RELATÓRIO DA VIVÊNCIA DO VER-SUS LAPA (PR) - VERÃO 2015 INTRODUÇÃO Este relatório tem a intenção de possibilitar que qualquer pessoa tome conhecimento de como esta vivência aconteceu, da maneira mais fidedigna possível. Assim, cada um/a d@s 32 integrantes do VER-SUS Lapa Verão 2015 participou do processo de escrita deste documento, não somente para que colocássemos as nossas reflexões grupais, mas para que a individualidade de cada um/a ainda pudesse ser mantida. Com a intenção de tornar o processo de leitura um tanto quanto mais claro, deixamos explicito desde já que nos finais de semana o grupo de viventes ficou reunido durante todo o período, possibilitando que fizéssemos descrições mais gerais sobre o que foi vivenciado. Já em relação aos dias de semana as descrições se tornam mais aprofundadas, pois @s viventes estavam divididos em três grupos, de forma que consideramos importante nos ater a cada visita. FORMAÇÃO Independente do dia ou da modalidade de inscrição, o VER-SUS começou para tod@s com o mesmo foco: a nossa formação. Para @s facilitador@s e apoiador@s a vivência começou no dia 28/01/15, e por sua fez, começou também a sua formação, com a participação de convidad@s que tinham a função de apresentar o próprio VER-SUS, o MST e os movimentos da região, e questões relevantes sobre a saúde. Já para @s viventes o VER-SUS começou no dia 30/01/15, com uma apresentação muito marcante, especialmente pelo tema que a perpassou durante todo momento: os nossos afetos. No dia seguinte, nossa formação abrangeu mais amplamente a saúde. No período da manhã conhecemos e discutimos sobre a saúde do município. Durante a tarde discutimos sobre a saúde pública e várias questões relacionadas a ela. Conhecemos uma pouco mais sobre o assentamento e sobre as formas como a saúde era vista no local. E durante a noite pudemos assistir ao filme: O Veneno Está Na Mesa, para refletirmos sobre a saúde de forma ampliada. No domingo nossa formação continuou, abrangendo então algumas questões como a privatização da saúde, a alteridade em saúde, a importância dos movimentos sociais/estudantis, e ainda tivemos a oportunidade de saber mais sobre a comunidade quilombola, o que foi muito importante, tendo em vista que durante a semana uma das equipes iria visitar uma Unidade de Saúde dentro de uma área considerada quilombola. Ainda no domingo @s facilitador@s dividiram o grupo de viventes em três equipes para que durante as visitas que ocorreriam do dia 02/01 ao dia 06/01 fossem contemplados mais serviços de saúde. As equipes ficaram em média com 10 integrantes. Sendo assim, o relatório divide-se por datas e equipes, contudo, ressaltamos desde já que ao final de cada dia tod@s @s versusian@s se reuniam para discutir sobre as visitas, de forma que tod@s pudessem tomar conhecimento do que as outras equipes tinham vivenciado, além de possibilitar uma reflexão geral do grupo a cerca do que havia sido discutido primeiramente entre cada equipe. VISITAS No dia 02/02/2015 a equipe 1 fez uma visita na Colônia Johanesdorff que ocorreu no atendimento improvisado atrás da Igreja, em uma sala concedida e que serve também para catequese e grupos de artesanato. A visita contou com a presença de uma auxiliar de enfermagem e uma voluntaria no serviço. O serviço tem um ano de estabelecimento, não conta com agentes comunitári@s, a presença de um médico ocorre de 1 a 4 vezes no mês (há um cronograma de visitas entre 16 comunidades), é realizada a pesagem de crianças e entrega de medicamentos (que vem da Unidade de Pedra Lisa) e grupo Hiperdia. A maior procura pelo serviço é pelo público masculino que compreende de 40 a 60 anos de idade. Lembrando que a conquista aconteceu devido a cobrança da associação de moradores. Porém, sabe-se que provavelmente uma Unidade Básica não venha a ser construída pelo fato de possuírem recorrência a Unidade de Pedra Lisa e Capão Bonito. Foi notado o alto número de casos de sofrimentos psíquicos na colônia em que os pacientes buscam a medicalização (às vezes de forma descontrolada), entretanto alguns desejam apenas conversar com @ profissional. A auxiliar utiliza o saber popular, recomendando chás, por exemplo. A mesma acredita que nos últimos anos, a atenção básica do SUS aumentou e melhorou com a troca da gestão política. A dificuldade em abordar temas como DST’s e planejamento familiar nas comunidades, é devido ao tabu e também pelo fato de todos se conhecerem e a intimidade de cada indivíduo ser possivelmente exposta. A conversa foi concluída com uma visita à um paciente paraplégico que faz uso dos serviços do SUS, entretanto o paciente mostrou-se descontente devido ao seu quadro de saúde demandar maiores especialidades, porém a positividade do paciente não permitiu o desanimo quanto ao tratamento. Neste mesmo dia a equipe 2 (Semente Crioula) foi recebida, no período da manhã, por uma enfermeira e uma Agente Comunitária de Saúde (ACS) na unidade de apoio do Mato Preto (território de mais ou menos 380 famílias, pertencente a equipe de Estratégia da Saúde da Família (ESF) da Pedra Lisa, a qual abrange 17 territórios, com média de 2.500 a 2.700 pessoas. Ainda que tivéssemos sido recebid@s pela enfermeira coordenadora na equipe ESF Pedra Lisa, que é responsável pelo relatório mensal, não houve precisão epidemiológica no diagnóstico local. Quando a coordenadora da atenção básica chegou é que foi possível ter informações detalhadas. Sentimos que há uma dificuldade de acesso as informações do território pela própria equipe local. Nesse sentido apontamos o Programa de Melhoria Acesso e de Qualidade (PMAQ), o qual tem essa equipe cadastrada, no entanto a equipe não sabe do que se trata e não há repasse de verba voltado para aquela unidade como seria previsto. Bem como o aumento salarial d@s ACSs no âmbito federal não é refletido na unidade, não havendo conhecimento se há repasse para a secretaria. Apontamos como uma possível dificuldade algumas/alguns profissionais terem ingressado recentemente na equipe comprometendo o conhecimento do território e a vinculação à comunidade local. Outro ponto a ser destacado são as questões relacionadas às ferramentas que @s profissionais podem utilizar no seu fazer enquanto trabalhador@s da atenção básica. As profissionais acabam já tendo uma desvantagem na questão de falta de recursos materiais para o trabalho e na dificuldade de comunicação para campanhas preventivas, utilizando-se de uma rede informal em que @s moradores da comunidade vão passando as informações no “boca a boca”, o que dificulta a promoção de saúde, bem como a prevenção, que vai de encontro ao paradigma de saúde que temos atualmente. Outra carência de ferramentas se mostra em relação a medidas que promovam autonomia d@s usuári@s do território em questão. Podemos ilustrar como um exemplo, um idoso que vive sozinho e que não toma seus medicamentos corretamente. Faltam ferramentas para pensar em como o usuário pode utilizar seus medicamentos de uma maneira que o conecte com a própria realidade e que assim, o usuário se lembre de utilizar o remédio. Dessa forma, podemos pensar que a formação continuada d@s profissionais e principalmente das agentes comunitárias de saúde, que têm um vínculo privilegiado com @ usuári@, poderia ser um meio de inserir ferramentas que promovam mais saúde. Na visita a essa comunidade, também conectamos a discussão com os saberes populares e percebemos que os chás são considerados neutros no tratamento d@s usuári@s, em outras palavras, que não fazem diferença em relação à terapêutica d@ usuári@. Assim, percebemos que o movimento de valorização da indústria farmacêutica em contrapartida com a desvalorização de um medicamento que não seja alopático, pode ser problemático, principalmente pela interação desfavorável que algumas plantas podem ter, se associadas a medicamentos alopáticos. E no plano cultural e histórico, retrata a extinção progressiva de um saber popular das comunidades tradicionais, havendo uma uniformização da cultura da saúde. A equipe 3 por sua vez, visitou no período da manhã o Núcleo Leiteiro. “Nós brindamos com o que nós temos” foi a frase dita por um médico cubano que recebeu a equipe na unidade, a qual não conta com uma estrutura física convencional de unidade de saúde, sendo uma antiga escola o local ocupado para o atendimento de saúde. Com a finalidade de proporcionar uma reforma no local, @s integrantes da comunidade se organizaram com financiamento próprio para comprar materiais de construção, demonstrando o quanto valorizam e se preocupam com aquele local de atendimento. Em entrevista, o médico relatou atender várias comunidades além do Núcleo Leiteiro, contudo, quando se referiu aos/às usuári@s desta região, afirmou que a maioria d@s pacientes apresentam hipertensão, diabetes e câncer. O médico pontuou também um fato considerado muito preocupante tanto por ele como por nossa equipe, que referia-se ao uso indevido e compulsivo de fármacos psicotrópicos por parte da população local. De forma geral o médico relatou que seu atendimento abrange apenas a consulta médica, não realizando puericultura nem pré-natal, tendo demanda programada e espontânea. Nesta visita pudemos perceber no relato do profissional diversos outros aspectos relacionados à saúde, como por exemplo a sua formação, que nos pareceu voltar-se fortemente para a coletividade, as práticas humanizadas, com foco na prevenção e promoção. Percebemos também em seu relato que a comunidade percebe as diferenças do médico enquanto profissional, o que atribuímos em grande parte à esta formação, enfatizando a importância de repensarmos sempre a forma com que as universidades estão trabalhando e como a saúde vem sendo tratada durante toda graduação na área da saúde. Outro assunto que se fez muito presente durante a discussão foi a (des)valorização d@s profissionais de saúde e as desigualdades que podemos observar tanto nos serviços e equipes, como na mídia. Em relação a estas desigualdades, não nos referimos à um aspecto somente, mas a vários aspectos que aparecem no dia a dia, no salário, na credibilidade e nas relações. Desta forma, enfatizamos o quanto estes aspectos podem influenciar a forma como a saúde vem sendo trabalhada, e portanto não devem ser ignorados, uma vez que por meio de discussões, por exemplo, alguns equívocos e ideias poderiam ser desconstruídas. A conversa com o profissional englobou também diversas outras diferenças e semelhanças da saúde no Brasil em relação à saúde em Cuba, de forma que pudemos perceber o potencial que o programa Mais Médicos tem de proporcionar a troca de informações e de modos de agir, na interação da cultura do Brasil com outras culturas. Acreditamos que seja importante enfatizar a participação da comunidade local, que apesar das dificuldades de acesso à Unidade Básica de Saúde, consegue perceber a importância da saúde, se mobilizando para conseguir melhorar, mesmo que minimamente, as condições de atendimento. Assim, vemos como possibilidade incentivar os movimentos e ações da comunidade, por exemplo, para a construção de um Conselho de Saúde Local, considerando que esta já deu um primeiro passo para demonstrar que está implicada em ajudar. Enfatizamos também que atualmente vem sendo realizado um levantamento epidemiológico da região, o que irá permitir que mais ações de prevenção e promoção possam ser planejadas e aplicadas para melhorar a qualidade de vida dos usuários do Núcleo Leiteiro. No período da tarde tod@s @s versusian@s foram à reunião do Conselho Municipal de Saúde, a qual teve a data alterada para que pudéssemos participar. Notamos que não houve avaliação e acolhimento de problemas efetivos da rede, estando voltado para escolha de datas e questões de organização de uma comissão para a organização de uma Conferencia. Na terça feira, dia 03/02/15, a Equipe 1 foi visitar a comunidade São Bento na unidade de saúde. O propósito da visita foi de conhecer as benzedeiras locais, bem como suas práticas tradicionais, seus saberes populares e a relação com a saúde e a comunidade e cultura local localizada no município da Lapa. Esta conversa foi conduzida através de uma roda de conversa com a participação de quatro benzedeiras que se comprometeram a participar conosco. Uma das coisas que nos impressionou foi quanto a organização das “especialidades” de benzimento que a partir de suas práticas. Entre as quatro, apenas uma benzia jovens, adultos e crianças e as outras três eram focadas nas crianças, os tipos de benzimento e cura também eram específicos, bem como, nos explicaram que cada pessoa tinha um “dom” para benzer. Destacaram benzimentos para benzer machucaduras, fechamento de peito, derruba vermes, puxar umbigo, benção, costura, entre outros. Dentro deste processo de fazer saúde das benzedeiras, o que nos chamou a atenção foi a sensibilidade o afeto e o comprometimento ao praticarem os benzimentos, em momentos que uma delas destacou a importância de abraços afetuosos das crianças, do cuidado ao benzer as pessoas e também da “fé” e do “dom”, descrito por elas. Aprendemos a grandiosidade desta pratica popular relacionada à humanização nas práticas de saúde, ao falar do afeto ao benzer, bem como a questão da prevenção e promoção de saúde. Podemos destacar uma das falas em que uma delas enfatiza que muitas vezes, os pais trazem as crianças para elas antes mesmo de ir levar ao médico, e já sabem se um benzimento ajuda ou se precisa levar ao médico. Foram nesses momentos que percebemos a importância do empoderamento destas benzedeiras locais junto à saúde pública da comunidade em que elas moram, visto que, este saber tradicional está sendo cada vez mais perdido nas relações culturais atualmente, na qual elas percebem que a juventude não tem o desejo de levar adiante esta prática. Por meio disto, percebemos durante o dia da visita, o forte comprometimento destas mulheres que cumpriram a responsabilidade de ir participar de uma roda de conversa em uma unidade de saúde, mesmo com as dificuldades de tempo, idade, distância, etc. Ao levar em conta esta perspectiva e responsabilidade das benzedeiras locais, conversamos na roda e também entre a equipe, uma proposta para a secretaria da saúde em englobar as benzedeiras e benzedeiros dentro do sistema público de saúde do município, visto que, segundo as benzedeiras, ainda existem muit@s outr@s no município e regiões próximas mas que este grupo está ficando cada vez mais composto por pessoas idosas e assim a cultura algum dia morrerá. Uma questão que surgiu no final da roda de conversa, foi o relato de uma das benzedeiras quando disse que pensou que iria para a roda na unidade de saúde e achou que nós iríamos falar para elas pararem de fazer o que estavam fazendo. Problematizamos muito isto. Qual seria a concepção dessa mulher em relação a identidade de ser benzedeira e fazer parte de um sistema público de saúde a partir desta prática? Será que o sistema de saúde possui balanças medidoras entre saberes biomédicos e saberes populares e tradicionais? Acreditamos assim, que estas perguntas foram as mais desafiadoras para a construção da prática do SUS com o saber popular e comunidades tradicionais. Levamos desta roda de conversa questões ao mesmo tempo “antigos” e “contemporâneos” para um debate de fazer saúde com humanização, prevenção e promoção. A valorização de comunidades tradicionais são questões a serem levantadas no sistema de saúde público e acreditamos que este público de benzedeiras no município é uma grande potencialidade de comunidade tradicional que ainda se pode levantar e reviver a cultura de benzimentos. A equipe Semente Crioula, neste dia, visitou o faxinal do Mato Preto que contava com a participação de 2 médicas, sendo uma do programa PROVAB, e uma do programa mais médicos, 1 enfermeira e 10 participantes da comunidade. Todas as profissionais são integrantes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) da região, entretanto a médica do PROVAB não fazia parte do grupo de profissionais que atendia o faxinal visitado. O faxinal tradicional é caracterizado por uma comunidade em que a terra e seus bens são coletivos, porém essa cultura não é apresentada no faxinal visitado, visto que, nessa comunidade a propriedade é individual e o capitalismo é predominante. Assim, a oportunidade de realizar uma agricultura orgânica foi relatada pel@s participantes como impossível, pois há necessidade de competir com a agricultura latifundiária. Além da cultura faxinalense tradicional não ter sido preservada, essa também não é estimulada no local, não há ensino nas escolas sobre a história dos faxinais, ou estímulos para @s jovens continuarem nesse local, como, por exemplo, universidades próximas e internet. Deste modo, @s jovens saem dos faxinais para ter mais oportunidades que não encontram nessa localidade, e muitas vezes são estimulad@s pelos seus pais e suas mães para que façam isso. Seriam necessários investimentos para que a juventude encontre essas oportunidades próximas ao faxinal, e que a saída não seja necessária. Foi relatado que há dificuldade no acesso tanto pela comunidade quanto pela equipe da saúde. A locomoção é um problema para os dois grupos. A comunidade também demonstrou encontrar dificuldade no acesso à informação. Em relação à educação de saúde isso vem dos problemas encontrados pela equipe da saúde em promover uma medicina preventiva, porque há médic@s apenas uma vez por semana no faxinal. @s pacientes vão à procura do atendimento com o objetivo direto de cura, e ao tempo curto, @s profissionais não tem tempo de realizar campanhas de educação em saúde, relatando que a educação em saúde é feita no consultório e não na comunidade como deveria ser. Também não há agente de saúde nessa ESF, o que dificulta ainda mais o trabalho de prevenção na saúde e acompanhamento d@s pacientes tratados. Devido a isso seria necessário novo recurso para a contratação dess@s profissionais e também novos programas de saúde nessa região. Um ponto que nos chamou a atenção foi o entusiasmo das profissionais em relação ao próprio trabalho, elas relataram que são os desafios do SUS as motivam a continuar, e que mesmo havendo impasses elas percebem que conseguem realizar um bom trabalho. Nesta manhã a Equipe 3 realizou uma visita à uma comunidade Quilombola no interior da cidade da Lapa, em uma região chamada Feixo. Primeiramente, ficamos tocad@s com a quantidade de usuári@s mobilizad@s para a nossa conversa. Havia cerca de 40 pessoas, desde crianças até idos@s. Nos reunimos em uma escola ao lado da Unidade Básica de Saúde do Feixo, pois o número de pessoas era grande demais para se fazer a roda no espaço da UBS. A reunião começou com a presença da equipe de saúde da unidade e a comunidade. A agente comunitária de saúde que trabalha lá há 11 anos apresentou cada um dos membros presentes pelo nome, demonstrando ter uma boa relação com a comunidade. A médica responsável pela Unidade, estava de saída do serviço após dois anos de trabalho naquela função, pela qual havia sido contratada pelo Programa PROVABE. A equipe relatou a falta de materiais básicos para o trabalho, coisas como gases, seringas e medicamentos. Outro ponto que chamou nossa atenção foi a falta de estrutura física da Unidade, haja vista a nossa necessidade de mudar de espaço para a conversa. São mais de 400 famílias entre a área coberta pelas ACS’s, e seriam necessários a princípio mais 3 ACS’s para ter cobertura total do território, outro detalhe que mostra a necessidade de mais contratação dest@s profissionais é a distância territorial de uma habitação à outra. Quando perguntamos o que a comunidade gostaria que tivesse em sua área responderam que sentem falta de um@ dentista, uma creche com horários diferenciados tendo em vista que alguns/algumas morador@s saem trabalhar às duas da manhã. Ainda relatam a dificuldade de uma equipe maior para a ESF. Não há relatos de HIV na região, as doenças mais comuns são: hipertensão, diabetes, depressão e o uso de álcool. Nossa estudante de odontologia fez uma fala sobre saúde bocal por pedido das pessoas que vivem na comunidade. A vivente falou da importância de escovar os dentes e a possibilidade de tratar dores e inflamações com o uso de ervas e chás. Quanto a questão de viverem em um quilombo, el@s não sabiam ao certo o que é um quilombo. Denominam-se quilombolas porque um dia foram colocad@s nesta posição. É uma população de maioria católica, que não costuma fazer algo coletivo. Da população denominada quilombola, a maioria das pessoas trabalha na zona urbana. Foi relatada pel@s profissionais a venda recorrente de votos na época da eleição. Ao sair, alguns morador@s aceitaram tirar fotos com a nossa equipe. Neste momento, aproveitamos para conhece-l@s melhor e nos sensibilizamos com suas histórias de vida. Durante a tarde, todos @s viventes visitaram algumas/alguns produtor@s agroecológic@s do assentamento Contestado, a fim de conhecer a produção, história, traços da cultura popular e conflitos enfrentados. Foi uma experiência singular a todos @s versusian@s. “Um povo que planta muito mais que sementes, um povo que planta consciência” Na primeira visita, além de conhecer a horta agroecológica, tivemos a oportunidade de conhecer o projeto Entre Rios, o qual tem o intuito de proteger os recursos hídricos da região, fortalecendo a produção agroecológica, formação de agroflorestas, incentivando a participação da juventude, entre outras ações. Durante o diálogo pudemos expor o propósito do VER-SUS, encontramos diversas afinidades articuladas ao contexto da saúde ampliada. Fomos conhecer a horta, o que nos despertou uma grande admiração na relação de respeito com a terra, humanização d@ trabalhador/a rural, produção de sementes crioulas, a diversidade de culturas numa mesma área, além de várias outras práticas agroecológicas. Ao final da visita o grupo brindou apreciando as melancias ali produzidas e logo então, fomos visitar uma agrovila. Chegando na agrovila, fomos recebidos por um produtor local, o qual nos contou a importância da proximidade das casas para maior interação social, segurança e saúde coletiva. Conhecemos a horta mandala, um método alternativo de produção de alimentos respeitando a diversidade e equilíbrio da fauna e flora. Nesse processo, tivemos um contato com a sabedoria popular, enriquecendo reflexões e inspirações através do orgulho e dedicação da comunidade da agrovila. As falas sobre saúde, qualidade de vida e trabalho, sensibilizou o grupo, causando um estranhamento de diversos conceitos pré-concebidos frente a sociedade. Saímos dali com novas perspectivas de modos de vivência, acréscimos a nossa identidade e respeito com a Terra e nossa saúde. No dia 04/02/15, quarta-feira, a Equipe 1 visitou a UBS Tamanqueiro, que aporta o Centro de Atendimento à Mulher: a unidade, localizada no centro da Lapa, é temporária e será deslocada para outra região. Realiza-se na unidade um trabalho de acompanhamento pré-natal com gestantes de todo o território do município (atendendo assim mais de 1.200 famílias). Além do acompanhamento, também são realizadas na unidade consultas ginecológicas, obstétricas, trabalho de prevenção (planejamento familiar) e odontologia. Foi presenciada pel@s viventes uma reunião de acompanhamento pré-natal. As gestantes, assim que têm a gravidez confirmada, são convidadas a participar da primeira reunião logo na semana seguinte (há um grupo de orientação toda semana). No começo da gestação, o acompanhamento pré-natal é mensal, conforme se aproxima o parto, passa a ser quinzenal e logo semanal. Na reunião, as gestantes receberam panfletos esclarecendo alguns aspectos básicos da gestação e cuidados, como alimentação, higiene básica, sono, bem estar psicossocial, uso de medicamentos, prevenção de alterações fisiológicas provenientes da gestação (disúria e fissuras mamilares). As gestantes tiravam dúvidas específicas e eram orientadas pela auxiliar de enfermagem que conduzia a reunião. Além disso, a auxiliar disponibilizava vídeos que ela mesma procurava a fim de instruir as gestantes em questões como os benefícios do parto normal, a importância da ajuda do pai e do aleitamento materno para a criança e seu desenvolvimento e imunidade, etc. Junto a esse processo, há a Carteira da Gestante, cujo preenchimento é feito por enfermeiras e médicos, para a observação dos dados antropométricos, pressão arterial, temperatura, palpações obstétricas e caso necessário exames laboratoriais e uso de medicamentos. Para as gestantes de alto risco há um encaminhamento médico para o hospital instalado em Campo Largo, pois na maternidade local há apenas a estabilização da paciente e o transporte da mesma até esse centro de atendimento mais especializado, que dá aporte à mãe e o bebê. Segundo o relato da técnica em enfermagem e por confirmação da maternidade local, próxima a unidade visitada, o número de partos normais aumentou com esse serviço de orientação e conscientização, e as próprias gestantes chegavam ao trabalho de parto conscientes da importância e benefícios em relação ao parto normal. Percebeu-se como a disposição d@s funcionári@s, como a da técnica em enfermagem que ministrava as reuniões com as gestantes, são importantes nessa unidade para os resultados alcançados. A estruturação das reuniões, por exemplo, vai além do que o Ministério da Saúde disponibiliza em material. O serviço aparenta ter ótimo funcionamento e conscientizar muito bem as gestantes sobre o processo da gestação. No entanto, observa-se uma precariedade na quantidade de funcionári@s, fato que sobrecarrega @s pouc@s que lá atuam, fazendo com que a falta de recursos humanos seja um dos tópicos que impedem a ampliação do atendimento. No período da tarde foi realizada uma visita na Farmácia e na Área de vacinação. Primeiramente foi conversado com uma médica, que no momento estava responsável pelo atendimento básico, ela nos relatou como é realizado a triagem dos pacientes e de como é feito o encaminhamento desses para os especialistas, que na maioria dos casos, se dava nas unidades de Curitiba. Logo após visitamos a sala da farmacêutica, onde se realiza o processo burocrático da atenção farmacêutica, logo fomos apresentados a ela, que nos repassou as informações básicas de funcionamento. No local trabalhavam 2 farmacêuticas e 4 técnicos farmacêuticos, segundo a farmacêutica a dispensação geralmente é realizada pelos técnicos ficando a parte burocrática para elas. Seguimos para a próxima sala, onde eram armazenados os medicamentos e assim conhecer o trabalho realizado por essa profissional. A partir da nossa análise do ambiente e da fala da profissional percebemos que o armazenamento dos medicamentos é realizado de forma irregular e que isso pode causar alterações nos medicamentos, mas em contra partida a falta de drogas é rara, pois o foco são os medicamentos mais requeridos, como por exemplo os de diabetes e hipertensão. Outro ponto positivo do sistema é a não distribuição dos medicamentos com falta de receita, pois entendemos que drogas não podem ser distribuídas sem devida necessidade e orientação adequada. Nesse sentido comparamos o sistema público com o privado, onde muitas vezes se trabalha com metas de venda, o que acarreta uma hipermedicalização da vida. A farmacêutica ainda comentou sobre o procedimento de compra de medicamentos, onde os municípios vizinhos se unem para uma compra em grande quantidade, o que reduz o preço e economiza o dinheiro público. Nesse processo, a farmacêutica não deve interferir ativamente na escolha dos medicamentos, pois esta deve fazer o pedido através dos princípios ativos. No entanto se houver algum problema com aqueles ela pode realizar uma notificação pelo site da ANVISA, podendo também até mesmo excluir empresas da licitação. Em discussão com o grupo ressaltamos a importância d@ farmacêutic@ na dispensação dos medicamentos, pois est@ pode orientar os usuários a respeito das interações medicamentosas, principalmente com os idos@s, pois ess@s podem ter dificuldades com horários e identificação das drogas, logo é necessário uma orientação diferenciada. Já a equipe Semente Crioula visitou, no período da manhã, uma unidade de ESF que é composta por três médic@s (um irá sair da unidade), uma enfermeira e ACS. A unidade atende no próprio local e também faz visitas domiciliares à alguns/algumas usuári@s, que recebem esse acompanhamento regularmente, sob aviso de que haveria visita de alguns/algumas profissionais naquele dia. Logo que chegamos a unidade fomos recebid@s por uma das médicas e uma ACS, que nos apresentaram a unidade que realiza consultas em geral para a comunidade, que conta com cerca de 11 mil pessoas, o pré-natal de baixo risco para adolescente e adultos e consultas ginecológicas. A médica mencionou o uso de uma classificação que utilizam na unidade conforme @ usuári@: “capaz”, “faz coisas com dificuldade”, “não conseguem fazer” e “entregue” além disso, foram pontuadas outras situações que são comuns naquela unidade, como a maior realização de parto normal e a baixa procura de usuári@s de drogas. A procura da própria comunidade ao “postinho” ainda é baixa, pois a unidade é nova e @s morador@s ainda procuram o “postão” para o atendimento, o que contribui para a superlotação da unidade maior da cidade. Esse fato relaciona-se com outro apontamento da equipe de saúde: a dificuldade de fazer educação em saúde na comunidade. Após a apresentação da unidade, o grupo acompanhou duas visitas domiciliares realizadas pela médica que estava presente naquele dia e por duas agentes comunitárias de saúde. Em ambas as visitas, percebeu-se que tais usuári@s não tinham como comparecer a unidade: um deles estava acamado sendo, cuidado pelo filho, e a outra era uma senhora com problemas de hipertensão e diabetes, que declarou não ter condições de se locomover até o posto por motivos físicos. Além disso, nota-se uma boa relação da médica e das ACS com @s usuári@s visitad@s, pois elas conhecem suas histórias, seu cotidiano e a relação com @s familiares e demonstravam preocupação com outras questões de suas vidas que poderiam estar afetando sua saúde, como a estrutura da casa onde moram, questões familiares, entre outros. Durante a tarde a equipe visitou a unidade do SAMU (serviço de atendimento móvel de urgência), fomos recebid@s pela condutora e técnica de enfermagem. Foi dito que existe dois tipos de unidade móvel, que tem @s médic@s, enfermeir@ e @ condutor@, esta unidade fica em araucária e ela é mandado para Lapa através da determinação do médico. A outra unidade é móvel é a Bravo que contém a condutora e a técnica de enfermagem caso seja necessário um médico da UPA (unidade de pronto atendimento) acompanha para fazer o atendimento. Para o atendimento básico a ligação é feita em Curitiba e depois repassada para a Lapa. O SAMU da cidade da Lapa faz principalmente transferências, pois o atendimento de acidentes a polícia civil, mas isso deveria ser realizada pelo SAMU. Algumas vezes em acidentes a polícia pede apoio desta equipe. Para socorrista é necessário ter o curso de um ano, foi relatado que é necessário ser “frio”, pois as ocorrências contem muita adrenalina e pressão. No SAMU existem um quarto para a equipe, pois o atendimento é 24horas. Esta visita durou pouco tempo, pois houve um chamado de atendimento para transferir uma criança para outro hospital fora da cidade. A dificuldade da equipe móvel é a falta de equipamentos quando é acidente mais sério e é necessário chamar unidade móvel alfa para atender ao chamado. Em seguida, na central de agendamento, fomos recebid@s pela assistente administrativa, a qual explicou como é feito todos os agendamentos sendo que todos os dias a partir das 7:30 são disponibilizadas consultas e exames através do portal do governo. Essas vagas são divididas da seguinte forma: 70% para Curitiba e 30% para a região metropolitana que abrange a cidade da Lapa, nesta divisão a Lapa alguma vezes sai prejudicada devido a demora da internet que é via rádio. São agendadas consultas especializadas para @s usuári@s. A primeira consulta é feita na unidade de saúde e @ médic@ encaminha. Um problema apontado pela auxiliar que nos atendeu foi que são pouc@s especialidades, sendo que isso pode levar anos de espera. As guias que chegam ficam na fila de espera, e é contado sete dias para agendar a consulta. Nesta central, é priorizado o atendimento de idos@s, gestantes e crianças, e não é trabalho com urgências, sendo encaminhados esses casos para Curitiba. Foi relatado que há 10 casos de cirurgia bariátrica por mês e que as especialidades mais demoradas são ortopedia e neurologia. Quando é marcada ressonância os próximos exames se necessário ficam na fila de Curitiba. A unidade de saúde leva as guias uma vez por semana, mas existe a possibilidade das pessoas mesmas levarem para marcar. O transporte pelo município é difícil, e caso @ usuári@ não tenha como chegar ao hospital para realizar o exame, el@ volta para a fila e passa sua vez para outr@. É importante ressaltar que há dois horários de transporte que levam a população para realizar os exames, mas é necessário que @ usuári@ se organize para conseguir esse transporte. A assistente salientou que o SUS é bom, mas não funciona para todos os casos devido a falta de especialidades. Ainda segundo a assistente, uma dificuldade é a comunicação entre a gestão e @s servidor@s públicos. Equipe 3 esteve, de manhã, na ESF CAIC, composta por uma equipe multidisciplinar, que atende 4.000 usuários, ou 1.400 famílias, em que cada agente comunitári@ atende no mínimo cerca de 190 famílias, mas há áreas descobertas por tais profissionais, como o bairro Lacerda. Destacamos também, que a Unidade não é acessível às/aos cadeirantes. Embora a Unidade tenha um consultório odontológico equipado, o mesmo não funciona devido à um suporte inadequado de energia, sendo que esta é uma das reivindicações dos usuários. Havíamos combinado visitas domiciliares juntamente à equipe, no entanto, como as visitas domiciliares são realizadas na parte da tarde, não foi possível acompanhá-las. Acompanhamos então, o grupo de HIPERDIA. Nos dividimos em duas equipes, em que uma permaneceu na unidade e a outra, foi até uma igreja da comunidade para acompanhar a realização dos grupos. Em ambos os grupos, era realizado verificação da pressão arterial, glicemia e distribuição de medicamentos. Esse foi um espaço importante para conversarmos com @s usuári@s de forma individual, em que a maioria dos relatos foram positivos em relação aos atendimentos prestados na área da saúde. Nós avaliamos a importância de uma espaço informativo-terapêutico, de forma a aproveitar a reunião d@s usuári@s. Em seguida, como havia cigan@s instalados nas proximidades da Unidade, nós pedimos a equipe para nos acompanhar em um contato com el@s, visto que o VER-SUS defende a diversidade de saberes e culturas de povos tradicionais. El@s são cerca de 20 adult@s e 6 crianças que vivem em barracas e casas na região à 3 anos, sendo que os que não possuem casa, estão reivindicando aquele terreno da Prefeitura para a construção de suas casas. @s cigan@s que vivem em barracas, fazem uso de água e luz de uma vizinha, com a qual dividem os custos. Este grupo, obtêm renda com a venda de mercadorias de forma ambulante e dizem não possuir nenhum tipo de auxílio da Prefeitura. Durante a nossa conversa com o grupo, este nos expôs situações de preconceito vivenciados na área da saúde, o que nos fez pensar na necessidade de uma formação d@s profissionais da saúde sobre os princípios do SUS, enfatizando a universalização do cuidado. Na parte da tarde, o grupo se dirigiu para o setor da Vigilância Sanitária em busca de informações e do conhecimento sobre a forma de trabalho, uma vez que, produção de alimento e ambiente de trabalho também fazem parte da consolidação de saúde. Uma visita a uma comunidade local foi proposta, e dois viventes se dirigiram juntamente com as agentes enquanto o restante do grupo permaneceu na roda de conversa com @s funcionári@s. A comunidade visitada é composta por aproximadamente vinte famílias que formam uma agrocooperativa, das quais, sete trabalham na confecção de produtos caseiros que são vendidos nas proximidades. A visita foi muito interessante, uma vez que, é conferida a procedência dos alimentos, modo de armazenagem, manipulação, validade, estrutura física do local, formação e capacitação profissional, limpeza e organização, entre outros fatores que de forma unificada resultam em produção de saúde para os consumidores. Na conversa realizada junto com @s profissionais dentro da vigilância, surgiram questões como saneamento básico, o qual apresenta uma cobertura de aproximadamente 80 a 90% de abrangência, além de atenção farmacêutica, ou seja, é o incentivo ao consumo de medicamentos da farmácia popular facilitando o controle e a atenção farmacêutica. Os profissionais da Vigilância Sanitária entendem o seu trabalho como educativo feito em todos os estabelecimentos. A sua forma de agir segue a seguinte ordem: Visita Educativa (é feito orientação das normas que o estabelecimento precisa cumprir) -> Ficha de Recomendação (é estipulado um prazo para que haja os ajustes necessários) -> Auto-termo (autua o proprietário pelo não cumprimento das normativas exigidas) -> Pede-se justificativa -> caso não seja aceita a justificativa do porque os ajustes não foram realizados, o estabelecimento é fechado até que as exigências sejam cumpridas. Caso o estabelecimento seja interditado 3 vezes, a licença é cassada junto a Prefeitura. Em relação à zoonose do município, estes tem ações educativas nas escolas para que haja uma conscientização do cuidado e da responsabilização que as pessoas devem ter em relação aos animais de estimação. No entanto, o município afirma não possuir verba para a castração dos animais e não possui um local adequado para abrigar os animais abandonados, entendendo portanto, que a comunidade deve se responsabilizar por estes. Percebemos a importância do trabalho desenvolvido por est@s profissionais que fazem um trabalho educativo em saúde e que auxiliam a prevenção. Na manhã do dia 05 a equipe 1 seguiu visitando o CAPS I (Centro de Referencia Psicossocial). A enfermeira responsável pelo serviço nos apresentou o espaço físico que contem: recepção, sala de espera, consultório medico, posto farmacêutico, cozinha, sala de grupos, sala da terapeuta ocupacional, sala da psicóloga e um espaço de artes. Segundo @s funcionári@s, a demanda do CAPS consiste em depressão, bipolaridade e consumo de álcool e outras drogas. Sendo que o maior numero de casos são de dependentes químicos. @s pacientes em sofrimento psíquico que procuram o auxilio do CAPS podem ser por demanda espontânea, encaminhamento judiciário, ou encaminhados pelos serviços da atenção básica. Todos ess@s pacientes nesse serviço precisam estar acompanhados de algum familiar ou responsável que autorize o tratamento. Segundo a terapeuta ocupacional, @s pacientes passam por uma analise onde os profissionais decidem se eles precisam de tratamento no CAPS, e caso não seja necessário, são encaminhados para a atenção básica. A rotina do CAPS consiste em consultas medicas, atendimentos individuais, palestras, e grupos. @s profissionais são responsáveis pela divisão d@s pacientes de acordo com os perfis dos grupos. Esses grupos acontecem semanalmente, sendo assim @s pacientes frequentam o CAPS uma vez por semana, com horário marcado. Percebemos durante a visita um numero pequeno de usuári@s, considerando a demanda de saúde mental da cidade da Lapa. Essa não adesão d@s usuári@s pode ser decorrente da falta de autonomia d@s mesm@s, pois el@s não tem liberdade de escolha dos grupos, nem livre acesso ao serviço. Durante a discussão com @s profissionais, el@s nos falaram da dificuldade de atender usuári@s de álcool e outras drogas, alegando falta de formação e manejo com essa problemática. El@s consideram importante a implementação de um CAPS AD (álcool e outras drogas) com profissionais habilitados para lidar com essa demanda. A cidade da Lapa não tem o numero suficiente de habitantes necessários para a inserção de um CAPS AD, porém é significativo o número de pacientes. A visita ao CAPS foi muito importante para entender o funcionamento desse dispositivo e sua ligação com a atenção básica do município, perceber os modos de cuidado dessa equipe multidisciplinar que contem 18 profissionais de diversas áreas como: médico psiquiatra, psicóloga, farmacêutico, terapeuta ocupacional, profissional de educação física, artesã, profissionais técnicos, entre outros. Outro ponto relatado, foi a falta de reuniões de equipe semanais para discussão e construção em conjunto dos PTI (projetos terapêuticos individuais) o que consideramos de extrema importância para a potencialidade do serviço. Outra visita realizada neste dia, foi na Maternidade Municipal Humberto Carrano. Na qual, observamos diversos pontos, tanto positivos quanto negativos. Uma questão que foi relatada durante a formação d@s facilitador@s em relação a esta instituição e observamos quando fomos visitá-la, foi o grande gasto financeiro que esta tem todo mês em manutenção para tão pouca demanda de gestantes da cidade de Lapa. Consideramos uma questão a se discutir e analisar, principalmente em relação a real necessidade de uma instituição desse porte para um município com aproximadamente 45 mil habitantes. Contudo, ressaltamos que é bem equipada, realiza diversos testes essenciais nos primeiros dias de vida, como teste do pezinho, teste da linguinha, teste da orelhinha. Porém não apresenta UTI neonatal, na qual @s pacientes são encaminhados para as cidades vizinhas, como Campo Largo ou Curitiba. As mães que apresentam algum fator de risco que possa prejudicar o percurso da gestação recebem atendimento mensalmente da equipe, este dura até alguns meses pós parto. E 60% dos partos realizados são partos humanizado, o que é um número positivo e significativo. Na manhã deste dia, a equipe Semente Crioula fez uma vivência no setor da Vigilância Epidemiológica no município da Lapa. Conversamos com as duas técnicas em enfermagem responsáveis pelas ações, tas quais foram resumidas em: notificações, campanhas de prevenção, campanhas de vacinação, entre outras. Dos municípios das 2ª Regional, a Lapa ficou entre os 5 melhores na função de notificar as ocorrências epidemiológicas da cidade. As servidoras relataram que as campanhas são feitas principalmente ainda no centro da cidade, mas tem como objetivo que as Estratégias de Saúde da Família (ESF) promovam esses programas nas comunidades distantes. Um ponto positivo apontado pelas técnicas foi que em 2013 ocorreram 10 casos de óbito infantil e em 2014 esse número baixou para 4 casos. Relataram que há aproximadamente 47 casos de HIV\Aids na cidade, tod@s @s pacientes vão para Curitiba fazer seus exames, e a grande maioria, perto de 40 pacientes, pegam o remédio na cidade de Curitiba; isso se dá, pelo fato de muit@s terem vergonha ou medo de pegar o remédio na Lapa, visto que a cidade é de pequeno porte e a possibilidade de alguém reconhecer @ paciente na unidade é grande, e isso, devido a muitos preconceitos ainda vinculados a HIV\Aids, gera muitas vezes constrangimentos n@s pacientes. No início da tarde foi visitado o Centro Odontológico da Lapa o qual atende toda a cidade por demanda espontânea presencial, ou seja, é necessário que @s usuári@s vão até o serviço para marcar uma consulta odontológica. É feita triagem pela manhã e tarde e a equipe do serviço é composta por três dentistas, técnicos e auxiliares, e a demanda é de em média 6 pacientes por período, mais um para emergência para cada dentista. No Centro Odontológico gestantes, idosos e pessoas com deficiência têm atendimento preferencial. São realizados os procedimentos básicos. A equipe do serviço não tem referência de encaminhamento para atenção secundária (especialistas) e o serviço de prótese total é terceirizado. O material do centro Odontológico é de boa qualidade e quantidade. O serviço faz ações preventivas como flúor nas escolas e palestras, realiza biópsia, mas não tem RAIO-X. Como uma dificuldade do serviço foi ressaltado pela auxiliar que apresentou o serviço para a equipe, que o acesso geográfico é difícil. Após a visita no Centro Odontológico, foi visitado o Centro de Atendimento à Mulher, que está em transição para se transformar em uma ESF. No serviço são ofertados atendimentos básicos, como acompanhamento às gestantes, planejamento familiar e atendimento ginecológico. A demanda do serviço é programada e uma vez por semana são realizados atendimentos para pessoas que possuem algum tipo de deficiência. Foi comentado sobre violência contra mulher e que existe um grande índice de gravidez na adolescência sendo que nesses casos o Conselho Tutelar é acionado. Foi falado que nos casos de violência, a equipe da Clínica da Mulher expressou que o tempo da mulher é respeitado, ou seja, independentemente se a mulher quer ou não denunciar, ela é atendida e acolhida. Foi falado sobre um projeto em que haverá um ônibus lilás percorrendo a cidade da Lapa para realizar trabalhos de prevenção e promoção à saúde da mulher. Esse ônibus terá a parceria da Secretaria de Ação Social. As auxiliares que atenderam a equipe Semente Crioula relataram que o serviço não é procurado para questões relacionadas ao aborto. Em casos de HIV/AIDS a Clínica da Mulher notifica a vigilância epidemiológica e é feito o acompanhamento. Foi relatado que há um número maior partos cesarianos do que normal, e que na maternidade está sendo feito o projeto de parto humanizado. Já a equipe 3 realizou uma visita em uma unidade de pronto atendimento (UPA), na qual foi conversado com dois enfermeiros e o diretor da unidade. Percebeu-se uma boa relação entre @s profissionais, sendo que eles também realizam reuniões em grupos para melhorar e fortalecer o vínculo entre a equipe, como comentado pela enfermeira, que realiza o incentivo por meio de reuniões, a humanização dos profissionais da equipe, como na triagem. Os profissionais estão dispostos a realizar o trabalho da melhor maneira possível, como a adaptação da ambulância BRAVO (com equipamentos da UPA) para atendimentos realizados pela ambulância ALFA. Além disso, por meio da perspectiva da humanização, promovem um melhor atendimento e muitas vezes a diminuição de atendimentos ambulatoriais. Foi disponibilizado um eletrocardiograma para detectar problemas cardiológicos (infarto) que facilita o diagnóstico e intervenção rápida, em que apenas cinco municípios dispõe deste privilégio. O grupo notou falhas como a pouca integração e o favorecimento d@s médic@s junto a equipe de enfermagem. Outro problema é o fato da realização de consultas que deveriam pertencer as Estratégia de Saúde da Família (ESF) e acabam sobrecarregando o serviço. Também encontrou- se a falta de verba para investimento da UPA, sendo destinado apenas cem mil reais por parte do governo federal e duzentos e cinquenta mil pelo município. Uma melhor integração entre @s médic@s é, portanto, muito importante, pois irá melhorar o atendimento e o convívio da equipe. Também deve-se realizar uma conscientização da população referente à procura dos atendimentos dependendo da necessidade, o que diminui o número de atendimentos que não façam parte da urgência e emergência (possível solução para falta de verbas). No período da tarde @s viventes visitaram o hospital São Sebastiao, que é referência no tratamento de tuberculose a longo prazo. São tratados indivíduos com dependência química, morador@s de rua, abandonados pela família. Muitos del@s já são encontrados com outras patologias, como a AIDS por exemplo, que acaba acarretando uma dificuldade na cura da tuberculose. Foi relatada a importância de incentivar @s pacientes a realizar atividades diferenciadas e culturais, como por exemplo, sessão de cinema, realização de artesanatos, oficinas de saúde e outras. No entanto, é notado pel@s profissionais do hospital a dificuldade da participação d@s pacientes a essas atividades ofertadas, o que não é bom, pois elas favorecem uma interação e ocupação d@s pacientes, sendo importante por conta da grande duração do tratamento. @s viventes conheceram a reforma dos pavilhões, que tem como objetivo melhorar a qualidade da internação d@s pacientes e também a do trabalho d@s profissionais. As atuais alas de internamento não possuem uma infraestrutura ideal, como ar condicionado, filtro HEPA (que filtram o agente da doença e outras partículas), banheiros adaptados, leitos individuas, estes que estarão presentes na nova infraestrutura que está sendo reformada. Na conversa com o dentista do hospital, foi mostrado seu modo de trabalho mais humanizado. El@s se importam com a valorização da auto-estima d@ paciente, pois muitos del@s, estão em abstinência química e longe da família, o que facilita a aceitação d@s pacientes em frente a internação. Foram mostradas fotos deste trabalho, onde muit@s pacientes ganharam próteses dentárias, o que @s alegrou para dar continuidade ao tratamento, sendo então um grande incentivo. Quando @ paciente não tem mais contato com sua família, e/ou desconhecem o seu paradeiro, @s assistentes sociais se importam muito em encontrá-las, para poder refazer o vínculo familiar e incentivar o contado delas com @ paciente por meio de visitas e telefonemas. Muitas vezes, isso acaba motivando @s pacientes a ter forças para continuar o tratamento, e também deixá-l@s mais felizes e acolhid@s. Um dos grandes problemas encontrados é a questão do pós-tratamento. A inclusão d@ paciente na sociedade tem sido complicada, pois a maioria dest@s não são do município, assim o hospital possui dificuldade de conseguir apoio para essa reintegração à sociedade. Foi comentado que quando @ paciente não tem a sua família encontrada, ou esta não @ aceita após o termino do tratamento, el@ acaba voltando ás ruas, estando então suscetível a se contaminar novamente. Um projeto em conjunto com assistentes sociais, portanto, pode ser feito para que não haja a volta d@s pacientes à rua e seja feita a integração como um todo na sociedade. Ainda durante a tarde as Equipes 1 e Semente Crioula visitaram também a Comunidade Terapêutica Cerene que foi fundada inicialmente com parceria com a Igreja Luterana e a Cruz Azul. Atualmente, existem cinco instituições Cerene, sendo que destas uma é destinada ao público feminino. A visita d@s viventes foi realizada em uma destas instituições que é voltada ao público masculino. Caracterizada como uma entidade filantrópica, essa comunidade terapêutica tem como previsão atender dependentes de álcool e outras drogas com um tratamento de 180 dias, podendo variar de acordo com a demanda do paciente. . Ao chegarem no local @s viventes foram recebid@s por um residente da comunidade e por um coordenador. Inicialmente o residente mostrou para @s viventes do VER-SUS o espaço físico da comunidade e contou sobre a forma de tratamento. O espaço físico do CERENE é amplo e aberto. Fica localizado em uma chácara, que contém varias áreas de lazer como: quadra de futebol, mesa de sinuca, tanque para pesca e banho, cancha e bosque com churrasqueiras. Os internos realizam atividades como laboterapia, consultas com profissionais sendo essas individuais ou em grupos, e momentos religiosos. Em seguida, @s viventes foram assistir uma apresentação da comunidade que tinha como intuito mostrar o funcionamento e objetivos da mesma, a partir disso, pode-se perceber que o dia-a-dia dos usuários é organizado de uma maneira regrada, de uma maneira que em todos os horários existem atividades a serem feitas. Segundo o coordenador, a base do tratamento é a palavra de Deus e a abstinência; sendo que dos usuários atendidos uma média de 50% deixam de utilizar álcool e outras drogas com esse método, mas percebemos, durante a conversa, uma taxa de reinternação muito elevada. A partir disso, é possível questionar o êxito de tratamento, que segundo estudos do conselho federal de psicologia e relatado pelo funcionário é de aproximadamente 10%. Frente a isso concluímos que tal investimento de dinheiro público poderia ser melhor aproveitado, nas redes substitutivas, como na construção e manutenção de CAPS. O coordenador contou que existem muitos casos de “recaídas” e que a comunidade recebe reincidentes. Percebemos que a comunidade não é vinculada a nenhuma política pública destinada à usuári@s de álcool e outras drogas e que a espiritualidade ainda é o pilar para seu funcionamento. Embora, a partir de 2013 com a criação do plano federal de combate ao crack, foi regulado formas de financiamento publico das comunidades terapêuticas, através da transferencia de verbas do SUS para as comunidades. Questionamo-nos a respeito da lógica de tratamento da comunidade, pois na fala de L. ficou evidente que não é feito um trabalho abrangente e intersetorial, ou seja, os pacientes ficam isolados de seu contexto social e familiar por seis meses, e embora haja a tentativa de inseri-los socialmente, essa inserção é feita em outras comunidades terapêuticas, ou lugares escolhidos pelo Cerene. Nesse sentido, acreditamos ser necessário que comunidades terapêuticas levem em conta, e busquem proporcionar a autonomia d@s sujeit@s. Outra crítica é referente a falta de trabalho territorial, pois a política do CERENE e de abstinência dentro de um local artificial, não contemplando as relações anteriores do paciente, como por exemplo, trabalhar as relações afetivas dentro de seu território de origem, negando muitas vezes partes importantes da vida do sujeito. Percebemos também práticas não humanizadas, como por exemplo, o abandono de pacientes que por algum motivo fizeram o uso de álcool ou outras drogas durante o tratamento. Em discussão no grupo questionamos se esses, sujeitos abandonados, não são justamente os financiados pelo SUS, pois entendemos que o custo de manutenção de um paciente por sua família é muitas vezes elevado e inviável para a grande maioria da população. No dia 06, no período da manhã, todos @s viventes participaram de uma roda de conversa sobre intersetorialidade com algumas profissionais do SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Comentamos sobre a vulnerabilidade social com foco na violência. Na qual o Centro de Referência a Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) são serviços de Políticas Públicas que tem como uma das funções com os índices de violência da cidade buscando formas de amenizar os impactos na sociedade e coordena e organiza os programas atuantes nos municípios, além de trabalhar com jovens em situação socioeducativa questões de cidadania. A cidade de Lapa inseriu programas voltados à população em situação de vulnerabilidade, com o objetivo de promover a promoção e prevenção da saúde. Mensalmente há um reunião da rede, na qual é discutido os casos e situações de violência do município. “Programa Nosso Bairro Melhor” com o intuito de ouvir questões da problemática da violência. “Comunidade em Movimento” apresenta atividades relacionadas ao lazer, escola, rodas de conversas com a comunidade com a temática drogas, álcool, saúde, entre outros. Os Clubes de Mães uniram-se para criar o “Programa Mulheres em Ação”, composto por mulheres não necessariamente mães, neste realizam atividades físicas, fazem artesanato, tem acompanhamento nutricional, e procuram criar novos programas que visam melhoram o bem estar da mulher. Discutimos, também, o êxodo rural relacionados as condições socioeconômicas, surgindo a partir disso o questionamento: a população muda para cidade a procura de melhoria na infraestrutura que não encontrava no campo, ou migra para os centros urbanos e consequentemente piora as condições socioeconômicas? Em meio à reflexões de uma semana inteira de visitas, no período da tarde, partimos então para uma devolutiva referentes aos serviços visitados durante a semana. Contamos com um número significativo de participantes, além d@s profissionais e usuári@s, a prefeita também compareceu à devolutiva, o que mostra interesse da cidade nas questões de saúde. Para iniciar a devolutiva, o coletivo realizou uma mística, com algumas/alguns participantes declamando um poema, convidando todos @s presentes a refletirem a importância de se ampliar o olhar para as questões da saúde. Após a apresentação do poema, a discussão seguiu a partir de algumas palavras-chave postas no centro da roda, o objetivo era que @s profissionais, usuári@s e participantes do coletivo pegassem a folha com uma das palavras e falassem o que conheciam e suas opiniões sobre tal palavra. A devolutiva foi um espaço no qual as pessoas ali presentes puderam expor seus olhares sobre a realidade do sistema de saúde publica da cidade da Lapa: @s versusian@s a partir de suas visitas, questionamentos e posicionamentos e os profissionais a partir daquilo que vivenciam diariamente trabalhando na saúde pública da cidade. Ao final das discussões, @s participantes do Ver-SUS agradeceram o espaço proporcionado pelos serviços para realizar as vivências e também a secretaria de saúde pelo apoio e acolhimento do projeto. Também foi apresentado um vídeo com algumas das fotos tiradas pel@s própri@s viventes, facilitador@s e apoiadoras que retrataram um pouco das visitas aos serviços de saúde pública da cidade, e também da rotina de vivência no Assentamento Contestado. No sábado, dia 7 de fevereiro, o coletivo reuniu-se pela manhã na Plenária do Assentamento Contestado para realização da devolutiva à comunidade. A forma de disparar a discussão ocorreu da mesma forma que foi realizada na cidade, porém, a mística foi realizada por dois viventes do projeto, que apresentaram um diálogo abordando a questão do agronegócio. Logo após a apresentação, a equipe do VER-SUS foi selecionando as palavras-chave (saúde ampliada, saberes populares, coletivo, representatividade, agroecologia, etc.) postas no centro da roda para expor aos/as morador@s da comunidade que estavam presentes sobre seus novos olhares adquiridos após a vivência com el@s, além de abrir espaço para que tais pessoas também pudessem falar sobre a experiência de receber a equipe do VER-SUS em sua comunidade. O final da discussão ficou com a palavra agroecologia, onde agradecemos a comunidade pelo ensinamento de outros modos de vida, de alimentação e de saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio de nossas discussões, realizadas durante todo o período da vivência, pudemos perceber o quanto o VER-SUS contribuiu para a nossa formação enquanto futur@s profissionais da área da saúde. Não somente por termos conhecido de forma muito mais próxima o Sistema Único de Saúde, mas por termos conhecido tantas formas alternativas de se fazer saúde, as quais vêm perdendo cada vez mais o seu espaço, raramente chegando às graduações e universidades. Acreditamos na defesa destas formas de saúde, pois não vemos um saber se sobrepondo aos outros, e, portanto, não há motivo para o saber acadêmico não andar ao lado dos saberes popular. Enfatizamos que cada versusian@ saiu afetado deste VER-SUS de alguma maneira, e independente do que cada um levou para si, todos saíram com a missão de difundir os conhecimentos e reflexões adquiridos durante este estágio de imersão.