UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DEPARTAMENTO PATOLOGIA E CLINICAS ÍTALO RAMOS CONCEIÇÃO ALOTRIOFAGIA - MANIFESTAÇÃO DE TRANSTORNO OBSESSIVOCOMPULSIVO EM UM CÃO: RELATO DE CASO. SALVADOR 2008 ÍTALO RAMOS CONCEIÇÃO ALOTRIOFAGIA - MANIFESTAÇÃO DE TRANSTORNO OBSESSIVOCOMPULSIVO EM UM CÃO: RELATO DE CASO. Monografia apresentada ao curso de graduação em Medicina Veterinária, Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário Orientador: Prof. Dr. João Moreira da Costa Neto Salvador Semestre 1/2008 Ramos Conceição, Ítalo, 1980 Alotriofagia - manifestação de Transtorno Obsessivo-Compulsivo em um cão - Relato De Caso/Ítalo Ramos Conceição. - 2008. 37f. Orientador: João Moreira da Costa Neto Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Universidade Federal da Bahia, Curso de Medicina Veterinária, 2008. 1 . Comportamento animal. 2 . Compulsão alimentar. 3 . Canino. I .Ramos Conceição,Ítalo. II . Universidade Federal da Bahia. . Escola de Medicina Veterinária. III . Alotriofagia: manifestação de Transtorno Obsessivo-Compulsivo em um cão - Relato De Caso. Termo de Aprovação ÍTALO RAMOS CONCEIÇÃO ALOTRIOFAGIA: MANIFESTAÇÃO DE TRANSTORNO OBSESSIVOCOMPULSIVO EM UM CÃO - RELATO DE CASO. Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Medico Veterinário, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: Banca Examinadora: Prof. Dr. João Moreira da Costa Neto Prsidente da Banca __________________________________________ __________________________________________ __________________________________________ Apresentada em: ____ / ____ / ____ DEDICATÓRIAS “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; Onde houver discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvida, que eu leve a fé; Onde houver erro, que eu leve a verdade; Onde houver desespero, que eu leve a esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, Fazei que eu procure mais Consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois, é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna.” Oração de São Francisco de Assis. Dedico a Deus, meus pais (Maria e Milton), minha irmã (Kelly), a meu professor (Dr. João Moreira), por todo apoio e dedicação em todos os meus momentos. A todos meus pacientes e seus proprietários que sempre, de alguma maneira, deram-me lições que em livro didático algum poderia aprender: amor a profissão, respeito, persistência e serenidade. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS “Quando nascemos, dão-nos o livro da vida, mas estas páginas estão em branco, e cabe a nós preenchê-las. Não é obrigatório seguir as indicações alheias. Quando somos pequenos, os pais e a sociedade escrevem por nós os primeiros capítulos, e pode acontecer que não gostemos muito deles. Mas nada nos obriga a continuar a história no estilo em que foi começada. Por isso, viremos hoje uma nova página, agarremos a caneta e comecemos a escrever a nossa história. Afinal de contas, só se vive uma vez“. Lucien Auger Ao Prof. Dr. João Moreira da Costa Neto por ter aceitado ser o meu orientador, pela oportunidade, por toda dedicação, paciência, compreensão, ensinamentos, pelo espírito científico e humanitário, apoio em todos os momentos, pela confiança e papel fundamental na minha formação acadêmica; A Prof.ª MS. Simone de Aquino Viegas por todo carinho, dedicação e muita força em todos os momentos; Prof. Dr. Maria Emilia Bavia que mais que ninguém acreditou no meu potencial; A MV. Flávia Carolina Souza de Oliveira por sempre ter estado ao meu lado em alguns do melhores e piores momentos dessa caminhada. “Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração assim falava à canção que na América ouvi Mas quem cantava chorou, ao ver seu amigo partir Mas quem ficou, no pensamento voou Com seu canto que o outro lembrou e quem voou, no pensamento ficou com a lembrança que o outro cantou. Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção o que importa é ouvir a voz que vem do coração Pois seja o que vier, venha o que vier qualquer dia amigo eu volto a te encontrar qualquer dia amigo a gente vai se encontrar” Milton Nascimento A todos os amigos da graduação que passaram por todos os momentos de angústia, luta, perseverança e companheirismo: Marcus Felipe, Gisele Nunes, Milena Pinto, Aílton Silva e tantos que aqui não cabem. Aos estagiários “rasos” do centro cirúrgico: os anjos da guarda sem asas das horas mais difíceis. Aos funcionários do Hospital Veterinário da Universidade Federal da Bahia, que fizeram com que a dia-a-dia fosse infinitamente mais prazeroso . A toda equipe da biblioteca da EMV-UFBA, por toda ajuda prestada. MUITO OBRIGADO! RESUMO O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um distúrbio comportamental importante em humanos, caracterizado pela presença de obsessões e compulsões. Em cães e gatos é freqüentemente reconhecido pelo comportamento ritualístico e estereotipado, porém outras manifestações comportamentais são relacionadas. A alotriofagia, dentre estas, mostra-se a mais nociva para a saúde animal. O presente trabalho relata um caso de TOC caracterizado por alotriofagia em canino da raça Bull Terrier, macho de 11 meses de idade, no qual foram encontrados 2,250 quilos de diversos utensílios domésticos compartimentalizados no estômago. A anamnese, com ênfase nos hábitos cotidianos do paciente e a exclusão de outros diagnósticos diferenciais nos permitiu concluir se tratar de TOC. Palavras-Chaves: Comportamento animal; compulsão alimentar; corpo estranho; canino. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Imagem fotográfica mostrando aspecto do animal no pré-operatório.Em A animal em estação vista lateral esquerda. Em B vista ventral, C vista dorsal. D e E Vista lateral esquerda e direita respectivamente com o cão na posição sentado. Em todas as vistas não se evidenciava quaisquer alterações na conformação abdominal.. Figura 2 - Raio x da região abdominal com ênfase em área estomacal resultando em imagem homogênea linceolar. Figura 3 – Ultrassonografia da região epi/mesogástrica mostrando sombra acústica compatível com presença de corpo estranho. Figura 4 - Sequência fotográfica demonstrando procedimento cirúrgico para laparotomia exploratória e gastrotomia no canino Bull Terrier macho, com diagnóstico de corpo estranho gástrico. Em A, com a cavidade peritoneal acessada, foi possível observar o estômago bastante dilatado, ocupando grande parte da cavidade. Em B e C estômago exposto, isolado por compressas, delimitando em sua curvatura maior, através da apreensão de pinças de Allis, a área da incisão. Em D compartimento gástrico aberto, observando-se grande quantidade de múltiplos materiais de natureza estranha, compactados e ocupando todo o corpo do estômago. Em E e F após a retirada dos mesmos o estômago foi fechado empregando-se poliglactina 910 (Vicril) número 2-0 em dupla camada, com suturas de Shimidien e Cushing. . Figura 5 – Material encontrado dentro do estômago – presença de diversos fragmentos de utensílios domésticos dos mais variados formatos e tamanhos. LISTA DE ABREVIATURAS TOC Transtorno Obsessivo-Compulsivo ISRS Inibidores seletivos de receptação da serotonina Fig. Figura PVPI Iodopovidona LISTA DE SÍMBOLOS % Porcentagem mg Miligrama kg Kilograma g Gramas cm Centímetro ml Mililitro SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ____________________________________11 2. REVISÃO DE LITERATURA _________________________12 3. RELATO DE CASO ________________________________20 4. DISCUSSÃO _____________________________________28 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS __________________________31 REFERÊNCIAS ___________________________________32 ANEXOS: • Anexo 1 ____________________________________36 • Anexo 2 ____________________________________37 1. INTRODUÇÃO O Transtorno Obsessivo-Compulsivo, ou TOC como é mais conhecido, é uma doença por anos estudada em humanos e seu protocolo de tratamento já é bem estabelecido (EILAM et. al, 2006, GONZALES,1999, GRAEFF, 2001). Os transtornos comportamentais figuram na atualidade como uma das maiores causas de dificuldade na interação entre animais de companhia e seus proprietários e, muitas vezes, levam ao abandono e eutanásia dos mesmos por falta de conhecimento das possibilidades terapêuticas. Isso se torna um agravante no Brasil que possui uma população de 29 milhões de cães e 9 milhões de gatos, que quando abandonados tornam-se uma grande problema de zoonose (MOONFANELLI, 1999, NESTLÉ, 2005). Dentre as várias faces da doença podem ser citadas a dermatite por lambedura acral, a síndrome da perseguição da cauda e a alotriofagia como umas das mais frequentes manifestações de TOC em animais de companhia, sendo que a última citada pode levar a sérias injúrias para a saúde do animal pela ingestão de corpo estranho e sendo seu tratamento na maioria das vezes cirúrgico (WILLARD, 2006, OVERALL e DUNHAM, 2002). Por vezes a correção desses distúrbios se faz por mudanças no manejo ora da alimentação ora da rotina do paciente como aumento da frequência dos exercícios físicos, mudança de habitat e uso de técnicas de psicologia animal. Pela relativa raridade do achado o presente trabalho pretende encorajar clínicos e cirurgiões para a suspeita diagnóstica, fundamentada no caso clínico aqui descrito e numa revisão dos principais trabalhos da literatura. 2. REVISÃO DE LITERATURA O transtorno obsessivo-compulsivo, ou TOC como é frequentemente conhecido, é um distúrbio comportamental mais estudado em humanos e que é caracterizado pela presença de obsessões e compulsões. Em humanos, as obsessões caracterizam-se por idéias, pensamentos, imagens ou impulsos repetitivos e persistentes que são vivenciados como intrusivos e provocam ansiedade. Já as compulsões são pensamentos conscientes e repetitivos que visam reduzir a ansiedade e afastar as obsessões. Em geral, o indivíduo realiza uma compulsão para minimizar o sofrimento advindo de um episódio de obsessão (GONZALES, 1999). As obsessões mais frequentes são a preocupação com a sujeira ou secreções corporais, preocupação com simetria e escrupulosidade. As principais compulsões envolvem lavar as mãos, verificar portas, ordenação e arrumação, contagem e colecionismo (GONZALES, 1999, GRAEFF, 2001). A prevalência da doença em humanos gira em torno dos 2% a 3% (duas vezes mais que a esquizofrenia) com prevalência anual de 1,5%. Os sintomas geralmente aparecem na infância ou na adolescência em um terço a metade dos casos, sendo a distribuição entre os sexos semelhantes, com leve tendência a uma maior casuística no sexo feminino (EILAM et al., 2006, GONZALES, 1999). Em adolescentes, um exemplo da manifestação do TOC é a Tricotilofagia, que consiste na ingestão de fragmentos de fios de cabelo, e sua extensão além do piloro é denominada de síndrome de Rapunzel. Neste caso a doença atinge mais as mulheres que os homens (PEREIRA, 2004). Embora classicamente seja atribuída a distúrbios psiquiátricos de base, nem sempre a psicopatia subjacente é óbvia e, considerando a pequena freqüência da doença, há dificuldades quanto a suspeita diagnóstica correta, em especial com relação à diferenciação com neoplasias malignas, considerando pacientes que apresentam massa abdominal palpável e emagrecimento severo com anorexia associada (JESUS e NOVELLI, 2005, RODRIGUES, CRUZ e VIANNA,1999). A teoria mais aceita da fisiopatogenia do TOC foi formulada por Judith Rapoport, adotando a perspectiva da psicologia evolutiva. Baseando-se em Charles Darwin, essa orientação teórica postula que as características comportamentais dos animais estão sujeitas à seleção natural da mesma forma que as anatômicas e fisiológicas. Constatando que as compulsões mais freqüentes são as de limpeza (cleaning) e de conferir se portas e janelas estão fechadas (checking), Rapoport levantou a hipótese de que tais manifestações seriam exageros de rotinas de autolimpeza (self grooming) e de conferir demarcações territoriais, respectivamente. Estas foram adquiridas por numerosas espécies devido ao valor adaptativo para prevenir doenças e garantir espaço vital necessário para alimentação e reprodução. Na expressão da autora, a compulsão de lavar repetidamente as mãos nada mais seria do que um grooming gone wild, ou seja, uma exacerbação do comportamento de autolimpeza (GRAEFF, 2001). A concepção sobre a gênese do TOC levou à busca de comportamentos com características compulsivas em animais, sendo que dois deles chamaram logo a atenção. O primeiro é o hábito dos cães, sobretudo os da raça Labrador, de lamber excessivamente as patas, o que acarreta ferimentos graves. Essa condição é denominada dermatite acral. O segundo é o comportamento, que ocorre em certas aves submetidas ao cativeiro, de remover incessantemente as penas com o bico. Se tais comportamentos guardam homologia com o transtorno compulsivo, isto é, compartilham do mesmo substrato neurobiológico, deveriam ser igualmente suscetíveis aos inibidores seletivos de receptação da serotonina (ISRS). Tal predição foi confirmada em ensaios farmacológicos controlados, e resultaram em tratamento de escolha para essas afecções. Provavelmente este é o único exemplo de tratamento veterinário que derivou de uma teoria sobre a fisiopatogenia de um transtorno psiquiátrico do ser humano (GRAEFF, 2001, LANDSBERG e ACKERMAN, 2000). Beta-endorfinas, dopamina e serotonina têm sido associadas principalmente à terapêutica baseadas em evidências de resposta (LUESCHER, 2000). Drogas dopaminérgicas, tais como as anfetaminas podem provocar estereótipos (HARTGRAVES & RANDALL, 1986) e antagonistas da dopamina como haloperidol pode resultar na supressão de estereótipos (IGLAUER e RASIM, 1993, KENNES et al., 1988). Outra possibilidade é a de que distúrbios compulsivos são mediados através de receptores opiáceos desde antagonistas opiáceos (drogas que bloqueiam receptores centrais de endorfina), como a naltrexona ter sido bem sucedido na redução "estereótipos" em alguns casos (BROWN et al., 1987, DODMAN et. al., 1987, DODMAN et. al., 1988, WHITE, 1990). Em um relato, no entanto, naloxona foi associada ao aumento do prurido em um cão. Além disso, as drogas que fornecem uma fonte exógena de opiáceos como hydrocodona também foram notificados para ser eficaz no tratamento da dermatite por lambedura acral (SCHWARTZ, 1993). A depleção da serotonina também foi sugerida a ser um mecanismo pelo qual os estereótipos são induzidos (BRIGNAC, 1992). Com base em modelos humanos para o tratamento de distúrbios obsessivo-compulsivo, drogas que inibem a serotonina parecem ser mais eficazes no tratamento de muitos casos de cães e gatos distúrbios compulsivos. Em um estudo sobre o efeito dos bloqueadores seletivos da serotonina em dermatite acral por lambedura, a melhora foi visto com clomipramina (43%), fluoxetina (39%) e sertralina (21%) em comparação com o placebo, desipramina (um antidepressivo tri cíclico noradrenérgico) e fenfluramina (um agente liberador de serotonina) (MERTENS e DODMAN,1996). A clomipramina também demonstrou ser eficaz no tratamento de distúrbios compulsivos canino incluindo correr atrás da cauda (n = 17) e dermatite acral por lambedura (n = 12) em um estudo de dupla ocultação controlados com placebo. Os autores concluíram que a mudança do comportamento também foi necessário no tratamnto do transtorno compulsivo canino, já que a terapia a base de clomipramina por si só, durante 4 semanas não foi responsiva (HEWSON et. al., 1998). Em 12 terriers perseguidores compulsivos de cauda, 75% foram notificados ter melhorado com administração de clomipramina, em conjugação com a gestão comportamental, enquanto vários estudos demonstraram melhoria na dermatite acral por lambedura em doses variando de 1 mg / kg / dia a 3 mg / kg. Um mês ou mais poderá ser exigido antes que qualquer melhoria sela vista nestes casos (MERTENS e DODMAN, 1996, PETERSON, 1996) Estimativas recentes indicam que entre seis e quinze milhões de cães e gatos são eutanaziados todos os anos nos Estados Unidos em abrigos, sendo que menos de cinco por cento dos casos possuem alguma indicação médica. Os outros casos se enquadram nos cães que sofrem de algum tipo de transtorno comportamental, o qual os proprietários hora não conseguem identificar, ou muito menos, procuram orientação para tratamento específico (MOON-FANELLI, 1999). O TOC em cães e gatos é normalmente reconhecido por causa do componente compulsivo (comportamento ritualístico e estereotipado). O comportamento obsessivo compulsivo em caninos pode ser caracterizado por correr em círculos (incluindo correr atrás da própria cauda), lambedura acral, lambedura dos flancos (particularmente em Pinschers), corrida pela cerca, mordedura em moscas, automutilação, vocalização, agressão e alotriofagia. Em felinos observa-se automutilação, correr atrás da cauda, lambedura de tecido ou lã (*OVERALL & DUNHAM, 2002). O comportamento compulsivo não é prazeroso, é apenas redutor de ansiedade (TELHADO et. al., 2004 apud FOGLE, 1992). Tipos específicos de comportamento compulsivo são relatados com mais freqüência em certas raças sugerindo uma predisposição genética. Por exemplo, perseguir a cauda ocorre em uma variedade de raças, mas parecem ser, os terrier e raças pastoreiras, mais susceptíveis, particularmente Bull Terriers e Pastores Alemães. A perseguição compulsiva da cauda em cães é uma condição debilitante e muitos cães foram sacrificados para este distúrbio comportamental (MOONFANELLI, 1999). O desenvolvimento do comportamento de perseguir a cauda difere entre indivíduos variando de um acesso súbito a um início gradual. Para alguns cães, o aparecimento do comportamento de perseguir a cauda ocorre subitamente sem causa aparente. Para os outros cães, o início é súbito, mas coincide com a exposição aos fatores psicológicos, fisiológicos ou ambientais identificáveis e ainda relativamente benignos, interpretados como crescente ansiedade. Outros cães mostram um início gradual normalmente associado a parâmetros também identificáveis. Esses cães mostram escalas diárias ocasionais de perseguição de cauda, que varia de gradualmente leve a proporções clínicas. O aparecimento da perseguição da cauda tipicamente ocorre entre 6-16 meses de idade, embora possa apresentar em qualquer idade. O intervalo de idade de início é de três meses a dez anos de idade (MOON-FANELLI, 1999). Nos cães, a lambedura desponta como o distúrbio comportamental mais frequente dos distúrbios comportamentais. Lamber-se além do necessário para a higienização já caracteriza uma alteração no comportamento que interfere em outras atividades ou funções (MERCK, 2001). Porém dentre todas as manifestações do transtorno obsessivo compulsivo, a perversão do apetite, ou alotriofagia, mostra-se a mais nociva para a saúde do animal. A alotriofagia é caracterizada pela ingestão de outras substancias que não o alimento normal e varia do habito de lambedura e mordedura à ingestão de objetos e utensílios domésticos. Na maioria dos casos deve-se a deficiências nutritivas, ou de volume ou mais especificamente de fibras, ou ainda de nutrientes individuais, em particular sal, cobalto ou fósforo. A falta de atividade no caso de animais confinados em ambientes pequenos quase sempre resulta no desenvolvimento de alotriofagia. O tipo de alotriofagia pode ser definido da seguinte maneira: osteofagia, como a mastigação de ossos; infantofagia, o habito de comer os filhotes; coprofagia, ingestão de fezes. Outros tipos incluem o habito de morder madeira, casca de árvores, comer materiais putrefatos,o canibalismo e o apetite pelo sal, que leva os animais a lamberem a própria pelagem, mastigar couro e ingerir terra, bem como beber urina. (BLOOD e RADOSTITS, 1991). Em equinos, alotriofagia caracteriza-se pela ingesta de areia, cascalho e pode resultar em impactação do trato digestório inferior. Animais em baias normalmente apresentam o comportamento de ficar parado na frente da baia/observando o exterior, o que revela uma grande curiosidade e a necessidade de contato dos cavalos com outros animais e seres humanos, talvez para diminuir o tédio e amenizar o estresse do confinamento (REZENDE et. al. 2006). Os bovinos apresentam razões diferentes para o desenvolvimento da patologia. Enquanto no equino a alotriofagia está mais ligada a um comportamento ritualístico (MERCK, 2001), no bovino está intimamente relacionada com a deficiência do manejo alimentar (MORAES, 2001). A deficiência de fósforo (P) é um estado predominante em bovinos alimentados em pastagens, A deficiência de fósforo causa raquitismo, nos animais em crescimento e osteomalácia nos adultos, sendo mais comum em vacas com as necessidades nutricionais aumentadas em função da gestação e lactação, o que os leva, além dessas manifestações, ao apetite depravado (MORAES, 2001, TIMM, 2001, TOKARNIA, DÖBEREINER e MORAES, 1988). Caninos e felinos, além dos transtornos comportamentais, têm como fatores para o desenvolvimento do quadro a presença de doença predisponente à anemia, má digestão e má absorção; o confinamento em ambientes de terra sem distração adequada ou enriquecimento ambiental; o desmame precoce de felinos de raças orientais com uso de dietas de baixa digestibilidade e sem acesso às presas ou gramas (TILLEY e SMITH JR., 2003). A alotriofagia pode ter sérias consequências nos animais, e principalmente em cães e gatos, tais como intoxicações, e botulismo; corpos estranhos alojados nas vias digestivas ou acúmulos de lã, fibras ou areia podem acarretar obstruções; a ingestão de objetos pontiagudos pode provocar perfuração esofágica ou entérica (BLOOD & RADOSTITS, 1991, FROES et. al, 2007). Os corpos estranhos provocam sinais clínicos devido à irritação mecânica ou por obstrução do trânsito (BICHARD e SHERDING, 1998). Muitos desses pacientes permanecem totalmente assintomáticos por um longo período de tempo, vindo apresentar sintomatologia clínica apenas quando da obstrução pilórica. Deve-se notar que em gatos o ato de vomitar bolas de pêlo é uma comum consequência de seu comportamento higiênico. Estes não possuem motilidade interdigestiva significativa e por isso seus pelos muito raramente prosseguem para o estômago (HALL, 2001, FROES et. al, 2007). Existem casos em que independente da natureza ou conformação do corpo estranho, esses permanecem principalmente na porção gástrica do trato digestório, ora pela impossibilidade do estômago em promover a passagem do material (CUNNINGHAM, 1993), ora por hipertrofia da musculatura lisa do intestino (DIANA et. al, 2003). Para auxiliar no diagnóstico de corpo estranho, são utilizadas radiografias simples convencionais e ultra-sonografia, podendo ainda ser utilizada, quando disponível, tomografia computadorizada e ressonância magnética. (VENTER, 2005). A endoscopia pode ser usada como instrumento de identificação de corpo estranho, e além de localizá-lo ainda pode remover de forma não invasiva, com pinças-cesto ou pinças-garra, tornando-se essencial a correção de possíveis distúrbios eletrolíticos e ácido-base antes de qualquer procedimento anestésico (BICHARD e SHERDING, 1998). Nos casos em que a remoção não invasiva não se faz possível, a remoção cirúrgica faz-se necessária, pois muitas vezes a presença de corpo estranho – principalmente os entéricos – representa um grande risco à saúde do paciente (WILLARD, 2006). Pela relativa raridade do achado o presente trabalho pretende encorajar clínicos e cirurgiões para a suspeita diagnóstica, fundamentada no caso clínico aqui descrito e numa revisão dos principais trabalhos da literatura. 3. RELATO DE CASO Um canino da raça Bull Terrier, macho de 11 meses de idade, habitando ambiente intradomiciliar e sem contactantes, foi encaminhado ao setor cirúrgico no Hospital de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia com queixa de entumecimento e aumento do volume abdominal. A proprietária relatou que o paciente possuía hábito de mastigar objetos domiciliares e que por vezes os deglutia. Havia notado somente um discreto crescimento na região abdominal (melhor visto quando deitado) com o passar do tempo. Muito embora os episódios fossem algo rotineiro, não foi dada a devida atenção pelo fato da dona não observar alterações fisiológicas, muito menos recrudescimento da mesma. Ainda segundo a proprietária o paciente sempre apresentou normofagia, normodipsia, ausência de emese, diarréia e perda de peso. Somando-se a isso o animal permanecia boa parte do tempo sem contato direto com seus donos. No exame clínico ficou constatado que o paciente seguia a risca os protocolos de vacinação, vermifugação e possuía dieta composta de ração super premium na quantidade indicada referente à idade, porte e peso. Ao exame físico, na inspeção com o animal em estação, não se evidenciava quaisquer alterações na conformação abdominal, apenas um abaulamento na parede lateral esquerda ou direita quando no respectivo decúbito. O paciente apresentava-se ativo (Fig. 1), sem nenhum sinal de desconforto gástrico e respiratório. À palpação evidenciou-se presença de uma massa de consistência firme, de formato oval, medindo em média 20cm em seu maior eixo, pouco maleável, crepitante e com ausência de dor em qualquer graduação ou nível topográfico. Figura 1 - Imagem fotográfica mostrando aspecto do animal no préoperatório. Em A animal em estação vista lateral esquerda. Em B vista ventral, C vista dorsal. D e E Vista lateral esquerda e direita respectivamente com o cão na posição sentado. Em toda as vistas não se evidenciava quaisquer alterações na conformação abdominal. O exame radiológico em incidência latero-lateral esquerda da região abdominal com ênfase da área estomacal, após revelação, demonstrou uma dilatação do estômago medindo 14,5cm por 17cm nos seus eixos dorso-ventral e cranio-caudal com densidade homogênia linceolar assemelhando-se a uma radiografia contrastada com sulfato de bário, e com pequenas áreas de densidade do ar, compatível com presença de corpo estranho de densidade maior que um. A densidade homogênea concentrava-se na área central do estômago, possuindo a periferia ventral imagem semelhante a nuvens (Fig. 2). O exame ultrassonográfico mostrou distensão de cavidade gástrica por material radiopaco, de imagem hiperecoica, produtora de sombreamento acústico, com pequenos fragmentos em sua estrutura, sugerindo presença de corpo estranho (Fig. 3). As imagens não mostraram comprometimento do trato digestório inferior. Fígado, baço, pâncreas, rins e bexiga apresentaram-se normais ao ultra-som e não houve evidencia de efusão peritoneal. Figura 2 – Raio x da região abdominal com ênfase em área estomacal resultando em imagem homogênea linceolar. Figura 3 – Ultrassonografia da região epi/mesogástrica mostrando sombra acústica compatível com presença de corpo estranho. Após o resultados dos exames hematológicos (hemograma com contagem de plaquetas, leucograma (Anexo 1) e bioquímica sérica: uréia, creatinina, fosfatase alcalina e ALT (Anexo 2) - os quais não mostraram nenhuma alteração relevante foi marcado o procedimento de laparotomia exploratória. Considerando-se a cirurgia do tipo contaminada, sessenta minutos antes do procedimento cirúrgico o animal foi medicado com enrofloxacina1 na dose de 5mg/kg, via intravenosa e flunexin meglumine2 na dose de 1,1mg/kg por via intramuscular. A medicação pré-anestésica consistiu da associação de cloridrato de acepromazina3 0,05mg/kg, meperidina4 4mg/kg e xilazina5 0,5mg/kg via intramuscular. Em seguida o animal foi induzido com propofol6 na dose de 5 mg/kg por via intravenosa e a manutenção anestésica foi mantida com isoflurano7, em circuito semi-aberto. Os parâmetros de frequência cardíaca e respiratória, capnografia, oximetria de pulso, pressão arterial e traçado eletrocardiográfico foram monitorados, mantendo-se dentro dos padrões de normalidade durante todo o procedimento cirúrgico. Com o animal em decúbito dorsal foi realizada a assepsia do local da cirurgia com álcool etílico a 98% e iodopovidona8 (PVPI), foram colocados os panos de campo e feita à incisão de pele pré-retro umbilical, divusionamento do tecido celular subcutâneo e identificação da linha alba. Após a colocação dos panos acessórios, a cavidade abdominal foi acessada e inspecionada observando-se dilatação e deslocamento caudal do estômago, podendo-se verificar através da palpação do mesmo presença de materiais de natureza estranha múltiplos e compactados 1 Baytril 150mg – Bayer S.A. Banamine Injetável – Shering Plough S.A. 3 Acepram 1% - Univet S.A. 4 Dolatina – Sanof-Aventis 5 Ropum – Shering Plough S.A. 6 Diprivam 10mg - Astrazeneca 7 Forane 100mg/ml - Abbott 8 Laboriodine – Glicolabor Ind. 2 (Fig.4B). Os segmentos intestinais apresentavam-se normais com motilidade e vascularização características. Após inspeção da cavidade abdominal o estômago foi exposto, isolado por compressas, delimitando-se em sua curvatura maior, através da apreensão de pinças de Allis, a área da incisão (Fig. 4C). Com o compartimento gástrico aberto, observou-se grande quantidade de múltiplos materiais de natureza estranha, que se encontravam compactados e ocupando todo o corpo do estômago (Fig. 4D). Após a retirada dos mesmos o estômago foi fechado empregando-se poliglactina 910 (Vicril) número 2-0 em dupla camada, com suturas de Shimidien e Cushing (Fig. 4F). Após a omentopexia no local da incisão foi fechada a cavidade conforme técnica padrão. Confirmou-se a suspeita de corpo estranho com a presença de diversos utensílios domésticos que totalizaram o peso de 2.250g (Fig. 5). Figura 4 – Sequência fotográfiaca demonstrando procedimento cirúrgico para laparotomia exploratória e gastrotomia no canino Bull Terrier macho, com diagnóstico de corpo estranho gástrico. Em A, com a cavidade peritoneal acessada, foi possível observar o estômago bastante dilatado, ocupando grande parte da cavidade. Em B e C estômago exposto, isolado por compressas, delimitando em sua curvatura maior, através da apreensão de pinças de Allis, a área da incisão. Em D compartimento gástrico aberto, observando-se grande quantidade de múltiplos materiais de natureza estranha, compactados e ocupando todo o corpo do estômago. Em E e F após a retirada dos mesmos o estômago foi fechado empregando-se poliglactina 910 (Vicril) número 2-0 em dupla camada, com suturas de Shimidien e Cushing. Figura 5 – Material encontrado dentro do estômago – presença de diversos fragmentos de utensílios domésticos dos mais variados formatos e tamanhos. Pouco tempo após o término da cirurgia o paciente recobrou suas funções sensoriais e encontrava-se bem. Foi indicado à proprietária que a o animal fosse internado por três dias recebendo alimentação parenteral exclusiva e que após o período de internamento fosse oferecida alimentação pastosa, solidificando-a gradativamente até o 13° dia, quando este deveria estar se alimentando de dieta totalmente sólida. Concomitante à prescrição dietética foi feita antibióticoterapia e uso de analgésico. Algum tempo após a cirurgia e mediante uma análise mais profunda do histórico comportamental, juntamente com a inspeção do ambiente em que vive e sua rotina, o paciente foi diagnosticado como portador de transtorno compulsivo e sua dona esclarecida da possibilidade tratamento halopático e de mudança na rotina do paciente. 4. DISCUSSÃO O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é mais comum em seres humanos como visto nos estudos de Gonzales (1999), Graeff (2001) e Eilam et. al. (2006). Em cães e gatos, são representativos, visto a quantidade de animais eutanasiados sem respaldo clínico, segundo Moon-Fanelli (1999). Por consequência a relativa raridade do achado no presente trabalho justificou a descrição literária, visou encorajar clínicos e cirurgiões para a suspeita diagnóstica, fundamentada no relato clínico e numa revisão dos principais trabalhos da literatura. A minuciosa anamnese, com ênfase numa investigação ampla dos hábitos cotidianos do paciente e a exclusão do diagnóstico diferencial de enfermidades fisiológicas foi fundamental e nos permitiu concluir que o mesmo sofria de TOC, caracterizado pela destruição e deglutição de utensílios domésticos de forma compulsiva para alívio da ansiedade como relatado por Telhado et. al. (2004). Os achados corroboram cos as afirmações de Tilley e Smith Jr. (2003), uma vez que o paciente recebia alimentação de excelente qualidade, em quantidade adequada, e os protocolos profiláticos para endoparasitos e para cobertura vacinal eram seguidos a risca. Porém a depravação do apetite como TOC parece estar mais relacionada com a falta de estímulo adequado, visto que este permanecia a maior parte do tempo sem contato direto com os donos, configurando déficit de atenção, além da falta de enriquecimento ambiental, uma vez que as alternativas de entretenimento pousavam sobre ambientes com utensílios domésticos e não em objetos corretamente direcionados para este fim. Observa-se também o fato de que o animal era submetido a repreensões constantes sem alternativas de compensação (termo para gratificação quando repreendido). Reveste-se de importância o fato do paciente possuir 2.250g de matéria não alimentar no estômago, não apresentar nenhum tipo de sintomatologia clínica e este ter sido um achado eventual. Acreditamos que, a localização e a natureza dos corpos estranhos e sua manifestação assintomática, poderiam posteriormente, desencadear graves lesões do sistema digestório, como obstruções intraluminais e/ou lesões traumáticas murais em segmentos no estômago e principalmente no intestino delgado. É controverso o fato da não observância de quaisquer manifestações clínicas patognomônicas de alterações do digestório, uma vez que na investigação das origens do TOC, o déficit de atenção foi implicado. Ha de se conjecturar que esta situação seria limitante para qualquer tipo de observação. Porém, a inobservância de sintomas e/ou manifestações foi creditada pela ausência de alterações sistêmicas observadas no exame clinico. Podemos supor que o quadro assintomático deva-se pela compartimentalização dos corpos estranhos no corpo gástrico, explicado pela dificuldade de trituração e separação de suas partículas para passagem pelo piloro, aliado ao ato de que a tensão aumentada nesta área, segundo Cunnigham (1992), exerce pouco efeito no transporte de material sólido e pode explicar a cronicidade do quadro. Outra possibilidade seria para explicar a retenção dos corpos estranhos no estômago seria a provável presença de hipertrofia da musculatura lisa do intestino em sua fase inicial, como relatado por Diana et. al. (2003). Após o tratamento cirúrgico a proprietária foi orientada a dar início a tentativa de correção ou manejo do distúrbio, tendo como base o tratamento comportamental estipulado no trabalho de Overall e Dunham (2002). A primeira fase consistiu na mudança do manejo de sua rotina diária com aumento do tempo de contato do paciente com seus donos, aumento dos exercícios físicos (passeios diários com tempos variando de 10 a 30 minutos duas veses ao dia) e restrição do contato do paciente com objetos que anteriormente eram usados em seus acessos compulsivos. Muito embora a proprietária seguisse o tratamento comportamental preconizado, este não mostrou bons resultados visto que o paciente, atualmente, ainda mantém o comportamento alotriofágico. Neste caso, em que o manejo comportamental não apresenta a eficácia esperada, o tratamento preconizado é químico assim como descrito nos trabalhos de Mertens e Dodman (1996), Peterson (1996) e Overall e Dunham (2005) com o uso de bloqueadores seletivos da serotonina tais como a clomipramina (1- 2mg/kg BID/48 semanas), a fluoxetina (1mg/kg SID/8 semanas e a sertralina (1mg/kg/SID/8 semanas) que apresentaram resultado significativo tanto na diminuição da frequência quanto na intensidade dos acessos comportamentais. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a inserção dos animais de companhia e a tendência de humanização dos mesmos, com consequente limitação da expressão de suas características ritualísticas naturais, os transtornos comportamentais tendem a se manifestar de forma cada vez mais frequente e com maior intensidade. Alotriofagia apresenta-se com uma das mais nocivas manifestações do TOC, sendo de extrema importância a elucidação diagnóstica precoce para a implementação de técnicas terapêuticas adequadas para abolição do transtorno. A gênese do Transtorno Obsessivo-Compulsivo em animais, à exemplo do que acontece nos homens, necessita de maiores estudos para sua compreensão, elucidação e instituição de métodos terapêuticos eficazes, visando minimizar os altos índices de eutanásia. REFERÊNCIAS BICHARD, . Distúrbios gastrointestinais. In:____. Manual Saunders – Clinica de Pequenos Animais. 1 ed. São Paulo: Roca, 1998. p. 740-759. BLOOD, D.C.; RADOSTITS, O.M. Estados sistêmicos gerais. In: ______. Clínica Veterinária. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara,1991. p. 66. BRIGNAC, M.M. Hydrocodone treatment of acral lick dermatitis. Proceedings of the 2nd World Annual Congress of Veterinary Dermatology. Montreal, 1992. BROWN, S.A.; CROWELL-DAVIS, S.; COURT, M.H. Naltrexone responsive tail chasing in a dog. 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