Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e

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Universidade do Vale do Paraíba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
GETÚLIO VARGAS DO NASCIMENTO JÚNIOR
Aplicação do laser de arsenieto de gálio (GaAs) 904 nm em pontos de um protocolo de
acupuntura e m mulheres com Síndrome da Tensão Pré -Menstrual - SPM
São José dos Campos, SP
2007
GETÚLIO VARGAS DO NASCIMENTO JÚNIOR
Aplicação do laser de arsenieto de gálio (GaAs) 904 nm em pontos de um protocolo de
acupuntura em mulheres com Síndrome da Tensão Pré -Menstrual - SPM
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Bioengenharia da Universidade
do Vale do Paraíba, como complementação dos
créditos necessários para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia Biomédica.
Orientador: Profº Dr. Flávio Aimbire Soares de
Carvalho
Co-Orientador: Prof Dr. Renato Amaro
Zangaro
São José dos Campos, SP.
2007
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Dissertação apresentada ao
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do Institutode Pesquisa
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do Vale do Paraíbq2007.
da Universidade
Desenvolvimento
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Fisïoterapial. Llarvalho.Flávio Aimbire Soaresde, Orientador ll.
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Zângaro.RenatoAmaro,Co-orientador
CDU:615.814.1
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do aluno:
Assinatura
Júnior
Data:
GETULIO VARGASDO NASCIMENTOJUNIOR
..APLICAÇÃO DO LASER DE ARSENIETODE GÁLIO (GaAs)904nmEM
PONTOSDE UM PROTOCOLODE ACUPUI\TURAPARA ALÍUO DE
DOR E MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA E DE SONODE
MULHERES COM SÍXONOMEDA TENSÃOPRE-MENSTRUAL- SPM"
Dissertaçãoaprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Biomédica, do Programa de Pós-Graduaçãoem Bioengenharia,do Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimentoda Universidadedo Vale do Paraíba,São Josédos Campos,SP, pela seguinte
bancaexaminadora:
Prof. Dr. RENATO AMARO ZÂUC.I,RO (UNI
PTOf.DT.FLÁUO AIMBIRE SOARES DE CARVALH
Prof. Dr. CARLOS MARCELO PASTRE (I-INESP)
Prof. Dr. Marcos TadeuTavaresPacheco
Diretor do IP&D - UniVap
SãoJosédos Campos,20 de dezembrode 2007.
DEDICATÓRIA
A Deus, pelo eterno dom do aprendizado.
Aos meus pais, Getúlio e Fátima pelo carinho, amor, dedicação e atenção, sempre
incondicionais... Vencemos mais essa.
À minha irmã Natália, pela cumplicidade.
À Adria, pelo amor e companheirismo de uma vida. Essa vitória também tem muito do seu
suor.
À Lavínia, luz da minha vida e a coisa mais perfeita que Deus me deu. Foi mais por você do
que por mim.
AGRADECIMENTOS
Ao Profº Dr. Luiz Vicente Franco de Oliveira, pelos ensinamentos e pelo conhecimento
incomensurável que me guiaram na execução deste trabalho.
Ao Profº. Dr. Flávio Aimbire, pela paciência, colaboração e amizade.
Ao UNESC – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO, pela disponibilidade tanto
do espaço quanto dos aparelhos para que fosse possível a realização desta pesquisa.
A meus queridos amigos de curso, Rodrigo, Ana Kássia, Maura, Juliana, Josiane, Ticiane,
Vanessa, Felipe, Luciano, Rafael, Claudinei e Giovana pela loucura de fazer um mestrado.
Aos meus alunos, eternos colaboradores, pelo incentivo e pela cumplicidade.
As voluntárias que se disponibilizaram em contribuir para a realização da pesquisa e a todos
que direta ou indiretamente contribuíram para este trabalho.
RESUMO
APLICAÇÃO DO LASER DE ARSENIETO DE GÁLIO (GaAs) 904 NM EM
PONTOS DE UM PROTOCOLO DE ACUPUNTURA EM MULHERES COM
SÍNDROME DA TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL
O seguinte trabalho apresenta um estudo sobre a Síndrome da Tensão Pré-Mentrual (SPM),
que acomete grande número de mulheres em todo o mundo. Sua ocorrência gera fatores
álgicos, podendo ocasionar desta maneira um quadro sindrômico que possa impedir em algum
período do ciclo menstrual as mulheres de desenvolver suas funções diárias, além de poder
desencadear distúrbios do sono. O objetivo proposto neste trabalho consiste na comparação
dos efeitos do laser GaAs a 904 nm na diminuição do quadro álgico e na melhora da
qualidade de vida e de sono de pacientes com SPM quando aplicado em pontos de um
protocolo de acupuntura. O estudo foi realizado em três ciclos menstruais consecutivos, de
forma individua l, no início dos sintomas até o primeiro dia de fluxo menstrual, em 30
pacientes divididas em dois grupos: o grupo A tratado apenas com agulhas de acupuntura, de
acordo com um protocolo proposto, todos os dias do início dos sintomas até o primeiro dia de
fluxo menstrual, e o grupo B, tratado com laser sobre os mesmos pontos do protocolo de
acupuntura da mesma forma que no grupo A. Os resultados foram verificados pela avaliação
de dor subjetiva pela Escala Visual Analógica (EVA), pelo Questionário de Dor de Macgill,
pelo Questionário SF-36 e pela escala de Sonolência de Epworth proposta no período pré e
pós tratamento, durante os três ciclos estudados. Houve melhora do quadro de dor e na
qualidade de vida dos dois grupos, sendo que o grupo B obteve um melhor resultado quando
comparado ao grupo A, e ambos os grupos não obtiveram resultados significativos nas
alterações do sono. Dessa forma é possível concluir que o tratamento protocolado de
acupuntura é significante e válido, e que o Laser pode ser utilizado sobre os pontos do
protocolo de acupuntura ,obtendo inclusive melhores resultados.
Palavras-chave: Laser, acupuntura, síndrome pré -mentrual, sono.
ABSTRACT
APPLICATION OF THE GALLIUM ARSENIDE LASER (GaAs) 904 nm IN POINTS
OF A PROTOCOL OF ACUPUNCTURE IN WOMEN WITH SYNDROME OF PREPERIOD TENSION
The following work presents a study on the Syndrome of Pre-Period Tension that affects a
great number of women in the whole world. Its occurrence generates algic factors, and can
lead to cause a syndromic picture that can hinder the women to develop its daily functions in
some period of the menstrual cycle besides unchaining riots of sleep. The objective
considered in this work consists of the comparison of the effect of the GaAs laser the 904 nm
in the reduction of the algic picture and the improvement of the quality of life and sleep of
patients with the syndrome when applied in points of an acupuncture protocol. The study was
carried through in three consecutive menstrual cycles, in an individual way, in the beginning
of the symptoms until the first day of menstrual flow, in 30 patients divided in two groups:
Group A was dealt only with acupuncture needles, according to the protocol proposal, every
day, in the beginning of the symptoms until the first day of menstrual flow, and Group B,
dealt with laser on the same points of the protocol of acupuncture in the same way that in the
group A. The results were verified through the subjective evaluation of pain for Analogic
Visual Scale (EVA), the Questionnaire of Pain of Macgill, Questionnaire SF-36 and the scale
of Sleepiness of Epworth proposal in the pre and post treatment period, during the three
studied cycles. There was improvement in the picture of pain and in the quality of life of the
two groups, considering that group B got better result than group A, and both groups didn’t
have significant results in sleep alterations. Based on this it is possible to conclude that the
acupuncture treatment protocol is significant and valid, and that the Laser can be used on the
points of the acupuncture protocol, getting better results.
Keywords: Laser, acupuncture, Syndrome of Pre-Period Tension, sleep
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Locais mais Comuns da Endometriose ............................................................23
FIGURA 2 – Tai Tji – Yin e Yang...........................................................................................32
FIGURA 3 – Apresentação das Formas Yin e Yang .............................................................32
FIGURA 4 – Apresentação do Yin e Yang no Ciclo do Dia .................................................33
FIGURA 5 – Ciclo dos Cinco Elementos ...............................................................................37
FIGURA 6 – Ângulos de Puntura...........................................................................................46
FIGURA 7 – Mapa dos Meridianos Corporais.......................................................................53
FIGURA 8 –Espectro Eletromagnético .................................................................................61
FIGURA 9 – Representação da Penetração de Algumas Radiações Infravermelhas e
Visíveis na Pele........................................................................................................................64
FIGURA 10 – Ponto Fígado 3 ................................................................................................67
FIGURA 11 – Ponto Vaso Concepção 6 ou Ren Mai 6 ........................................................68
FIGURA 12 – Ponto Vesícula Biliar 34 ................................................................................68
FIGURA 13 – Ponto Estômago 29 – Visão Anatômica .........................................................69
FIGURA 14 – Ponto Baço/Pâncreas 10 .................................................................................69
FIGURA 15 – Ponto Baço/Pâncreas 6 (Mar do Yin) – Visão Anatômica ............................70
FIGURA 16 – Escala Visual Analógica .................................................................................72
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Yin/Yang ...........................................................................................................33
TABELA 2 – Zang Fu ............................................................................................................41
TABELA 3 – Pontos de Acupuntura ......................................................................................50
TABELA 4 – Recursos Fisioterápicos Utilizados no Tratamento da SPM ..........................58
TABELA 5 – Exercícios Físicos Realizados no Tratamento de Pacientes com SPM ..........59
TABELA 6 – Profundidade de Penetração do Infravermelho...............................................64
TABELA 7 – Características das Pacientes Tratadas nos Dois Grupos................................80
TABELA 8 – Número de Sessões Realizadas em Cada Paciente Durante o Tratamento....81
TABELA 9 – Resultado da Análise de Dor Através do Emprego de Escala Visual Analógica
de Pacientes Tratadas com Acupuntura e com Laser ............................................................81
TABELA 10 –Descritores da Dor, Segundo o Questionário de Macgill, em Pacientes
Tratadas com Acupuntura e com Laser Antes e Após o Tratamento, Durante 3 Ciclos
Mentruais ................................................................................................................................82
TABELA 11 – Índice de Dor, Segundo o Questionário de Macgill, em Pacientes Tratadas
com Acupuntura e com Laser Antes e Após o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais....83
TABELA 12 – SF-36 – Índice de Qualidade de Vida em Pacientes Tratadas com
Acupuntura e com Laser Antes e Após o Tratamento, Durante 3 Ciclos Mentruais............85
TABELA 13 – Resultado da Escala de Sonolência de Epworth Antes e Após o Tratamento,
Durante 3 Ciclos Mentruais....................................................................................................88
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
MTC - Medicina Tradicional Chinesa
GaAs – Arsenieto de Gálio
SPM – Síndrome Pré-Menstrual
DIU – Dispositivo Intra Uterino
REM – Rapid Eyes Moviment (Movimento Rápido dos Olhos)
NREM – No Rapid Eyes Moviment (Nenhum Movimento Rápido dos Olhos)
R – Rins
BP – Baço/Pâncreas
F – Fígado
C – Coração
P – Pulmão
CS – Pericárdio
B – Bexiga
E – Estômago
VB – Vesícula Biliar
ID – Intestino Delgado
IG – Intestino Grosso
TA – Triplo Aquecedor
VC – Vaso da Concepção
VG – Vaso Governador
PSC – Propagated Sensation along the Channel – sensação propagada ao longo do meridiano
TENS – Transcutaneous Eletrical Neuronal Stimulated – Estimulação elétrica neuronal
transcutânea
EMG – eletromiografia
EEG – eletroencefalografia
LASER – Light Amplificated Stimulated Excitation radiation - Luz Amplificada por Emissão
Estimulada de Radiação
Nm – nanômetros
J/cm2 – joules por centímetro quadrado
Mm – milímetros
DNA – Ácido Desoxirribonucléico
RNA – Ácido Ribonucléico
AMPc – Monofosfato Cíclico de Adenosina
F3 – Terceiro ponto do meridiano do fígado
VC6 – Sexto ponto do meridiano do vaso da concepção
VB34 – Trigésimo quarto ponto do meridiano da vesícula biliar
E29 – Vigésimo nono ponto do meridiano do estômago
BP10 – Décimo ponto do meridiano do Baço/Pâncreas
BP6 – Sexto ponto do meridiano do Baço/Pâncreas
SF – 36 - Medical Outcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey
EVA – Escala Visual Analógica
ESE – Escala de Sonolência de Epworth
UNESC – Centro Universitário do Espírito Santo
UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba
CEP – Comitê de Ética e Pesquisa
GABA – Ácido gama-amino-butírico
DE – Densidade de Energia
LBP – Laser de Baixa Potência
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO................................................................................................................15
2
SÍNDROME DA TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL (SPM) ...............................................17
2.1
Histórico...................................................................................................................17
2.2
Conceito atual e Incidência ....................................................................................17
2.3
Classificação ...........................................................................................................18
2.3.1
Dismenorréia primária ...........................................................................................19
2.3.1.1 Teoria das vasopressinas ..............................................................................20
2.3.1.2 Teoria das prostaglandinas ...........................................................................20
2.3.1.3 Leucotrienos .................................................................................................21
2.3.1.4 Prostaciclina .................................................................................................21
2.5.1.5 Dificuldade do escoamento do fluxo menstrual...........................................21
2.5.1.6 Fisiopatologia da disminorréia primária.......................................................22
2.3.2
3
Dismenorréia secundária ......................................................................................22
2.4
A SPM e os distúrbios do sono ...............................................................................25
2.5
A SPM e o impacto na qualidade de vida .............................................................26
ACUPUNTURA NA SPM ...............................................................................................28
3.1
Medicina Tradicional Chinesa (MTC)..................................................................28
3.2
Histórico...................................................................................................................28
3.3
Acupuntura .............................................................................................................29
3.4
Pensamento Chinês e Ocidental ............................................................................30
3.5
Bases da MTC .........................................................................................................31
3.5.1
Teoria do Yin/Yang ...............................................................................................31
3.5.2
Teoria dos cinco elementos ...................................................................................34
3.5.3
As substâncias........................................................................................................38
3.5.3.1 O Qi..............................................................................................................39
3.5.3.2 O Shuen........................................................................................................39
3.5.3.3 O Xue............................................................................................................40
3.5.3.4 O Jing............................................................................................................40
3.5.3.5 O Jin Ye ........................................................................................................40
3.6
O Zang Fu................................................................................................................40
3.6.1
Os órgãos (Zang) e seus acoplados (Fu) ................................................................42
3.6.1.1 Rins (Shen) e Bexiga (Pang Guang) .............................................................42
3.6.1.2 Baço/Pâncreas (Pi) e Estômago (Wei) .........................................................42
3.6.1.3 Fígado (Gan) e Vesícula Biliar (Dan) ..........................................................43
3.6.1.4 Coração (Xin) e Intestino Delgado (Xiao Chang) ........................................44
3.6.1.5 Pulmão (Fei) e Intestino Grosso (Da Chang) ...............................................44
3.6.1.6 Pericárdio (Xin Bao) e Triplo Aquecedor (San Jiao) ...................................44
3.7
Técnicas de Puntura ...............................................................................................45
3.8
Unidades de Medida ...............................................................................................47
3.9
Agulhas de Acupunura ...........................................................................................48
3.10
Pontos de Acupuntura ............................................................................................49
3.10.1 Pontos regulares .....................................................................................................50
3.10.2 Pontos extras ..........................................................................................................50
3.10.3 Pontos dolorosos (Ashi).........................................................................................50
4
5
3.11
Meridianos Energéticos ..........................................................................................51
3.12
Dismenorréia na visão da MTC.............................................................................53
TRATAMENTOS.............................................................................................................56
4.1
Tratamentos farmacológicos..................................................................................56
4.2
Tratamentos fisioterápicos .....................................................................................58
O LASER DE ARSENIETO DE GÁLIO A 904 nm.......................................................60
5.1
O Laser ...................................................................................................................60
5.2
Princípios básicos ...................................................................................................60
5.2
Interações com os tecidos biológicos ....................................................................62
5.2
Absorção e penetração das radiações infravermelhas ........................................63
6
TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA COM A UTILIZAÇÃO DOS PROTOCOLOS
DE ACUPUNTURA ................................................................................................................66
6.1
7
Pontos protocolados para o tratamento da dismenorréia ..................................66
QUESTIONÁRIOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NA SPM ......71
7.1
SF-36 - Medical Outcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey................71
7.2
Questionário de dor da McGill..............................................................................71
7.3
Escala de Sonolência de Epworth..........................................................................72
7.4
Escala Visual Analógica (EVA) .............................................................................72
8
JUSTIFICATIVA ............................................................................................................73
9
OBJETIVO DO ESTUDO...............................................................................................74
10
METODOLOGIA.............................................................................................................75
10.1
Seleção das voluntárias...........................................................................................75
10.2
Termo de consentimento livre e informado ..........................................................75
10.3
Procedimento de coleta dos dados .........................................................................76
10.4
Avaliação da dor e da qualidade de vida e de sono das voluntárias ..................76
10.5
O protocolo de tratamento .....................................................................................76
11
TRATAMENTO ESTATÍSTICO................................................................................78
12
RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................79
13
CONCLUSÃO..............................................................................................................90
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................91
ANEXO A - QUESTIONÁRIO SF-36 PESQUISA EM SAÚDE........................................101
ANEXO B - QUESTIONÁRIO DE DOR DE MCGILL ......................................................105
ANEXO C – ESCALA DE SONOLÊNCIA DE EPWORTH...............................................106
ANEXO D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO.........................107
ANEXO E – AUTORIZAÇÃO DO CEP...............................................................................109
15
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, pesquisas têm demonstrado que as radiações softlaser GaAs possuem
efeito antiinflamatório, analgésico, estimulante celular e modulador do tecido conjuntivo na
regeneração e na cicatrização de diferentes tecidos (ABERGEL et al, 1984; CRUAÑES,
1984; WANDERER, 1991; SCHMITT et al, 1993).,
O laser de baixa potência possui efeitos fotoquímicos, fotofísicos e fotobiológicos que
podem ser divididos em duas etapas: em curto prazo, as respostas teciduais podem ser
visualizadas minutos após a aplicação do laser e, em longo prazo, onde os efeitos são
observados em um período de horas ou dias após a irradiação (BRASILEIRO et al, 2004).
Assim sendo, as principais respostas encontradas após a irradiação laser são a
diminuição do processo inflamatório, através da inibição de fatores quimiotáticos, da
modulação dos níveis de várias prostaglandinas, da analgesia devido ao aumento do nível de
endorfinas (opióides, GABA e bradicinina), aumento do limiar da dor, aumento da
microcirculação local no sistema linfático, aumento da fagocitose e proliferação de
fibroblastos, originando uma elevação em até quatro vezes a sínteses de colágeno e a
epitelização (SAY et al, 2003, BRASILEIRO, 2004).
A terapia pela acupuntura consiste em buscar alivio para as dores, para preve nir doenças
através da inserção de agulhas promovendo a função dos canais de energia e regular as
funções energéticas dos órgãos internos e do sangue do corpo (FOCKS, 2008).
Conforme a medicina chinesa o corpo humano é considerado um micro universo
dividido em 14 trajetos longitudinais, que são os meridianos. Cada meridiano apresenta trajeto
definido, longitudinal, e número determinado de pontos em cada meridiano. Os pontos são
distribuídos simetricamente entre o lado direito e o esquerdo do corpo, exceto o Ren-Mai e o
Du-Mai, cada ponto tem denominação chinesa própria. O estímulo da acupuntura obedece aos
estímulos nervosos, uma vez que a maior parte das inserções localiza-se nas proximidades dos
nervos periféricos (YAMAMURA, 2003).
Estudos populacionais têm mostrado diferentes prevalências da Síndrome da Tensão
Pré-Mestrual (SPM), que variam entre 5 e 35%, conforme os critérios utilizados e o local
onde se realizam. (DEUSTER, 1999)
16
No Brasil, estudos em serviços mostram a prevalência da SPM entre 8% e 86%
dependendo da intensidade dos sintomas. Em estudo realizado em ambulatório de
ginecologia, os sintomas pré- menstruais relatados entre as mulheres com a forma grave
(43,3%), foram: irritabilidade (86%), cansaço (71%), depressão e cefaléia (62%, cada), sendo
que 95% apresentavam mais de um sintoma e 76%, associação de sintomas físicos e
psíquicos. (SILVA, 2006)
Deste modo, utilizamos o laser GaAs 904 nm em pontos de acupuntura para verificar
uma melhora no quadro de dor e na qualidade de vida e de sono em mulheres com SPM,
comparando-o ao uso das agulhas de acupuntura, verificando qual técnica é a mais apropriada
para a referida disfunção.
17
2 SÍNDROME DA TENSÃO PRÉ-MESTRUAL
2.1 HISTÓRICO
Há dez séculos antes de Cristo já existiam relatos que a perda de sangue pelo canal
vaginal está associada a sintomas de dor. A expressão dismenorréia surgiu do grego
significando a dificuldade de escoamento do fluxo menstrual (VIANA, 2001; VALADARES
2006)
Já há alguns séculos a menstruação é um ponto bastante discutido dentre os estudos
realizados sobre a mulher. Pontos importantes eram ressaltados e de certa forma decifrados
como, por exemplo, o caráter periódico e mensal do ciclo menstrual, que foi facilmente
correlacionado com as fases da lua, sendo assim observada então a regularidade menstrual
mensal. Porém, um ponto era considerado um mistério para os estudiosos e médicos da época:
a questão do sangramento durante esse período. Médicos da época acreditavam que o
sangramento se desse para conclusão de um processo de desintoxicação, porem vários mitos e
conotações negativas foram ligados a este processo, sendo que esses pensamentos sem
fundamentos variavam desde magias a presságios de má sorte (SPEROFF, 1995).
Acreditava-se que as mulheres neste período tornavam o vinho azedo, as sementes
secas, o ferro e o bronze oxidavam-se, a lâ mina de aço perdia o fio e as abelhas abandonavam
a colméia ao seu toque. Existem contos também que estas partiam agulhas, quebrava vidros e
paravam relógios, e em quase todo o mundo as mulheres eram afastadas e isoladas da
produção de alimentos (VIANA, 2001).
2.2 CONCEITO ATUAL E INCIDÊNCIA
Na atualidade para um grande numero de mulheres, o inicio do fluxo menstrual é um
fato regular, previsível e também individual e constante para estas, pois geralmente dura algo
em torno de 27 a 32 dias. Porém, algumas mulheres sentem em algum estagio de sua vida,
irregularidades e/ou incômodos ligados com a sua menstruação. Dentre esses problemas estão
18
a oligomenorréia, a polimenorréia, a menorragia, a hipomenorréia, a epimenorréia, a
amenorréia, e a disfunção mais comum e citada que é a dismenorréia. O termo dismenorréia
serve como compreensão a qualquer distúrbio que gere dor no período menstrual (POLDEN,
MANTLE, 2002).
A dismenorréia chega a atingir aproximadamente 50% das mulheres adultas, e em
adolescentes esses numero chega a 72%. Dentre as mulheres adultas que apresentam este
distúrbio, 5 a 10% sofrem de uma limitação de suas funções e atividades diárias normais por
um período de até três dias por mês graças à sintomatologia sofrida. Com esta limitação a
capacidade normal de trabalho e de estudo ficam também comprometidas. Essa interrupção
nas atividades da mulher acaba gerando um déficit econômico, onde o que parece ser de
pequena importância acaba sendo discutível e relevante. Estima-se que somente nos Estados
Unidos anualmente sejam perdidos cerca de 600 milhões de horas de trabalho, estes
decorrentes dos
sintomas
das
alterações
menstruais,
levando
a
uma
perda
de
aproximadamente 2 bilhões de dólares, o que faz com que o assunto se torne importante nos
centros de saúde publica (ALDRIGHI, 2005).
A dismenorréia é um dos casos médicos mais comuns na ginecologia. Esta se descreve
por uma dor aguda e intensa e tem como característica o inicio súbito, o aumento abrupto e a
duração curta. Essa dor pode ser cíclica, e quando é se refere à dor que ocorre com uma
associação definida ao ciclo menstrual, sendo que o fenômeno cíclico mais comum é
propriamente a dismenorréia ou me nstruação dolorosa como também é descrita. Quando essa
dor tem duração maior que seis meses, esta é considerada dor pélvica crônica, já possuindo
outro caráter levado mais pela dismenorréia congestiva (BEREK, 1998)
2.3 CLASSIFICAÇÃO
A dismenorréia pode ser classificada em dismenorréia primaria e dismenorréia
secundária (CONCEIÇÃO, 2005).
19
2.3.1 Dismenorréia Primaria
A dismenorréia primária ocorre na ausência de qualquer doença pélvica detectável. Esta
se apresenta como um quadro sindrômico que se manifesta no decorrer da menstruação e que
quando atinge sua forma completa, se caracteriza por cólicas uterinas, náuseas, vômitos,
cefaléia, cólicas intestinais, diarréia e dificuldades respiratórias. A condição clinica
fundamental são as cólicas uterinas que estão presentes em quase todos os casos,
(CONCEIÇÂO 2005).
Tantas são as hipóteses levantadas para tentativa de explicação das causas da
dismenorréia primária que esta síndrome chegou a ser denominada de doença das teorias. As
cólicas uterinas comumente apresentam-se associadas a outras manifestações clínicas de
diversos setores do organismo, principalmente do aparelho digestivo, levando a náusea e
vômitos. Alterações do nível de substâncias químicas durante o período menstrual foram
detectadas e pesquisas foram iniciadas para detectar qual poderia ser a substância que teria
ação não só nas manifestações uterinas, mas também nas manifestações sistêmicas da
síndrome. As investigações começaram a levar em conta que essa substância deveria estar
relacionada às modificações endometriais, pois mulheres afetadas por dismenorréia primária
apresentam ciclos menstruais ovulatórios e, consequentemente, seus endométrios são
secretores por ocasião da menstruação. Pesquisas clínicas desenvolvidas nos anos 70
evidenciaram que a prostaglandina F2alfa (PGF2alfa), os leucotrienos e a prostaciclina,
substâncias produzidas pelo endométrio secretor, comprovadamente participam na
fisiopatologia dos distúrbios desta síndrome. Estudos comprovaram que essas substâncias
somente causam o seu efeito negativo quando o material resultante da desagregação
endometrial permanece retido no interior da cavidade uterina por um tempo maior do que o
normal. A partir desta verificação surgiram teorias explicando a ação destas substâncias em
atuação às manifestações. Dentre estas a teoria da vasopressina, a das prostaglandinas, a dos
leucotrienos e das prostaciclinas foram as mais aceitas e discutidas no meio cientifico. A
dificuldade e os obstáculos para o escoamento normal do material menstrual foi levado em
consideração, pois é a partir deste que se inicia o processo negativo de algumas destas
substâncias, (PIATO, 2002).
20
2.3.1.1
Teoria das vasopressinas
A teoria das vasopressinas foi relatada por Warren e Hawker em 1967, que foram os
primeiros a descrever a atuação da vasopressina induzindo contrações uterinas disrítmicas e
dolorosas. Coutinho e Lopes em 1968 aprofundaram o estudo mostrando que este efeito é
intensificado na presença de progesterona. Durante o período menstrual os níveis de
vasopressina circulantes tendem a aumentar, e esse aumento da vasopressina associado à
progesterona presente, leva aos sintomas decorrentes a dismenorréia primária a serem
intensificados (CONCEIÇÃO, 2005).
2.3.1.2
Teoria das prostaglandinas
A teoria das prostaglandinas diz que estas são sintetizadas no endométrio e que
provocam contratilidade uterina aumentada levando à isquemia e decorrentemente à dor. Esta
ocorre de forma que as prostaglandinas são derivadas de um acido graxo, o ácido
araquidônico, este sendo convertido em endoperóxidos e por hidrólise em prostaglandinas E2
e F2alfa. A concentração destas prostaglandinas são maiores no sangue menstrual de mulheres
com dismenorréia primária e ao final da fase secretora do ciclo menstrual, sendo que este fato
promove instabilidade dos lisossomos das células endometriais, consequentemente liberando
enzimas como a fosfolipase-A que tem atuação na membrana celular. Deste modo, o ácido
araquidônico que é o precursor da síntese de prostaglandinas é também liberado. As
prostaglandinas então são as responsáveis pelas contrações uterinas alteradas (CONCEIÇÃO,
2005).
Existe um aumento de três vezes na concentração destas prostaglandinas no endométrio
na fase lútea em relação à fase folicular. Este aumento é ainda maior durante os dias do fluxo
menstrual. A maior parte desta formação se dá nas primeiras 48 horas, sendo este o pico dos
sintomas sofridos pela mulher. Ylikorka e Dawood (1978) mostraram que o endométrio
secretor em mulheres normais possui media de 2,5 ng/mg de prostaglandina F2alfa
(PGF2alfa), enquanto em mulheres que sofrem de dismenorréia esse numero chega a 18,5
ng/mg. Roth-Brandl estabeleceu uma ligação direta de que a PGF2alfa esta ligada aos
distúrbios sistêmicos da SPM, pois os resultados de pesquisas no qual era feito a
21
administração da substância PGF2alfa através de infusão venosa gota-a-gota em mulheres
fora do período menstrual, reproduziu as mesmas manifestações clínicas de uma mulher que
sofre do distúrbio durante o período menstrual (OLIVEIRA, 2001).
2.3.1.3
Leucotrienos
Os leucotrienos são compostos sintetizados pelo endométrio, através de atividade da via
5-lipoxigenase. Da mesma forma da PGF2alfa, os leucotrienos provocam aumento da
contratilidade uterina. Demers et al (1985) e de Ress et al (1987) citados por PIATO 2002,
admitem que os leucotrienos seriam responsáveis por parte dos casos de dismenorréia
primária graças a sua ação contrátil da musculatura lisa uterina, a qual leva a geração de
cólicas uterinas. O fato da ação contrátil dos leucotrienos explicaria a refratariedade ao
tratamento com inibidores de prostaglandinas em algumas pacientes (PIATO 2002).
2.3.1.4
Prostaciclina
As prostaciclinas são substancia também sintetizadas pelas células do endométrio
secretor e apresentam capacidade de provocar relaxamento de fibras musculares das camadas
lisas do endométrio. Desempenha seu papel na etiologia da dismenorréia primária quando se
apresenta rebaixada no organismo, pois uma vez diminuída não consegue inibir a ação
exercida pela PGF2alfa, deixando-a atuar sem ser antagonizada. (PIATO 2002).
2.3.1.5
Dificuldade para escoamento do fluxo menstrual
Na época de Hipócrates o material menstrual já era discutido e levantavam-se hipóteses
que a sua retenção na cavidade uterina seria o responsável pelas cólicas menstruais. Com o
passar dos anos vários procedimentos foram destinados a aumentar o calibre do canal
cervical, proporcionando assim eliminação mais rápida do material menstrual. Um estudo do
22
tono do istmo uterino realizado por Mann 1969 citado por PIATO 2002, em mulheres afetadas
por dismenorréia primária foi realizado com finalidade de verificar a freqüência de hipertonia
nesta região. Foi então verificado no estudo, que 85% das mulheres apresentavam istmos
hipertônicos dificultando assim no escoamento normal do fluxo menstrual. Outros fatores que
vêem sendo responsabilizados pela dificuldade no escoamento do material menstrual são a
estenose do canal cervical, hiperflexão entre o corpo e o colo do útero e sinéquias do canal
cervical (PIATO 2002).
2.3.1.6 Fisiopatologia da dismenorréia primária
Pela presença de um obstáculo impedindo um rápido escoamento do material menstrual,
as substâncias químicas existentes no mesmo são absorvidas através dos vasos endometriais
rotos e passam assim para a circulação sanguínea. A PGF2alfa e uma destas substâncias que
podem ser absorvidas graças ao não escoamento normal do produto menstrual. Essas
substâncias ocasionam alterações ao atingir desde o miométrio e as fibras musculares lisas do
intestino, ao aparelho digestivo e respiratório, levando então ao aparecimento dos sintomas da
dismenorréia primária. Um dos fatores que ocasionam as cólicas uterinas é a isquemia
miometrial, ocasionada pela contração exagerada do miométrio. Estudos realizados por Filler
e Hall 1970 citados por ALDRIGHI 2005, verificaram a freqüência e intensidade das
contrações uterinas. Em mulheres com dismenorréia primária a intensidade de contração
chegou de 150mmHg a 300mmHg enquanto em mulheres sem as características da síndrome
a intensidade foi de 120mmHg. A intensidade de contração foi levada como fator causador
das dores pelas cólicas uterinas. Outro fator que tem participação nas dores em cólicas é a
prostaglandina F2alfa, pois a substância torna as fibras do miométrio mais sensíveis a ação da
bradicinina (ALDRIGHI 2005).
2.3.2 Dismenorréia Secundaria
A dismenorréia secundária não reflete ligação direta com a idade de inicio dos sintomas,
pois esta ocorre anos após o inicio da menarca e se apresenta pela presença de uma dor
23
menstrual cíclica em associação com uma patologia pélvica subjacente. Tem como
característica a presença de dor que ocorre geralmente fora da menstruação sendo esta uma
dor pélvica iniciada uma a duas semanas antes da menstruação persistindo até alguns dias
após a cessação da hemorragia. Geralmente acomete mulheres com mais de 20 anos, com
exceção de mulheres que apresentem malformações uterinas, criando obstruções no normal
fluxo desde os primeiros ciclos menstruais. Esta se dá devido a várias patologias pélvicas
sendo que a principal delas e a endometriose seguida por adenomiose e pela colocação de
dispositivos intra-uterinos (HALBE, 2003).
A Endometriose é a segunda maior geradora de dor pélvica cíclica nas mulheres. É
caracterizada pela presença de tecido endometrial que se prolifera de forma incorreta em
locais fora da cavidade endometrial. Os espaços acometidos, mas comumente são: o fundo do
saco de Douglas (região atrás do útero), o septo reto-vaginal (tecido que se situa entre o reto e
a vagina), trompas, ovários, superfície do reto, ligamentos do útero, bexiga e parede da pélvis.
Associada a endometriose a dispareunia (intercurso doloroso) e a disquezia (dor com
movimentos intestinais) geralmente elevam ainda mais a dor durante o período pré-menstrual
e tem como sinais e sintomas o abdômen doloroso a palpação mais comumente nos
quadrantes inferiores (PALO, 2002).
Figura 1 – Locais mais comuns da endometriose
Fonte:http://www.astrazeneca.com.br/azws006/site/paciente/compreende_doenca/gineco/endometriose.
asp acesso em 23 de outubro de 2007
24
A Adenomiose, também conhecida como endometriose interna como a presença de
glândulas endometriais e estromas localizados no miométrio de forma profunda. Sua
incidência oscila entre 10 a 20%, porém alguns autores apresentam números ainda mais
elevados. Tende a ser mais freqüente em pacientes com idade acima de 40 anos e multíparas.
Ainda existem outras situações menos freqüentes, mas que também devem ser levadas em
consideração, pois podem levar aos mesmos sintomas de dor pélvica cíclica e dismenorréia
(VIANA, 2001).
As pacientes com adenomiose no período pré-menstrual sofrem de sensação de peso
pélvico e fortes dores associadas à sensação de pressão. O exame mais confiável e que
possibilita a realização de um correto diagnó stico é o ultra-som, que ao ser realizado apresenta
de forma visual o útero simetricamente aumentado de volume e por vezes amolecido, sendo
que a melhor realização do exame ocorre no período próximo a menstruação, ou seja, no
período pré-menstrual. Quanto maior for o comprometimento da parede posterior do útero, ou
este se localizar em posição de retroversão uterina, maior será o quadro álgico da mulher,
associado então a dores lombares e pressão retal. Pontos como formação de massa pélvica
concomitante (anomalias mullerianas), usuárias de DIU (Dispositivo Intra Uterino), fatores
emocionais e qualquer obstrução ou obstáculo para o escoamento do material menstrual
dentre outros, se tornam pontos importantes que devem ser considerados de grande rele vância
para se realizar o diagnó stico de forma correta (OLIVEIRA, 2001).
O DIU é um dos métodos contraceptivos mais eficazes disponíveis nos dias de hoje. A
China é o pais que apresenta maior utilização do método sendo que 50% das usuárias de
métodos contraceptivos utilizam o DIU. 70% da utilização de todas as usuárias de DIU no
mundo se encontram na China. O DIU apresenta alguns efeitos adversos sendo que os mais
comuns após sua inserção são o sangramento e a dor pélvica. Os dispositivos não medicados e
os de cobre levam ao aumento do sangramento menstrual em ate 55% dos casos,
provavelmente pela ação dilatadora endometrial. Dispositivos com progesterona causam um
processo de decidualização do endométrio, provocando diminuição do sangramento menstrual
(diminuição de 90% do fluxo em 1 ano). A dor ocorre devido ao aumento da liberação de
prostaglandinas pelo endométrio. O uso de inibidores de prostaglandinas leva a diminuição da
dor e do sangramento (MONTENEGRO 2005).
Dentre os diversos sintomas causados pela dismenorréia as dores nas costas e a dor
abdominal levam a um grande sofrimento durante o período menstrual especialmente quando
25
esta se manifesta já de uma forma crônica. A dor nas costas de instalação gradual tem uma
ligação direta com a área ginecológica e se dá na região localizada sobre a metade superior do
sacro e pode se estender lateralmente para glúteos e superiormente para região lombar. A dor
abdominal aparece de forma anterior podendo ser aumentada pela pressão. Raramente se
estende sobre a espinha ilíaca súpero-anterior e quando de origem uterina ela pode irradiar-se
para região medial das coxas (POLDEN, 2002).
2.4 A SPM E OS DISTÚRBIOS DO SONO
Durante o período de sono normalmente ocorrem de 4 a 5 ciclos bifásicos, com duração
de 90 a 100 minutos. O ciclo de sono é composto pelo sono REM (movimento rápido dos
olhos), e o sono NREM, aquele que não apresenta tais movimentos. O sono NREM é
constituído por estágios (1, 2, 3, 4) ao longo dos quais as ondas cerebrais vão
progressivamente diminuindo a freqüência e aumentando a amplitude. Os estágios 3 e 4 de
sono são denominados sono de ondas lentas (DEMENT, 1998)
Um estudo realizado confirmou o adiantamento de fase em relação ao sono no oscilador
circadiano que regula o fim da secreção noturna de melatonina em oito pacientes com SPM,
comparadas com mulheres controle. Dando seqüência à investigação, os autores propuseramse a corrigir o distúrbio circadiano com a utilização de fototerapia (luz de alta intensidade =
2,500 lux; 2 horas de exposição). Assim, seis pacientes com SPM foram submetidas a
fototerapia, administrada pela manhã ou à noite, durante a semana pré- menstrual de dois
ciclos
menstruais.
Esse
procedimento
adianta
ou
atrasa
os
ritmos
circadianos,
respectivamente. Então, esperou-se que o tratamento noturno resultasse na correção do
distúrbio circadiano de adiantamento de fase, implicando também na melhora do humor.
Como esperado, os resultados mostraram que somente a fototerapia à noite foi eficaz na
redução da sintomatologia (PARRY e col, 1990; PARRY e col, 1994).
A latência para o sono REM, considerada um marcador de ritmos biológicos, também
tem sido investigada durante as fases do ciclo menstrual. Relatos de uma redução pequena,
porém significante, durante a fase lútea, em comparação com a fase folicular, reforçaram a
proposição de uma correlação entre posição de fase e estado clínico: as mulheres que
apresentaram redução na latência para o sono REM durante a fase pré- menstrual mostraram-
26
se sintomáticas durante o mês de estudo (n=3), ao contrário daquelas cujas medidas foram
normais (n=2) (PARRY e col, 1989; LEE e col, 1990; SEVERINO, 1993)
2.5 A SPM E O IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA
Tradicionalmente, o conceito de qualidade de vida era delegado a filósofos e poetas: no
entanto, atualmente existe crescente interesse de médicos e pesquisadores em transformá- lo
numa medida quantitativa que possa ser usada em ensaios clínicos e modelos econômicos e
que os resultados obtidos possam ser comparados entre diversas populações e até mesmo
entre diversas patologias (BOWLING; BRAZIER, 1995).
Qualidade de vida é a “percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da
cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações” (CICONELLI, 2003).
A avaliação da qualidade de vida ou do impacto das doenças pode ser feita através de
questionários padronizados, nos quais são designados escores para as várias questões
envolvidas. Estes instrumentos podem ser classificados em genéricos e específicos. São
questionários genéricos aqueles desenvolvidos com a finalidade de refletir o impacto de uma
doença sobre a vida de pacientes em uma ampla variedade de população. Avaliam aspectos
relativos à função, à disfunção e ao desconforto físico e emocional (CICONELLI, 2003).
São específicos aqueles capazes de avaliar de forma individual, determinados aspectos
da qualidade de vida, proporcionando uma maior capacidade de detectar melhora ou piora do
aspecto específico em estudo. Sua principal característica é seu potencial de ser sensível às
alterações após uma determinada intervenção (YUNUS, 1992).
No Brasil, estudos em serviços mostram a prevalência da SPM entre 8% e 86%
dependendo da intensidade dos sintomas. Em estudo realizado em ambulatório de
ginecologia, os sintomas pré- menstruais relatados entre as mulheres com a forma grave
(43,3%), foram: irritabilidade (86%), cansaço (71%), depressão e cefaléia (62%, cada), sendo
que 95% apresentavam mais de um sintoma e 76%, associação de sintomas físicos e
psíquicos. (DIEGOLI e col, 1994; NOGUEIRA, 1998)
27
Os sintomas emocionais mais evidentes da SPM são: tristeza, raiva, irritabilidade,
nervosismo, confusão, isolamento social e cansaço; e os sintomas físicos foram: mastalgia,
distensão abdominal, cefaléia, inchaço em mãos e pernas, aumento de peso e dores articulares
ou musculares. De acordo com os critérios propostos no DSM-IV8 considera-se como SPM a
presença de cinco dos sintomas acima, sendo que entre esses, pelo menos um deles deveria ser
tristeza, raiva, nervosismo ou irritabilidade, acompanhado de dificuldades no relacionamento
em casa, falta ao trabalho ou à escola, o que justifica a perda de qualidade de vida das
acometidas pela SPM (FREEMAN, 2003)
28
3 ACUPUNTURA NA SPM
3.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC)
A acupuntura é uma técnica das várias da medicina chinesa. Sua denominação vem do
latim acus= agulha e puntura= picada, denominação esta que foi introduzida no ocidente
pelos jesuítas após retornarem da China. A técnica da acupuntura se dá pela inserção de
agulhas em determinados pontos corporais privilegiados, presentes em caminhos energéticos
conhecidos como meridianos, estes tendo o poder de restabelecer o equilíbrio energético
corporal, e através deste reequilíbrio evitar e tratar doenças (MANN, 1994).
3.2 HISTÓRICO
Mesmo sem documentos que comprovem a origem da técnica, estima-se que esta seja
muito remota, desenvolvendo-se há aproximadamente 3000 anos antes de Cristo. O primeiro
nome guardado pela tradição foi o Fu Hi (2953 a.C.) fundador da civilização chinesa. Fu Hi
foi apontado como o criador dos 8 hexagramas do livro das mutações I-Ching. Os
conhecimentos foram sendo repassados de forma oral de dinastia por dinastia ate chegarem a
dinastia Chou (1122 a 256 a.C.) onde foi achado uma obra escrita entre 500 – 300 a.C., obra
esta sem autor conhecido. Estima-se que tenha sido desenvolvida por vários médicos, porém
sua autoria foi atribuída ao lendário Hungdi Neijing. O livro se subdivide em duas partes: Su
Wen (questões simples) e Ling Shu (eixo espiritual). Este ainda descreve toda a base da
medicina chinesa como a teoria do Yin-Yang, os cinco elementos e Zang Fu. Graças à época
de origem, o livro possui uma linguagem de difícil interpretação onde ocorrem à mistura de
princípios filosóficos e terapêuticos e especulações folclóricas e místicas (MANN, 1994)
A acupuntura foi ganhando referências onde então a técnica começou a ser conhecida
também fora da China. Durante o século V d.C., a acupuntura fo i veiculada para a Coréia e,
dois séculos após para o Japão. Com o passar do tempo os conceitos da medicina chinesa
começaram a ser entendidos e traduzidos alcançando paises como à Alemanha e França
durante o século XVII. Atualmente a acupuntura é muito difundida em todo o mundo sendo
29
ensinada e praticada em diversos paises. A técnica chegou ao Brasil através de imigrantes
orientais da China e do Japão estes que se estabeleceram principalmente no sul e sudeste do
país, porém a técnica se engrandeceu no Brasil após a chegada do professor Frederico Spaeht
que vindo da Europa na década de 50 trazia os conhecimentos da acupuntura, e com isso,
fazendo grande clientela em pouco tempo. Graças a sua fama pela ótima obtenção dos seus
resultados, chamou a atenção da classe médica para a técnica. Os atendimentos com a
utilização da técnica de acupuntura não necessitam de grande estruturação de ambiente e vão
desde clínicas privadas a ambientes universitários sendo que no Brasil a técnica é reconhecida
como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995, e três anos mais
tarde pela Associação Medica Brasileira. (PAI, 2004)
3.3 ACUPUNTURA
A acupuntura é um importante procedimento que compõe a medicina tradicional
chinesa (MTC). Mesmo sendo um dos mais importantes procedimentos da MTC o seu uso
quando associado a outras técnicas se torna ainda mais eficaz. A utilização de recursos
térmicos durante o processo de puntura é uma das várias associações que podem ser feitas
durante um tratamento. Uma das utilizações deste recurso térmico e através da queima do pó
de uma planta chamada Artemísia vulgaris ou sinensis, sendo que esta técnica é conhecida
como moxabustão. A técnica da acupuntura tem a finalidade de levar a prevenção e o
tratamento de doenças apenas punturando certos pontos privilegiados do corpo utilizando um
equipamento bastante simples, que é a agulha fina. Graças a sua eficácia e ao baixo custo do
equipamento, esta técnica se tornou extremamente popular na China a milhares de anos. O
inicio do desenvolvimento da arte compõe um longo processo histórico que foi baseado na
experiência de séculos do povo trabalhador chinês na luta contra as doenças. As primeiras
realizações de tratamento através de acupuntura foram realizadas com agulhas talhadas em
pedras. Com o desenvolvimento da sociedade humana e a saída da era da pedra e entrada na
era do bronze e do ferro, agulhas foram elaboradas com a utilização destes metais,
substituindo assim as agulhas de pedra. Com a continuidade do desenvolvimento da sociedade
os instrumentos de puntura se aprimoraram, levando assim ao refinamento das técnicas de
acupuntura. (AUTEROCHE, 1996).
30
3.4 PENSAMENTO CHINÊS E OCIDENTAL
A atividade vital de um homem tem uma estreita semelhança com a energia do céu.
Ao se tratar da doença, deve-se seguir a lei a disciplina do céu e da terra senão a
atividade vital do paciente pode ser prejudicada ocorrendo imediatamente uma
calamidade, (QIBO citado por WANG, 2001).
A grande dificuldade para os estudantes ocidentais da MTC está na enorme diferença
dos padrões de pensamento do oriente. Poucos profissionais ocidentais conseguem lidar com
o modo de pensar da técnica na sua forma original, não considerando os conceitos abstratos e
filosóficos da técnica. Muitos estudantes de MTC adotam uma postura mental ocidental e
tentam criar relações e explicações ocidentais com os conceitos chineses, resultando assim no
não entendimento da técnica na sua forma real. Quanto mais o profissional deixar de lado os
conceitos ocidentais e aproximar-se dos conceitos orientais, maior será a obtenção de
resultados devido ao entendimento real filosófico da técnica. Geralmente os pensamentos
ocidentais não tendem a procurar padrões globais, nem tende a olhar o todo ou partes de um
todo. Em termos relativos, o pensamento ocidental tende a ser redutivo e analítico, ao passo
que o pensamento chinês tende a ser sintético e intuitivo. Enquanto a ciência do ocidente tenta
reduzir os fenômenos aos componentes lineares de causa e efeito o chinês experimenta uma
síntese de combinações de fenômenos. A medicina ocidental tende a isolar um único fator
causador, ou seja, reduzir ao mais simples possível, enquanto a MTC trata o individuo como
um todo, tratando então as disfunções e não somente o paciente. O pensamento ocidental
então considera os extremos de um aspecto, porém no pensamento chinês entre os extremos
existe uma continuidade de transformações. Mesmo os pensamentos do ocidente e do oriente
tendendo cada um ao seu raciocínio, estes apresentam entrelaçamentos mostrando elementos
comuns entre essas duas culturas. Cada um dos sistemas apresenta suas virtudes e fraquezas, e
ambos tendo se desenvolvido dentro da área especifica do conhecimento humano levam a
uma forma de tratamento visando sempre a recuperação do paciente, mesmo um tendo a
forma mais intuitiva de agir e o outro a forma mais racional. A cultura e o modo de pensar de
ambas as medicinas devem ser consideradas, porém para a prática da MTC, não se pode
querer conciliar muito os conhecimentos senão, estes levam a confusões e malefícios na hora
do entendimento e pratica do tratamento tradicional chinês, (ROSS 1994).
31
3.5 BASE DA MTC
A concepção filosófica chinesa é a base de todo o seu entendimento. A explicação e o
entendimento de como estes visam a globalidade de integração natureza-ser humano e os
fundamentos do universo se baseiam em três pilares básicos: a teoria do Yin/Yang, dos cinco
movimentos e dos Zang Fu (órgãos e vísceras), (YAMAMURA, 2003).
3.5.1 Teoria do Yin/Yang
A Teoria do Yin-Yang foi criada na ve lha China e possui seus conceitos básicos
presentes no mais antigo livro originário do extremo oriente: o livro primordial. A base da
teoria se dá pelas mutações constantes encontrada nas coisas e seres do universo, sendo esta a
regra básica para sua coexistência. Através deste pensamento observa-se uma alternância de
oposição e complementação entre diversos fatores e acontecimentos do dia a dia
(AUTEROCHE 1992).
O Yin e o Yang são tanto estágios opostos de um ciclo como estados de agregação. É
esta contradição interna que leva a constituição da força motriz de toda a modificação,
desenvolvimento e deterioração das coisas. Nada é totalmente Yin ou totalmente Yang. A
oposição é relativa e não absoluta, pois tudo contém a semente do seu oposto. A teoria do Yin
e do Yang considera o mundo como um todo sendo resultado da unidade contraditória destes
dois princípios, o Yin e o Yang. (AUTEROCHE 1992).
Tome o Yin-Yang do céu e da terra para fazer uma analogia com o Yin-Yang do
corpo humano: Quando o Yin e o Yang da terra se combinam viram chuva; quando
a energia vital e o sangue de um homem se unem, fazem suar; por isso o suor de um
homem e chamado de chuva. A energia yang circula pelo corpo todo e a energia do
vento se espalha pela terra, por isso a energia do homem e chamada de vento do céu
e da terra. A energia do temperamento violento num homem é como o ribombar de
um trovão e a energia em contra corrente se parece com a ascensão do yang, (QIBO
citado por WANG, 2001).
A observação mais antiga do fenômeno Yin-Yang deve ter se originado através dos
camponeses em observação a alternância cíclica entre o dia e a noite. Desta maneira o dia
32
corresponde ao Yang e a noite ao Yin. O passar do dia demonstra essa alternância, o dia
pertence ao Yang, porém ao alcançar seu pico ao meio dia, o Yin dentro dele, começa
gradualmente a se manifestar, e este vai se manifestando até se apresentar em total,
estabelecendo assim à noite (Yin). Após chegar ao seu pico na meia noite o Yang presente
também dentro do Yin começa a se restabelecer retomando então novamente sua presença ate
ser novamente substituído. Esse processo demonstra a alternância cíclica e contínua dos dois
elementos. Cada fenômeno pode pertencer ao Yin ou ao Yang, porém sempre existirá uma
semente do estagio oposto em si. A partir deste ponto de vista, Yin e Yang são dois estágios
de um movimento cíclico, sendo que um interfere constantemente no outro levando assim ao
um movimento cíclico e constante (MACIOCIA, 1996).
Figura 2 -Tai Tji Yin-Yang Fonte: (MACIOCIA 1996,p. 3)
Figura 3 - Apresentação das formas Yin-Yang Fonte: (MACIOCIA 1996,p.5 )
33
Figura 4 - Apresentação do Yin-Yang no ciclo do dia Fonte: (MACIOCIA 1996,p. 5)
Embora o Yin e o Yang sejam forças opostas, estes também são interdependentes, pois
um não pode existir sem o outro. Tudo contém as forças opostas que são mutuamente
exclusivas, mas que ao mesmo tempo dependem uma da outra. Não pode haver atividade sem
descanso, energia sem matéria, contração sem expansão e dia sem a noite (ROSS, 1994).
Tabela 1 - Yin-Yang
Yang
Yin
Luminosidade
Escuridão
Sol
Lua
Brilho
Sombra
Atividade
Descanso
Céu
Terra
Redondo
Plano
Tempo
Espaço
Leste
Oeste
Sul
Norte
Esquerda
Direita
Fonte: Maciocia (1996).
34
Para ocorrer o equilíbrio corporal, os níveis energéticos de Yin e Yang devem estar
também em constante equilíbrio. Se um modifica sua proporção de existência,
consequentemente altera a existência do seu oposto. O consumo de Yin leva a um ganho de
Yang enquanto o consumo de Yang leva a um ganho de Yin. A alteração no estado de
equilíbrio entre estas duas forças é que leva a um enfraquecimento do organismo, levando a
uma predisposição e instalação de alguma doença. Certas circunstâncias e em certos estágios
energéticos de desenvolvimento, a energia Yin e a energia Yang podem transformar-se em
seu oposto, processo esse conhecido como intertransformação. Quando um certo limite é
alcançado, uma mudança no seu sentido oposto é inevitável, fator este demonstrado pelo
exemplo da chegada do calor da primavera quando o inverno apresenta seu clímax ou o frio
do outono que se apresenta quando o calor do verão atingiu o máximo. Em exemplo clínico é
uma febre alta, que pode levar a uma baixa súbita de temperatura corporal, palidez e
extremidades frias mostrando a mudança de caráter energético de Yang (febre) para Yin (frio)
(YAMAMURA, 2003).
3.5.2 Teoria dos cinco elementos
O segundo pilar da filosofia e da MTC é a teoria dos cinco elementos ou 5 movimentos.
A concepção dos cinco elementos tem como base a evolução dos fenômenos naturais,
mostrando a dominação de vários aspectos que compõem a natureza. Essa teoria é um antigo
conceito filosófico que explica a composição e os fenômenos físicos do universo, porém foi
utilizada pela MTC para expor a unidade do corpo humano e o mundo natural, também
apresentando o inter-relacionamento fisiológico e patológico energético no corpo. O termo
Wu Xing, que significa Wu – cinco e Xing – fase, refere-se a 5 princípios do universo
simbolizados por 5 elementos, sendo eles: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. Cada
elemento possui sua característica própria e se encontram em constante movimento de
geração e dominância entre si, constituindo então o que foi denominado de cinco movimentos,
(YAMAMURA, 2003).
Água e Fogo, é o que bebe e come o povo. Metal e Madeira, é o que ele produz.
Terra é o que gera os dez mil seres, o que é útil ao homem, registros no livro Shang
Shu Da Chuan citados por Auteroche 1992.
35
Auteroche (1996)
diz que cada elemento possui seu movimento sendo estes
movimentos:
•
Movimento da água: Caracteriza fenômenos naturais de retração, profundidade,
frio, declínio, queda e eliminação. É o ponto de partida e de chegada da
transmutação dos movimentos. Tem características Yin, pois é pesada, parada,
de tão pesada escorre, flui, cai, não tem forma própria, conforma-se àquilo que a
contém. A água presente nos rins que são o celeiro da vida se apresenta em
aproximadamente 80% do corpo humano. Quando nos sentimos letárgicos, sem
vontade, sem determinação, desanimados, desistindo diante da menor
dificuldade, apresentando medo da vida e das pessoas e com o frio tomando
conta do nosso corpo e uma angustia e sensação de sufoco como se o fluxo da
vida estivesse cercado de obstáculos e paredes ao nosso redor, quer dizer que
estamos mal de água. O seu sabor é representado pelo salgado e tende a emoção
do medo (HIRSCH, 2003).
•
Movimento Madeira: Representa o aspecto de crescimento, movimento,
florescimento, síntese. É o movimento de energia vital, pois tem o poder de
subir, crescer, abrir caminho para obter lugar ao sol, da mesma forma que uma
árvore brota na primavera. O ser humano e dessa forma, nossos pés se firmam na
terra e mantemos a postura ereta e crescemos durante a vida. Qualquer distúrbio
ligado a articulações, músculos e membros mostra um desequilíbrio de madeira.
Tem como representação o sabor ácido, e a sua emoção é a raiva, (HIRSCH
2003).
•
Movimento Fogo: Se caracteriza por todos os fenômenos naturais de ascensão,
desenvolvimento, expansão e atividade. A sua energia vital é exuberante como o
sol do meio dia, que também está presente em nós, irradiando calor humano
através de sentimentos e produzindo alegria. Qualquer problema envolvendo a
troca de calor humano revela desequilíbrio em fogo. O fogo é leve e solto, e
desta maneira tende a característica Yang. A euforia, hiperexcitação, língua
embolada não conseguindo falar de uma maneira compreensível são
características que o coração esta desregulado. Para os chineses, coração e mente
são a mesma coisa, pois os pensamentos são movimentos do coração e se este se
encontra em equilíbrio tudo é regido por boa vontade e bons sentimentos.
36
Apresenta o sabor amargo como o de padrão característico. Sua emoção é a
euforia, hiperexcitação, (YAMAMURA, 2003).
•
Movimento da Terra: Os fenômenos naturais que se traduzem por transformação,
mudanças, são característicos do movimento da terra. A terra é o chão onde
pisamos, sendo nossa base, nosso sustento, nossa fonte de extração de força, a
energia vital tende a passar por essa fase com estabilidade de centralização antes
de voltar ao movimento. No nosso ser a terra esta relacionada com o centro do
nosso corpo, sendo o centro da atividade mental que gera idéias, opiniões e
capacidade de reflexão. É o centro que nos envolve, a carne que reve ste nossos
músculos e que nos dá a aparência e identidade corporal. Terra em harmonia faz
a pessoa alcançar o estado de paz consigo mesma. Boca, lábios e tudo que está
envolvido com o comer também está envolvido com a terra. Tende ao sabor doce
e sua emoção negativa quando desarmonizada é a preocupação (CARNEIRO,
2003).
•
Movimento do Metal: Caracteriza-se pelos processos naturais de purificação, de
seleção, de análise e de limpeza. No outono as folhas secas caem, as castanhas e
sementes vão para os celeiros garantir as refeições do inverno. O metal em nós
representa a eterna colheita. A energia vital nesse movimento e descendente,
pesada e tende a purificar e limpar, assimilando o essencial e descartando o
inútil. Tudo o que consideramos de precioso é designado ao metal. O pulmão e o
intestino grosso que são os órgãos metal demonstram essa obtenção do essencial
e liberação do inútil, pois estes realizam a captação do ar e o esvaziamento do
intestino respectivamente ao qual sem esse trabalho não existiria vida. O sabor
atribuído ao metal é o picante e a sua emoção tende a ser a melancolia e a
depressão (AUTEROCHE, 1996).
Os cinco movimentos de acordo com suas características próprias e naturais que
apresentam guardam entre si uma inter-relação que permite posicioná- los adquirindo assim
um processo designado pelo critério de geração. O movimento da água gera o movimento
madeira, este alimentando o movimento fogo, a qual gera o movimento terra. A terra por sua
vez leva ao movimento metal que gera o movimento água (YAMAMURA, 2003).
37
Figura 5 - Ciclo dos 5 elementos.
Fonte: http://www.espacodealternativas.blogspot.com/2007/06/o-que-mtc.html
acesso em: 28 de outubro de 2007.
Os cinco movimentos executam uma produção recíproca que significa que estes se
produzem mutuamente favorecendo também ao seu crescimento respectivo. Quando esta
produção se encontra em harmonia todo o ser também está em harmonia. Além da produção
recíproca existe também a dominação recíproca. O elemento a qual esta sendo produzido
domina o seu antecessor mantendo o padrão de produção através de sua restrição. O processo
de produção e dominação recíproca são processos inseparáveis, pois sem produção não há
aparecimento e desenvolvimento das coisas, mas sem dominação não se pode manter as
transformações e o desenvolvimento em uma produção equilibrada. Na produção há restrição
e na restrição há produção. Porém esse acontecimento harmônico pode ser alterado por
situações anormais de crescimento e transformação dos elementos, sendo essas as relações
conhecidas como Cheng e Wu. Cheng aproveita-se do fraco e tem o sentido de agredir
enquanto Wu significa ultrajar pela sua força aquilo que é fraco. Na relação Cheng o elemento
domina o outro de modo excessivo, ultrapassando o grau normal de regulação, levando a uma
falta de coordenação normal entre dois elementos. Na relação Wu a dominação mútua fez-se
em corrente contrária, sendo um reverso do controle onde leva o nome de “contra
38
dominação”, sendo considerada também pela falta de coordenação entre dois elementos
(CHONGHUO, 1993).
A relação dos elementos com o corpo humano se estende, pois cada elemento possui um
órgão com suas características, a qual então foi designada uma relação. Graças às
propriedades de cada um dos elementos, podem-se explicar as particularidades de cada
atividade fisiológica destes órgãos (YAMAMURA, 2003).
•
Fígado: Tem a função de drenar e de ser regulador, na natureza a madeira produz
e faz crescer, tendo então relação direta com a função do órgão. Portanto o
fígado pertence à madeira.
•
Coração: Órgão que corresponde a movimento e aquecimento graças ao Yang
que faz a função de aquecer. Na natureza o Fogo exerce a mesma função,
levando então o coração a pertencer ao fogo.
•
Baço: Origem dos nascimentos e transformações, sendo que esta mesma função
e exercida na natureza pela terra, levando o baço a pertencer a terra.
•
Pulmão: Com sua função de purificar e fazer descer tem grande correspondência
com o metal, pois a natureza do metal é a sua pureza. Eis porque o pulmão
pertence ao metal.
•
Rins: Tem a função de controle da água. A natureza da água é umedecer,
portanto os rins pertencem a água (AUTEROCHE, 1992; HIRSCH, 2003).
3.5.3 As substâncias
“O céu tem 3 tesouros; o sol, a lua e as estrelas, a terra possui 3 tesouros; a água, o
fogo e a terra; a existência humana e iluminada por 3 tesouros; Jing, Qi e Shen. A
aplicação correta dos 3 tesouros liberta-nos para a eternidade.”, She Zheng Cong
Mai citado por MANN (1994).
Na MTC existem substâncias essenciais a vida. Dentre essas substâncias 5 são
consideradas substâncias básicas da medicina chinesa. O conhecimento dessas substâncias é
primordial, pois todos os estudos subseqüentes dependem do seu total entendimento (ROSS,
1994).
39
A tradução destas substâncias é uma grande responsabilidade, pois muitas vezes a
complexidade da língua chinesa induz erros de tradução. A tradução será feita de forma que
sempre será tentado elucidar os determinados conceitos na sua forma mais original. Na
medicina ocidental tudo é enfatizado na estrutura anatômico- fisiólogica, inclusive o estudo de
estruturas e compostos da bioquímica como sangue e linfa. Na MTC pouco se preocupa a
estrutura, a histologia ou a composição química, o importante sim são as funções e relações
apresentadas entre elas, chamadas de inter-relacionamentos de substâncias (MANN, 1994).
3.5.3.1 O Qi
O Qi é a energia, concepção integrada à matéria. Na concepção chinesa a matéria e a
energia são uma manifestação contínua de um aspecto, a composição do universo, levando a
estabelecer atributos tanto energéticos quanto materiais ao Qi. Para o chinês só existe uma
energia que é a matéria fundamental que constitui o universo, e tudo no mundo é resultado de
seus movimentos e transformações. Tanto o microcosmo como o macrocosmo são formados
por somente uma energia : o Qi (AUTEROCHE, 1992).
3.5.3.2
O Shen
O Shen é o espírito, a mente, algo integrado ao corpo ou ao espiritual em integração a
matéria. O termo espírito na tradução ocidental é algo oposto a matéria, mas no contexto da
MTC este apresenta aspectos materiais. O Shen está presente no brilho dos olhos e este é
responsável pela habilidade de pensar, raciocinar e discernir. Na MTC a consciência não
reside tanto no cérebro, mas sim no coração, por isso diz-se que o Shen tem sua moradia ao
lado do coração. É o Shen que faz com que cada pessoa seja um individuo único. Este
originalmente vem dos pais, e após o nascimento o meio ambiente, atos, pensamentos e estilos
de vida influenciam no Shen (MANN, 1994).
40
3.5.3.3
O Xue
O Xue é o sangue, mas algo que extrapola o conceito ocidental em seus parâmetros
preciosos de bioquímica e de histologia. Embora o Xue e sangue partilhem alguns atributos
comuns, fundamentalmente, o Xue é um conceito diferente, mais amplo e funcional (MANN,
1994).
3.5.3.4 O Jing
O Jing é considerado a essência. Este conceito e puramente chinês e em tentativa de
tradução a um conceito moderno e considerado o código genético (por ser derivado dos pais).
Mas este possui uma aplicabilidade funcional e energética no corpo. É dividido em Jing prénatal e Jing pós- natal. O Jing pré-natal e derivado dos pais e fornecido no momento da
concepção, já o Jing pós-natal é formado pela fração purificada da transformação de produtos
dos alimentos e bebidas (ROSS, 1994).
3.5.3.5 O Jin Ye
O Jin Ye são os líquidos corporais. Estes englobam a totalidade dos líquidos normais do
corpo. Abrangem as diferentes formas líquidas como líquidos do estômago, articulações,
intestino e os líquidos excretados por alguns órgãos tais como lágrimas, remelas, suor, urina e
saliva (AUTEROCHE, 1992).
3.6 ZANG FU
O termo Zang = Órgãos e Fu = Vísceras formam o âmago central da MTC. Situam-se no
centro da estrutura organizacional do corpo. A concepção da MTC sobre os órgãos internos é
diferente daquela do ocidente sendo que para entendimento deste conceito e necessário aderir
aos conceitos e padrões do pensamento chinês e não misturar estes conceitos com qualquer
41
outro sistema. No passado houve uma considerável confusão sobre a compreensão dos termos
chineses para órgãos e vísceras, pois a tradução para termos ocidentais era realizada sendo
que esta não cabe aos termos utilizados nos Zang Fu (ROSS, 1994).
A função dos Zang Fu é a de receber alimentos, ar e bebidas do ambiente externo
transformando estas em substâncias a qual vão circular pelo corpo e pela superfície deste,
mantendo uma integração harmoniosa entre corpo e ambiente externo (MANN, 1982).
Os órgãos (Zang), não possuem comunicação direta com o meio exterior, tem a função
de armazenar a essência dos alimentos, que proporcionam o dinamismo físico, visceral e
mental. São estruturas geradoras e transformadoras de energia e de Shen (consciência) que
constitui no exterior, a manifestação da energia interior. Já as vísceras (Fu) constituem
estruturas tubulares e ocas, sendo estes mais externos. Tem função de receber, transformar e
assimilar os alimentos. Promove também à eliminação de dejetos e são englobadas por um
elemento altamente energético: o Yang do Yang (YAMAMURA, 2003).
Os aspectos energéticos dos Zang Fu, são responsáveis pela integridade do corpo.
Estando estes em harmonia energética todo o desempenho funcional se manterá em
normalidade. Os cinco Zang – Xin (coração), Fei (pulmão), Pi (baço/pâncreas), Gan (fígado),
e Shen (rins), são o coração da medicina chinesa e são mais importantes do que os seis
sistemas Fu. A percepção dos padrões de doença dos cinco sistemas Zang forma m o tema
central de diagnóstico e de tratamento da MTC Cada órgão possui uma víscera como
acoplado criando 6 pares de acoplados, o Xin Bao (pericárdio) foi acrescentado aos cinco
Zang representando o invólucro externo que tem a função de proteger o coração
(YAMAMURA, 2003).
Tabela 2 – Zang Fu
Palavras
Zang
Chinesas
Aproximação
Abreviação
Palavras
Fu
Chinesas
Aproximação
portuguesa
Abreviação
portuguesa
Shen
Rins
R
Pang Guang
Bexiga
B
Pi
Baço/Pâncreas
BP
Wei
Estômago
E
Gan
Fígado
F
Dan
Vesícula Biliar
VB
Xin
Coração
C
Xiao Chang
Intestino Delgado
ID
Fei
Pulmão
P
Da Chang
Intestino Grosso
IG
Xin Bao
Pericárdio
CS
San Jiao
Triplo Aquecedor
TA
Fonte – ROSS (1994).
42
3.6.1 Os órgãos (Zang) e seus acoplados (Fu)
Os acoplamentos dos sistemas têm importância clínica considerável, sendo que cada um
exerce uma determinada função e tem grande importância na promoção da normalidade
energética corporal (ROSS, 2003).
3.6.1.1 Rins (Shen) e Bexiga (Pang Guang)
Os estudos sobre Zang Fu iniciam-se com o estudo dos rins, pois este é o órgão raiz da
vida, do Qi e base do Yin e Yang e da água e fogo no corpo (AUTEROCHE, 1992).
Os rins possuem as determinadas funções:
•
Armazenam a essência ou a energia ancestral (Jing)
a- Controlam o nascimento, crescimento, desenvolvimento e reprodução
b- Controlam os ossos
•
Base do Yang e do Yin
•
Controlam a água
•
Controlam a recepção do Qi
•
Abrem-se nos ouvidos e manifestam-se nos cabelos. Controlam os orifícios
inferiores.
Fonte: ROSS 1994
A bexiga exerce a função de armazenar e transformar previamente os líquidos do corpo
para serem excretados pela urina. A função da bexiga depende do Qi dos rins e se este estiver
deficiente pode gerar uma enurese, incontinência urinaria e outros fatores que envolvam
líquidos corporais (CARNEIRO, 2003).
3.6.1.2 Baço/Pâncreas (Pi) e Estômago (Wei)
O baço e considerado um importante órgão no ponto de vista energético chinês, pois o
Qi do baço é considerado a base da vida pós-Natal depois do Qi do Rim que é à base da
energia pré-natal (ROSS, 1994).
43
As funções do baço/pâncreas são:
•
Regular a transformação e o transporte
•
Regular a parte carnosa dos músculos e membros
•
Governar o sangue
•
Manter os órgãos fixos
•
Abre-se na boca e manifesta-se nos lábios
•
Metaboliza a umidade e a mucosidade.
Fonte: (ROSS 1994)
O estômago como acoplado tem a função de receber a comida e bebida e possui
características Yang sendo que sua energia Qi tende a descender. Quando sua energia ascende
ocorre, por exemplo, o vô mito, demonstrando assim como a inversão do fluxo energético cria
uma desarmonia corporal, este tendo que sempre seguir sua função norma l e destinada
(MANN, 1994).
3.6.1.3 Fígado (Gan) e Vesícula Biliar (Dan)
O fígado possui importantes funções na MTC sendo que este e o grande harmonizador
corporal graças ao desempenho das seguintes funções:
•
Harmoniza o livre fluxo de Qi
•
Armazena o sangue
•
Harmoniza os tendões e ligamentos
•
Abre-se nos olhos e manifesta-se nas unhas.
Fonte: (ROSS 1994)
A Vesícula Biliar armazena a bile produzida pelo fígado, soltando-a periodicamente de
modo que ela desça para o intestino delgado (Xiao Chang) para ajudar na digestão. O fígado e
a vesícula biliar estão intimamente ligados de modo que é difícil separá- los em suas funções e
nas suas desarmonias, sendo assim as desarmonias da vesícula biliar estão ligadas
intimamente ao fígado e vice-versa (CARNEIRO, 2003).
44
3.6.1.4 Coração (Xin) e Intestino Delgado (Xiao Chang)
O coração tem a função de comandar os vasos sanguíneos (Xue Mai), armazenar o Shen
(Espírito vital), e sua abertura esta na língua apresentando sua manifestação na face. É
protegido dos ataques no civos pelo invólucro do coração (Xin Bao Luo) (AUTEROCHE,
1992).
O Intestino Delgado tem a função de receber, separar, absorver e encaminhar os
alimentos. Uma vez que apresente uma disfunção nessa víscera alterações no movimento
intestinal podem surgir graças a perda da normalidade energética corrente nesse acoplado
(AUTEROCHE, 1992).
3.6.1.5 Pulmão (Fei) e Intestino Grosso (Da Chang)
O pulmão (órgão impar para os chineses) mesmo sendo um Zang, é o que mais possui
contato com o meio externo. Possui importantes funções como a formação de Qi através da
respiração alé m de:
•
Harmonizar o Qi e controlar a respiração
•
Funções de difusão e descida (distribuição de energia – excesso vai para o rim)
•
Circula e harmoniza as vias das águas
•
Abre-se no nariz e manifesta-se nos pêlos. Comanda a garganta.
Fonte: (ROSS 1994)
O Intestino Grosso recebe a fração impura dos alimentos do intestino delgado
movimentando-os para baixo. Também exerce a função de absorver a água e eliminar o
restante das fezes (ROSS, 1994).
3.6.1.6 Pericárdio (Xin Bao) e Triplo Aquecedor (San Jiao)
É considerado Zang de importância relativa tanto na teoria quanto na prática, sendo
considerado o protetor externo do coração (escudo do coração), protegendo este contra
45
invasão de fatores patogênicos. O coração que é considerado o imperador dos órgãos,
inviolável torna o pericárdio (Xin Bao), ministro que protege o imperador contra danos e cuja
função e de guiar as pessoas nos seus prazeres e alegrias. O triplo aquecedor é o sexto Fu e
integra todos os canais do corpo e participa das transformações que ocorrem nos três
aquecedores. É de difícil interpretação e observado de forma errônea, porém realiza grande
papel nas funções das estruturas corporais (CARNEIRO, 2003).
3.7 TÉCNICAS DE PUNTURA
A técnica da acupuntura é realizada quando ocorre a aplicação de agulhas em pontos
privilegiados do corpo. Para que a realização da técnica seja bem sucedida é necessário que a
aplicação destas agulhas sejam exercidas de forma correta e com o paciente em uma posição
confortável e relaxada. Na maioria dos casos o posicionamento apropriado pode evitar
complicações e problemas na introdução das agulhas. O paciente normalmente é tratado em
decúbito dorsal ou em decúbito ventral, porém este também pode ser tratado em decúbito
lateral. Se o tratamento for destinado a duas zonas que necessitem de duplo posicionamento, e
realizado primeiro o tratamento de uma zona e após a retirada das agulhas é realizada a
continuidade do tratamento. A agulha e segurada entre o polegar e o indicador, e a ponta do
dedo médio apóia a agulha e ajuda na introdução desta. A mão a qual não esta segurando a
agulha considerada segunda mão, pode agarrar ou esticar a área em que a agulha será
introduzida facilitando assim o processo de puntura (LIAN, 2005).
A introdução da agulha pode ser realizada com o auxilio de um tubo ao qual é colocado
sobre o ponto que se deseja punturar. O tubo deve ter o tamanho a qual deixe a agulha
sobressair apenas por alguns milímetros, com esse procedimento a agulha e inserida através
de uma batida pequena na sua base. A profundidade de introdução das agulhas e variante,
dependendo da localização anatômica do ponto. As profundidades indicadas para determinado
ponto também são variadas, dependendo por exemple da massa corporal e do tamanho deste
paciente. A introdução em relação ao distúrbio deve ser considerada. Dores agudas ou
moderadas necessitam apenas de introdução superficial enquanto dores crônicas e paralisias
tendem a necessitar de introduções mais profundas. O conhecimento anatômico e topográfico
46
é essencial na acupuntura. A introdução da agulha possui vários ângulos sendo que a escolha
destes ângulos depende do efeito pretendido e da área punturada (PAI, 2004).
Figura 6 – Ângulos de puntura - Fonte: (LIAN 2005)
•
Introdução perpendicular: a introdução perpendicular é a mais comum aplicação
e é normalmente aplicada em áreas musculares e adiposas do corpo. A agulha é
inserida em um ângulo de 90 graus em relação a linha cutânea;
•
Introdução oblíqua: A agulha é inserida em um ângulo de 30-50 graus, sendo que
esta é mais utilizada onde o tecido mole é mais fino. Utilizada também no tórax
em região pulmonar a fim de evitar pneumotórax, afastando assim a agulha da
pleura. Utilizada também em áreas da cabeça sempre com intuito de evitar
lesões;
•
Introdução transversal: Nessa introdução a agulha é inserida no corpo num
ângulo de 5-15 graus em relação a superfície cutânea. Esse método é aplicado
em áreas com tecido mole muito fino como, por exemplo, áreas do crânio.
(LIAN, 2005).
Com a localização correta do ponto, e a correta introdução da agulha, o paciente
experimenta uma sensação característica, essa sensação e conhecida com sensação do De Qi
(energia dequi). Essa sensação se difere da dor da introdução da puntura, sendo então descrita
como uma sensação de peso, formigamento, dormência, ou choque. O acupunturista é capaz
de perceber essa sensação somente através do seu toque na agulha, essa sensação e conhecida
pelo acupunturista como o fisgar do peixe. Durante a inserção a agulha passa por diversas
47
camadas teciduais (pele, camada subcutânea, músculos, vasos, perió steo). No meio do
músculo, há várias camadas musculares, tecnicamente nos feixes musculares e nas camadas
teciduais e que estão presentes os vários De Qi (PAI, 2004)
Quando essa sensação se estende ao longo do canal, chama-se esse fenômeno de PSC
(Propagated Sensation along the Channel – sensação propagada ao longo do meridiano),
sensação esta não presente em todos os pontos de acupuntura e varia em termos inter e intraindividuais. A manipulação deve ser realizada após a inserção da agulha e através da
manipulação é obtido à sensação de De Qi. Porém, em alguns casos, a sensação é obtida
apenas com o aprofundamento da agulha. O tipo de manipulação no conceito chinês depende
da avaliação da doença. Em estados de plenitude são utilizados métodos de sedação (Xie), e
em estados de vazio são utilizadas métodos de tonificação (Bu). Estes métodos variam com a
freqüência na rotação e no retirar e introduzir a agulha (LIAN, 2005).
A manipulação das agulhas se dá pelo simples movimento de rotação, cerca de três
voltas no cabo da agulha já seriam suficientes para criar a estimulação, operação esta repetida
de 10 em 10 minutos com duração media de 5 segundos cada vez (PAI, 2004)
No conceito chinês existem outros métodos que favorecem ou bloqueiam a circulação
energética como a introdução desta a favor ou contra o canal energético a qual esta sendo
trabalhado. O método de respiração também é utilizado, diz que se inserida a agulha no
momento da expiração e esta for levemente puxada no momento da inspiração isso seria
configurado um método de tonificação e para exercer o método de sedação somente inverteria
a ordem de inserção e retirada da agulha conforme a respiração (AUTEROCHE, 1996).
3.8 UNIDADES DE MEDIDAS
Para um melhor entendimento das dimensões criadas na acupuntura, as unidades de
medidas devem ser conhecidas. O corpo não é medido em unidades absolutas, mas sim em
unidades relativas e proporcionais para cada paciente. As distâncias são determinadas por
referências anátomo-topográficas sendo que a unidade básica de medida na acupuntura é o
cun. O cun e obtido através da medida dos dedos da mão do paciente. A somatória da largura
do indicador com o dedo médio ao nível da articulação interfalangiana é de 1,5 cun. A medida
de 1.0 cun pode ser obtida através da largura do polegar ao nível da articulação interfalângica,
48
ou através da medida entre as duas dobras da falange media do dedo médio este se
encontrando em contato com a ponta do polegar. Através destas medidas é possível localizar
pontos e canais em todo o corpo do paciente (LIAN, 2005).
3.9 AGULHAS DE ACUPUNTURA
A agulha utilizada pelos acupunturistas é a extrapolação aperfeiçoada da sétima agulha
das 9 agulhas antigas, cada uma destas 9 agulhas antigas possuem um nome e uma forma
diferente.
1 - Agulha Chan (flecha), possui 1,6 cun de comprimento, e tem sua utilização nas
perturbações externas que penetram no corpo, esta possui uma ponta em forma de
flecha e é utilizada no nível da pele.
2 - Agulha Yuan (cilíndrica), 1,6 cun de comprimento, serve para massagens
superficiais devido a sua extremidade arredondada.
3 - Agulha Di (obtusa), 3,5 cun de comprimento, não atravessa a pele devido a sua
extremidade obtusa. Te m ação somente na superfície.
4 – Agulha Feng (Pontiaguda), 1,6 de comprimento, é uma agulha afiada sendo
utilizada para pratica de métodos de sangria sobre os pontos de acupuntura.
5 - Agulha Pi (cortante), 4 cun de comprimento e 0,25 de espessura. Possui formato
de uma espada sendo utilizada para abrir a pele e expulsão de material como pus.
6- Agulha Yuan-Li (cilíndrica, afilada), 1,6 cun de comprimento e possui a
extremidade pontuda, espessa e arredondada servindo para tratamento de doenças
agudas.
7- Agulha Hao (fina como um pêlo longo e fino), 3,6 cun de comprimento a agulha
Hao e utilizado em caso de obstruções, dores articulares e paralisias. Esta agulha
pode ser deixada no corpo durante determinado tempo de tratamento.
8 – Agulha Chang (longa), 7 cun de comprimento é muito fina e muito pontiaguda,
também utilizada no caso de paralisias e obstruções.
49
9 – Agulha Da (grande e grossa), 4 cun de comprimento e é espessa com a
extremidade pontiaguda. Utilizada para o tratamento de inchaços articulares,
permitindo a saída de água das articulações.
Fonte: (AUTEROCHE 1996)
Atualmente as agulhas utilizadas para o método de puntura são agulhas descartáveis,
geralmente filiformes, de aço inoxidável com diâmetro de 0,25 a 0,30mm, e o seu
comprimento varia de 2,5 a 7,0 cm, dependendo da utilização e da profundidade do ponto.
Agulhas de maiores tamanhos são utilizadas para criar uma puntura de 2 pontos distantes,
técnica esta conhecida como transfixação de dois pontos. O material do cabo não é tão
importante, embora a qualidade da agulha deva ser conferida evitando assim acidentes por
quebra ou rompimento da sua base. (PAI, 2004)
3.10 PONTOS DE ACUPUNTURA
Na literatura antiga, os locais de tratamento corpóreo onde se aplicava agulhas, moxas e
massagens eram chamadas, entre outras referências de pontos de Qi e aberturas. Os pontos de
acupuntura estão distribuídos em canais e ramificações, sendo que esses são passagens por
onde circula a energia e o sangue, que internamente se comunicam com os Zang Fu, e
externa mente com a superfície do corpo. O termo ponto de acupuntura foi criado pela
combinação de dois ideogramas chineses, o “Siu-Shu”, que significam respectivamente:
“cavidade, oco, caverna” e “transporte; em movimento”. Outra designação muito usada é a
“posição do orifício” (MANN, 1994):
Os trabalhos para desenvolvimento, conhecimento e sistematização dos pontos de
acupuntura vêm sendo realizados desde os tempos mais primórdios pelos acupuntores. A
quantidade global de pontos apresenta uma margem variada, conforme seja a fonte de
informação. Os pontos de acupuntura são classificados segundo sua localização na parte do
corpo e no meridiano a qual se encontra. Essa divisão classificatória leva a formação de três
categorias: pontos regulares, pontos extras e pontos dolorosos (AUTEROCHE, 1996).
Do ponto de vista ocidental os pontos de acupuntura são localizados na superfície
corpórea onde existe uma elevada concentração de terminações nervosas e uma baixa
resistência elétrica (PAI, 2004).
50
Tabela 3 – Pontos de acupuntura
Tipo
Número de Pontos
Uni ou Bilaterais
Total
Unilaterais (VG e VC)
52
Unilaterais
52
Bilaterais (Canais Regulares)
309
Bilaterais
618
Total de pontos (Unilaterais e Bilaterais)
670
Fonte: (MANN 1994)
3.10.1 Pontos regulares
São os pontos que fazem parte dos 14 meridianos. São distribuídos ao longo de 12
canais regulares, simétricos e ao longo de 2 canais curiosos, vaso governador e vaso da
concepção, estes de disposição ímpar, mas com nomes específicos e localização definida
(YAMAMURA, 2003).
3.10.2 Pontos Extras
Conhecidos como pontos extraordinários, possuem nome e localização bem definida,
porém não fazem parte dos 14 canais. Geralmente são correlacionados com os meridianos.
Alguns pontos regulares eram considerados extras segundo literaturas antigas, pois estes se
encontravam localizados fora dos medianos energéticos. Os pontos extras são pontos de
concentração energética. Estudos e pesquisas contemporâneas não descartam a possibilidade
da existência de meridianos regulares ainda desconhecidos, sendo que estes hoje são
classificados como pontos extraordinários (MANN, 1994).
3.10.3 Pontos Dolorosos (Ashi)
Ashi é o termo designado para caracterizar os pontos não classificados nas categorias
regulares e extras. Manifestam-se de forma dolorosa ou sensíveis na presença de alguma
enfermidade. Pontos Ashi não possuem nome nem localização pré-determinada, sendo
51
também chamados de reação celeste ou pontos de reação de grande vazio. Os pontos Ashi
foram à base da seleção de pontos dos primeiros tratamentos acupunturais, por esse motivo
são considerados os representantes do primeiro estágio da evolução das investigações dos
pontos de acupuntura. São bastante utilizados em síndromes dolorosas. O tratamento
acupuntural consiste na escolhas dos pontos selecionados ao longo do percurso dos canais.
Para realização destas escolhas deve-se levar em consideração a ação do ponto do meridiano a
qual está afetado, porém não levando em consideração somente o canal afetado, mas sim os
seus meridianos relacionados de acordo com a teoria de inter-relacionamento dos Zang Fu.
Quando o paciente não responde as seleções anteriores, pontos de vários outros canais podem
ser utilizados (MANN, 1994).
3.11 MERIDIANOS ENERGÉTICOS
O embrião forma-se através da energia ancestral fornecida pelos pais, e desta energia
origina-se os esboços energéticos dos Zang Fu. No período fetal o Qi dos órgãos e das
vísceras exteriorizam-se originando canais de energia circulantes ou meridianos energéticos.
A partir desses canais ocorrerá a constituição física dos membros e tronco. Constituindo um
meio de ligação entre o interior e o exterior, é responsável pela transmissão energética entre
esses dois meios. São divididos em canais de energia Yang a qual veiculam água orgânica e o
Yin orgânico, e os canais de energia Yin que desempenham o papel de veicular o calor
orgânico e o Yang Qi. Dependendo do tipo de energia Qi que este carreia, e das funções
energéticas exercidas, este ainda recebe outra classificação que é a de canais principais ou
secundários (YAMAMURA 2003).
Conforme a medicina chinesa, a consideração do corpo humano como micro universo é
dividido em 14 trajetos longitudinais como os meridianos da terra. Anatomicamente do ponto
de vista ocidental, os meridianos não existem, apesar de estudos de autores mostrarem a
presença dos tais trajetos através do uso de estímulos de radioisótopos injetados ou a
fotografia infravermelha. Cada meridiano apresenta seu trajeto definido de forma longitudinal
e com um determinado número de pontos, estes diferentes para cada meridiano. Os pontos são
distribuídos simetricamente entre o lado direito e esquerdo do corpo exceto nos canais RenMai (vasos da concepção) e Du-Mai (vasos governador), que se apresentam de uma forma
corporal central não existindo assim um par energético a estes. A teoria dos meridianos revela
52
uma intercomunicação energética entre estes, sendo que essa se assemelha muito a interrelação dentre o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico (PAI, 2004).
Todos os canais energéticos têm a função de circulação de Qi (energia) e Xue (sangue),
sendo que a energia nutritiva formada pela essência dos alimentos circula sem parar dentro
dos canais energéticos principais.
Essa circulação tem início no estômago (Wei) e no
intestino grosso (Da Chong) emergindo para o pulmão (Fei) alcançando então o canal
energético principal para correlacionar dessa forma a relação interior/exterior, com o canal da
víscera (Fu) acoplada o intestino grosso e sucessivamente os canais do estômago,
baço/pâncreas (Pi), coração (Xin), intestino delgado (Xiao Chang), bexiga (Pangguang), rins
(Shen), pericárdio (Xiao Bao Luo), triplo aquecedor (Sanjiao), vesícula biliar (Dan), fígado
(Gan) e assim retomando para o pulmão (Fei). O início deste ciclo é às 3 horas, e a energia
circulante permanece 2 horas em cada um dos doze canais energéticos principais. Quando este
ciclo é realizado de forma correta e completa recebe o nome de grande circulação do Qi,
sendo realizado durante um período de 24 horas. Nos canais energéticos circula também a
energia de defesa denominada Wei Qi, que tende à circulação preferencialmente na periferia
do corpo, possuindo funções energéticas de aquecimento e defesa orgânica (YAMAMURA,
2003).
O Qi e o Xue transportados pelos canais energéticos obedecem aos princípios da
polaridade Yin- Yang, o Qi circulando dentro dos canais de energia e o Xue circulante nos
vasos sangüíneos promovem a nutrição, defesa e harmonização energética dos órgãos e
vísceras corporais (YAMAMURA, 2003).
53
Figura 7 – Mapa dos meridianos corporais - Fonte: Mapa de meridianos
3.12 DISMENORRÉIA NA VISÂO DA MTC
As particularidades fisiológicas da mulher se apresentam através de fenômenos como a
menstruação, leucorréias, gravidez, parto e lactação. Para que a mulher apresente um bom
funcionamento de todas as suas manifestações fisiológicas é necessário que esta apresente
abundância de QI Xue (energia e sangue). Auteroche (1987) ainda cita o capítulo I do SU
WEN que diz:
“Na menina com idade de 7 anos, o Qi do rim (Shen Qi) é abundante, a dentição então
muda e a cabeleira se alonga.
•
Aos 2x7 = 14 anos, a substância necessária para promover o crescimento, o
desenvolvimento e a reprodução, Tian Gui (menstruação) aparece; O meridiano
54
Ren Mai se permeabiliza, o Chong Mai esta plenamente desenvolvido, as
menstruações chegam regularmente e permitem um estado de fecundidade.
•
Aos 3X7 =21 anos, o Qi do Rim esta parado com o desenvolvimento dos últimos
dentes.
•
Aos 4x7= 28 anos, os músculos, os ossos, estão consolidados, a cabeleira atinge
seu maior comprimento e o corpo seu pleno vigor.
•
Aos 5x7= 35 anos, o Yang Ming perece, o rosto começa a murchar, os cabelos a
cair.
•
6x7= 42 anos, os três vasos Yang perecem no alto do corpo, o rosto todo se
resseca e os cabelos embranquecem.
•
7x7= 49 anos, o vaso Rem Mai é flácido, o Chong Mai atrofiado a menstruação
esgota-se, as vias subterrâneas são cortadas e a infecundidade resulta desse
esgotamento do corpo.
Graças à visão de Su Wen é possível verificar a importância fisiológica do Qi do rim no
estado harmônico da mulher. A força ou a fraqueza do Qi dos rins estão em relação direta
com o Qi e o sangue dos meridianos (AUTEROCHE, 1987).
O sangue apresenta parte do material das regras menstruais, porém sua criação e
circulação dependem do Qi, pois é o Qi que comanda o sangue, e este só circula nos vasos
pela movimentação causada pelo Qi. Na mulher o sangue necessita de impulso sendo que este
é ocasionado pelo Qi para ocorrer então à chegada ao “mar do sangue” (Xue Hai), se
concentrando na matriz (Bao Gong) a fim de produzir então a menstruação. Graças ao
controle do movimento exercido pelo Qi as regras menstruais podem chegar regularmente
sem serem abundantes nem escassas demais. Porém o Xue é quem mantém o Qi, pois o
sangue é a mãe da energia. Com essa interdependência observa-se que Qi e Xue são
inseparáveis e necessários uns ao outro, e graças às perturbações criadas nessa harmonia é que
ocorrem a geração das enfermidades menstruais (AUTEROCHE, 1987).
A dismenorréia é descrita como um termo da medicina ocidental para descrever regras
dolorosas. O termo dismenorréia ainda é dividido em dismenorréias primária e secundária,
sendo que as primárias são geralmente funcionais enquanto as secundárias são quase sempre
orgânicas. Na MTC o estudo da dismenorréia possui três métodos de classificação:
55
•
O primeiro é baseado no período do aparecimento das dores em relação à
menstruação.
•
O segundo método apóia-se no fato de que do ponto de vista da MTC a dor e
sempre um sinônimo de distúrbios circulatórios de Qi Xue, levando à seguinte
subclassificação:
a-
Dismenorréia do tipo plenitude: dor que precede ou acompanha um
difícil aparecimento das regras, que é agravada pela pressão. Esse
distúrbio assinala uma estagnação de Qi Xue.
b-
Dismenorréia do tipo vazio: nesse distúrbio a insuficiência de Qi Xue é
a causadora da dor, que ocorre por fraca intensidade e no decorrer da
menstruação. É cessada pela pressão na região dolorosa.
•
O terceiro método de avaliação baseia-se na etiopatogenia exata, graças à
realização de um estudo semiológico mais profundo.
Maciocia (1996) relata que o tratamento deste distúrbio é realizado com uma técnica de
puntura que harmonize a sua disfunção. As dores mais comuns sofridas pelas mulheres são as
que se manifestam antes ou durante as regras, estas trazendo sintomas de:
•
Quadro álgico associado a menstruações difíceis
•
Intumescimento dos seios e dos flancos
•
Sangue de cor escura com coágulos
•
Boca seca, porém sem vontade de beber água
•
Pontos roxos no corpo da língua.
A circulação do Qi nesse caso se encontra obstruída, ocorrendo estagnações e alterações
no Xue, levando ao quadro sindrômico de dor antes e durante o período menstrual sendo este
conhecido como dismenorréia (AUTEROCHE, 1987).
Mulheres que sofrem de SPM, são portadoras de Qi estagnado, sendo que este leva a
problemas no fígado, órgão responsável pelo livre fluxo do Qi no organismo e responsável
pelo sentimento da raiva, levando a alterações do humor feminino perceptíveis durante esse
período. As dores lombares durante o período menstrual podem ser associadas a distúrbios
como a própria estagnação de Qi Xue e por deficiências de Qi do rim, sendo que para maior
confirmação do diagnóstico, a paciente deve ser devidamente avaliada (MACIOCIA, 1996).
56
4 TRATAMENTOS
São inegáveis os progressos obtidos nos últimos anos no sentido de esclarecer os
mecanismos envolvidos nas síndromes dolorosas crônicas, assim como aprimorar as técnicas
de abordagem dos pacientes (SOUZA, 1999).
Inúmeros são os tratamentos que são utilizados, desde a orientação quanto às atividades
que devem ser realizadas, pois a atividade física apresenta um efeito analgésico por estimular
a liberação de endorfinas, que funciona m como antidepressivo, e proporciona uma sensação
de bem-estar global e de autocontrole, até os tratamentos farmacológicos, passando por outras
modalidades que incluem técnicas de relaxamento, eletroestimulação transcutânea e até
terapia comportamental. O objetivo desses tratamentos é a eliminação dos tender points,
restauração da amplitude de movimento e força muscular normal e sem dor, e melhora nos
distúrbios do sono (JONES; CLARK; BENNET, 2002).
Mas ainda há muitas divergências nos resultados de diferentes estudos, sugerindo uma
análise crítica dos mesmos e uma maior preocupação com as metodologias empregadas
(SOUZA, 1999).
4.1 TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS
Graças aos avanços do conhecimento da fisiopatologia das síndromes menstruais, a
possibilidade da utilização de medicamentos com uso satisfatório em pacientes que
apresentam a sintomatologia se tornou maior. O caminho de tratamento da dismenorréia
primária e secundária é diferente. Enquanto na dismenorréia secundária o tratamento deve ser
dirigido especificamente para a doença pélvica, na dismenorréia primária o tratamento é
baseado no controle hormona l do paciente. Os fármacos utilizados no tratamento de pacientes
que apresentam sintomatologia leve podem ser os analgésicos de menor potência, sendo
utilizados em cólicas uterinas de pequena intensidade. Estudos comprovaram a eficácia da
utilização do Ibuprofen, do naproxen e da aspirina, antiinflamatórios não esteroidais, sendo
que o Ibuprofen apresentou os melhores resultados para cólicas de baixa intensidade. Os
57
contraceptivos orais e os antiinflamatórios não-hormonais são utilizados no tratamento de
pacientes que apresentam cólicas de forma muito acentuada (PIATO, 2002).
Os contraceptivos orais apresentam grande eficácia no tratamento da sintomatologia e
até mesmo no desaparecimento dos sintomas de forma definitiva. Estes compostos hormonais
apresentam resultados favoráveis devido à redução dos níveis de PFG2alfa no endométrio
pré-menstrual de pacientes que fazem seu uso constante. A quantidade de PFG2alfa em
mulheres que utilizam pílulas anticoncepcionais é mais baixa do que em não usuárias
(STAHL, 2002).
Já a eficácia dos antiinflamatórios não-hormonais no tratamento da dismenorréia
primária se dá pela sua capacidade de inibição da PFG2alfa e bloqueio dos receptores
miometriais das prostaglandinas, tanto ao nível das fibras musculares lisas do endométrio
como ao nível das fibras lisas do trato gastrintestinal. Apenas 30% das pacientes não
respondem ao tratamento medicamentoso devendo então realizar a mudança da classe do
medicamento antes do abandono do tratamento, pois as diferenças na sensibilidade são
bastante pessoais quanto a estes, devido à variabilidade individual. Os antiinflamatórios mais
utilizados na prática são o ácido mefenâmico, o piroxican e o nimesulide. Em um estudo
realizado com mulheres com dismenorréia primária incapacitante, Diêgoli et al (1998) obteve
taxas de melhoras de 50% da sintomatologia em 72% das pacientes tratadas com acido
mefenâmico. Em caso de resistência ao uso destes medicamentos um exame complementar
deve ser realizado para o descarte da possibilidade de alguma doença pélvica presente.
Existem ainda alguns medicamentos que podem ser utilizados na não aceitação pelo
paciente da utilização dos antiinflamatórios não- hormonais, sendo estes o sulfato de
terbutalina e a nifedipina (PIATO, 2002).
O Sulfato de terbutalina, um beta adrenérgico, é recomendado para pacientes que não
apresentam melhoras com o uso dos antiinflamatórios não-hormonais. Este medicamento
bloqueia a excitabilidade das fibras musculares lisas do endométrio provocando também uma
maior irrigação sangüínea nos tecidos uterinos. Apresentam alguns efeitos colaterais como
palpitações, ruborização e tremores.
A Nifedipina é também utilizada em pacientes que não respondem bem ao uso dos
antiinflamatórios, e tem como característica ser uma substancia bloqueadora dos canais de
cálcio. Através do bloqueio de cálcio as contrações miometriais são reduzidas levando ao
58
alivio da sintomatologia. Por outro lado, estes bloqueadores são pouco utilizados devido aos
grandes efeitos colaterais que podem aparecer na maioria de suas usuárias.
Medidas gerais como a simples prática de atividade física e a retirada de certos
alimentos do cardápio diário podem ajudar no alivio dos sintomas que se apresentam durante
o período menstrual. O fumo também deve ser extinto, pois este é um agente potencializador,
levando assim ao aumento dos sintomas (VIANA, 2001).
A escolha do antiinflamatório não-hormonal deve ser adequada a cada paciente
buscando o melhor resultado e o menor efeito colateral (principalmente aqueles que agridam
menos a mucosa gástrica). Os pacientes com dismenorréia secundária também respondem
bem ao uso dos medicamentos, porém se o problema pélvico apresentado for de malformação
obstrutiva, o tratamento medicamentoso será falho e o tratamento deverá ser cirúrgico onde
pode ser cogitada a necessidade de uma histerectomia. Várias são as técnicas de desenervação
do útero sendo que a neurectomia pré-sacra foi a primeira publicada, daí então surgindo
variantes como por via abdominal, quanto por via laparoscópica (ALDRIGHI, 2005).
4.2 TRATAMENTOS FISIOTERÁPICOS
O tratamento atual está voltado principalmente para a redução dos sintomas. A
fisioterapia tem um importante papel na melhora do controle da dor e no aumento ou
manutenção das habilidades funcionais do paciente em casa ou no trabalho, assim como na
redução de outros sintomas que lhe causam sofrimento (MARQUES et al., 2002).
A dor é o principal sintoma da SPM e o seu controle é um dos grandes objetivos do
tratamento
fisioterapêutico.
Além
do
benefício
dos
exercícios,
outros
recursos
fisioterapêuticos também são citados na literatura conforme apresentados nas tabelas 4 e 5..
Recurso
Resultados
Autor
TENS e injeção de anestésico no
local da dor mais intensa
Diminuição da dor difusa
Bassan et al., 1995
Eletroacupuntura
Eficaz a curto prazo
Deluze et al., 1993
Relaxamento com biofeedback
Melhora da capacidade funcional
Buckelew et al., 1998
Melhora da dor e biofeedbeck produziu melhora do sono
Minhoto et al., 1999.
Relaxamento com biofeedback por
59
EMG e EEG
Terapia manual: quiropraxia
Melhora da dor, mobilidade e flexibilidade
Blunt et al. 1997
Terapia manual: quiropraxia
Melhora da dor, fadiga e sono
Hains et al., 2000.
Crioterapia
Diminuição da dor por cerca de 90 minutos
Metzger et al., 1998.
Tabela 4: Recursos fisioterapeuticos utilizados no tratamento da SPM
Fonte: Marques; Matsutani, Ferreira e Mendonça, (2002)
Tipo de exercício
Intensidade
Duração
Conclusão
Autor
20 min, 3 vezes por semana.
Exercício aeróbico
Contínuo: 60 a 70% da FC máx
Caminhada de alta e baixa
3 vezes por semana, carga
intensidade
aumentada gradativamente
8 semanas
24 semanas
60 min, 1 vez por semana
baixa intensidade é
Nichols et al., 1994
Meyer et al., 2000
benéfica
Exercício aeróbico
supervisionado e não
sem benefícios
12 semanas
ambos sem
Ramsay et al.,
benefício
2000
supervisionado
Exercício aeróbito e terapia de
45 min, 3 vezes por semana, 4
manejo do estresse
picos: 60-70% da FC máx
Exercício aeróbico
25 min, 2 vezes por semana
Exercício aeróbico
Exercício aeróbico,
alongamento e fortalecimento.
Wigens et al.,
14 semanas
ambos benéficos
12 semanas
benéfico
24 semanas
benéfico
Sabbag et al.,.2000.
60 min, 3 vezes por semana
6 semanas
benéfico
Martin et al.,1996.
60 min, 2 vezes por semana
20 semanas
ambos benéficos
Jentoft et al., 2001.
24 semanas
benéfico
60 min, 3 vezes por semana. 6070% da FC máx
1996.
Meiworm et al.,
2000.
Exercício aquático em solo
(alongamento.,
fortalecimento.,relaxam
Hidroterapia e educativo
Mannerkorpi et al.,
2000.
Exercício de endurance de
baixa intensidade
Treinamento de força
2 vezes por semanas
20 semanas
benéfico
21 semanas
benéfico
Menghoel et al.,
1992.
Hakkinen et al.,
2001.
Exercício de alongamento
1 vez por semana
6 semanas
benéfico
Tabela 5: Exercícios físicos realizados no tratamento de pacientes com SPM.
Fonte: Marques; Matsutani, Ferreira e Mendonça, (2002).
Marques et al.,
1994
60
5 O LASER DE ARSENIETO DE GALIO A 904 NM
5.1 LASER
A palavra laser significa Luz Amplificada por Emissão Estimulada de Radiação
(MAIMAM, T H, 1960), cuja radiação eletromagnética não ionizante, apresenta
características exclusivas, tais como monocromaticidade, por meio de um feixe de luz, com
fótons de um mesmo comprimento de onda ou cor, coerência quando todas as ondas são
ordenadas e em fase, e colimação, que é a propriedade que o laser tem de se propagar no
espaço sem sofrer atenuação, propriedade esta que esta relacionada com a divergência do
feixe. (CHAVANTES et al, 1994)
Outra característica é a polarização, que ocorre quando as ondas de luz estão todas
orientadas num só plano, gerando a vibração dos campos elétricos em uma só direção,
podendo ser linear ou circular (COTTON, 2004)
A radiação de um laser resulta da emissão de fótons de átomos ou moléculas
estimuladas por um campo ele tromagnético, quando um fóton incidente interage com um
átomo que já está excitado, emitindo um fóton idêntico ao primeiro e deslocando na mesma
direção um fóton estimulador, sincronizando sua onda com este de forma que as duas ondas
alinhem suas cristas, somando suas magnitudes e aumentando a intensidade da luz emitida,
coerente e organizada (BAXTER, 1997).
Os lasers de baixa potência podem causar efeitos analgésicos, antiinflamatórios e
cicatrizantes (TATARUNAS, 1998), e a energia absorvida nos tecidos biológicos transformase em outras, atuando no interior dos tecidos e propagando os seus efeitos em tecidos vizinhos
(GENOVESE, 2000)
5.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS
O Laser é constituído de uma cavidade ótica, contendo no seu meio interno átomos
excitados, que são estimulados e amplificados sucessivamente por uma fonte de energia e
61
limitados por dois espelhos, um com reflexão total e outro com reflexão parcial. (PASCU,
2000), onde os fótons se chocam a estes espelhos excitando progressivamente os átomos
alojados na cavidade ótica, amplificando o processo, que emerge através do segundo espelho
com 97% de reflexão, emergindo então, somente 3% de uma luz altamente concentrada e de
alto poder, conhecida com raio laser (CHAVANTES; JATENE, 1990)
Por ser uma radiação óptica, o laser encontra-se no espectro eletromagnético, tendo
como intervalo espectral mais usado na prática clinica os valores compreendidos entre 630 a
1300 nm, como mostrado na figura 1, incluindo a luz visível e a parte próxima do espectro
infravermelho, chamada de “janela terapêutica” para os tecidos biológicos (BAXTER, 1997)
Figura 8 – espectro eletromagnético - Fonte: http://educar.sc.usp..br/otica/espectro.gif
O laser de arsenieto de gálio (GaAs), emite comprimento de onda de 904 nm, com uma
potência de pico entre 10 e 15 mW, sendo invisível, pulsado e com penetração de 30 a 50 mm
(TUNER; HODE, 1999)
Ele é obtido através de uma estimulação sobre um diodo semicondutor, formado por
cristais de arsenieto de gálio, também conhecido como laser semicondutor ou laser diodo
(BAXTER, 1997; GENOVESE, 2000)
Em um estudo realizado com 75 pacientes portadores de fibromialgia que apresentavam
pontos de dor pelo corpo, divididos em três grupos, onde um foi tratado com laser em onze
62
pontos dolorosos, outro grupo foi tratado com efeito placebo e o terceiro grupo tratado com
medicamento analgésico, observou-se após três semanas de tratamento que houve uma
melhora significativa no grupo tratado com irradiação laser (GÜR, et al, 2002)
5.3 INTERAÇÕES COM OS TECIDOS BIOLÓGICOS
A radiação luminosa, ao incidir um tecido biológico pode sofrer reflexão, refração,
absorção ou espalhamento (ASSIS et al, 2006)
A absorção é o principal efeito biológico laser/tecido, pois dela depende a quantidade de
energia entregue ao tecido e os efeitos nele provocados. Dependendo da energia do fóton, a
radiação pode ser transferida a molécula causando transições rotacionais, vibracionais ou
eletrônicos, provocando nos tecidos, efeitos fotoquímicos, fotofísicos, fotoelétricos,
fotomecânicos e fototérmicos (KARU et al, 2005)
Diversos estudos têm demonstrado os efeitos do laser de baixa potencia no controle da
dor.
A ativação de prostaglandinas e prostaciclinas pelo laser é responsáve l pelos efeitos que
estas substâncias causam como vasodilatação, que aumenta a circulação sanguínea e gera
diminuição da dor, aumento da permeabilidade da membrana plasmática e reequilíbrio da
pressão osmótica, ocasionados pelo efeito antiinflamatório do laser (ROCCIA, 1983).
Outro efeito antiálgico do laser ocorre após a captação periférica do estímulo doloroso
pelas terminações nervosas livres, que leva ao aparecimento do ácido láctico e do ácido
pirúvico, estabilizando a membrana celular por hiperpolarização e diminuindo o efeito álgico
da bradicinina e da prostaglandina ao nível dos receptores, o que sugere que o laser age nos
receptores periféricos até o sistema nervoso central (PIMENTA, 1990)
O efeito analgésico do laser baseia-se ainda na interferência da mensagem elétrica,
estabilizando o potencial de membrana e dificultando a inversão da polaridade, resultando em
menor sensação dolorosa. O laser ainda estimula a liberação de beta endorfinas, facilita a
liberação de substancias algógenas através do incremento circulatório, evitando a redução do
limiar de excitabilidade dos receptores dolorosos (VEÇOSO, 1993)
63
Em um estudo realizado com 56 indivíduos portadores de dor provenientes da disfunção
crânio- mandibular, onde os pacientes receberam oito sessões de laser, duas vezes por semana
durante quatro semanas, divididos em três grupos, onde o primeiro grupo recebeu irradiações
da ordem de 4 J/cm2 , o segundo irradiações de 8 J/cm2 , e o terceiro recebeu tratamento
placebo, verificou-se eficácia de alívio da dor significativo no primeiro grupo (RIBEIRO,
2003).
A literatura ainda mostra certas controvérsias, o que justifica maiores estudos para
comprovar a eficácia do laser nos processos dolorosos.
5.4 ABSORÇÃO E PENETRAÇÃO DAS RADIAÇÕES INFRAVERMELHAS
As radiações Infravemelhas (IV) podem ser refletidas, absorvidas, transmititidas,
refratadas e difratadas, todos estes eventos são importantes, mas para as radiações no IV
apenas a refração, a absorção e a transmissão são biologicamente significantes (KITCHEN;
PARTRIDGE, 1991).
Segundo Ward (1986) citado por Low e Reed (2001), algumas radiações que se chocam
com a superfície da pele serão refletidas e outras irão penetrar, sofrendo então dispersão,
refração e sendo finalmente absorvidas pelos tecidos. A quantidade de reflexão da radiação
visível varia com a cor da pele, porém, para o infravermelho terapêutico é insignificante.
Quase 95% da radiação aplicada perpendicularmente à pele é absorvida. Pequenas
quantidades de radiação podem ser, em algumas circunstâncias, realmente transmitidas, não
apenas através da pele, mas dos tecidos subjacentes e mesmo de uma parte do corpo. A pele
(epiderme e derme) não é, obviamente, um tecido homogêneo simples, porém uma estrutura
complicada com múltiplas camadas e cheia de formas irregulares, como os folículos pilosos e
as glândulas sudoríparas. Em geral, a água e as proteínas absorvem fortemente o
infravermelho. O que acontece com qualquer radiação que penetra na pele é algo altamente
complexo e depende da estrutura, da vascularização, da pigmentação e do comprimento de
onda da radiação. Isto explica as discrepâncias para determinar o padrão de penetração e
absorção da radiação na pele (Tabela 6).
64
Fonte
Profundidade de penetração (mm)
Comprimento de onda (nm)
King (1989)
2-4 mm
800-900
Harlen (1982)
3 mm
"IV curtos"
Ward (1986)
"pouca"
1.200
Nightingale(1959)
0,36 mm
1.100
Gourgouliatos(1990)
5-10 mm
1.200
Tabela 6: Profundidade de penetração do infravermelho - Fonte: Low; Reed, (2001)
Figura 9 - Representação da penetração de algumas radiações infravermelhas e
visíveis na pele. - Fonte: Low e Reed, (2001).
O laser possui efeitos bioquímicos e bioelétricos potentes, dentre eles estão: mudanças
no potencial de membrana, equilíbrio da bomba de sódio e potássio, repolarização e
hiperpolarização da membrana em casos de dor, ativação da função de neural, aumento do
potencial de ação nervoso, ativação dos processos de regeneração de fibras nervosas, tem
efeito antiinflamatório (estimulando a microcirculação e interferindo na síntese de
prostaglandinas), acelera os processos metabólicos celulares, aumenta de síntese do ATP
mitocondrial, muda a velocidade de síntese de DNA e RNA, altera os níveis de AMPc, libera
65
acetilcolina e opióides e normaliza ações enzimáticas (GONZALES, 1996; GEB, 1985;
GONZALES, 1990).
Na MTC, ao se realizar um diagnóstico etiológico, faz-se na verdade um diagnóstico
energético, e ao aplicar uma estimulação com raios laser pontos de acupuntura, estase fazendo
na verdade uma terapia energética, aplicando o efeito regulador do ponto de acupuntura com o
efeito regulador da energia do laser. Nesta hipótese de trabalho, acredita-se que ao estimular
com radiações laser os pontos de acupuntura, pode-se obter melhores resultados, pois soma-se
o efeito da acupuntura com o efeito do laser de baixa potencia. (HUIHE e col, 1993;
MASTELLARI, 1997)
66
6. TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA COM A UTILIZAÇÃO DOS
PROTOCOLOS DE ACUPUNTURA
Segundo a MTC a fisiologia da menstruação da mulher é coordenada pelo livre fluxo de
Qi e Xue graças ao fígado, vaso da penetração e vaso da concepção. O sangue deve mover-se
corretamente necessitando que o fígado desempenhe sua função de livre fluxo harmônico de
Qi. Portanto se a energia do fígado se estagna, ge ra dor, especialmente antes do período
menstrual, no entanto, se esta dor se evidenciar durante o período menstrual, demonstrará
evidencias estagnação de Xue no fígado. A estagnação é a causa patológica mais comum e
importante na dismenorréia (ROSS, 1994 ).
O diagnóstico para o tratamento deve ser realizado, considerando o período da dor, a
resposta a pressão, e a localização da dor para obtenção do resultado. A diferenciação mais
importante para o tratamento é a de plenitude ou de vazio do paciente. Os tipos plenitudes são
mais comuns e mais importantes clinicamente, pois estes geram fortes dores,
consequentemente maiores do que no padrão de vazio. O principio do tratamento consiste em
regular o movimento de Qi e do Xue, eliminando a estase e harmonizando o fígado, com isso
cessando a dor (MACIOCIA, 1996).
Para realizar esse procedimento a puntura dos pontos Fígado 3 (F3), Vaso Concepção 6
(VC6), Vesícula Biliar 34 (VB34), Estômago 29 (E29), Baço/Pâncreas 10 (BP10) e
Baço/Pâncreas 6 (BP6), realizam grande movimento de Qi e Xue, liberando assim a estase e
consequentemente cessando a dor. O método utilizado deve ser o método de sedação ou de
harmonização já descritos anteriormente através das técnicas de puntura. Cada ponto
punturado possui sua característica especifica sendo que a puntura dos pontos citados,
proporciona o tratamento a dismenorréia (MACIOCIA, 1996)
6.1 PONTOS PROTOCOLADOS PARA O TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA
Cada ponto possui uma característica própria, porém este ainda pode realizar uma tarefa
auxiliar ou procedente ao seu meridiano. Através dessas características há uma seleção de
determinados pontos de acupuntura que, uma vez trabalhados de forma correta,
67
restabeleceriam o equilíbrio energético aos pacientes com dismenorréia, aliviando dessa
forma o quadro sintomático da síndrome (MACIOCIA, 1996) As propriedades de tais pontos
são:
•
Fígado 3 (F3), nomenclatura chinesa – Tai Chong (precipitação maior): Localizado no
dorso do pé, na depressão distal ao canto proximal do espaço interroseo do primeiro e
segundo metatarso. Indicado para menstruações irregulares tem como função principal mover
o Qi e o Xue alem de cessar a dor, acalmar o fígado e fortalecer o baço (MARTINS, 2003).
Figura 10 – Ponto fígado 3 - Fonte: Lian (2005, p. 251)
•
Vaso da concepção 6 (VC6), nomenclatura chinesa – Qi Hai (mar de Qi): Encontra-se
na linha média ventral a 1,5 cun abaixo do umbigo (MARTINS, 2003).
Indicado para aumentar e regular o Qi; regula a menstruação, tem o caráter de fortalecer a
essência e mover no Qi no abdome inferior. É indicado em todos os estados de fraqueza, pois
fortalece o organismo e a função imunitária (ROSS, 2003).
68
Figura 11 – Ponto VC 6 ou Ren Mai 6 Fonte: LIAN 2005 pág. 287
•
Vesícula Biliar 34 (VB34), nomenclatura chinesa – Yang Ling Quan (nascente do
monte yang): Localizado na depressão ventral na ponta distal da cabeça da fíbula tem a
função de descongestionar o fígado e estimular a vesícula biliar; libera os tendões e possui
características antiálgicas (MARTINS, 2003).
Quando combinado com o ponto VC6 possui o caráter de auxiliar no movimento do Qi no
abdome inferior (ROSS, 2003).
Figura 12 – Ponto VB 34. Fonte: www.interhiper.com/medicina/acupuntura/vb34.htm
acesso em: 15 de novembro de 2007.
69
•
Estômago 29 (E29), nomenclatura chinesa – Shui Dao (passagem da água): Localiza-
se a 3 cun inferior ao umbigo e 2 cun ao lado da linha média ventral, realiza a regulação da
menstruação e tem funções em disfunções de fe rtilidade feminina e dismenorréia. O E29
possui caráter de movimentar o sangue no interior do útero (MARTINS, 2003).
Figura 13 – Ponto estômago 29 visão anatômica Fonte: Lian (2005, p. 70)
•
Baço/Pâncreas 10 (BP10), nomenclatura chinesa – Xue Hai (Mar de sangue): Com a
perna fletida, colocar a mão sobre o joelho e apoiar o polegar com um ângulo de 45 graus
deste sobre a face medial do músculo quadríceps, 2 cun acima da patela. Tem como função a
regulação da menstruação além de revigorar o sangue. Utilizada em menstruações irregulares,
dismenorréias ou amenorréia (LIAN, 2005).
Figura 14 – Ponto Baço pâncreas 10 Fonte: Lian (2005, p. 91)
70
•
Baço/Pâncreas 6 (BP6), nomenclatura chinesa – San Yin Jiao (intersecção
dos três Yin): Localizado a 3 cun acima do ponto médio do maléolo medial,
posterior a crista interna da tíbia, possui a característica de fortalecer o baço
e restaurar o equilíbrio Yin do sangue, fígado e rins. Talvez seja o ponto
mais utilizado em disfunções ginecológicas graças a suas propriedades e
pela localização que se encontra sobre três meridianos (BP, F, R) (LIAN
,2005).
Figura 15 – Ponto Baço Pâncreas 6 (Mar do Yin) visão anatômica Fonte: Lian (2005, p. 86)
Através do tratamento utilizando as técnicas de puntura de sedação ou de harmonização,
Maciocia (1996), relata que distúrbios como cólicas menstruais durante o período menstrual e
dores lombares podem ser revertidos, evitados e tratados através da retomada do equilíbrio
padrão energético corporal (MA, 2006)
71
7 QUESTIONÁRIOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
NA SPM
Para verificarmos a intensidade da dor, o nível de estresse dos indivíduos, avaliação
genérica da qualidade de vida e avaliação específica da qualidade de vida em pacientes com
SPM utilizamos os seguintes questionários:
7.1 SF-36 - MEDICAL OUTCOMES STUDY 36- ITEM SHORT-FORM HEALTH
SURVEY
O Medical Outcomes Study 36- Item Short -Form Health Survey ou, SF-36 é um
instrumento genérico de avaliação de qualidade de vida, de fácil administração e
compreensão. É um questionário multidimensional formado por 36 itens englobados em oito
escalas ou componentes: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde,
vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais, e saúde mental (ANEXO A).
7.2 QUESTIONÁRIO DE DOR DA MCGILL
Questionário de dor da McGill se refere a um instrumento para avaliação da dor,
constituído por 78 descritores (palavras que qualificam a dor), organizadas em quatro
categorias (sensorial, afetiva, avaliativa e mista) e 20 subcategorias. Pede-se para a paciente
escolher uma palavra de cada subcategoria, permitindo a opção de não escolher nenhuma. A
análise é feita por categorias: através da soma dos valores associados às palavras escolhidas e
a partir das palavras selecionadas por mais de 30% da população pesquisada (MELZACK,
1975; PIMENTA; TEIXEIRA, 1997) (ANEXO B).
72
7.3 ESCALA DE SONOLÊNCIA DE EPWORTH
A avaliação da qualidade do sono no grupo de pacientes estudado foi realizada por um
questionário desenvolvido por Murray (1991), denominado Epworth Sleepiness Scale, ou seja
Escala de Sonolência de Epworth (ESE), destinado a medir a propensão ao sono de uma
maneira simples e padronizada. O conceito da ESE foi derivado das observações sobre a
natureza e ocorrência do sono diurno e sonolência.
A ESE é baseada em questões referindo-se a oito situações cotidianas, algumas
conhecidas por apresentarem muita sonolência; outras menos. O questionário é auto-aplicável.
Os sujeitos são orientados para classificar em uma escala de 0 a 3 sobre a probabilidade de vir
a sentir vontade de cochilar ou adormecer em oito situações, baseadas em seu modo de vida
usual, em tempos recentes. Uma distinção é feita entre cochilar e simplesmente sentir
cansaço. Se o sujeito não esteve em algumas das situações recentemente, ele é orientado a
estimar como cada situação poderia afetá- lo. Os números selecionados para as oito situações
na ESE foram adicionados conjuntamente para dar um escore para cada sujeito, variando de 0
a 24 como escore máximo, sendo o grau de sonolência diurna normal até 10. (ANEXO C)
7.4 ESCALA VISUAL ANALÓGICA (EVA)
Em relação ao sintoma de dor, há confiabilidade na utilização de escalas analógicas de
dor, tanto na avaliação inicial como na avaliação da evolução. A mais frequentemente citada
é a escala visual analógica (EVA) (Figura 16), composta por uma linha de 10 cm, sendo que
uma extremidade (0) representa ausência de sintoma e a outra (10) presença de sintoma
intenso (PROVENZA, 2004).
Figura 16 - Escala visual analógica. Fonte: Escala de Dor EVA
– disponível em <http://www.eletroterapia.com.br/>. Acesso em: maio 2006
73
8 JUSTIFICATIVA
Em protocolos de tratamento fisioterapêutico, em clínicas de reabilitação, o uso de
laser e da acupuntura são bastante difundidos sem estabelecer parâmetros básicos de
utilização dos mesmos, tais como dosimetria, tempo de tratamento, tipos de emissão laser,
dentre outros.. Há então a necessidade de estabelecer princípios básicos de utilização destas
ferramentas terapêuticas, principalmente no tocante a dosimetria a ser utilizado, o efeito do
tipo de laser no processo álgico e na qualidade de vida e de sono em mulheres com SPM,
quando utilizado em pontos de acupuntura.
74
9 OBJETIVO DO ESTUDO
Este trabalho tem por objetivo demonstrar o efeito do laser de GaAs 904 nm, quando
aplicado em pontos de acupuntura, para alívio da dor e melhora da qualidade de vida e de
sono de mulheres com distúrbios ocasionados pela Síndrome da Tensão Pré-Menstrual.
75
10 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de um estudo longitudinal, controlado e randomizado.
10.1 SELEÇÃO DAS VOLUNTÁRIAS
Como sujeitos da pesquisa foram triadas 30 pacientes, do sexo feminino, entre 18 e 25
anos, do setor de Uroginecologia e Obstetrícia da Clínica Escola de Fisioterapia do UNESC –
Centro Universitário do Espírito Santo, que apresentaram diagnóstico de SPM caracterizado
por diversos sintomas que deveriam estar presentes nos três últimos ciclos, na semana
antecedente à menstruação, e com alívio na semana pós-menstrual. Os sintomas emocionais
perguntados foram: tristeza, raiva, irritabilidade, nervosismo, confusão, isolamento social e
cansaço; e os sintomas físicos foram: mastalgia, distensão abdominal, cefaléia, inchaço em
mãos e pernas, aumento de peso e dores articulares ou musculares. Foi realizado uma
adaptação dos critérios propostos no DSM-IV (FREEMAM, 2003) onde considerou-se como
SPM a presença de cinco dos sintomas acima, sendo que entre esses, pelo menos um deles
deveria ser tristeza, raiva, nervosismo ou irritabilidade, acompanhado de dificuldades no
relacionamento em casa, falta ao trabalho ou à escola. Excluíram-se as mulheres que não
apresentavam ciclos regulares, devido à anovulação, e as que usavam medicação hormonal
para tratamento de quaisquer patologias. Toda a metodologia para seleção, inclusão e
exclusão das pacientes seguiu este modelo.
10.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO
Para a realização de todos os procedimentos foi solicitada a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Informado (ANEXO D) de todas as pacientes participantes da
pesquisa, sendo permitido o afastamento a qualquer tempo sem qualquer prejuízo.
O presente protocolo de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa - CEP da UNIVAP sob o número H257/CEP/2006. (ANEXO E)
76
10.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DOS DADOS
Todas as 30 pacientes foram avaliadas por um único investigador, seguindo um
protocolo clínico previamente estabelecido.
A anamnese foi dirigida para os sintomas específicos da SPM (tristeza, raiva,
irritabilidade, nervosismo, confusão, isolamento social, cansaço, mastalgia, distensão
abdominal, cefaléia, inchaço em mãos e pernas, aumento de peso e dores articulares ou
musculares), onde cada paciente relatou o estado de cada sintoma.
10.4 AVALIAÇÃO DA DOR E DA QUALIDADE DE VIDA E SONO DAS
VOLUNTÁRIAS
Foi realizada a medida analógica de dor relativa ao dia da avaliação e no final do
tratamento. Foram aplicados questionários específicos para avaliação do impacto da doença
sobre a qualidade de vida através do Questionário SF-36 pesquisa em saúde (WARE;
SHERBOURNE, 1992), Questionário de dor de McGill (MELZACK, 1975; PIMENTA;
TEIXEIRA, 1997) e escala de Sonolência de Epworth antes e depois nos três ciclos
menstruais tratados.
10.5 PROTOCOLO DE TRATAMENTO
Para o tratamento as pacientes foram separadas em dois grupos: o grupo A, tratado com
acupuntura, totalizando 15 pacientes e o grupo B, tratado com laser GaAs 904 nm totalizando
15 pacientes, nos mesmos pontos onde foram inseridas as agulhas no grupo A.
O grupo A recebeu o tratamento com agulhas descartáveis da marca Dong Bang com
dimensões de 0,25 x 0,30 mm inseridas e manipuladas conforme as técnicas de sedação e
harmonização, durante 20 minutos, nos pontos Fígado 3 (F3), Vaso concepção 6 (VC6),
Vesícula Biliar 34 (VB34), Estomago 29 (E29), Baço/Pâncreas 10 (BP10) e Baço/Pâncreas 6
77
(BP6), que realizam o movimento de Qi e Xue, liberando assim a estase e cessando a dor
(MACIOCIA; 1996).
O grupo B foi tratado por um aparelho laser de diodo semicondutor de arsenieto de
Gálio (GaAs), modelo Physiolux Dual, da marca comercial Bioset, número de série 0201057,
com comprimento de onda 904 nm, infravermelho e de emissão contínua, com potência
máxima de pico de 25 W e largura de pulso de 200 ms. A Densidade de Energia (DE)
aplicada foi de 4 J/cm2 , com tempo de 1 minuto e 32 segundos por disparo do feixe, sendo
este único por ponto tratado, distante 1 mm da superfície da pele e perpendicular a ela, sendo
o modo de aplicação pontual e abrangendo a área do feixe laser mais o espalhamento da pele,
nos mesmos pontos de acupuntura descritos no grupo A.
Tanto as pacientes do grupo A como as do grupo B, foram tratadas durante três ciclos
menstruais consecutivos, sendo que o tratamento se iniciava no primeiro dia dos sintomas da
SPM, sendo tratadas até o primeiro dia do fluxo menstrual.
As pacientes foram posicionadas em decúbito dorsal, mas sem liberdade para mudar de
posição o quanto desejasse. O tempo de tratamento foi o mesmo para todas as pacientes,
iniciando no primeiro dia de sintomas da SPM e permanecendo até o primeiro dia de fluxo
menstrual.
Ao final de cada ciclo de tratamento, todas as pacientes foram submetidas a nova
avaliação, tanto física quanto através dos questionários descritos anteriormente.
78
11 TRATAMENTO ESTATÍSTICO
Na análise descritiva e de correlação dos dados foi utilizado o programa Excel 2005
para o cálculo das médias e desvio padrão de todas as variáveis analisadas.
Após, foi utilizado o teste estatístico ANOVA TWO-WAY, com valor de significância
p = 0,005 para se obter a relação estatística entre os grupos estudados.
79
12 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O entendimento da dor e de seus mecanismos é de vital importância para qualquer
fisioterapeuta, já que a necessidade dos pacientes em obter alívio da dor é uma das principais
causas que motiva a busca a atendimentos fisioterapêuticos. A busca por tratamentos eficazes
é o que justifica estudos nesta área. A SPM é uma patologia que é tratada de diversas
maneiras desde tratamento medicamentoso, onde na grande maioria das vezes as pacientes se
sentem incomodadas pelos efeitos colaterais que estes medicamentos ocasionam, até
tratamentos psicológicos e de condicionamento físico (MARVAN, 2001)
O objetivo deste estudo não foi curar a SPM, mas controlar os sintomas que dificultam o
bem estar destas pacientes. Este estudo foi planejado com o objetivo de verificar se o
tratamento com laser em pontos de acupuntura é eficaz na redução dos sintomas da SPM.
A prevalência da SPM tem se apresentado com grande variação de achados. Estima-se
que 80% das mulheres sentem desconforto físico e apresentam alteração de humor no período
pré-menstrual, e que 95% das mulheres férteis sentem pelo menos um sintoma leve, e 11 % se
sentem incapacitadas de executar suas rotinas diárias. Estima-se ainda que 40% das mulheres
em idade reprodutiva tenham SPM e que 5% destas a apresente de forma mais severa,
referindo não haver um teste diagnóstico específico para esta síndrome. Mais recentemente,
descobriu-se que entre 85% a 97% de mulheres em idade reprodutiva sofrem de sintomas
variados no período pré- menstrual, e que 30% a 40% destas procuram atendimento médico
(REID e YEN, 1983; LIMA e CAMUS, 1996; DAUGHERTY, 1998; MELO, GIRIBELA,
GIRIBELA e RICCI, 2001; WYATT, DIMMOCK, FRISCHER, JONES e O’BRIEN, 2002).
Existem três fatores importantes na SPM. O primeiro deles é a própria menstruação
interferindo no humor da mulher e no seu bem estar na fase pré- menstrual, assim como
durante a menstruação. O segundo fator envolve as alterações do ciclo hormonal, produzindo
variabilidade cíclica em certos aspectos no funcionamento do sistema nervoso central. O
terceiro fator é a vulnerabilidade de algumas mulheres ao responder de forma
desproporcionada, física e emocionalmente a agentes adversos (BANCROFT, 1995).
O que se observa na SPM é que os sistemas endócrino, reprodutor e serotoninérgico
convergem para efetuar a regulação do comportamento. As oscilações nos níveis dos
estrógenos e da progesterona, no ciclo menstrual, atuam sobre a função serotoninérgica e, em
mulheres mais sens íveis, ocorrem as manifestações da SPM (HALBE, 2003).
80
Flutuações hormonais do esteróide ovariano claramente precipitam os sintomas. Por
outro lado também está claro que estas mudanças cíclicas não são somente responsáveis pela
mudança do humor ou das manifestações sistêmicas da SPM (SCHMIDT, 1998)
A interação entre o esteróide ovariano e a serotonina aumentam a suscetibilidade dos
distúrbios do humor e causam mudanças cíclicas no sistema de opiódes (beta-endorfina) e o
sistema GABA. apontando para sensibilidade biológica aumentada, vulnerabilidade afetada e
prováveis fatores pessoais e sociais que influenciam a severidade de sintomas. Porém, vários
estudos recentes reforçaram a importância de fatores externos como é o caso do estresse
psico-social (GIANNINI, 1990; TAYLOR, 1984; CHUONG, 1985; RAPKIN, 1987; BECK,
1990; FONTANA, 1994; WARDLAW, 1982)
Como algumas evidências demonstram que determinadas intervenções que produzam
moderada ou intensa diminuição da dor são induzidas pela regulação das taxas hormona is,
pode-se supor então, que houve um equilíbrio das taxas de serotonina e de hormônios
ovarianos, possivelmente induzido pela puntura e pela radiação laser, causada pelo aumento
do fluxo sangüíneo com conseqüente redução na SP, pois altas concentrações de serotonina
levam a uma diminuição da dor (RUSSEL, 1989; UMPHRED, 1994).
Para a realização deste estudo as pacientes foram encaminhadas do setor de
Uroginecologia e Obstetrícia da Clínica Escola do Centro Universitário do Espírito Santo –
UNESC, com diagnóstico de SPM.
A tabela à seguir mostra as características das pacientes tratadas nos dois grupos.
Tabela 7 – Características das pacientes tratadas nos dois grupos
CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS
GRUPO A
GRUPO B
IDADE (em anos)
20,87 +/- 2,07
21,40 +/- 1,72
ALTURA (em metros)
1,60 +/- 0,05
1,58 +/- 0,04
PESO (em kilogramas)
55,40 +/- 6,41
58,20 +/- 8,35
IMC (Kg/m2 )
21,68 +/- 2,80
23,37 +/- 3,58
Valores expressos em média ± desvio padrão.
81
Tabela 8 – Número de sessões realizadas em cada paciente durante o tratamento
NÚMERO DE SESSÕES
1ºCICLO –
ANTES
1ºCICLO DEPOIS
2ºCICLO –
ANTES
2ºCICLO DEPOIS
3ºCICLO –
ANTES
3ºCICLO DEPOIS
GRUPO
GRUPO
GRUPO
GRUPO
GRUPO
GRUPO
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
PACIENTE 1
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 2
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 3
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 4
7
6
7
7
7
6
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 5
7
7
7
6
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 6
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 7
7
7
7
7
7
7
7
7
6
7
7
7
PACIENTE 8
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 9
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 10
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 11
7
6
7
7
7
7
7
7
7
6
7
7
PACIENTE 12
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 13
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
PACIENTE 14
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
6
PACIENTE 15
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
7
Na anamnese foi solicitado as pacientes que dosassem sua dor dentro da escala
analógica visual de dor, que respondessem ao questionário SF-36, o questionário de dor de
Macgill e a escala de sonolência de Epworth. Este procedimento foi realizado novamente no
primeiro dia de fluxo menstrual, e foi repetido nos dois próximos ciclos menstruais. A tabela
à seguir mostra a variação da EVA nos três ciclos menstruais tratados.
Tabela 9 - Resultado da análise de dor através do emprego de escala visual analógica (EVA)
RESULTADO DA ESCALA VISUAL ANALÓGICA DA DOR
GRUPO A
GRUPO B
1ºCICLO – ANTES
9,13 +/- 0,74
9,27 +/- 0,59
1ºCICLO –DEPOIS
4,20+/- 0,94
4,73 +/- 0,88
2ºCICLO – ANTES
7,07 +/- 0,80
7,80 +/- 1,26
2ºCICLO –DEPOIS
2,53 +/- 0,83
3,40 +/- 0,91
3ºCICLO – ANTES
4,93 +/- 0,88
4,80 +/- 0,68
3ºCICLO –DEPOIS
1,60 +/- 0,63
1,73 +/-0,59
Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005
82
Neste estudo as pacientes foram indagadas qual nota dariam para sua dor e através da
análise desta escala observou-se que, no grupo A as pacientes apresentaram alto grau de dor
com média 9,13 antes do tratamento no primeiro ciclo menstrual e 1,6 depois do tratamento
no terceiro ciclo menstrual, e no grupo B, 9,27 antes do tratamento no primeiro ciclo
menstrual e 1,73 depois do tratamento do terceiro ciclo. As pacientes tratadas apresentaram
uma melhora significativa, de cerca de 82% no grupo A e no grupo B, não havendo diferença
estatisticamente significativa entre os dois grupos, sugerindo que tanto a acupuntura como o
laser podem diminuir a intensidade da dor.
Utilizou-se também o Questionário de Dor de McGill para avaliação de como é a dor
para cada paciente. A proposta de adaptação para a língua portuguesa deste questionário
mostrou, por parte dos doentes, facilidade para o preenchimento e foi considerado útil para
explicar a dor, pela maioria dos avaliados (PIMENTA; TEIXEIRA, 1997). Este questionário é
um instrumento útil para avaliar a qualidade e a intensidade da dor, o que confere com outros
trabalhos que se referem ao questionário de dor de McGill como um instrumento eficaz e
confiável que pode ser usado em diversas situações clínicas (FERREIRA et al., 2002).
Tabela 10 – Descritores da dor, segundo o questionário de Macgill.
RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO DE MACGILL – DESCRITORES
1ºCICLO –
ANTES
1ºCICLO DEPOIS
GRUPO
SENSORIAL
AFETIVO
AVALIATIVO
MISCELÂNEA
TOTAL
2ºCICLO –
ANTES
GRUPO
2ºCICLO DEPOIS
GRUPO
3ºCICLO –
ANTES
GRUPO
3ºCICLO DEPOIS
GRUPO
GRUPO
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
7,80
8,00
7,67
7,33
8,53
7,60
6,93
7,20
6,33
6,33
3,80
3,33
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
1,82
1,36
1,91
1,29
0,74
1,30
1,53
1,32
1,63
1,63
1,37
1,45
3,80
4,07
3,73
3,73
4,47
3,80
3,53
3,53
3,80
3,80
3,20
3,13
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
1,26
0,80
1,22
0,96
0,74
0,86
0,92
0,64
1,01
1,01
1,01
0,99
0,87
0,87
0,87
0,87
1,00
0,87
0,60
0,87
0,60
0,87
0,27
0,87
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
0,35
0,35
0,35
0,35
0,00
0,35
0,51
0,35
0,51
0,35
0,46
0,35
2,93
3,00
2,80
2,87
3,60
2,67
2,67
2,67
2,67
2,67
2,07
2,07
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
0,70
1,07
0,68
1,13
0,51
1,29
0,90
1,29
0,90
0,90
1,03
1,03
15,40
15,93
15,07
14,80
17,60
14,93
13,73
14,27
13,40
13,67
9,33
9,40
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
1,80
1,94
2,09
2,18
1,30
2,15
2,52
1,94
2,59
2,77
2,19
2,47
Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005
83
Tabela 11 – Índice de dor, segundo o questionário de Macgill.
RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO DE MACGILL – ÍNDICE DE DOR
SENSORIAL
AFETIVO
AVALIATIVO
MISCELÂNEA
TOTAL
1ºCICLO –
ANTES
1ºCICLO DEPOIS
2ºCICLO –
ANTES
2ºCICLO DEPOIS
3ºCICLO –
ANTES
3ºCICLO DEPOIS
GRUPO
GRUPO
GRUPO
GRUPO
GRUPO
GRUPO
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
17,47
18,67
13,60
13,93
20,93
17,93
12,67
13,33
11,60
11,60
6,13
5,40
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
4,97
4,12
4,01
2,58
2,58
3,84
3,66
4,24
3,56
3,56
2,92
2,50
6,73
7,87
5,27
5,53
8,00
6,87
5,67
5,47
6,00
6,00
5,00
4,93
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
2,87
1,81
2,22
1,73
2,17
2,03
1,72
1,60
1,65
1,65
1,60
1,49
2,73
2,07
1,33
1,27
2,53
1,93
0,93
1,07
0,93
0,93
0,40
0,40
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
1,87
1,49
0,72
0,88
1,51
1,53
0,88
0,70
0,88
0,88
0,74
0,74
9,33
9,40
6,93
7,67
11,13
7,53
6,93
6,53
6,93
6,93
5,13
5,13
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
2,79
3,70
2,49
3,09
1,41
4,14
2,19
3,29
2,19
2,19
2,72
2,72
36,27
38,00
27,13
28,40
42,60
34,27
26,20
26,40
25,47
25,47
16,67
15,87
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
4,32
6,77
5,19
4,07
4,70
7,07
5,25
5,05
5,34
5,34
4,76
4,42
Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005
A tabela 8 mostra que tanto o grupo A quanto o grupo B apresentaram descritores em 4
categorias (sensorial, afetivo, avaliativo e miscelânea). Na categoria sensorial, o grupo A
iniciou o tratamento com 7,8 descritores de dor em médio, reduzindo para 3,80 ao final do
tratamento, enq uanto o grupo B tinha 8,0 em média de descritores para a dor antes do
tratamento e terminou com 3,33, demonstrando uma redução nos seus sintomas. Na categoria
afetiva o grupo A apresentou discreta melhora, de 3,80 para 3,20 em média, enquanto que o
grupo B apresentou melhora de 4,07 para 3,13. este achado sugere que o laser tenha sido
melhor do que a acupuntura, mas demonstra apenas maior interferência afetiva nas pacientes
do grupo A, evidenciando o caráter emocional da síndrome. Na categoria avaliativa houve
uma redução apenas nas pacientes tratadas com acupuntura, pois as pacientes do grupo B
mantiveram a expressão “chata” da dor durante todo o tratamento, não alterando o resultado
após o tratamento A avaliação do quadro doloroso caiu em ambos os grupos, provavelmente
pela sensação de alívio ocasionada pelo tratamento. Já a categoria miscelânea, demonstrou a
melhora em ambos os grupos, sendo que o grupo A iniciou com 2,93 em média e terminou
com 2,07, e o grupo B, iniciou com 3,00 e terminou com 2,07 em média. A tabela 9, mostra a
84
média dos índices de dor obtidos pela somatória dos descritores em cada categoria do
questionário de dor de Macgill.
Durante a coleta de dados muitas pacientes reclamaram do tipo de dor que a SPM causa,
descreviam a dor como insuportável e o caráter da dor foi freqüentemente relatado como de
"cortante, latejante, em fisgada", podendo ser irradiante, atingir os níveis mais altos, como
tem sido verificado nas escalas analógicas e nos questionários de avaliação de dor. RUSSEL
(1989) cita que as pacientes descrevem a dor, podendo ser queimação, pontada, peso, “tipo
cansaço” ou como uma contusão.
Nas pacientes tratadas com acupuntura, os pontos E29 e VB34 foram escolhidos em
razão de seus conhecidos efeitos analgésicos (CHIU et al, 2003) principalmente quando
associados. (LUNA, 2002). Quando utilizados em conjunto com o VC6, o F3 o BP10 e o BP6
realizam grande movimento de Qi e Xue, liberando assim a estase e consequentemente
cessando a dor (MACIOCIA, 1996)
Em um estudo de 56 pacientes com dor crônica e tratados com laser, após a irradiação,
verificou-se um número aumentado dos níveis séricos de ß-endorfinas, relatando diminuição
da dor, sendo este um efeito atribuído ao laser (LAACKSON et l, 1994). Como o grupo B
recebeu irradiação laser e teve diminuído o quadro de dor, supõe-se que este seja um dos
mecanismos de alívio desta sintomatologia.
No grupo B, houve significativa melhora do quadro álgico, dados estes que vêm de
encontro com os achados sobre a diminuição da sintomatologia dolorosa em pacientes que
foram submetidos ao tratamento a base de laser (BEZZUR et al, 1988; HANSSON, 1989;
PINHEIRO et al, 1997; CONTI et al, 2001)
Em outro estudo realizado com 3635 pacientes 82% dos pacientes tiveram melhora da
quadro doloroso após a terapia laser, o que também vem de encontro com nosso estudo
(SHIROTO et al, 1989).
Ao que parece, no tocante a dor, a utilização de agulhas ou do laser sobre os pontos
protocolados para o tratamento da SPM, têm o mesmo resultado, não diferindo
estatisticamente, o que indica que o laser pode ser utilizado nos pontos de acupuntura para se
obter os resultados esperados pelas agulhas.
As pacientes foram também submetidas ao Medical Outcomes Study Short Form-36
Health Survey (SF-36). O SF-36 é um questionário genérico elaborado para avaliar a
85
qualidade de vida. Seus resultados são mostrados em escores de 0 a 100 obtidos a partir de
uma relação de quesitos sobre vários aspectos de qualidade de vida (100 indica a melhor
qualidade de vida possível e 0 a pior). Este instrumento é dividido em escalas para cada
aspecto da qualidade de vida a ser observado, sendo que cada uma das escalas recebe um
escore que varia de 0 a 100 (tabela 11).
Tabela 12 - S F- 36 - Índice de qualidade de vida de pacientes tratadas com acupuntura e com laser.
RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO SF 36
CAPACIDADE
FUNCIONAL
LIMITAÇÃO
POR ASPÉCTOS
FÍSICOS
DOR
ESTADO GERAL
DE SAÚDE
VITALIDADE
ASPÉCTOS
SOCIAIS
ASPÉCTOS
EMOCIONAIS
SAÚDE
MENTAL
1ºCICLO –
ANTES
1ºCICLO DEPOIS
2ºCICLO –
ANTES
2ºCICLO DEPOIS
3ºCICLO –
ANTES
3ºCICLO DEPOIS
GRUPO
GRUPO
GRUPO
GRUPO
GRUPO
GRUPO
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
A
B
59,67
58,67
59,67
44,33
58,67
59,67
44,33
59,67
43,00
56,67
52,00
67,00
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
11,72
12,46
11,72
10,67
12,46
11,72
10,67
11,72
10,49
9,57
6,40
9,22
40,00
41,67
41,67
+/-
+/-
12,68
24,40
48,60
44,27
83,60
83,60
+/-
+/-
+/-
10,29
9,52
72,07
+/-
23,33
41,67
40,00
23,33
41,67
36,67
60,00
23,33
75,00
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
24,40
12,68
17,59
15,43
22,89
35,10
15,28
25,00
44,27
48,60
83,60
83,60
42,47
34,07
83,60
84,13
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
8,01
8,01
9,52
10,29
8,01
8,01
11,07
14,46
26,63
6,16
72,73
85,33
85,47
72,73
72,07
85,47
85,33
85,87
86,80
85,87
89,40
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
6,51
6,46
5,43
5,38
6,46
6,51
5,38
5,43
5,41
5,07
4,45
3,98
53,33
50,33
63,67
63,67
50,33
53,33
63,67
63,67
63,67
68,00
63,67
68,00
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/15,43
17,59
10,12
9,72
6,40
6,40
9,72
10,12
6,40
6,40
11,15
4,93
6,40
8,82
75,00
75,00
72,50
81,67
75,00
75,00
81,67
72,50
75,83
85,83
81,67
88,33
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
24,09
19,48
23,72
12,38
19,48
24,09
12,38
23,72
17,59
14,84
12,38
13,75
93,33
82,22
93,33
82,22
82,22
93,33
82,22
93,33
68,89
64,44
82,22
73,33
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
13,80
33,01
13,80
21,33
33,01
13,80
21,33
13,80
8,01
29,46
21,33
22,54
63,20
63,73
62,67
62,67
63,73
63,20
62,67
62,67
62,67
58,93
62,67
70,40
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
+/-
3,76
4,13
4,45
4,45
4,13
3,76
4,45
4,45
5,41
6,67
4,45
6,20
Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005
A capacidade funcional avalia a presença e extensão de limitações relacionadas à
capacidade física como: capacidade de realizar atividades vigorosas ou moderadas, se pode
levantar ou carregar mantimentos, subir vários lances de escada ou apenas um lance, curvar-se
86
ajoelhar-se ou dobrar-se, andar um ou vários quarteirões, tomar banho e vestir-se. Estes
parâmetros foram analisados antes e após o tratame nto.
As escalas das pacientes com SPM apresentaram o seguinte resultado: o grupo A iniciou
o tratamento com escore de 59,67 e terminou com 52,00, uma piora neste quadro de 12,89%,
enquanto que o grupo B teve escore inicial de 58,67 e após o tratamento, um escore de 67,00,
uma melhora de 14,19%, demonstrando que a capacidade funcional teve uma melhora
estatisticamente significativa nas pacientes tratadas com laser (Tabela 10). Este resultado
provavelmente tenha ocorrido pelo fato de a dor ter melhorado (EVA e Macgill), portanto se o
indivíduo sente menos dor, conseqüentemente tem maior capacidade de realizar suas
atividades diárias. Estes resultados estão de acordo com a literatura que cita que à medida que
o condicionamento ou a capacidade funcional melhoram, a intensidade dos sintomas como
dores após esforço e fraqueza muscular diminuem e vice-versa (SALVADOR; SILVA;
ZIRBES, 2005).
A limitação por aspectos físicos avalia limitações quanto ao tipo e quantidade de
trabalho, bem como quanto essas limitações dificultam a realização do trabalho e das
atividades da vida diária. Os sintomas da SPM causam grande impacto no cotidiano e
promovem a ruptura da rotina, cuja conseqüência tende a se manter ao longo do tempo devido
a cronicidade da doença (BERBER; KUPEK; BERBER, 2005). Supostamente a qualidade de
vida é uma conseqüência do bem estar físico (MARQUES, 2004). Neste estudo observou-se
que a limitação por aspectos físicos é grande nas pacientes tanto do grupo A como do grupo B
no início do tratamento.
Após o tratamento obtivemos valores de 75,00 de escore contra 41,67 do início do
tratamento para as pacientes tratadas no grupo B, uma melhora de 79,98%. O grupo A,
novamente apresentou uma piora do seu quadro final, quando comparado com o início do
tratamento, sendo os escores inicial e final de 40,00 e 23,33 respectivamente. Estes resultados
demonstram uma melhora da aptidão física após o tratamento no grupo B, . Este resultado foi
significativo pois demonstra menos dias de trabalho perdidos após o tratamento. Este
resultado provavelmente se deve ao fato de ter havido uma melhora na dor, acarretando
melhora na capacidade funcional e conseqüente menor limitação física. O fato do grupo A não
apresentar melhora pode ser devido ao fato de que a acupuntura não gerou melhora no bem
estar físico geral das pacientes.
87
A presença de dor, sua intensidade e sua interferência nas atividades da vida diária,
também pode ser avaliada pelo SF-36. Quanto à dor o grupo A iniciou o tratamento com um
escore de 48,60 e terminou com 83,60, obtendo melhora de 72,01%. Já o grupo B iniciou com
um escore de 44,27 e terminou com 84,13, uma melhora de 90,03%. Este resultado
demonstrou ser estatisticamente significativo evidenciada na EVA e no questionári ode dor de
Macgill, confirmando o efeito analgésico alcançado pelo tratamento do laser e da acupuntura.
Se analisarmos os três instrumentos que avaliaram a dor (EVA, Macgill e SF-36) podemos
notar que o grupo B obteve melhores resultados do que o grupo A, provavelmente devido as
efeitos que o laser tem na microcirculação sanguínea, estimulando a vasodilatação arteriolar e
a neovascularização (TACHIARA et al, 2002) vindo a incrementar a renovação de nutrientes
sanguíneos e a oxigenação local (COLLS, 1996).
O estado geral de saúde avalia como a paciente se sente em relação a sua saúde global.
Após o tratamento obtivemos uma melhora de 19,14% para as pacientes tratadas no grupo A,
e 22,92% para as pacientes tratadas no grupo B (Tabela 10). Este resultado foi
estatisticamente significativo para ambos os grupos, salientando-se que no início do
tratamento o escore indicava um bom estado geral de saúde para ambos os grupos. Acreditase que com a melhora na dor houve um aumento na disposição geral, levando as pacientes a
descreverem uma melhora no seu estado geral. Este resultado provavelmente foi alcançado
devido a interferência psicológica (HELFENSTEIN JR, 1997).
No item vitalidade, temos itens que consideram o nível de energia e de fadiga. O grupo
A iniciou o tratamento com escore de 53,33 e terminou com 63,67, uma melhora de 19,38%,
enquanto o grupo B, iniciou com escore de 50,33 e terminou com 68,00, uma melhora de
35,10%. Este resultado também se apresentou significativo para ambos, provavelmente
devido a redução dos sintomas da SPM, levando a um aumento na capacidade funcional com
redução das limitações físicas e maior disposição, gerando redução no cansaço.
Os aspectos sociais analisam a integração do indivíduo em atividades sociais e suas
limitações. Após o tratamento obtivemos uma melhora de 8,89% nas pacientes do grupo A, e
de 17,77% no grupo B. Observamos então uma melhora na vitalidade nos dois grupos (A e B)
com grande predomínio no grupo B, o que também acontece no aspecto social. Este resultado
provavelmente tenha ocorrido pelo fato da melhora nas pacientes tratadas no grupo B ter sido
maior, refletindo desta maneira em menor limitação e maior disposição neste aspecto de sua
vida.
88
As limitações por aspectos emocionais avaliam o impacto dos aspectos psicológicos no
bem-estar da paciente. Estudos demonstram que a maioria das pacientes com SPM
apresentam déficits no relacionamento com outras pessoas com prejuízo nas atividades
rotineiras, no trabalho, na escola ou no convívio social (HELFENSTEIN JR, 1997). O escore
do grupo A diminuiu em cerca de 12% e no grupo B em cerca de 11%. Nesta questão o que se
observa é que mesmo sendo tratadas, as pacientes apresentam queda no tocante a fator
emocional.. Este resultado provavelmente se deva ao fato de havido algum comprometimento
extra tratamento, acarretando uma leve queda na qualidade emocional das pacientes. Salientase ainda, que os valores de escore emocionais estão acima de 70,00 em ambos os grupos, o
que não é considerado um escore ruim.
A saúde mental inclui questões sobre ansiedade, depressão, alterações no
comportamento, ou descontrole emocional e bem-estar psicológico. As pacientes com dor
crônica normalmente apresentam altos níveis de estresse, ansiedade e depressão. O escore
inicial do grupo A foi de 63,20 e o final de 62,67, enquanto o grupo B obteve escore inicial de
63,73 e escore final de 70,40. Obtivemos portanto como resultado uma leve piora no grupo A
de 0,83%, e melhora de 10,46% nas pacientes do grupo B. O resultado se mostrou
significativo para as pacientes do grupo B, levando a comprovar que a dor e as noites de sono
não repousante estão ligadas aos sintomas de ansiedade, onde a depressão pode surgir como
fenômeno secundário na dor crônica (DOURADO et al., 2004).
Foi avaliado ainda o índice de sonolência das pacientes de acordo com a escala de
sonolência de Epworth, onde os resultados estão evidenciados na tabela 11.
Tabela 13 – Resultado da escala de sonolência de Epworth.
RESULTADO DA ESCALA DE SONOLÊNCIA DE EPWORTH
GRUPO A
GRUPO B
1ºCICLO – ANTES
4,13 +/- 1,51
3,67 +/- 1,54
1ºCICLO –DEPOIS
4,73+/- 1,67
4,93 +/- 2,02
2ºCICLO – ANTES
4,13 +/- 1,51
3,07 +/- 1,58
2ºCICLO –DEPOIS
4,73 +/- 1,67
4,67 +/- 1,59
3ºCICLO – ANTES
4,00 +/- 1,89
3,40 +/- 1,50
3ºCICLO –DEPOIS
3,47 +/- 1,13
3,13 +/-1,60
Valores expressos em média ± desvio padrão, p<0,005
89
Queixas de insônia e ansiedade são freqüentes e podem ser aliviadas com acupuntura
cuja potência sedativa já foi equiparada à dos benzodiazepinicos (TAO, 1993; LO, 1979;
CHENG, 2003)
Nas pacientes tratadas neste estudo, não houve diferença significativa sobre a
sonolência, uma vez que todas as pacientes avaliadas tiveram como resultado valores menores
do que 8, na escala de Epworth, o que evidencia sonolência normal sugerimos portanto,
maiores estudos sobre o assunto, avaliando mulheres com distúrbios efetivos do sono .
Através da análise com questionários observou-se que a SPM traz um impacto negativo
nas pacientes apresentando baixa qualidade de vida, mas pouco influenciando na qualidade de
sono das mesmas. Após o tratamento as pacientes portadoras de SPM apresentaram uma
redução nos sintomas desta síndrome descrevendo melhora na qualidade de vida. Pode-se
então supor que a qualidade de vida está associada com a maior ou menor intensidade dos
sintomas e que, portanto a eliminação dos mesmos poderia propiciar melhora na qualidade de
vida. Após o tratamento obtivemos melhora na qualidade de vida das pacientes portadoras de
SPM, em ambos os grupos.
Sugere-se para novos estudos um número maior de pacientes para que haja uma redução
no desvio padrão, com mais homogeneidade entre eles, e que se busquem maneiras de dosar
as formas fisiológicas de melhora dos quadros dolorosos, para a obtenção da direção que esta
melhora ocorreu.
90
13 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos no presente estudo, é possível inferir que tanto as
pacientes tratadas com acupuntura como as tratadas com laser, podem ser altamente
beneficiadas com este tratamento, principalmente na melhora da dor e na qualidade de vida ,
evidenciando que o tratamento com radiação laser de GaAs, pode ser usado nos pontos
protocolados de acupuntura, inclusive com melhores impactos sobre o alívio dos sintomas e
melhora na qualidade de vida destas pacientes.
91
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101
ANEXO A - QUESTIONÁRIO SF-36 PESQUISA EM SAÚDE
Instruções: Esta pesquisa questiona você sobre sua saúde. Estas informações nos manterão informados de como
você se sente e quão bem você é capaz de fazer suas atividades de vida diária. Responda cada questão marcando
a resposta como indicado. Caso você esteja inseguro em como responder, por favor tente responder o melhor que
puder.
1. Em geral, você diria que sua saúde é:
(circule uma)
Excelente ...................................................................................... 1
Muito boa ...................................................................................... 2
Boa ................................................................................................ 3
Ruim .............................................................................................. 4
Muito ruim ..................................................................................... 5
2. Comparada há um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora?
(circule uma)
Muito melhor agora do que há um ano atrás.....................................1
Um pouco melhor agora do que há um ano atrás ........................... 2
Quase a mesma de um ano atrás ................................................... 3
Um pouco pior agora do que há um ano atrás ................................ 4
Muito pior agora do que há um ano atrás ........................................ 5
3. Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum.
Devido a sua saúde, você tem dificuldade para fazer essas atividades? Neste caso, quanto?
(circule um número em cada linha)
Atividades
Sim.
Dificulta
muito
Sim.
Dificulta
um pouco
Não. Não dificulta
de modo algum
a. Atividades vigorosas, que exigem muito esforço, tais como
correr, levantar objetos pesados, participar em esportes
árduos
1
2
3
b. Atividades moderadas, tais como mover uma mesa, passar
aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa
1
2
3
c. Levantar ou carregar mantimentos
1
2
3
d. Subir vários lances de escada
1
2
3
e. Subir um lance de escada
1
2
3
f. Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se
1
2
3
g. Andar mais de 1 quilômetro
1
2
3
h. Andar vários quarteirões
1
2
3
i. Andar um quarteirão
1
2
3
j. Tomar banho ou vestir-se
1
2
3
102
4. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou com
alguma atividade diária regular, como conseqüência de sua saúde física?
(circule uma em cada linha)
Sim
Não
a. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras
atividades?
1
2
b. Realizou menos tarefas do que gostaria?
1
2
c. Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou em outras atividades?
1
2
d. Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (p. ex: necessitou de um
esforço extra?)
1
2
5. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seu trabalho ou outra
atividade regular diária, como conseqüência de algum problema emocional (como sentir-se deprimido ou
ansioso)?
Sim
Não
a. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras
atividades?
1
2
b. Realizou menos tarefas do que gostaria?
1
2
c. Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com tanto cuidado como geralmente
faz?
1
2
6. Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais interferiram
nas suas atividades sociais normais, em relação a família, vizinhos, amigos ou em grupo?
De forma nenhuma ........................................................................... 1
Ligeiramente ..................................................................................... 2
Moderadamente ................................................................................ 3
Bastante ............................................................................................ 4
Extremamente ................................................................................... 5
7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
Nenhuma .......................................................................................... 1
Muito leve ......................................................................................... 2
Leve .................................................................................................. 3
Moderada .......................................................................................... 4
Grave ................................................................................................ 5
Muito grave ....................................................................................... 6
103
8. Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal (incluindo tanto o
trabalho fora de casa e dentro de casa)?
De maneira nenhuma ........................................................................ 1
Um pouco .......................................................................................... 2
Moderadamente ................................................................................ 3
Bastante ............................................................................................. 4
Extremamente .................................................................................... 5
9. Es tas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as últimas 4
semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime da maneira como você se
sente em relação as últimas 4 semanas.
(circule um número para cada linha)
Todo
tempo
A
maior
parte
do
tempo
Uma
boa
parte
do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
a. Quanto tempo você tem se sentido cheio de
vontade, cheio de força?
1
2
3
4
5
6
b. Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa
muito nervosa?
1
2
3
4
5
6
c. Quanto tempo você tem se sentido tão
deprimido que nada pode animá -lo?
1
2
3
4
5
6
d. Quanto tempo você tem se sentido calmo ou
tranqüilo?
1
2
3
4
5
6
e. Quanto tempo você tem se sentido com muita
energia?
1
2
3
4
5
6
f. Quanto tempo você tem se sentido desanimado
e abatido?
1
2
3
4
5
6
g. Quanto tempo você tem se sentido esgotado?
1
2
3
4
5
6
h. Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa
feliz?
1
2
3
4
5
6
i. Quanto tempo você tem se sentido cansado?
1
2
3
4
5
6
10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais
interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)?
104
(circule uma)
Todo o tempo ............................................................................................... 1
A maior parte do tempo ................................................................................ 2
Alguma parte do tempo ................................................................................ 3
Uma pequena parte do tempo .......................................................................4
Nenhuma parte do tempo ............................................................................. 5
11. O quanto é verdadeiro ou falso cada uma das afirmações para você?
(circule um número em cada linha)
a. Eu costumo adoecer um pouco
mais facilmente que as outras
pessoas
b. Eu sou tão saudável quanto
qualquer pessoas que eu conheço
c. Eu acho que a minha saúde vai
piorar
d. Minha saúde é excelente
Definitivamente
verdadeiro
1
A maioria
verdadeiro
2
Não
sei
3
A maioria
falso
4
Definitivamente falso
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
105
ANEXO B - QUESTIONÁRIO DE DOR DE MCGILL
Proposta de adaptação do Questionário de dor de Mcgill para a Língua Portuguesa. São Paulo, 1995
Algumas palavras que eu vou ler descrevem a sua dor atual. Diga-me quais palavras melhor
descrevem a sua dor. Não escolha aquelas que não se aplicam. Escolha somente uma palavra de cada
grupo. A mais adequada para a descrição de sua dor
1
1-vibração
2-tremor
3-pulsante
4-latejante
5-como batida
6-como pancada
5
1-beliscão
2-aperto
3-mordida
4-cólica
5-esmagamento
9
1-mal localizada
2-dolorida
3-machucada
4-doída
5-pesada
13
1-amedrontadora
2-apavorante
3-aterrorizante
17
1-espalha
2-irradia
3-penetra
4-atravessa
2
1-pontada
2-choque
3-tiro
6
1-fisgada
2-puxão
3-em torção
10
1-sensível
2-esticada
3-esfolante
4-rachando
14
1-castigante
2-atormenta
3-cruel
4-maldita
5-mortal
18
1-aperta
2-adormece
3-repuxa
4-espreme
5-rasga
3
1-agulhada
2-perfurante
3-facada
4-punhalada
5-em lança
7
1-calor
2-queimação
3-fervente
4-em brasa
11
1-cansativa
2-exaustiva
15
1-miserável
2-enlouquecedora
19
1-fria
2-gelada
3congelante
4
1-fina
2-cortante
3-estraçalha
8
1-formigamento
2-coceira
3-ardor
4-ferroada
12
1-enjoada
2-sufocante
16
1-chata
2-que incomoda
3-desgastante
4-forte
5-insuportável
20
1aborrecida
2-dá náusea
3agonizante
4-pavorosa
5-torturante
Número de Descritores
Índice de Dor
Sensorial..............................................
Sensorial...........................................
Afetivo..................................................
Afetivo ...............................................
Avaliativo..............................................
Avaliativo ...........................................
Miscelânea...........................................
Miscelânea ........................................
Total....................................................
Total ..................................................
Os sub-grupos de 1 a 10 representam respostas sensitivas à experiência dolorosa (tração, calor, torção, entre outros); os descritores dos
sub-grupos de 11 a 15 são respostas de caráter afetivo (medo, punição, respostas neurovegetativas etc.); o sub-grupo 16 é avaliativo
(avaliação da experiência global) e os de 17 a 20 são miscelânea
106
ANEXO C – ESCALA DE SONOLÊNCIA DE EPWORTH
Classificação da Escala de
Normal
Sonolência de Epworth
0-8
Leve
9 - 12
Moderado
13 - 16
Severo
> 16
Fonte: Kryger, Roth e Dement, (2005).
107
ANEXO D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO
A pesquisa realizada é sobre a Aplicação Do Laser De Arsenieto De Gálio (GaAs) 904 Nm Em
Pontos De Um Protocolo De Acupuntura Para Alivio De Dor E Melhora Da Qualidade De Vida E
De Sono De Mulheres Com Síndrome Da Tensão Pré-Menstrual
OBJETIVO:
Geral: comparar o efeito do laser de AsGa 904 nm aplicado em pontos de acupuntura no alívio da dor
e na melhora da qualidade de vida e de sono em mulheres com distúrbios ocasionados pela
Síndrome da Tensão Pré-Menstrual.
Específicos: Demonstrar os pontos de acupuntura utilizados no tratamento da Síndrome da Tensão
Pré-Menstrual
Demonstrar a eficácia do uso do laser sobre os pontos de acupuntura.
Estabelecer um parâmetro na utilização do laser em distúrbios da Síndrome da Tensão Pré-Menstrual
Avaliar se houve melhora na qualidade de sono de mulheres portadoras da Síndrome da Tensão PréMenstrual
Demonstrar a melhora na qualidade de vida de mulheres portadoras dos distúrbios da Síndrome da
Tensão Pré-Menstrual
PROCEDIMENTOS:
Todas as pacientes participantes do estudo passarão por um exame fisioterapeutico no início de cada
atendimento, onde serão feitas todas as avaliações para verificação se estão dentro dos critérios
diagnósticos de Síndrome da Tensão Pré-Menstrual (STM), posteriormente as mesmas serão
submetidas a três questionários o, Questionário SF-36, que avalia a qualidade de vida das pacientes,
A Escala de sonolência de Epworth e o Questionário de dor McGuill.
Todas as pacientes estarão informadas de tratar-se de um estudo científico, que parte destas
pacientes receberá apenas o tratamento com as agulhas de acupuntura e a outra parte apenas as
emissões do LASER AsGa da marca BIOMED, de comprimento de onda 904 nm com densidade de
2
energia de 4 J/cm , na forma puntual sem nenhum tipo de medicamento tópico
Após o final da fase sintomática novamente será aplicado os instrumentos acima relacionados para
análise durante 3 ciclos menstruais seguidos,
As formas a serem utilizadas, tanto no que diz respeito à avaliação e ao tratamento não irão causar
nenhum desconforto as pacientes uma vez que não são técnicas invasivas (agressivas).
Será assegurado as pacientes sigilo absoluto de todas as informações que nos forem passadas, tudo
com o objetivo de proteger ao máximo a privacidade das participantes da pesquisa.
DESISTÊNCIA:
Estou consciente de que caso venha a participar deste estudo estarei livre para me afastar do estudo
a qualquer momento sem que para isso haja qualquer prejuízo para minha pessoa. Em hipótese
alguma a minha desistência influenciará no meu trabalho ou relacionamento com os profissionais
desta instituição.
Se houver qualquer outra dúvida ou explicação adicional estarei livre em qualquer etapa do estudo
para esclarecimento no fone 27 8817 7411 ou ao Dr.Luiz Vicente Franco Oliveira fone: 12 8124 9498.
O aluno de mestrado Getúlio Vargas do Nascimento Júnior, que pode ser encontrado no endereço
Rua Santa Maria 129 apto 303, Centro, Colatina – ES, fones 27 3721 7619 – 27 3723 3077 – 27 8817
7411 estará sempre disponível para eventual informação.
Acredito ter sido suficientemente informada a respeito das informações que li ou que foram lidas para
mim, descrevendo o estudo “Aplicação Do Laser Asga 904 Nm Em Pontos De Um Protocolo De
108
Acupuntura Para Alivio De Dor E Melhora Da Qualidade De Vida E De Sono De Mulheres Com
Síndrome Da Tensão Pré-Menstrual”
Eu discuti com Getúlio Vargas do Nascimento Júnior, sobre a minha decisão em participar nesse
estudo. Ficaram claros para mim os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus
desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou
claro também que minha participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente a participar
deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo,
sem penalidades ou prejuízo de qualquer espécie.
_____________________________________________________
Paciente
Data:____________
_____________________________________________________
Testemunha
Data:____________
109
ANEXO E – PROTOCOLO DO CEP
110
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