemente maiores do que no padrão de vazio. O principio do tratamento consiste em regular o movimento de Qi e do Xue, eliminando a estase e harmonizando o fígado, com isso cessando a dor (MACIOCIA, 1996). Para realizar esse procedimento a puntura dos pontos Fígado 3 (F3), Vaso Concepção 6 (VC6), Vesícula Biliar 34 (VB34), Estômago 29 (E29), Baço/Pâncreas 10 (BP10) e Baço/Pâncreas 6 (BP6), realizam grande movimento de Qi e Xue, liberando assim a estase e consequentemente cessando a dor. O método utilizado deve ser o método de sedação ou de harmonização já descritos anteriormente através das técnicas de puntura. Cada ponto punturado possui sua característica especifica sendo que a puntura dos pontos citados, proporciona o tratamento a dismenorréia (MACIOCIA, 1996) 6.1 PONTOS PROTOCOLADOS PARA O TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA Cada ponto possui uma característica própria, porém este ainda pode realizar uma tarefa auxiliar ou procedente ao seu meridiano. Através dessas características há uma seleção de determinados pontos de acupuntura que, uma vez trabalhados de forma correta, 67 restabeleceriam o equilíbrio energético aos pacientes com dismenorréia, aliviando dessa forma o quadro sintomático da síndrome (MACIOCIA, 1996) As propriedades de tais pontos são: • Fígado 3 (F3), nomenclatura chinesa – Tai Chong (precipitação maior): Localizado no dorso do pé, na depressão distal ao canto proximal do espaço interroseo do primeiro e segundo metatarso. Indicado para menstruações irregulares tem como função principal mover o Qi e o Xue alem de cessar a dor, acalmar o fígado e fortalecer o baço (MARTINS, 2003). Figura 10 – Ponto fígado 3 - Fonte: Lian (2005, p. 251) • Vaso da concepção 6 (VC6), nomenclatura chinesa – Qi Hai (mar de Qi): Encontra-se na linha média ventral a 1,5 cun abaixo do umbigo (MARTINS, 2003). Indicado para aumentar e regular o Qi; regula a menstruação, tem o caráter de fortalecer a essência e mover no Qi no abdome inferior. É indicado em todos os estados de fraqueza, pois fortalece o organismo e a função imunitária (ROSS, 2003). 68 Figura 11 – Ponto VC 6 ou Ren Mai 6 Fonte: LIAN 2005 pág. 287 • Vesícula Biliar 34 (VB34), nomenclatura chinesa – Yang Ling Quan (nascente do monte yang): Localizado na depressão ventral na ponta distal da cabeça da fíbula tem a função de descongestionar o fígado e estimular a vesícula biliar; libera os tendões e possui características antiálgicas (MARTINS, 2003). Quando combinado com o ponto VC6 possui o caráter de auxiliar no movimento do Qi no abdome inferior (ROSS, 2003). Figura 12 – Ponto VB 34. Fonte: www.interhiper.com/medicina/acupuntura/vb34.htm acesso em: 15 de novembro de 2007. 69 • Estômago 29 (E29), nomenclatura chinesa – Shui Dao (passagem da água): Localiza- se a 3 cun inferior ao umbigo e 2 cun ao lado da linha média ventral, realiza a regulação da menstruação e tem funções em disfunções de fe rtilidade feminina e dismenorréia. O E29 possui caráter de movimentar o sangue no interior do útero (MARTINS, 2003). Figura 13 – Ponto estômago 29 visão anatômica Fonte: Lian (2005, p. 70) • Baço/Pâncreas 10 (BP10), nomenclatura chinesa – Xue Hai (Mar de sangue): Com a perna fletida, colocar a mão sobre o joelho e apoiar o polegar com um ângulo de 45 graus deste sobre a face medial do músculo quadríceps, 2 cun acima da patela. Tem como função a regulação da menstruação além de revigorar o sangue. Utilizada em menstruações irregulares, dismenorréias ou amenorréia (LIAN, 2005). Figura 14 – Ponto Baço pâncreas 10 Fonte: Lian (2005, p. 91) 70 • Baço/Pâncreas 6 (BP6), nomenclatura chinesa – San Yin Jiao (intersecção dos três Yin): Localizado a 3 cun acima do ponto médio do maléolo medial, posterior a crista interna da tíbia, possui a característica de fortalecer o baço e restaurar o equilíbrio Yin do sangue, fígado e rins. Talvez seja o ponto mais utilizado em disfunções ginecológicas graças a suas propriedades e pela localização que se encontra sobre três meridianos (BP, F, R) (LIAN ,2005). Figura 15 – Ponto Baço Pâncreas 6 (Mar do Yin) visão anatômica Fonte: Lian (2005, p. 86) Através do tratamento utilizando as técnicas de puntura de sedação ou de harmonização, Maciocia (1996), relata que distúrbios como cólicas menstruais durante o período menstrual e dores lombares podem ser revertidos, evitados e tratados através da retomada do equilíbrio padrão energético corporal (MA, 2006) 71 7 QUESTIONÁRIOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NA SPM Para verificarmos a intensidade da dor, o nível de estresse dos indivíduos, avaliação genérica da qualidade de vida e avaliação específica da qualidade de vida em pacientes com SPM utilizamos os seguintes questionários: 7.1 SF-36 - MEDICAL OUTCOMES STUDY 36- ITEM SHORT-FORM HEALTH SURVEY O Medical Outcomes Study 36- Item Short -Form Health Survey ou, SF-36 é um instrumento genérico de avaliação de qualidade de vida, de fácil administração e compreensão. É um questionário multidimensional formado por 36 itens englobados em oito escalas ou componentes: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais, e saúde mental (ANEXO A). 7.2 QUESTIONÁRIO DE DOR DA MCGILL Questionário de dor da McGill se refere a um instrumento para avaliação da dor, constituído por 78 descritores (palavras que qualificam a dor), organizadas em quatro categorias (sensorial, afetiva, avaliativa e mista) e 20 subcategorias. Pede-se para a paciente escolher uma palavra de cada subcategoria, permitindo a opção de não escolher nenhuma. A análise é feita por categorias: através da soma dos valores associados às palavras escolhidas e a partir das palavras selecionadas por mais de 30% da população pesquisada (MELZACK, 1975; PIMENTA; TEIXEIRA, 1997) (ANEXO B). 72 7.3 ESCALA DE SONOLÊNCIA DE EPWORTH A avaliação da qualidade do sono no grupo de pacientes estudado foi realizada por um questionário desenvolvido por Murray (1991), denominado Epworth Sleepiness Scale, ou seja Escala de Sonolência de Epworth (ESE), destinado a medir a propensão ao sono de uma maneira simples e padronizada. O conceito da ESE foi derivado das observações sobre a natureza e ocorrência do sono diurno e sonolência. A ESE é baseada em questões referindo-se a oito situações cotidianas, algumas conhecidas por apresentarem muita sonolência; outras menos. O questionário é auto-aplicável. Os sujeitos são orientados para classificar em uma escala de 0 a 3 sobre a probabilidade de vir a sentir vontade de cochilar ou adormecer em oito situações, baseadas em seu modo de vida usual, em tempos recentes. Uma distinção é feita entre cochilar e simplesmente sentir cansaço. Se o sujeito não esteve em algumas das situações recentemente, ele é orientado a estimar como cada situação poderia afetá- lo. Os números selecionados para as oito situações na ESE foram adicionados conjuntamente para dar um escore para cada sujeito, variando de 0 a 24 como escore máximo, sendo o grau de sonolência diurna normal até 10. (ANEXO C) 7.4 ESCALA VISUAL ANALÓGICA (EVA) Em relação ao sintoma de dor, há confiabilidade na utilização de escalas analógicas de dor, tanto na avaliação inicial como na avaliação da evolução. A mais frequentemente citada é a escala visual analógica (EVA) (Figura 16), composta por uma linha de 10 cm, sendo que uma extremidade (0) representa ausência de sintoma e a outra (10) presença de sintoma intenso (PROVENZA, 2004). Figura 16 - Escala visual analógica. Fonte: Escala de Dor EVA – disponível em <http://www.eletroterapia.com.br/>. Acesso em: maio 2006 73 8 JUSTIFICATIVA Em protocolos de tratamento fisioterapêutico, em clínicas de reabilitação, o uso de laser e da acupuntura são bastante difundidos sem estabelecer parâmetros básicos de utilização dos mesmos, tais como dosimetria, tempo de tratamento, tipos de emissão laser, dentre outros.. Há então a necessidade de estabelecer princípios básicos de utilização destas ferramentas terapêuticas, principalmente no tocante a dosimetria a ser utilizado, o efeito do tipo de laser no processo álgico e na qualidade de vida e de sono em mulheres com SPM, quando utilizado em pontos de acupuntura. 74 9 OBJETIVO DO ESTUDO Este trabalho tem por objetivo demonstrar o efeito do laser de GaAs 904 nm, quando aplicado em pontos de acupuntura, para alívio da dor e melhora da qualidade de vida e de sono de mulheres com distúrbios ocasionados pela Síndrome da Tensão Pré-Menstrual. 75 10 METODOLOGIA O presente estudo trata-se de um estudo longitudinal, controlado e randomizado. 10.1 SELEÇÃO DAS VOLUNTÁRIAS Como sujeitos da pesquisa foram triadas 30 pacientes, do sexo feminino, entre 18 e 25 anos, do setor de Uroginecologia e Obstetrícia da Clínica Escola de Fisioterapia do UNESC – Centro Universitário do Espírito Santo, que apresentaram diagnóstico de SPM caracterizado por diversos sintomas que deveriam estar presentes nos três últimos ciclos, na semana antecedente à menstruação, e com alívio na semana pós-menstrual. Os sintomas emocionais perguntados foram: tristeza, raiva, irritabilidade, nervosismo, confusão, isolamento social e cansaço; e os sintomas físicos foram: mastalgia, distensão abdominal, cefaléia, inchaço em mãos e pernas, aumento de peso e dores articulares ou musculares. Foi realizado uma adaptação dos critérios propostos no DSM-IV (FREEMAM, 2003) onde considerou-se como SPM a presença de cinco dos sintomas acima, sendo que entre esses, pelo menos um deles deveria ser tristeza, raiva, nervosismo ou irritabilidade, acompanhado de dificuldades no relacionamento em casa, falta ao trabalho ou à escola. Excluíram-se as mulheres que não apresentavam ciclos regulares, devido à anovulação, e as que usavam medicação hormonal para tratamento de quaisquer patologias. Toda a metodologia para seleção, inclusão e exclusão das pacientes seguiu este modelo. 10.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO Para a realização de todos os procedimentos foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Informado (ANEXO D) de todas as pacientes participantes da pesquisa, sendo permitido o afastamento a qualquer tempo sem qualquer prejuízo. O presente protocolo de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa - CEP da UNIVAP sob o número H257/CEP/2006. (ANEXO E) 76 10.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DOS DADOS Todas as 30 pacientes foram avaliadas por um único investigador, seguindo um protocolo clínico previamente estabelecido. A anamnese foi dirigida para os sintomas específicos da SPM (tristeza, raiva, irritabilidade, nervosismo, confusão, isolamento social, cansaço, mastalgia, distensão abdominal, cefaléia, inchaço em mãos e pernas, aumento de peso e dores articulares ou musculares), onde cada paciente relatou o estado de cada sintoma. 10.4 AVALIAÇÃO DA DOR E DA QUALIDADE DE VIDA E SONO DAS VOLUNTÁRIAS Foi realizada a medida analógica de dor relativa ao dia da avaliação e no final do tratamento. Foram aplicados questionários específicos para avaliação do impacto da doença sobre a qualidade de vida através do Questionário SF-36 pesquisa em saúde (WARE; SHERBOURNE, 1992), Questionário de dor de McGill (MELZACK, 1975; PIMENTA; TEIXEIRA, 1997) e escala de Sonolência de Epworth antes e depois nos três ciclos menstruais tratados. 10.5 PROTOCOLO DE TRATAMENTO Para o tratamento as pacientes foram separadas em dois grupos: o grupo A, tratado com acupuntura, totalizando 15 pacientes e o grupo B, tratado com laser GaAs 904 nm totalizando 15 pacientes, nos mesmos pontos onde foram inseridas as agulhas no grupo A. O grupo A recebeu o tratamento com agulhas descartáveis da marca Dong Bang com dimensões de 0,25 x 0,30 mm inseridas e manipuladas conforme as técnicas de sedação e harmonização, durante 20 minutos, nos pontos Fígado 3 (F3), Vaso concepção 6 (VC6), Vesícula Biliar 34 (VB34), Estomago 29 (E29), Baço/Pâncreas 10 (BP10) e Baço/Pâncreas 6 77 (BP6), que realizam o movimento de Qi e Xue, liberando assim a estase e cessando a dor (MACIOCIA; 1996). O grupo B foi tratado por um aparelho laser de diodo semicondutor de arsenieto de Gálio (GaAs), modelo Physiolux Dual, da marca comercial Bioset, número de série 0201057, com comprimento de onda 904 nm, infravermelho e de emissão contínua, com potência máxima de pico de 25 W e largura de pulso de 200 ms. A Densidade de Energia (DE) aplicada foi de 4 J/cm2 , com tempo de 1 minuto e 32 segundos por disparo do feixe, sendo este único por ponto tratado, distante 1 mm da superfície da pele e perpendicular a ela, sendo o modo de aplicação pontual e abrangendo a área do feixe laser mais o espalhamento da pele, nos mesmos pontos de acupuntura descritos no grupo A. Tanto as pacientes do grupo A como as do grupo B, foram tratadas durante três ciclos menstruais consecutivos, sendo que o tratamento se iniciava no primeiro dia dos sintomas da SPM, sendo tratadas até o primeiro dia do fluxo menstrual. As pacientes foram posicionadas em decúbito dorsal, mas sem liberdade para mudar de posição o quanto desejasse. O tempo de tratamento foi o mesmo para todas as pacientes, iniciando no primeiro dia de sintomas da SPM e permanecendo até o primeiro dia de fluxo menstrual. Ao final de cada ciclo de tratamento, todas as pacientes foram submetidas a nova avaliação, tanto física quanto através dos questionários descritos anteriormente. 78 11 TRATAMENTO ESTATÍSTICO Na análise descritiva e de correlação dos dados foi utilizado o programa Excel 2005 para o cálculo das médias e desvio padrão de todas as variáveis analisadas. Após, foi utilizado o teste estatístico ANOVA TWO-WAY, com valor de significância p = 0,005 para se obter a relação estatística entre os grupos estudados. 79 12 RESULTADOS E DISCUSSÃO O entendimento da dor e de seus mecanismos é de vital importância para qualquer fisioterapeuta, já que a necessidade dos pacientes em obter alívio da dor é uma das principais causas que motiva a busca a atendimentos fisioterapêuticos. A busca por tratamentos eficazes é o que justifica estudos nesta área. A SPM é uma patologia que é tratada de diversas maneiras desde tratamento medicamentoso, onde na grande maioria das vezes as pacientes se sentem incomodadas pelos efeitos colaterais que estes medicamentos ocasionam, até tratamentos psicológicos e de condicionamento físico (MARVAN, 2001) O objetivo deste estudo não foi curar a SPM, mas controlar os sintomas que dificultam o bem estar destas pacientes. Este estudo foi planejado com o objetivo de verificar se o tratamento com laser em pontos de acupuntura é eficaz na redução dos sintomas da SPM. A prevalência da SPM tem se apresentado com grande variação de achados. Estima-se que 80% das mulheres sentem desconforto físico e apresentam alteração de humor no período pré-menstrual, e que 95% das mulheres férteis sentem pelo menos um sintoma leve, e 11 % se sentem incapacitadas de executar suas rotinas diárias. Estima-se ainda que 40% das mulheres em idade reprodutiva tenham SPM e que 5% destas a apresente de forma mais severa, referindo não haver um teste diagnóstico específico para esta síndrome. Mais recentemente, descobriu-se que entre 85% a 97% de mulheres em idade reprodutiva sofrem de sintomas variados no período pré- menstrual, e que 30% a 40% destas procuram atendimento médico (REID e YEN, 1983; LIMA e CAMUS, 1996; DAUGHERTY, 1998; MELO, GIRIBELA, GIRIBELA e RICCI, 2001; WYATT, DIMMOCK, FRISCHER, JONES e O’BRIEN, 2002). Existem três fatores importantes na SPM. O primeiro deles é a própria menstruação interferindo no humor da mulher e no seu bem estar na fase pré- menstrual, assim como durante a menstruação. O segundo fator envolve as alterações do ciclo hormonal, produzindo variabilidade cíclica em certos aspectos no funcionamento do sistema nervoso central. O terceiro fator é a vulnerabilidade de algumas mulheres ao responder de forma desproporcionada, física e emocionalmente a agentes adversos (BANCROFT, 1995). O que se observa na SPM é que os sistemas endócrino, reprodutor e serotoninérgico convergem para efetuar a regulação do comportamento. As oscilações nos níveis dos estrógenos e da progesterona, no ciclo menstrual, atuam sobre a função serotoninérgica e, em mulheres mais sens íveis, ocorrem as manifestações da SPM (HALBE, 2003). 80 Flutuações hormonais do esteróide ovariano claramente precipitam os sintomas. Por outro lado também está claro que estas mudanças cíclicas não são somente responsáveis pela mudança do humor ou das manifestações sistêmicas da SPM (SCHMIDT, 1998) A interação entre o esteróide ovariano e a serotonina aumentam a suscetibilidade dos distúrbios do humor e causam mudanças cíclicas no sistema de opiódes (beta-endorfina) e o sistema GABA. apontando para sensibilidade biológica aumentada, vulnerabilidade afetada e prováveis fatores pessoais e sociais que influenciam a severidade de sintomas. Porém, vários estudos recentes reforçaram a importância de fatores externos como é o caso do estresse psico-social (GIANNINI, 1990; TAYLOR, 1984; CHUONG, 1985; RAPKIN, 1987; BECK, 1990; FONTANA, 1994; WARDLAW, 1982) Como algumas evidências demonstram que determinadas intervenções que produzam moderada ou intensa diminuição da dor são induzidas pela regulação das taxas hormona is, pode-se supor então, que houve um equilíbrio das taxas de serotonina e de hormônios ovarianos, possivelmente induzido pela puntura e pela radiação laser, causada pelo aumento do fluxo sangüíneo com conseqüente redução na SP, pois altas concentrações de serotonina levam a uma diminuição da dor (RUSSEL, 1989; UMPHRED, 1994). Para a realização deste estudo as pacientes foram encaminhadas do setor de Uroginecologia e Obstetrícia da Clínica Escola do Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC, com diagnóstico de SPM. A tabela à seguir mostra as características das pacientes tratadas nos dois grupos. Tabela 7 – Características das pacientes tratadas nos dois grupos CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS GRUPO A GRUPO B IDADE (em anos) 20,87 +/- 2,07 21,40 +/- 1,72 ALTURA (em metros) 1,60 +/- 0,05 1,58 +/- 0,04 PESO (em kilogramas) 55,40 +/- 6,41 58,20 +/- 8,35 IMC (Kg/m2 ) 21,68 +/- 2,80 23,37 +/- 3,58 Valores expressos em média ± desvio padrão. 81 Tabela 8 – Número de sessões realizadas em cada paciente durante o tratamento NÚMERO DE SESSÕES 1ºCICLO – ANTES 1ºCICLO DEPOIS 2ºCICLO – ANTES 2ºCICLO DEPOIS 3ºCICLO – ANTES 3ºCICLO DEPOIS GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO A B A B A B A B A B A B PACIENTE 1 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 2 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 3 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 4 7 6 7 7 7 6 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 5 7 7 7 6 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 6 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 7 7 7 7 7 7 7 7 7 6 7 7 7 PACIENTE 8 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 9 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 10 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 11 7 6 7 7 7 7 7 7 7 6 7 7 PACIENTE 12 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 13 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 PACIENTE 14 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 6 PACIENTE 15 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 Na anamnese foi solicitado as pacientes que dosassem sua dor dentro da escala analógica visual de dor, que respondessem ao questionário SF-36, o questionário de dor de Macgill e a escala de sonolência de Epworth. Este procedimento foi realizado novamente no primeiro dia de fluxo menstrual, e foi repetido nos dois próximos ciclos menstruais. A tabela à seguir mostra a variação da EVA nos três ciclos menstruais tratados. Tabela 9 - Resultado da análise de dor através do emprego de escala visual analógica (EVA) RESULTADO DA ESCALA VISUAL ANALÓGICA DA DOR GRUPO A GRUPO B 1ºCICLO – ANTES 9,13 +/- 0,74 9,27 +/- 0,59 1ºCICLO –DEPOIS 4,20+/- 0,94 4,73 +/- 0,88 2ºCICLO – ANTES 7,07 +/- 0,80 7,80 +/- 1,26 2ºCICLO –DEPOIS 2,53 +/- 0,83 3,40 +/- 0,91 3ºCICLO – ANTES 4,93 +/- 0,88 4,80 +/- 0,68 3ºCICLO –DEPOIS 1,60 +/- 0,63 1,73 +/-0,59 Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005 82 Neste estudo as pacientes foram indagadas qual nota dariam para sua dor e através da análise desta escala observou-se que, no grupo A as pacientes apresentaram alto grau de dor com média 9,13 antes do tratamento no primeiro ciclo menstrual e 1,6 depois do tratamento no terceiro ciclo menstrual, e no grupo B, 9,27 antes do tratamento no primeiro ciclo menstrual e 1,73 depois do tratamento do terceiro ciclo. As pacientes tratadas apresentaram uma melhora significativa, de cerca de 82% no grupo A e no grupo B, não havendo diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos, sugerindo que tanto a acupuntura como o laser podem diminuir a intensidade da dor. Utilizou-se também o Questionário de Dor de McGill para avaliação de como é a dor para cada paciente. A proposta de adaptação para a língua portuguesa deste questionário mostrou, por parte dos doentes, facilidade para o preenchimento e foi considerado útil para explicar a dor, pela maioria dos avaliados (PIMENTA; TEIXEIRA, 1997). Este questionário é um instrumento útil para avaliar a qualidade e a intensidade da dor, o que confere com outros trabalhos que se referem ao questionário de dor de McGill como um instrumento eficaz e confiável que pode ser usado em diversas situações clínicas (FERREIRA et al., 2002). Tabela 10 – Descritores da dor, segundo o questionário de Macgill. RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO DE MACGILL – DESCRITORES 1ºCICLO – ANTES 1ºCICLO DEPOIS GRUPO SENSORIAL AFETIVO AVALIATIVO MISCELÂNEA TOTAL 2ºCICLO – ANTES GRUPO 2ºCICLO DEPOIS GRUPO 3ºCICLO – ANTES GRUPO 3ºCICLO DEPOIS GRUPO GRUPO A B A B A B A B A B A B 7,80 8,00 7,67 7,33 8,53 7,60 6,93 7,20 6,33 6,33 3,80 3,33 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 1,82 1,36 1,91 1,29 0,74 1,30 1,53 1,32 1,63 1,63 1,37 1,45 3,80 4,07 3,73 3,73 4,47 3,80 3,53 3,53 3,80 3,80 3,20 3,13 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 1,26 0,80 1,22 0,96 0,74 0,86 0,92 0,64 1,01 1,01 1,01 0,99 0,87 0,87 0,87 0,87 1,00 0,87 0,60 0,87 0,60 0,87 0,27 0,87 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 0,35 0,35 0,35 0,35 0,00 0,35 0,51 0,35 0,51 0,35 0,46 0,35 2,93 3,00 2,80 2,87 3,60 2,67 2,67 2,67 2,67 2,67 2,07 2,07 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 0,70 1,07 0,68 1,13 0,51 1,29 0,90 1,29 0,90 0,90 1,03 1,03 15,40 15,93 15,07 14,80 17,60 14,93 13,73 14,27 13,40 13,67 9,33 9,40 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 1,80 1,94 2,09 2,18 1,30 2,15 2,52 1,94 2,59 2,77 2,19 2,47 Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005 83 Tabela 11 – Índice de dor, segundo o questionário de Macgill. RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO DE MACGILL – ÍNDICE DE DOR SENSORIAL AFETIVO AVALIATIVO MISCELÂNEA TOTAL 1ºCICLO – ANTES 1ºCICLO DEPOIS 2ºCICLO – ANTES 2ºCICLO DEPOIS 3ºCICLO – ANTES 3ºCICLO DEPOIS GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO A B A B A B A B A B A B 17,47 18,67 13,60 13,93 20,93 17,93 12,67 13,33 11,60 11,60 6,13 5,40 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 4,97 4,12 4,01 2,58 2,58 3,84 3,66 4,24 3,56 3,56 2,92 2,50 6,73 7,87 5,27 5,53 8,00 6,87 5,67 5,47 6,00 6,00 5,00 4,93 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 2,87 1,81 2,22 1,73 2,17 2,03 1,72 1,60 1,65 1,65 1,60 1,49 2,73 2,07 1,33 1,27 2,53 1,93 0,93 1,07 0,93 0,93 0,40 0,40 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 1,87 1,49 0,72 0,88 1,51 1,53 0,88 0,70 0,88 0,88 0,74 0,74 9,33 9,40 6,93 7,67 11,13 7,53 6,93 6,53 6,93 6,93 5,13 5,13 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 2,79 3,70 2,49 3,09 1,41 4,14 2,19 3,29 2,19 2,19 2,72 2,72 36,27 38,00 27,13 28,40 42,60 34,27 26,20 26,40 25,47 25,47 16,67 15,87 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 4,32 6,77 5,19 4,07 4,70 7,07 5,25 5,05 5,34 5,34 4,76 4,42 Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005 A tabela 8 mostra que tanto o grupo A quanto o grupo B apresentaram descritores em 4 categorias (sensorial, afetivo, avaliativo e miscelânea). Na categoria sensorial, o grupo A iniciou o tratamento com 7,8 descritores de dor em médio, reduzindo para 3,80 ao final do tratamento, enq uanto o grupo B tinha 8,0 em média de descritores para a dor antes do tratamento e terminou com 3,33, demonstrando uma redução nos seus sintomas. Na categoria afetiva o grupo A apresentou discreta melhora, de 3,80 para 3,20 em média, enquanto que o grupo B apresentou melhora de 4,07 para 3,13. este achado sugere que o laser tenha sido melhor do que a acupuntura, mas demonstra apenas maior interferência afetiva nas pacientes do grupo A, evidenciando o caráter emocional da síndrome. Na categoria avaliativa houve uma redução apenas nas pacientes tratadas com acupuntura, pois as pacientes do grupo B mantiveram a expressão “chata” da dor durante todo o tratamento, não alterando o resultado após o tratamento A avaliação do quadro doloroso caiu em ambos os grupos, provavelmente pela sensação de alívio ocasionada pelo tratamento. Já a categoria miscelânea, demonstrou a melhora em ambos os grupos, sendo que o grupo A iniciou com 2,93 em média e terminou com 2,07, e o grupo B, iniciou com 3,00 e terminou com 2,07 em média. A tabela 9, mostra a 84 média dos índices de dor obtidos pela somatória dos descritores em cada categoria do questionário de dor de Macgill. Durante a coleta de dados muitas pacientes reclamaram do tipo de dor que a SPM causa, descreviam a dor como insuportável e o caráter da dor foi freqüentemente relatado como de "cortante, latejante, em fisgada", podendo ser irradiante, atingir os níveis mais altos, como tem sido verificado nas escalas analógicas e nos questionários de avaliação de dor. RUSSEL (1989) cita que as pacientes descrevem a dor, podendo ser queimação, pontada, peso, “tipo cansaço” ou como uma contusão. Nas pacientes tratadas com acupuntura, os pontos E29 e VB34 foram escolhidos em razão de seus conhecidos efeitos analgésicos (CHIU et al, 2003) principalmente quando associados. (LUNA, 2002). Quando utilizados em conjunto com o VC6, o F3 o BP10 e o BP6 realizam grande movimento de Qi e Xue, liberando assim a estase e consequentemente cessando a dor (MACIOCIA, 1996) Em um estudo de 56 pacientes com dor crônica e tratados com laser, após a irradiação, verificou-se um número aumentado dos níveis séricos de ß-endorfinas, relatando diminuição da dor, sendo este um efeito atribuído ao laser (LAACKSON et l, 1994). Como o grupo B recebeu irradiação laser e teve diminuído o quadro de dor, supõe-se que este seja um dos mecanismos de alívio desta sintomatologia. No grupo B, houve significativa melhora do quadro álgico, dados estes que vêm de encontro com os achados sobre a diminuição da sintomatologia dolorosa em pacientes que foram submetidos ao tratamento a base de laser (BEZZUR et al, 1988; HANSSON, 1989; PINHEIRO et al, 1997; CONTI et al, 2001) Em outro estudo realizado com 3635 pacientes 82% dos pacientes tiveram melhora da quadro doloroso após a terapia laser, o que também vem de encontro com nosso estudo (SHIROTO et al, 1989). Ao que parece, no tocante a dor, a utilização de agulhas ou do laser sobre os pontos protocolados para o tratamento da SPM, têm o mesmo resultado, não diferindo estatisticamente, o que indica que o laser pode ser utilizado nos pontos de acupuntura para se obter os resultados esperados pelas agulhas. As pacientes foram também submetidas ao Medical Outcomes Study Short Form-36 Health Survey (SF-36). O SF-36 é um questionário genérico elaborado para avaliar a 85 qualidade de vida. Seus resultados são mostrados em escores de 0 a 100 obtidos a partir de uma relação de quesitos sobre vários aspectos de qualidade de vida (100 indica a melhor qualidade de vida possível e 0 a pior). Este instrumento é dividido em escalas para cada aspecto da qualidade de vida a ser observado, sendo que cada uma das escalas recebe um escore que varia de 0 a 100 (tabela 11). Tabela 12 - S F- 36 - Índice de qualidade de vida de pacientes tratadas com acupuntura e com laser. RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO SF 36 CAPACIDADE FUNCIONAL LIMITAÇÃO POR ASPÉCTOS FÍSICOS DOR ESTADO GERAL DE SAÚDE VITALIDADE ASPÉCTOS SOCIAIS ASPÉCTOS EMOCIONAIS SAÚDE MENTAL 1ºCICLO – ANTES 1ºCICLO DEPOIS 2ºCICLO – ANTES 2ºCICLO DEPOIS 3ºCICLO – ANTES 3ºCICLO DEPOIS GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO GRUPO A B A B A B A B A B A B 59,67 58,67 59,67 44,33 58,67 59,67 44,33 59,67 43,00 56,67 52,00 67,00 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 11,72 12,46 11,72 10,67 12,46 11,72 10,67 11,72 10,49 9,57 6,40 9,22 40,00 41,67 41,67 +/- +/- 12,68 24,40 48,60 44,27 83,60 83,60 +/- +/- +/- 10,29 9,52 72,07 +/- 23,33 41,67 40,00 23,33 41,67 36,67 60,00 23,33 75,00 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 24,40 12,68 17,59 15,43 22,89 35,10 15,28 25,00 44,27 48,60 83,60 83,60 42,47 34,07 83,60 84,13 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 8,01 8,01 9,52 10,29 8,01 8,01 11,07 14,46 26,63 6,16 72,73 85,33 85,47 72,73 72,07 85,47 85,33 85,87 86,80 85,87 89,40 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 6,51 6,46 5,43 5,38 6,46 6,51 5,38 5,43 5,41 5,07 4,45 3,98 53,33 50,33 63,67 63,67 50,33 53,33 63,67 63,67 63,67 68,00 63,67 68,00 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/15,43 17,59 10,12 9,72 6,40 6,40 9,72 10,12 6,40 6,40 11,15 4,93 6,40 8,82 75,00 75,00 72,50 81,67 75,00 75,00 81,67 72,50 75,83 85,83 81,67 88,33 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 24,09 19,48 23,72 12,38 19,48 24,09 12,38 23,72 17,59 14,84 12,38 13,75 93,33 82,22 93,33 82,22 82,22 93,33 82,22 93,33 68,89 64,44 82,22 73,33 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 13,80 33,01 13,80 21,33 33,01 13,80 21,33 13,80 8,01 29,46 21,33 22,54 63,20 63,73 62,67 62,67 63,73 63,20 62,67 62,67 62,67 58,93 62,67 70,40 +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- +/- 3,76 4,13 4,45 4,45 4,13 3,76 4,45 4,45 5,41 6,67 4,45 6,20 Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005 A capacidade funcional avalia a presença e extensão de limitações relacionadas à capacidade física como: capacidade de realizar atividades vigorosas ou moderadas, se pode levantar ou carregar mantimentos, subir vários lances de escada ou apenas um lance, curvar-se 86 ajoelhar-se ou dobrar-se, andar um ou vários quarteirões, tomar banho e vestir-se. Estes parâmetros foram analisados antes e após o tratame nto. As escalas das pacientes com SPM apresentaram o seguinte resultado: o grupo A iniciou o tratamento com escore de 59,67 e terminou com 52,00, uma piora neste quadro de 12,89%, enquanto que o grupo B teve escore inicial de 58,67 e após o tratamento, um escore de 67,00, uma melhora de 14,19%, demonstrando que a capacidade funcional teve uma melhora estatisticamente significativa nas pacientes tratadas com laser (Tabela 10). Este resultado provavelmente tenha ocorrido pelo fato de a dor ter melhorado (EVA e Macgill), portanto se o indivíduo sente menos dor, conseqüentemente tem maior capacidade de realizar suas atividades diárias. Estes resultados estão de acordo com a literatura que cita que à medida que o condicionamento ou a capacidade funcional melhoram, a intensidade dos sintomas como dores após esforço e fraqueza muscular diminuem e vice-versa (SALVADOR; SILVA; ZIRBES, 2005). A limitação por aspectos físicos avalia limitações quanto ao tipo e quantidade de trabalho, bem como quanto essas limitações dificultam a realização do trabalho e das atividades da vida diária. Os sintomas da SPM causam grande impacto no cotidiano e promovem a ruptura da rotina, cuja conseqüência tende a se manter ao longo do tempo devido a cronicidade da doença (BERBER; KUPEK; BERBER, 2005). Supostamente a qualidade de vida é uma conseqüência do bem estar físico (MARQUES, 2004). Neste estudo observou-se que a limitação por aspectos físicos é grande nas pacientes tanto do grupo A como do grupo B no início do tratamento. Após o tratamento obtivemos valores de 75,00 de escore contra 41,67 do início do tratamento para as pacientes tratadas no grupo B, uma melhora de 79,98%. O grupo A, novamente apresentou uma piora do seu quadro final, quando comparado com o início do tratamento, sendo os escores inicial e final de 40,00 e 23,33 respectivamente. Estes resultados demonstram uma melhora da aptidão física após o tratamento no grupo B, . Este resultado foi significativo pois demonstra menos dias de trabalho perdidos após o tratamento. Este resultado provavelmente se deve ao fato de ter havido uma melhora na dor, acarretando melhora na capacidade funcional e conseqüente menor limitação física. O fato do grupo A não apresentar melhora pode ser devido ao fato de que a acupuntura não gerou melhora no bem estar físico geral das pacientes. 87 A presença de dor, sua intensidade e sua interferência nas atividades da vida diária, também pode ser avaliada pelo SF-36. Quanto à dor o grupo A iniciou o tratamento com um escore de 48,60 e terminou com 83,60, obtendo melhora de 72,01%. Já o grupo B iniciou com um escore de 44,27 e terminou com 84,13, uma melhora de 90,03%. Este resultado demonstrou ser estatisticamente significativo evidenciada na EVA e no questionári ode dor de Macgill, confirmando o efeito analgésico alcançado pelo tratamento do laser e da acupuntura. Se analisarmos os três instrumentos que avaliaram a dor (EVA, Macgill e SF-36) podemos notar que o grupo B obteve melhores resultados do que o grupo A, provavelmente devido as efeitos que o laser tem na microcirculação sanguínea, estimulando a vasodilatação arteriolar e a neovascularização (TACHIARA et al, 2002) vindo a incrementar a renovação de nutrientes sanguíneos e a oxigenação local (COLLS, 1996). O estado geral de saúde avalia como a paciente se sente em relação a sua saúde global. Após o tratamento obtivemos uma melhora de 19,14% para as pacientes tratadas no grupo A, e 22,92% para as pacientes tratadas no grupo B (Tabela 10). Este resultado foi estatisticamente significativo para ambos os grupos, salientando-se que no início do tratamento o escore indicava um bom estado geral de saúde para ambos os grupos. Acreditase que com a melhora na dor houve um aumento na disposição geral, levando as pacientes a descreverem uma melhora no seu estado geral. Este resultado provavelmente foi alcançado devido a interferência psicológica (HELFENSTEIN JR, 1997). No item vitalidade, temos itens que consideram o nível de energia e de fadiga. O grupo A iniciou o tratamento com escore de 53,33 e terminou com 63,67, uma melhora de 19,38%, enquanto o grupo B, iniciou com escore de 50,33 e terminou com 68,00, uma melhora de 35,10%. Este resultado também se apresentou significativo para ambos, provavelmente devido a redução dos sintomas da SPM, levando a um aumento na capacidade funcional com redução das limitações físicas e maior disposição, gerando redução no cansaço. Os aspectos sociais analisam a integração do indivíduo em atividades sociais e suas limitações. Após o tratamento obtivemos uma melhora de 8,89% nas pacientes do grupo A, e de 17,77% no grupo B. Observamos então uma melhora na vitalidade nos dois grupos (A e B) com grande predomínio no grupo B, o que também acontece no aspecto social. Este resultado provavelmente tenha ocorrido pelo fato da melhora nas pacientes tratadas no grupo B ter sido maior, refletindo desta maneira em menor limitação e maior disposição neste aspecto de sua vida. 88 As limitações por aspectos emocionais avaliam o impacto dos aspectos psicológicos no bem-estar da paciente. Estudos demonstram que a maioria das pacientes com SPM apresentam déficits no relacionamento com outras pessoas com prejuízo nas atividades rotineiras, no trabalho, na escola ou no convívio social (HELFENSTEIN JR, 1997). O escore do grupo A diminuiu em cerca de 12% e no grupo B em cerca de 11%. Nesta questão o que se observa é que mesmo sendo tratadas, as pacientes apresentam queda no tocante a fator emocional.. Este resultado provavelmente se deva ao fato de havido algum comprometimento extra tratamento, acarretando uma leve queda na qualidade emocional das pacientes. Salientase ainda, que os valores de escore emocionais estão acima de 70,00 em ambos os grupos, o que não é considerado um escore ruim. A saúde mental inclui questões sobre ansiedade, depressão, alterações no comportamento, ou descontrole emocional e bem-estar psicológico. As pacientes com dor crônica normalmente apresentam altos níveis de estresse, ansiedade e depressão. O escore inicial do grupo A foi de 63,20 e o final de 62,67, enquanto o grupo B obteve escore inicial de 63,73 e escore final de 70,40. Obtivemos portanto como resultado uma leve piora no grupo A de 0,83%, e melhora de 10,46% nas pacientes do grupo B. O resultado se mostrou significativo para as pacientes do grupo B, levando a comprovar que a dor e as noites de sono não repousante estão ligadas aos sintomas de ansiedade, onde a depressão pode surgir como fenômeno secundário na dor crônica (DOURADO et al., 2004). Foi avaliado ainda o índice de sonolência das pacientes de acordo com a escala de sonolência de Epworth, onde os resultados estão evidenciados na tabela 11. Tabela 13 – Resultado da escala de sonolência de Epworth. RESULTADO DA ESCALA DE SONOLÊNCIA DE EPWORTH GRUPO A GRUPO B 1ºCICLO – ANTES 4,13 +/- 1,51 3,67 +/- 1,54 1ºCICLO –DEPOIS 4,73+/- 1,67 4,93 +/- 2,02 2ºCICLO – ANTES 4,13 +/- 1,51 3,07 +/- 1,58 2ºCICLO –DEPOIS 4,73 +/- 1,67 4,67 +/- 1,59 3ºCICLO – ANTES 4,00 +/- 1,89 3,40 +/- 1,50 3ºCICLO –DEPOIS 3,47 +/- 1,13 3,13 +/-1,60 Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005 89 Queixas de insônia e ansiedade são freqüentes e podem ser aliviadas com acupuntura cuja potência sedativa já foi equiparada à dos benzodiazepinicos (TAO, 1993; LO, 1979; CHENG, 2003) Nas pacientes tratadas neste estudo, não houve diferença significativa sobre a sonolência, uma vez que todas as pacientes avaliadas tiveram como resultado valores menores do que 8, na escala de Epworth, o que evidencia sonolência normal sugerimos portanto, maiores estudos sobre o assunto, avaliando mulheres com distúrbios efetivos do sono . Através da análise com questionários observou-se que a SPM traz um impacto negativo nas pacientes apresentando baixa qualidade de vida, mas pouco influenciando na qualidade de sono das mesmas. Após o tratamento as pacientes portadoras de SPM apresentaram uma redução nos sintomas desta síndrome descrevendo melhora na qualidade de vida. Pode-se então supor que a qualidade de vida está associada com a maior ou menor intensidade dos sintomas e que, portanto a eliminação dos mesmos poderia propiciar melhora na qualidade de vida. Após o tratamento obtivemos melhora na qualidade de vida das pacientes portadoras de SPM, em ambos os grupos. Sugere-se para novos estudos um número maior de pacientes para que haja uma redução no desvio padrão, com mais homogeneidade entre eles, e que se busquem maneiras de dosar as formas fisiológicas de melhora dos quadros dolorosos, para a obtenção da direção que esta melhora ocorreu. 90 13 CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos no presente estudo, é possível inferir que tanto as pacientes tratadas com acupuntura como as tratadas com laser, podem ser altamente beneficiadas com este tratamento, principalmente na melhora da dor e na qualidade de vida , evidenciando que o tratamento com radiação laser de GaAs, pode ser usado nos pontos protocolados de acupuntura, inclusive com melhores impactos sobre o alívio dos sintomas e melhora na qualidade de vida destas pacientes. 91 REFERÊNCIAS ABERGEL, R.P.; MEEKER, C.A.; LAM, T.S.; et al. Control of connective tissue metabolism by lasers: recent developments and future prospects. 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Comparada há um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora? (circule uma) Muito melhor agora do que há um ano atrás.....................................1 Um pouco melhor agora do que há um ano atrás ........................... 2 Quase a mesma de um ano atrás ................................................... 3 Um pouco pior agora do que há um ano atrás ................................ 4 Muito pior agora do que há um ano atrás ........................................ 5 3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum. Devido a sua saúde, você tem dificuldade para fazer essas atividades? Neste caso, quanto? (circule um número em cada linha) Atividades Sim. Dificulta muito Sim. Dificulta um pouco Não. Não dificulta de modo algum a. Atividades vigorosas, que exigem muito esforço, tais como correr, levantar objetos pesados, participar em esportes árduos 1 2 3 b. Atividades moderadas, tais como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa 1 2 3 c. Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3 d. Subir vários lances de escada 1 2 3 e. Subir um lance de escada 1 2 3 f. Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3 g. Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3 h. Andar vários quarteirões 1 2 3 i. Andar um quarteirão 1 2 3 j. Tomar banho ou vestir-se 1 2 3 102 4. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou com alguma atividade diária regular, como conseqüência de sua saúde física? (circule uma em cada linha) Sim Não a. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades? 1 2 b. Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2 c. Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou em outras atividades? 1 2 d. Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (p. ex: necessitou de um esforço extra?) 1 2 5. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seu trabalho ou outra atividade regular diária, como conseqüência de algum problema emocional (como sentir-se deprimido ou ansioso)? Sim Não a. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades? 1 2 b. Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2 c. Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com tanto cuidado como geralmente faz? 1 2 6. Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação a família, vizinhos, amigos ou em grupo? De forma nenhuma ........................................................................... 1 Ligeiramente ..................................................................................... 2 Moderadamente ................................................................................ 3 Bastante ............................................................................................ 4 Extremamente ................................................................................... 5 7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas? Nenhuma .......................................................................................... 1 Muito leve ......................................................................................... 2 Leve .................................................................................................. 3 Moderada .......................................................................................... 4 Grave ................................................................................................ 5 Muito grave ....................................................................................... 6 103 8. Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal (incluindo tanto o trabalho fora de casa e dentro de casa)? De maneira nenhuma ........................................................................ 1 Um pouco .......................................................................................... 2 Moderadamente ................................................................................ 3 Bastante ............................................................................................. 4 Extremamente .................................................................................... 5 9. Es tas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime da maneira como você se sente em relação as últimas 4 semanas. (circule um número para cada linha) Todo tempo A maior parte do tempo Uma boa parte do tempo Alguma parte do tempo Uma pequena parte do tempo Nunca a. Quanto tempo você tem se sentido cheio de vontade, cheio de força? 1 2 3 4 5 6 b. Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa muito nervosa? 1 2 3 4 5 6 c. Quanto tempo você tem se sentido tão deprimido que nada pode animá -lo? 1 2 3 4 5 6 d. Quanto tempo você tem se sentido calmo ou tranqüilo? 1 2 3 4 5 6 e. Quanto tempo você tem se sentido com muita energia? 1 2 3 4 5 6 f. Quanto tempo você tem se sentido desanimado e abatido? 1 2 3 4 5 6 g. Quanto tempo você tem se sentido esgotado? 1 2 3 4 5 6 h. Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa feliz? 1 2 3 4 5 6 i. Quanto tempo você tem se sentido cansado? 1 2 3 4 5 6 10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)? 104 (circule uma) Todo o tempo ............................................................................................... 1 A maior parte do tempo ................................................................................ 2 Alguma parte do tempo ................................................................................ 3 Uma pequena parte do tempo .......................................................................4 Nenhuma parte do tempo ............................................................................. 5 11. O quanto é verdadeiro ou falso cada uma das afirmações para você? (circule um número em cada linha) a. Eu costumo adoecer um pouco mais facilmente que as outras pessoas b. Eu sou tão saudável quanto qualquer pessoas que eu conheço c. Eu acho que a minha saúde vai piorar d. Minha saúde é excelente Definitivamente verdadeiro 1 A maioria verdadeiro 2 Não sei 3 A maioria falso 4 Definitivamente falso 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 105 ANEXO B - QUESTIONÁRIO DE DOR DE MCGILL Proposta de adaptação do Questionário de dor de Mcgill para a Língua Portuguesa. São Paulo, 1995 Algumas palavras que eu vou ler descrevem a sua dor atual. Diga-me quais palavras melhor descrevem a sua dor. Não escolha aquelas que não se aplicam. Escolha somente uma palavra de cada grupo. A mais adequada para a descrição de sua dor 1 1-vibração 2-tremor 3-pulsante 4-latejante 5-como batida 6-como pancada 5 1-beliscão 2-aperto 3-mordida 4-cólica 5-esmagamento 9 1-mal localizada 2-dolorida 3-machucada 4-doída 5-pesada 13 1-amedrontadora 2-apavorante 3-aterrorizante 17 1-espalha 2-irradia 3-penetra 4-atravessa 2 1-pontada 2-choque 3-tiro 6 1-fisgada 2-puxão 3-em torção 10 1-sensível 2-esticada 3-esfolante 4-rachando 14 1-castigante 2-atormenta 3-cruel 4-maldita 5-mortal 18 1-aperta 2-adormece 3-repuxa 4-espreme 5-rasga 3 1-agulhada 2-perfurante 3-facada 4-punhalada 5-em lança 7 1-calor 2-queimação 3-fervente 4-em brasa 11 1-cansativa 2-exaustiva 15 1-miserável 2-enlouquecedora 19 1-fria 2-gelada 3congelante 4 1-fina 2-cortante 3-estraçalha 8 1-formigamento 2-coceira 3-ardor 4-ferroada 12 1-enjoada 2-sufocante 16 1-chata 2-que incomoda 3-desgastante 4-forte 5-insuportável 20 1aborrecida 2-dá náusea 3agonizante 4-pavorosa 5-torturante Número de Descritores Índice de Dor Sensorial.............................................. Sensorial........................................... Afetivo.................................................. Afetivo ............................................... Avaliativo.............................................. Avaliativo ........................................... Miscelânea........................................... Miscelânea ........................................ Total.................................................... Total .................................................. Os sub-grupos de 1 a 10 representam respostas sensitivas à experiência dolorosa (tração, calor, torção, entre outros); os descritores dos sub-grupos de 11 a 15 são respostas de caráter afetivo (medo, punição, respostas neurovegetativas etc.); o sub-grupo 16 é avaliativo (avaliação da experiência global) e os de 17 a 20 são miscelânea 106 ANEXO C – ESCALA DE SONOLÊNCIA DE EPWORTH Classificação da Escala de Normal Sonolência de Epworth 0-8 Leve 9 - 12 Moderado 13 - 16 Severo > 16 Fonte: Kryger, Roth e Dement, (2005). 107 ANEXO D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO A pesquisa realizada é sobre a Aplicação Do Laser De Arsenieto De Gálio (GaAs) 904 Nm Em Pontos De Um Protocolo De Acupuntura Para Alivio De Dor E Melhora Da Qualidade De Vida E De Sono De Mulheres Com Síndrome Da Tensão Pré-Menstrual OBJETIVO: Geral: comparar o efeito do laser de AsGa 904 nm aplicado em pontos de acupuntura no alívio da dor e na melhora da qualidade de vida e de sono em mulheres com distúrbios ocasionados pela Síndrome da Tensão Pré-Menstrual. Específicos: Demonstrar os pontos de acupuntura utilizados no tratamento da Síndrome da Tensão Pré-Menstrual Demonstrar a eficácia do uso do laser sobre os pontos de acupuntura. Estabelecer um parâmetro na utilização do laser em distúrbios da Síndrome da Tensão Pré-Menstrual Avaliar se houve melhora na qualidade de sono de mulheres portadoras da Síndrome da Tensão PréMenstrual Demonstrar a melhora na qualidade de vida de mulheres portadoras dos distúrbios da Síndrome da Tensão Pré-Menstrual PROCEDIMENTOS: Todas as pacientes participantes do estudo passarão por um exame fisioterapeutico no início de cada atendimento, onde serão feitas todas as avaliações para verificação se estão dentro dos critérios diagnósticos de Síndrome da Tensão Pré-Menstrual (STM), posteriormente as mesmas serão submetidas a três questionários o, Questionário SF-36, que avalia a qualidade de vida das pacientes, A Escala de sonolência de Epworth e o Questionário de dor McGuill. Todas as pacientes estarão informadas de tratar-se de um estudo científico, que parte destas pacientes receberá apenas o tratamento com as agulhas de acupuntura e a outra parte apenas as emissões do LASER AsGa da marca BIOMED, de comprimento de onda 904 nm com densidade de 2 energia de 4 J/cm , na forma puntual sem nenhum tipo de medicamento tópico Após o final da fase sintomática novamente será aplicado os instrumentos acima relacionados para análise durante 3 ciclos menstruais seguidos, As formas a serem utilizadas, tanto no que diz respeito à avaliação e ao tratamento não irão causar nenhum desconforto as pacientes uma vez que não são técnicas invasivas (agressivas). Será assegurado as pacientes sigilo absoluto de todas as informações que nos forem passadas, tudo com o objetivo de proteger ao máximo a privacidade das participantes da pesquisa. DESISTÊNCIA: Estou consciente de que caso venha a participar deste estudo estarei livre para me afastar do estudo a qualquer momento sem que para isso haja qualquer prejuízo para minha pessoa. Em hipótese alguma a minha desistência influenciará no meu trabalho ou relacionamento com os profissionais desta instituição. Se houver qualquer outra dúvida ou explicação adicional estarei livre em qualquer etapa do estudo para esclarecimento no fone 27 8817 7411 ou ao Dr.Luiz Vicente Franco Oliveira fone: 12 8124 9498. O aluno de mestrado Getúlio Vargas do Nascimento Júnior, que pode ser encontrado no endereço Rua Santa Maria 129 apto 303, Centro, Colatina – ES, fones 27 3721 7619 – 27 3723 3077 – 27 8817 7411 estará sempre disponível para eventual informação. Acredito ter sido suficientemente informada a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Aplicação Do Laser Asga 904 Nm Em Pontos De Um Protocolo De 108 Acupuntura Para Alivio De Dor E Melhora Da Qualidade De Vida E De Sono De Mulheres Com Síndrome Da Tensão Pré-Menstrual” Eu discuti com Getúlio Vargas do Nascimento Júnior, sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente a participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo de qualquer espécie. _____________________________________________________ Paciente Data:____________ _____________________________________________________ Testemunha Data:____________ 109 ANEXO E – PROTOCOLO DO CEP 110