CAPA ISTOÉ ÍNDICE EDIÇÃO 2411 | 24.FEV.2016 EDITORIAL O arsenal de Moro AS PROVAS DO CRIME ELEITORAL NA CAMPANHA DE DILMA por Marcelo Rocha ENTREVISTA Quase duas mil páginas de documentos, encaminhados pelo juiz da Lava Jato ao TSE, indicam o uso de pagamento de propina nas campanhas de Dilma por meio de doações oficiais BRASIL O arsenal de Moro Quase duas mil páginas de documentos, encaminhados pelo juiz da Lava Jato ao TSE, indicam o uso de pagamento de propina nas campanhas de Dilma por meio de doações oficiais. Eles poderiam estar presos Decisão do STF permite que condenados em 2ª instância comecem a cumprir pena antes do julgamento de recursos e pode reduzir a impunidade. O que o MP quer saber de Lula Além de colher informações sobre o tríplex no Guarujá, promotores pretendem apurar esquema de ocultação de patrimônio que envolveu o ex-presidente e petistas ilustres. Agenda de conveniência Planalto recorre a artifícios duvidosos e ajuda a reeleger Leonardo Picciani como líder do PMDB, mas a vitória não foi a esperada. A nova estratégia da oposição Apesar de adotarem uma linha mais propositiva, os oposicionistas não abandonarão a fiscalização ao governo Dilma. COMPORTAMENTO As cartas do papa João Paulo II Correspondências de 30 anos entre religioso e filósofa revelam face surpreendente de um dos pontífices mais rigorosos com as questões morais do século 20. O superfaturamento do FIES Levantamento obtido por ISTOÉ revela que Ministério da Educação divulgou um número de favorecidos 8,57% maior que o total de estudantes beneficiados em 2015. O segredo de Michelangelo "Estou atrás de dinheiro" Governador do Rio descreve uma crise sem precedentes, busca fórmulas para conter o desemprego depois da Olimpíada e diz que seu maior legado será deixar um Estado que sobreviva sem os recursos do petróleo Estudo revela que mestre do Renascimento sofria de severa artrite na velhice, período em que produziu obras-primas . Consultório dos estupros Médico de Florianópolis é preso por abusar sexualmente de pacientes durante consultas. Segundo denúncia, crimes acontecem há pelo menos oito anos e envolvem mais de 50 vítimas. O fim do mistério Ministério Público retoma investigação sobre o caso Elize Matsunaga e se aproxima daqueles que a ajudaram a esquartejar e ocultar o corpo do marido. COMPORTAMENTO GENTE Descomplicada Vanessa Giácomo só quer uma coisa após o término das gravações da novela das nove "A Regra do Jogo": férias. "Só penso em descansar, viajar, curtir minha casa, meus filhos e meu marido", diz a atriz global, na reta final com sua protagonista, Tóia GENTE Tropicália No Brasil para a turnê dos Rolling Stones, Mick Jagger já entrou no clima de "viva a bossa" em território nacional. Encontrou-se com Caetano Veloso e Paula Lavigne, morreu de amores por Vanessa da Matta e dançou até o chão numa festa GENTE Rolê com os amigos nos shows do pai Filho de Mick Jagger com Luciana Gimenez, Lucas Jagger, que completa 16 anos em maio, planejou ir aos shows da turnê do pai no Brasil com uma turma de amigos GENTE Karl e Niterói Karl Lagerfeld escolheu: o MAC, museu 'disco voador' de Oscar Niemeyer, em Niterói (RJ), inspira a campanha da coleção do "kaiser" para as lojas Riachuelo, que será exibida em abril, no São Paulo Fashion Week. Karl não vem GENTE O chefão da Netflix foi ver de perto Enquanto o Brasil pulava Carnaval, o todo poderoso CEO e co-fundador da Netflix, Reed Hastings, voou para Bogotá, na Colômbia, para ver Wagner Moura em ação GENTE "Tenho certeza que vão me chamar para depor" Andrés Sanchez, que teve papel predominante na construção da Arena Corinthians, disse ter "certeza absoluta" de que o estádio, no bairro de Itaquera, na zona Leste de São Paulo, será incluído nas investigações da Lava Jato GENTE Vai acabar Ainda há lindas peças à venda, mas corra porque vai acabar. Poderia ser só o velho truque de marketing para ativar as compras, mas Gisele Bündchen decidiu encerrar neste ano sua linha de lingerie GB intimates MEDICINA & BEM-ESTAR No mundo virtual contra a depressão Pacientes tratados com a ajuda de duas novas tecnologias apresentam melhora significativa dos sintomas da doença. Uma vitória sobre a leucemia Tratamento inovador usa as próprias células de defesa do corpo para retardar a progressão do tumor. ECONOMIA & NEGÓCIOS Juros negativos: a solução para a crise? No Japão e na Suécia, agora o investidor pode receber do banco menos do que aplicou. A dúvida é se a medida será capaz de fazer a economia acelerar. ECONOMIA & NEGÓCIOS SEU BOLSO Como viabilizar projetos de crowdfunding Cada vez mais pessoas recorrem às "vaquinhas virtuais" para realizar sonhos. Saiba o que fazer para conquistar o seu MUNDO Macri seduz os empresários - até os brasileiros Como a política econômica liberal do presidente argentino Mauricio Macri abriu caminho para tirar o país do isolamento nos mercados internacionais. CULTURA Sem escrúpulos Chega ao Brasil livro que revela os bastidores do escândalo de espionagem ilegal, tráfico de influência e corrupção policial que abalaram um dos maiores impérios de comunicação do mundo e fecharam um tablóide britânico. CULTURA EM CARTAZ | CINEMA Bem acompanhadas Não seria demais avisar que "Como ser solteira" é mais um filme de mulheres que declaram querer ficar solteiras e acabam esbarrando na tentação de se relacionar EM CARTAZ | MOSTRA O baú de Luiz Sergio Person O cineasta Luiz Sergio Person morreu em 1976, deixando filmes essenciais como "São Paulo S/A", produção sobre a angústia de viver sob as engrenagens industriais da cidade EM CARTAZ | TELEVISÃO Armas no lugar do bisturi Hugh Laurie se tornou conhecido (e ajudou a tornar famosa) com a série "House", grande audiência dos anos 2000. Agora, ator inglês volta agora à televisão como o inescrupuloso traficante de armas Richard Onslow Roper, vilão de "The Night Manager" EM CARTAZ | LIVROS Inédito de Cabrera Infante Apesar de dez anos passados da morte de Guillermo Cabrera Infante, muitos de seus escritos permaneciam inéditos. "Corpos Divinos", que a Companhia das Letras coloca agora nas livrarias, traz um último e inconcluso texto do escritor cubano EM CARTAZ | AGENDA Tim/Teresa/Banalidade Confira os destaques da semana CULTURA ARTES VISUAIS De olhos fechados Diários do artista José Leonilson, gravados nos anos 1990 em fita K7 com a intenção de se tornar livro, ganham forma de longa-metragem ARTES VISUAIS | ROTEIROS O que você perguntaria à sua cidade? PROJETO PERGUNTA - Coletivo Mil M2/ Casa França-Brasil, RJ/ até 28/2 A SEMANA Cartas Cartas 2 FHC é um bom pai O terror perdeu para o rock DEMOCRATA OBAMA REPETE O CONSERVADOR COOLIDGE Onde começa o Alzheimer Condenado no Brasil suspeito de espionagem RS 46,6 bilhões A artista e perita Berna Reale merece respeito Selfie com o "japonês da Federal" Após 17 anos, mãe de um dos atiradores de Columbine fala sobre a tragédia Órgãos em impressora 3D R$ 192 milhões, O xadrez que o juiz Scalia deixa para a Casa Branca Papa admite uso de contraceptivo HPV, sexo e câncer de garganta CAPA BRASIL ISTOÉ BRASIL | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 13:45 O arsenal de Moro Quase duas mil páginas de documentos, encaminhados pelo juiz da Lava Jato ao TSE, indicam o uso de pagamento de propina nas campanhas de Dilma por meio de doações oficiais Marcelo Rocha Na última semana, veio à tona a informação de que o juiz Sérgio Moro enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro, documentos relacionados à Operação Lava Jato a fim de subsidiar o processo na corte que investiga se dinheiro da corrupção na Petrobras abasteceu o caixa eleitoral da presidente Dilma Rousseff. É crime, se comprovada tal suspeita. E motivo suficiente para a cassação da chapa Dilma-Temer. Num ofício de três páginas, Moro destacou que, em uma de suas sentenças, ficou comprovado o repasse de propinas por meio de doações eleitorais registradas, o chamado caixa oficial. E apontou o caminho que o TSE deve trilhar para atestar o esquema, qual seja: ouvir os principais delatores. O que dá força e materialidade às assertivas de Moro são dez ações penais, anexas ao ofício enviado ao TSE, às quais ISTOÉ teve acesso. O calhamaço, com 1.971 páginas, reúne depoimentos, notas fiscais, recibos eleitorais e transferências bancárias. A documentação reforça que as propinas do Petrolão irrigaram a campanha de Dilma e que o dinheiro foi lavado na bacia das doações eleitorais oficiais. De acordo com as provas encaminhadas por Moro, a prática, adotada desde 2008, serviu para abastecer as campanhas de Dilma em 2010 e 2014. Sobre a campanha de 2014, constam dos documentos em poder dos ministros do TSE uma troca de mensagens em que Ricardo Pessoa, da UTC, discute com Walmir Pinheiro, diretor financeiro da empreiteira, detalhes sobre a transferência de R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma. As mensagens indicam que as doações da UTC para a candidata à reeleição estavam diretamente associadas ao recebimento de valores desviados da Petrobras, estatal que é tratada por Pinheiro na conversa como “PB”. “RP (Ricardo Pessoa), posso resgatar o que fizemos de doações esta semana?? Ta pesado e não entrou um valor da PB que estava previsto para hj, +/- 5 mm”, questiona o executivo, que foi preso em novembro de 2014 durante a Operação Juízo Final. O dono da UTC concorda: “Ok. Pode”. Na papelada em exame pelo TSE, além das mensagens, há um registro à caneta confirmando os dois repasses de R$ 2,5 milhões à campanha de Dilma em 2014. Em depoimento à Justiça Federal, prestado no ano passado, Pessoa disse que foi persuadido a doar para a campanha à reeleição da presidente, sob pena de ver cancelados contratos milionários da UTC com a Petrobras. Segundo o empreiteiro, diante das pressões, as doações oficiais – via caixa um – para a campanha de Dilma foram acertados em R$ 10 milhões, mas apenas R$ 7,5 milhões foram pagos. A parte restante não foi depositada porque o empresário acabou preso pela Operação Lava Jato em novembro de 2014. Em setembro do ano passado, Pessoa esteve na Justiça Eleitoral para prestar depoimento, mas permaneceu em silêncio em razão das restrições impostas pelo acordo de colaboração firmado com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas em petição o PSDB, por meio de seus advogados, insiste para que este material, envolvendo o dono da UTC, seja considerado pelo TSE. E AGORA, TSE? Para Sérgio Moro, tribunal deve ouvir delatores que confirmaram fraude eleitoral Houve condenação em três das dez ações penais encaminhadas por Moro à Justiça Eleitoral. Especialistas ouvidos por ISTOÉ fazem o seguinte raciocínio: as mesmas provas que serviram para condenar quem pagou propina, e quem intermediou o pagamento, também devem servir para condenar quem se favoreceu do propinoduto. Um dos processos encaminhados por Moro implica severamente a primeira campanha de Dilma e ilustra o funcionamento do esquema. Trata-se do processo em que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi condenado por organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a sentença assinada por Moro, comprovou-se que dinheiro ilícito foi lavado pelos acusados na forma de doação partidária. Entre 2008 e 2012, empresa ligada ao Grupo Setal, do delator Augusto Mendonça, repassou R$ 4,25 milhões ao diretório nacional do PT, dos quais R$ 1,6 milhão entre janeiro e julho de 2010, ano em que Dilma foi eleita presidente da República. “Augusto Mendonça esclareceu que fez essas supostas “doações”, que eram pagamentos de propina, a pedido de Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) e com o auxílio de João Vaccari”, afirmaram os procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato no Paraná. “Cada pagamento era deduzido do montante de propina devido. O momento das propinas e os valores eram indicados por Renato Duque, enquanto as contas e Diretórios do PT que recebiam os pagamentos eram indicados por João Vaccari.” De acordo com os representantes do Ministério Público Federal, os repasses ao PT ocorrem em datas próximas a pagamentos liberados pela Petrobras aos consórcios Interpar e Intercom, dos quais faziam parte empresas do Grupo Setal. Segundo a documentação enviada pelo juiz da Lava Jato, as doações ao Diretório Nacional do PT foram feitas por empresas controladas por Augusto Mendonça, entre elas a PEM Engenharia. Logo depois que a Petrobras efetuou pagamentos ao consórcio de empresas que integravam a Setal, foram realizadas quatro doações nos dias 7, 8, 9 e 10 de abril de 2010. Há registros de todas elas. Um dos recibos, ao qual ISTOÉ teve acesso, atesta o repasse de R$ 50 mil no dia 7 de abril de 2010 para o Diretório Nacional petista, responsável por centralizar as doações destinadas à campanha de Dilma. Ainda de acordo com o material disponibilizado por Moro ao TSE, “analisando as doações, chama a atenção que, para alguns períodos, eles aparentam ser alguma espécie de parcelamento de uma dívida, como as doações mensais de R$ 60.000,00 entre 06/2009 a 01/2010 ou entre 04/2010 a 07/2010”. Nos anexos da Lava Jato, obtidos por ISTOÉ, há os comprovantes de transferências bancárias pela Setal no valor de R$ 60 mil por meio da modalidade TED. As evidências do pagamento de propina à campanha petista por meio de doações oficiais aparecem ainda no processo criminal, anexado por Moro, em que são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro o ex-ministro José Dirceu e executivos da Engevix, empreiteira acusada de fazer parte do cartel que fraudou licitações da Petrobras. Em delação premiada, um dos donos da empresa, Gerson Almada afirmou que, a pedido do lobista Milton Pascowitch, ligado a Dirceu, efetuou doações ao PT “nas épocas das eleições ou em dificuldades de caixa do partido”. No conjunto de documentos, em análise pelo TSE a pedido do juiz da Lava Jato, há ainda uma ação em que constam como réus dirigentes da empreiteira Andrade Gutierrez. Nela, os representantes do MPF incluíram um organograma que revela um fluxo de R$ 9 milhões em propina, dos quais R$ 5,29 milhões teriam abastecido as arcas do PT. A iminente revelação das relações do governo petista com a Andrade tira o sono dos auxiliares da presidente. Recentemente, o PSDB, autor de ações contra Dilma na seara eleitoral, ingressou com uma petição no TSE pedindo que o conteúdo da delação premiada dos executivos da Andrade seja enviado à corte eleitoral. Este material promete ser tóxico para o Planalto. É que os executivos da empreiteira prometeram revelar informações sobre pedidos de doações eleitorais para a campanha de Dilma em 2010 e 2014. GERENTE DELATOR Pedro Barusco, ex-gerente da petrobras, confirmou repasses por meio de Vaccari Além da ação de impugnação de mandato eletivo, a presidente responde no TSE a duas ações de investigação judicial eleitoral. As acusações atingem a chapa presidencial, incluindo, portanto, o vice, Michel Temer (PMDB-SP). A tendência é a de que a ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora do caso, reúna tudo num único procedimento. Cabe à ministra decidir também se leva adiante a sugestão do juiz Sérgio Moro de ouvir delatores da Lava Jato. No tribunal, a expectativa é que os delatores sejam chamados a depor. Entre eles, Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Augusto Mendonça. Os advogados do PSDB articulam estratégia de recorrer ao plenário, caso a relatora ignore os documentos encaminhados por Moro. A defesa de Dilma contesta a admissibilidade das informações relativas à Operação Lava Jato. Um dos principais argumentos apresentados pela defesa da presidente é de que a sugestão de que colaboradores da Lava Jato sejam ouvidos pelo TSE seria uma tentativa de contaminar o julgamento eleitoral a partir de uma investigação já em andamento na Justiça Criminal. Mera firula jurídica. Entre autoridades em direito eleitoral ouvidas pela ISTOÉ é unânime a avaliação de que é, sim, responsabilidade da Justiça Eleitoral analisar casos em que há indicações de abuso de poder econômico e político na arrecadação de fundos de campanha. O ex-procurador-geral do Maranhão Ulisses César Martins de Sousa cita o Artigo 14 da Constituição, que prevê o cabimento da ação de impugnação de mandato eletivo quando apresentadas provas de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude. “Portanto, diante dos indícios de irregularidades é perfeitamente cabível o manejo da ação referida visando apurar a licitude – ou ilicitude - das doações eleitorais destinadas à campanha da presidente”, afirma. “Não se trata aqui de examinar o aspecto penal envolvido no exame da licitude de tais doações. A discussão busca apurar se tais doações configuram o abuso de poder econômico e político, que autoriza a cassação dos mandatos eletivos. Tal debate não depende do julgamento das ações penais onde também é apurada a ilicitude dessas doações.” A mesma avaliação é feita pelo sócio fundador do Instituto de Direito Político e Eleitoral (IDPE) e sócio do escritório Tosto e Barros Advogados, Eduardo Nobre. De acordo com ele, o entendimento adotado pela maioria do TSE ao reabrir a ação do PSDB que pede a impugnação dos mandatos de Dilma e Temer revelou que a Corte entende que é de sua alçada a investigação acerca da origem das verbas eleitorais. NOVA FASE TSE, que será presidido pelo ministro Gilmar Mendes, deve acatar sugestão de Sérgio Moro para ouvir delatores da Lava Jato Em parecer enviado ao TSE na semana passada, o vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, rebateu a alegação dos advogados de Dilma e se manifestou favorável ao compartilhamento das informações da Lava Jato. De acordo com Aragão, é fajuto o argumento do PT de que a documentação não pode ser admitida como prova emprestada. Assim que esse arsenal de informações e documentos for admitido e reconhecido pelos ministros do TSE, a chapa Dilma e Temer correrá sérios perigos. Colaborou Mel Bleil Gallo FOTOS: IGO ESTRELA, AFP PHOTO/EVARISTO SA/AFP/EVARISTO SA; PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS, LINCON ZARBIETTI/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO; PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS; ALAN MARQUES/FOLHAPRESS; AILTON DE FREITAS/AGÊNCIA O GLOBO CAPA ISTOÉ EDITORIAL A SEMANA > EDITORIAL EDITORIAL | N° Edição: 2411 | 19.Feb.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Apr.16 - 13:28 "AS PROVAS DO CRIME ELEITORAL NA CAMPANHA DE DILMA " Carlos José Marques, diretor editorial Chegou às barras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o mais contundente conjunto de provas – notas fiscais, registros de transferências bancárias e recibos eleitorais – de que se tem notícia para demonstrar claramente como dinheiro de origem criminosa irrigou as campanhas do PT, especialmente a da chapa presidencial vitoriosa de Dilma e Temer, nas ultimas eleições. São documentos e testemunhos que não deixam dúvidas sobre a ilicitude dos meios adotados pelo Partido para se manter no poder, garantindo um segundo mandato a presidente. No entender do juiz Sergio Moro, que conduz a operação Lava-Jato e encaminhou ao TSE o calhamaço de apurações, “o fato comprovado revela um aspecto perverso do esquema criminoso que afetou a Petrobras: a utilização de dinheiro de propina para financiar atividades político-partidárias, com afetação do processo político democrático”. Moro informou ao TSE que “reputou-se comprovado o direcionamento de propinas...para doações eleitorais registradas”. Em outras palavras, ficou claro que as últimas eleições foram usadas pelo Partido dos Trabalhadores para lavar o dinheiro da corrupção na estatal. O que, na prática, deveria invalidar o mandato presidencial vigente, impugnando a chapa eleita. Com o atestado apresentado por Moro, e seguindo ao pé da letra os artigos constitucionais, a eleição de Dilma configurou-se como ilegal. Resta agora uma decisão eminentemente política a ser votada pelo colegiado de ministros do TSE. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse não estar ‘convencido’ da gravidade necessária para imputar a perda do mandato de Dilma e encaminhou essa sua avaliação ao TSE. Nela, alega que para tal cassação são exigidas “condutas, já à primeira vista, gravíssimas”, que ele a princípio não enxerga. Como jurista, Janot inova na interpretação da lei. Por essa sua linha de raciocínio, muito em voga fora dos meios legais, existiriam, por assim dizer, ladrões e ladrões. Aquele que rouba galinhas mereceria pena mais branda que o assaltante de bancos, ou até o perdão. Por caminhos tortos, o conceito seria aplicado à condição da presidente eleita. Na verdade, o que está em jogo não é o tamanho do crime praticado, mas quem o praticou. Em se tratando de uma presidente da República, muitos – especialmente simpatizantes e aliados - consideram que ela deveria ter um julgamento mais condescendente. Um equívoco legal grotesco, se assim for. Afinal, como princípio universal, todos são iguais perante a lei. Se as provas em questão já serviram para condenar réus que atuaram como atravessadores do esquema, por que não serviriam para condenar aqueles que foram os beneficiários finais da engrenagem criminosa? Em causas menores – e passíveis de uma maior compreensão por parte da sociedade – mães que roubaram alimentos para dar de comer a seus filhos não tiveram a mesma sorte e foram parar atrás das grades. Eram pobres, naturalmente, e sem recursos não tinham alcance ao aparato de juristas do porte do senhor Janot, letrados nas brechas dos códigos penais. Dilma, ao contrário, pode contar não apenas com uma poderosa bancada de advogados, como também, eventualmente, com a benevolência dos togados, para a perplexidade geral. Que esse não seja o mau exemplo a ser dado pelo poder judiciário brasileiro e que, acima das pressões e conluios, prevaleça a letra da lei a reger igualmente o destino de todos. CAPA ISTOÉ ENTREVISTA A SEMANA > ENTREVISTA ENTREVISTA | N° Edição: 2411 | 19.Feb.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Apr.16 - 11:58 Luiz Fernando Pezão "Estou atrás de dinheiro" Governador do Rio descreve uma crise sem precedentes, busca fórmulas para conter o desemprego depois da Olimpíada e diz que seu maior legado será deixar um Estado que sobreviva sem os recursos do petróleo por Eliane Lobato Dois grandes desafios pairam sobre o Rio de Janeiro: viver sem petróleo, já que o preço do barril despencou de US$ 100 para cerca de US$ 30, e sobreviver após a Olimpíada, em agosto, quando muitas obras terão acabado e poderá haver desemprego em massa. Já amargando as consequências das perdas com o petróleo, que respondia por 70% da geração de riqueza do Estado, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) tenta alternativas à chamada “óleo dependência” do Rio. PLANO ''Vou lançar um programa, em março, de tratamento de esgoto de favelas contratando mão-de-obra das comunidades'' Uma delas é a Lei de Responsabilidade Fiscal, enviada este mês à Assembleia Legislativa. Para isso, terá que vencer a resistência de um companheiro de partido, que bateu pesado contra o governo na semana passada. Jorge Picciani, presidente da Alerj, qualificou a administração estadual como “muito fraca e sem direção.” Para responder, Pezão seguiu um ensinamento estampado na página de um livro que mantém sobre sua mesa de trabalho: “Torne-se uma pessoa capaz de aceitar os reveses com um sorriso”, assinada por Mokiti Okada, líder espiritual japonês e criador da Igreja Messiânica, que ele frequenta. ''Eduardo Paes será um nome natural para a sucessão presidencial. Como candidato majoritário ou compondo chapa. É uma liderança nova. E está na hora de o Rio ocupar este espaço'' “Recebo as críticas como um aconselhamento”, disse. Para combater o desemprego pósOlimpíada, ele acelera dois projetos de fôlego - saneamento em todas as 28 favelas da capital e água para toda a baixada fluminense. Nesta entrevista à ISTOÉ, Pezão revelou que a presidente Dilma Rousseff (PT) se comprometeu a convocar, este mês ainda, uma reunião com todos os governadores para decidir medidas de apoio aos Estados e se mostra o maior cabo eleitoral do prefeito carioca e colega de partido Eduardo Paes. “A sucessão presidencial em 2018 terá que passar por ele”, afirma. ''Quero gerar emprego para depois da Olimpíada, quando terminar o metrô imagina como vai ficar o desemprego no Rio de Janeiro'' ISTOÉ - Como fica o Rio sem petróleo? LUIZ FERNANDO PEZÃO - Estou atrás de dinheiro. Claro que não dá para tirar uma riqueza dessa de uma hora para outra sem alterar muito o orçamento. Se as perdas impactam o Brasil, imagina o Estado onde fica a Petrobras. Tudo o que está no entorno deste segmento sofre em cascata. As outras petroleiras, os fornecedores, as fábricas de sondas, os rebocadores, os estaleiros, os centros de pesquisas ... Não se acaba com uma dependência dessa de uma hora para outra. E este não é um problema do Rio. A Rússia e a Arábia Saudita, quem diria, estão com problemas e fecharam acordo para congelar a produção de petróleo. A Venezuela está praticamente quebrada. 86% do petróleo do Brasil chegou a ser retirado do Rio, isso dá a dimensão do tamanho do nosso desafio. Mas estamos trabalhando as saídas: nos tornamos o segundo pólo automotivo, o segundo pólo siderúrgico. Temos alguns anos para nos prepararmos. Esse é o maior legado que o governo pode deixar: viver sem o petróleo. Se ele melhorar um dia, melhora para todo mundo. Mas agora é a hora da difícil travessia. O Senado vai votar brevemente as novas regras de exploração do pré-sal. O que significam as mudanças para o Rio? ISTOÉ - LUIZ FERNANDO PEZÃO - Significam mais atividade econômica. A Petrobras, hoje, está sem poder fazer investimento. Se puder ter parceria para investir, para nós é a garantia de que haverá mais emprego, mais empresas e dinheiro circulando. O sr. encaminhou um projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal para a Alerj com medidas difíceis de serem aprovadas. Não é muito arriscado contar com isso para recuperar o Estado? ISTOÉ - Apresentamos essa lei para tentar compartilhar com os poderes os déficits que existem em nosso orçamento. Não é fácil retirar dinheiro, sempre dá chiadeira, mas é necessário para não precisarmos cortar mais na saúde, educação, segurança, áreas vitais. Com esta lei, não precisaremos cortar tanto, vai no déficit estrutural do Estado. Não tenho a utopia de que todas as medidas serão implementadas este ano, acho que serão ao longo do tempo. Só com a previdência, temos um déficit programado de R$ 12 bilhões este ano. Nossa proposta é cobrir o déficit do Rioprevidência com cotas proporcional de todos os poderes. LUIZ FERNANDO PEZÃO - Qual é a expectativa de aprovação, ainda mais depois das criticas feitas pelo presidente da assembleia, Jorge Picciani, à sua gestão? ISTOÉ - LUIZ FERNANDO PEZÃO - Sempre pautei minha vida pelo diálogo. Recebo as críticas com muita tranquilidade, como um aconselhamento. O presidente Picciani e o Parlamento têm sido parceiros importantes no enfrentamento da crise financeira. Se chegamos até aqui, foi devido à parceria com eles, além do Tribunal de Justiça e do Ministério Público. Respeito e admiro o presidente do meu partido e me tornei governador graças à união e trabalho de todos. Por que o Rio é o único estado brasileiro que colabora para aposentadoria dos servidores do MP, do Legislativo e do Judiciário? ISTOÉ - LUIZ FERNANDO PEZÃO - Foram leis aprovadas quando os poderes estavam perto de seus limites, eles estourariam sem a ajuda. Mas agora é inevitável, a receita está caindo, todos terão que tomar medidas, vamos ver o que impacta menos cada um. Vai ser uma discussão dentro do parlamento. ISTOÉ - A sociedade participa como? LUIZ FERNANDO PEZÃO - Discutindo, sabendo o que está acontecendo. Por exemplo, 95% dos royalties do petróleo eram para financiar a previdência pública, que é um peso hoje não só para o Rio mas para o Brasil todo. Todos os estados estão com muito problema de previdência. Mostrar que hoje as pessoas têm expectativa de vida maior, muitas têm aposentadorias especiais. Não sou contra o policial se aposentar com 48 anos, mas como financiar isso? A sociedade precisa se envolver na discussão. O que será afetado nas áreas de saúde, educação e segurança com a falta da arrecadação do petróleo? Como vai ser este ano? ISTOÉ - Estamos nos programando para não fazer tanto corte, indo com cautela. Uma coisa é você ter uma receita de 100 com 25% para educação e 13% para a saúde, por exemplo. Outra é ter uma receita de 50 e manter os mesmos percentuais, ainda mais com custos fixos, principalmente de pessoal. Tenho que me adequar à receita que tenho. Em 2015, voltamos ao custeio de 2009. Estou cortando mais esse ano, me adequando mais ainda à falta de receita. Queria muito continuar com o mesmo tamanho, mas não tenho mais o mesmo preço do barril do petróleo, de US$ 115. Educação, Saúde e Segurança são políticas básicas, mas não está fácil. O Eduardo (Paes, prefeito do Rio) pegou dois hospitais públicos para manter e me deu um alívio grande, de quase R$ 500 milhões. LUIZ FERNANDO PEZÃO - ISTOÉ - O sr. está muito próximo do prefeito Eduardo Paes. LUIZ FERNANDO PEZÃO - Nos damos muito bem. Ele será um nome natural para a sucessão presidencial. Como candidato majoritário ou compondo chapa, mas a sucessão vai passar por ele, que estará mais fortemente credenciado depois da Olimpíada, é uma liderança nova. E está na hora de o Rio ocupar este espaço. ISTOÉ - A presidente Dilma vai dar alguma ajuda ao Rio nesse momento? Estou na expectativa, tenho conversado permanentemente com ela e o ministro Nelson Barbosa (Fazenda), demonstrando a dificuldade que temos de pagar os serviços com a receita em queda, vendo possibilidades com o Tesouro Nacional, o que podemos renegociar. Ela está para fazer uma reunião com os governadores neste mês ainda. O ministro está levando uma série de medidas para ela analisar, e também compromissos a serem assumidos pelos governadores. Ele já disse que os estados têm que fazer o dever de casa com uma lei de responsabilidade fiscal estadual para cada um com compromissos, enxugar a máquina, melhorar a gestão. O que pedimos é renegociação da dívida, novos empréstimos para fazer essa travessia e gerar empregos. Todos estamos angustiados com a paralisação da economia. LUIZ FERNANDO PEZÃO - ISTOÉ - Quais as iniciativas no Rio para evitar o desemprego após a Olimpíada? Não paro de pensar nisso, quero gerar emprego para depois da Olimpíada, quando terminar o metrô imagina como vai ficar o desemprego. Vou lançar um programa nos primeiros dias de março de tratamento de todo o esgoto das 28 favelas do Rio, contratando mão de obra das próprias comunidades. Vamos atender 500 mil pessoas. Tem empresas do exterior interessadas em participar desse projeto, de Israel e da Rússia. A outra saída para evitar o desemprego é a obra de água na Baixada Fluminense e São Gonçalo, que já estamos fazendo. Vai gerar mais de 20 mil empregos. Os recursos, da ordem de R$ 3,6 bilhões já estão garantidos através da Cedae e de financiamento da Caixa Econômica. A obra de esgoto vai ser muito mais, e contaremos com o Tesouro Nacional, linhas de crédito da Caixa, muitos querem ajudar. E acabamos de inaugurar, semana passada, o novo porto na cidade de São João da Barra, cidade que está bombando! Todo financiado pela iniciativa privada, custou R$ 610 milhões e vai gerar 25 mil empregos a partir de 2017. Já tem mais de 8 mil pessoas trabalhando lá. LUIZ FERNANDO PEZÃO - ISTOÉ - Como ficam as UPPs sem dinheiro? LUIZ FERNANDO PEZÃO - Claro que poderiam estar melhor, mas apesar dos problemas, o ano passado foi a melhor série histórica da segurança no Rio, e isso se deve às UPPs. A Maré, um complexo de 140 mil habitantes, três facções, milícia, será ocupada pela UPP em março. Não representa risco algum para a Olimpíada (por ficar entre o aeroporto e a cidade). As Forças Armadas já estão lá. ISTOÉ – Como está a relação do PMDB com a presidente Dilma após tantos conflitos? Pezão – Eu não tenho conflito com a presidente, ajudei a elegê-la. Entre ela e o Michel (Temer, vice presidente) está tudo tranquilo. Apoio a reeleição dele para a presidência do partido. Claro que tem que ouvir a bancada do Rio, que é a maior do PMDB na Câmara. O Michel virá ao Rio mês que vem para conversarmos. CAPA BRASIL ISTOÉ BRASIL | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 12:28 Eles poderiam estar presos Decisão do STF permite que condenados em 2ª instância comecem a cumprir pena antes do julgamento de recursos e pode reduzir a impunidade Débora Bergamasco Condenado em dezembro do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal a 26 anos de prisão por fraudes nas obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo nos idos da década de 90, o ex-senador e empresário Luis Estevão circulava até recentemente impunemente pelas ruas Brasília a bordo de sua Ferrari vermelha, frequentava os melhores restaurantes e levava uma vida luxuosa. Graças ao trabalho de seus advogados que se valem de todos os recursos disponíveis na legislação para defender o cliente, atrasando em anos o início de cumprimento de pena. Até hoje, Estevão ainda recorre na alta Corte e, por isso, não está atrás das grades. O ex-seminarista Gil Rugai, condenado em segunda instância por assassinar o pai e a madrasta em 2004, recorre até a tribunais superiores e vive em plena liberdade. O fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, condenado a 30 anos de prisão pela morte da missionária Dorothy Stang, também tem uma rotina absoluta tranquila pelas ruas de Altamira (PA), aguardando decisão de recursos interpostos no STF. Casos como esses são exemplos latentes da sensação de impunidade da qual os cidadãos brasileiros de bem estão fartos. Em comum entre eles e outras dezenas de situações semelhantes existe o fato de serem brasileiros privilegiados, daqueles que ocupam o andar de cima na pirâmide social. Mas, uma polêmica decisão tomada por maioria dos ministros do STF na quinta-feira 18 pode mudar esse cenário. Por sete votos favoráveis e quatro contrários, os ministros entenderam que réus condenados em segunda instância podem, dependendo do caso, começar a cumprir pena imediatamente. Assim, os incontáveis recursos não terão força para evitar a prisão. Os críticos dessa nova jurisprudência sustentam que ela viola um dos pilares da chamada Constituição Cidadã, pois retira direitos e ignora a presunção da inocência. Trata-se de um argumento conceitualmente válido. O problema é que, na prática, a grande maioria dos brasileiros não tem acesso a esses direitos e os inúmeros recursos acabam sim servindo para favorecer uma minoria. Hoje, 41% da população carcerária do País está presa preventivamente, ou seja, ainda aguardando julgamento em primeira instância. Ou seja, a Constituição Cidadã não vale para boa parte dos réus com menos acesso a boas defesas. Entre os críticos estão basicamente advogados. Por outro lado, há quem defenda a nova jurisprudência. “O Ministério Público aplaude a decisão do Supremo porque abrevia uma resposta do Judiciário e aperfeiçoa o cumprimento da lei penal”, afirmou o promotor-geral do Ministério Público de São Paulo, Márcio Elias Rosa. Por uma dessas estranhas coincidências, a decisão do Supremo veio na mesma semana em que o jornalista Pimenta Neves, condenado por matar a namorada de forma covarde com tiros nas costas em 2000, saiu da prisão para cumprir o resto de sua pena em casa. Pimenta, condenado a 19 anos de prisão, usou todos os recursos a que tinha direito e só foi efetivamente para a cadeia em 2011, onze anos depois da condenação. E ficou apenas cinco anos atrás das grades. A decisão foi aplaudida por dois dos togados mais populares do País, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa e o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato. Mas, ministros do Supremo ouvidos por ISTOÉ sustentam que a nova jurisprudência possa ser um primeiro passo para que as determinações sobre as prisões preventivas passem a exigir maior rigor para serem decretadas, pois muitas vezes acabam aprovadas para reduzir a sensação de impunidade. Se isso ocorrer, acusados no esquema do Petrolão poderão temporariamente ser favorecidos. CAPA BRASIL ISTOÉ BRASIL | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 09:28 O que o MP quer saber de Lula Além de colher informações sobre o tríplex no Guarujá, promotores pretendem apurar esquema de ocultação de patrimônio que envolveu o ex-presidente e petistas ilustres Pedro Marcondes de Moura ([email protected]) A o exercer o direito de não depor em São Paulo, depois que uma liminar do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) suspendeu a oitiva marcada para a última quarta-feira 17, o ex-presidente Lula deixou de ser confrontado com uma série de questões que intrigam os promotores paulistas. Para eles, há elementos suficientes para suspeitar que o tríplex no Guarujá possa fazer parte de um esquema maior de ocultação de patrimônio que envolveu a OAS, empreiteira implicada no Petrolão, e beneficiou Lula e seus companheiros ilustres, como Freud Godoy, enquanto cooperados da falida Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) eram lesados. Na portaria de instauração da investigação, obtida por ISTOÉ, o MP aponta que os antigos cooperados tiveram de pagar taxas e novos custos de apartamentos quitados, ao passo que petistas célebres “foram contempladas pela OAS, ou seja, permanecem usufruindo com ocultação de suas verdadeiras propriedades de bens correspondentes a unidades autônomas.” Entre eles, estaria o apartamento da família Lula no Guarujá. O PAPEL DO PETISTA Para promotores do MP-SP, Lula pode ter avalizado as negociações que levaram a OAS a assumir ativos da Bancoop Segundo apurou ISTOÉ, com pessoas próximas à investigação, os promotores questionariam Lula sobre a possibilidade de ele ter participado, dado aval ou tomado conhecimento das negociações que levaram a OAS a assumir 2.145 unidades inacabadas da falimentar cooperativa entre 2008 e 2009. Um negócio controverso e selado num período em que o Petrolão estava a pleno vapor, com o tesoureiro do partido João Vaccari Neto, um dos responsáveis por quebrar a Bancoop, representando o partido nas negociatas com a Petrobras. Àquela altura, a Bancoop já era um pepino para o PT. Os desvios já haviam virado alvo de CPIs e de investigações do Ministério Público. Por isso, convencer uma empreiteira do tamanho da OAS a assumir os imóveis em meio ao imbróglio não deve ter sido uma tarefa banal. Os promotores desconfiam que só alguém com a estatura e o peso político de Lula teria força suficiente para envolver a OAS num negócio que parecia fadado ao fracasso. Os promotores também gostariam de esclarecer, de uma vez por todas, a controversa questão da negociação acerca do tríplex no Guarujá. Questionariam se alguém da OAS ou da Bancoop deu garantias à família Lula de que ela ainda poderia ficar com o imóvel, e se e quando teria de pagar valores a empreiteira. Farta documentação leva os promotores a crerem que a OAS assumiu os ativos da Bancoop a preços abaixo do mercado, o que lesou cooperados. Acredita-se que, em contrapartida, a empreiteira tenha beneficiado dirigentes da cooperativa e pessoas ligadas ao PT com a venda de imóveis por valores fora da realidade ou ocultados, não sendo transferidos oficialmente para seus verdadeiros donos. Há indícios de que o ex-presidente possa ser um dos beneficiados. A defesa de Lula afirma que ele comprou uma cota do empreendimento do Guarujá, mas nunca foi dono do apartamento. Não manifestou interesse de ter o dinheiro de volta nem de continuar a investir no imóvel, em 2009, quando a OAS assumiu o empreendimento. Afirmam, no entanto, que Lula e Marisa esperaram até ano passado para decidir se ficariam ou não com um apartamento do condomínio. Só que, como ISTOÉ mostrou com exclusividade em janeiro, esta opção não estava prevista na assembleia de transferência do empreendimento. Aqueles que não fizessem a sua escolha seriam expulsos da cooperativa e acionados na Justiça. PRAÇA DE GUERRA Apesar da suspensão do depoimento de Lula, na quarta-feira 17 militantes pró e contra o petista entraram em confronto em frente à sede do Ministério Público de São Paulo A suspensão dos depoimentos pelo CNMP, na véspera da oitiva, surpreendeu os promotores. O conselheiro Valter Shuenquener concedeu liminar a pedido do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). O petista alegou que o promotor Cássio Conserino não poderia conduzir as investigações. Para ele, o inquérito deveria ser comandado por alguém que já atuasse em outra investigação sobre a Bancoop. Ou que o processo fosse distribuído a um novo promotor, por sorteio. Segundo Shuenquener, Lula deveria prestar explicações à sociedade, mas a liminar foi necessária para evitar a nulidade da ação mais adiante (leia entrevista abaixo). Apesar de ter saído em defesa de Conserino publicamente na última semana, a cúpula do MP não gostou do modo como o promotor conduziu o processo de convocação de Lula e Marisa para depor. Acreditam que, ao dar ampla divulgação sobre os depoimentos na imprensa, ele possibilitou a politização da investigação pelo petista. Reforçou a estratégia recorrente de Lula do “nós contra eles”. Avaliam que, com a exacerbação do debate, poderia ter ocorrido um incidente mais violento, na quarta-feira 17, diante do fórum da Barra Funda, na capital paulista. A Polícia Militar enfrentou dificuldade para controlar a disputa entre militantes favoráveis e contrários ao petista que foram até o local da oitiva mesmo após o cancelamento. Os policiais tiveram de recorrer ao uso de bombas de gás lacrimogêneo para separar confrontos entre os dois grupos. O local se transformou numa praça de guerra depois que simpatizantes do PT e integrantes de movimentos sociais tentaram impedir que fosse erguido um boneco do presidente Lula vestido de presidiário, o pixuleco. Ambos os lados, arremessaram pedras e outros objetos. Cinco pessoas ficaram feridas. A politização da investigação e o adiamento do depoimento podem dar um fôlego para Lula na esfera jurídica, mas mantém acesa a polêmica em torno do tríplex, o que desgasta o ex-presidente politicamente. Até agora, ele não conseguiu oferecer uma versão convincente sobre o caso. Evitar prestar esclarecimentos às autoridades só torna o episódio ainda mais suspeito. CAPA BRASIL ISTOÉ BRASIL | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 Agenda de conveniência Planalto recorre a artifícios duvidosos e ajuda a reeleger Leonardo Picciani como líder do PMDB, mas a vitória não foi a esperada Mel Bleil Gallo Na quarta-feira 17, governistas respiravam aliviados com a reeleição de Leonardo Picciani (RJ) para a liderança do PMDB na Câmara. Por 37 votos a 30, ele venceu o paraibano Hugo Motta. Alinhado com o Planalto, Picciani promete impor à bancada peemedebista uma agenda que favoreça o governo Dilma. É de se imaginar, portanto, que a presidente tenha motivos de sobra para comemorar. Mas essa é uma análise superficial. O resultado permite duas reflexões. A primeira é óbvia: articulador da candidatura Motta, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sofreu uma amarga derrota. Nas semanas anteriores, Cunha se empenhara pessoalmente para emplacar o aliado e recuperar o poder antes exercido sobre a bancada. Ele contava com o apoio de Motta para enfrentar o processo de cassação no Conselho de Ética e Decoro da Casa, além de promover a indicação de nomes conhecidos por fazer oposição ao governo para comandar comissões estratégicas. Agora, essas expectativas ficaram para trás. A segunda reflexão possível diz respeito a Dilma. O governo ganhou, mas se trata de uma vitória relativa. VITORIOSO ''O problema é que eles não têm voto'', ironizou o líder do PMDB sobre os derrotados A escolha de Picciani por uma margem ínfima obrigará o Planalto a enfrentar duras negociações no Congresso para a votação de medidas essenciais ao governo, como o ajuste fiscal, a CPMF e a Reforma da Previdência. Por isso mesmo, nos últimos dias o governo usou de uma série de artifícios para garantir a vitória de Picciani. O empenho desmedido provocou situações absurdas. O ministro da Saúde, Marcelo Castro, chegou a ser afastado temporariamente do cargo para participar da eleição. Castro tem mandato de deputado federal e, com a exoneração, retornou ao Congresso apenas para votar a favor dos interesses de Dilma. A operação, por si só, é surreal, mas pode ser considerada mais grave diante dos imensos desafios enfrentados por Castro. Num certo sentido, ele é um general em guerra – contra o mosquito Aedes aegypti, que tantos estragos tem provocado Brasil afora. Castro deixou a batalha mais importante para se dedicar a uma disputa meramente partidária. Passada a eleição formal, parte dos oposicionistas já sinaliza disposição em se reaproximar de Picciani e fortalecer o PMDB, inclusive para aumentar o poder de barganha da bancada junto ao Planalto. Hugo Motta foi um dos primeiros a adotar um tom conciliatório. “Essa disputa teve a digital clara do governo, mas estou pronto para continuar trabalhando pela unidade do PMDB”, disse o paraibano minutos após o resultado. Fiel escudeiro de Cunha, Manoel Junior (PB) teve postura semelhante e classificou a eleição como “uma disputa bonita e de alto nível, na qual Picciani mostrou seus méritos ao ir para a luta”. A mágoa é latente, porém, entre oposicionistas mais ferrenhos. Inconsolável, Osmar Serraglio (PMDB-PR) dizia buscar nos olhos dos correligionários sinais de traição. “Não sei como o Picciani vai conseguir administrar a bancada, porque o conflito foi muito grande”, questionou o paranaense. “Picciani foi um líder muito ruim e continuará muito ruim, porque é arrogante e se afundará com o governo”, completou Osmar Terra (PMDB-RS). À vontade com a vitória, o líder reeleito se limitou a sorrir diante das críticas dos colegas. “O problema é que eles não têm voto”, ironizou. Foto: Alan Marques/Folhapress CAPA BRASIL ISTOÉ BRASIL | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 A nova estratégia da oposição Apesar de adotarem uma linha mais propositiva, os oposicionistas não abandonarão a fiscalização ao governo Dilma Mel Bleil Gallo Depois de se debruçar sobre pesquisas qualitativas que apontaram que, não só o PT, como toda a classe política tem sofrido desgastes com a crise, a oposição resolveu se mover. Na última semana, o PSDB entregou uma lista de oito projetos considerados prioritários pelos oposicionistas ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ao apresentar as propostas, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), sublinhou que o partido sempre soube “diferenciar os equívocos do governo dos interesses do país”. Apesar de não enxergar na presidente Dilma as condições mínimas para liderar o processo de retomada do crescimento do País, a oposição cobra do governo agilidade no envio de propostas concretas para as reformas previdenciária e tributária. Ainda estão entre as proposições a Lei das Estatais, a restrição de cargos comissionados na administração pública e a abertura para que outras operadoras, que não a Petrobras, explorem os blocos do pré-sal. Trata-se de uma estratégia que coloca o governo numa sinuca de bico, pois a oposição tem ciência de que os projetos ou sofrem resistência no PT, como é o caso da reforma na Previdência, ou encontram obstáculos no próprio Planalto, a exemplo do corte nos cargos comissionados, que Dilma já chegou a prometer e não cumpriu. Se, por um acaso, o governo vir a implementá-las, a oposição poderá faturar politicamente, como idealizadora dos projetos. AFINADOS Lideranças de partidos contrários ao governo se reúnem para discutir apoio a projetos benéficos ao País Embora tenha passado a adotar uma linha mais propositiva, isso não significa que a oposição vai abandonar a fiscalização permanente e as críticas à gestão petista. Num jogo combinado, esse papel caberá não apenas mas principalmente ao DEM. Na tentativa de afinar o discurso, o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), convocou uma reunião em seu gabinete entre os oposicionistas. Participaram do encontro o líder da minoria Miguel Haddad (PSDB-SP), e os líderes Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Rubens Bueno (PPS-PR), Paulinho da Força (SDD-SP) e Fernando Bezerra (PSB-PE). “Quem ganha a eleição, governa. Quem perde, faz oposição, fiscaliza. Ninguém quer ajudar o governo”, disse o líder do DEM. ISTOÉ COMPORTAMENTO CAPA COMPORTAMENTO | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 10:58 As cartas do papa João Paulo II Correspondências de 30 anos entre religioso e filósofa revelam face surpreendente de um dos pontífices mais rigorosos com as questões morais do século 20 Débora Crivellaro ([email protected]) Eles se aproximaram pelas vias intelectuais. Filósofos, tinham o projeto de um livro em comum. A afinidade cresceu e era alimentada por cartas, cada vez mais caudalosas. Os encontros aconteciam em Cracóvia, onde ele morava, ou na casa de campo dela, nos Estados Unidos. Frequentavam estações de sky, acampavam juntos, confraternizavam em almoços, sempre na presença de familiares e amigos. Ela estava completamente apaixonada. Ele tentava manter a relação no terreno da amizade. Afinal, ela era casada e mãe de três filhos pequenos. E ele, cardeal de Cracóvia e, poucos anos depois, papa. Na última semana, veio a público, por meio de centenas de cartas e fotos, a relação de João Paulo II, o mais popular pontífice e uma das figuras mais influentes do século XX, com a filósofa de origem polonesa Anna-Teresa Tymieniecka. As cartas reveladas são do pontífice para a filósofa. Mas em nenhuma linha do vasto material está explícito um vínculo amoroso. Está exposto, sim, um homem lutando para deixar no plano fraternal um sentimento que teimava transbordar para outros terrenos. REGISTRO Acima, Karol Wojtyla descontraído em um dos acampamentos que freqüentava. Abaixo, um dos últimos encontros dos dois As centenas de cartas trocadas entre os poloneses Karol Wojtyla e Anna-Teresa Tymieniecka estavam guardadas na Biblioteca Nacional da Polônia desde 2008. Foram vendidas, junto com outras centenas de fotos, pela própria Anna-Teresa, que morreu há dois anos. Vieram à tona pela BBC, que também produziu um documentário, veiculado na segunda-feira 15, no Reino Unido. As cartas tornadas públicas foram apenas as do papa, mas a biblioteca tem a cópia de todas as que a filósofa mandou para o pontífice. Com o material disponível, é possível tecer, com alguma segurança, a bonita história dos dois. Eles se aproximaram em 1973, quando a intelectual de raízes francesas aristocráticas Anna-Teresa se ofereceu para traduzir para o inglês o livro “A Pessoa e o Ato”, do então arcebispo de Cracóvia. Logo, a relação, de formal, se tornou íntima. Ela era casada com Hendrik Houtthakker, um distinto economista de Harvard, que mais tarde se tornou cavaleiro papal, pelos serviços prestados ao Vaticano, e morava nos Estados Unidos. O encantamento da filósofa pelo religioso se tornou explícito em 1975, segundo Edward Stourton, jornalista da BBC que revelou o caso. Ele teria tido acesso a uma das cartas de Anna-Teresa para Wojtyla em que ela dizia que desejava estar nos braços dele e permanecer lá em felicidade. Também pedia desculpas pelo fato de não conseguir controlar seus sentimentos. A biblioteca polonesa não quis divulgar os textos da filósofa, alegando que João Paulo II é uma figura muito importante para o país – o que aumenta ainda mais a curiosidade sobre o conteúdo. No ano seguinte, o ainda cardeal deu à jovem senhora um de seus bens mais preciosos, o escapulário que havia ganhado do pai, morto quando ele tinha 20 anos. Foi o presente de Primeira Eucaristia. Na carta que acompanha o relicário, disse: “Uma resposta para as palavras ‘eu pertenço a você’. E continuou: Deus lhe deu para mim e fez-lhe a minha vocação.” Apesar de saber que a relação navegava por águas agitadas, o arcebispo continuava a privar da companhia da família nos Estados Unidos, passando temporadas em Pomfret, na propriedade rural em Vermont. E o sentimento parecia aumentar. Tanto que escreveu, em 1977: “se eu não tivesse essa convicção, alguma certeza moral da Graça, e de agir em obediência a ela, eu não me atreveria a agir assim.” Finalmente, quando se tornou papa, o que poderia colocar fim à intensa amizade, sugeriu que a amiga ligasse para ele: “O telefone tem a vantagem de eu poder ouvir sua voz, mas não durar o suficiente, por isso não substitui uma carta, ou uma conversa real.” CAMINHADA À esquerda um encontro de Anna-Teresa e João Paulo II nas dependências do Vaticano. À direita, eles acampam na propriedade rural dela nos EUA Ao contrário do que se supõe, a ida do cardeal polonês para o posto mais alto da Igreja Católica não separou os dois. Anna-Teresa foi uma das poucas pessoas autorizadas a entrar no leito de hospital em 1981, quando João Paulo II foi baleado na Praça São Pedro. E visitou-o regularmente em seus aposentos desde que ele desenvolveu a doença de Parkinson, a partir dos 70 anos. Pessoas próximas aos dois também asseguram que a amiga de 30 anos estava presente em seu leito morte, em 2005. Em 2002, em uma de suas últimas cartas, o papa escreveu: “Eu penso em você todos os dias e gostaria de estar com você diariamente.” Sob todos os ângulos que se observa a história de Anna-Teresa Tymieniecka e Karol Wojtyla é difícil não enxergar uma história de amor. Ela era profundamente apaixonada e, ele, convicto de suas escolhas religiosas, tentava manter o controle da situação. “A relação tinha claramente duas dimensões: a emocional e a intelectual”, disse o estudioso de manuscritos Eugene Kistusk. Provavelmente os dois não se relacionaram fisicamente, dizem os vaticanistas, porque João Paulo II se tornou santo em tempo recorde, nove anos – e o Vaticano sabia das cartas, tanto que recomendou que elas não fossem divulgadas. “Um sentimento como esse não macula o celibato”, diz o padre Denilson Geraldo, especializado em Direito Canônico. Informado, o Vaticano restringiu a relação à amizade. Mas o mais surpreendente é que essas cartas revelam uma face humana de um papa que apertou de forma inclemente o cinto de castidade dos católicos, condenando de métodos contraceptivos a aborto e segundo casamento. “Estamos falando de São João Paulo II”, diz Carl Bernstein, o famoso jornalista do Watergate e um dos primeiros biógrafos de Wojtyla. “Essa é uma relação extraordinária. Não é ilícita, no entanto. Mas ela muda a nossa percepção sobre ele.” CAPA COMPORTAMENTO ISTOÉ COMPORTAMENTO | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 11:34 O superfaturamento do FIES Levantamento obtido por ISTOÉ revela que Ministério da Educação divulgou um número de favorecidos 8,57% maior que o total de estudantes beneficiados em 2015 Ludmilla Amaral ([email protected]) Nas vésperas do segundo turno das últimas eleições presidenciais, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) segurou dados e análises que mostravam um aumento da pobreza e da desigualdade no País. A justificativa oficial foi de que a lei eleitoral impediu a divulgação dessas informações. Mas o desconforto foi tanto que um diretor do Ipea pediu demissão. Essa não é uma prática que se resume a ano eleitoral. Um levantamento obtido com exclusividade por ISTOÉ pela Lei de Acesso à Informação revela que houve um superfaturamento das vagas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no ano passado . Para o 1º e 2º semestres de 2015, o Ministério da Educação (MEC) divulgou que o número de bolsas disponíveis para estudantes universitários em todo o País que, somados, era de 314 mil. Segundo os dados consolidados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), foram preenchidas 287.123 mil vagas. Ou seja, 8,56% a menos do que o divulgado. Procurado pela reportagem, o MEC não justificou por que no número oficial há 27 mil contratos a mais. “Se isso se confirmar é muito grave do ponto de vista ético e de manipulação de dados”, diz o senador Cristovam Buarque (PPS-DF). Acima alunos fazem fila em universidade para renovar o Fies no ano passado. Abaixo, estudantes em universidade que aderiram ao programa Os problemas envolvendo o Fies começaram no ano passado, quando universidades particulares entraram na Justiça contra as mudanças promovidas no programa. As instituições acusaram o governo de manobra ilegal, quebra de contrato e calote. Isso porque a transferência de repasse federal passou a ser feita a cada 45 dias, quando antes era realizada em 30 dias – de doze parcelas anuais, as universidades passaram a receber oito. Além disso, muitos estudantes brasileiros que ingressaram na faculdade no ano passado tiveram medo de ter que desistir do curso. Diversas falhas no sistema do Fies impediam que as inscrições fossem concluídas. “Esse problema no sistema foi algo que o MEC nunca conseguiu explicar direito e sempre achei muito estranho”, disse à ISTOÉ Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação no segundo mandato do governo Dilma Roussef, de abril a setembro de 2015. “Houve filas em muitas faculdades para os alunos renovarem o Fies, sendo que a inscrição é feito pela internet.” Para o advogado Gustavo Monteiro Fagundes, especializado em direito educacional e consultor jurídico do Instituto Latino Americano de Planejamento Educacional (Ilape), as dificuldades encontradas pelos estudantes na hora de realizar o cadastramento podem ter influenciado na diferença entre as vagas divulgadas pelo governo e os contratos efetivamente firmados. “Foram vários problemas com repasse e recompra no ano passado e calendários que não foram cumpridos e isso gerou uma desconfiança das instituições com o MEC”, diz. “Essa suspeita e as novas regras do Fies ajudaram a não atingir as vagas que o Estado prometeu ofertar.” Procurado pela reportagem, o MEC disse em nota que “foram disponibilizadas 314 mil vagas, com os devidos recursos orçamentários, nos dois semestres. Entretanto, é necessário salientar que a contratação do financiamento está condicionada ao cumprimento pelo estudante. Caso o estudante não seja aprovado em todas as etapas, o contrato não poderá ser aprovado. Portanto, o contrato não será formalizado por inconsistência das informações prestadas pelo estudante e não por conta do MEC.” Cristovam Buarque não aceita a justificativa do ministério. “Eu tenho a impressão que o MEC não está dando a resposta completa”, diz. “Como o governo não cuida da educação de base, os alunos não estão preparados para seguir o curso universitário, nem sequer conseguem preencher formulários, por isso acabam não preenchendo as vagas.” O ano passado foi o que menos teve contratos firmados desde 2011, segundo ano de existência de programa nos moldes em que existe hoje (leia quadro). O que mais levou alunos às universidades por meio do financiamento do governo foi 2014, ano em que Dilma tentava a reeleição, com 733 mil novos contratos. Mas, ao que tudo indica, os próximos terão cada vez menos vagas. Segundo informações do próprio MEC, entre 2014 e 2015 houve uma queda de 60,85% de novos acordos firmados. Para o primeiro semestre de 2016, o MEC ofertou 250.279 mil financiamentos em 1.337 instituições de educação superior, sob a taxa de juros de 6,5% ao ano. O Ministério divulgou que abrirá novas inscrições para o segundo semestre, mas ainda não sabe quantas vagas serão disponibilizadas. Fotos: MARCELO D. SANTS/FRAME/ESTADÃO CONTEÚDO; Edilson Rodrigues/Agência Senado CAPA COMPORTAMENTO ISTOÉ COMPORTAMENTO | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 13:46 O segredo de Michelangelo Estudo revela que mestre do Renascimento sofria de severa artrite na velhice, período em que produziu obras-primas Raul Montenegro ([email protected]) As autoridades da Igreja da Santa Cruz, em Florença, onde está enterrado o corpo do artista renascentista Michelangelo Buonarroti (1475-1564), nunca permitiram que os restos mortais do mestre das esculturas fossem analisados pela ciência. Pesquisadores italianos e australianos, no entanto, descobriram em fevereiro uma forma de driblar a proibição para desvendar o segredo das mãos que criaram algumas das maiores obras de arte de todos os tempos, como a estátua de Davi e os afrescos da Capela Sistina, no Vaticano. Analisando pinturas e cartas, eles revelaram que em seus últimos 15 anos de vida Michelangelo sofria fortes dores nos dedos decorrentes de uma artrite degenerativa conhecida como osteoartrite. Apesar disso, o artista criou neste período obras-primas como a Pietà de Florença e os projetos da Basílica de São Pedro, a sede do catolicismo no mundo. “O diagnóstico oferece uma explicação plausível para a perda de destreza de Michelangelo na velhice, enfatizando seu triunfo sobre a enfermidade”,escreveram os responsáveis pelo estudo em artigo publicado no periódico científico “Journal of the Royal Society of Medicine”. DESCOBERTA Michelangelo (acima) e as pinturas que permitiram ver que ele tinha artrite nas mãos (abaixo) A pesquisa comparou retratos de Michelangelo quando novo, feitos por Rafael Sanzio (1483-1520) e por ele mesmo, com três obras que mostram -no entre 60 e 65 anos. Os acadêmicos concluíram que a mão esquerda do artista não tinha sinais de artrite na juventude, mas que a doença estava instalada, em estágio avançado, na velhice. O mal acometeu principalmente seu polegar e indicador e pode ter sido acelerado pelas constantes marteladas e entalhes. “As deformações nas mãos são lesões típicas de degenerações de ossos e cartilagens causadas por traumas frequentes ao esculpir”, disse à ISTOÉ o cirurgião plástico Davide Lazzeri, que chefiou o estudo. “Os sintomas são enrijecimento e dores.” A equipe de Lazzeri analisou ainda correspondências de Michelangelo nas quais ele reclamava de dores nas mãos e em outras articulações. Em 1552, a artrite causava desconforto quando o mestre escrevia. Em 1563, a doença havia se tornado tão severa que ele apenas assinava suas cartas. “Se acometer articulações que fazem o movimento de pinça dos dedos, você tem dificuldades para pegar numa caneta ou cortar um bife”, afirma José Goldenberg, reumatologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Imagine para um artista.” Mesmo assim, continuou desenhando e esculpindo até o fim, aos 88 anos, às vésperas de seu 89º aniversário. “O trabalho foi a salvação e a causa das mãos doentes de Michelangelo, que continuou em ação até seis dias antes da sua morte”, diz Lazzeri. HABILIDADE A Pietà de Florença, uma das maravilhas que o mestre realizou apesar da dor que sentia Apesar de suas obras mais famosas terem sido feitas entre os 20 e os 40 anos de idade, o próprio artista costumava dizer que “ninguém pode ser considerado um mestre antes do fim de sua arte e de sua vida”. Debilitado pela osteoartrite, criou obras-primas como uma série de Pietàs, incluindo a de Florença (na foto), e os desenhos da Catedral de São Pedro, em Roma, além de várias outras esculturas, pinturas e projetos arquitetônicos. Professor de história da arte da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e curador-chefe do Museu de Arte de São Paulo (Masp) entre 1995 e 1997, Luiz Cesar Marques Filho considera que em sua fase final Michelangelo usava muito a técnica “non finito”, um gosto pelo esboço comum a vários gênios que se libertam da execução pormenorizada em favor da elaboração da ideia. “Não acredito que isso se deva à artrite e até diria que as obras da velhice são as mais interessantes”, afirma. Hoje, a osteoartrite é uma aflição que atinge 9,6% dos homens e 18% das mulheres acima de 60 anos no mundo, com 80% sofrendo limitações de movimentos e 25% impossibilitados de fazer atividades cotidianas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A realização de atividade física repetitiva por mais de 10 anos aumenta o risco em 9,3 vezes. Michelangelo entrou para as estatísticas dessa e de outras doenças, como atestam diversas pesquisas (leia quadro). Sua personalidade obsessiva, reclusa e antissocial fez com que se levantasse a hipótese de que fosse portador da síndrome de Asperger, uma forma de autismo, mas historiadores ainda especulam que ele possa ter sido contaminado por chumbo, uma enfermidade comum a pintores por causa do contato constante com tintas. A intoxicação às vezes carrega sintomas psicológicos, como a depressão, e também pode explicar o comportamento do mestre. Daqui para frente, a equipe quer confirmar as conclusões diretamente no cadáver de Michelangelo. Eles pressionarão as autoridades italianas para exumar o corpo e conduzir exames nos restos mortais. “A descoberta vai aumentar o interesse sobre a evolução da produção do artista ao longo de sua carreira”, afirma Lazzeri. FOTO: Marie-Lan Nguyen CAPA COMPORTAMENTO ISTOÉ COMPORTAMENTO | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 06:52 Consultório dos estupros Médico de Florianópolis é preso por abusar sexualmente de pacientes durante consultas. Segundo denúncia, crimes acontecem há pelo menos oito anos e envolvem mais de 50 vítimas Camila Brandalise ([email protected]) Desde terça-feira 16, o telefone de H. V., 34 anos, não para de tocar. No mesmo dia em que o médico nutrólogo Omar César Ferreira de Castro foi preso em Florianópolis, acusado de ter estuprado 14 mulheres, ela se mobilizou para encontrar mais vítimas e instruí-las a, como ela já havia feito, denunciar os abusos sexuais sofridos durante as consultas. Mais de 50 mulheres a procuraram para relatar todo tipo de situação: comentários constrangedores, beijos forçados, pedidos de sexo oral e estupro após dopagem. Algumas situações datam de oito anos atrás. No caso de H., Castro teve ações semelhantes às relatadas por outras pacientes. Se posicionava de pé, atrás da mulher, para apalpar o pescoço e examinar a tireóide e os gânglios. Em seguida, apalpava os seios das pacientes e aproximava cada vez mais seu corpo ao delas. Na saída do consultório, outra aproximação forçada. Após registrar boletim de ocorrência, H. foi chamada para depor e se viu em outra situação constrangedora. “A mulher que tomou meu depoimento me questionou sobre a roupa que eu estava vestindo, sobre o fato de eu ter dado sinal de que queria a aproximação e ainda me aconselhou a não seguir adiante com a denúncia. Fiquei revoltada e decidi investigar por conta própria”, diz. Alguns dias depois, voltou ao consultório com um gravador. “Ele se aproximou de novo, fez comentários como ‘sua boca é gostosa’, e tentou me beijar. Depois disso, fui à delegacia pela segunda vez.” PRISÃO O nutrólogo Omar César Ferreira de Castro no momento em que foi detido, na terça-feira 16 A primeira denúncia com uma prova contundente contra Castro foi feita no início de 2015. Uma servidora pública de 30 anos disse ter tomado um copo de água oferecido pelo médico e, depois, teve uma única lembrança da consulta: ela em uma maca, tentando empurrar Castro enquanto ele segurava uma camisinha. Dias depois, voltou ao consultório e, gravando a conversa, perguntou o que havia acontecido. “Tu não lembra? A gente transou duas vezes e foi bem gostoso”, respondeu ele. Com a gravação, um inquérito foi aberto, mas ficou parado até o depoimento de H. V. e uma mudança de delegado responsável, para então ser retomado. No total, eram 14 boletins de ocorrência contra o nutrólogo, motivando o Ministério Público a denunciar Castro à Justiça, que acatou o pedido. Preso provisoriamente, ele ficará detido até o dia 16 de março, data do fim das investigações. VÍTIMA Paciente estuprada por médico gravou a confissão do crime e entregou à polícia Dois dias após a prisão, outras 18 mulheres registraram boletins de ocorrência. Com a campanha de H. V. para encontrar mais vítimas, esse número deve aumentar nos próximos dias. “Queremos que a prisão temporária, de 30 dias, se torne preventiva. Nosso medo é de ele ficar solto e fugir.” Esse temor vem, principalmente, porque há uma lembrança recente de impunidade em um caso muito similar, o do ex-médico Roger Abdelmassih, preso em 2014 e condenado a 278 anos por estuprar 39 pacientes mulheres. Antes, Abdelmassih ficou três anos foragido no Paraguai enquanto as vítimas clamavam por sua condenação. Procurado pela reportagem, o advogado de Castro, Alceu Oliveira Pinto Júnior, disse que não vai se manifestar sobre o processo a pedido da família. O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) abriu uma sindicância para apurar as acusações e, em 30 dias, decidirá se haverá um processo contra o nutrólogo para cassação do registro profissional. Fotos: Betina Humeres/Agência RBS/Folhapress ISTOÉ COMPORTAMENTO CAPA COMPORTAMENTO | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 12:08 O fim do mistério Ministério Público retoma investigação sobre o caso Elize Matsunaga e se aproxima daqueles que a ajudaram a esquartejar e ocultar o corpo do marido Elaine Ortiz O Ministério Público de São Paulo não tem mais dúvida: a técnica em enfermagem e exgarota de programa Elize Araújo Matsunaga não estava sozinha em seu apartamento, na noite de 20 de maio de 2012, quando esquartejou o corpo do marido, o empresário herdeiro da Yoki Marcos Kitano Matsunaga, após matá-lo com um tiro na cabeça. Na segunda-feira 15 o MP confirmou que já tem o nome de um suspeito que está sendo investigado. O inquérito sobre a cumplicidade foi instaurado a partir de reportagem exclusiva de ISTOÉ, demonstrando, por meio de laudos oficiais, que no local do esquartejamento (um dos quartos do apartamento do casal) havia, além de sangue da própria Elize, sangue de um outro homem, que não o de Marcos. “Esse inquérito surgiu depois que a polícia científica encontrou no local material genético de outra pessoa do sexo masculino, excluindo o de Marcos”, disse à ISTOÉ o promotor de Justiça José Carlos Cosenzo. “Um dos indivíduos que atuou tinha profundo conhecimento de anatomia, o outro não. E há ainda a questão do pouco tempo que levou o esquartejamento. Tudo isso deixa claro que havia uma terceira pessoa”. MENTIRA Cai por terra a versão de Elize: ela tem cúmplices no esquartejamento e na ocultação do corpo de Marcos Matsunaga O promotor Cosenzo já tem também outra certeza: não foi somente no apartamento que Elize teve um colaborador, outros cúmplices ajudaram-na no momento da ocultação do cadáver, quando ela depositou sacos contendo partes do corpo de Marcos nas proximidades de um sítio na cidade paulista de Cotia. Uma clínica veterinária e um caseiro da região estão sendo investigados. Elize está presa na penitenciária feminina de Tremembé, onde aguarda julgamento pelo Tribunal do Júri. Ela afirma ter agido sozinha e praticado o crime em legítima defesa, versão que perde força diante das novas evidências. “Todos os recursos da defesa, possíveis e imagináveis, não foram reconhecidos e acolhidos pela Justiça. A ré será, contrariamente ao que queria, julgada por homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima)”, diz Cosenzo. O júri de Elize ocorrerá ainda nesse primeiro semestre de 2016. Em breve, portanto, chegará ao fim o mistério sobre os seus cúmplices. VERDADE Para o promotor Cosenzo, Elize matou por motivo fútil, usou meio cruel e impossibilitou a defesa da vítima Fotos: CARLOS PESSUTO/FUTURA PRESS; Pedro Dias/AG. ISTOÉ CAPA GENTE ISTOÉ GENTE | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:25 Descomplicada Vanessa Giácomo só quer uma coisa após o término das gravações da novela das nove "A Regra do Jogo": férias. "Só penso em descansar, viajar, curtir minha casa, meus filhos e meu marido", diz a atriz global, na reta final com sua protagonista, Tóia Gisele Vitória Vanessa Giácomo só quer uma coisa após o término das gravações da novela das nove “A Regra do Jogo”: férias. “Só penso em descansar, viajar, curtir minha casa, meus filhos e meu marido”, diz a atriz global, na reta final com sua protagonista, Tóia. Os beneficiados com o merecido descanso da guerreira serão os três filhos, Raul, de 8 anos, Moisés, de 5 - do relacionamento com o ator Daniel Oliveira - e Maria, de 1, filha de seu atual marido, o empresário Giuseppe Dioguardi . Vanessa tem se virado nos 30 para conciliar a intensa agenda de gravações de uma protagonista no horário nobre com a maternidade. “Já aprendi técnicas como estudar meus textos mesmo no meio da algazarra de crianças brincando”, diverte-se. “Minha rotina é animada. Com três filhos não dá para complicar, né?” CAPA GENTE ISTOÉ | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:25 Tropicália No Brasil para a turnê dos Rolling Stones, Mick Jagger já entrou no clima de "viva a bossa" em território nacional. Encontrou-se com Caetano Veloso e Paula Lavigne, morreu de amores por Vanessa da Matta e dançou até o chão numa festa Gisele Vitória No Brasil para a turnê dos Rolling Stones, Mick Jagger já entrou no clima de “viva a bossa” em território nacional. Encontrou-se com Caetano Veloso e Paula Lavigne, morreu de amores por Vanessa da Matta e dançou até o chão numa festa na casa dos Monteiro de Carvalho, em Santa Teresa. “O que eu mais gosto no Rio é essa atmosfera leve e alegre. Parece que tem sempre uma música tocando no ar”, disse ele na festa, ao site Glamurama.” “Mas ninguém dança nessa festa! Por quê?” Foi estimulado a ser o primeiro a ir para a pista. “Será? Já foi assim. Hoje em dia, não sei, não”. Jagger acabou cedendo aos apelos e arrastou uma multidão de meninas para dançar. CAPA GENTE ISTOÉ GENTE | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 13:00 Rolê com os amigos nos shows do pai Filho de Mick Jagger com Luciana Gimenez, Lucas Jagger, que completa 16 anos em maio, planejou ir aos shows da turnê do pai no Brasil com uma turma de amigos Gisele Vitória Filho de Mick Jagger com Luciana Gimenez, Lucas Jagger, que completa 16 anos em maio, planejou ir aos shows da turnê do pai no Brasil com uma turma de amigos. Ficarão no backstage e mais onde o pai de Lucas estiver, antes e depois da perfomance do roqueiro. “Lucas está feliz porque estava com saudades do pai!”, contou Luciana. “É sempre divertido quando o pai o visita no Brasil. Ele levará todos os amigos aos shows.” A apresentadora voou com o filho para o Rio na sexta-feira 19, para se hospedar também no Copacabana Palace para o show no sabado 20. Se integrariam ao staff dos Rolling Stones no país. Além do Rio, os Stones se apresentam em São Paulo e Porto Alegre. CAPA GENTE ISTOÉ GENTE | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:25 Karl e Niterói Karl Lagerfeld escolheu: o MAC, museu 'disco voador' de Oscar Niemeyer, em Niterói (RJ), inspira a campanha da coleção do "kaiser" para as lojas Riachuelo, que será exibida em abril, no São Paulo Fashion Week. Karl não vem Gisele Vitória Karl Lagerfeld escolheu: o MAC, museu ‘disco voador’ de Oscar Niemeyer, em Niterói (RJ), inspira a campanha da coleção do “kaiser” para as lojas Riachuelo, que será exibida em abril, no São Paulo Fashion Week. Karl não vem. Na agenda consta que comandará o desfile da Chanel, em Cuba. “Ele já conhecia o museu por foto”, diz a diretora de marketing da Riachuelo, Marcela Kanner . “Mandamos opções de obras de Niemeyer, e ele adorou a ideia de ter Isabeli Fontana, rosto da campanha, descendo de um disco voador.” As peças custam entre R$ 49 e R$349. CAPA GENTE ISTOÉ GENTE | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:25 O chefão da Netflix foi ver de perto Enquanto o Brasil pulava Carnaval, o todo poderoso CEO e cofundador da Netflix, Reed Hastings, voou para Bogotá, na Colômbia, para ver Wagner Moura em ação Gisele Vitória Enquanto o Brasil pulava Carnaval, o todo poderoso CEO e co-fundador da Netflix, Reed Hastings, voou para Bogotá, na Colômbia, para ver Wagner Moura em ação. O empresário americano visitou o set de filmagem da segunda temporada de “Narcos”, baseada na vida do traficante Pablo Escobar. Entusiasmado com o sucesso da primeira temporada, que hoje está no topo das séries de mais views da Netflix, o chefão do provedor global de televisão quis acompanhar em loco o trabalho da equipe de filmagem. Fez várias reuniões e elogiou a atuação do ator brasileiro. Desde o começo das filmagens, Moura está morando naquele país com a mulher e os três filhos, que estudam em Bogotá e estão plenamente adaptados à capital colombiana. CAPA GENTE ISTOÉ GENTE | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 12:37 "Tenho certeza que vão me chamar para depor" Andrés Sanchez, que teve papel predominante na construção da Arena Corinthians, disse ter "certeza absoluta" de que o estádio, no bairro de Itaquera, na zona Leste de São Paulo, será incluído nas investigações da Lava Jato Gisele Vitória Andrés Sanchez, que teve papel predominante na construção da Arena Corinthians, disse ter “certeza absoluta” de que o estádio, no bairro de Itaquera, na zona Leste de São Paulo, será incluído nas investigações da Lava Jato, por conta de sua proximidade com o ex-presidente Lula. O deputado federal (PT-SP) e dirigente do timão também diz estar certo de que será chamado para depor: Istoé – Por que acredita que o Itaquerão será incluído na Lava Jato? Andrés Sanchez - Estão querendo incluir de qualquer jeito, por causa de minha amizade com o Lula. E eu quero que ponham. Quero que o estádio vá para Lava Jato. Investiguem. Me chamem e vou falar tudo. Dá um Google em 2009, 2010, e veja quanto falavam que custava para botar os dutos da Petrobras no Estádio do Corinthians para ter a Copa do Mundo. 60 milhões de reais, 80 milhões. Sabe quanto foi? Apenas R$ 8,8 milhões. Tem contrato. Minha conta tá aberta, sigilo telefônico. Vivemos num País de hipócritas. Estou muito triste. Eu não to inocentando Lula, não. Mas o estádio foi o mais barato do Brasil. Istoé - Por que? Sanchez - Vai olhar o Maracanã, o estádio de Brasília... Por que o Corinthians? Por que dá Ibope ser amigo do Lula. Custou R$ 4.780 reais o metro quadrado, com mármore e tudo. Total de R$ 985 milhões. Mas querem escândalo e o Andrés vai ter de depor. Falavam que o estádio era de graça e agora o clube não consegue terminar pagar. CAPA GENTE ISTOÉ GENTE | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:25 Vai acabar Ainda há lindas peças à venda, mas corra porque vai acabar. Poderia ser só o velho truque de marketing para ativar as compras, mas Gisele Bündchen decidiu encerrar neste ano sua linha de lingerie GB intimates Gisele Vitória Ainda há lindas peças à venda, mas corra porque vai acabar. Poderia ser só o velho truque de marketing para ativar as compras, mas Gisele Bündchen decidiu encerrar neste ano sua linha de lingerie GB intimates, que tinha em parceria com a Hope desde 2011. Gisele planejava investir comercialmente no exterior, com e-commerce, e ampliar a produção no Brasil. Se foram os efeitos da crise ou se a übermodel não quis mais se dedicar à marca, não se sabe, mas a decisão tomada foi a de não fazer mais campanhas nem lançamentos de novas coleções da grife. Enquanto isso, Gisele aproveitou o Valentine’s Day com o marido, Tom Brady, num resort em Montana, nos Estados Unidos. Segundo o jornal Page Six, o casal teria viajado com Ben Affleck e Jennifer Garner. CAPA ISTOÉ MEDICINA & BEM-ESTAR MEDICINA & BEM-ESTAR | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 14:01 No mundo virtual contra a depressão Pacientes tratados com a ajuda de duas novas tecnologias apresentam melhora significativa dos sintomas da doença Cilene Pereira ([email protected]) Duas novas tecnologias estão sendo usadas com sucesso contra a depressão. A primeira é a realidade virtual, e segundo experimento realizado na University College London, na Inglaterra, reduz de forma importante os sintomas da enfermidade. A outra é o Skype. Médicos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC/SP) verificaram que o recurso pode substituir a consulta presencial sem qualquer prejuízo, melhora a adesão do paciente e reduz os índices de desistência do tratamento. PRATICIDADE Acima, o psiquiatra Wagner Gattaz, que faz consultas por Skype no HC/SP A terapia virtual consiste em fazer com que a pessoa se submeta a uma imersão em um ambiente virtual construído para que ela atinja objetivos determinados. No caso de fobias, por exemplo, ela é exposto ao que lhe causa pânico até que não tenha mais medo. Em relação à depressão, o trabalho tinha por meta desenvolver nos pacientes a autocompaixão e menos autocrítica. Um dos traços mais comuns em pessoas depressivas é o rigor excessivo no julgamento de seus atos. O sentimento agrava as sensações de impotência e pessimismo que fazem parte dos sintomas. Foram usados dois avatares (personagens virtuais), um adulto e uma criança estressada, chorando. Primeiro, o paciente via-se sob a perspectiva do adulto e era estimulado a consolar a criança, expressando compaixão por ela. Depois, trocava de lugar: assumia a posição da criança e ouvia o adulto dizer a ela as mesmas palavras. “Isso permitiu a eles experimentar a autocompaixão a partir da própria perspectiva”, disse à ISTOÉ Chris Brewin, coordenador da pesquisa. JOGO Acima, tela com avatares: imersão num ambiente virtual para atingir o objetivo No Brasil, o psicólogo Christian Kristensen, da PUC/RS, também vê o recurso como algo promissor. Ele coordena um trabalho que usa a realidade virtual para tratar estresse pós-traumático de bancários ou clientes de bancos que passaram por assaltos dentro das agências e coleciona histórias bem-sucedidas. “É um recurso interessante porque permite que o paciente seja exposto, mas em ambientes controlados”, afirma. No HC/SP, o estudo com o Skype envolveu 107 pacientes que haviam participado de duas consultas presenciais. Mais de 80% levavam até quatro horas entre deslocamentos para chegar à instituição. Após um ano submetendo-se a sessões mensais por meio do Skype de cerca de vinte minutos cada, 3% tinham abandonado o tratamento, contra 7% do grupo que fazia sessões presenciais. “É um meio eficaz pela facilidade do manejo que proporciona”, diz o psiquiatra Wagner Gattaz. Um dos empecilhos à disseminação do método é a proibição pelo Código de Ética Médica da realização de consultas não presenciais. “Mas não há razão para isso. No mundo há mais de 200 serviços de telepsiquiatria”, diz Gattaz. FOTO: FEIPE GABRIEL CAPA ISTOÉ MEDICINA & BEM-ESTAR MEDICINA & BEM-ESTAR | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 14:01 Uma vitória sobre a leucemia Tratamento inovador usa as próprias células de defesa do corpo para retardar a progressão do tumor Desta vez foram 75 pacientes. A maioria respondeu de forma extraordinária a um tratamento pioneiro contra a leucemia que usa as próprias células de defesa do corpo como arma contra o tumor. A terapia foi aplicada no Centro de Investigação para o Câncer Fred Hutchinson, nos Estados Unidos, e seus efeitos divulgados na segunda-feira 15 durante encontro científico em Washington. No final do ano passado, o mesmo tratamento garantiu chance de vida à Layla, à época com um ano de idade e diagnosticada com uma forma da doença resistente até então a todos os tratamentos. Ela foi tratada no GreatOrmond Street Hospital, em Londres, na Inglaterra, tornando-se a primeira paciente do mundo a ser submetida ao método. AVANÇO No alto, Layla, a primeira paciente. Abaixo, O responsável pelo estudo, Stanley Riddell As células em uso são os glóbulos brancos. Eles têm, entre outras funções, a de reconhecer e atacar células doentes. Mas em vários casos, pela falência do sistema imunológico diante da agressividade do tumor, eles perdem essa capacidade. A solução criada pelos médicos foi a de retirar parte dessas células, modificá-las geneticamente de maneira que passassem a atacar com mais potência, e infundi-las novamente. No tratamento feito com americanos, 35 doentes apresentavam leucemia linfoblástica aguda. Em 90%, a doença regrediu. Outros 40 tinham dois outros tipos (linfoma nãoHodgkin e leucemia linfocítica crônica). Mais de 80% responderam favoravelmente ao tratamento. O responsável pelo estudo, Stanley Riddell, entusiasmou-se. “São resultados sem precedentes”, disse. Riddell é um dos mais reconhecidos pesquisadores desta linha de tratamento, chamada deimunoterapia. E ele próprio considera que, apesar do grande avanço, é preciso caminhar mais para que o tratamento fique disponível. Um dos objetivos é diminuir os efeitos colaterais, alguns severos, e o risco de mortalidade que a terapia embute. Dos 35 doentes, dois morreram por causa dos danos provocados pelo tratamento. CAPA ISTOÉ ECONOMIA & NEGÓCIOS ECONOMIA & NEGÓCIOS | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 07:06 Juros negativos: a solução para a crise? No Japão e na Suécia, agora o investidor pode receber do banco menos do que aplicou. A dúvida é se a medida será capaz de fazer a economia acelerar Mariana Queiroz Barboza ([email protected]) Num país com a maior taxa de juros reais do mundo como o Brasil – a Selic está em 14,25% ao ano –, ler que o Japão implementou juros negativos na terça-feira 16 pode soar absurdo. Enquanto por aqui os juros altos fazem parte do cenário recessivo, do outro lado do mundo a taxa negativa é uma solução para sair da crise. O primeiro impacto derrubou o valor do iene e das ações do setor financeiro, que vive de juros. Numa economia com deflação persistente, em que os consumidores adiam compras na expectativa de que no próximo mês elas estarão mais baratas, o governo do primeiroministro Shinzo Abe espera que, ao cobrar dos bancos comerciais uma taxa para manter suas reservas adicionais junto à autoridade monetária, ele dará novo fôlego à economia e levará a inflação perto da meta de 2%. De acordo com essa lógica, só assim os bancos estarão dispostos a emprestar dinheiro para as famílias e os empresários e estimular uma demanda doméstica cada dia mais fraca. INCERTEZA A primeira reação das bolsas japonesas foi ruim, mas a implementação dos juros negativos é considerada até por Janet Yellen, do Fed (abaixo) Com essa medida, o Japão seguiu o mesmo caminho do Banco Central Europeu, que adotou a taxa negativa em 2014. Países como Suíça, Suécia e Dinamarca já aplicaram os juros negativos, e até a presidente do banco central americano (Fed), Janet Yellen, os considerou. Segundo Alexandre Espírito Santo, professor de Finanças do Ibmec/RJ e economista da Órama, isso é consequência da crise de 2008, quando empréstimos malsucedidos e sem garantia impuseram enorme prejuízo aos bancos. “Uma forma de reverter essa situação é pela política fiscal, mas esses governos já gastaram muito e estão endividados”, diz o professor. “Ao mesmo tempo, os bancos centrais fizeram uma política expansionista de incentivo ao crédito para aumentar o consumo e ela não funcionou nem na Europa nem no Japão.” Vislumbrando uma perspectiva negativa e questionados em relação à sua saúde financeira, os bancos estão com medo de calote – muitos estão expostos a empresas petrolíferas que agora amargam prejuízos por causa da queda no preço do barril da matéria-prima. E é justamente essa falta de confiança que sinaliza que a economia mundial pode estar pior do que se imagina. No horizonte do Japão, a desaceleração global, sobretudo da China, que afeta as exportações, e o envelhecimento de sua população, que inibe a demanda doméstica, formam obstáculos para uma recuperação econômica duradoura. Nos últimos 30 anos, a produção japonesa se internacionalizou, enquanto poucos jovens entravam no mercado de trabalho e de consumo. A esse cenário, Gilmar Masiero, coordenador do Programa de Estudos Asiáticos da Universidade de São Paulo, faz uma ressalva. “Os ganhos de produtividade da economia japonesa continuam muito elevados”, diz. “A força de trabalho economicamente ativa está diminuindo e envelhecendo, e, mesmo assim, o país consegue ter um desempenho que outras economias em desenvolvimento não têm.” Segundo Masiero, flexibilizar as regras para a imigração é passo fundamental para o rejuvenescimento da força de trabalho. Enquanto isso não acontece, o país faz uma última tentativa de levar seus velhinhos às compras. Fotos: REUTERS/Yuya Shino; AP Photo/Susan Walsh CAPA SEU BOLSO ISTOÉ SEU BOLSO | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 13:31 Como viabilizar projetos de crowdfunding Cada vez mais pessoas recorrem às "vaquinhas virtuais" para realizar sonhos. Saiba o que fazer para conquistar o seu por Ludmilla Amaral ([email protected]) Começar um projeto requer muitas vezes valores incompatíveis com a disponibilidade financeira da pessoa. De uns tempos para cá, uma nova forma de angariar recursos vem ganhando espaço: o crowfunding, palavra em inglês que se refere à boa e velha “vaquinha”. Com a internet e o surgimento de empresas especializadas, ficou mais fácil arrecadar dinheiro. Desde que, é claro, os projetos sejam viáveis e honestos. “O site ajuda, mas é fundamental fazer um trabalho nas redes sociais”, diz Luiz Felipe Gheller, sócio do site Vakinha. “Quanto maior for o círculo de amigos, maior a chance de alcançar o objetivo.” Confira algumas dicas para ter sucesso com o crowdfunding. CAPA MUNDO ISTOÉ MUNDO | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 14:25 Macri seduz os empresários - até os brasileiros Como a política econômica liberal do presidente argentino Mauricio Macri abriu caminho para tirar o país do isolamento nos mercados internacionais Mariana Queiroz Barboza ([email protected]) No fim de janeiro, ao sair de uma conversa de 15 minutos com o novo presidente da Argentina, o liberal Mauricio Macri, no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, o presidente global da Coca-Cola, Muhtar Kent, fez um anúncio. Nos próximos quatro anos, a companhia vai investir US$ 1 bilhão no país. “Isso mostra mais uma vez nosso comprometimento com o desenvolvimento econômico e social na Argentina”, disse Kent. A Coca-Cola, que, em 2015, colocou US$ 16 milhões na operação argentina, vai construir uma nova fábrica de engarrafamento, dois centros de distribuição e sinalizou interesse na compra de empresas locais do setor não-alcoólico. De Davos, também saíram encantados com Macri o presidente da Alphabet, Eric Schmidt, e a chefe operacional do Facebook, Sheryl Sandberg, que discutiram planos para abrir novas vagas de trabalho e ampliar o alcance da internet no país. EM ALTA Em dois meses na presidência da Argentina, Macri (acima) reconquistou a confiança dos investidores. Abaixo, Muhtar Kent, presidente mundial da Coca-Cola, que anunciou que injetará US$ 1 bilhão no país Em dois meses na Presidência, Macri não decepcionou o mercado. Retomou as negociações com os chamados “fundos abutres”, retirou subsídios e barreiras comerciais e trouxe o peso a um valor mais próximo à realidade. A partir de março, entrará em atividade uma agência para facilitar a entrada de investimentos num país que, até o ano passado, só recebia 4% de todo o dinheiro investido no mundo. É tudo o que os empresários queriam. As companhias brasileiras pretendem acompanhar o movimento. Na quinta-feira 18, o governo de Dilma Rousseff apresentou a Macri uma proposta de livre-comércio para o setor automotivo. Além disso, companhias como a JBS e a Marcopolo já demonstraram interesse em aumentar sua participação por lá. Há 24 anos presente no país vizinho, a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, investiu mais de US$ 450 milhões em aquisições nos últimos cinco anos devido às barreiras impostas por Cristina Kirchner para a importação e passou a produzir localmente mais de 17 mil toneladas de alimentos por mês. “Agora se abrem outras possibilidades, tanto de exportar quanto de importar mais, que vejo com bons olhos”, disse à ISTOÉ Alexandre Borges, presidente da BRF para a América Latina. “A Argentina é um país mais atraente para o investimento, mas que ainda vive um momento de turbulência.” O executivo cita a inflação de 4,1% em janeiro e indicadores preliminares que mostram retração do varejo no mesmo mês. “A situação macroeconômica segue bastante complicada, mas há muita expectativa de que o novo presidente possa melhorá-la por conhecer bem o ambiente de negócios e entender que esses investimentos são fundamentais para o interesse do país”, diz Camilo Tiscornia, diretor da C&T Assessores Econômicos, de Buenos Aires. “O governo anterior era hostil, sobretudo, em relação às empresas estrangeiras.” Nos últimos quatro anos na Casa Rosada, para citar alguns exemplos, Cristina nacionalizou a petrolífera YPF, ampliou o controle estatal sobre o mercado de capitais e sobre a mídia. No caminho para tirar Buenos Aires do isolamento, um acordo com os credores que não aceitaram as reestruturações propostas após o calote de 2001 é vital. Para Carlos Caicedo, analista de América Latina da consultoria de risco IHS, de Londres, o país deverá se acertar com eles até junho e, então, liberar o acesso para os mercados internacionais, abrindo espaço para novos investimentos e para a expansão do crédito, hoje em 14% do PIB. “2016 será um ano de transição, o crescimento virá no ano que vem”, afirma. “Ninguém duvida das credenciais pró-mercado de Macri e de sua previsibilidade, o que é fundamental para os investidores.” Apesar do ambiente otimista, Macri tem outros dois grandes desafios pela frente. O primeiro deles será convencer o Congresso, que voltará às atividades em março, a aceitar pagar mais de US$ 7 bilhões aos fundos estrangeiros e aprovar uma série de reformas liberais. Ali, a oposição kirchnerista, apesar de rachada e cada vez mais enfraquecida, ainda é maioria. O segundo dependerá do perfil conciliador que o presidente tem demonstrado até agora. Para inspirar confiança, Macri precisará manter a paz numa sociedade muito politizada e onde os sindicatos dos trabalhadores são capazes de promover greves e paralisações de alcance nacional. Em dezembro, ele viu uma pequena demonstração disso. Milhares de manifestantes foram às ruas contra a revisão de 24 mil postos no funcionalismo público e a suspensão de 11 mil concursos via decreto presidencial. Para completar, Macri depende do andamento das negociações salariais para conter a pressão inflacionária. Esse será seu verdadeiro teste. Fotos: Natacha Pisarenko/AP Photo CAPA CULTURA ISTOÉ | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 00:25 Sem escrúpulos Chega ao Brasil livro que revela os bastidores do escândalo de espionagem ilegal, tráfico de influência e corrupção policial que abalaram um dos maiores impérios de comunicação do mundo e fecharam um tablóide britânico Ana Weiss ([email protected]) A exposição pública da vida íntima de famosos e anônimos nos tablóides ingleses é uma tradição quase tão conhecida quanto a presença da família real na missa da manhã do dia de Natal. Mas quando em 2007 Clive Goodman, então editor da cobertura da família real do tablóide “News of the World”, foi descoberto escutando recados de telefone de três funcionários do Palácio de Buckingham, teve início uma guerra que revelou ao mundo o quão nefasto pode ser o sensacionalismo. PELA FRESTA O ''News of World'', fechado em 2011 por seu dono, Rupert Murdoch, deixou entreaberto um veio de abusos e crimes da imprensa. Muitos dos envolvidos foram promovidos pelo milionário O livro “Vale Tudo”, que chega agora ao Brasil, conta com detalhes os bastidores do escândalo dos grampos que começou na Inglaterra, fazendo com que as empresas anunciantes cancelassem suas parcerias com os títulos acusados de escuta ilegal, provocando revisão das leis de regulação da imprensa e obrigando o primeiro ministro James Cameron a reconhecer o comprometimento do governo com as ações criminosas. O crescimento das descobertas de estratégias obscuras de obtenção de notícias – como invasão em caixa postal de crianças assassinadas – , alcançaram repercussão mundial, derrubando ações do grupo na bolsa, enterrando negócios milionários e mudando a geopolítica nos negócios de Rupert Murdoch, um dos mais poderosos empresários de comunicação do mundo, com tentáculos em quase todos os continentes. O livro traz sete anos de trabalho de Nick Davies, repórter do “Guardian” à época que ficou incomodado com a explicação oficial de que um jornalista e um detetive particular tinham descoberto sozinhos uma forma de invadir caixas postais para obter furos e sepultado as carreiras por causa de informações dos celulares de três funcionários que orbitavam a realeza. Com o apoio do jornal, Davies se municiou de provas que sustentassem as evidências que encontrou no caminho. Provou que, diferentemente das oito vítimas anunciadas pela Scotland Yard no processo de 2007, os grampos tinham prejudicado ou destruído cerca de 2 mil pessoas. Mostrou também que, ao contrário do que foi alegado e tomado como verdade na época, era sim o alto escalão dos jornais da News Corp que partiam as decisões de quebra ilegal de sigilos da contratação de detetives e das ações de espionagem industrial contra a concorrência. MANOBRA Rupert Murdoch (acima) fechou o ''News of the World'', com uma ediçãode despedida. Antes disso, simulou um vazamento de informações sobre o caso das escutas ilegais Andy Coulson era editor-chefe do tablóide quando Clive Goodman a e o detetive particular Glenn Mulclaire firam julgados culpados. Ele alegou nunca ter ouvido nada sobre escutas na redação que chefiava. Ainda assim pediu demissão da corporação “pois sentia que era seu dever.” Coulson, condenado em junho do ano passado pelas escutas, deixou a sala envidraçada do “News of World” para chefiar a comunicação de David Cameron. O livro vai além do noticiário ao emiuçar as estratégias do clã Murdoch para salvar os negócios mais lucrativos e os profissionais de seu círculo próximo. Davies conta como o fechamento espontâneo do “News of the World” no auge dos escândalos atenuou o bombardeio. E como Murdoch conseguiu salvar Rebekah Brooks, jornalista no comando de alguns dos títulos em momentos de avalanches de notícias obtidas por escuta ilegal. Como o colega (e amante) Andy Coulson, Rebekah esteve no banco dos réus. Diferentemente de Coulson, a ruiva não deixou indício material de seu envolvimento com as operações ilegais. Acusada de formação de quadrilha, foi absolvida. O livro já estava pronto quando, em setembro do ano passado, ela foi promovida por Murdoch à CEO do News UK, o mais alto posto do jornal do grupo. Sua primeira ação foi contratar para o cargo de conselheiro Angus McBride, o advogado que conseguiu sua absolvição em 2014. BASTIDORES Nick Davies (acima) detalha em novo livro os bastidores de uma investigação de sete anos FOTOS: Tom Stoddart/Getty Images; AP Photo/Louis Lanzano; Judy Goldhill CAPA CINEMA ISTOÉ EM CARTAZ | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 09:49 Bem acompanhadas Não seria demais avisar que "Como ser solteira" é mais um filme de mulheres que declaram querer ficar solteiras e acabam esbarrando na tentação de se relacionar Ana Weiss ([email protected]) Não seria demais avisar que “Como ser solteira” é mais um filme de mulheres que declaram querer ficar solteiras e acabam esbarrando na tentação de se relacionar. Como no seriado “Sex and The City”, mostra como é melhor ter amigas com quem contar, trocar conselhos sobre moda, cabelo e sexo do que ter um homem para chamar de seu. Dakota Johnson – namoradinha do planeta desde “Cinquenta Tons de Cinza” – vive Alice, que decide “dar um tempo” do namoro para “se descobrir”. Conhece a pegadora convicta Robin (Rebel Wilson), que vai introduzi-la no universo do sexo casual de Nova York. Liz Tuccillo, autora do livro homônimo que originou o filme, também ajudou a escrever alguns dos episódios de “Sex and The City”. Aqui como lá as meninas se divertem em grupo de quatro. Mas lá as roupas e os sapatos eram melhores. Nos Estados Unidos, o longa-metragem ficou em terceiro lugar de bilheteria na semana de estreia. + 5 filmes sobre a solteirice A última Festa de Solteiro Comédia de 1984 com Tom Hanks quase irreconhecível no papel de Rick, que decide se casar Virgem de 40 anos Comédia sobre homem que nunca viveu uma experiência sexual completa. Com o ótimo Steve Carell (FOTO) O Diário de Bridget Jones Franquia com Renée Zellweger que chegou ao seu terceiro filme com a ex-solteira, agora viúva e mãe Ele não Está a fim de Você Filme conta a história da ciranda amorosa entre românticos e pragmáticos Alta Fidelidade Baseado no o best-seller escrito pelo britânico Nick Hornby, narra as desventuras do dono de uma loja de discos prestes a fechar as portas CAPA MOSTRA ISTOÉ EM CARTAZ | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:27 O baú de Luiz Sergio Person O cineasta Luiz Sergio Person morreu em 1976, deixando filmes essenciais como "São Paulo S/A", produção sobre a angústia de viver sob as engrenagens industriais da cidade Ana Weiss ([email protected]) O cineasta Luiz Sergio Person morreu em 1976, deixando filmes essenciais como “São Paulo S/A”, produção sobre a angústia de viver sob as engrenagens industriais da cidade. Person também traduziu peças de teatro e escreveu roteiros que nunca chegaram às telas, como “A Hora dos Ruminantes”. Essa parte menos conhecida de seu percurso acompanha os ícones na “Ocupação Person”, mostra no Itaú Cultural em São Paulo. CAPA TELEVISÃO ISTOÉ EM CARTAZ | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 06:54 Armas no lugar do bisturi Hugh Laurie se tornou conhecido (e ajudou a tornar famosa) com a série "House", grande audiência dos anos 2000. Agora, ator inglês volta agora à televisão como o inescrupuloso traficante de armas Richard Onslow Roper, vilão de "The Night Manager" Ana Weiss ([email protected]) Hugh Laurie se tornou conhecido (e ajudou a tornar famosa) com a série “House”, grande audiência dos anos 2000. Agora, ator inglês volta agora à televisão como o inescrupuloso traficante de armas Richard Onslow Roper, vilão de “The Night Manager”. A série em seis capítulos se baseia no romance homônimo de John Le Carré e que vai ao ar pela AMC, a partir de domingo 22 (às 22h), com reprise às segundas-feiras, (às 22h30). Tom Hiddleston (de “Os Vingadores e “Meia Noite em Paris”) faz Jonathan Pine, o protagonista, um ex-soldado convocado pela inteligência britânica para se infiltrar no círculo do comércio ilegal de armas comandado por Roper. A missão de Pine é descobrir e detonar o esquema criminoso que pode estar ligado ao governo britânico. CAPA LIVROS ISTOÉ EM CARTAZ | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:27 Inédito de Cabrera Infante Apesar de dez anos passados da morte de Guillermo Cabrera Infante, muitos de seus escritos permaneciam inéditos. "Corpos Divinos", que a Companhia das Letras coloca agora nas livrarias, traz um último e inconcluso texto do escritor cubano Ana Weiss ([email protected]) Apesar de dez anos passados da morte de Guillermo Cabrera Infante, muitos de seus escritos permaneciam inéditos. “Corpos Divinos”, que a Companhia das Letras coloca agora nas livrarias, traz um último e inconcluso texto do escritor cubano que morreu em Londres. Infante foi um ativo apoiador da Revolução de Fidel Castro, mas, logo depois do estabelecimento do governo socialista, rompeu com o castrismo, sobretudo por discordar da aliança estabelecida com a União Soviética. Parte importante de sua obra traz a grande decepção e a criativa, boêmia e admirável sobreviência de uma geração que viveu os dois lados do sonho do comunismo. “Corpos Divinos”, embora não tenha sido organizado por seu autor, mantém coerente a linguagem e o tratamento cortante, irônico e bem-humorado que Cabrera Infante distribuía com igualdade entre seus personagens. Entre eles, Fulgencio Batista, Ernest Hemingway e Fidel Castro, que no romance inédito vivem o biênio 1957-1959, que definiu a Revolução Cubana. CAPA AGENDA ISTOÉ EM CARTAZ | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:27 Tim/Teresa/Banalidade Confira os destaques da semana Ana Weiss ([email protected]) Tim Burton (No Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, até 15/5) Mostra com objetos de cena, croquis e peças relacionadas aos filmes do cineasta Teresa Canta Cartola (No Theatro Net, em São Paulo no domingo 21) A sambista interpreta canções do compositor mangueirense Da Banalidade (No Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, até 6/3) Exposição coletiva dos artistas contemporâneos Ana Elisa Egreja, Cabelo e Julia Kater CAPA ARTES VISUAIS ISTOÉ ARTES VISUAIS | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 06:52 De olhos fechados Diários do artista José Leonilson, gravados nos anos 1990 em fita K7 com a intenção de se tornar livro, ganham forma de longametragem por Paula Alzugaray A PAIXÃO DE JL/ direção Carlos Nader, 82’, cor, 2015, em cartaz a partir de 25/2 no circuito Espaço Itaú de Cinema de São Paulo, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador Falando baixinho, quase em sussurro, José Leonilson descreve um sonho em que sente medo de uma pessoa “que vive livre e fora de casa”, e que usa de artifícios para seduzi-lo a sair. “Vou fechando fechadura por fechadura, os trincos, tudo. Fico horas fechando as fechaduras e as portas”. Em movimento contrário, o diretor Carlos Nader escolhe esta fala como chave de abertura do campo de visão da obra de Leonilson (Fortaleza, 1957- São Paulo, 1993), a partir do diário de seu diário gravado de 1990 até sua morte. Na fala de introdução de “A Paixão de JL” está revelada a estrutura que irá reger os 82 minutos do filme realizado pelo Itaú Cultural: os flertes entre ficção e realidade; as tensões entre mundo interior e mundo vasto; as intimidades entre a esferas pública e privada de uma vida. MEDO Cena interpreta sonho em que Leonilson teme ser seduzido pelo mundo exterior Desde que a morte pelo vírus HIV encerrou abrupta e violentamente uma trajetória de singular consistência e em franca projeção, o conjunto da obra de Leonilson foi identificado pela crítica como predominantemente autobiográfica. Cada uma de suas pinturas, desenhos e bordados seriam “cartas para um diário íntimo”, nas palavras de Lisette Lagnado, autora da primeira publicação monográfica, em 1996. Prêmio de melhor documentário no festival É Tudo Verdade, de 2015, “A Paixão de JL” vem agora alinhavar expressão oral e obra plástica na construção de um retrato da vida e da obra do artista. Estrutura semelhante já havia sido usada por Karen Harley no curta “Com o Oceano Inteiro Para Nadar” (1997), premiado no 13º Rio Cine Festival. Há inevitáveis cruzamentos entre os dois filmes, tanto nas escolhas de trechos de texto, quanto de obras. O bordado “José” (1991), por exemplo, é escolhido para abrir o filme de Harley e fechar o de Nader. HOMEM-PEIXE Leonilson acreditava em um oceano inteiro para nadar Mas a estas duas instâncias autobiográficas da obra de Leonilson – texto e imagem –, o filme entrelaça um terceiro elemento: imagens de arquivo de acontecimentos públicos vividos ou citados pelo artista. A assimilação desses conteúdos é o que permite a Nader exercitar liberdades poéticas a partir de dados factuais, em consonância com o que entende da obra e do discurso de seu retratado, explicitando um caminho autoral. Entre sonhos com cidades submersas entremeados a clipes de Madonna, cenas da guerra do Iraque e filmes de Wim Wenders, surgem elementos que não são explicitamente citados por Leonilson e que, portanto, reafirmam a mão do diretor. Um exemplo flagrante é a inserção, na primeira parte do filme, de dois grandes momentos do século 20 – mais precisamente de 1989 – que viraram imagens icônicas: o homem que desafiou os tanques do exército chinês e a celebração da queda do muro de Berlim. Dois casos de resistência e vitória da liberdade. VOZ Vazio, confusão, isolamento e fragilidade são sentimentos gravados em fitas K7 O encadeamento entre voz, obra e imagens do mundo tece uma narrativa poética de grande interesse. Mas não são poucos o momentos em que texto e cadência da voz são tão pungentes, que não há imagem que dê conta e os olhos do espectador são impelidos a se fechar. Foto: Eduardo brandão; Paula Alzugaray CAPA ROTEIROS ISTOÉ ARTES VISUAIS | N° Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 06:52 O que você perguntaria à sua cidade? PROJETO PERGUNTA - Coletivo Mil M2/ Casa França-Brasil, RJ/ até 28/2 por Paula Alzugaray Antes que o Rio, o Brasil e a América Latina tenham digerido a súbita interrupção das atividades da Casa Daros – instituição suíça que tinha como projeto promover a comunicação entre os artistas da região –, os elos entre os países latino-americanos são novamente acalentados pelo projeto institucional da Casa França-Brasil. Desde o início de 2015 dirigido pelo curador mexicano Pablo León de La Barra, o espaço atualmente ativa a circulação de ideias entre Brasil e seus vizinhos por meio do Projeto Pergunta, iniciativa do coletivo chileno Mil M2. Fugindo do formato convencional de exposição, a atual ocupação do espaço é, antes, “um dispositivo de participação cidadã focado na geração, visualização e viralização coletiva de debates no espaço público”. Consiste em levar para o edifício projetado por arquiteto da Missão Francesa e inaugurado em 1820 como Praça do Comércio e logo anos depois transformado em Alfândega, perguntas elaboradas por grupos de cariocas convocados em espaços públicos como a Praia do Flamengo, a Praça 15, a Cinelândia e a Candelária. As perguntas, dispostas em cadernos a serem preenchidos pelos visitantes da Casa França-Brasil, se alteram diariamente num grande painel posicionado no espaço central da galeria. O projeto, que nasceu no Chile em 2014 e percorreu as cidades de Antofogasta, Santiago, Temuco e Castro, parte sempre de uma pergunta inicial: O que você perguntaria à sua cidade? Se uma das poucas unanimidades que temos é que a função da arte não é dar respostas, mas lançar perguntas, é no mínimo coerente que um espaço cultural tome para si a tarefa de se transformar em fórum de discussão. É também especialmente oportuno que isto ocorra no contexto de crise política e social vivida pelo Brasil, e de transformação urbana do Rio de Janeiro, se oferecendo como alternativa às relações remotas estabelecidas nas redes sociais, o fórum de debate possível e predominante hoje. PA CAPA ISTOÉ ASEMANA ASEMANA Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "Cartas" >> Capa O ser humano precisa de momentos de reflexão, nos quais avalie qual deve ser o seu comportamento em determinadas situações. A constatação científica de que meditar faz bem à saúde é positiva. “O poder da nova meditação” (ISTOÉ 2410) Uriel Villas Boas Santos – SP >> Entrevista Parabenizo a revista ISTOÉ pela excelente entrevista com o promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Mauro Ellovitch, que está à frente da apuração da tragédia de Mariana. Como coordenador da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha o caso, compartilho da preocupação do promotor com as manobras no Congresso Nacional para flexibilizar a nossa legislação socioambiental. “Não podemos nos dar ao luxo de ser otimistas” (ISTOÉ 2410) José Sarney Filho Brasília – DF CAPA ISTOÉ ASEMANA ASEMANA Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 02:29 "Cartas 2" >> Semana É incompreensível o descaso do governo federal com a epidemia do vírus zika. Os prejuízos futuros serão maiores do que as despesas atuais com o combate ao transmissor. “Vacina contra zika deverá ficar pronta em um ano” (ISTOÉ 2410) Daniel Marques Virginópolis – MG >> Brasil O Grupo Andrade Gutierrez nega veementemente que tenha “presenteado” um assessor da presidente Dilma Rousseff por meio da construção de um bar no Estádio Beira-Rio. A condução da parceria com o Internacional é feita pela BRio, SPE da qual a AG detém 50% do capital. A BRio, nessa parceria, tem o direito de explorar - e o faz mediante aluguel a terceiros - lojas existentes no estádio. O Red Bar ocupa duas dessas lojas, cuja locação foi objeto de contrato feito em estrita conformidade com a lei e a valores de mercado, sem qualquer favorecimento. “O afilhado problema” (ISTOÉ 2409) Andrade Gutierrez Rio de Janeiro – RJ CAPA ISTOÉ ASEMANA REVELAÇÕES ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 11:33 "FHC é um bom pai" Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz O Brasil descobriu que Fernando Henrique Cardoso é um excelente pai, graças à indiscrição da jornalista Miriam Dutra. Em entrevista à “Brazil com Z”, Miriam desenterrou algo que FHC jamais escondeu: o romance extraconjugal que os dois mantiveram na década de 1980. Dessa relação amorosa nasceu Tomás, hoje com 25 anos. Ao tentar dar ares de novidade a uma história já explorada, Miriam acabou apresentando FHC como um pai amoroso com o filho – que nem é dele, conforme atestam dois exames de DNA. Apesar dos resultados negativos, o relacionamento entre o ex-presidente e Tomás seguiu harmonioso. Ao contrário do que Miriam tenta mostrar, FHC nunca a deixou sem farta assistência e lhe dava mensalmente US$ 3.000. Ela diz que para receber o dinheiro, teve de manter um contrato fictício com a empresa Brasif Exportação e Importação. FHC afirma que os recursos integravam e integram rendas legítimas. CAPA FRANÇA ISTOÉ ASEMANA ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "O terror perdeu para o rock" Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz O show não pode parar, e isso não significa indiferença à dor, sublimação ou ausência de constante indignação. Significa, sim, que a civilização e a cultura têm de triunfar diante do obscurantismo. Pode-se resumir dessa forma o que foi na semana passada em Paris, na casa de show Olympia, a apresentação da banda de rock californiana Eagles of Death Metal – a mesma que tocava em novembro no Bataclan quando o local foi invadido por terroristas do Estado Islâmico, e lá morreram a tiros ou explodidas cerca de 90 pessoas. Muitos sobreviventes daquele horror estavam na terça-feira 16 no Olympia, a maioria deles “para homenagear” os mortos e mostrar “que a cultura continua a existir no mundo”. O que sempre foi no mínimo raro e estranho em show de rock, dessa vez soava natural: diversos jovens se faziam acompanhar de pai e mãe. CAPA ISTOÉ ASEMANA DIPLOMACIA ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "DEMOCRATA OBAMA REPETE CONSERVADOR COOLIDGE " Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz A última vez que um presidente americano pisou em Cuba foi no ano de 1928. Seu nome era Calvin Coolidge e ele integrava o Partido Republicano. Agora, 88 anos depois, o presidente democrata Barack Obama vai à ilha para se encontrar com o ditador Raul Castro no dia 21 de março. “Viajarei para avançar no nosso progresso e nos nossos esforços visando a melhorar a vida da população cubana”, escreveu Obama na quinta-feira 18 no Twitter. “Ainda temos diferenças com o governo de lá e vou tratar delas pessoalmente”. Um dia antes do anúncio os dois países assinaram um termo de entendimento sobre aviação civil. Autoriza até 110 voos regulares diários para Havana. O ISTOÉ ASEMANA CAPA MEDICINA ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "Onde começa o Alzheimer" Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz A noradrenalina é um neurotransmissor (substância química) que está no nosso cérebro, responsabilizando-se, entre outras funções, pela regulação dos batimentos cardíacos, estabilidade do humor, capacidade de cognição e memória. Tem alta conectividade com todos os outros neurotransmissores e ramificações nervosas. É justamente essa “versatilidade”, no entanto, que pode tornar as regiões em que ele atua mais sensíveis ao desenvolvimento do Alzheimer. Essa descoberta foi anunciada pela publicação científica “Trends in Cognitive Sciences”. Há o que festejar em termos da possibilidade de desenvolvimento de tratamentos e métodos de prevenção. O que se acabou de detectar é justamente onde começa, no cérebro, a demência do Alzheimer. É o maior passo que se deu na luta contra essa doença. CAPA ISTOÉ ASEMANA TRIBUNAL MILITAR ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "Condenado no espionagem " Brasil suspeito Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz O Superior Tribunal Militar condenou à revelia, a um ano de prisão, o cidadão russo D.A.S (nome mantido em sigilo). A acusação é de espionagem. Passando-se por turista e portando passaporte de seu país e do Equador, D.A.S invadiu (pulando o muro) o Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus, um dos principais departamentos das Forças Armadas do Brasil (nele está arquivada vasta documentação científica sobre a Amazônia). O fato ocorreu em 2013, a sentença acaba de sair. O turista ou espião aguardava em liberdade a decisão da Justiça. Fugiu para Moscou. de CAPA ISTOÉ ASEMANA ASEMANA Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "RS 46,6 bilhões" Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz é o total do déficit dos quatro principais fundos de pensão de estatais (Postalis, Petros, Funcef e Previ). O rombo refere-se ao déficit atuarial. Ou seja: se o fundo fosse obrigado a pagar hoje todos os benefícios atuais e futuros, esse seria o valor da conta. ISTOÉ ASEMANA CAPA DENÚNCIA ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "A artista e perita Berna Reale merece respeito " Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz A paraense Berna Reale é um dos nomes mais significativos da arte contemporânea no País – esteve entre os três brasileiros que participaram da 56ª Bienal de Veneza no ano passado. Também com extrema competência, Berna é perita criminal. Combinando as duas atividades, ela denuncia, por meio de sua arte, a violência e a injustiça. Na semana passada, acabou agredida em seu ambiente de trabalho (o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, em Belém), quando procurou o diretor do Instituto de Criminalística, Silvio André Lima da Conceição, para conversar a respeito de um funcionário que seria transferido à revelia. “Ele me pressionou contra a parede e gritava que iria me mostrar como respeitá-lo”, diz Berna, que registrou boletim de ocorrência e pretende retomar um processo que apresentou à Corregedoria há dois anos com denúncias recolhidas ao longo de sua carreira. CAPA ISTOÉ ASEMANA PERSONAGEM ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "Selfie com o "japonês da Federal"" Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz Fez sucesso a passagem pelo Congresso do agente da Polícia Federal Newton Ishii, o “japonês bonzinho” que aparece em todas as imagens de presos da Lava Jato. Parlamentares, assessores e seguranças correram a tirar selfie com ele. O agente esteve em Brasília para participar da posse da diretoria da Federação Nacional dos Policiais Federais e foi convidado a visitar a Câmara e o Senado. CAPA LIVROS ISTOÉ ASEMANA ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "Após 17 anos, mãe de um dos atiradores de Columbine fala sobre a tragédia" Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz Há 17 anos, os jovens Dylan Klebold e Eric Harris promoveram um massacre na Columbine High School, nos EUA: mataram 12 alunos, um professor, e por pouco não explodiram a escola inteira. Cercados pela polícia, ambos se suicidaram na biblioteca. Na semana passada, Sue Klebold, mãe de Dylan, quebrou o silêncio de quase duas décadas com o lançamento de seu livro “A Mother’s Reckoning: Living in the Aftermath of the Columbine Tragedy” (“O acertar de contas de uma mãe: vivendo depois da tragédia de Columbine”). Ela segue arrasada sob o peso de duas culpas. A primeira refere-se ao fato de ter considerado “normal” o seu filho, apesar de ele mostrar desde a infância um temperamento irritadiço e de baixa tolerância às frustrações. “É necessário levar filhos assim a um médico”, diz Sue. A segunda culpa é que ela desejou que seu filho morresse quando o massacre estava se desenrolando. ISTOÉ ASEMANA CAPA CIÊNCIA ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 08.Abr.16 - 02:58 "Órgãos em impressora 3D" Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz Um grupo de cientistas desenvolveu a técnica adequada para que sejam produzidos em impressoras 3D as estruturas de cartilagens, ossos e músculos. O objetivo são os transplantes. A notícia foi dada pela revista “Nature Biotechnology”. Os órgãos impressos em 3D permitem que as células humanas penetrem neles com maior facilidade, praticamente anulando o risco de rejeição. Uma orelha e uma mandíbula já foram produzidas. Os moldes biológicos são construídos a partir de informações digitais obtidas por técnicas de imagem, como, por exemplo, a tomografia computadorizada. CAPA ISTOÉ ASEMANA ASEMANA Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "R$ 192 milhões," Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz em bens pertencentes ao jogador Neymar, foram bloqueados pela Justiça Federal – a Procuradoria da Fazenda Nacional o acusa de ter deixado de pagar R$ 63,6 milhões em impostos à Receita, entre os anos de 2011 e 2013. Entre os bens bloqueados estão um jatinho, um iate e imóveis nas cidades paulistas de Guarujá, Santos, Praia Grande, São Vicente e São Paulo. CAPA ISTOÉ ASEMANA SUPREMA CORTE ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "O xadrez que o juiz Scalia deixa para a Casa Branca " Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz A morte do juiz Antonin Scalia, uma dos mais polêmicos ultraconservadores da Suprema Corte dos EUA, teve implicações políticas imediatas. O presidente Barack Obama declarou que pretende indicar o quanto antes o sucessor, dando assim um quinto magistrado liberal para o tribunal – antes da morte de Scalia, eram quatro conservadores, quatro liberais e um juiz independente. O Partido Republicano ameaça vetar o nome indicado e quer que o novo presidente dos EUA faça a escolha, porque assim, em ganhando as eleições à Casa Branca um conservador, os liberais é que ficariam em minoria na Suprema Corte. Se Obama entrar nessa queda de braço, estará jogando a última cartada de seu mandato: poderá terminá-lo desprestigiado no Poder Judiciário, e isso, nos EUA estraga a biografia. Scalia morreu na semana passada aos 79 anos, de causa não revelada. CAPA ISTOÉ ASEMANA COMPORTAMENTO ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "Papa admite uso de contraceptivo" Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz “O aborto é um crime, não é o mal menor. O aborto é o que a máfia faz. Mas evitar a gravidez, isso não é algo mau em absoluto”. Assim o papa Francisco, a bordo do avião no qual retornou do México à Itália, na quinta-feira 18, respondeu aos jornalistas que lhe perguntaram sobre a epidemia do vírus zika e os casos de microcefalia em bebês. Dessa forma, Francisco admitiu que, em meio ao surto atual da doença, as mulheres poderiam recorrer a contraceptivos. Reiterou, no entanto, que para a Igreja Católica há uma profunda diferença moral entre o aborto e a prevenção. CAPA ISTOÉ ASEMANA SAÚDE PÚBLICA ASEMANA | Edição: 2411 | 19.Fev.16 - 20:00 | Atualizado em 07.Abr.16 - 23:34 "HPV, sexo e câncer de garganta " Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz A Associaçção Americana para Avanços na Ciência anunciou na semana passada: homens correm duas vezes mais o risco de desenvolver câncer de garganta e de boca por meio de sexo oral, em comparação com mulheres, devido à infecção por HPV (papilomavírus humano). Estima-se que dois a cada três casos desse tipo de câncer sejam causados pelo subtipo 16 do vírus. O motivo de maior exposição do homem ao HPV, no sexo oral, deve-se ao fato de, muitas vezes, o vírus não estar visível na região genital da mulher. Outro dado: “O estudo mostrou que nos homens a probabilidade de infecção pelo HPV cresce conforme aumenta o número de parceiras”, diz o epidemiologista americano Gypsyamber D’Souza, da Universidade Johns Hopkins. - 2,7 milhões de frascos de penicilina benzatina acabam de ser comprados pelo Ministério da Saúde. Serão distribuídos no SUS para “abastecer com emergência os Estados Brasileiros”, tentando combater o assustador avanço da sífilis no País.