Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 8., 2011, Belo Horizonte Características biométricas de cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de produção de abacaxizeiro para agricultura familiar do Projeto Jaíba Evandro Andrade de Souza Júnior(1), Vânia Aparecida Silva(2), Luiz Antonio Lima(3), Matheus Figueiredo Braga Colares(4), Davi de Araújo Moreira(5), Luiz Antonio do Nascimento(6) (1) (2) Bolsista PIBIC/FAPEMIG/EPAMIG, [email protected]; Pesquisadora/Bolsista BIP FAPEMIG/EPAMIG - Lavras, [email protected]; (3) (5) Professor UFLA - Lavras; (4)Mestrando em Irrigação UFLA - Lavras; Técnico EPAMIG - Mocambinho; (6)Técnico EMATER-MG - Mocambinho INTRODUÇÃO No perímetro irrigado do Jaíba, localizado na região Semiárida de Minas Gerais, a cafeicultura tem sido vista como uma nova opção para os agricultores familiares que buscam, nas culturas intercalares, uma forma de diminuir os custos de implantação e formação da lavoura cafeeira, além da produção de frutas para o consumo próprio e/ou comercialização local. Diante disso, a EPAMIG, em parceria com a Ufla e a Emater-MG, estabeleceu unidades experimentais demonstrativas do cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de plantio do abacaxizeiro em área da EPAMIG Norte de Minas e em área de agricultor familiar da região. Para propor sistemas de produção tecnicamente viáveis, este trabalho tem como objetivo avaliar o desenvolvimento vegetativo inicial do cafeeiro intercalado com diferentes sistemas de plantio do abacaxizeiro. MATERIAL E MÉTODO As unidades experimentais demonstrativas foram implantadas na Fazenda Experimental de Mocambinho (FEMO) da EPAMIG Norte de Minas e no lote agrícola 145 do produtor familiar José Antônio Souza, em Mocambinho, Jaíba, MG, o qual conta com a assistência técnica da Emater-MG regional. Em janeiro de 2010, na FEMO e no lote do produtor, foram plantados 0,3 ha de EPAMIG. Resumos expandidos 2 café ‘Catuaí Vermelho IAC 144’, no espaçamento de 3,5 x 0,7 m. Em março de 2010, intercalado com o cafeeiro, o abacaxizeiro, da variedade Pérola, foi plantado nos seguintes sistemas de plantio: duas linhas simples com espaçamento de 1,1 x 0,33 m; três linhas simples espaçadas de 0,95 x 0,33 m; quatro linhas, em fileiras duplas, no espaçamento de 0,9 x 0,4 x 0,33 m. O cafeeiro em monocultivo foi utilizado como testemunha. O sistema de irrigação utilizado é por aspersão convencional e o manejo da irrigação é realizado com base em dados de evapotranspiração de referência, fornecidos pela estação agroclimatológica automática local. Para cálculo da lâmina, foi considerada a eficiência de aplicação de 85% e os valores de Kc, variando de 0,60 a 0,90 (fase inicial de crescimento dos cafeeiros). As medições dos parâmetros biométricos para determinar o desenvolvimento inicial foram realizadas aos seis meses após o plantio do café em ambas as áreas. As variáveis analisadas foram: diâmetro de caule (DC); número de ramos plagiotrópicos (NRP); altura das plantas (AP); comprimento dos ramos plagiotrópicos (CRP) e número de nós dos ramos plagiotrópicos (NNRP). O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com quatro repetições e dez plantas úteis por parcela, a análise de variância realizada no Sisvar (FERREIRA, 2003) e as médias dos tratamentos submetidas ao teste de Scott-Knott a 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos para o crescimento vegetativo do cafeeiro, na FEMO, após cinco meses do plantio do abacaxizeiro. Para os dados coletados, não foram observadas diferenças significativas entre a DC, CRP e NNRP dos cafeeiros cultivados nos diferentes sistemas de plantio. Entretanto, observou-se que as plantas de café intercaladas com duas e com três linhas de abacaxi apresentaram altura superior, quando comparadas com os cafeeiros intercalados com quatro linhas de abacaxi em fila dupla e os cafeeiros em monocultivo. Quanto ao parâmetro NRP, os cafeeiros cultivados com abacaxizeiro, independente do sistema de plantio, apresentaram maiores valores do que o cafeeiro em monocultivo. De maneira geral, o cultivo do cafeeiro com duas e três linhas de abacaxizeiro, inicialmente, favoreceu o desenvolvimento do cafeeiro implantado na FEMO. Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 8., 2011, Belo Horizonte 3 Já a Tabela 2 apresenta os resultados dos dados coletados no lote agrícola do produtor familiar, onde não houve diferenças significativas para todas as características biométricas analisadas e, como as médias dos tratamentos estão muito próximas às da testemunha, observa-se que nenhum sistema de plantio interferiu no desenvolvimento inicial do café. De maneira geral, verificou-se que o cultivo do abacaxizeiro intercalado com café pode ser até benéfico ao desenvolvimento inicial do cafeeiro. As plantas de abacaxi podem proporcionar um melhor condicionamento do solo, além de se manterem como cobertura nas entrelinhas do cafeeiro melhorando as características físicas, químicas e biológicas do solo (ALMEIDA, 1991). O cultivo intercalar com abacaxizeiro, especialmente na fase de formação dos cafezais, pode atenuar também as temperaturas máximas do ambiente, melhorando as condições para o desenvolvimento das plantas, reduzindo os efeitos das altas temperaturas, características do Semiárido de Minas Gerais. Inicialmente, pode-se afirmar que não há efeitos prejudiciais do cultivo intercalar do abacaxizeiro sobre o cafeeiro após cinco meses de plantio. Como as plantas de abacaxi estão ainda em fase de crescimento, serão necessárias avaliações posteriores para realmente definir o efeito do cultivo intercalar do abacaxizeiro sobre a formação do cafeeiro. CONCLUSÃO Os sistemas de plantio de abacaxizeiros intercalados com o cafeeiro não prejudicaram o desenvolvimento inicial do cafeeiro irrigado, no perímetro irrigado do Jaíba. AGRADECIMENTO Os autores agradecem ao apoio financeiro de SAF/MDA/SECIS/MCT/CNPq e à Fapemig. 4 EPAMIG. Resumos expandidos REFERÊNCIAS ALMEIDA, D.L. de. Contribuições da adubação orgânica para a fertilidade do solo. 1991. 192p. Tese (Doutorado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Itaguaí. FERREIRA, D.F. Sisvar 4.3: sistema de análises estatísticas. Lavras: UFLA, 2003. Disponível em: <http:://www.dex.ufla.br/danielff/sisvar>. Acesso em: 28 set. 2010. Tabela 1 - Média dos parâmetros biométricos (cm) do cafeeiro intercalado com abacaxizeiro em diferentes sistemas de plantio na Fazenda Experimental de Mocambinho (FEMO) - Jaíba, MG Tratamento DC NRP AP CRP NNRP Duas linhas 0,73 a 7,19 b 40,60 b 16,42 a 2,80 a Três linhas 0,72 a 7,05 b 40,00 b 15,70 a 2,44 a Quatro linhas 0,66 a 6,79 b 37,80 a 14,20 a 2,42 a Testemunha 0,65 a 5,05 a 35,90 a 12,79 a 2,03 a NOTA: Médias seguidas da mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. DC - Diâmetro de caule; NRP - Número de ramos plagiotrópicos; AP - Altura da planta; CRP - Comprimento dos ramos plagiotrópicos; NNRP - Número de nós dos ramos plagiotrópicos. 5 Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 8., 2011, Belo Horizonte Tabela 2 - Média dos parâmetros biométricos (cm) do cafeeiro intercalado com abacaxizeiro em diferentes sistemas de plantio no lote agrícola 145 - Jaíba, MG Tratamento DC NRP AP CRP NNRP Duas linhas 1,00 a 8,00 a 36,25 a 14,00 a 3,25 a Três linhas 0,75 a 7,75 a 34,25 a 12,75 a 2,75 a Quatro linhas 1,00 a 8,25 a 35,50 a 13,00 a 3,25 a Testemunha 1,00 a 8,00 a 36,50 a 14,00 a 3,00 a NOTA: Médias seguidas da mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. DC - Diâmetro de caule; NRP - Número de ramos plagiotrópicos; AP - Altura da planta; CRP - Comprimento dos ramos plagiotrópicos; NNRP - Número de nós dos ramos plagiotrópicos.