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Doenças Sexualmente Transmissíveis:
Nível de Conhecimento de Estudantes
Secundaristas da Cidade de Juramento
(MG)
NUNES, Helena Gonçalves*, FREITAS, Camila Antunes de*, BRITO, Adriana de Oliveira*, ALVES, Gabriela Galvão*,
PRINCE, Karina Andrade de**, D´ANGELIS, Carlos Eduardo Mendes***, SILVA, Marley Garcia ****
* Acadêmicas do curso de Biomedicina das FIPMoc. ** Docente dos cursos de Biomedicina e Farmácia das FIPMoc e
doutoranda da Universidade Estadual Paulista - UNESP - Araraquara, SP. *** Docente dos cursos de Biomedicina e Farmácia
das FIPMoc e doutorando da Universidade de São Paulo - FCFRP-USP - Ribeirão Preto, SP. ****Docente dos cursos de
Biomedicina e Farmácia das FIPMoc, Montes Claros, MG.
Este trabalho foi tema do Projeto de Investigação III
dos alunos do 3º período do curso de Biomedicina,
desenvolvido na cidade de Juramento (MG), no
período de fevereiro a maio de 2010, sob tutoria do
prof. Dr. Marley Garcia Silva.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil
dos estudantes secundaristas da Escola Estadual
Francisco Sá, da cidade de Juramento (MG), quanto
ao conhecimento acerca das DSTs (Doenças
Sexualmente Transmissíveis). Este estudo foi
caracterizado como uma pesquisa de campo de
caráter descritivo, com uma abordagem quantitativa.
A coleta de dados foi realizada por meio de um
questionário aplicado aos estudantes em maio de
2010. A amostra consultada foi do tipo aleatório,
constituído por 172 pessoas de ambos os sexos,
sendo 64,5% do sexo feminino e 35,5% do sexo
masculino. De acordo com o padrão de resposta dos
alunos entrevistados, observou-se que grande parte
da amostra analisada possuía conhecimento sobre
DST (97,7%). Quanto às doenças mais conhecidas
pelos estudantes, a AIDS foi a que mais se destacou,
atingindo um índice de conhecimento de 96,5%. As
principais fontes de informação sobre DST relatadas
pelos alunos foram: a Escola (77,3%), seguida pela
Televisão (60,4%). Dos entrevistados, 29,8%
relataram mudar de parceiro com frequência e
61,3% não adotam tal prática, o que sugere o
desenvolvimento de trabalhos que tratem do
comportamento sexual. Quanto à proteção contra
DST, 79,1% afirmaram se prevenir e 16,4% não
utilizam a camisinha como método de prevenção.
Tais resultados apontam para a intensificação de
campanhas educativas voltadas aos estudantes,
visto que, mesmo conhecendo as DSTs, ainda falta
associação entre conhecimento e práticas sexuais
seguras e responsáveis.
PALAVRAS-CHAVE: Adolescência, DST,
comportamento sexual
INTRODUÇÃO
Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)
são doenças infecciosas causadas por bactérias,
fungos e vírus, que podem ser disseminadas através
do contato sexual ou, menos frequentemente, por
vias não sexuais. As DST acometem pessoas de
ambos os sexos, de todas as raças e classes sociais.
Dados da literatura mostram que a adolescência é a
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faixa de idade que apresenta a maior incidência
dessas doenças. Aproximadamente 25% de todas as
DST são diagnosticados em jovens com menos de 25
anos (MARTINS et al, 2006).
Segundo Oliveira et al (2009), ainda é
perceptível entre os adolescentes a ocorrência de
comportamentos sexuais inconsequentes, o que é
verificado na falta de adesão ao uso do preservativo,
como forma de prevenção das DSTs. Essa situação
permanece presente na realidade atual, mesmo com
amplas divulgações acerca do assunto. Para que isso
se reverta, é preciso que os jovens aliem o
conhecimento que têm à sua prática cotidiana.
Nas adolescentes, as DSTs representam um
sério impacto na saúde reprodutiva, podendo causar
esterilidade, doença inflamatória pélvica, câncer de
colo uterino, gravidez ectópica, infecções
puerperais e recém-nascidos com baixo peso, além
de interferir negativamente sobre a autoestima.
Além desses aspectos, sua abordagem passou a
merecer atenção especial, quando se comprovou que
a presença das DSTs é um fator de risco para a
contaminação pelo vírus HIV (MARTINS et al,
2006) .
Os adolescentes frequentemente estão
expostos a fatores de risco de contaminação com
DST. A concepção errada de que quando envolvidos
em relacionamentos estáveis não é necessário o uso
do preservativo remete à questão de
invulnerabilidade. Situação como essa leva os
adolescentes a aderir a práticas sexuais inseguras.
Outro fator é a questão do gênero, devido ao qual as
mulheres se subordinam ao querer masculino e se
submetem à ideia de confiança e relacionamento
monogâmico (OLIVEIRA et al, 2009).
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ALGUMAS DOENÇAS RELACIONADAS AO
CONTATO SEXUAL: AIDS, CANDIDÍASE,
SÍFILIS, GONORRÉIA E HPV
A AIDS refere-se à infecção pelo vírus HIV,
quando o paciente possui níveis de CD4 inferiores a
200 µL/mL. Infecções oportunistas acometem os
portadores do vírus, que inativa o sistema imune,
impedido-o de combater os microrganismos, como
fungos, bactérias e outros (AMABIS; MARTHO,
2004).
Os primeiros casos da AIDS foram registrados
na África na década de 1930, desenvolvendo-se
inicialmente em áreas rurais. A disseminação do
vírus nos centros populacionais foi decorrente da
migração de pessoas infectadas para cidades, em
1960 (MURRAY et al, 2006).
O HIV infecta células contendo a molécula
CD4, nelas penetrando por meio de uma molécula
encontrada na superfície do vírus chamada gp120.
Uma vez aderido à CD4, o HIV, para completar a
fusão, ativará outras proteínas na superfície da célula
humana conhecidas com CCR5 e CXCR4 (DIAS,
2004).
Murray et al (2006) afirmam que macrófagos
são incansavelmente infectados pelo HIV, por isso
compreendem o meio mais provável de reservatório
e disseminação do vírus, que se prolifera com a
replicação contínua nos linfonodos; então, é liberado
o sangue juntamente com células T infectadas.
O desenvolvimento dos sintomas da AIDS está
diretamente relacionado com a diminuição de células
CD4, e consequente disseminação do vírus no
sangue. A destruição dessa linhagem de células T é
decorrente de efeitos citopatológicos induzidos pelo
HIV. Vale salientar que proteínas acessórias do HIV
contribuem para sua virulência e replicação
(MURRAY et al, 2006).
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O contágio do HIV compreende vias de
transmissão por contato sexual anal e vaginal;
transmissão perinatal; transmissão através do leite
materno; por inoculação sanguínea através de
transfusões, compartilhamentos de agulhas
infectadas em uso de drogas intravenosas, acidente
perfuro-cortante e agulhas de tatuagem. Saliente-se
que o HIV não é transmitido por contato pessoal
próximo como beijos, abraços, tosse, ou até mesmo
por água, picadas de insetos e outros (MURRAY et
al, 2006).
O tratamento de pessoas assintomáticas ou
levemente sintomáticas ocorre por meio do AZT
(azidotimidina). Esse medicamento também é
indicado para mulheres grávidas, impedindo a
transmissão para o feto. Entretanto, devido à rápida
mutação do vírus, é desencadeada uma resistência
contra essas drogas. Já a terapia antirretroviral
a l t a m e n t e a t i v a ( H A A RT ) d i m i n u i
significativamente esse potencial de resistência. A
HAART reúne múltiplas drogas, proporciona uma
drástica diminuição dos vírus no sangue e promovem
a melhora do estado de saúde dos pacientes
portadores do vírus (MURRAY et al, 2006).
A candidíase vulvo-vaginal é caracterizada por
prurido, corrimento vaginal branco e espesso, ardor e
dispareumia. As lesões podem se espalhar pela região
inguinal. No período pré-menstrual, esses sintomas
são mais intensos, devido ao aumento da acidez
vaginal. Por ser transmitida sexualmente, a
candidíase vulvo-vaginal classifica-se como uma
doença sexualmente transmissível (DST)
(ÁLVARES et al, 2007).
A candidíase vulvo-vaginal (CVV) é uma das
infecções mais comuns na prática clínica de um
ginecologista, a segunda causa mais frequente de
vulvovaginite. Estima-se que 75% das mulheres
terão um episódio de CVV ao longo de suas vidas,
sendo que 40% a 50% teriam a segunda infecção, e
cerca de 5% poderiam adquirir padrão crônico, com
episódios de repetição (GALLE, GIANINNI, 2004).
Estudos mostraram que, através da cultura do
fluido vaginal, a Candida albicans está presente em
84% dos casos de CVV, seguida de Candida
glabrata (11,7%), Candida tropicalis (5,3%),
Candida krusei (2,6%) e outras espécies (2%)
(GALLE et al, 2004). No entanto, o gênero Candida
pode ser isolado no trato genital entre 10% e 55% das
mulheres assintomáticas na idade fértil. Assim, sua
presença não significa, necessariamente, a presença
da doença (NETO et al,1999).
A sífilis é causada pelo microrganismo
Treponema pallidum e representa sério problema de
saúde pública em muitos países, inclusive no Brasil.
Nos países subdesenvolvidos, de 10% a 15% das
gestantes podem ser portadoras de sífilis. No Brasil,
estima-se que 3,5% das gestantes sejam portadoras
dessa doença, havendo um risco de transmissão
vertical do Treponema pallidum ao redor de 50% a
85%, com taxas de mortalidade perinatal de até 40%
(ARAÚJO et al, 1999).
A destruição e lesões teciduais observadas na
sífilis representam a consequência da resposta
imunológica do paciente à infecção. As proteínas da
membrana externa estão associadas à aderência à
superfície das células do hospedeiro. A evolução
clínica da sífilis prossegue em três fases. A fase
primária caracteriza-se por uma ou mais lesões
cutâneas no local de penetração das espiroquetas que
são ingeridos pelas células fagocíticas. Na fase
secundária, aparecem os sinais clínicos da doença
disseminada, com lesões cutâneas proeminentes
dispersas em toda a superfície do corpo. Cada fase
representa a multiplicação localizada da espiroqueta
e a destruição tecidual. Verifica-se, ainda, a presença
de numerosos microrganismos no cancro inicial,
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bem como nas lesões secundários, após
disseminação das espiroquetas na corrente sanguínea
(MURRAY et al, 2006).
A gonorreia é uma infecção bacteriana
frequente, causada pela Neisseria gonorrhoeae, um
diplococo gram-negativo de transmissão
predominantemente através de contato sexual ou
perinatal. Poucos países possuem sistemas de
notificação que permitem estimativas confiáveis da
incidência da gonorreia. No Brasil, os estudos
revelam-se escassos, tanto no que se refere a dados
epidemiológicos quanto a dados de eficácia
terapêutica e de resistência (PENNA et al, 2000).
A faixa etária mais comprometida situa-se
entre os 15 e os 30 anos, com o maior número de
casos entre os 20 e os 24 anos. A maioria dos casos
incide em homens, provavelmente por maior
facilidade diagnóstica, já que 70% das mulheres
infectadas permanecem assintomáticas. A gonorreia
mostra-se mais frequente em não brancos que em
brancos, alcançando proporções de até 40:1. Fatores
associadas com risco aumentado de gonorreia
incluem baixo nível sócio-econômico, nível inferior
de educação e residência urbana (PENNA et al,
2000).
A infecção pelo HPV (Papiloma Vírus
Humano) é considerada uma doença sexualmente
transmissível. A maior incidência ocorre entre os 20 e
os 40 anos de idade, que coincide com o pico de
atividade sexual. Fatores como múltiplos parceiros e
início precoce da atividade sexual aumentam a
probabilidade de infecção. No entanto, a maioria das
mulheres infectadas apresenta a forma latente ou
sub-clínica da doença, o que dificulta o diagnóstico e,
consequentemente, favorece a transmissão. Estimase que cerca de 75% da população sexualmente ativa
entre em contato com um ou mais tipos de HPV
durante sua vida. No entanto, a grande maioria dessas
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infecções é eliminada pelo sistema imune e não
desenvolve sintomas no hospedeiro (QUEIROZ et al,
2007).
A maior prevalência de HPV de alto risco
oncogênico encontra-se na África e na América
Latina. O HPV 16 é o mais frequente no mundo,
exceto na Indonésia e Argélia, onde o HPV 18 é o
mais comum; o HPV 45 apresenta alta frequência na
África Ocidental. Os tipos 33, 39 e 59 se concentram
na América Central e América do Sul (QUEIROZ et
al, 2007).
A resposta imune contra o HPV de uma forma
geral é mediada pela resposta imune celular, a
despeito do fato de anticorpos da classe IgG e IgA
contra frações antigênicas serem encontrados no
muco cervical de pacientes com neoplasia cervical. A
resposta humoral e celular é importante na prevenção
e regressão das lesões HPV induzidas. A resposta
imunológica humoral é do tipo específico, leve e
transitório, parecendo não ter valor significativo.
Relatos de literatura não mostram qualquer relação
entre a intensidade dessa resposta e a evolução clínica
das lesões (ABBAS et al, 2005).
METODOLOGIA
O presente estudo consiste numa pesquisa de
campo de caráter descritivo, com uma abordagem
quantitativa. Elaborou-se um questionário com doze
perguntas fechadas, relacionadas ao conhecimento
acerca das doenças sexualmente transmissíveis e
sobre algumas experiências de vida do entrevistado.
O questionário foi aplicado a estudantes do ensino
médio da Escola Estadual Francisco Sá, na cidade de
Juramento, nos dias 04 e 05 de maio de 2010.
A amostra consultada é do tipo aleatório,
constituído por 172 pessoas de ambos os gêneros. Os
dados coletados foram tabulados e armazenados,
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recebendo tratamento analítico no programa Excel
for Windows XP.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa realizada na Escola Estadual
Francisco Sá, da cidade de Juramento (MG),
contemplou 172 alunos regularmente matriculados.
De acordo com os resultados, 64,5% dos
entrevistados são do sexo feminino e 35,5% do sexo
masculino. A população da cidade estimada pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
para o ano de 2009 é de 4.108 habitantes. Dessa
forma, considerando todos os entrevistados
residentes na cidade de Juramento, a pesquisa
abrangeu 4% da população local. A pesquisa revelou,
ainda, que 59,3% dos entrevistados possuem idade
entre 13 e 17 anos.
Uma das propostas deste trabalho de
investigação foi avaliar o perfil dos estudantes
secundaristas da escola selecionada quanto ao
conhecimento acerca das DSTs (Doenças
Sexualmente Transmissíveis). Segundo dados
coletados nas entrevistas, 97,7% dos alunos
pesquisados possuíam conhecimento sobre as DSTs
e apenas 2,3% declararam não possuir
conhecimento. Tais resultados podem estar
associados à inserção da educação sexual no
contexto das disciplinas do ensino fundamental e do
ensino médio, principalmente através das ciências e
biologia.
Em estudos relacionados à prevenção das
DSTs, foram encontrados dados que mostraram que
99,4% dos adolescentes entrevistados na pesquisa
em questão tinham conhecimento acerca das DSTs e
seus modos de prevenção. De acordo com a
pesquisa, 98,8% dos entrevistados afirmaram que o
uso do preservativo é essencial para a manutenção
da saúde. Tais informações reforçam que grande
parte dos estudantes possui conhecimento sobre as
DST (OLIVEIRA et al., 2009).
Ainda segundo Oliveira et al. (2009), apesar
da ampla divulgação sobre as formas de prevenção
das DSTs/AIDS desenvolvidas no Brasil, muitos
jovens ainda não adotam tais práticas. Isso indica
uma dissociação entre o acesso à informação e a
transformação desse saber em práticas no cotidiano
dos adolescentes.
Além das informações sobre as DSTs em
âmbito geral, este trabalho contemplou o
conhecimento sobre os tipos mais comuns de DSTs.
De acordo com os resultados obtidos, 96,6% dos
estudantes conheciam a DST AIDS; 77,0%
conheciam a sífilis; 72,7%, a gonorréia; 29,6%, a
candidíase; 13,9%, a tricomoníase; 57,5%, HPV
(Papiloma vírus humano); 34,3%, cancro duro;
61,6%, herpes; e 57,5%, a hepatite B.
Em um estudo da mesma natureza, foi
constatado que 15,5% dos estudantes têm
conhecimento sobre a gonorréia; 12%, sobre a síflis;
10%, sobre a herpes genital; 5,5%, acerca do HPV; e
5,5%, sobre a AIDS (BRETAS et al., 2009). É
importante salientar a diferença entre saber sobre as
características da doença e apenas o conhecimento
superficial sobre ela. Os dados encontrados nesta
pesquisa mostram um índice muito maior sobre as
informações acerca de cada doença, no entanto tais
dados podem estar relacionados àquilo que a mídia
informa. Hoje em dia os estudantes têm muito
acesso à informação, o que pode contribuir para a
elevação de dados acerca do conhecimento das
DSTs.
Concernente à origem das informações sobre
as DSTs, 77,3% dos estudantes têm como fonte de
conhecimento a escola; 60,4%, a televisão; para
17,4%, a informação é proveniente da família; para
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16,9%, dos amigos da escola; para 13,4%, dos
filmes; para 9,3%, dos amigos fora da escola; e 9,3%
possuem outras fontes de informação, como
palestras assistidas em postos de saúde e grupos
religiosos. Cabe destacar que a diferença
quantitativa observada no total justifica-se pelo fato
de o estudante possuir diversas possibilidades de
resposta.
A escola foi a maior fonte de informações, por
ser um espaço social importante para os adolescentes
levarem suas experiências, dúvidas e inquietações
sobre saúde e sexualidade (OLIVEIRA et al., 2009).
Dentre as origens da informação sobre DST,
outra fonte que se destaca é a televisão, com 60,4%.
A TV consiste em um meio rápido e fácil,
constituindo uma das principais fontes para o jovem
no que diz respeito à saúde (OLIVEIRA et al., 2009).
Parker; Galvão (1996) discutem o papel da mídia no
âmbito de disseminação de informações a respeito da
AIDS, principalmente no período do aparecimento
da doença. Para os pesquisadores, a importância da
TV é tamanha, que pode influenciar em dados
epidemiológicos da AIDS em mulheres, devido à
falta de informação acerca dos métodos de
transmissão da doença para a mulher.
Desde os anos 90, as informações acerca das
DSTs e da prevenção têm sido amplamente
divulgadas através de projetos, o que faz o nível de
conhecimento da população aumentar. Assim,
justifica-se a própria informação que a família
possui, o que permite a discussão do assunto no
ambiente familiar (PAIVA et al., 2008).
Um dos indicadores para a atividade sexual
mais amplamente utilizado na literatura foi a idade
da primeira relação sexual. Diferenças na iniciação
sexual entre homens e mulheres são expressos como
uma questão de gênero, ou seja, ainda parece ser a
pressão social que leva os homens a iniciarem logo
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sua vida sexual. O início da vida sexual muito cedo
denota a não utilização de métodos de prevenção de
doenças e gravidez, pelo fato de as pessoas definirem
tal ato como casual (PAIVA et al., 2008).
Perguntados sobre a vida sexual dos
adolescentes, verificou-se que grande parcela
(38,9%) disse possuir vida sexual ativa, o que não
significa que a outra parcela não tenha experiência
sexual.
O desenvolvimento sexual é caracterizado pela
saúde reprodutiva, afetividade, relação interpessoal,
imagem corporal, autoestima e relações de gênero.
Enfocar as dimensões fisiológicas, sociológicas,
psicológicas e espirituais da sexualidade através do
desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva e
comportamental influencia diretamente nas tomadas
de decisão do ser em assuntos relativos à vida sexual.
Dados sobre as atividades sexuais de
adolescentes, principalmente os solteiros, são raros,
pois isso representa um tema sensível. Pesquisas
realizadas em vários países entre alunos e jovens
identificaram que os adolescentes iniciaram as
atividades sexuais muito cedo. O desaparecimento
dos valores tradicionais, as atrações do mundo
consumista e as condições econômicas atuais nas
cidades favoreceram tanto as relações sexuais prématrimoniais com diferentes parceiros, quanto a
prostituição juvenil (FRANÇOSO et al., 2001).
Cada vez mais a escolha do parceiro,
anteriormente assunto abordado entre as famílias, é
assumida pelo próprio jovem. Isso, por sua vez,
favorece as práticas sexuais com diferentes
parceiros, com vistas à escolha do melhor parceiro
(FRANÇOSO et al., 2001).
O percentual levantado na pesquisa aponta
29,8% dos entrevistados como pessoas que mudam
de parceiro frequentemente. Os dados informam
ainda que 61,2% não tinham essa prática em sua
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rotina.
Diante dos resultados apresentados, nota-se a
importância do desenvolvimento de políticas
públicas e trabalhos relacionados ao comportamento
sexual. O estudo e levantamento de dados nesta
pesquisa confirmam a grande importância do
desenvolvimento desse trabalho acadêmico nas
escolas da cidade de Juramento.
Os estudantes foram questionados ainda
quanto à proteção contra as DST, considerando o
grupo sexualmente ativo. Entre os adolescentes
entrevistados, 79,1% informaram utilizar proteção
contra as DST nas relações sexuais, 16,4% relataram
não utilizarem nenhum método de proteção e 4,5%
nada informaram, o que corresponde, em parte, ao
grupo não sexualmente ativo.
O método de prevenção de gravidez e de DST
mais conhecido e mais utilizado entre os
adolescentes é a camisinha masculina. Considera-se
que os principais motivos alegados para a não
utilização de modo consistente do preservativo são a
insistência do parceiro (geralmente o homem) em
fazer sexo sem a camisinha, a alta confiança entre as
partes e a imprevisibilidade das relações sexuais
(MARTINS et al., 2006).
A transmissão sanguínea do HIV e de outras
DSTs é também um importante meio de
disseminação de doenças. No entanto, nos últimos
anos, a veiculação de doenças através de transfusão
tem decrescido drasticamente. O rigoroso controle
nos bancos de sangue é um fator decisivo para essa
queda. O uso de drogas injetáveis tornou-se o meio
sanguíneo de contaminação mais evidente
(MIRANDA et al., 2002).
Das notificações dos casos de AIDS, no
período de 1980 até o ano de 2000, cerca de 18%
corresponderam à transmissão através do sangue e,
dentro dessa escala, 89,6% eram devidas ao uso de
drogas injetáveis. Com o passar dos anos e com a
melhoria dos bancos de sangue, da transmissão
através do sangue, 99% dos casos notificados eram
devidos ao uso compartilhado de seringas
(DESLANDES et al., 2002).
O grupo dos usuários de drogas injetáveis
(UDI) tem sido alvo de diversos trabalhos de
conscientização, com vistas à prevenção da
disseminação de doenças, especialmente a AIDS.
Esforços têm sido realizados em todo o mundo, no
entanto o Brasil ainda precisa de políticas públicas
que melhorem tais índices. O conhecimento sobre os
problemas que tais práticas podem trazer é visto
como elemento crucial para o desenvolvimento de
estratégias que visem à diminuição das infecções por
drogas injetáveis (CASTIEL, 1996).
Na pesquisa realizada na cidade de Juramento,
o índice de pessoas não usuárias de drogas injetáveis
revela certo grau de consciência da população
pesquisada em relação aos riscos inerentes a essa
prática.
CONCLUSÃO
A adolescência é uma fase de mudanças e
descobertas, principalmente no que diz respeito à
sexualidade. Para que essa fase de transição tenha
uma ocorrência segura e esclarecida, sugere-se o
planejamento e implementação de programas
educativos sobre sexualidade, sexo e DST, nas
escolas do ensino fundamental e médio.
Observa-se que muitos dos entrevistados não
utilizam o conhecimento que têm em sua prática
cotidiana, portanto recomenda-se que os jovens
participem ativamente das práticas educativas,
esclarecendo suas dúvidas, inclusive com
professores e pais.
Necessita-se, portanto, que as escolas
31
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disponibilizem um período no calendário escolar
para a realização de atividade sobre o tema,
ressaltando a importância da ampliação de
informações para a família, promovendo, assim, o
diálogo dos pais com os filhos sobre educação
sexual.
Conclui-se que articulações entre escola,
família e equipes de saúde tornam-se cada vez mais
necessárias em relação à educação sexual dos
adolescentes, ressaltando a necessidade de
abordagens diferenciadas, para assegurar a redução
dos riscos à saúde nessa etapa da vida.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à professora Cleusa Caldeira
e sua equipe, pelo apoio incondicional ao trabalho na
cidade de Juramento. Agradecemos aos professores
do 3º período de Biomedicina, pelo apoio na
estruturação do projeto; aos funcionários dos
laboratórios das FIPMoc, e aos diretores,
professores, funcionários e estudantes da Escola
Estadual Francisco Sá, de Juramento.
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