REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE EXCLUSÃO ESCOLAR: UM ESTUDO DE CASO EM ESCOLA PÚBLICA DE APARECIDA DE GOIÂNIA – GOIÁS Esmael Rodrigues de Souza* RESUMO No intuito de compreender os motivos que levam a evasão escolar, nos deparamos com a exclusão escolar, uma parte da exclusão social que faz com que a trajetória escolar de jovens seja interrompida. Analisar essas exclusões escolares foi o objetivo principal desse artigo e para isso utilizou-se escolas campo municipais na cidade de Aparecida de Goiânia em Goiás e a partir de entrevistas com alunos, ex alunos, professores e administradores escolares, foi possível um estudo de caso mais completo sobre essa temática aqui proposta. PALAVRAS-CHAVE: Exclusão escolar. Evasão escolar. Escolas públicas. ABSTRACT In order to understand the reasons that lead to truancy, faced with school exclusion, a part of the social exclusion that makes the school career of young people is stopped. Analyze these school exclusions was the main objective of this paper and for this we used municipal field schools in the city of Aparecida de Goiânia in Goiás and from interviews with students, former students, teachers and school administrators, a case study was possible more full on this theme proposed here. KEYWORDS: School exclusion. Truancy. Public schools. 1. INTRODUÇÃO A exclusão social é um tema da atualidade usado com predominância nas diferentes esferas do conhecimento, mas pouco preciso e dúbio do ponto de vista ideológico. Ao analisar com mais profundidade o conceito de exclusão, foi possível ver a possibilidade de implantar as análises de desigualdade social, apenas uma característica em detrimento das demais, que abordam a exclusão como sinônimo de pobreza, e as centradas no social, que privilegiam o conceito de discriminação, minimizando o escopo analítico fundamental da exclusão, que é o da injustiça social. É um processo sócio-histórico que se configura pela recusa em todas as esferas da vida social, vivido como necessidade de significados e ações. * Graduando do curso de Geografia da Faculdade Alfredo Nasser. TCC orientado pela prof.(a): Dra. Maria Elisabeth Alves Mesquita Soares. V 3, N. 1, jan - jun. 2017 87 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE Dilema, a visão social, o objetivo é compreender as configurações das diferentes qualidades e dimensões da exclusão, demonstrando-a como objetiva da desigualdade social, ética da injustiça e subjetiva do sofrimento. Portanto, em lugar da exclusão o que se tem é a dicotomia entre exclusão e inclusão, introduzindo a ética e a subjetividade na análise sociológica da desigualdade, ampliando as interpretações legalistas e minimalistas de inclusão como as baseadas em justiça social e restritas a crise do Estado e do sistema de empregabilidade, dessa forma a exclusão passa a ser entendida como falta de compromisso político com o sofrimento do outro. Explicita a relação da subjetividade e legitimação social e revela o processo que liga o excluído ao resto da sociedade no processo da manutenção da ordem social. Em síntese, a exclusão é um processo complexo, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. Não é uma coisa ou um estado, é um processo que envolve o homem por inteiro e as suas relações com os outros, não possui uma única forma devendo ser combatida como algo que perturba a ordem social. Nessa análise, devemos buscar caminhos para atingir a inclusão social plena, ser otimista e acreditar no potencial do sujeito de lutar contra esta condição social e humana. Importante para começarmos a discussão sobre definições de exclusão social é a verificação da abrangência deste para a vida social. Hoje é um tema presente no discurso político nos planos e programas governamentais, a noção de exclusão social tornou-se familiar no cotidiano das mais diferentes sociedades. Não é apenas um fenômeno que atinge os países pobres. Ao contrário, o destino excludente de parcelas majoritárias da população mundial, seja pelas restrições impostas pelas transformações do mundo do trabalho, seja por situações decorrentes de modelos e estruturas econômicas que geram desigualdades absurdas na qualidade de vida. Dentre suas causas destacava o rápido e desordenado processo de urbanização, a falta de adaptação e uniformização do sistema escolar, o enraizamento causado pela mobilidade profissional, as desigualdades de renda e de acesso aos serviços. Acrescenta-se, ainda que não se tratam de um V 3, N. 1, jan - jun. 2017 88 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE fenômeno marginal, mas de um processo em curso que atinge cada vez mais todas as camadas sociais. A concepção de exclusão continua ainda fluida como categoria analítica, difusa, apesar dos estudos existentes, e provocador de intensos debates. Muitas situações são descritas como de exclusão, que representam as mais variadas formas e sentidos advindos da relação inclusão/exclusão. Sob esse rótulo estão contidos inúmeros processos e categorias, uma série de manifestações que aparecem como fraturas e rupturas do vínculo social (pessoas idosas, deficientes, desadaptados sociais; minoria étnica e de cor; desempregados de longa duração, jovens impossibilitados de aceder ao mercado de trabalho, etc.). A noção de exclusão está tendo destino da maior parte dos termos consagrados atualmente pela mediocridade das modas intelectuais e universitárias. Alguns consideram que está saturada de sentido, de “non-sens” e de contrassenso; A leitura da imprensa é particularmente instrutiva desse ponto de vista, pois, ela é mais do que o espelho de nossa sociedade. (BOURDIEU, 2000, p. 34). Assim mesmo os estudiosos da questão concluem que do ponto de vista do conhecimento, o fenômeno da exclusão é tão vasto que é quase impossível delimitá-lo. Na verdade, existem valores e representações do mundo que acabam por excluir pessoas. Os excluídos não são simplesmente rejeitados, física, geográfica ou materialmente, não apenas do mercado e de suas trocas, mas de todas as riquezas, seus valores não são reconhecido, ou seja, há também uma exclusão cultural. Do ponto de vista da situação global internacional, observa-se o esgotamento de duas figuras: a problemática da evolução do século XX; se o socialismo morreu, como querem muitos e o estado tem prolongado a crise. É necessário que se renovem as análises, pois, com o desenvolvimento da globalização, novas relações entre economia, política, sociedade estão sendo estabelecidas. Vivemos ao mesmo tempo o esgotamento de um modelo e o fim de uma forma de inteligibilidade do mundo, a chamada “invenção social”, que constitui a grande virada do século XIX. Estes porém, se encontram abalados pela internacionalização da economia e pela crise do Estado, representada pela crise da solidariedade e do vínculo social ampliada V 3, N. 1, jan - jun. 2017 89 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE pela transformação das relações entre economia e sociedade (a crise do trabalho) e dos modos de constituição das identidades individuais e coletivas (a crise do sujeito). Observa-se, porém, uma espécie de impotência do Estado no controle da exclusão social. Os problemas sociais se acumulam, no seio das sociedades, categorias sociais com renda elevada ou relativamente elevada ao lado de categorias sociais excluídas do mercado e por vezes da sociedade. O caso brasileiro é exemplar dessa dramática situação, onde o conceito de apartação social torna-se cada vez mais concreto e visível. Ao se tratar concretamente do tema da exclusão é necessário precisar o espaço de referência que provoca a rejeição. Se considerarmos como espaço de análise da exclusão os países ditos de primeiro mundo, necessariamente se tem que tomar esse acirramento da crise do Estado, nos anos 80, as transformações em curso no mundo do trabalho - que estão na origem da crise da sociedade salarial, com a emergência do desemprego e da precarização das relações de trabalho – como problemas centrais dessas sociedades. Surge então, um novo conceito de precariedade e de pobreza, o de nova pobreza, para designar os desempregados de longa duração que vão sendo expulsos do mercado produtivo e os jovens que não conseguem nele entrar, impedidos do acesso ao “primeiro emprego”. Ou seja, são camadas da população consideradas aptas ao trabalho e adaptadas à sociedade moderna, porém, vítimas da conjuntura econômica e da crise de emprego. Assim, os excluídos são o que sobram, nem temporários, mas contingentes populacionais crescentes que não encontram lugar no mercado. No campo internacional, a passagem do predomínio do termo pobreza para exclusão significou, em grande parte, o fim da ilusão de que as desigualdades sociais eram temporárias. A exclusão emerge, assim, no campo internacional, como um sinal de que as tendências do desenvolvimento econômico se converteram. Agora é significativamente, no momento em que o neoliberalismo se torna vitorioso por toda parte, as desigualdades aumentam e parecem permanecer (NASCIMENTO, 1995, p. 24). Embora possamos aplicar esta mesma análise para países como o Brasil, que está inserido, ainda que com características específicas, na V 3, N. 1, jan - jun. 2017 90 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE globalização, é necessário ressaltar que existem em nossos pais diferentes causas de pobreza e de exclusão social. A matriz escravista brasileira, além de perturbar o nosso passado, está presente no cotidiano de nossa sociedade, em manifestações das mais variadas. As noções de pobre e pobreza, figuram no histórico da sociedade brasileira e são explicativas das formas como o cenário público brasileiro tratou a questão social. É preciso ressaltar, no entanto, que pobreza e exclusão não podem ser consideradas simplesmente como sinônimos de uma mesma situação, porém está articulado, o que demonstrarei na análise a seguir. A desigualdade social, econômica e política na sociedade brasileira chegaram a tal grau que se tona incompatível com a democratização da sociedade. Por decorrência, tem se falado na existência da apartação social. No Brasil, a discriminação é econômica, cultura e política, além de étnica. Este processo deve ser entendido como exclusão, isto é uma impossibilidade de poder partilhar o que leva à vivência da privação, da recusa, do abandono e da expulsão, inclusive, com violência, de um conjunto significativo da população, por isso, uma exclusão social e não pessoal. Não se trata de um processo individual, embora atinja pessoas, mas de uma lógica que está presente nas várias formas de relações econômicas, sociais, culturais e políticas da sociedade brasileira. Esta situação de privação coletiva é que se está entendendo por exclusão social. Ela inclui a pobreza, discriminação, subalternidade, não equidade, não acessibilidade, não representação pública. (SPOSSATTI, 1996, p. 48). Ao se buscar conhecer os estados de despossuir, são elaboradas análises setoriais, descontinuas e, consequentemente são construídas políticas que não consideram a relação entre a lógica econômica e a coesão social, anteriores às relações de ruptura representadas pela exclusão. Um pouco mais de rigor se impõe, portanto, ao uso da noção de exclusão, uma vez que parte das situações classificadas como tal, resulta das vulnerabilidades decorrentes das transformações que se operam no mundo do trabalho, degradando as relações de trabalho e os sistemas de proteções correlatos, ou seja, da situação de crise da sociedade salarial. Pode-se, assim, falar com mais propriedade de noções como vulnerabilidades, precarização, marginalização, procedendo-se a uma distinção cuidadosa dos processos de exclusão daqueles outros componentes constituintes da questão social contemporânea, na sua globalidade. V 3, N. 1, jan - jun. 2017 91 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE Embora não se constituindo em sinônimos de uma mesma situação de ruptura, de carência, de precariedade, pode-se afirmar que toda situação de pobreza leva a formas de ruptura do vínculo social e representa, na maioria das vezes, um acúmulo de déficit e precariedades. No entanto, a pobreza não significa necessariamente exclusão, ainda que a ela conduzir. O conceito de exclusão social enquadra algumas das dimensões retratadas na evolução do conceito de pobreza. A pobreza contemporânea tem sido percebida como um fenômeno multidimensional atingindo tanto os clássicos pobres (indígenas, subnutridos, analfabetos) quanto a outros segmentos da população pela precária inserção no mercado de trabalho. Não é resultado apenas da ausência de renda; incluem-se aí outros fatores como o precário acesso aos serviços públicos e, especialmente, a ausência de poder. Nesta direção, o novo conceito de pobreza se associa a privação de poder de ação e representação e, nesse sentido, exclusão social tem que ser pensada também a partir da questão da democracia. Nesta perspectiva de que o vínculo dominante de inserção na sociedade moderna continua a ser a integração pelo trabalho, a transformação produtiva adquire preponderância nas trajetórias de exclusão social. No entanto, a exclusão social como já tem afirmado, é um fenômeno multidimensional que superpõe uma multiplicidade de trajetórias de desvinculação. Estas trajetórias de desvinculação podem percorrer diversos âmbitos. Castel (1997) reflete a partir dos eixos integração e não integração do mundo do trabalho e do mundo das relações sociais. A precariedade e instabilidade dos vínculos do mundo de trabalho formal produzem contingentes populacionais desnecessários. No mundo das relações sociais a fragilização dos vínculos (família, vizinhança, comunidade, instituições), pode produzir rupturas que conduzem ao ponto de que alguns deles que antes eram pensados como de desigualdade, hoje se misturam com a exclusão. A naturalização do fenômeno da exclusão e o papel do estigma servem para explicitar, especificamente no caso da sociedade brasileira, a natureza da incidência dos mecanismos que promovem o ciclo de reprodução da exclusão, representados pela aceitação tanto ao nível social, como do próprio excluído, V 3, N. 1, jan - jun. 2017 92 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE expressa em afirmações como “isso é assim e não há nada para fazer”. Por outro lado, revela também uma fragilização do vínculo social. Tanto a atmosfera social de conformismo, como a compreensão da condição da exclusão social como fatalidade é reveladora de processos nos quais os vínculos sociais estão no mínimo fragilizados. Este caráter natural do fenômeno vem contribuir com o denominado ciclo de exclusão, no sentido de reforçá-lo e reproduzi-lo. O estigma que é definido como cicatriz, como aquilo que marca, denota claramente o processo de qualificação e desqualificação do individuo na lógica da exclusão. Nesta direção Telles (1990, p. 118) afirma que “a estigmatizarão da pobreza funciona através da lógica que faz os direitos serem transformados em ajuda, em favores”. A transmutação do direito social em favor reforça o processo de exclusão: “A cultura da tutela e do apadrinhamento, tão enraizada no cenário brasileiro, nada mais é que a ratificação da exclusão e da subalternização dos chamados beneficiários das políticas públicas”. (CARVALHO, 1995, p. 23). Parece assim, não haver dúvida de que a exclusão pode ser tomada em nossas sociedades contemporâneas como uma nova manifestação da questão social. A exclusão contemporânea é diferente das formas existentes anteriormente de discriminação ou mesmo de segregação, uma vez que tende a criar, indivíduos inteiramente desnecessários ao universo produtivo, para os quais parece não haver mais possibilidades de inserção. No caso do Brasil, consideradas as particularidades socioeconômicas, ideo-políticas e culturais, poder-ser-ia dizer que estão sendo forjados, entre nós, personagens que são incômodos politicamente a eles atribuídos os males de nossa política, os descamisados de Collor, por exemplo.; ameaçadores socialmente (são perigosos, pois não são simplesmente pobres, mas bandidos potenciais - a representação do pobre está se modificando entre nós: a sua identidade está cada vez mais relacionada à do bandido marginal). Aparece, assim, a marginalidade como consequência de um modelo de desenvolvimento (e subdesenvolvimento) e que tem como característica básica a exclusão de vastos setores da população de seu aparato produtivo principal. (PERLAN, 1997). V 3, N. 1, jan - jun. 2017 93 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE Assim, pobreza e exclusão no Brasil são faces de uma mesma moeda. As altas taxas de concentração de renda e de desigualdade – persistentes em nosso país – convivem com os efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural. Se, de um lado, cresce cada vez mais a distância entre “os excluídos” e os “incluídos”, de outro, essa distância nunca foi tão pequena, uma vez que os incluídos estão ameaçados de perder direitos adquiridos. Acrescenta-se a isso tudo, a tendência política neoliberal de diminuição da ação social do Estado. Cada homem vale pelo lugar onde está. O seu valor como produtor, consumidor, cidadão depende de sua localização no território. (SANTOS, 1997, p. 81). O objetivo de trabalho de combate à exclusão tem, ainda, que prover níveis de proteção que garantam o exercício da cidadania, possibilitando a autonomia da vida dos cidadãos. Neste sentido, romper a relação entre a subordinação, à discriminação e a subalternidade, em nosso país, é um dos muitos desafios colocados, onde a tônica dominante é a exclusão de grande parcela da população dos benefícios urbanos. (JACOBI, 1982, p. 53). 2. OS LUGARES DA EXCLUSÃO ESCOLAR Lugar é um espaço natural de ocupação, da espécie humana. Todos necessitam tê-lo. Abrir mão, não é o que se deseja, pois seria renunciar a si próprio. No mundo atual, está é uma questão fomentada pelos processos de existência da vida humana. Definições que sempre estiveram no prisma do debate geográfico, filosófico e social na atualidade, encontram-se na égide de nossa problemática geo-humana. Partindo de uma abordagem epistemológica pela análise dos topos geográficos e em diálogo com outras formas de matrizes do pensamento e da pesquisa nesse campo de investigação cientifica que busca determinar as vias de acessos a horizontes alternativos e ampliados para compreensão do ser humano, focalizando sua perspectiva o seu contexto geográfico e social. Existe uma dimensão fundamentalmente política no “descarte” de parcela significativa da população brasileira, seria esta uma escolha, uma V 3, N. 1, jan - jun. 2017 94 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE opção de classe, opção que não é nem nova, nem recente na história deste país, chegamos a uma nova discussão, aquela que relaciona desigualdade e direitos. A recusa de incorporação de parcela significativa dos grupos populares passa, fundamentalmente, pela recusa de reconhecimento desses grupos como parte integrante da sociedade do país, está recusa é encarada como a recusa de sua cidadania. Telles (1999) aborda a questão tratando-a pelo prisma de nossa peculiar capacidade de aprofundar as desigualdades em relação ao acesso e ao uso dos direitos sociais no processo mesmo de implementação e realização desses direitos. Para esta autora, é impossível compreendermos a profundidade do problema da desigualdade de direitos no Brasil, sem compreendermos que tal desigualdade está garantida na forma e na lógica da configuração dos direitos sociais, que estão referidos a uma sociedade que não sofreu a revolução igualitária de que falava Tocqueville, em que as leis, ao contrário dos modelos clássicos, não foram feitas para dissolver, mas para cimentar os privilégios dos “donos do poder”. Um dos elementos de nossa “modernidade” se esconde no fato de tratarmos a pobreza como marca de inferioridade. Nesse processo de “naturalização”, a pobreza aparece despojada de sua dimensão ética, e o debate sobre ela mantém-se dissociado da questão da igualdade e da justiça. Nessa perspectiva, entende-se como “legítima” a configuração da pobreza como pobreza de assistência ou de ajuda, mas nunca como pobreza de direitos. É exatamente esse “escanteamento” da perspectiva igualitária que lança os fundamentos para o movimento de reposição das desigualdades sociais na formulação e na realização de nossos direitos. Para entendermos, recorremos à noção igualitária de cidadania regulada, de Santos (1979), que recupera, na Revolução de 1930, as origens desse modelo de cidadania que, separado de um código universal de valores políticos, é vinculado à figura das corporações e, circunscreve a essa condição, a condição para existência cívica. V 3, N. 1, jan - jun. 2017 95 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE “Fora dessa condição vigora o estado de natureza no qual são submergidos todos os que têm uma existência percebida como impermeável à regulamentação estatal” (TELLES, 1990, p. 90). Assim aponta-se o tipo de vínculo entre sociedade e Estado que os direitos sociais definem: uma relação vertical com o Estado, que é retribuída na medida da contribuição de cada um. É um marco de desigualdades que permite a distinção entre cidadãos e não cidadãos, mas ao mesmo tempo permite a distinção de “categorias” de cidadania, produzindo assim, no mundo público, uma matriz privada, na qual as garantias de cada um dependem das possibilidades individuais de conquista de um lugar no mercado de trabalho. Aqui, quanto mais “baixo” o lugar, menores as garantias. Isso não pode ser definido como direito social, mas sim como um contrato de serviços com o Estado. E mais: se a definição corporativa da cidadania é coisa do passado, a verdade é que essas marcas de origem revelam seus efeitos na cultura política do país e na configuração institucional dos direitos sociais. E esta se revela na percepção que se tem dos direitos como doação de um Estado protetor. Percepção que se revelaria inexplicável sem essa singular experiência de cidadania dissociada da liberdade política que se construiu no país. Com a recusa de lugar, os grupos populares colocam em discussão, a entrada, a inclusão das classes populares, entre o final da década de 1970 e início da década de 1980 no Brasil. Na análise de Sader (1995), fica claro o que parecia oculto: a recusa, por parte dos pobres, do lugar de objetos de tutela e assistência do Estado, em sua luta não só por direitos, mas também pela redefinição da própria ideia de justiça. Ao fazê-lo, questionaram aquilo que se constitui em tabu nas relações entre classes no Brasil: o conflito. Sendo a noção de direitos construída no Brasil, como já vimos, não a partir do pressuposto de uma relação entre iguais, mas entre desiguais, o conflito entre classes acaba assumindo, para nós os contornos de uma relação impossível, autoridade, obediência, fidelidade são as relações possíveis entre os desiguais, não conflito. V 3, N. 1, jan - jun. 2017 96 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE Essa relação democrática, a que estabelece a possibilidade do conflito político entre as classes, foi algo que veio à tona na inclusão das classes populares como sujeitos de direitos. Nela se conquistou reconhecimento e legitimidade, evidencia-se a cidadania apontada para a universalização. Nela os direitos sociais, encontraram condições de enraizamento. Para serem nomeados como tais, esses direitos devem definir “os termos da reciprocidade entre as classes e entre essas e o Estado, a partir das regras de julgamento que problematizam circunstâncias da vida e do trabalho, tipificando a ordem de suas causalidades e responsabilidades”. (TELLES, 1999, p. 94). Como se sabe, a inclusão mudou muito da década de 1980, até hoje. E se os sujeitos dos processos de democratização das práticas sociais e políticas, não ocupam mais a mesma posição de interrogação legítima da medida do justo e do injusto nessa sociedade, condenados que foram à ilegitimidade ou, em muitos casos, à ilegalidade, eles não desapareceram por completo, apenas, talvez passassem a desempenhar novos papéis. O objetivo de trabalho de combate à exclusão tem, ainda, que prover níveis de proteção que garantam o exercício da cidadania, possibilitando a autonomia da vida dos cidadãos. Neste sentido, romper a relação entre a subordinação, à discriminação e a subalternidade, em nosso país, é um dos muitos desafios colocados, onde a tônica dominante é a exclusão de grande parcela da população dos benefícios urbanos. (JACOBI, 1982). O objetivo neste momento é realizar uma espécie de análise para aferição de instrumentos analíticos, colocando em tensão a noção de exclusão. Porque, entendermos, para aqueles que buscam compreender as formas particulares do processo contingentes de crianças e jovens das classes populares para as margens da sociedade, com a mediação da escola, que acabam intermediando qualquer possibilidade digna de integração nos âmbitos econômicos, social ou político do país. O enfrentamento da discussão da noção de exclusão, como ela se apresenta hoje, é de fundamental importância. É nestes tempos de crises múltiplas que vemos se repetir de maneira reiterada o termo “exclusão”, nas mais diversas situações, a expressão aparece, em alguns momentos V 3, N. 1, jan - jun. 2017 97 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE descrevendo processos de degradação: de relações sociais de maneira ampla, de relações referentes ao mundo do trabalho, de direitos sociais. Outras vezes, o termo descreve os problemas decorrentes de insuficiente oferta de serviços pelo Estado, como educação, saúde, transporte, saneamento básico e outros, reafirmando a desigualdade implícita na distribuição dos serviços públicos. Outras vezes, ainda a “exclusão” está intimamente ligada à retração de números de postos de trabalho, produzido pelo mercado de acúmulo de capital. De qualquer forma, nos exemplos aqui citados, a exclusão é um termo amplo o suficiente para descrever variados processos que abrangem, desde a degradação das relações sociais, às desigualdades múltiplas postas em ação pela forma de acumulação capitalista em nosso país. Em outras situações, a referência é posta não nas situações ou processos, mas nos próprios personagens sociais, sendo assim descritos como os “excluídos”. Quem são os excluídos? “Excluídos” são os que fracassam na escola, os que não são atendidos nos postos de saúde e hospitais, os analfabetos, os desempregados, os jovens que, ao saírem da escola, não conseguem inserção no mercado de trabalho, os grupos socialmente discriminados, homossexuais, negros, mulheres, favelados, assim como todos aqueles que vivem em situações-limite: os sem teto, os semterra, os flagelados da seca, os imigrantes recém-chegados às cidades, partindo desse contexto, a lista é interminável. Ocorre que, é um termo aplicado a tal variedade de situações e usos, descrevendo tantos processos quanto sujeitos, tanto estados quanto situações, tanto contingências quanto estruturas históricas, um termo utilizado como categoria sociológica ou como denúncia de situações vividas, como manchetes de jornal ou como justificativa para a configuração de políticas públicas, um termo que abrange tão variados tipos de situações e possibilidades, arriscando a não definir coisa alguma, pela sua infinidade. “Falar em termos de exclusão é rotular com uma qualificação puramente negativa que designa a falta sem dizer no que ela consiste nem de onde provém” (CASTEL, 1997, p. 19). O que desejamos definir, é que o termo V 3, N. 1, jan - jun. 2017 98 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE exclusão, vem sendo usado hoje, tanto como termo-denúncia, posto a sua eficácia, quanto como categoria sociológica, na medida em que vem entrando no campo daquilo que Bourdieu nomeia como um “objeto pré-construído”. O pré-construído está em toda a parte. O sociólogo está literalmente cercado por ele, como o está qualquer pessoa. O sociólogo tem um objeto a conhecer, o mundo social, de que ele próprio é produto e, deste modo, há todas as probabilidades de os problemas que põe a si mesmo acerca desse mundo, os conceitos [...] sejam produto deste mesmo objeto. Ora, isto contribui para lhes conferir uma evidência - a que resulta coincidência entre as estruturas objetivas e as estruturas subjetivas – que as põe a coberto de serem postas em causa. (BOURDIEU, 2000, p. 34). A confusão entre a exclusão como questão social emergente e a exclusão como questão sociológica a ser construída, fazendo com tenhamos uma percepção, que na verdade está em produção no campo do debate acadêmico. É importante ressaltar que a necessidade de questionarmos a exclusão como categoria analítica não significa de forma alguma, negarmos a existência de múltiplos processos de eliminação, degradação ou marginalização, ou das múltiplas formas de inclusão subordinadas e precárias, que emergem em todo o Brasil, fazendo emergir também problemas sociais de nova qualidade e ainda tornando mais intensamente dramáticas as desigualdades existentes. Muito menos pretendemos negar as incontáveis denúncias de situações de vida e mesmo de condições permanentes de existência nos limites da humanidade. Não se trata de recusar teoricamente as tendências de descarte de considerável proporção da população do planeta, e muito menos questionar ao drama das condições de existência pela nova configuração da teoria da acumulação capitalista no mundo. Trata-se, isso sim, de uma primeira aproximação crítica com o tema da exclusão, com o intuito de, ainda que de maneira preliminar, levantar alguns problemas, cuidados e impasses, buscando elencar alguns elementos que possibilitem a problemática da exclusão como categoria explicativa das relações econômicas, políticas e sociais no mundo atual. V 3, N. 1, jan - jun. 2017 99 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE Num primeiro momento, procuraremos problematizar o próprio uso do termo, levando alguns elementos de seu uso que permitem sua apropriação pelo discurso social. Em um segundo momento, identificaremos as possibilidades enquanto categoria analítica das relações sociais da atualidade. 3. O ESTUDO DE CASO EM APARECIDA DE GOIÂNIA - GO A principal unidade escolar pesquisada foi o Colégio Estadual Pedro Neca, localizado na região oeste de Aparecida de Goiânia, no Bairro Independência Mansões, está em funcionamento desde janeiro de 1997. Foram entrevistados, diretor da escola, professores e alunos, afim de compreender como a exclusão social, se transforma em exclusão escolar, e os alunos que sofrem isso, reproduzem em evasão escolar. Com um Turno Diurno de 806 alunos e Noturno de 197 alunos, desde o 6º ano (Ensino Fundamental) até a 3ª série (Ensino Médio), os alunos do noturno possuem a maior faixa etária, o maior número de repetição e a maior quantidade de faltas. A principal questão para a direção escolar e professores foi entorno das faltas, que é um indicio de que o aluno vai evadir, e obtivemos a seguinte resposta: Existe um controle de faltas, onde o aluno que tiver cinco faltas consecutivas, a escola liga para os pais, para descobrir o motivo da ausência, deste aluno na escola e se mesmo assim não resolver, a escola faz uma visita à residência do aluno. Com isso, constata-se que a desistência do aluno é motivada por seu envolvimento com drogas, trabalho ou desestrutura familiar (brigas conjugais, separação dos pais etc.). Também ocorre, a mudança de endereço da família e não se preocupa, em entrar em contato com a escola, ou também em alguns casos, a família muda-se às pressas por motivo de ameaças de traficantes, por envolvimento dos filhos com drogas. (Direção Escolar) Os discursos apresentados a seguir, são de alunos, esses que sofrem exclusão escolar: “Já estudei em duas escolas, só gosto das aulas de ciências, e meus pais mudam muito por isso estou atrasada, tenho 14 anos e faço o 8º ano” (Entrevistado 01). V 3, N. 1, jan - jun. 2017 100 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE “Já estudei em três escolas, gosto das aulas de português e matemática, venho por causa das amizades, estou atrasada por que engravidei e ficou muito difícil continuar a frequentar as aulas, tenho 16 anos e faço o 9º ano” (Entrevistado 02). “Não estudo, mas já passei por três escolas, gostava das aulas de geografia e história, como só mora eu e minha mãe, então tive que parar pra trabalhar e ajudar em casa, tenho 19 anos e estava na 1ª série” (Entrevistado 03) “Já passei por duas escolas, ia mesmo pelo lanche e pelos amigos, não tenho explicação do motivo de ter saído da escola, só não tinha vontade de ir, tenho 17 anos e faço o 9º ano” (Entrevistado 04). “Essa é a terceira escola que estudo, não gosto das aulas, só as de matemática, meus pais separaram e minha mãe teve que mudar muito, então estou atrasada, tenho 14 anos e faço o 8º ano” (Entrevistado 05). “Não mudei muito de escola, gosto das aulas e venho por que quero uma vida melhor, tenho 17 anos e estou na 3ª série” (Entrevistado 06). A partir dessas vozes foi possível compreender que os alunos são excluídos socialmente, e as exclusões que cada um sofre, é refletida em sua vida estudantil, é nítido que a escola os exclui também, não possui aulas atrativas, projetos ou ações que trazem a vontade de ir para a escola, o lanche e as amizades falam mais alto. Ao questionar os professores sobre esses discursos ouvimos o seguinte: Na disciplina de Geografia, fazemos uso da música, vídeo e livros didáticos. Utilizamos ainda, trabalho e recursos audiovisuais, aulas de campo e metodologias diversas. O trabalho com leitura, é diário, insistente e, com diferentes dinâmicas, porque a partir do momento que o aluno é um bom leitor, também se tornará, um bom escritor e conseguirá melhor desempenho nas tarefas de interpretação de textos. Percebemos um interesse maior do aluno, eles gostam do novo, dedicam-se quando se trata de recursos audiovisuais, sala de informática para pesquisas, trabalhos em grupos, conseguimos um resultado satisfatório quando inserimos o novo as aulas. Esse trabalho é feito com vídeos, pesquisas em sala de aula, estudos com apostilas, livros didáticos e, atividades recreativas, no intuito de despertar no aluno a sociabilidade. Percebe-se que, recuperar a história da implementação de tais projetos educativos e metodológicos na escola pode fornecer algumas pistas que certamente nos ajudarão a balizar nossa compreensão sobre os tais “modos” de escolarização diversos para os jovens alunos da escola. (Entrevistados 07, 08 e 09) V 3, N. 1, jan - jun. 2017 101 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE As ações desses professores são quase despercebidas no contexto maior de exclusão, as diferentes faixas etárias dentro de uma única sala é um grave problema, e ver essa exclusão se repetindo ano após ano e algo preocupante. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como já foi dito, o país que se julga democrático deve buscar o exercício de seus direitos fundamentais com a participação política, além da garantia de condições mínimas de vida a seus cidadãos. A medida que na sociedade predomina o binômio superincluídos e excluídos, ocorra não somente a deslegitimação do Estado, mas especialmente de seu caráter democrático e o enfraquecimento da sociedade. Isso porque a exclusão social, como lembra Muller (1997), exclusão diz apenas respeito à pobreza ou marginalização, mas à conhecida e fatal reação em cadeia, da exclusão que se estende para a exclusão econômica, financeira, jurídica e até a negação da proteção do estado, aos direitos humanos mínimos, passando ainda, pela exclusão social, sociocultural e política. Caso uma democracia queira ser viva, deve abranger todo o povo, sendo este considerado na concepção de que compreende todas as camadas da população, o que significa que o estado tem a missão de oferecer condições mínimas de sobrevivência para as classes menos favorecida, não aceitando índices de exclusão social, elevados como os do nosso país. Resta claro que, a perpetuação da miséria, com a ausência de ações proativas no sentido de modificação do status vigente, representa um grande perigo ao desenvolvimento do nosso país. O tema exclusão social, predomina no Brasil, desde o Império, sendo agravado durante o período da ditadura militar, infelizmente, processos sociais excludentes estão presentes em nossa história. Contudo, o debate sobre o conceito de exclusão social, vem ganhando novos contornos na etapa contemporânea em que o dito pensamento V 3, N. 1, jan - jun. 2017 102 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE sociológico passam a conhecer mais de perto a realidade das famílias brasileiras. Com isso, o termo exclusão acabou por ser algo duplamente interpretado, de um lado, o conceito tão amplo, que abriga vários significados para reunir pessoas e grupos que são abandonados, desafiliados, deixados de lado, desqualificados, quer do mercado de trabalho, quer das políticas sociais, etc. De outro ângulo, é um conceito equivocado, atrasado, desnecessários. Já é inequívoco que os processos de globalização em curso, afetaram sensivelmente a todos os países, em especial o quadro social, daqueles do chamado terceiro mundo, particularmente, a urbanização capitalista vem provocando uma esteira de problemas sociais bastante conhecidos. As discussões acerca da marginalização social nos anos sessenta e setenta são hoje retomadas, acrescidas de novos componentes. Antes vista como pobreza, uma consequência da migração rural para as cidades. Entendiam-se, à época, que os problemas urbanos de moradia, mendincância, delinquência, poderiam ter suas raizes nesses processos migratórios. Partindo de outro ponto de vista, as décadas de 60 e 70 apresentam também outro debate, no Brasil, enraizando a pobreza (a exclusão social), as contradições do modo de produção capitalista, fazendo parte de um sistemas. Alguns intelectuais, assumindo o preconceito contra as classes perigosas, viam os pobres como “populações marginais” ou atrasadas, que poderiam integrar-se ao novo mundo urbano e moderno. Assim, as teorias de modernização, tiveram sua grande influência sobre o processo do subdesenvolvimento e da industrialização. Como crítica a concepção de exclusão, desconfia da exclusão tanto pela heterogeneidade de usos que o conceito permite quanto pelo perigo que representa na autonomização de situações que só têm sentido quando colocadas dentro de um processo. Ao se buscar, conhecer, os estados de despossuir, são elaboradas análises setoriais, descontínuas e deslocadas dos processos mais abrangentes da sociedade atual, e consequentemente são construídas políticas que não consideram a relação entre a lógica econômica e a coesão social, anteriores às situações classificadas como tal, resultam das vulnerabilidades decorrentes das transformações que se operam no mundo do trabalho, degradando as relações de trabalho e os sistemas de proteção V 3, N. 1, jan - jun. 2017 103 REVISTA ACADÊMICA EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE correlatos, ou seja, da situação de crise da sociedade salarial. Pode-se assim, falar com mais propriedade de noções como vulnerabilização, precarização, marginalização, procedendo-se a uma distinção cuidadosa dos processos de exclusão daqueles outros componentes da questão social contemporânea, na sua globalidade. E por fim qual é o lugar desses alunos excluídos? Eles estão tentando se encontrar em vários espaços, e nessa busca incessante, perdem anos escolares. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOURDIEU, P. e PASSERON, J.C. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975. ____. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983. ____. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand/Difel, 1989. ____. Razões práticas, sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996. CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Controle Social na assistência Social. Palestra proferida na 1ª Conferência Nacional de Assistência Social. Brasília. DF, 1995. CASTEL, R. A desigualdade e a questão social. São Paulo: Educ, 1997. JACOBI, Pedro R. Exclusão urbana e lutas pelo direito à moradia. Revista Espaço e Debates, ano 2, n° 7, São Paulo, NERU, 1982, p. 53-70. MULLER, Friedrich. Que grau de exclusão social ainda pode ser tolerado por um sistema democrático? 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