2 Medidas Elétricas - Stoa

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Medidas Elétricas
2.1
Introdução
Hoje em dia é difı́cil imaginar que faz menos de um século que a eletricidade entrou para o cotidiano
das pessoas, tal a profusão de procedimentos e hábitos que dela dependem. Em particular, boa parte
dos instrumentos de medida, de qualquer área de ciência ou tecnologia, utilizam transdutores para
poderem medir as grandezas de interesse a partir de sinais elétricos, mais facilmente quantificáveis.
Estão neste rol os instrumento ópticos, tais como espectrofotômetros de diversos tipos, que se valem
de fotomultiplicadoras ou resistores sensı́veis à luz para quantificá-la, os termopares ou termo-resistores
que dão informações sobre variações de temperatura, diversos medidores de pressão, etc.
Quı́micos, farmacêuticos e biólogos também estão cercados por aparelhagem elétrica, aplicando-a
em várias áreas de experimentação e caracterização. É importante que vocês tenham sido expostos
às técnicas das medidas elétricas mais corriqueiras. Um instrumento versátil, que engloba medidores
de corrente, voltagem (diferença de potencial elétrica, tensão) e resistência em um único aparelho, é o
multı́metro elétrico, que servirá de base para este experimento.
2.2
Experimento
Você tem à disposição uma fonte de tensão e dois multı́metros digitais que serão utilizados nas suas
diversas funções. Você vai usar esses equipamentos no circuito da Figura 2.1. Assim, pode-se ajustar
a voltagem aplicada no elemento resistivo e medir a corrente que passa por ele ao mesmo tempo.
Familiarize-se com o equipamento, verificando em quais funções ele pode ser empregado e como as
diversas escalas do aparelho podem ser escolhidas.
Fonte de
tensão
Amperímetro
A
Elemento
resistivo
V
Voltímetro
Figura 2.1: Desenho esquemático de um circuito elétrico para medir resistências. Para o voltı́metro e o
amperı́metro usaremos um multı́metro.
1
2.3. Sı́ntese
2
Lâmpada
O primeiro objetivo da atividade é testar a validade da lei de Ohm para o filamento de uma lâmpada.
A lei de Ohm relaciona a intensidade da corrente I com a diferença de potencial V (tensão, voltagem)
aplicada ao condutor. Se há uma relação proporcional entre a tensão aplicada e a corrente passando
pelo condutor, podemos definir uma constante R, chamada resistência elétrica: I = V /R. Projete,
desenhe e monte um circuito para testar se a lei de Ohm neste caso.
Faça medidas que lhe permitam verificar como a resistência do filamento varia com a intensidade
da luz. Ou seja, meça a curva V –I. (Qual é a voltagem máxima que pode ser aplicada, segundo o
fabricante?) Faça o gráfico dos seus dados, usando as regras para gráficos (veja o material de apoio da
disciplina). É importante que este gráfico seja feito durante a experiência, para poder avaliar em qual
região ainda “falta dados”.
Sugerimos algumas questões que podem ser levantadas na discussão/conclusão sobre esta parte: O
filamento da lâmpada obedece à lei de Ohm? Podemos levantar uma hipótese, porque não? Como
poderiamos definir ”resistência”quando a corrente não é proporcional à voltagem? Analisando o seu
gráfico, infera a resistência do filamento para correntes baixas. Nesta discussão dos resultados, faça
referência ao seu gráfico (“veja Fig. 1”) para apoiar as suas conclusões.
Condutividade de água com sal
Passe a seguir a observar a condução de eletricidade nos lı́quidos. Utilize a cuba de plástico e eletrodos.
A fonte de tensão contı́nua (DC) deve ser substituı́da por uma fonte de tensão alternada (AC) para
diminuir problemas associados à eletrólise e polarização dos eletrodos. Note que os multı́metros devem
ser utilizados nas funções (AC) e escalas adequadas. Verifique que sem água na cuba, a corrente no
circuito é zero. A condutividade de soluções depende de quantos portadores de carga (ı́ons) a solução
contém. Para concentrações de soluto pequeno, esperamos que a corrente que passa pela solução seja
proporcional à concentração. Nesta parte da experiência, a limpeza é fundamental (por quê?).
Coloque água destilada em quantidade suficiente para quase cobrir os eletrodos, mas levando em
conta que ainda devem caber 10 ou 20 ml de solução. Verifique que a corrente que passa pela água
destilada é inversamente proporcional à distância entre os eletrodos (como?). Determine a resistência
da água, para uma determinada distância fixa entre os eletrodos e a voltagem aplicada. Agora passe a
adicionar pequenas quantidades (iguais) de NaCl. Um ou meio mililitro de solução de água salgada é
uma unidade adequada. Misture bem a solução para homogeneizar o lı́quido. Faça o gráfico de I versus
”concentração de NaCl”(ou uma quantidade proporcional à concentração de NaCl). Pode concluir que
a condutividade é proporcional à quantidade de NaCl dissolvido? A reta média passa pela origem do
gráfico? Se não, porque não? Explique como uma medida deste tipo pode ser usado para avaliar a
qualidade de áqua destilada.
É possı́vel usar os multı́metros diretamente para medir a resistência (condutividade) da lâmpada e
da água?
2.3
Sı́ntese
Mais uma vez, não vamos fazer introdução. Apresente os seus dados referentes às duas partes do
experimento (lâmpada e condutividade de água) com tabelas e gráficos. (Note que desta vez, não
damos uma sugestão de como melhor organizar os seus dados ou como melhor organizar a sua tabela
de apresentação. Vão ter que se organizar da melhor maneira possı́vel). Sugerimos que coloquem a
discussão de cada parte junto com os resultados. Possı́veis assuntos para discussão: porque a lâmpada
não obedece à lei de Ohm, o comportamento da corrente em função da quantidade de ı́ons na água é
linear ou não?, etc. Refira-se aos seus gráficos, na hora de discutir os seus resultados. Com as discussões
bem feitas, a conclusão geral pode ser bem curta ou até inexistente.
2.4. Apêndice
2.4
3
Apêndice
O multı́metro, descrição do aparelho
A peça central do multı́metro, assim como da maioria dos indicadores elétricos, é um detector sensı́vel à
intensidade de corrente. Nos instrumentos digitais, faz-se passar a corrente por resistores de alta precisão
e o sinal de tensão assim gerado é digitalizado por um chip conversor analógico-digital e apresentado
numericamente no mostrador do aparelho. Por sua construção os aparelhos digitais são bem precisos,
fornecendo resolução dentro de fração de por cento.
Os multı́metros apresentam diversas funções e escalas, selecionáveis ou pelo giro de uma chave seletora, ou por diferentes orifı́cios de conexão; podem assim ser transformados em amperı́metros (indicadores de corrente), em voltı́metros (indicadores de diferença de potencial ou tensão elétrica) e ohmı́metros
(medidores de resistência) de diversos fundos de escala. Esta mudança é obtida intercalando-se resistores
apropriados em paralelo (amperı́metro) ou em série (voltı́metro), no circuito do indicador. Nas medidas
de resistência são intercalados, além dos resistores, uma fonte de tensão fixa, em geral apresentada por
pilhas elétricas.
Por um voltı́metro ideal não passa nenhuma corrente; igualmente, a queda de tensão através de um
amperı́metro ideal é zero. Na prática nenhum aparelho é ideal e eles podem ser representados como o
medidor acompanhado por um resistor em série, Ri :
A
V
Ri
Ri
No caso de um amperı́metro, a resistência interna deve ser bem pequena (idealmente zero), assim
que não haverá queda de tensão quando o aparelho é inserido no circuito. Da mesma maneira, a
resistência interna do voltı́metro deve ser muito grande, de modo que a corrente no circuito não passe
pelo voltı́metro, interferindo na medida.Quando a opção é por medidas de corrente alternada (AC –
alternating current), em função intensidade de corrente ou tensão, são intercalados diodos retificadores
permitindo, então, a leitura de valores eficazes, que são uma espécie de média temporal.
Alguns outros transdutores
Fotoindicadores, tais como fotocélulas, fotoresistores e, nos aparelhos mais sensı́veis, fotomultiplicadores,
transformam intensidade de luz em intensidade de corrente elétrica, medida por amperı́metros sensı́veis.
Espectrofotômetros são exemplos do uso deste instrumental em análises de interesse (bio)quı́mico e
farmacêutico.
Um par termoelétrico transforma diferenças de temperatura entre sua junta fria e sua junta quente
em diferenças de tensão elétrica, mensuráveis com voltı́metros sensı́veis. Medidas e controle automático
da temperatura (essencial em algumas reações quı́micas) podem assim ser feitos dentro de décimos de
graus Celsius.
Na análise condutimétrica é obtida a resistência da solução em estudo por comparação com resistências-padrão, num arranjo conhecido por ponte de Wheatstone. Nos bons aparelhos, a situação
de equilı́brio, em que não passa corrente pelos braços da ponte, é indicada pela leitura zero de um
medidor de corrente. A célula condutimétrica utilizada nesta análise é um recipiente especial com eletrodos inertes (em geral platinada). Condutı́metros automatizados freqüentemente são utilizados para
controle industrial, servindo o deslocamento em relação ao zero do medidor da corrente para aumentar
ou diminuir o conteúdo de eletrólitos na solução de interesse conforme o deslocamento seja negativo ou
positivo.
O texto está disponı́vel na rede no endereço http://stoa.usp.br/fap0181. Comentários e sugestões
são bem vindos: participe da discussão em http://stoa.usp.br/fap0181 ou entre em contato via
email: [email protected]
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