Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento LEONARDO ALVIM HAUCK ESTUDO DO EFEITO DO LASER VS LED NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO PRÓXIMO SOBRE A ATIVIDADE MUSCULAR ESQUELÉTICA: ESTUDO CLÍNICO São José dos Campos 2012 Leonardo Alvim Hauck Estudo Do Efeito Do Laser Vs Led Na Região Do Infravermelho Próximo Sobre A Atividade Muscular Esquelética: Estudo Clínico Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Biomédica, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de mestre em Engenharia Biomédica. Orientadora: Profª Dra. Renata Amadei Nicolau SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2012 ESTUDO DO EFEITO DO LASER VS LED NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO PRÓXIMO SOBRE A ATIVIDADE MUSCULAR ESQUELÉTICA: ESTUDO CLÍNICO Dissertação de Mestrado aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Biomédica, do Programa de Pós Graduação em Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, pela seguinte banca examinadora: Presidente: Prof. Dr. Luis Eduardo Silva Soares (UniVap)__________________ Orientadora: Profª Dra. Renata Amadei Nicolau (UniVap) __________________ Membro Externo: Prof. Dr. Carlos Alberto Kelencz (UNINOVE) _____________ Profa. Dra. Sandra Maria Fonseca da Costa Diretora do IP&D-UniVap São José dos Campos, 19 de março de 2012. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho: A Deus por ter me oferecido a oportunidade de viver, evoluir a cada dia e conhecer todas as pessoas que citarei abaixo. Aos meus pais e irmão pelo apoio e carinho oferecidos em todo momento de minha vida e principalmente neste. Aos meus avós, tios e demais familiares, por terem acreditado e fornecido condições para que eu concluísse mais uma etapa desta vida. DEDICATÓRIA ESPECIAL Ao meu inesquecível avô, Sr. José Sebastião Alvim (em memória), exemplo de pai, irmão, avô e amigo, figura de grande importância em minha formação e de quem sinto muitas saudades. AGRADECIMENTOS A Profa. Dra. Renata Amadei Nicolau, que foi vital sua presença ao meu lado durante o curso, guiando, orientando, ensinando-me na pesquisa e de certa forma, na minha vida, porque não há nada mais importante do que ter por perto grandes profissionais amigos como você. Saiba que depois de tanto tempo informando e fazendo parte de meu dia a dia, será difícil não sentir saudade. Tem pessoas que são essenciais em nossas vidas, umas passam por nós deixando saudades, outras passam e deixam um brilho e a luz da sabedoria, comprovando que elas são relevantes para nós e a humanidade. Esta pessoa é você, doutoranda Ingrid S. Muñoz. Thiago S. Maciel, amigo de todas as horas, pessoa cheia de atributos, ele é o cara da hora, a bola da vez. Obrigado de coração. Ao Prof. Dr. Carlos A. Kelencz, que não mediu esforços para fazer com que minha pesquisa fosse concluída, pois sem os equipamentos não teria como obter a coleta de dados. Saiba que lhe serei eternamente grato, tendo certeza que ainda nos encontraremos para aprofundarmos nesta pesquisa. A todos os professores do IP&D, que não medem esforços na formação de seus alunos de pós graduação. Às secretárias, Da. Ivone e Da. Neusa, pela dedicação de atender todos os alunos e funcionários. À bibliotecária Rúbia, pelas dicas, atenção e carinho. Aos voluntários, sem suas colaborações não seria possível esta dissertação. Muito obrigado a todos! ESTUDO DO EFEITO DO LASER VS LED NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO PRÓXIMO SOBRE A ATIVIDADE MUSCULAR ESQUELÉTICA: ESTUDO CLÍNICO RESUMO Estudos têm demonstrado a efetividade do laser no infravermelho (IV) sobre a atividade músculo-esquelética. Contudo, poucos estudos foram desenvolvidos com o objetivo de analisar a aplicação da radiação emitida por um LED (Light Emitting Diode) no IV na prevenção de fadiga muscular, assim o presente estudo objetiva analisar o efeito do laser vs LED, na região do IV próximo, na prevenção da fadiga muscular induzida em músculo masseter (MM). Participaram do estudo 12 voluntários analisados por eletromiografia (atividade muscular, força e tempo de fadiga) e nível de lactato sanguíneos (mmol/L) após terapia placebo, laser ou LED. Os sinais obtidos previamente a cada terapia foram considerados como controle. Os parâmetros de irradiação (laser ou LED) foram: potência de saída de 0,02 W, densidade de energia de 4 J/cm2, área do feixe de 0,2 cm2. Foram irradiados 8 pontos sobre o MM, de forma perpendicular e transcutânea, com distância de 1 cm entre os pontos. A força média do músculo masseter se manteve inalterada, assim como tempo de fadiga após as diferentes terapias aplicadas (placebo, laser ou LED). As terapias utilizadas no estudo não promoveram modificações significativas nos níveis de lactato sanguíneo. Pode-se concluir que houve aumento da atividade muscular pós-terapia LED em relação aos valores controle, assim como o aumento da força máxima pós-terapia LED quando comparada à força máxima pós-terapia laser. Palavras chaves: Músculo masseter, fadiga muscular, lactato, laser, LED Study the effect of lasers versus LEDs in the near-infrared region of the skeletal muscle activity: Clinical study ABSTRACT Studies have demonstrated the effectiveness of infrared laser (IR) on the activity of skeletal muscle. However, few studies have been developed with the aim of analyzing the application of radiation emitted by an LED (Light Emitting Diode) in IR in the prevention of muscle fatigue. The objective of this study was to analyze the effect of laser vs LED in the near-infrared region, to prevent the muscular fatigue induced in the masseter (MM). The study included 12 volunteers, which were analyzed by electromyography (muscle activity, strength and time to fatigue) and blood lactate levels (mmol / L) after placebo, laser (GaAlAs, 780nm) or LED (GaAlAs, 880 nm) therapy. The signals obtained beforehand in each treatment were taken as control. The irradiation parameters (laser or LED) were output power of 0.02 W, the energy density of 4 J/cm2 beam area of 0.2 cm2. The MM was irradiated on 8 points, in a perpendicular and transcutaneous form, with a distance of 1 cm between the points. The average strength of the masseter muscle remained unchanged, as well as time to fatigue after the different treatments applied (placebo laser or LED). The therapies used in the study did not cause significant changes in blood lactate levels. It can be concluded that there was an increase in muscular activity LED posttreatment compared to control values, as well as maximum increase in strength after therapy LED maximum strength when compared to post-laser therapy. Keywords: masseter muscle, muscular fatigue, lactate, laser, LED. LISTA DE FIGURAS Figura 1 A: Músculo masseter: DP, porção profunda; SP, porção superficial. B: função: elevação da mandíbula................................................................................. 18 Figura 2: Posicionamento dos eletrodos nos músculos. ........................................... 23 Figura 3: Material empregado para análise dos níveis de lactato sanguíneo. ALactímetro Accusport. B- Tiras para análise BM-Lactate (Roche Diagnostics). CSuporte para lancetas. D- Lancetas descartáveis. E- Gaze para limpeza da pele com álcool 70%. F- Caixa coletadora de pérfuro-cortantes G- Embalagem fita mestre. ... 34 Figura 4: Plataforma oclusal. ..................................................................................... 35 Figura 5: Desinfecção da plataforma oclusal............................................................. 35 Figura 6: Eletromiógrafo 16 canais............................................................................ 36 Figura 7: Voluntário realizando força máxima por 60 segundos................................ 37 Figura 8: Laser GaAlAs (A) e LED (B) utilizados na pesquisa................................... 38 Figura 9: Pontos de terapia (placebo, laser ou LED) no músculo masseter. A – Origem (arco zigomático); B – Inserção (ângulo da mandíbula); C – Superficial: Fibras que correm para baixo e ligeiramente para trás; D – Profunda: Fibras que correm numa direção ................................................................................................ 39 Figura 10: Posicionamento do equipamento sobre a superfície da pele na região de musculatura do masseter do voluntário durante a irradiação. ................................... 40 Figura 11: Valores de RMS. Dados expressos em % em relação grupo controle ..... 41 Figura 12: Força muscular máxima. # P<0,05 Vs laser. ............................................ 42 Figura 13: Força muscular média do músculo masseter ........................................... 42 Figura 14: Análise da fadiga muscular. ..................................................................... 43 Figura 15: Tempo fadiga muscular do músculo comparado. ..................................... 43 Figura 16: Comparação dos níveis de lactato basal (- - - -) vs pós-terapia placebo, laser ou LED.............................................................................................................. 44 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Levantamento dos artigos envolvendo a fadiga muscular e a concentração de lactato sanguíneo entre os anos de 2009 e 2011................................................. 27 Tabela 2: Síntese de estudos empregando a fototerapia na prevenção de fadiga muscular .................................................................................................................... 29 Tabela 3: Parâmetros de irradiação laser e LED....................................................... 38 Tabela 4: Análise da atividade eletromiográfica dos músculos masseter direito e esquerdo. Os dados estão expressos em média ± desvio padrão. ........................... 41 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS % 0 C ADP Ag AgCl ATM ATP Ca+ CK CVM DE DP DTM EMG FM GaAlAs H+ J/cm2 K+ Kgf KHz LED LLLT mm MM ms mV Na+ nm P PCr RMS SNC W/cm2 Porcentagem Graus Celsius Adenosina difosfato Prata Cloreto de prata Articulação temporomandibular Adenosina trifosfato Íons cálcio Creatina quinase Concentração voluntária máxima Densidade de energia Densidade de potência Disfunção temporomandibular Eletromiografia Fadiga muscular Arsenieto de Gálio e Alumínio Hidrogênio Joule por centímetro quadrado Íons potássio Quilograma força Quilohertz Light Emitting Diode Low Level Laser Therapy Milímetro Músculo masseter Milissegundo Milivolts Íons sódio Nanômetro Fosfato Creatina fosfato Root Mean Square Sistema nervoso central Watt por centímetro quadrado SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 1.1 Músculo masseter ........................................................................................ 17 1.2 Fadiga muscular ........................................................................................... 20 1.2.1 Eletromiografia....................................................................................... 21 1.2.2 Lactato ................................................................................................... 25 1.3 Fototerapia sobre atividade muscular .......................................................... 28 1.3.1 Radiação eletromagnética coerente (lasers) e não coerente (LEDs) sobre a atividade neuromuscular. ...................................................................... 28 2 3 4 OBJETIVOS....................................................................................................... 32 2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 32 2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 32 METODOLOGIA ................................................................................................ 33 3.1 Seleção de voluntários ................................................................................. 33 3.2 Critério de inclusão....................................................................................... 33 3.3 Instrumentação ............................................................................................ 33 3.4 Processo e aquisição de dados ................................................................... 36 3.5 Tratamento dos dados obtidos e análise estatística .................................... 40 RESULTADOS .................................................................................................. 41 4.1 Análise da atividade muscular – RMS (Root Means Square)....................... 41 4.2 Análise da força muscular ............................................................................ 42 4.3 Análise do tempo para fadiga muscular ....................................................... 43 4.4 Análise do lactato ......................................................................................... 44 5 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 45 6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 50 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51 APÊNCIDE A: Resumo de protocolo para registro eletromiográfico, lactato e aplicação de Laser, LED e placebo........................................................................ 63 APÊNDICE B: Anamnese e Exame Intra-Oral ....................................................... 65 ANEXO A: Termo de consentimento livre e esclarecido ..................................... 66 ANEXO B: Autorização para realização de exame físico ..................................... 67 ANEXO C: Comitê de Ética e Pesquisa ................................................................. 68 15 1 INTRODUÇÃO A fadiga muscular é uma experiência comum na vida diária, embora os mecanismos celulares e fisiológicos não sejam muito bem compreendidos (LEAL JR et al., 2009a). A fadiga muscular pode ser definida como uma manifestação produzida por algum tipo de exercício prolongado (ENOKA; STUART, 1992; GUYTON; HALL, 2002; DIMITROVA; DIMITROV, 2003), alterando a atividade muscular (FITTS, 1994) devido ao esgotamento de mediadores em vários níveis, que podem causar desequilíbrio muscular, facilitando aparecimento de lesões (ARANTES, 2003; ABOUHALA et al., 2007). A fadiga muscular é um processo complexo e multifatorial que envolve elementos físicos (CLEBIS; NATALI, 2001; DIMITROVA; DIMITROV, 2003), biomecânicos e psíquicos (WEIR et al., 2006). A idade e o gênero são fatores importantes para determinar a capacidade de contração do músculo e assim o desenvolvimento da fadiga (FITTS, 1994; HURLEY, 1995; GREEN, 1997; LEAL JR et al., 2009a, 2009b). A fadiga pode estar relacionada com o nervo motor, junção neuromuscular, Sistema Nervoso Central (SNC) e também aos mecanismos contráteis (CLEBIS; NATALI, 2001), onde a fadiga ocorre através do esgotamento de adenosina trifosfato (ATP) (SEJERSTED; VOLLESTAD, 1993), glicogênio muscular e aumento da concentração de ácido láctico (PYNE et al., 2001; SAEY et al., 2006). O músculo esquelético quando exposto a um grande esforço físico e contínuo, tende a perder a sua capacidade contrátil (GUYTON; HALL, 2002; DIMITROVA; DIMITROV, 2003), isso ocorre porque durante a contração, a pressão intramuscular excede a pressão arterial, obstruindo nutrição e fluxo de oxigênio (ABOUHALA et al., 2007). Na fadiga ocorre a redução do fornecimento de energia das mitocôndrias nas fibras musculares, que leva rapidamente à fadiga (WHELAN et al., 2000; YEH et al., 2010). As principais características da fadiga muscular são: diminuição da força muscular e dor muscular, posterior ao exercício físico de grande intensidade (CRAIG et al., 1999; LOPES-MARTINS et al., 2006). A contração forte e prolongada de um músculo geralmente provoca fadiga, resultando na incapacidade dos processos metabólicos e contráteis das fibras 16 musculares (CRAIG et al., 1999; MAEGAWA et al., 2000; CAIRNS; LINDINGER, 2008; IZAL et al., 2010). Para o desenvolvimento de atividade muscular repetitiva é necessário que a fadiga seja previnida e, se possível, suprimida visando evitar possíveis lesões musculares. Tratando-se de musculatura estomatognática diversos estudos têm abordado o emprego da LLLT (Low Level Laser Therapy ou Terapia Laser de Baixa Intensidade) na prevenção e/ou tratamento de fadiga muscular (MUÑOZ et al., 2006; CALIFANO et al., 2008; MUÑOZ et al., 2009; CALIFANO et al., 2009). Esta pode retardar o desenvolvimento da fadiga durante alta intensidade de exercício físico (LIU et al., 2009). A energia depositada por um laser no tecido músculo-esquelético se transforma em energia vital para a atividade celular (KELENCZ et al., 2010) e, dessa maneira promove reações químicas, culminando em aumento da atividade metabólica nos tecidos, elevação da síntese de ATP (KARU et al., 2001), permeabilidade vascular (ROSSI; TIRAPEGUI, 1999) modificação do gradiente iônico, aumento da atividade de Na+K+-ATPase (WEBB et al., 1998; VILLA et al. 2001; CORAZZA et al., 2005; IHSAN et al., 2005; BORATO et al., 2008 ) e protônico (KARU, 2004). Segundo autores, a biomodulação tecidual promovida pela fototerapia está relacionada principalmente ao aumento do fluxo sanguíneo local (QUEIROZ et al., 2008) e atividade neuromuscular (WHELAN et al., 2000). A fadiga sendo um processo muscular local, possivelmente, aumenta o dano muscular após exercícios vigorosos (TORISU et al., 2006; ABOUHALA et al., 2007; CAIRNS; LINDINGER, 2008; SANTOS et al., 2008). A LLLT tem sido reportada clinicamente devido a efeitos positivos sobre a atividade muscular em diferentes áreas da saúde, especialmente no que se refere à atividade muscular ou processo de reabilitação (KOGAWA et al., 2005; FRARE; NICOLAU, 2008; MUÑOZ et al., 2009). Estudos revelam que lasers no infravermelho, aplicado antes da atividade física prolongada e/ou de alta intensidade, pode aumentar a remoção de lactato sanguíneo e reduzir o dano muscular (LOPES-MARTINS et al., 2006; BJORDAL et al., 2006). Lactato é um composto orgânico produzido naturalmente pelo corpo. O nível de lactato em humanos é da ordem de aproximadamente 2 mmol/l. A principal fonte de produção do lactato é a quebra do glicogênio. Este se quebra em piruvato e produz energia. Se o piruvato não é quebrado, é geralmente transformado em lactato (GUYTON; HALL 2000). Durante a atividade intensa, ocorre acúmulo de 17 metabólicos, como o ácido láctico, sendo acompanhado por uma queda de pH tecidual (GLADDEN, 2000). Durante o repouso, as concentrações de lactato sanguíneos estão reduzidas. Já nos exercícios de baixa intensidade, o aporte de oxigênio é adequado para suprir as necessidades metabólicas (SPRIET et al., 2000). Após instalado o quadro de fadiga muscular, observa-se o aumento dos níveis de lactato e íons de hidrogênio nas células musculares e sanguíneas, ocorrendo uma diminuição no pH (GRASSI et al., 1999). O ácido láctico provoca inibição nos canais de cálcio, que contribui para o surgimento da fadiga muscular (FAVERO et al., 1997). Achados clínicos indicam que a LLLT antes do exercício físico pode proteger músculos contra danos e reações inflamatórias após exercícios pesados (KELENCZ et al., 2010). Segundo Leal et al. (2010) e Dias et al. (2010) a LLLT pode retardar a fadiga muscular e cansaço, provavelmente por mecanismos locais, incluindo a minimização do estresse oxidativo ou diminuição a produção de espécies reativas de oxigênios. Recentemente, autores observaram que a terapia com radiação eletromagnética não coerente (LED - Light Emitting Diode) pode modificar processos metabólicos teciduais em nível de sistema músculo-esquelético (PAOLILLO et al., 2011; CAMARGO et al., 2012). A terapia com LED apresenta vantagens sobre os lasers quanto ao custo e tamanho de equipamento e por apresentar uma vida útil longa (STAHL et al., 2000; BASTOS et al., 2009; BABILAS et al., 2010; YEH et al., 2010). A terapia com laser no infravermelho melhora o desempenho muscular (MAEGAWA et al., 2000; CARACAS et al., 2007), podendo ser aplicada na prevenção de fadiga do sistema estomatognático. Estudos clínicos, empregando LED terapia na região do infravermelho para prevenção de fadiga em músculo masseter, não foram observados na literatura, justificando estudos nessa área. 1.1 Músculo masseter O músculo masseter tem seu formato retangular, com origem na apófise zigomática e se insere no ângulo da mandíbula criando uma inclinação pósteroanterior. Sua inserção na mandíbula se estende da região do segundo molar em 18 direção ao ângulo da mandíbula. Ele apresenta um feixe profundo e outro superficial. O feixe profundo tem uma inclinação mais verticalizada e origina-se da margem inferior e face medial do arco zigomático, prolonga-se até o limite da eminência articular, localizado posteriormente. O feixe superficial é robusto e possui inclinação póstero-anterior tendo sua origem na margem inferior do osso zigomático, estendendo-se até a metade do arco zigomático, situa-se mais anteriormente (OLIVEIRA, 2002). No processo de mastigação, é necessário que vários grupos musculares se contraiam coordenadamente. Entre eles estão os músculos masseter, temporal, pterigoideo medial e lateral (DOUGLAS, 1998). Dentre estes músculos, os que mais se destacam são os masseter e temporal, sendo eles os mais importantes para o fechamento da boca (PAIVA, 1998; MADEIRA, 2001) durante a mastigação (PAIVA, 1998). Do grupo dos músculos da mastigação, o masseter é o mais superficial, sendo palpável quando a mandíbula é fechada com força (VELAYOS; SANTANA, 2004). Quando este músculo se contrai, a mandíbula faz o movimento para cima e para frente, fazendo com que o côndilo assuma uma posição de máxima capacidade de absorção de forças em relação ao disco e à fossa mandibular (figura 1). A zona mais central do disco articular é a parte mais delgada e não é vascularizada e inervada. O fundo da fossa possui características estruturais histológicas adequadas à absorção de grandes esforços (MADEIRA, 2001; OLIVEIRA, 2002). Figura 1 A: Músculo masseter: DP, porção profunda; SP, porção superficial. B: função: elevação da mandíbula. Fonte: Okeson (2000) 19 O músculo masseter é um dos principais músculos que estão relacionados à mastigação e é frequentemente estudado utilizando eletromiografia (EMG) dada a sua fácil acessibilidade em se fixar eletrodos em sua superfície (PITA et al., 2011). As fibras do músculo masseter, quando se contraem, projetam a mandíbula para cima e os dentes entram em contato. O músculo masseter é um músculo potente, que fornece força necessária para a mastigação (OKESON, 2000). Ao nível do arco zigomático, fibras profundas do masseter entrelaçam-se com fibras superficiais do músculo temporal surgindo uma forte fixação entre os dois músculos (MADEIRA, 2001; OLIVEIRA, 2002). O músculo masseter pode desenvolver hipertrofia, devido ao desenvolvimento excessivo do tecido muscular, alterando o contorno facial gerando alterações estéticas e desconforto para o indivíduo. A origem da patologia de hipertrofia ainda é desconhecida, porém autores correlacionam hipertrofia idiopática de masseter com problemas como: ausência dentária, dentição defeituosa, hábitos deletérios, desarranjo da ATM e principalmente bruxismo. Essa hipertrofia pode ocorrer uni ou bilateralmente, sendo que o distúrbio psicológico propicia alteração do tônus muscular podendo causar hipertrofia (RISPOLIB et al., 2008). O bruxismo compreende a realização de movimentos rítmicos e periódicos de ranger e/ou apertar os dentes, decorrentes da contração dos músculos durante o sono o qual pode desencadear dor ou desconforto na musculatura da mastigação, principalmente no músculo masseter (SANDER et al., 2006). Estudos demonstram diferenças nos achados eletromiográficos entre homens e mulheres, onde a força de contração muscular do músculo masseter é menor no gênero feminino durante funções orofaciais quando comparado com o gênero masculino. Em relação à idade, o crescimento facial ocorre até aos 20 anos de idade, sendo que há uma menor probabilidade do indivíduo apresentar problemas periodontais e perdas dentais até os 30 anos de idade (MUÑOZ et al., 2004). A desordem temporomandibular (DTM) consiste em um conjunto de sinais e sintomas que envolvem músculos mastigatórios, ATM e estruturas associadas (SANTOS et al., 2006). Portanto, os indivíduos que apresentam DTMs, podem apresentar dores musculares e/ou articulares, dores de cabeça, estalos na articulação, crepitação, dificuldade de realizar movimentos mandibulares, etc (FELÍCIO et al., 2006). A laserterapia tem sido utilizada em consultórios 20 odontológicos para o alívio de sintomas relacionados à DTM. Observa-se que existe redução da dor, promovendo bem estar muito significativo para o paciente (FRARE; NICOLAU, 2008). 1.2 Fadiga muscular A fadiga muscular é caracterizada pela diminuição da força durante e após a atividade física prolongada ou repetida (PLACE et al., 2010). Ela está relacionada com diversos fatores bioquímicos. Uma das substâncias bioquímicas pesquisadas é a creatina fosfato (PCr) utilizada em condições anaeróbicas em esforço de alta intensidade e curta duração para o restabelecimento de ATP. Há comprovação realizada por biópsia que ocorre a depleção da PCr durante um exercício de contrações máximas mantidas, apesar de ser diretamente responsável pela energia utilizada durante uma atividade física, as moléculas de ATP sofrem depleção numa velocidade menor que a PCr (WILMORE et al., 2010). As manifestações da fadiga têm sido associadas ao declínio da força muscular gerada durante e após exercícios submáximos e máximos, a incapacidade de manter uma determinada intensidade de exercício no tempo, à diminuição da velocidade de contração e ao aumento do tempo de relaxamento musculares (SILVA et al., 2011). Segundo autores Califano et al., (2008; 2009), Motta, (2009) e Kelencz et al., (2010) os músculos faciais como masseter e temporal entram no estágio de fadiga antes de completarem 60 segundos de contração muscular isométrica. Estes estudos indicam que após atingir o pico máximo de força do músculo, o músculo começa a fadigar depois de um declínio de 20% do pico máximo de força. A fadiga muscular está relacionada com diversos fatores bioquímicos, mecânicos ou metabólicos (ARANTES, 2003). Também pode estar relacionada a algum tipo de falha na junção neuromuscular, no sarcolema, nos túbulos transversos ou no retículo sarcoplasmático que está envolvido no armazenamento, liberação e receptação de Ca2+ (FIAMONCINI; FIAMONCINI, 2006). As concentrações de H+, lactato, P, ADP ou ATP, embora influenciem na produção de força pelas fibras musculares, não são somente estes fatores que irão 21 determinar a fadiga muscular. As alterações do pH, fluxo sanguíneo, temperatura e principalmente resultantes da hidrólise do ATP têm sido algumas sugestões para a fadiga muscular (ASCENSÃO et al., 2003). A fadiga é acompanhada de dor muscular em um tempo relativamente curto, embora os dois fatores não sejam necessariamente concomitantes. Para que este processo seja reduzido, estudos têm sido realizados com laser no infravermelho, demonstrando eficiência deste sobre a atividade neuromuscular (NICOLAU et al., 2004). Ao fazer a relação entre o ácido lático e a fadiga, é importante lembrar que o ácido lático é um subproduto da glicólise anaeróbia. Embora a maioria das pessoas acredite que o ácido lático seja responsável pela fadiga em todos os tipos de exercício, apenas ocorre acúmulo desta substância intramuscular em exercícios de alta intensidade e curta duração. Outro detalhe importante que deve ser considerado é que a presença de ácido lático não deve ser a única responsável pela sensação de fadiga (WILMORE et al., 2010). Segundo estudos a terapia LLLT pode prevenir a fadiga, acelerar a recuperação (DIAS et al., 2011) e causar um efeito de relaxamento muscular esquelético após exercícios. Estes efeitos são associados ao aumento do metabolismo celular, devido ao ganho de energia devido à transformação de ADP em ATP nas células expostas ao feixe da luz laser (BERTOLUCCI; GREY, 1995). 1.2.1 Eletromiografia A tecnologia de registros eletromiográficos para a análise de fadiga muscular está amplamente em desenvolvimento (SUVINEN et al., 2007). A EMG de superfície tem sido utilizada, demonstrando-se uma importante ferramenta de trabalho, pois é possível obter diferentes parâmetros de análise (GARCIA et al., 2004). A EMG de superfície não é invasiva e não interfere na função natural dos músculos (YAVICH, 2001). A EMG é uma técnica que permite registros de sinais elétricos gerados a partir de células musculares, possibilitando a análise da atividade muscular durante o movimento (OCARINO et al., 2005). Com esta técnica pode-se realizar o registro de 22 atividade elétrica de um músculo isolado ou de um grupo muscular. O registro da atividade elétrica é obtido através de eletrodos que são colocados na pele (OLIVEIRA; MANSUR, 2007). A detecção e registro dos potenciais elétricos nas fibras musculares podem ser realizados de modo simultâneo, como exemplo os músculos bilaterais da região craniomandibular (DE LUCA, 2002). A contração muscular e a produção de força são geradas pela mudança de posição de várias moléculas ou filamentos no interior do arranjo muscular. O deslizamento dos filamentos é provocado por um fenômeno elétrico conhecido como potencial de ação. O potencial de ação é o resultado da mudança no potencial de membrana que existe entre o interior e o exterior da célula muscular (GONÇALVES et al., 2006). Os primeiros estudos descrevendo o uso de EMG na odontologia foram publicados por volta de 1940 (SUVENEN; KEMPPAINEN, 2007). Desde então a instrumentação, eletrodos e as técnicas foram modificadas e padronizadas, permitindo assim uma avaliação repetitiva, além de estatística dos dados registrados (FERRARIO et al., 2000). Com a EMG é possível avaliar e quantificar o equilíbrio muscular, tanto entre os músculos dos dois lados do corpo (simetria), como entre pares de músculos. Além disso, a análise quantitativa dos padrões de contração muscular durante atividades dinâmicas controladas permite avaliar a coordenação neuromuscular (FERRARIO et al., 1999). Com a EMG é possível registrar a atividade muscular em microvolts (mV), com intervalos de tempo na ordem de décimos de segundos, a partir da fixação de eletrodos bipolares, na região correspondente a cada músculo sobre a superfície da pele (ONCINS et al., 2006). Segundo De Luca (2002), a partir de um sinal da EMG de superfície, pode-se: • Indicar o início da ativação muscular; • Avaliar a força produzida por um músculo; • Identificar o índice do processo de fadiga; • Obter informações sobre a contribuição de força de músculos individuais bem como de grupos musculares. Na EMG podem-se registrar os potenciais de ação que ocorrem através da ativação voluntária do músculo ou através da resposta deste, frente a uma estimulação elétrica (TORRIANI; CYRILLO, 2003). Uma vez detectado o sinal deverá ser filtrado para minimizar variações específicas de frequências, proveniente 23 de interferências ou ruídos (intrínseco ou extrínseco) e amplificar em função da baixa amplitude do sinal durante a aquisição para então realizar seu processamento (KONRAD, 2005). Os fatores que podem causar interferências ou ruídos intrínsecos são de características fisiológicas, anatômicas e bioquímicas referente ao músculo que será analisado, levando em consideração (DE LUCA, 2002): − o número de unidades motoras ativas no momento da contração, relacionadas à amplitude do sinal detectado; − a composição da fibra muscular irá determinar o pH do fluido intersticial muscular durante a contração; − o fluxo sanguíneo local que determinará a taxa de remoção de metabólicos durante a contração; − a quantidade de tecido existente entre a superfície do músculo e o eletrodo também podem causar interferências durante a EMG. Os fatores extrínsecos estão relacionados à colocação dos eletrodos e sua colocação na pele sobre o músculo (figura 2). Inclui nesta relação a área, forma, distância e a localização do eletrodo em relação ao ponto motor do músculo que influencia na amplitude e característica da frequência do sinal detectado (DE LUCA, 2002). Figura 2: Posicionamento dos eletrodos nos músculos. Fonte: De Luca (1997) Ferramentas computacionais têm exercido um papel importante durante a análise do sinal eletromiográfico no sentido de facilitar, agilizar e padronizar as análises. 24 Uma das técnicas muito utilizada é a raiz quadrada da média (Root Mean Square RMS), que determina a densidade do espectro e avalia o nível de atividade do sinal eletromiográfico (HOGREL, 2005; ARABADZHIEV, 2010). Atualmente a EMG tem sido empregada na Odontologia para a análise da função dos músculos da mastigação (LANDULPHO et al., 2003). Este método de análise tem sido apresentado como eficiente no diagnóstico e avaliação de DTM. Embora a severidade da dor não possa ser refletida na atividade eletromiográfica, os movimentos mandibulares limitados aumentam a atividade tônica muscular. Assim, os pacientes com DTM apresentam um leve aumento no tônus muscular basal, detectado através de EMG, associado à redução na capacidade de fechamento da boca e inibição disfuncional na porção anterior do músculo temporal direito, durante o movimento de lateralidade direita (PINHO et al., 2000). Rodrigues et al. (2006) verificaram a relação entre a correção ortodôntica da mordida cruzada posterior dentária e as alterações no padrão da atividade dos músculos masseter e temporal em vinte jovens de ambos os gêneros. Todos voluntários apresentavam mordida cruzada posterior dentária, corrigida através de aparelhos ortodônticos removíveis. A análise EMG bilateral ocorreu em condição de repouso e de mastigação aleatória. A análise EMG mostrou que após um mês do início do tratamento ortodôntico ocorreu uma leve diminuição da atividade muscular do músculo masseter em repouso, aumentando gradativamente sua atividade logo após e mantendo-se alta um mês depois do tratamento. Durante a mastigação aleatória também ocorreu melhora da atividade. Já a atividade dos músculos temporais diminuiu um mês do início da terapia ortodôntica e permaneceu baixa logo após e um mês depois do tratamento ortodôntico. Em 2008, Ries et al. avaliaram a simetria da atividade EMG dos músculos masseter, temporal e esternocleidomastoideo em indivíduos com DTM e indivíduos sem desordem (controle). Verificou-se que as atividades simétricas dos músculos temporais, masseter e esternocleidomastoideo foram menores no grupo com DTM comparada ao grupo controle. Puderam concluir em sua pesquisa que a assimetria dos músculos do pescoço e mandíbula era uma compensação para gerar estabilidade no sistema mandibular e cervical durante a função mastigatória. Gomes et al. (2008) investigaram a correlação entre a atividade eletromiográfica do músculo masseter e medidas cefalométricas em crianças com maloclusão dental classe III de Angle, durante o repouso mandibular. Eles 25 verificaram uma correlação entre a análise cefalométrica e a função do músculo masseter, concluindo que na condição clínica de repouso, há uma forte influência da musculatura no estabelecimento da maloclusão dental classe III de Angle. Utsumi et al. (2010) investigaram o movimento da mandíbula de ratos durante a mastigação de alimentos de diferentes texturas analisando a relação de coordenação dos músculos masseter e temporal. Foram utilizados ratos de 11 semanas de idade e os eletrodos foram posicionados no masseter e temporal para registro da EMG. Alimentos duros e macios foram utilizados na pesquisa. A trajetória dos movimentos da mandíbula de ratos no plano sagital mostrou contrária a dos seres humanos. Maiores discrepâncias Antero-posterior entre a abertura e fechamento foram observados ao mastigar alimentos duros, especialmente na fase de fechamento tardio. A amplitude média do temporal foi significativamente maior na fase de fechamento tardio ao mastigar alimentos mais duros do que o alimento macio. Concluiram que durante a mastigação de alimentos duros, a mandibula se fecha em uma posição mais posterior, o que poderia definir a trituração na oclusal dos dentes posteriores, consequentemente, a trituração dos alimentos seria maior. 1.2.2 Lactato O lactato é uma substância produzida naturalmente pelo nosso corpo e funciona como um marcador bioquímico da fadiga muscular, em estado de repouso a concentração de lactato no sangue é de aproximadamente 2mmol/l. A principal fonte de produção de lactato é o glicogênio. Através da cascata bioquímica o glicogênio se quebra em piruvato ocorrendo a produção de energia anaeróbia (sem auxílio do oxigênio), já quando o piruvato se quebra, ainda mais, com o auxílio do oxigênio e se produz ainda mais energia denomina-se energia aeróbia. Porém, quando as células perdem a capacidade de gerar energia, o piruvato se quebra e se transforma em lactato (GUYTON; HALL, 2000). Hautala et al. (2001) e Kiviniemi et al. (2006) sugerem que esforços físicos de maior intensidade podem gerar respostas hemodinâmicas diferentes, possivelmente pelas concentrações de lactato e de catecolaminas plasmáticas pós-exercícios. Considerando que as catecolaminas estimulam a glicólise e a glicogenólise, Richter 26 et al. (1982), sugerem que o aumento da atividade simpática seja um mecanismo primário gerador da aceleração da glicólise, aumentando assim, o lactato sanguíneo durante atividade física. Quanto mais condicionado o atleta estiver, mais baixo são os níveis de lactato sanguíneo. Um estudo mostrou que em atletas corredoras de meia e média distância o pico máximo de lactato produzido pela mulher é menor que o pico máximo produzido pelo homem, cerca de 45%. No entanto esta observação ainda não foi elucidada (WILMORE, 2010). No estado de repouso a concentração de lactato muscular está reduzida, mas ao ser realizado um exercício físico de alta intensidade a demanda de ácido lático aumenta significativamente (SPRIET et al., 2000). Com a fadiga muscular já instalada, os níveis de ácido lático e hidrogênio nas células musculares e sanguíneas são aumentados, ocorrendo uma redução no pH. O acúmulo de lactato pode estar associado à baixa quantidade de oxigênio na musculatura (GRASSI et al., 1999). O ácido láctico prova a inibição dos canais de cálcio, que contribuem para o surgimento da fadiga muscular (FAVERO et al., 1997). Caso o indivíduo consiga reduzir a produção de lactato ou diminua o tempo necessário para eliminação do lactato, consequentemente ele irá reduzir a produção dos íons de hidrogênio que causam a redução do pH. Quando se trata de um atleta bem condicionado fisicamente o corpo reduz os níveis de lactato nas musculaturas recrutadas durante o esforço físico (BROOKS et al., 2000). Embora alguns autores (BARNETT, 2006; CAIRNS, 2006) questionem a validade da concentração de lactato como parâmetro para determinar a recuperação muscular pósexercício, este método tem sido amplamente utilizado com esta finalidade. Já se sabe, por exemplo, que a recuperação ativa acelera a velocidade de remoção do lactato do músculo e da circulação sanguínea (DOTAN, 2000; REILLY, 2005). A mensuração dos níveis de lactato como marcador bioquímico da fadiga muscular é frequentemente utilizada paralelamente com outros recursos para evidenciar a fadiga como a EMG. A tabela 1 apresenta uma síntese de estudos sobre a relação dos níveis de lactato sanguíneo com a fadiga muscular. Ao fazer a relação entre o ácido lático e a fadiga, é importante lembrar que o ácido lático é um subproduto da glicólise anaeróbia. Embora a maioria das pessoas acredite que o ácido lático seja responsável pela fadiga em todos os tipos de exercício, apenas ocorre acúmulo dessa substância intramuscular em exercícios de alta intensidade e de curta duração. Outro detalhe importante que deve ser considerado é que a presença de ácido lático não deve ser a única responsável pela sensação de fadiga (WILMORE et al., 2010). 27 Tabela 1: Levantamento dos artigos envolvendo a fadiga muscular e a concentração de lactato sanguíneo entre os anos de 2009 e 2011. Amostra Sedentários 3 Praticante de atividades física Atletas Sedentários Sedentários Capilar Orelha (capilar) Veia antecubital Pré (Imediatamente)/Pós (Imediatamente) e 1 hora após Sim Bicicleta ergométrica Pré (Imediatamente) /Pós (3 min) Sim Esteira (corrida) Pré (2 min) / Pós (3min) Não Prática esportiva (natação) Pré (30min) / Pós (1, 3 e 5 min) Não corrida Pré (Imediatamente)/ durante (10 min) / Pós (imediatamente) Durante jogo ( 15,30,45,60,75 e 90 min) Não Atletas Pós (3 min) Sim Atletas Veia antecubital Pré (imediatamente) / Pós (15, 25 min) Sim Atletas Orelha (capilar) Sim Orelha (capilar) Veia antecubital Pré (imediatamente) Pós (imediatamente, 1, 4, 7, 10 e 15 min) Pré (imediatamente) /Pós (3 e 5 min) Pré (Imediatamente) / Pós (imediatamente) Sedentários Veia antecubital Pré (Imediatamente) / Pós (imediatamente, 1, e 15 min) Sim Praticante de atividades física Dedo (capilar) Pré (imediatamente) / Pós (5 min) Sim durante Não Pré (5 min) / durante / Pós (a cada 5min) Atletas Dedo (capilar) Veia antecubital Não Sim Sim Bicicleta Prática esportiva (futebol) Prática esportiva (ciclismo) Exercício de alta intensidade (anaeróbio) Bicicleta ergométrica Prática esportiva (natação) Prática esportiva (tênis) Exercício de alta intensidade (Rosca bíceps) Exercício de alta intensidade (Flexão/extensão de joelho) Fonte Nakajima et al., 2010 Oliveira et al., 2010 Paroutyet al., 2010 Peliceret al., 2011 Rasmussen et al 2010., Russell et al., 2011 Schladeret al., 2011 Seoet al., 2011 Sperlichet al., 2010 Strinet al .,2011 Wu et al., 2010 Yasudaet al., 2010 Zafeiridis, 2010 Corrida Chmura&Nazar,2 010 Não Bicicleta Tenanet al., 2011 Dipla,2009 Jordan,2010 Praticante de atividades física Dedo (capilar) Pré (imediatamente) / Pós (3 min) Sim Exercício de alta intensidade (Flexão/ Extensão de joelho) Praticante de atividades física Dedo (capilar) Pré (imediatamente) / Pós (21 dias) Sim Corrida Sedentários Dedo(capilar) Pré (30 min) / durante / Pós (imediatamente 15, 30, 60 min) Sim Exercício de alta intensidade (extensão de joelho) Sim Prática esportiva (Luta Greco-romana) Barbas et al, 2011 Não corrida Koehler,2011 Bicicleta Goto et al 2011 Atletas de elite Atletas de elite Praticante de atividades física Atletas de elite Atletas Atletas sedentários Veia antecubital Veia antecubital Dedo (capilar) Orelha (capilar) Dedo (capilar) Veia antecubital Veia antecubital Atletas 6 Tipo de exercício Veia (anticubita) Atletas 5 Alteração dos níveis de lactato Capilar Atletas 6 Veia antecubital Dedo (capilar) Tempo pré/pós Atletas Atletas 8 Local de coleta Pré (1 semana)/ Pós (1° a 5° semana) Pré(imediatamente) / Pós (imediatamente) Pré(imediatamente) / Pós (0, 30, 60, 90, 120, 150, 180min) Pré(imediatamente) / Pós (imediatamente) Pré (imediatamente) / Pós (imediatamente) Pré(imediatamente) / Pós (3, 10, 20 min) Pré (imediatamente) / Pós (imediatamente) Pré (imediatamente) / Pós (30, 60 e 90 min) Sim Sim Não Sim Sim Sim Atletas Dedo (capilar) Pré (imediatamente) / Pós (imediatamente e 15 min) Não Atletas Dedo (capilar) Pré (imediatamente) / Pós (3, 15 e 25 min) Não Atletas Veia antecubital Pré (imediatamente) / Pós (1 hora e 24 hras) Sim Sedentários Capilar Pós (imediatamente) Sim Prática esportiva (futebol) Prática esportiva (Vôlei) Bicicleta Corrida Prática esportiva (futebol) Exercício de alta intensidade (Saltos laterais) Bicicleta Exercício de alta intensidade (Extensão de joelho) Corrida Aldayelet al, 2010 Mohret al., 2010 Edwards et al., 2009 Junior et al., 2011 Aptekmann& Cesar 2010 Gardineret al., 2011 Oliveira & Ribeiro, 2010 Baroniet al 2010 Pournotet al., 2011 Baron et al., 2009 28 1.3 Fototerapia sobre atividade muscular 1.3.1 Radiação eletromagnética coerente (lasers) e não coerente (LEDs) sobre a atividade neuromuscular. A terapia com luz de baixa intensidade consiste da utilização da luz na faixa do vermelho e infravermelho (600 a 1000 nm) para que possam ocorrer modulações em vários níveis celulares. A luz emitida por LED, com comprimento de onda próximo a 620 nm, penetra na pele e no tecido em uma profundidade aproximada de 23 cm (DESMET, 2006). A laserterapia corresponde à aplicação local de uma fonte de luz monocromática de baixa intensidade. Os efeitos dessa aplicação têm sido confirmados através de diversos estudos (BENSADOUN, 2006). Clinicamente seus efeitos são manifestados em ações regenerativas, antiinflamatórias, analgésicas (BENSADOUN, 2001; BENSADOUN, 2006; ARORA, 2008; ANTUNES, 2008) e relaxamento muscular (RIZZI et al., 2010). Recentemente, foram observados por alguns autores casos onde o LED no vermelho resultou em melhoras no processo metabólico, aceleração de cicatrização de feridas e controle sobre efeitos secundários, como dor, exsudação, crosta e edema (WHELAN et al., 2000; WHELAN et al., 2001; SMITH, 2005; QUEIROZ et al., 2008; KELENCZ et al., 2010; YEH et al., 2010). Já a terapia LED no infravermelho tem a capacidade de estimular a geração de mais força em um determinado músculo ao longo do tempo, e também tem a capacidade de reduzir a fadiga muscular (PAOLILLO et al., 2011). A interação do laser com o tecido biológico pode ser melhor compreendida a partir do momento em que são conhecidos os fatores relacionados, tanto ao tecido quanto ao laser (PINHEIRO et al., 1997). O laser terapêutico tem sido utilizado como recurso para a prevenção de fadiga muscular nos últimos anos (BARONI et al., 2010). Entretanto, não está totalmente elucidado, já que este recurso depende de uma série de parâmetros envolvidos como, por exemplo: o biótipo da amostra, comprimento de onda, potência 29 do aparelho e energia, como mostra a tabela 2 em um levantamento bibliográfico realizado com artigos utilizando as palavras chaves: “fatigue” e “laser”. Tabela 2: Síntese de estudos empregando a fototerapia na prevenção de fadiga muscular Modelo Terapia Potência (mW) λ (nm) DP (W/cm²) DE (J/cm²) Energia (J) Efeito Tempo (s) Humano Laser 50 660; 830 17,85 1,785 5 + 100 Humano Laser 200 810 5,495 164,85 30 + 30 Humano Laser 60 808 21,42 214,28 0,6 + 10 Humano Laser 60 808 21,42 214,28 0,6 + 70 1; 3; 6; 9 + 10; 30; 60; 90 Rato Laser 100 810 3.57 35,71; 107,14; 214,29; 321,43 Humano LED 10; 30 660; 850 0,05; 0,15 1,5; 4,4 0,3; 0,9 + 30 Rato Laser 200 810 5,495 164,85 6 + 30 Humano Laser 100 830 0,0036 1,4; 1,1 4;3 + 40; 30 12,3; 43 NC + 600 Rato Laser 40 632, 2 0,02; 0,05; 0,07 Rato Laser 15 904 0,07 0,5;1,5; 5; 15 0,1; 0,3; 1; 3 + 7; 20; 67; 200 Rato Laser 100 660 0,03 133,3 4 + 40 Humano Laser 200 810 6,90 206,90 6 + 30 Humano LED 10; 30 660; 850 0,05; 0,1 1,5; 4,5 0,03; 0,9 + 30 36; 14,4; 24 + 600; 240 Rã Laser 60; 100 808 0,07; 0,12 45,6; 18,2; 76; 30,3 Rato Laser 0,5; 1 780; 140 0 0,002; 0,003 0,5;1 0,15; 0,3 + 300 Humano LED 0,22 640 0,0116 2; 4; 6 1; 2,1; 3,1 + 9; 18; 27 Humano LED Laser 200; 10; 30 0,05; 0,01 164,84; 1,5; 4,5 6; 0,3; 0,9 + 30 Humano LED 10; 30 1,5; 4,5 0,3; 0,9 + 30 Humano LED 10; 30 1,5; 4,5 0,3; 0,9 + 30 810; 660; 850 660; 850 660; 850 0,05; 0,01 0,05; 0,15 Rato Laser NC 660 0,09 10,8; 21,6; 32,4 NC + 1200; 2400; 3600 Rato Laser 0,0025 655 0,03 0,5; 1; 2,5 0,08; 0,2; 0,4 + 32; 80 e 160 Humano Laser 40 790 NC 1,5; 2,5; 3 NC + NC Fonte Almeida, et al,. 2011 Marchi, et al., 2012 Vieira, et al.,2012 Ferraresi, et al.,2011 Ramos, et al., 2012 Leal, et al.,2011 Leal, et al.,2010 Leal, et al., 2009 Liu, et al.,2009 Leal, et al.,2010 Sussai, et al., 2010 Baroni, et al., 2010 Leal, et al., 2010 Komatsu, et al.,2008 AbouHala, et al., 2007 Kelencz, et al., 2010 Leal, et al., 2009 Leal, et al., 2009 Baroni, et al., 2010 Hayworth, et al., 2010 LopesMartins, et al., 2006 Shinozaki, et al., 2006 30 É necessário observar a relação entre parâmetros e as propriedades do laser para estabelecer a dosimetria. A padronização dos parâmetros físicos é importante para estabelecer um protocolo eficiente e objetivo (MELLO; MELLO, 2001). A LLLT incide sobre o tecido, ocasionando efeitos fotoquímicos (SCHAFFER et al., 2000), ou seja, radiações com baixa DP 0,01 W/cm2 a 1 W/cm2 e também baixa DE, de 1 a 10J/cm2 (SCHINDL et al., 2000). Nestes limites são produzidos um pequeno e insignificante aumento de temperatura, não ultrapassando 1ºC (KARU, 1987). Acredita-se que a ação do laser de baixa intensidade sobre o tecido esteja relacionada à possibilidade de inibição do aparecimento de fatores quimiotáticos nos estágios iniciais da inflamação (CAMPANA et al., 1999) e inibir a síntese das prostaglandinas (BJORDAL et al., 2006). Segundo Podbielski et al. (2006) o efeito do laser de baixa intensidade acelera a proliferação de células miogênicas e o processo de regeneração muscular, sugerindo uma fagocitose mais eficiente de células sanguíneas extravasadas e fibras musculares necrosadas. A irradiação com laser de GaAlAs (630-680 nm, 1,0 J/cm2) pode auxiliar na remoção de metabólicos e no aumento de aporte sanguíneo em musculatura de ratos em processo de fadiga. Segundo Marcos (2002) a irradiação pode gerar vasodilatação local e contribuir para a síntese de ATP, aumentando a resistência do músculo à fadiga. Hansson (1989) concluiu que a irradiação laser infravermelho com comprimento de onda de 904 nm, na região da ATM, promove diminuição de dor já nos primeiros dias de aplicação, aumentando a abertura bucal e diminuindo a crepitação da articulação. A rápida redução da inflamação conseguida através do laser na região infravermelho do espectro eletromagnético contribui para a estabilização oclusal e simetria das funções musculares, que influenciaram nos processos reparativos. Segundo Lowe e Baxter (1999), o laser no comprimento de onda no infravermelho (830 nm), tem uma ação mais profunda e melhor do que quando comparado à luz vermelha. Abouhala et al. (2007) estudou o músculo tibial anterior submetido à fadiga muscular pós-irradiação com laser em 632 nm. Observou que o grupo tratado conseguiu manter a intensidade de atividade muscular e aumentar a resistência à 31 fadiga, sendo mais evidente quando irradiados com 1,0 J/cm2, demonstrando assim a eficácia na resistência à fadiga muscular em ratos. O laser produz efeitos que estimulam fotorreceptores que fazem parte de vias bioquímicas celulares, podendo regular o metabolismo. O fotorreceptor presente na membrana mitocondrial absorve a luz na faixa do visível ao infravermelho próximo ao intervalo espectral, quando se encontram em seu estado nem totalmente reduzido ou nem oxidado, de modo que a excitação através de transferência de elétrons ocasione uma resposta biológica final (MAIA; VIEIRA, 2009). Estes efeitos contribuem para uma maior concentração de energia celular. Essas respostas podem ser de fundamental importância na reabilitação de pacientes e no desempenho de atletas, como por exemplo, no aumento da resistência à fadiga (VIEIRA, 2008). Lisboa (2010) observou a redução de dor em pacientes com DTM e aumento da amplitude de movimento da musculatura, após terapia com laser no infravermelho (830 nm, 4 J/cm2). O autor concluiu que o tratamento com laser no infravermelho previne a fadiga. A laserterapia na região do infravermelho próximo tem sido utilizada na Odontologia para a redução de dor e regeneração tecidual em DTM. Porém, os efeitos da terapia LED sobre a prevenção de fadiga muscular ainda não foram amplamente estudados, justificando-se a realização de investigações nesta área. 32 2 2.1 OBJETIVOS Objetivo geral O objetivo do presente estudo é analisar o efeito da radiação eletromagnética coerente (laser, 780 nm) e não-coerente (LED, 880 nm) sobre atividade muscular. 2.2 Objetivos específicos Estudar o efeito do laser e do LED sobre a atividade muscular esquelética do músculo masseter por: − Análise da atividade muscular, força e tempo de fadiga através de eletromiografia; − Níveis de lactato através de exame sanguineo basal e pós-fadiga muscular. 33 3 METODOLOGIA O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), pelo número de protocolo n0. H01/CEP/2011 (ANEXO A). O estudo foi realizado no Centro de Laserterapia e Fotobiologia (CEFALO) do Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP). 3.1 Seleção de voluntários Participaram do presente estudo 12 voluntários do sexo masculino, com idade média de 28 anos (± 6). Seguindo o Conselho Nacional de Saúde, resolução 196/96, os voluntários foram informados dos procedimentos antecipadamente ao experimento. Uma vez assinado o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo B) e a autorização para realização de exame físico (Anexo C) os voluntários foram incluídos no grupo de pesquisa do referente estudo. 3.2 Critério de inclusão Como critérios de inclusão os indivíduos deveriam ter a dentição completa, articulação temporomandibular saudável e gozar de boa saúde em geral. 3.3 Instrumentação O estudo envolveu cinco coletas de sangue por indivíduo para fins de verificação das concentrações de lactato basal e lactato pós-fadiga muscular. A 34 aferição do lactato ocorreu anteriormente ao protocolo, após controle e terapias (placebo, laser ou LED) e cinco minutos após o término do mesmo. O lactato plasmático foi analisado antes e após o protocolo de indução de fadiga utilizando-se o equipamento Accusport (Roche Diagnostics, Mannheim, Alemanha) e tiras para análise BM-Lactate (Roche Diagnostics, Mannheim, Alemanha) (figura 3). Após a calibração do aparelho pela “fita mestre” foi executada a leitura, onde cada tira de teste teve sua zona de teste coberta totalmente pelo sangue, sendo sempre mensurada por um mesmo avaliador. A amostra de sangue foi obtida do paciente por meio de uma lanceta na região da falange distal do dedo médio. Figura 3: Material empregado para análise dos níveis de lactato sanguíneo. A- Lactímetro Accusport. B- Tiras para análise BM-Lactate (Roche Diagnostics). C- Suporte para lancetas. DLancetas descartáveis. E- Gaze para limpeza da pele com álcool 70%. F- Caixa coletadora de pérfuro-cortantes G- Embalagem fita mestre. B F G C D E A Para a indução da fadiga muscular (FM) foi utilizada uma plataforma oclusal de borracha de 12 mm de largura e 4 mm de espessura entre os dentes molares (lado direito e esquerdo) limitando o fechamento da boca bilateralmente (dinamômetro) figura 4. 35 Figura 4: Plataforma oclusal. Como a plataforma oclusal seria inserida na cavidade bucal, durante o processo de FM e registro eletromiográfico, esta necessitou de cuidados de biossegurança, no que se refere à higienização da peça e controle de infecção através de recobrimento com filme plástico. A plataforma oclusal pode ser definida como instrumento semi-crítico por entrar em contato com a mucosa (moldeiras, espelhos) (RAZABONI, 2004). Assim, a desinfecção da plataforma ocorreu da seguinte forma (figura 5). − Secagem e anti-sepsia com gazes embebida em álcool 70%; − Recobrimento da placa oclusal com filme de PVC. Figura 5: Desinfecção da plataforma oclusal. 36 Para a aquisição de sinais biológicos foi utilizado um módulo de 16 canais (EMG System do Brasil Ltda). Foi utilizado filtro passa banda de 20 a 500Hz. Os dados foram processados através de software específico para aquisição e análise (EMG V1.01 Analysis), uma placa de conversão de A / D 16 bits para converter o sinal analógico em sinal digital com uma frequência de 1,0 KHz para cada canal e entrada de 5 mW (figura 6). Eletrodos descartáveis de Cloreto de Prata (Ag/AgCl) revestidos por folha de papel alumínio com pré-hidrogel sintético de alta condutividade e baixa impedância foram utilizados. Figura 6: Eletromiógrafo 16 canais Fonte: EMGSystem do Brasil ([2011]) Os eletrodos foram fixados à pele perpendicular as fibras no ponto médio do músculo masseter, na sequencia anatômica referente à Perotto e Delagi (2005) garantindo-se que os eletrodos estivessem próximos ao maior ponto de atividade elétrica. Durante a colocação dos eletrodos, houve o cuidado com os músculos adjacentes, pois se os eletrodos estivessem muito próximos de outros músculos que não o músculo escolhido para a pesquisa, poderia ocorrer o fenômeno de crosstalk (interferência de sinais de músculos adjacentes). 3.4 Processo e aquisição de dados Previamente antes da colocação dos eletrodos no músculo masseter, realizou-se a limpeza da pele com algodão embebido em álcool 70%, com intuito de diminuir possíveis interferências na aquisição dos sinais eletromiográficos. Para o 37 correto posicionamento dos eletrodos, pediu-se que o voluntário fizesse movimento de oclusão forte, possibilitando assim a localização do centro do ventre muscular (contração isotônica bilateral). Os eletrodos foram fixados no músculo masseter com fita adesiva (marca 3M, modelo crepe) antialérgica. Utilizou-se um eletrodo de aterramento posicionado na região cervical, próximo a nuca, que propicia o aterramento elétrico necessário para um bom funcionamento do eletromiógrafo. Antes de todos os procedimentos, o voluntário era posicionado sentado em uma cadeira e ficava em repouso por 5 minutos e após este período era coletado sangue para análise de lactato. Para os registros dos sinais eletromiográficos, o paciente foi posicionado sentado confortavelmente em uma cadeira em frente à plataforma oclusal, fixada a uma haste para que fosse possível realizar os ajustes de altura em relação à arcada dentária do voluntário. Após estes ajustes, pediu-se para o voluntário posicionar as arcadas dentárias na plataforma oclusal, observando que os dentes estivessem localizados acima de 2,0 mm na barra de mensuração e através de um comando verbal o voluntario manteve a mordida com força máxima por 60 segundos (figura 7). Após este procedimento, aguardou-se 5 minutos e foi realizada a 2ª coleta de lactato e imediatamente após a coleta a irradiação da musculatura. Figura 7: Voluntário realizando força máxima por 60 segundos. 38 Para os procedimentos de fototerapia foram empregados um aparelho laser GaAlAs (Twin Flex Evolution®, MMOptics, Classe 3b, registro ANVISA 80051420014, São Carlos-SP, Brasil) e um aparelho de LED (Fisioled®, MMOptics, registro ANVISA 80051420003, São Carlos-SP, Brasil) figura 8. Os equipamentos foram aferidos previamente ao inicio dos experimentos com o auxílio de um medidor de potência (Melles Griot-Broadband Power/Energy – Meter 13PEM001, Melles Griot Photonics Components Group, EUA). Figura 8: Laser GaAlAs (A) e LED (B) utilizados na pesquisa. A irradiação foi realizada em forma de contato, com o equipamento em um ângulo de 90º graus da pele e uma leve pressão em 8 pontos do músculo masseter, separados em 1 cm em todas as direções (figura 9). A terapia (placebo, laser ou LED) foi realizada seguindo parâmetros contidos na tabela 3. Tabela 3: Parâmetros de irradiação laser e LED Parâmetros Laser LED A (cm²) DE (J/cm²) Diodo DP (W/ cm²) E (J) Ø (cm) P (W) t (s) λ (nm) 0,2 4,0 GaAlAs 0,1 0,8 0,5 0,02 40 780 0,2 4,0 GaAlAs 0,1 0,8 0,5 0,02 40 880 Nota: Parâmetros laser e LED. A– área. DE– Densidade de energia. DP– Densidade de potência. E– Energia. Ø- Diâmetro. P- potência. t- tempo. λ– comprimento de onda. 39 A irradiação teve início no ponto de origem (processo zigomático da maxila e arco zigomático) do músculo masseter e terminou próximo à sua inserção (ângulo da mandíbula). Durante toda irradiação a boca do voluntário permaneceu fechada. O tempo de terapia (placebo, laser ou LED) foi de 40 segundos por ponto (figura 9). A musculatura direita foi avaliada, porém não recebeu irradiação. As medidas eletromiográficas dos músculos masseter pré-irradiação foram consideradas controle. Figura 9: Pontos de terapia (placebo, laser ou LED) no músculo masseter. A – Origem (arco zigomático); B – Inserção (ângulo da mandíbula); C – Superficial: Fibras que correm para baixo e ligeiramente para trás; D – Profunda: Fibras que correm numa direção Fonte: Adaptado de: Soares, Castilio e Sequeira ([2011?]) Após 5 minutos (tempo de recuperação da fadiga muscular) da medida controle e de cada terapia, era realizada a análise eletromiográfica, com objetivo de averiguar possível efeito da terapia com placebo, laser e LED sobre a atividade muscular, tempo de fadiga e força do músculo. 40 Figura 10: Posicionamento do equipamento sobre a superfície da pele na região de musculatura do masseter do voluntário durante a irradiação. Os sinais eletromiográficos controle, pós-terapia placebo, laser ou LED de todos dos indivíduos, foram registrados. Foram aplicados terapias placebo, laser ou LED em todos os indivíduos no músculo masseter esquerdo. Medidas foram realizadas antes da irradiação, a fim de gerar sinais de controle e minimizar as variações individuais. O controle de registro de sinais e informações foi considerado padrão do sinal EMG normal (informação individualizada); Root Mean Square (RMS), força máxima e média (Kgf) e tempo até fadiga. 3.5 Tratamento dos dados obtidos e análise estatística Para análise estatística dos dados obtidos através da eletromiografia foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para análise da distribuição dos dados e o teste de Wilcoxon para análise dos dados pré e pós-tratamentos. O nível de significância foi estabelecido em 5% (p<0,05). 41 4 RESULTADOS A tabela 4 mostra os dados obtidos da análise de atividade muscular através da RMS, tempo de fadiga e força máxima e média do músculo masseter direito e esquerdo pré (controle), e pós-irradiação (placebo, laser e LED). Tabela 4: Análise da atividade eletromiográfica dos músculos masseter direito e esquerdo. Os dados estão expressos em média ± desvio padrão. Parâmetros Controle Placebo Laser LED AMMD (µV) 27 4 29 5, 36 7 39 7 # # # # AMME (µV) 17 3 20 4, 25 5 27 5 Kgf (máxima) 41 1 40 16 39 1 41 1 § Kgf (média) 17 7 17 7, 17 7 18 7 FT (s) 30 1 23 10 30 1 28 1 Nota: AMMD – Atividade do músculo masseter direito. AMME – Atividade do músculo masseter # esquerdo. Kgf – Kilograma força. FT (s)- Tempo de fadiga. p<0,05 = direito vs esquerdo, *p<0,05 vs § controle. p<0,05 vs laser. 4.1 Análise da atividade muscular – RMS (Root Means Square) Observou-se atividade muscular significativamente maior no masseter direito quando comparado ao esquerdo, tanto pré (controle) como pós-terapia (placebo, laser ou LED). Pode-se observar que a AMME, irradiado com laser ou LED, apresentou um aumento significativo (p<0,05 e p<0,001, respectivamente) quando comparada com os valores de AMME controle (Figura 11). Figura 11: Valores de RMS. Dados expressos em % em relação grupo controle 42 4.2 Análise da força muscular A força máxima do MM pós-irradiação com LED foi significativamente maior que a observada após a irradiação com laser (p=0,0067). Não foram observadas diferenças significativas na força máxima (Figura 12) e média (Figura 13) entre os valores controle e pós-terapia placebo, laser ou LED (p>0,05). Figura 12: Força muscular máxima. # P<0,05 Vs laser. Figura 13: Força muscular média do músculo masseter 43 4.3 Análise do tempo para fadiga muscular A fadiga muscular foi calculada através do Programa EMGworks Analysis (Figura 14), onde verificou-se o pico máximo de força durante a contração de 60 segundos e o decaimento da força até a fadiga do músculo masseter. Figura 14: Análise da fadiga muscular. Nota: A- pico de força máxima e B- momento no qual o músculo entrou em fadiga. Na comparação entre o tempo de fadiga do MM pré e pós-terapia placebo laser ou LED não foram observadas diferença estatística significativas (Figura 15). Figura 15: Tempo fadiga muscular do músculo comparado. Nota: controle vs pós-terapia placebo, laser ou LED masseter. *p=0,0445, **p=0,0019. 44 4.4 Análise do lactato Não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) dos níveis de lactato nos voluntários após as terapias placebo, laser ou LED quando comparados aos valores basais (figura 16). Figura 16: Comparação dos níveis de lactato basal (- - - -) vs pós-terapia placebo, laser ou LED. Lactato (mmol/L) 3 2 1 0 Placebo Laser p>0,05 Nota: Dados expressos em média ± erro padrão. LED 45 5 DISCUSSÃO No presente estudo, o músculo masseter foi induzido à fadiga muscular e foram avaliadas as suas funções durante a mastigação seguindo metodologia apresentada por Kelencz et al. (2010). Para a investigação da fadiga foi utilizada a EMG, técnica eletrodiagnóstica amplamente empregada (OCARINO et al., 2005; RIEDI, 2006; SHINOZAKI et al., 2006). Para Vollestad (1997) a EMG de superfície é reconhecida por inúmeros pesquisadores como uma técnica fidedigna para avaliação da fadiga muscular por possibilitar uma satisfatória análise da amplitude do espectro de potência do sinal dos músculos de superfície. No presente estudo foi avaliado o tempo de fadiga do músculo masseter pré e pós-terapias placebo, laser ou LED. Para o estudo foram selecionados 12 voluntários com características específicas, afim de que nenhuma variável pudesse interferir nas coletas dos dados. Tais características determinaram a inclusão dos voluntários no estudo. Foram incluídos na pesquisa somente indivíduos do gênero masculino. A idade e o gênero dos voluntários são fatores importantes que podem determinar a habilidade de contração músculo-esquelético e a capacidade de tolerância à fadiga. Há indícios de que indivíduos do gênero masculino apresentam um decaimento mais rápido da força (LEAL et al., 2010). Em contrapartida, de acordo com a pesquisa realizada por Pita el al. (2011), não há diferença significativa da atividade muscular entre os gêneros masculino e feminino. Segundo Simão et al. (2007) o ciclo menstrual pode influenciar na força e consequentemente no desempenho muscular dos membros inferiores, devido aos fatores hormonais. Na fase pré-menstrual devido ao aumento da produção de progesterona pode haver uma redução do desempenho muscular, entretanto na fase pós-menstrual, devido ao aumento da taxa de estrogênio e maior secreção de noradrenalina, pode-se observar uma melhora no desempenho. Foram selecionados apenas indivíduos com dentição completa e sem queixas e sinais clínicos de disfunção da ATM, pois indivíduos com oclusão equilibrada apresentam movimentos mastigatórios regulares e coordenados (OKESON, 2000). O desequilíbrio oclusal pode ser um possível causador de alterações da musculatura mastigatória (RAHAL; GOFFI-GOMEZ, 2007). Os resultados apontam para uma maior atividade do músculo masseter direito quando comparado ao esquerdo, tanto 46 pré (controle) como pós-terapia (placebo, laser ou LED). Um estudo realizado com 18 pessoas revelou que apenas 10% apresentaram mastigação bilateral simultânea, 75% mastigação bilateral alternada e 15% mastigação unilateral direita ou esquerda. Via de regra, no lado de balanceio, ou seja, o lado contrário do lado de trabalho, o músculo é mais alongado e com tônus muscular diminuído (RAHAL; GOFFIGOMEZ, 2007). Segundo Rodrigues et al. (2006), quando a mastigação ocorre de forma unilateral direita ou esquerda, o lado de trabalho terá um estímulo maior em suas estruturas, gerando assim, um músculo mais forte e resistente que o lado de balanceio. Muñoz (2004) observou que indivíduos com oclusão clinicamente normal, sempre apresentam um lado de preferência durante a mastigação para realizar a trituração de alimentos. O autor pressupõe que a população investigada tem preferência em mastigar pelo lado direito, porém isso não pode ser justificado, pois 90% da população é composta por indivíduos destros e estudos anteriores reafirmam que não há relação direta entre a dominância cerebral e o lado de preferência mastigatória. Segundo Oncins et al. (2006) em seu estudo, existe a prevalência de mastigação do lado direito (100%) e consequentemente uma maior atividade elétrica do músculo masseter direito. De acordo com dados da literatura, indivíduos que apresentam oclusão aceitável devem mastigar bilateralmente, de forma alternada ou simultânea (JABUR, 2001). Com base nesses dados e resultados obtidos no presente estudo (AMMD maior que a AMME), é possível apontar para uma tendência de mastigação do lado direito (trabalho) dos voluntários, fazendo com que a musculatura deste lado seja maior que a do lado de balanceio no que se refere ao tônus muscular. Shinozaki et al. (2010) utilizaram laser diodo GaAlAs (790 nm) para promover redução de dor muscular causada pela DTM. Utilizaram 1,5J/cm2 em 4 pontos da ATM e 3J/cm2 em 3 pontos do músculo temporal. Pela EMG, puderam observar redução da atividade muscular em todos os momentos após a LLLT (5 e 20 minutos). O músculo temporal apresentou maior atividade EMG quando comparado ao músculo masseter. Puderam observar que a LLLT promoveu relaxamento imediato e significativo no músculo masseter e um ligeiro aumento de recrutamento muscular quando comparado aos dados basais. Eles acreditam que estes efeitos são devidos ao aumento do metabolismo celular acompanhado de um ganho de energia devido à transformação de ADP em ATP nas células expostas ao feixe da irradiação laser. 47 Segundo Kelencz et al. (2010), utilizando um LED de 640 nm com doses de 2, 4, ou 6 J/cm2 por ponto de irradiação, observaram que a dose de 1 J/ponto aumentou o recrutamento muscular e atividade elétrica do músculo masseter. Não foram observadas alterações significativas na força média e máxima do músculo masseter após as terapias com LED nas três doses testadas. Os autores atribuem o aumento do recrutamento muscular e atividade elétrica, a um possível aumento de neurotransmissores, gradientes iônicos e energia intracelular. Outro fator contribuinte para tal fato é o aumento da perfusão sanguínea, devido ao aumento local da microcirculação causada pela irradiação LED, observado por Queiroz et al. (2008) em orelha de camundongos, irradiadas com 3J/cm2. No presente estudo, a força máxima do músculo masseter foi maior quando tratado com LED comparada à terapia com laser. Já a força média, foi maior quando aplicada a terapia com LED comparada a todos outros parâmetros de terapia e controle. O aumento da AMME após terapia laser e LED na região do infravermelho comparada ao controle foi significativa, o que indica que a terapia laser ou LED aumentou a potência muscular, sugerindo maior capacidade de gerar força rapidamente a todo tempo durante tarefas motoras que requerem a ação deste músculo. O estudo indica aumento do recrutamento muscular e da atividade elétrica corroborando dados obtidos por Kelencz et al. (2010), os quais empregaram radiação eletromagnética no vermelho. Paolillo et al. (2011) em seu estudo utilizando um LED 850 nm (55,8J/cm2 e 31mW/cm2) sobre o quadríceps, em vinte mulheres na menopausa com treinamento em esteira por 3 meses, duas vezes por semana durante 30 minutos, observou na associação do LED com treino em esteira, uma melhora na força periférica sem produzir fadiga no quadríceps. Neste contexto, a LLLT tem se mostrado eficaz na ativação bioenergética do tecido muscular ao realizar determinada atividade física. A aplicação do LLLT apresenta relação direta com mitocôndrias, pois esta organela possui receptores de fótons. A enzima citocromo-c-oxidase é importante no transporte de elétrons sendo diretamente envolvida com síntese de ATP. A LLLT pode aumentar a síntese de ATP no tecido muscular (VIEIRA et al., 2011). No presente estudo não foi observada diferença significativa no tempo de fadiga após os diferentes tratamentos (placebo, laser ou LED). Este dado clínico contraria dados obtidos com laser na região do vermelho por Lopes-Martins et al., (2006) e infravermelho por Leal Jr et al. (2010) e Almeida (2011). Lopes-Martins et 48 al., (2006) realizaram um protocolo de irradiação com diferentes doses (0,5; 1,0 e 2,5J/cm2) e repetidas contrações tetânicas, promovidas eletricamente em músculo tibial anterior dissecado de ratos. O comprimento de onda utilizado foi de 655 nm. Observaram que a fototerapia pode reduzir a resposta à fadiga em músculos esqueléticos, e apontam que a LLLT foi capaz de reduzir o dano muscular pela medida dos níveis de CK. Estes foram corroborados por Leal Jr et al. (2010) com o mesmo modelo experimental, porém utilizando a LLLT com laser na região do infravermelho (904 nm). Almeida (2011) investigou se a LLLT seria capaz de retardar o desenvolvimento da fadiga muscular induzida durante 3 minutos de exercício realizando flexão isométrica do cotovelo. Dez voluntários do sexo masculino foram tratados com luz vermelha, infravermelho e terapia placebo (660 ou 830 nm, 1,7J/cm2, 17,8 W/cm2). A sequência de tratamento foi de acordo com o procedimento de randomização. A força máxima foi maior no vermelho (12,14%) seguindo o LLLT infravermelho (14,49%) do que a terapia placebo. A força média também foi significativamente maior no vermelho (13,09%) seguindo a LLLT infravermelho (13,24%) do que a terapia placebo. Não houve diferença significativa na força média ou força máxima entre a terapia no vermelho e infravermelho. Ele também concluiu que tanto no vermelho e infravermelho, a LLLT foi capaz de retardar o desenvolvimento da fadiga muscular e melhorar o desempenho do músculo esquelético. No presente estudo não foram observadas diferenças significativas no nível de lactato em indivíduos submetidos ao tratamento placebo, laser ou LED, ainda que uma tendência maior pós-terapia laser e LED serem percebidas. Leal Jr et al. (2009c) observaram o efeito da LLLT de 830 nm na fadiga muscular do bíceps braquial através dos níveis de lactato sanguíneos e do número de contrações voluntárias até a exaustão utilizando-se 75% da contração voluntária máxima. Participaram do estudo 10 jogadores profissionais de voleibol, onde um grupo foi submetido à terapia laser (830 nm, 1,4 J/cm2, 35,7 W/cm2) e o outro grupo era o placebo, usando-se o laser desligado. No grupo do LLLT ativo houve um maior número de repetições em comparação ao grupo placebo, no entanto, não houve diferença entre os níveis de lactato sanguíneo entre os grupos. Na pesquisa de Leal Jr et al. (2008) observou-se também a fadiga muscular do bíceps braquial por meio dos níveis de lactato sanguíneo e do número de contrações voluntárias máximas 49 (CVM) até a exaustão utilizando-se 75% da CVM em 12 jogadores profissionais de voleibol. Foram utilizados os parâmetros (655 nm, 500 J/cm2, 5 W/cm2). Os resultados foram bastante semelhantes ao da pesquisa anterior, onde houve um maior número de repetições em comparação ao grupo placebo, no entanto, houve um pequeno aumento nos níveis de lactato entre os grupos. De acordo com estudos realizados por Kelencz et al. (2010) tem sido comprovada a eficiência da terapia LED de baixa intensidade na região vermelha do espectro eletromagnético quando aplicada em tecidos biológicos. Esta energia vital é capaz de interagir com a atividade biológica aumentando potencialmente o nível das respostas e reações bioquímicas celulares modulando de forma positiva o processo metabólico dos tecidos. De acordo com Myers et al. (1997) voluntários submetidos a exercícios físicos apresentam aumento da concentração de lactato em decorrência de uma resposta do exercício físico progressivo. A radiação laser, na região do infravermelho, conforme descreve Rizzi et al. (2010), provoca aumento da vascularização, promovendo assim, a remoção de metabólicos da região mais rapidamente. Neste sentido, no presente estudo foi estudado o nível de lactato dos voluntários. De acordo com os resultados obtidos não foi possível observar diferenças significativas entre os valores basais de lactato e pós-fototerapia (laser ou LED) ou placebo. Contudo, observa-se um aumento expressivo do nível de lactato pós-fototerapia, tanto laser quanto LED. Um número maior de voluntários poderia reduzir o coeficiente de variação ( Χ ≈ 54%), significativas entre os grupos. permitindo observação de diferenças 50 6 CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos, nos parâmetros testados neste estudo, pode-se concluir que houve aumento da atividade muscular pós-terapia LED em relação aos valores controle, assim como o aumento da força máxima pós-terapia LED quando comparada à força máxima pós-terapia laser. A força média do músculo masseter se manteve inalterada, assim como tempo de fadiga após as diferentes terapias aplicadas (placebo, laser ou LED). As terapias utilizadas no estudo não promoveram modificações significativas nos níveis de lactato sanguíneo. 51 REFERÊNCIAS ABOUHALA, A. Z. et al. Effects of the Infrared Lamp Illumination during the Process of Muscle Fatigue in Rats. Braz. Arch. Biol. Technol., v.50, n. 3, p.403-407, 2007. ALMEIDA, P. et al. Red (660 nm) and infrared (830 nm) low-level laser therapy in skeletal muscle fatigue in humans: what it better? Laser Med Sci., v. 27, n.2, p. 453458, 2011. DOI 10.1007/s10103-011-0957-3. ANTUNES, H. S. The impact of low power laser in the treatment of conditioninginduced oral mucositis: A report of 11 clinical cases and their review. Med Oral Patol Oral Cir Bucal., v. 13, n. 3, p 189-192, 2008. ARABADZHIEV, T. I. Et al.. 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Assepsia da plataforma oclusal e recobrimento com filme PVC. 4. Realização da fricção da pele com algodão embebido em álcool 70% na região do músculo masseter, com intuito de diminuir possíveis interferências na aquisição dos sinais eletromiográficos. 5. Para o posicionamento dos eletrodos pediu-se para que os voluntários fizessem movimento de oclusão forte, possibilitando a localização exata de fixação dos eletrodos. 6. Os eletrodos foram fixados no músculo masseter com fita antialérgica e um eletrodo de aterramento foi coloca na região cervical. 7. Para o registro dos sinais eletromiográficos, o voluntário foi posicionado sentado confortavelmente em uma cadeira em frente à plataforma oclusal onde foi realizado ajuste em relação à arcada dentária de cada voluntário. 8. Pediu-se para que o voluntário posicionasse as arcadas dentárias na plataforma oclusal, sempre observando que os dentes estivessem localizados no mínimo 2,0 mm na barra de mensuração. 9. Através de contato verbal o voluntário manteve mordida por 60 segundos. 10. Após este procedimento, aguardou-se 5 minutos e foi realizada outra coleta de lactato. 64 11. Imediatamente após este procedimento, foi realizada a terapia placebo, com o laser desligado, em forma de contato, em 8 pontos no músculo masseter esquerdo, separados a uma distância de 1 cm em todas as direções. O tempo de terapia foi de 40 segundos por ponto. 12. Após este procedimento, repetiu-se a análise eletromiográfica, com objetivo de averiguar possíveis efeitos da terapia placebo sobre a atividade muscular, tempo de resistência à fadiga e força do músculo. 13. Em seguida, aguardou-se 5 minutos e foi realizada outra coleta de lactato. 14. Imediatamente, após este procedimento, foi realizada a irradiação laser em forma de contato em 8 pontos do músculo masseter esquerdo, separados em 1 cm em todas as direções. O tempo de irradiação foi de 40 segundos por ponto. 15. Após este procedimento, repetiu-se a análise eletromiográfica, com objetivo de averiguar possíveis efeitos da terapia laser sobre a atividade muscular, tempo de resistência à fadiga e força do músculo. 16. Após este procedimento, aguardou-se 5 minutos e foi realizada outra coleta de lactato. 17. Imediatamente, após este procedimento, foi realizada a irradiação LED, em forma de contato, em 8 pontos do músculo masseter esquerdo, separados a uma distância de 1 cm em todas as direções. O tempo de irradiação foi de 40 segundos por ponto. 18. Continuando com o procedimento, repetiu-se a análise eletromiográfica, com objetivo de averiguar possíveis efeitos da terapia LED sobre a atividade muscular, tempo de resistência à fadiga e força do músculo. 19. Após este procedimento, aguardou-se 5 minutos e foi realizada a última coleta de lactato. 65 APÊNDICE B: Anamnese e Exame Intra-Oral 66 ANEXO A: Termo de consentimento livre e esclarecido 67 ANEXO B: Autorização para realização de exame físico 68 ANEXO C: Comitê de Ética e Pesquisa