ESTUDO BÍBLICO A graça é maior que o pecado Os limites humanos não devem impedir o caminho da santidade Em seguida, pôs-se à mesa na sua casa e muitos cobradores de impostos e pecadores tomaram lugar com ele e seus discípulos; com efeito, eram numerosos os que o seguiam. Os escribas, do partido dos fariseus, vendo-o comer com as pessoas de má vida e publicamos, diziam aos seus discípulos: "Ele come com os publicamos e com gente de má vida?" Ouvindo-os, Jesus replicou: "Os sãos não precisam de médico, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores." (Mc 2:15-17) A. Pecados e limites dos santos e profetas do A.T. • Moisés: o medo da missão – Ex 3 (contextualização) e 4:1-16 o negligência – Ex 4:24-26 o falta de fé (águas de Meribá) – Num 20:1-13 • Elias – desânimo 1 Reis 19:1-4 • Jeremias – desânimo Jer 20:7-17 • Jonas – ler todo o livro: • o medo da missão e desobediência (cap 1) o falta de misericórdia (cap 4) Davi: o adultério e assassinato – 2 Samuel, capítulos 11 e 12 o insolência e soberba do recenseamento - 2 Sam 24; 1 Crôn 21 B. Pecados e limites dos santos e outros personagens louváveis do N.T. Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: De que faláveis pelo caminho? Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior. Sentando-se, chamou os Doze e disselhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos. (Marcos 9:33-35) • Zacarias – a falta de fé Lucas 1:1-25 • Tomé – a falta de fé João 20:24-31 (acreditaste pq viste) • Pedro: o a fé vacilante – Mateus 14:22-31 o o excesso de auto-confiança – Mateus 26:31-35 o a negação – Mateus 26:69-75 o o apego às práticas judaizantes – Atos 10:1-28; Gálatas 2 • Tiago e João – a vaidade Mateus 20:20-27 (outra versão – Mc 10:35-45) • Zaqueu – a corrupção Lucas 19:1-10 • Dimas – o crime Lucas 23:39-43 • A pecadora que lavou os pés de Jesus com lágrimas – Lucas 7:37-50 • O entendimento limitado dos apóstolos e discípulos sobre a natureza de Jesus: o Marcos 14:3-9 – “Vós sempre tendes convosco os pobres” o Marcos 16:9-14 – os 11 não acreditaram nas testemunhas da Ressurreição o Lucas 9:51-56 – “queres que mandemos que desça fogo do céu?” o Lucas 24:13-27 – os discípulos de Emaús C. Quando o homem não se abre à misericórdia divina e se perde em seu pecado • 1 Samuel 13:5-14 – sacrilégio do Rei Saul • 1 Samuel 15 – desobediência do Rei Saul • 1 Samuel 28 – Rei Saul pratica necromancia • 1 Samuel 2:12-17 e 2:22-36 – o Sacerdote Heli é “frouxo” na educação de seus filhos, sendo pouco firme ao censurá-los pela profanação do templo • 1 Reis 11:1-13 – Salomão se deixa perverter pelos costumes de suas numerosas mulheres estrangeiras • Mateus 26:14-16; Lucas 22:47-48; Mateus 27:1-10 – traição e desespero de Judas Iscariotes • O jovem rico que ama seus bens acima do Bem – Mateus 19:16-22 • A multidão materialista que queria fazê-Lo rei e depois o abandona – João 6 • Os fariseus e sumo sacerdotes que decidiram matar Jesus após a ressurreição de Lázaro – João 11 O Filho do Homem vai, como dele está escrito. Mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido! Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: Mestre, serei eu? Sim, disse Jesus. (Mt 26:24) D. Textos complementares Comentário de Sta. Teresa do Menino Jesus (1873-1897) carmelita, doutora da Igreja - Oração 20 Jesus!... Como é grande a vossa humildade, ó divino Rei da Glória (...). Eu sei, ó meu Deus, vós abateis a alma orgulhosa, mas à que se humilha darás uma eternidade de glória; eu quero pois colocar-me na última fila, partilhar das vossas humilhações a fim de «ter parte convosco» (Jo 13,8) no reino dos Céus. Mas, Senhor, vós conheceis a minha fraqueza; cada manhã tomo a resolução de praticar a humildade e à noite reconheço que cometi ainda muitas faltas de orgulho. À vista disto sou tentada a desencorajar mas, eu sei, o desencorajamento é também orgulho. Quero pois, ó meu Deus, assentar a minha esperança somente em vós; porque vós tudo podeis, dignai-vos fazer nascer na minha alma a virtude que desejo. Para obter esta graça da vossa infinita misericórdia repetir-vos-ei muitas vezes: «Ó Jesus, doce e humilde de coração, tornai o meu coração semelhante ao vosso!». Reconhecer Cristo – Os primeiros acentos de uma moralidade nova Trechos das notas da meditação de padre Luigi Giussani diante de oito mil universitários reunidos em Rímini para os Exercícios Espirituais - Sábado, 10 de dezembro de 1994 (...) Mas para aqueles dois, os dois primeiros, João e André (...), como foi possível que fossem convencidos tão imediatamente e que o reconhecessem (...)? Direi que, se este fato aconteceu, reconhecer aquele homem, quem era aquele homem, não quem era no fundo e minuciosamente, mas reconhecer que aquele homem era algo de excepcional, de incomum, irredutível a qualquer análise, reconhecer isto devia ser fácil. (...) Por que é fácil reconhecê-lo? Por causa de uma excepcionalidade (...) incomparável. Que quer dizer excepcional? Que corresponde às expectativas do seu coração, por quanto confusas e nebulosas possam ser. Corresponde de repente - de repente! -, corresponde às exigências da sua alma, do seu coração, às exigências irresistíveis, inegáveis do seu coração, como você jamais poderia imaginar, prever, porque não há ninguém como aquele homem. (...) É a excepcionalidade com a qual se mostra a figura de Cristo que torna fácil o reconhecê-lo. É preciso imaginar-se dentro, eu disse, é preciso identificar-se com estes acontecimentos. Se pretendemos julgá-los, não digo compreendê-los, mas julgá-los substancialmente, se são verdadeiros ou falsos, é a sinceridade da identificação que você vive que torna verdadeiro o que é verdadeiro e não falso, e que não torna o seu coração duvidoso da verdade. É fácil reconhecê-lo como presença divina porque é excepcional: corresponde ao coração, e a pessoa aceita e nunca iria embora, que é o sinal da correspondência com o coração. (...) Mas imaginem aqueles dois que ficam a ouvi-lo durante algumas horas e que depois têm de ir para casa. (...) Foi fácil, foi fácil para eles compreender como era fácil o relacionamento com ele, o segui-lo, o ser coerentes com ele, o ser coerentes com a sua presença. Há uma outra página de São João que diz estas coisas de um modo espetacular: o 21º capítulo. Naquela manhã, o barco estava chegando à margem e não tinham conseguido pegar peixes. A algumas centenas de metros da praia, se deram conta de um homem que estava ali, de pé - ele havia preparado uma pequena fogueira, dava para ver de cem metros -, e que dialogou com eles (...). João foi o primeiro a dizer: "É o Senhor!"; e São Pedro no mesmo instante se joga no lago e em quatro braçadas chega à praia: e é o Senhor. Ao mesmo tempo chegam os outros e ninguém fala. Colocam-se todos em círculo, ninguém fala, todos calados, porque todos sabiam que era o Senhor ressuscitado: já estivera morto, e já se havia deixado ver por eles depois que ressuscitara. Tinha preparado peixe assado para eles. Todos se sentam, comem. No quase total silêncio que pesava sobre a praia, Jesus, deitado, olhou para o seu vizinho, que era Simão Pedro: fixou-o, e Pedro sentiu, imaginemos como sentiu, o peso daquele olhar, porque se lembrava da traição de poucas semanas antes, e de tudo o que tinha feito - fora chamado até de Satanás por Cristo: "Vá para longe de mim, Satanás, escândalo para mim, para o destino da minha vida" (cf. Mc 8, 33) -, lembrava-se de todos os seus defeitos, porque quando se erra gravemente uma vez volta à mente também todo o resto, até aquilo que é menos grave. Pedro se sentiu como que esmagado sob o peso da sua incapacidade, da sua incapacidade de ser homem. E aquele homem ali ao lado abre a boca e lhe diz: "Simão (imaginem como Simão devia tremer), tu me amas?". Mas, se vocês procuram identificar-se com esta situação, tremem agora pensando nela, somente pensando nela, pensando nesta cena tão dramática; dramática, quer dizer, tão descritiva do humano, expositiva do humano, exaltadora do humano, porque o drama é o que exalta os fatores do humano, somente a tragédia os aniquila. O niilismo leva à tragédia, este encontro traz à vida o drama, porque o drama é a relação vivida entre um eu e um tu. Então Pedro, como num respiro, como num respiro respondeu: a sua resposta foi apenas balbuciada como num respiro. Não ousava, mas... "Não sei como, sim, Senhor, eu te amo; não sei como, mas é assim". "Sim, Senhor. Não sei como, não posso te dizer como, mas..." Enfim, era facílimo manter, viver o relacionamento com aquele homem, bastava aderir à simpatia que ele fazia nascer, uma simpatia profunda, semelhante à simpatia vertiginosa e carnal da criança com sua mãe, que é simpatia no sentido intenso do termo. Bastava aderir à simpatia que ele fazia nascer. Porque, depois de tudo o que lhe havia feito, e a traição, ouviu ser-lhe dito: "Simão, tu me amas?". Por três vezes. E ele pensou na terceira vez, talvez, que houvesse uma dúvida na pergunta, e respondeu mais amplamente: "Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que te amo (...)". Aprender com uma excepcionalidade está dentro de uma simpatia: isto é a lógica do conhecimento e a lógica da moralidade que a convivência com aquele indivíduo tornava necessárias, apenas isto. Aprender é uma simpatia última. Como para a criança com a sua mãe, que pode errar mil vezes por dia (...), mas se a tiram de sua mãe, ai! Se pudesse compreender a pergunta: "Você ama esta mulher?", e responder, pensem que "sim" ela gritaria. Comentário de S. Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja (Homilia 25) Maria torna-se testemunha da compaixão de Deus; sim... aquela Maria a quem um fariseu queria quebrar o arroubo de ternura. "Se este homem fosse profeta, exclamava ele, saberia quem é esta mulher que o toca e o que ela é: uma pecadora" (Lc 7,39). Mas as suas lágrimas apagaram-lhe as manchas do corpo e do coração; ela precipitou-se a seguir os passos do seu Salvador, afastando-se dos caminhos do mal. Estava sentada aos pés de Jesus e escutava-o (Lc 10,39). Vivo, apertava-o nos seus braços; morto, procurava-o. E encontrou vivo aquele que procurava morto. Encontrou nele tanta graça que acabou por ser ela a levar a boa nova aos apóstolos, aos mensageiros de Deus! Que devemos ver aqui, meus irmãos, senão a infinita ternura do nosso Criador, que, para dar novo ânimo à nossa consciência, nos dá constantemente exemplos de pecadores arrependidos. Lanço os meus olhos sobre Pedro, olho para o ladrão, examino Zaqueu, considero Maria e só vejo neles apelos à esperança e ao arrependimento. Foi a vossa fé tocada pela dúvida? Pensem em Pedro que chora amargamente a sua cobardia. Estais ardendo em cólera contra o vosso próximo? Pensai no ladrão: em plena agonia, arrepende-se e ganha as recompensas eternas. A avareza seca-vos o coração? Prejudicastes alguém? Vede Zaqueu que devolve quatro vezes mais aquilo que tinha roubado a um homem. Por causa de uma paixão, perdestes a pureza da carne? Olhai para Maria que purifica o amor da carne com o fogo do amor divino. Sim, Deus todo-poderoso oferece-nos constantemente exemplos e sinais da sua compaixão. Enchamo-nos, pois, de horror pelos nossos pecados, mesmo pelos mais antigos. Deus todo-poderoso esquece com facilidade que nós cometemos o mal e está pronto a olhar para o nosso arrependimento como se fosse a própria inocência. Nós que, depois das águas da salvação, nos tínhamos de novo manchado, renasçamos das nossas lágrimas... O nosso Redentor consolará as vossas lágrimas com a sua alegria eterna. A fraqueza da fé de Tomás, fonte de graça para a Igreja Cardeal John Henry Newman (1801-1890), padre, fundador de comunidade religiosa, teólogo. «Faith without Sight» (Fé sem ver) Não se deve crer que S. Tomás era muito diferente dos outros apóstolos. Todos, mais ou menos, tinham perdido a confiança nas promessas de Cristo quando O viram a ser levado para ser crucificado. Quando Ele foi posto no túmulo, a esperança deles foi amortalhada com Ele, e quando lhes trouxeram a notícia que Ele tinha ressuscitado, nenhum acreditou nisso. Quando Ele lhes apareceu, “reprovou-lhes a sua incredulidade e o seu endurecimento” (Mc 16,14) Y Tomás foi o último a ser convencido, porque foi último a ver Cristo. Pelo contrário, é certo que não era um discípulo reservado nem frio: anteriormente, ele experimentara o desejo de partilhar o perigo do seu Mestre e de sofrer com Ele Y : “ vamos nós também, para morrermos com Ele!” (Jo 11,16). Foi por causa de Tomás que os apóstolos arriscaram a vida com o seu Mestre. S. Tomás amava pois o seu Mestre, como um verdadeiro apóstolo, e tinha-se posto ao Seu serviço. Mas quando O viu crucificado, enfraqueceu na sua fé por algum tempo, como os outrosY e mais que os outros. Ele isolou-se, recusando o testemunho não de uma só pessoa, mas dos outros dez, de Maria Madalena e das outras mulheresY Faltava-lhe, parece, uma prova visível do que é invisível, um sinal infalível vindo do céu, como a escada dos anjos de Jacob (Gn 28,12), para acalmar a sua angústia mostrandolhe o fim do caminho no momento de se pôr em marcha. Habitava-o um desejo secreto de certeza e esse desejo revelou-se na altura do anúncio da ressurreição de Cristo. O nosso Salvador consente na sua fraqueza, responde ao seu desejo, mas diz-lhe: “Porque me viste, acreditaste. Felizes os que acreditam sem terem visto”. É assim que todos os discípulos O servem, mesmo na sua fraqueza, para que Ele a transforme em palavras de ensinamento e de conforto para a Sua Igreja.