ANEXO ÚNICO RELATÓRIO DE ATIVIDADES NOME: Paulo Keishi Ichimura Kohara REGIONAL: Assessoria Técnica Psicossocial – Defensoria Pública Geral TELEFONE: 3105-9040 / R.: 712 EVENTO: II ENADIR - Encontro Nacional de Antropologia do Direito INSTITUIÇÃO: Universidade de São Paulo / Núcleo de Antropologia do Direito – NADIR LOCAL DO EVENTO: Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) DATA DE INÍCIO: 31/08/2011; DATA DE TÉRMINO: 02/09/2011. São Paulo, 27 de dezembro de 2011 LOCAL / DATA ASSINATURA DO DEFENSOR OU SERVIDOR PÚBLICO CONSIDERAÇÕES SOBRE O EVENTO A) Breve resumo dos conteúdos ministrados, com indicação do título das palestras ou debates, bem como dos nomes dos palestrantes e debatedores. Pesquisas e Ensinos da Antropologia do Direito no Brasil: 30 anos? Palestrantes: Jane Felipe Beltrão (UFPA), Luís Roberto Cardoso de Oliveira (UnB), Roberto Kant de Lima (UFF) e Ronaldo Lobão (UFF) - Depoimentos de experiências de pesquisa, de orientações e de elaboração de cursos/disciplinas (graduação, pós, especialização) que construíram boa parte do campo acadêmico da Antropologia do Direito no Brasil. Discussão sobre a tensão entre o campo doutrinário do Direito e o empírico da Antropologia na construção do campo de atuação da Antropologia do Direito, bem como sobre os desafios da interdisciplinaridade. A Revolução da Juridicidade: uma resposta à mundialização. Conferencista: Étienne Le Roy - Professor Emérito de Antropologia do Direito da Univ. Panthéon-Sorbonne, Paris 1. Ex- Diretor do LAJP – Laboratoire d’Anthropologie Juridique de Paris. Construído pela pesquisa de como diferentes povos estabelecem a resolução de seus conflitos e sua relação com as normas, o conceito de juridicidade é apresentado como chave para a uma nova compreensão sobre o Direito. A partir deste conceito o professor Le Roy analisa o próprio Direito como uma forma que está necessariamente implicada à configuração do Estado como organizador das relações sociais, sendo que, a partir do estudo antropológico, é possível verificar que relações sociais não normatizadas pelo Estado, ou balizadas por diferentes configurações de Estado (na exposição são citados exemplos de tribos africanas para o primeiro caso e exemplos do direito chinês para o segundo), resultam em diferentes formas de juridicidade. Segundo o professor é também a juridicidade que se evidencia no processo de globalização/mundialização, na medida em que este processo, somado a revolução tecnológica, têm imposto às sociedades novos desafios não previstos por suas normas e relações por vezes que estão muito além da mediação do Estado. Antropologia, alteridade, autoridade e constituição de sujeitos. Grupo de Trabalho para exposição de pesquisas que colocou em contato trabalhos de áreas como antropologia, direito, psicanálise, serviço social e teoria da narrativa em que estiveram em questão relações entre autoridade, violência e linguagem, bem como problemáticas relativas à constituição de sujeitos de direito. Destaco o trabalho “Estado de Direito e sujeitos de (Não) Direitos. A Violência da Exclusão” de José Ricardo Cunha, que expôs sobre os limites do Estado de Direito, que seria vigente apenas para um extrato sócio-econômico intermediário. Aos muito pobres e aos muito ricos, na prática, o atual Estado de Direito não protege ou não atinge. Destaco ainda os trabalhos de Ana Letícia de Fiori, Camila Girotto, Gabriela Ruggiero Nor e Gabriela Ruggiero Nor que pelo método de análise das narrativas encontradas em processos judiciais do tribunal do júri utilizado em suas pesquisas, demonstraram, em diferentes enfoques e temáticas, o quanto o processo pode ser influenciado por narrativas sociais exteriores a ele e diferentes do interesse da obtenção de uma verdade sobre os fatos. Antropologia do Direito e outras transdisciplinariedades: Literatura, Psicanálise, Filosofia Política, Sociologia. Palestrantes: Edson Luis de Almeida Teles (UNIFESP), Jaime Ginzburg (USP), Paulo Endo (USP) e Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo (PUC-RS). Diálogos, confluências e tensões entre a antropologia, filosofia política, análise literária, psicanálise e direito, na discussão sobre o lugar do sujeito em relação às normas. Presenças da Antropologia na Magistratura, Defensoria Pública e em políticas de Segurança Pública. Palestrantes: Ana Paula Miranda (UFF), Gustavo Augusto Soares dos Reis (Defensoria Pública - SP), Manuel Alberto Jesús Moreira (UNaM/ Cedead), Pedro Rodolfo Bodê de Moraes (UFPR). O que pensam e realizam a partir e para o campo da antropologia alguns profissionais atuantes em espaços jurídico-políticos. Exposições buscaram fomentar a discussão de qual é q qual poderia ser o lugar da antropologia nessas instituições. Antropologia e direitos em áreas estratégicas do Estado. Deborah Stucchi (MPF/SP), Homero Moro Martins (INCRA/SP), José Maurício Arruti (PUC-RJ) e Paulo Brando Santilli (UNESP-Araraquara). Relato de experiências, dilemas, inquietações e caminhos trilhados por alguns antropólogos com atuação em áreas estratégicas do Estado. B) Sugestão de bibliografia sobre os temas tratados que eventualmente tenha sido indicada no evento. Sem sugestões. C) Destaque, se for o caso, os apontamentos acerca dos conteúdos tratados que sejam identificados como especialmente úteis para as atribuições funcionais do Defensor ou servidor Público (teses jurídicas, argumentos, precedentes jurisprudenciais ou outras informações relevantes). No que se refere à atuação dos Agentes de Defensoria da área psicossocial na Defensoria Pública, destacam-se os apontamentos, presentes de modo transversal no evento, sobre os desafios da prática interdisciplinar no campo do direito, especialmente pela incompatibilidade epistemológica do conhecimento produzido de modo doutrinário pelo direito e o modo empírico que serve de base para as demais ciências. Outro desafio que emerge no campo do direito brasileiro para a execução de uma prática interdisciplinar refere-se aos métodos de resolução dos problemas: enquanto o sistema do contraditório forma os operadores do direito a não buscar uma síntese das diferentes posições apresentadas, mas a buscar a defesa intransigente de sua posição, pautada nas normas e não na realidade, a formação científica de outras áreas forma para a construção de sínteses para a busca do conhecimento na investigação sobre a realidade. Essas diferenças podem resultar em conflitos ou em boicotes, e são vividas cotidianamente durante a implantação dos Centros de Atendimento Multidisciplinar na DPESP. O esclarecimento desses elementos, por sua vez, podem balizar decisões estratégicas para a implementação da atuação interdisciplinar no âmbito da Defensoria Pública, seja nos programas de formação continuada, seja na definição dos fluxos de atendimento à população. D) O evento cumpriu satisfatoriamente com objetivo de capacitação e aperfeiçoamento? Cumpriu, os palestrantes eram bastante qualificados e a temática pertinente à minha atuação na Defensoria Pública. E) É recomendável que a EDEPE continue a investir nesse evento e nessa instituição de ensino? Sim, a qualidade dos palestrantes e das exposições foi excelente e o evento muito bem organizado, o que facilitou a apreensão dos conteúdos.