O Nível do Desflorestamento e da Cobertura Vegetal - DSR

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Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE
O Nível do Desflorestamento e da Cobertura Vegetal no município de Peixe Boi,
Nordeste do Estado do Pará, no período de 2004 e 2008.
Thais Gleice Martins Braga 1
Deivisson Bacha Figueiredo 1
João Almiro Corrêa Soares1
Bruno Wendell de Freitas Pereira1
Maria de Nazaré Martins Maciel1
Denison Lima Correa1
Wander Clecius Borges Cardoso1
1
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
Lab. de Geoprocessamento, Análise Espacial e Monitoramento por Satélite - LAGAM
Av.Tancredo Neves 2501- Caixa Postal 917
66077-530 - Belém - PA, Brasil
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected];
[email protected];[email protected];professorwandercardoso@gm
ail.com.
Abstract: The track northeastern state of Para is one of the oldest regions of human occupation in the Brazilian
Amazon consists of areas with marked degree of human disturbance. In this context the use of satellite images
becomes an important tool to classify areas, thereby controlling deforestation. The scenes Landsat/TM-5 were
obtained from orbit/point 223/61, 13/07/2008 and 04/09/2004 passages were used bands 3, 4 and 5, After
classification of these images by PDI software , it was found that there was a reduction of 5.24% of the vegetated
area, somewhere around 23.6243 km ², in the time interval from 2004 to 2008.
Palavras-chave: Desmatamento, Sensoriamento Remoto, pdi, Deforestation, Remote Sensing, pdi.
1. Introdução
O nordeste do Estado do Pará representa uma das regiões mais antigas de ocupação
humana na Amazônia brasileira e constitui um exemplo bem representativo da transformação
de paisagens florestais em áreas com grau de antropização acentuado. A ocupação desta
região, que se acentuou a partir do começo deste século, nas últimas décadas experimentou
grandes transformações na sua paisagem natural, com reflexos não apenas no segmento
ambiental, mas também em um amplo espectro socioeconômico (Venturieri, 1998).
Na avaliação espacial de tal problemática, muitos pesquisadores sugerem o uso de
técnicas de sensoriamento remoto e o geoprocessamento na aplicação de avaliações de
sistemas de ocupação, entre eles: Vasconcelos e Novo (2004), Carrão (2001) e Lorena (2001).
Advindo da possibilidade de conciliar uma série de informações sobre os ecossistemas que
vêm sofrendo rápidas mudanças, o emprego da geotecnologia contribui decisivamente para o
planejamento regional e o combate a distúrbios ecológicos da paisagem que podem se dar ao
longo do tempo (Watrin et al., 2007). Nesse contexto, o uso de imagens de satélites se torna
uma ferramenta importante na classificação de áreas, com isso o controle do desmatamento.
Para estudar a dinâmica e os níveis do desflorestamento na Amazônia e quais os seus
principais agentes de impulsão, é necessário abordar técnicas de Geoprocessamento e
tecnologias de Sensoriamento Remoto capazes de avaliar as modificações na cobertura
vegetal e na paisagem local como um todo. Desta forma, o objetivo deste trabalho é avaliar as
mudanças ocorridas na cobertura vegetal do município de Peixe-Boi entre 2004 e 2008.
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2. Metodologia de Trabalho
2.1. Área de estudo
O estudo foi desenvolvido município de Peixe-Boi pertencente à Mesorregião do
Nordeste Paraense e à Microrregião Bragantina do Pará. A sede municipal apresenta as
seguintes coordenadas geográficas: 01º 11’ 30” de latitude Sul e 47º 18’ 54” de longitude a
Oeste de Greenwich. O município faz limite ao Norte com o Município de Santarém Novo, a
Leste com os Municípios de Primavera e Capanema, ao Sul com o Município de Bonito e a
Oeste com o Município de Nova Timboteua. Os solos predominantes no Município estão
agrupados em associações, constituídas, principalmente, pelo Latossolo Amarelo, textura
média, e solos Concrecionários Laterísticos; solos Hidromórficos Indiscriminados e solos
Aluviais.
Segundo Estatística Municipal (2007) o município de Peixe Boi é originalmente
constituído de Floresta Densa de Terra Firme, encontrando-se bastante alterado pela
implantação de cultivos migratórios, permanentes e pastagens. Atualmente predomina a
vegetação secundária, segundo a figura 1.
Figura 1: Mapa de localização do município estudado
O conjunto de dados utilizados na realização deste estudo é composto de: a)
imagens brutas do satélite Landsat-5, sensor TM, dos anos de 2004 e 2008; b) bases
Temáticas e Cartográficas (escala 1:250.000), incluindo os layers de vegetação, unidades
de conservação, hidrografia, localidades, limites políticos, rodovias, entre outras. As
imagens TM/Landsat-5, dos anos de 2004 e 2008 foram adquiridas junto ao Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através do site www.inpe.br.
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Tabela1. Características da base de dados utilizada no estudo.
Dados
Bandas
Res.
Espacial/
Escala
Landsat TM
223/61
Landsat TM
223/61
Geocover
LandsatOrto
Base
Cartográfica
Data
04/09/2004
5,4,3
Dimensão
185 km/
185 km
14,5 m
-------
1:250.000
2001
Tipo
Res.
Radiométrica
51º/49º
30 m
13/07/2008
7,4,2
Âng.
Incidência/
Azimute
Raster
8 bits
54º/44°
-----------
---------
Raster
8 bits
Vetor
A condução do tratamento e análise do banco de dados associados com as
informações georreferenciadas das áreas de estudo foram realizadas nos programas Envi
4.5 (ENVI, 2009) e ArcGis 9.3 (ESRI, 2009). Inicialmente selecionaram-se imagens do
satélite Landsat/TM-5, da órbita/ponto 223/61, cenas de 13/07/2008 e 04/09/2004, bandas
3, 4 e 5. As imagens foram obtidas através do site do INPE (http://www.inpe.br/).
Foi executado o georreferenciamento das imagens de 2004 e 2008 com base no
recorte imagem Geocover LandsatOrto. No sentido de buscar a uniformização dos
padrões de uso da terra no presente trabalho aplicou-se a conversão dos números digitais
para a reflectância aparente no topo da atmosfera através do programa ENVI 4.5 seguindo
a metodologia proposta por Markham e Barker (1986). Em seguida foi realizada a
Classificação Supervisionada por máxima verossimilhança. No fluxograma da figura 2
podemos verificar a metodologia do presente trabalho.
Diante disto é necessário enfatizar que o método da máxima verossimilhança
consiste em utilizar a média e covariância das amostras computando a probabilidade de
um pixel desconhecido pertencer a uma ou outra classe, Silva, (2007).
Na figura 3 fica explicito os métodos utilizados para efetuar o processamento
digital de imagens do presente estudo, assim como, a criação do bando de dados.
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Figura 2: fluxograma da metodologia abordada
Os produtos do Sensoriamento Remoto orbital vêm se tornando uma importante
ferramenta para as mais variadas aplicações, particularmente aquelas relacionadas com a
avaliação, manejo, gerenciamento e gestão de recursos naturais, como água, solo e vegetação
(Batista et al., 1998).
Por tal afirmação que no presente estudo utilizou-se a ferramenta do
geoprocessamento e do sensoriamento remoto para validar e qualificar os dados obtidos e
analisados, pois sabe-se que os índices de vegetação foram criados, entre outras coisas, para
tentar diminuir o trabalho de análise dos dados orbitais, através da maximização de
informações espectrais da vegetação no menor número de bandas de operações dos sensores.
Eles foram criados com o intuito de ressaltar o comportamento espectral da vegetação em
relação ao solo e a outros alvos da superfície da terra (realçar o contraste espectral entre a
vegetação e o solo) (Moreira, 2003).
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Figura 3: Nesta figura expõem-se o processamento digital de imagens e informações
do banco de dados.
3. Resultados e Discussão
Na efetuação do presente estudo foram executados a definição de três classes tais
como, área com vegetação, área sem vegetação e água. Através da análise da imagem de
satélite LANDSAT 5/TM, verificou-se que as áreas classificadas como não vegetadas
aumentaram cerca de 160, 2929 km² em 2004 para 184, 4246 km² em relação a 2008,
podendo verificar tal afirmação na Tabela 1 e Figura 2 sendo possível verificar um
incremento de aproximadamente 26,1317 km².
Assim sendo, tem-se que no período de 2004 a 2008 a taxa de redução da cobertura
vegetal no município de Peixe-Boi foi na ordem de 16,5%, o que representa aproximadamente
5,8% da área total do município. No entanto, houve uma redução da área vegetada, passando
de 267, 8792 km² em 2004 para 244, 2549 km² em 2008, apresentando um decréscimo de 23,
6243 km², correspondendo aproximadamente cerca de 5% da área total do município.
Essa constatação gera inúmeros prejuízos ao município de Peixe-Boi devido ter
ocorrido em grande escala a diminuição da área vegetada, o que favorece diretamente a perda
de matéria orgânica no solo, gerando dessa forma a diminuição da produtividade, assim como
da estabilidade da terra, tornando a região suscetível à erosão por laminar, sulco e até mesmo
voçorocas.
Tabela 1 – Quantificação de ocupação de áreas vegetadas e não vegetadas no município de
Peixe-Boi no período de 2004 a 2008.
2004
CLASSES
2008
Km²
%
Km²
Área vegetada
267, 8792
59,37%
244, 2549
54,13%
Área não vegetada
158, 2929
35,08%
184, 4246
40,87%
Água
25, 0449
5,55%
22, 5375
5,00%
Total
451, 217
100,00
451, 217
100,00
5198
%
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Figura 2 - Área ocupada por áreas vegetadas e não vegetadas no município de Peixe-Boi no
ano de 2004 a 2008.
A Figura 3 mostra as alterações das áreas vegetadas e não vegetadas apresentadas no
município de Peixe-Boi. Segundo Pena et al (2009) na Amazônia Brasileira a principal
atividade responsável pelo desmatamento é a pecuária. O resultado mostrou que o
desmatamento é fortemente correlacionado com a pecuária. O desmatamento na Amazônia
brasileira tem como principais causas diretas a pecuária, a agricultura de larga escala e a
agricultura de corte e queima. Dessas causas, a expansão da pecuária bovina é a mais
importante atividade pecuária é um dos grandes indutores do desflorestamento na Amazônia.
Na região nordeste do Pará, os projetos de colonização desenvolvidos na região
sempre privilegiaram e incentivaram as atividades agropecuárias, principalmente a pecuária
extensiva. Esta atividade se caracteriza na região pela baixa qualidade dos seus pastos e baixo
rendimento das criações, exigindo assim uma área muito maior para suportar um determinado
número de animais em relação ao desempenho obtido em outras regiões do Brasil. É
exatamente essa necessidade de maiores áreas para a criação que exerce uma pressão sobre a
floresta nativa e que torna a atividade pecuária a maior responsável pelo desflorestamento na
Amazônia brasileira (Nascimento, 1990; Becker, 2001; Margulis,2002).
Haja vista que entre os fatores apontados como explicativos da heterogeneidade do
espaço do desmatamento estão os aspectos relacionados às características naturais (relevo,
clima, solo, condições de acesso); como também, as diferenças e semelhanças das dinâmicas
econômicas das atividades produtivas dominantes, que acabaram por se traduzir em
diferenças quanto ao padrão de uso do solo, ocupação e, por essa via, das forças
impulsionadoras do desmatamento em cada caso. Nesta direção, por exemplo, cerca de 85%
do rebanho bovino da Amazônia está concentrado apenas nos estados de Mato Grosso, Pará,
Tocantins e Rondônia (Arima et al. 2005).
No segundo recorte, o processo de desmatamento ganha caráter espontâneo movido
pela lógica da valorização econômica do território ocupado e pela maximização dos
resultados privados da exploração dos recursos naturais, especialmente pelas atividades
madeireira e pecuária, sendo esta última a de maior escala. Nas três últimas décadas, o
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desmatamento não só multiplica sua velocidade, mas também a sua espacialidade. Nesse
período, a inércia do processo passa a ser basicamente impulsionada pela expansão da
pecuária, especialmente de caráter extensivo (Diniz, et. al., 2009).
Figura 3: Mapa de classificação das classes referentes ao desflorestamento no município: (A)
ano 2004 e (B) ano 2008.
4. Conclusões
Dentro do contexto de estudo proposto pela pesquisa, entre o período de 2004 a
2008, houve uma intensa redução da área vegetada chegando a 5,24%, algo em torno de
23,6243 km². Tal conclusão explica as transformações geradas pelas ações antrópicas, ações
estas, que não respeitam o ambiente, causando modificações na paisagem e no meio
ambiente como um todo, refletindo assim na diminuição da qualidade de vida da população,
bem como da fertilidade do solo devido às alterações nas características naturais do solo.
Concluir-se ainda que a pecuária extensiva na região nordeste do estado do Pará acarretou
no aumento do índice do desflorestamento nessa área, e que esta é considerada por inúmeros
autores um dos fatores mais relevantes dentro do âmbito do desflorestamento na região da
Amazônia legal.
Agradecimentos
A Universidade Federal Rural da Amazônia, pela oportunidade de iniciação cientifica,
aos meus professores, ao Lagam, e ao CNPQ.
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