RELATO DAS ATIVIDADES 11 de agosto - Reunião Técnica com o Conselho Estadual O deputado Zé Nunes falou da importância da subcomissão para nortear a política de economia solidária, e dar continuidade aos projetos já existentes, especialmente os que contam com recursos do governo federal, como os convênios com a SENAES que estão em andamento. Também destacou a articulação entre os empreendimentos das políticas municipais existentes, bem como o debate do funcionamento do Conselho. Para ele, a Economia Solidária é um espaço de realização econômica, de geração de emprego e renda e de ocupação das pessoas. Ele lembrou o objetivo desta primeira reunião técnica, que é orientar e aprofundar a discussão a respeito dos programas de Economia Solidária e as políticas estaduais, com os instrumentos já construídos. Atualmente, há uma retração na economia, e este tipo de iniciativa representa algo moderno, por isso é preciso sensibilizar o governo estadual neste sentido. Em algumas reuniões realizadas com o governo do Estado, os secretários informaram que houve uma readequação no planejamento de governo, extinguindo a Secretaria de Economia Solidária e a Secretaria de Ciência e Tecnologia, por redução de custos. Os participantes da reunião fizeram um diagnóstico da região e se posicionaram sobre o assunto: A economia solidária, está organizada em oito regiões do Estado atuantes, e já estiveram em 11 regiões anteriormente. Contam com a participação de grupos informais, associações, cooperativas de trabalhadores de segmentos diversos como prestação de serviços, artesanatos, reciclagem, confecção, buscando uma outra forma de desenvolvimento, outra forma de fazer economia. Entre as prioridades apontadas, estão a necessidade de certificação dos empreendimentos solidários, retomada do Conselho, valorização das casas de economia solidária, e acesso às compras públicas. De uma forma geral, o movimento está sendo enfraquecido e sem continuidade. O Fórum Gaúcho se colocou para fortalecer e dar continuidade às políticas públicas do setor. O Estado não foi criado e não está organizado para acompanhar o público do tipo de Economia Solidária. Pouco se dispõe a fazer isso. Conforme relatos, a economia solidária representa 10% do PIB do Brasil. Atualmente, cerca de 270 mil pessoas vivem da Economia Solidária, vendendo o artesanato, a sua agricultura familiar, reciclagem. Estas políticas públicas não podem ser engavetadas. Integrantes do Conselho querem que os recursos que estão parados na poupança da Caixa Econômica Federal, de convênio federal, sejam usados para os diversos projetos que estão estagnados. Isso não demandaria nenhum ônus para o Estado. Foi informado que em São Leopoldo, todo evento que o município realizar, tem que ter espaço visível para a Economia Solidária, tanto de alimentos quanto artesanato. Isso deveria ser seguido por todos os municípios do Estado. Em Porto Alegre, existem mais de 40 núcleos de catadores. Cerca de 600 catadores ainda não estão cadastrados pela Prefeitura. Este programa municipal condiciona associações de catadores para conveniar com a Prefeitura e se organizarem em cooperativas. Estes núcleos de catadores coletam mais que a Prefeitura, quase o dobro, na forma individualizada de produção. 17 de agosto - Audiência Pública em Pelotas O deputado Zé Nunes disse que a economia solidária gera oportunidades, inclusão, e é uma outra forma de organização na produção e na economia. A subcomissão tem por objetivo retornar as discussões com a sociedade gaúcha, com o governo do Estado, os agentes da economia solidária de todo Rio Grande do Sul. Ele defendeu que não haja um retrocesso na condução desta política, que teve avanços importantes no último período. É preciso avançar, ampliar o debate, envolvendo o setor público estadual, sociedade e órgãos vinculados à economia solidária. Foram feitas intervenções pelo público, com diagnóstico da região: Representante do Fórum Gaúcho da Economia Solidária falou em nome dos 270 mil trabalhadores gaúchos, universidades, entidades de apoio, ONGS, gestores públicos de prefeituras. O Fórum faz parte do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, e vem construindo políticas públicas que vem produzindo, comercializando e consumindo de forma mais sustentável, solidária e coletiva. Com a economia solidária, a exclusão social, econômica e educacional estão diminuindo, bem como o uso de produtos químicos e o índice de criminalidade. O setor tem contribuindo para melhorar a sociedade, com produção local, construindo relações econômicas diferentes, em que todos tenham vez e voz, com desenvolvimento humano mais justo e bem viver associativo. No Brasil, são mais de dois milhões de trabalhadores associados. No Rio Grande do Sul a Economia Solidária precisa que o governo estadual saia desta paralisia que foi acometido e volte a dialogar com o setor. O governo precisa que se faça o trabalho de gerir o patrimônio de recursos humanos do Estado. É preciso que o governo do Estado respeite as políticas públicas, execute convênios que existem com a SENAES, senão os recursos irão retornar para Brasília. Os grupos de produção, comercialização e consumo, precisam destes recursos para gerir melhor, e também para melhorar a economia do Estado. Foi solicitado que o governo do Estado cumpra o Orçamento de 2015. Foi sugerido que o governo crie fundos solidários, que vão investir nos grupos e melhorar o meio, que se construa e execute o Plano Estadual de Economia Solidária, que foi discutido em 2014. Integram o Fórum Regional Sul de Economia Solidária, 22 municípios. Porém, a distância entre eles é um problema, pois dificulta a interação e a troca de experiências entre eles. O Fórum é um instrumento muito importante no movimento de economia solidária. É um espaço de articulação e diálogo entre diversos atores e movimentos sociais com base na construção da economia solidária. O último levantamento feito em 2013 pela Unisinos, mostrou que a região tem 240 empreendimentos solidários, inclusive é a região de maior número de empreendimentos. Tem como outros objetivos fomentar fóruns e conselhos municipais de Economia solidária para controle das políticas nos municípios da região. A grande preocupação é com os retrocessos. O processo de certificação, por exemplo, que serve para diferenciar quais são os empreendimentos de solidários que existem, está inativo. Depois de muito tempo de invisibilidade, o setor conseguiu ser visto, como política pública. A economia solidária quer ir em frente, e dá um grito de sim, é possível distribuir riqueza, preservando o meio ambiente. Entende-se quanto é difícil cada conquista, fazer uma prefeitura funcionar, o Estado funcionar e o país avançar, olhando para os trabalhadores. Porém, muito mais difícil é conseguir dar passos importantes, o que vem ocorrendo nesta região, onde pode-se ver comprometimento em inúmeros avanços. O movimento da economia solidária teve um local especial de discussão desta democracia, que foi o Conselho Estadual Economia Solidária. Por meio dele, foram construídas as principais políticas públicas, todas as leis, entre outros avanços, méritos da democracia. Este Conselho não dá custo para o Estado, mas sua inércia entrava o processo de certificação dos empreendimentos, que ficam impedidos de vender, pelo menos 30% dos seus produtos. Existem dois convênios federais que estavam em execução que são os projetos do PET e do “RS Mais Justo e Solidário”. O recurso está na Caixa Econômica Federal, esperando, enquanto a cadeia do PET precisa de dinheiro para continuar funcionando, equipamentos, acompanhamento técnico para a setor. Mas não é só isso, também pé preciso, posteriormente, recursos apontados do Estado. Sim, porque a Secretaria de Economia Solidária foi extinta e foi a primeira a ser cortada. A economia solidária quer ser visível na política pública, pois, mesmo que os empreendimentos sigam em funcionamento, quando se tem política específica, tudo facilita, há mais distribuição de renda, capital de giro para dentro das cooperativas, abre mercados, melhora a vida dos cooperados, há maior distribuição de renda, riqueza distribuída de maneira mais justa, diferente das empresas privadas onde só o patrão enriquece. Outro pleito é a realização da Feira Regional em Bagé, é preciso apenas fazer um mapeamento. Em 2011 foi criada a Central de Cooperativas, ligadas a cadeia PET, que receberam máquinas, construíram galpão e estamos esperando os convênios federais serem implementados. As mulheres sofrem em todos os estados o mesmo problema da falta de acesso ao crédito. Foi defendida a criação de Fundos de economia solidária exclusivamente para as mulheres, que não conseguem créditos nas instituições bancárias. Foi ressaltado que não há reconhecimento, principalmente na Metade Sul do Estado, do trabalho feminino no meio rural. Segundo depoimentos, a mulher não é vista pelas políticas de crédito, os maridos tiram seus créditos e a mulher fica com CPF preso, isso tem que ser discutido no MDA. Foi citada a experiência de Jaguarão, que conquistou um centro público de economia solidária e através dele, pode-se perceber o quanto isso contribui para o desenvolvimento da cidade e região. A valorização da cadeia de frutas nativas, que teve suas atividades paralisadas com a extinção da Secretaria de Economia Solidária. Importante ressaltar que esta cadeia era responsável pelo sustento de nove famílias de economia solidária certificadas. A agricultura é carente e precisa dos empreendimentos solidários. Com o rompimento das conquistas dos últimos quatro anos, se torna determinante que os empreendedores solidários se unam, criem seus próprios conselhos, próprias cadeias. É importante que os empreendedores não fiquem somente esperando atos dos governos, os próprios empreendimentos escolham representantes para defender sua bandeira, participar dos debates e estar ativos na discussão. Também foi sugerido uma campanha de mídia para o setor. Destaque para o fato de que existem três grupos que trabalham com butiá. Conforme os participantes, é preciso chamar a atenção desta cultura que está em extinção. Este grupo trabalha com artesanato e culinária, mas fundamental um Centro de Comercialização de Economia Solidária em Santa Vitória do Palmar. Os empreendimentos precisam estar organizados, preparados para pautar investimentos, pressionar, determinar onde estes recursos irão ser investidos, construir estruturas perenes, permanentes, com orçamentos que não dependam de mudanças de governo. Além disso, é necessário fortalecer o Fórum Regional. O orçamento que o Fórum trabalha é ínfimo, se comparado com os outros recursos alocados nas estruturas do Estado, nos orçamentos. Encaminhamentos: - Reforço no debate com municípios para todos terem uma legislação municipal; - Diálogo com MDA para o desenvolvimento de projetos para mulheres do meio rural; - Contato com Ministério Justiça, para verificação de projetos; - Continuidade certificação empreendimentos com a retomada do Conselho; - Cumprimento da legislação que organiza a Economia Solidária por parte do Estado; - Fortalecimento e luta pelo microcrédito no Estado; - Organização de Fóruns municipais de economia solidária; - Retomar assessorias técnicas por parte da política estadual; - Fomentar conselhos municipais; - Tributação em produtos específicos em empreendimentos de economia solidária. 18 de agosto - Reunião Técnica com Secretarias Na abertura, feita pelo deputado Zé Nunes, ele tratou do objetivo da reunião técnica, que é conhecer a visão do Estado sobre o tema economia solidária. Ele defendeu a realização de um amplo debate dos diversos setores dos governos estadual, federal, empreendedores, fóruns, agentes, militantes, organização civil e sociedade para contribuir efetivamente, reforçar, construir uma política para o setor. Segundo ele, é sabido que houve avanços nos últimos quatro anos, com a criação da Secretaria de Economia Solidária. Neste contexto, a Assembleia Legislativa foi instigada pelos movimentos, na Comissão de Economia a promover uma discussão sobre este assunto, por isso a criação desta Subcomissão. Há um vácuo na política estadual de janeiro até agora. O atual governo enviou à Assembleia, projeto de lei reposicionando a política de economia solidária na Secretaria do Trabalho. Participantes defendem que a estrutura de pessoal e física da Secretaria do Trabalho é melhor para o setor. Temas que precisam ser tratados: funcionamento do Conselho, certificação dos empreendimentos, execução dos convênios que estão vigentes. O governo do estado se posiciona sobre a Economia Solidária: O governo garantiu que não desvaloriza o setor, mas ainda é um período de transição, com uma comissão que está estudando todos os processos. Disse que há um decreto proibindo o pagamento de valores do período anterior, que foram estornados muitos empenhos no fim do ano passado. De acordo com o representante do governo, foi pedido prorrogação de prazo nos convênios com o Ministério, e não se obteve resposta, mas está tramitando no Ministério. As prestações de contas estão com problemas, houve estorno de empenhos e há dificuldade financeira de tramitação. Estas coisas não dependem de dinheiro e serão resolvidas. A economia solidária não pertence a nenhum governo. Quem assume, tem obrigação de tocar este programa. Foi destacado que o Estado está com problemas graves de finanças, mas é um problema nacional: nos municípios, no Estado e no governo federal. O Estado está na UTI, cada um pensava nos seus quatro anos e não pensava no próximo mandato. O Estado não consegue, nem mais, arrecadar para a folha de pagamento e para os próximos meses a chance é de ficar pior. Neste contexto está a economia solidária, com as mesmas dificuldades. O que não depende de recurso será liberado. Isto é ordem do governador. O Executivo de colocou à disposição para receber a visita na secretaria, para esclarecimentos de qualquer assunto. Em relação ao Conselho, tão logo seja aprovada a lei, na semana seguinte o Conselho será chamado. Depende de um Decreto do governador que indique os novos nomes. O público presente se posiciona e faz um diagnóstico sobre o assunto: O Conselho seria chamado em maio, mas isso não ocorreu, porém, ele precisa se reunir para liberar a certificação. A crise não é tão paralisadora, porque a chamada do Conselho não tem ônus. Os convênios com SENAES também têm que prosseguir, já existem estes recursos. Há empreendimentos que recebiam assistência técnica, na parte de produção, comercialização e hoje estão à mercê, sem assistência técnica. Sobre os prazos: Na virada do ano, o orçamento é estornado, alguns empenhos não, mas o governo anterior, na pessoa do secretário da Fazenda, deixou cartas de excepcionalidade, garantia que os valores não foram estornados, e assegurando a execução em 2015. No mesmo sentido, os convênios com SENAIS, venceram e foram renovados em julho de 2015. Falta retorno, falta diálogo com o governo atual. Se houvesse tido esse diálogo, não haveria motivos para estarmos nesta subcomissão da Assembleia Legislativa. Foi ressaltado que o Conselho de Economia Solidária precisa de uma portaria que faça a designação dos conselheiros. O órgão técnico é composto por três seguimentos: empreendimentos, sociedade civil, entidades de apoio e fomento e gestores públicos. Principais questionamentos: Como estão pensando em fazer agora? Por que todos os participantes do conselho foram amplamente debatidos anteriormente pela economia solidária e hoje existem secretarias e órgãos públicos que não existem mais. A economia Solidária será consultada? Haverá diálogo quanto ao assunto? Ou será feito arbitrariamente? A Feira Estadual de Economia, que está na 17ª edição, foi uma luta muito grande da economia solidária, mas este ano o movimento está em dúvida pelo apoio, não obteve resposta por parte do governo, e não se tem mais prazos. É fundamental que coloquem perspectivas de prazos, que o governo se reúna conosco. O planeta está em crise mas sabe-se que o capitalismo não será a solução. A economia solidária é um caminho que liga as pessoas, repartindo o que produzam coletivamente. Observa-se que a economia solidária na França é um consenso, tanto pela extrema direita como pela extrema esquerda, como estratégia para o desenvolvimento econômico. O Conselho está válido, vigente. Falta somente os nomes dos representantes nas secretarias. Isto é fácil, rápido, só depende do secretário nomear os membros do conselho. Sobre a Rede PET: Se o governo do Estado não socorrer este segmento, pode-se ter sérios problemas. O Estado socorreu grandes empresas, porque não pode socorrer os empreendimentos solidários? A sociedade civil chamou duas reuniões do Conselho neste ano, março e abril. Sabe-se que algumas secretarias estão sendo reformuladas mas as demais, podem e devem, nomear os integrantes do Conselho, com exceção das que não foram extintas. Um exemplo desta mudança é que a liberação de micro e pequenas empresas na FEPAM e Meio Ambiente já são feitas imediatamente quando da entrada de pedidos licenças. A liberação de alvarás leva 265 dias em Porto Alegre, em Curitiba abre em 48 minutos. Também é preciso destravar a liberação do Corpo de bombeiros no Estado, onde as leis atuais, como a Lei Kis, está emperrando os empreendimentos no Rio Grande do Sul. Principais temas e questionamentos abordados: - Feira Estadual; - Qual política será desenvolvida pelo Estado? - Qual a agenda mínima? - O Conselho Estadual deve imediatamente ser constituído; - Estado deve criar um processo forte de diálogo; - Focar na política de Economia Solidária 24 de agosto - Audiência Pública em Santana do Livramento Foi ressaltado que a Uergs tem sido muito parceira na construção do setor em Santana do Livramento. Nesta cidade, foi acolhida a primeira casa de Economia Solidária do Estado do Rio Grande do Sul. O governo municipal apoia e deseja, uma economia que foge do deus mercado, economia diferenciada e como tal deve ser observada. O município adquiriu uma área onde será implementada a futura Feira das Agroindústrias, Agricultura Familiar e Economia Solidária e estamos buscando recursos federais para o projeto. De acordo com o deputado Zé Nunes, há um pleito com o atual governo no sentido de que se tenha objetividade para conduzir uma política pública para a economia solidária. Algo diferente do capitalismo, com busca de oportunidades pela cooperação, autogestão, solidariedade, sem a competição selvagem, uma nova maneira de ver a vida e unindo forças no nosso processo, construindo oportunidades para as pessoas, somando solidariedade. É por tudo isso que economia solidária é um dos principais eixos desta mandato, somando a experiência vivida em cooperativismo e com uma gestão exitosa no governo municipal a qual foi administrado por duas gestões. Nos governos, sabe-se que não é tão fácil ter estes entendimentos da importância do setor, para tanto esta audiência pública tem por objetivo, visualizar aqui na região as expectativas e problemas regionais, fazendo uma análise em todo o Estado para melhor poder atuar defendendo o setor. O público presente se posiciona e dá um diagnóstico da região: Desde de janeiro, espera-se que o governo estadual desengavete os projetos de economia solidária. Há um descaso por parte do governo do Estado, a certificação é um problema, bem como a inoperância do governo em relação ao Conselho. As casas de Economia Solidária estão abandonadas. O governo estadual precisa liberar os recursos da SENAES, projetos da cadeia PET, o RS Justo e Solidário, os recursos estão engavetados, mas não se sabe onde. As feiras regionais estão paradas e sabe-se que a SENAES enviou recursos para sua realização. Os municípios da Fronteira Oeste deverão ter leis de economia solidária, para se ter segurança legal nos municípios. A SENAES enviou recursos, que estão parados no governo do estado, para compra de equipamentos para reciclagem, onde a região precisa muito, pois é uma região muito atrasada do Estado. Em Uruguaiana, a coleta seletiva foi implementada, a área de triagem foi feita e estes recursos estão garantidos, as licitações foram feitas, mas o governo não repassa os equipamentos. Sabe-se que os equipamentos estão comprados, guardados em depósitos no Estado, e, enquanto isso, o Conselho não se reúne para liberar as certificações e em consequência os empreendimentos não recebem os equipamentos. A Uergs coloca-se à disposição do setor. Algumas atividades práticas podem ser realizadas, de forma a agregar conhecimentos a estes estudantes. A Uergs é parceira nessa luta. Os catadores não evoluíram porque são tratados como projetos de assistência social. É necessário de um Plano de Negócios coletivo, para que o movimento não seja dependente dos recursos de um governo ou de outro. Cada Câmara de Vereadores pode fazer seu pedido de moção de apoio às casas de economia solidária, e enviar ao governo estadual. Aproximadamente 200 famílias que viviam no lixão conseguiram uma usina de reciclagem, foi uma conquista muito importante. O Polo Binacional do PET, que que tinha adquirido equipamentos, que foram divididos entre as associações, de forma organizada, está travado. Pela SENAES, foi conquistada verba para equipamentos maiores, como caminhões, que também estão parados no Estado. Foi sugerida a criação de uma Frente Parlamentar que defenda a Economia Solidária. Nos municípios, são necessárias leis, fundo especifico, feiras permanentes e casas de crédito. Zé Nunes disse que, com vistas aos temas que foram debatidos, não se pede favor para ninguém. O governo do Estado precisa fazer políticas públicas que beneficiem a Economia Solidária. Principais encaminhamentos: - Ativar a política de economia solidária no Estado; - Ativar o Conselho de Economia Solidária e processo de Certificação, com a relação de projetos parados para saber quantos empreendimentos estão sendo prejudicados; - Fluxo aos diversos projetos que estão parados no governo do Estado; - Reforço às Casas de Economia Solidária que existem; - Ampliar o número de Casas de Economia Solidária no Estado; - Verificar andamento dos convênios com SENAES; - Promoção de Lei de Economia Solidária nos municípios; - Reforço à casa de Economia Solidária de Santana do Livramento; - Liberação dos equipamentos para recicladores, recursos SENAES para que sejam imediatamente repassados às entidades. - Uergs se coloca à disposição à Economia Solidária; - Moção de apoio das Câmaras de Vereadores; - Polo Binacional – exigência de Certificação; - Enfoque Reciclagem de Uruguaiana; - Criação de uma Frente Parlamentar de Economia Solidária na Assembleia Legislativa - Linhas de Crédito específicas para a Economia Solidária; - Apropriação dos Planos Territoriais de Economia Solidária; - Apoio às Feiras Regionais e Estaduais; - Cadastramento dos empreendimentos no CADESOL (Site do SENAES). 31 de agosto - Audiência Pública em Caxias A economia solidária iniciou, na década de 90, em Caxias do Sul, e ajudou a manter o desenvolvimento por causa da crise que tivemos no período. O poder público municipal contratou assessorias para acompanhar 20 empreendimentos de economia solidária. Os trabalhadores devem se apropriar do método de gerir seus negócios. Nisso, o poder público tem papel fundamental, de induzir às compras de produtos advindos da economia solidária. Um exemplo é que os empreendimentos de Caxias do Sul fizeram as placas e bolsas para o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. A economia solidária precisa de incentivos públicos. Os grandes empreendimentos, como Gerdau, Marcopolo, Randon, têm incentivos fiscais por parte do poder público. Foi sugerido que a Festa da Uva compre os serviços solidários, e também se falou da necessidade de um Centro Público de Economia Solidária. O setor precisa de incentivo público, que não é esmola, é política pública de indução de crescimento. Intervenções do público e diagnóstico da região: Os empreendimentos estão escondidos, é preciso buscar seu fortalecimento, pois eles sustentam muitas famílias. Na troca de governos, muitas vezes não é entendido o processo de economia solidária, que é uma saída para a crise Os grandes bancos, o grande capital não tem interesse na economia solidária. O Banco do Povo é que tem interesse neste setor. Em Caxias, há o espaço da MAESA, que foi tombado. A economia solidária solicitou o local, e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, também deveria estar lá. Os distritos participam da Festa da Uva, mas os empreendimentos solidários do ramo da alimentação não são nem convidados para as reuniões. É preciso uma lei que regulamente a economia solidária para poder participar de espaços como a Festa da Uva, que tem um valor muito alto cobrado de seus espaços, impossível para os empreendimentos solidários pagarem. É fundamental que entes públicos vejam a economia solidária de forma diferente. Em Caxias do Sul só o artesanato é valorizado e existem diversos outros empreendimentos no município. Ainda há muita informalidade no setor, 52%, pela razão de não existir condições de organização para instituir pessoa jurídica. Está tramitando na Câmara Federal uma lei que regulamenta a classe. A infraestrutura é o principal empecilho para o setor de alimentação, porque é preciso ter condições de higiene e saúde nos empreendimentos e isto gera um certo custo que não é fácil de manter. Para 2015, no Estado, tinha R$ 5 milhões no orçamento, mas não está sendo executado. É preciso unir os empreendimentos na mesma causa, num movimento forte, para suprir as dificuldades e as diferenças. As Casas de Economia Solidária correm risco de serem fechadas. As feiras estaduais e regionais não estão acontecendo ou correm o risco de não acontecerem, existem leis que não estão sendo cumpridas. Foi feito resgate do período que a Ecosol e a economia solidária estão atuando em Caxias do Sul: Em 2003 iniciou o movimento, com a organização Cooperada de diversos empreendimentos Solidários; em 2014 foi feito o decreto 12.008, que institui o Programa de Economia Solidária em Caxias do Sul; 2005 foi o ano em que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico executou, inicialmente, o Programa de Economia Solidária no município, fomentando a participação em eventos como Festa da Uva, em espaços públicos, como Casa da Cultura, no Centro Administrativo e Praça Dante Oligueri. Em 2008, o setor sofre um retrocesso com as perdas de recursos do governo federal de R$ 750mil, que seriam usados na construção de espaços públicos de Economia Solidária, bem como, oficinas permanentes; em 2009 é criado o Comitê de Artesanato. Nos últimos 12 anos houve avanços e recuos. Neste período, os princípios foram confundidos com assistencialismo e os empreendedores foram acusados de serem ferramentas de partidos políticos. Todos os entes são importantes, fundamentais no avanço dos espaços à economia solidária. É necessário avançar, há uma década as políticas públicas de Caxias do Sul são regidas por decreto, exemplos: Decretos 11476, 12008 e 13991, são atos administrativos derivados do poder executivo para suprir lacunas. O setor é tratado como mero ato individual do chefe do poder executivo e não como políticas públicas estratégicas de desenvolvimento. O governo municipal deve implementar leis em Caxias que regulamentem este tipo de atuação. 29 de setembro - Reunião Técnica com a Petrobras A Petrobras tem 62 anos de fundação, resultado de uma movimentação social com o movimento O Petróleo é Nosso, passou por desafios neste período, se transformou na maior empresa da América Latina e é a maior empresa de Petróleo do mundo em tecnologia de exploração de águas profundas. A Petrobras tem 86 mil trabalhadores concursados, mas indiretamente tem 300 mil pessoas que trabalham para a Petrobras. Hoje existem situações estranhas, que afetam a companhia, mas o que mais afeta é o dólar, porque o dólar é usado em tudo, a empresa faz empréstimos em dólar. Uma segunda variável é o preço do petróleo baixo. No Brasil, o custo é maior pela profundidade de exploração. No Brasil, a Petrobras é uma das maiores colaboradoras de projetos sociais, na sua política de responsabilidade social, como Programa Sócio Ambiental, Programa de Esportes. São 160 projetos com R$ 72 milhões, no Brasil, em investimentos em 10 anos. São 430 projetos de economia solidária e no Rio Grande do Sul, são 9 experiências. Em seis anos foram 34 projetos com R$ 34 milhões investidos. A Petrobras contribui com 10% do PIB do Brasil. Nos próximos cinco anos serão investidos mais de R$ 130 bilhões de dólares em produção e exploração. A companhia está passando por uma reestruturação, e os projetos tem que estar enquadrado nos programas. São sete itens de avaliação e duas direções, uma nacional e outra regional, em que estes contratos tem duração de dois anos, garantindo a sustentabilidade dos projetos. A empresa dá sua contribuição, mas não somos responsáveis por políticas de Estado. Dificilmente se terá a mesma dimensão de investimentos devido a esta nova remodelagem. O representante da empresa informou que, atualmente, não se tem condições de patrocinar a Feira Estadual, e disse que há perspectiva de abrir novo edital somente no ano que vem. O deputado Zé Nunes sugeriu a elaboração de um documento para a Petrobras, e o envio de uma lista dos projetos estaduais, para que a Petrobras olhe com carinho as ações deste setor. 05 de outubro - Audiência Pública em Canoas A economia solidária sai de um período de muitas conquistas, que foram relatadas por meio da apresentação de regulamentações, leis decretos do setor: - Decreto 48638 - Regulamentou o Conselho Estadual de Economia Solidária; - Lei 3874 - Define uma tributação diferenciada para empreendimentos com faturamento até 360 mil anuais; - Lei 13922 - Regulamenta a política Pública para compras governamentais, com 30% compras pelo Estado, compras da Agricultura Familiar, Economia Solidária; O Estado é um grande comprador, para escolas, saúde, unidades prisionais; - Decreto 50459 de 2013 - Regulamentou o Programa de Economia Solidária no Rio Grande do Sul e o Fundo Estadual. Isto é o que se avançou de 2010 a 2014, infelizmente não foi dada continuação pelo atual governo. Impacto destas políticas públicas em Canoas: 56 grupos organizados, dois centros de formação com 300 pessoas, quatro feiras durante o ano para comercializarem os produtos, um espaço de loja junto a estação de trem. É preciso que o setor se mobilize para discussão do Orçamento de 2016. São R$ 5 milhões no Orçamento deixado pelo governo Tarso que o Estado não está usando. Algumas intervenções e diagnósticos da região: Destaque para os dados de que existem dois mil empreendimentos de economia solidária no RGS e que o Estado é referência em todo o Brasil. Foi informado que o Fórum Regional do Vale dos Sinos tem 128 pequenos empreendimentos, e é responsável pela melhoria da economia, pela geração de renda, trazendo desenvolvimento às cidades, estado e país. Na cadeia de frutas nativas os projetos estão estagnados, os recursos não estão sendo aplicados. Destaque para o Fórum Canoense, evento que o poder público anda junto com o movimento, sem perder nenhum dos dois perderem sua autonomia. Esta parceria gerou algumas conquistas, como colocar no calendário de Canoas três feiras, mais a Semana Farroupilha, do Peixe e o transporte para representar o município na Feira de Economia Solidária de Santa Maria. Conquistas a partir de demandas da Economia Solidária: - Espaço físico para comercialização na parte central; duas casas de Economia Solidária com formação e capacitação dos empreendimentos; aprovação de lei de economia solidária em Canoas; instituição de dia 22 de março como Dia da Economia Solidária de Canoas; homenagem pela Câmara pelo aniversário de 10 anos do Fórum Canoense, participação de Canoas na Feira Estadual; representação nos fóruns do Vale dos Sinos e na Executiva do Fórum Gaúcho, contribuindo nas políticas públicas. Auto-organização popular é uma forma de evitar que governos que entram e saem mudem as políticas públicas. Exemplo disso são os empreendedores da cadeia do PET, que desde 2011 reúnem-se continuamente, organizados esperando os recursos conquistados com muita luta, mas agora tudo está engavetado no governo do estado. A economia solidária estava dando um “passo” a mais na cadeia do PET, conquistando projetos e aperfeiçoando processos, inclusive de tecidos a partir do PET, agregando valor e não só recolhendo para os grandes grupos. Novo Hamburgo conta com 30 empreendimentos englobando agricultura familiar, artesanato, recicladores, alimentação urbana, cooperativas de informática. Tem apoio da Prefeitura e da Feevale em vários eventos. Contam com uma loja, inaugurada em 2011, no centro de Novo Hamburgo, e com o apoio de incubadoras da Prefeitura, com oficinas e projetos. Em abril de 2014, foi feita a Conferência Regional de Economia Solidária, parte da Conferência Nacional, onde ficaram priorizados: - Formação, capacitação, apoio para os espaços permanentes de Economia Solidária, comercialização, compras públicas institucionais, formação de gestores, isenção para materiais recicláveis, integração entre políticas; acesso ao financiamento. Está tramitando no Congresso Nacional, Projeto de Lei que reconhece a categoria dos artesãos, é importante a organização em parcerias e políticas públicas. Algumas conquistas em Canoas: - Na área de formação, qualificação e produção com dois centros de formação, Bairro Guajuviras e Mathias Velho, onde os próprios artesãos dão aula, isso é exemplo para o Brasil, e se deu pela organização, parceria com o município, projetos. Também pode-se repassar às novas gerações o “conhecimento” para não se perder este legado. - Funcionamento Conselho Estadual de Economia Solidária; - Execução de Convênios Governo Federal; - Implantação da Política Estadual; - Apoio à Feira Internacional de Santa Maria - Apoio Feiras Regionais e realização de Feira Estadual; - Fortalecimento das Casas de Economia Solidária; - Cadeias e Redes Economia Solidária; - Criação Frente Parlamentar Economia Solidária, permanente; - Fundo Estadual; - Microcrédito; - Processos Certificações; - Apoio Constituição de pontos trabalhos – Transita na Assembleia; - Destinação de recursos (orçamentos); - reafirmar as conferências, estadual e federal; - Continuidade da cadeia PET. 26 de outubro - Audiência Pública Economia Solidária com Paul Singer Transcrição na íntegra da fala do Ministro Paul Singer O Capitalismo tem como ideologia e como prática, não é só ideologia, o liberalismo. O Liberalismo tem uma história, começa com a Revolução Francesa, mas a essência do liberalismo, que é econômica, o liberalismo é uma visão econômica e tem outros aspectos, também, é a ideia da concorrência. O Capitalismo fomenta a concorrência. A concorrência é a condição em que as pessoas se esforçam para ganhar a concorrência. Isto pode ser um concurso de Rainha da beleza, pode ser quem á a melhor escola do mundo. Os jovens são obrigados a concorrer entre si e assim vai. Esta característica de transformar a concorrência entre as pessoas como a única coisa, motivação, que leva as pessoas a fazer o que devem. Trabalhar, estudar, criar, e isto é exatamente o que a Economia Solidária nega. A grande diferença da Economia Solidária e o capitalismo é a relação entre as pessoas. Comercio justo é incompatível com capitalismo, porque a lógica do capitalismo é ganhar a concorrência, ou vendendo mais barato ou fazendo mais propaganda. No comércio justo não há concorrência possível. Ninguém tem interesse de tirar o freguês do outro, para ficar com o comércio dele. Quero dizer pra vocês que hoje, o capitalismo está em crise mundialmente. Não crise econômica, mas crise moral. A juventude hoje no mundo inteiro está repudiando o capitalismo. Estive em Berlim num grande congresso Europeu de Economia Solidária e a presença da juventude é animadora, muito animadora. Posso dizer que não há mais de duas alternativas em uma grande parte do mundo. Ou você embarca na coisa do capitalismo, vai lutar para ser o melhor, para derrotar os outros, que são teus rivais, o que significa a anti-solidariedade, o contrário da solidariedade. Ao me preparar para esta palestra estive lendo um livro de um Francês sobre Economia Solidária. Da Colômbia, da França, curiosamente se estende pela América Latina, Europa, Ásia, África, eu diria que não seria porque ela seja tão eficiente assim. Simplesmente porque ela deixa a gente mais feliz. A Economia Solidária nos deixa mais felizes, gente, esta é a razão. Não precisa competir, nem mostrar que é o melhor seja o ramo que for. No comércio justo não há competição, a competição é o contrário do comércio justo. O mundo está avançando para uma forma de sociedade melhor. Exemplo de um jornal alemão que onde houve uma pesquisa de opinião pública a respeito de tudo isto que estou falando a respeito do capitalismo. Esta pesquisa foi feita na Alemanha, a Áustria e uma grande maioria, uma coisa do tipo 70% das pessoas rejeitaram o capitalismo. Não aguentam mais esta pressão enorme que as pessoas tem desde crianças, na escola até a vida adulta, ou seja, você viver, só se for desportista, “eu quero tirar um campeonato, eu quero a taça, mas nem todo mundo é assim. Nesta pesquisa que foi feita com a rejeição ao capitalismo, tão grande, que foi uma surpresa, ninguém esperava. Fizeram a pergunta do que eles querem no lugar do capitalismo? A ideia é esta: todo mundo e contra mas será que eles são a favor da mesma coisa? E a resposta foi extremamente surpreendente, até para mim mesmo, e suponho que até para os organizadores da pesquisa. A pergunta era esta, foi a seguinte, então. Vocês não gostam do capitalismo? O que vocês querem? A resposta foi: a felicidade. Curiosamente a forma do Butão, Butanês a forma de “Felicidade Interna Bruta”. Está sendo usada na Europa, como símbolo, não posso dizer que é símbolo de Economia Solidária, que nem sei, mas a pesquisa mostrou que a população na Europa, a acredito que no Brasil também, que há governos que promovam a felicidade da população. Não outras coisas mais gloriosas, assim por diante. Mostrar que é melhor, melhor futebolista do que a Argentina. Este tipo de idiotice que nos movimenta, nos dá ânimo, etc. A Economia Solidária nos propõe o inverso. Eu me preparei para isto. É a solidariedade, vocês querem ser felizes, seja solidário, esta é minha opinião. Acho que vocês todos que estão aqui são solidários. Porque é gostoso ser solidário e receber solidariedade, a troca de solidariedade. A palavra Economia Solidária, curiosamente, restringe, como se a solidariedade fosse só economia. Acho que vamos ter que inventar uma outra denominação. A economia é importantíssima, não há a menor dúvida. Nós podemos ser solidários, na economia, na família, nas relações entre os gêneros, nossa atividade política, econômica, artística, sem concorrer, sem querer ser o melhor, o maior, assim por diante. Essa é na verdade o que está acontecendo e eu estou muito otimista. Confesso a vocês que em todas as dificuldades que ocorrem no Brasil, ocorrem em outros países, eu acho que o mundo vai se endireitar, no sentido de encontrar fórmulas de se se viver sem disputas, sem querer eliminar o outro. Eu queria acrescentar que nunca houve tanta democracia no mundo como hoje. Hoje as grandes organizações de nações, a começar pela União Europeia, a ONU e assim por diante, expulsam os países que não são democráticos. A ONU, se houver um golpe, depõem um presidente, uma ditadura, ele será eliminado. Estamos chegando numa situação, no mundo, inédita, são os valores da democracia que exigimos como mínimo, direito a ter opinião própria, direito a ter os direitos respeitados e superar todas as formas de opressão. A Economia Solidária é basicamente isto, é uma forma de ser feliz. Tive uma prova disto quando me convidaram a participar deste movimento que o Butão lançou no mundo. Na ONU em Nova York, onde foi o primeiro lugar que fui. E o Butão é um lugar interessante, realmente interessante. Não posso dizer que todo mundo está feliz porque este governo que promoveu este movimento a Felicidade Interna Bruta, isto é uma piada feita pelo presidente do Butão, mas esta é uma ideia que está sendo adotado por grande parte das populações. A população quer ser feliz, as pessoas querem ser felizes. Diria a vocês, não sou psicólogo, mas acho que só somos felizes quando temos consciência tranquila, quando a gente sabe e consegue tratar bem os outros e por isso, também ser bem tratado. Esta é a Economia Solidária. Eu estava lendo um livro em Francês que fala sobre, fundamentalmente, sobre comércio justo e Economia Solidária. E aí fica muito claro o que estou tentando dizer, a juventude, hoje, sofre com o desemprego, discriminação, enorme dificuldade de competir. Sobretudo nas Universidades, nas escolas, nos esportes. A Economia Solidária não faz competição. Qual é a moça mais linda da Economia Solidária? Não façam isso, são todas muito lindas. Falo sério, a Economia Solidária não carece de mais políticas. Não estou dizendo que não precisa de dinheiro, não é isto, é a autenticidade de Economia Solidária, podemos nos relacionar na Economia Solidária, também, mas em todas as outras áreas que interagimos. É isto que fundamentalmente tenho a dizer para vocês. A Economia Solidária é a alternativa ao capitalismo. É só ver o que está acontecendo nos Estados Unidos, na América Central, Latina, África. A Economia Solidária na África está fortíssima, a partir da Tunísia. Alguém sabe como começou a Revolução na Tunísia? Esta Revolução começou quando um pobre vendedor ambulante, provavelmente de comida, frutas, que vendia nas ruas da capital da Tunísia e a polícia chegou e tirou o carro dele. Ele ficou totalmente sem poder se sustentar e sustentar a família dele, daí ele se incendiou e se matou numa fogueira dele mesmo. Isto deslanchou a Revolução. Quando o povo descobriu o que foi feito disse: “este governo, nunca mais”. Isto pegou, depois, todos os países da África e Ásia. Enfim, o mundo está mudando. Estamos encontrando formas de convivência que nos deixa felizes. A forma de ser feliz e parar de competir o tempo todo, deixando de ficar se medindo, será que está me explorando? Será que estou correspondendo? A gente não precisa ter mais estas preocupações quando a gente pode ter a forma de se ajudar mutuamente, efetiva e sem sacrifício maior. Temos no Brasil, hoje, uma política de Economia Solidária que, de alguma maneira é um fracasso. Quero ser sincero com vocês. No Brasil fazemos política Federal de Economia Solidária através de convênio e nunca tivemos tantos convênios com SENAIS como agora, mais de 200 convênios. Estes convênios, em grande medidas, fracassou. A explicação é que se faz um convênio, por exemplo, para explorar a ES na Agricultura ou outra coisa. Quem pode fazer isto é uma Prefeitura. Geralmente é uma prefeitura ou governo de estado. Eu nunca vi tanta política de ES como hoje, no Brasil inteiro há nos governos municipais e estaduais apoiando a ES. O que estou dizendo é que os convênios são um fracasso. Primeiro, porque temos pouco dinheiro e agora com o ajuste fiscal, muito menos, mas isto não é fundamental. O fundamental é que os parceiros nossos recebem um dinheiro do Governo para fazer alguma coisa e não fazem, Nossos governos municipais e estaduais não estão preparados para apoiar a ES, só vejo uma saída para isto, chama-se Democracia. É preciso reforçar o que já temos aqui, os conselhos de ES, o Fórum de ES. As pessoas que praticam a ES no seu dia-a-dia devem ajudar os seus governos a fazer as políticas. A SENAES não pode fazer nenhuma política sem antes consultar o Fórum. Não é porque alguém obriga, mas é porque o Fórum precisa muito mais que nós. Nós estamos no governo, é uma coisa muito limitada, quem está lá na frente, na agricultura, transporte, enfim, todo lugar que há problemas, coisas a corrigir, superar, são as pessoas da sociedade civil. São eles que nos orientam a fazer a política. Algumas vezes dá certo, outras não dá certo. Agradeço a todos porque vieram em solidariedade a mim, estou comovido com isto. Os Ministros, sei que vocês conhecem e do qual dependemos, o Ministro Rosseto e o Secretário Feijó que é um sindicalista do sindicato do Lula. Com estas pessoas estou tranquilo. Teremos o apoio que precisamos, portanto não se preocupem mais. A ES não vai perecer, muito menos fenecer por falta de apoio político e é isto que nós precisamos. Nós precisamos ter mais reuniões como esta de agora, para comparar nossas experiências pessoais, coletivas com o setor. O que ela está fazendo por nós? Em temos de felicidade. Mais nada. Estou felicíssimo em estar na Economia Solidária. É para isto que serve a ES, em última análise, garantir que as pessoas possam se realizar como seres humanos íntegros, seres humanos completos. É basicamente isto.” Companheiras, companheiros, este encontro eu não vou esquecer, acho que vocês também não. Não é sempre que se consegue, o que me deixa comovido é que vocês, de fato, estamos de acordo. Sentimos da mesma forma a ideia da importância do que estamos construindo no Brasil. Na América Latina, Europa, África, Ásia, em todos os continentes, inclusive no Rio Grande do Sul. É uma experiência humana comovente. Não é só pra mim, não porque estamos conseguindo superar uma enorme quantidade de escravidão no nosso país. Tendo isto no passado e sermos o que somos, neste momento, me deixa animadíssimo. Temos futuro, gente, e isto é fundamental. Obrigado. 20 de outubro - Reunião Técnica com Universidades Solicitar uma audiência com os deputados Marlon Santos, relator do Orçamento da Comissão Finanças e Augusto Lara, presidente Comissão de Finanças, para dialogar sobre a economia solidária e inclusão do investimentos para o setor, no Orçamento de 2016 foi o principal encaminhamento desta reunião. Caso aprovados, será preciso acompanhar os trabalhos da Secretaria do Trabalho na execução destes projetos. O público se posiciona e dá um diagnóstico sobre o tema: A Tecsol desenvolve diversas ações voltadas aos grupos de agricultores, também na cidade trabalha co200 produtores entre cidade e interior. A universidade trabalha com seis professores, 16 estudantes bolsistas de 11 cursos diferentes. A UFRGS tem programas com três assentamentos, realizando atividades de manutenção e produção agroecológica. Utiliza-se da soberania alimentar, da alimentação saudável, sustentabilidade com autogestão e incubação espaço urbano com um grupo de saúde mental. A Unisinos há mais de 30 anos trabalha com os movimentos associativos e cooperativas. Dos 12 grupos, hoje existem apenas três dos cursos. A universidade possibilitou aos catadores a articulação para discussão para que a coleta seletiva fosse implementada. A Unilasalle possui três professores envolvidos diretamente nas ações e sete 7 bolsistas. Tem atuação com reciclagem em seis cooperativas de coleta seletiva em Canoas. A remuneração se dá pelo próprio município. Outro programa é o de Mulheres na Construção Civil que está trabalhando em grupo de forma associativa, junto ao curso de Administração. Também possui curso voltado à área de pós-graduação. Foi destacada a necessidade de verificar os recursos do Programa de Financiamentos de Incubadoras (Proninc), pois corre-se o risco de fechar os programas existentes nas universidades, caso não seja liberado o recurso. Na PUC eram 12 pessoas, e atualmente, conta-se com a incubadora de catadores de Porto Alegre e Feira de Produtos Orgânicos, artesanatos e banners com 100% de material reciclado. O futuro é incerto, já que a Universidade está em reformulação e se não tiver recursos públicos, não será possível manter o trabalho. O Instituto Federal Campus POA conta com cinco professores e três bolsistas para atuar nesta área. Em fevereiro foram encerradas as atividades com o fim do Proninc. Os professores da incubadora são todos voluntários, e não contam nem carga horária. Quem toca a maioria dos trabalhos são os contratados e bolsistas. Os bolsistas recebem um valor ínfimo para atuar. Existe articulação entre as universidades, La Salle, Unisinos, PUC, UFRGS, Feevale, Instituto Federal para que não se perca mais recursos do Proninc. A Unissol atua na cadeia binacional do PET, e visa a gerar um subproduto do PET pelas cooperativas. Este PET processado vai para o Uruguai e volta ao Brasil no Estado de Minas Gerais. Após, este novo processo é devolvido como tecido para produção de roupas e utensílios domésticos. Foi defendida a união das cooperativas para uma nova economia, outra forma de relação entre as pessoas. As universidades são o elo mais fraco, por não possuir recursos altos, mas isso é um reflexo da luta da economia solidária, com baixa capacidade de mobilização e, em consequência da importância que os governos deram ao longo do tempo à economia solidária. Um exemplo prático é que em 2012 no orçamento do Ministério de Ciência e tecnologia foi de R$ 400 milhões para as incubadoras de base tecnologia empresaria, que gerou seis mil empregos. Das incubadoras de cooperativas de economia solidária foram orçados R$ 20 milhões com 14 mil empregos gerados. Outra crítica é em relação ao BNDES, que não opera empréstimos menores que R$ 10 milhões. Os grupos solidários são de pequeno porte, nunca se enquadram nestes empréstimos. Os governos federal e estadual avaliam os programas de economia solidária como programas pobres para pobres, está longe de ser uma política pública. Para os professores, é difícil atrair outros profissionais da educação à economia solidária, porque não contam para o currículo do professor que trabalha na economia solidária. O grande deságio, segundo os participantes, é ter um espaço para buscar o que as universidades têm a oferecer ao setor. Desse trabalho de campo, pesquisa e assessoria passar aos empreendimentos de economia solidária. O que se produz numa cooperativa é distribuído ao coletivo, enquanto pelas empresas vão para uma pessoa, uma família. É preciso ter uma perspectiva do movimento social, com pressão nos governos. Encaminhamentos: - Criar Frente Parlamentar e chamar os reitores de Universidades para debater - FINEPE - Agenda com a instituição para tratar do edital do PRONINC, critérios valores bolsas, em conjunto com as universidades; - Criar documento para entregar a Paul Singer sobre esta reunião de trabalho; - Recomendar ao governo do Estado, a elaboração de edital para agroecologia.