Multitextos Doenças Sexualmente Transmissíveis: Nível de Conhecimento de Estudantes Secundaristas da Cidade de Juramento (MG) NUNES, Helena Gonçalves*, FREITAS, Camila Antunes de*, BRITO, Adriana de Oliveira*, ALVES, Gabriela Galvão*, PRINCE, Karina Andrade de**, D´ANGELIS, Carlos Eduardo Mendes***, SILVA, Marley Garcia **** * Acadêmicas do curso de Biomedicina das FIPMoc. ** Docente dos cursos de Biomedicina e Farmácia das FIPMoc e doutoranda da Universidade Estadual Paulista - UNESP - Araraquara, SP. *** Docente dos cursos de Biomedicina e Farmácia das FIPMoc e doutorando da Universidade de São Paulo - FCFRP-USP - Ribeirão Preto, SP. ****Docente dos cursos de Biomedicina e Farmácia das FIPMoc, Montes Claros, MG. Este trabalho foi tema do Projeto de Investigação III dos alunos do 3º período do curso de Biomedicina, desenvolvido na cidade de Juramento (MG), no período de fevereiro a maio de 2010, sob tutoria do prof. Dr. Marley Garcia Silva. RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil dos estudantes secundaristas da Escola Estadual Francisco Sá, da cidade de Juramento (MG), quanto ao conhecimento acerca das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). Este estudo foi caracterizado como uma pesquisa de campo de caráter descritivo, com uma abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário aplicado aos estudantes em maio de 2010. A amostra consultada foi do tipo aleatório, constituído por 172 pessoas de ambos os sexos, sendo 64,5% do sexo feminino e 35,5% do sexo masculino. De acordo com o padrão de resposta dos alunos entrevistados, observou-se que grande parte da amostra analisada possuía conhecimento sobre DST (97,7%). Quanto às doenças mais conhecidas pelos estudantes, a AIDS foi a que mais se destacou, atingindo um índice de conhecimento de 96,5%. As principais fontes de informação sobre DST relatadas pelos alunos foram: a Escola (77,3%), seguida pela Televisão (60,4%). Dos entrevistados, 29,8% relataram mudar de parceiro com frequência e 61,3% não adotam tal prática, o que sugere o desenvolvimento de trabalhos que tratem do comportamento sexual. Quanto à proteção contra DST, 79,1% afirmaram se prevenir e 16,4% não utilizam a camisinha como método de prevenção. Tais resultados apontam para a intensificação de campanhas educativas voltadas aos estudantes, visto que, mesmo conhecendo as DSTs, ainda falta associação entre conhecimento e práticas sexuais seguras e responsáveis. PALAVRAS-CHAVE: Adolescência, DST, comportamento sexual INTRODUÇÃO Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são doenças infecciosas causadas por bactérias, fungos e vírus, que podem ser disseminadas através do contato sexual ou, menos frequentemente, por vias não sexuais. As DST acometem pessoas de ambos os sexos, de todas as raças e classes sociais. Dados da literatura mostram que a adolescência é a 25 Multitextos faixa de idade que apresenta a maior incidência dessas doenças. Aproximadamente 25% de todas as DST são diagnosticados em jovens com menos de 25 anos (MARTINS et al, 2006). Segundo Oliveira et al (2009), ainda é perceptível entre os adolescentes a ocorrência de comportamentos sexuais inconsequentes, o que é verificado na falta de adesão ao uso do preservativo, como forma de prevenção das DSTs. Essa situação permanece presente na realidade atual, mesmo com amplas divulgações acerca do assunto. Para que isso se reverta, é preciso que os jovens aliem o conhecimento que têm à sua prática cotidiana. Nas adolescentes, as DSTs representam um sério impacto na saúde reprodutiva, podendo causar esterilidade, doença inflamatória pélvica, câncer de colo uterino, gravidez ectópica, infecções puerperais e recém-nascidos com baixo peso, além de interferir negativamente sobre a autoestima. Além desses aspectos, sua abordagem passou a merecer atenção especial, quando se comprovou que a presença das DSTs é um fator de risco para a contaminação pelo vírus HIV (MARTINS et al, 2006) . Os adolescentes frequentemente estão expostos a fatores de risco de contaminação com DST. A concepção errada de que quando envolvidos em relacionamentos estáveis não é necessário o uso do preservativo remete à questão de invulnerabilidade. Situação como essa leva os adolescentes a aderir a práticas sexuais inseguras. Outro fator é a questão do gênero, devido ao qual as mulheres se subordinam ao querer masculino e se submetem à ideia de confiança e relacionamento monogâmico (OLIVEIRA et al, 2009). 26 ALGUMAS DOENÇAS RELACIONADAS AO CONTATO SEXUAL: AIDS, CANDIDÍASE, SÍFILIS, GONORRÉIA E HPV A AIDS refere-se à infecção pelo vírus HIV, quando o paciente possui níveis de CD4 inferiores a 200 µL/mL. Infecções oportunistas acometem os portadores do vírus, que inativa o sistema imune, impedido-o de combater os microrganismos, como fungos, bactérias e outros (AMABIS; MARTHO, 2004). Os primeiros casos da AIDS foram registrados na África na década de 1930, desenvolvendo-se inicialmente em áreas rurais. A disseminação do vírus nos centros populacionais foi decorrente da migração de pessoas infectadas para cidades, em 1960 (MURRAY et al, 2006). O HIV infecta células contendo a molécula CD4, nelas penetrando por meio de uma molécula encontrada na superfície do vírus chamada gp120. Uma vez aderido à CD4, o HIV, para completar a fusão, ativará outras proteínas na superfície da célula humana conhecidas com CCR5 e CXCR4 (DIAS, 2004). Murray et al (2006) afirmam que macrófagos são incansavelmente infectados pelo HIV, por isso compreendem o meio mais provável de reservatório e disseminação do vírus, que se prolifera com a replicação contínua nos linfonodos; então, é liberado o sangue juntamente com células T infectadas. O desenvolvimento dos sintomas da AIDS está diretamente relacionado com a diminuição de células CD4, e consequente disseminação do vírus no sangue. A destruição dessa linhagem de células T é decorrente de efeitos citopatológicos induzidos pelo HIV. Vale salientar que proteínas acessórias do HIV contribuem para sua virulência e replicação (MURRAY et al, 2006). Multitextos O contágio do HIV compreende vias de transmissão por contato sexual anal e vaginal; transmissão perinatal; transmissão através do leite materno; por inoculação sanguínea através de transfusões, compartilhamentos de agulhas infectadas em uso de drogas intravenosas, acidente perfuro-cortante e agulhas de tatuagem. Saliente-se que o HIV não é transmitido por contato pessoal próximo como beijos, abraços, tosse, ou até mesmo por água, picadas de insetos e outros (MURRAY et al, 2006). O tratamento de pessoas assintomáticas ou levemente sintomáticas ocorre por meio do AZT (azidotimidina). Esse medicamento também é indicado para mulheres grávidas, impedindo a transmissão para o feto. Entretanto, devido à rápida mutação do vírus, é desencadeada uma resistência contra essas drogas. Já a terapia antirretroviral a l t a m e n t e a t i v a ( H A A RT ) d i m i n u i significativamente esse potencial de resistência. A HAART reúne múltiplas drogas, proporciona uma drástica diminuição dos vírus no sangue e promovem a melhora do estado de saúde dos pacientes portadores do vírus (MURRAY et al, 2006). A candidíase vulvo-vaginal é caracterizada por prurido, corrimento vaginal branco e espesso, ardor e dispareumia. As lesões podem se espalhar pela região inguinal. No período pré-menstrual, esses sintomas são mais intensos, devido ao aumento da acidez vaginal. Por ser transmitida sexualmente, a candidíase vulvo-vaginal classifica-se como uma doença sexualmente transmissível (DST) (ÁLVARES et al, 2007). A candidíase vulvo-vaginal (CVV) é uma das infecções mais comuns na prática clínica de um ginecologista, a segunda causa mais frequente de vulvovaginite. Estima-se que 75% das mulheres terão um episódio de CVV ao longo de suas vidas, sendo que 40% a 50% teriam a segunda infecção, e cerca de 5% poderiam adquirir padrão crônico, com episódios de repetição (GALLE, GIANINNI, 2004). Estudos mostraram que, através da cultura do fluido vaginal, a Candida albicans está presente em 84% dos casos de CVV, seguida de Candida glabrata (11,7%), Candida tropicalis (5,3%), Candida krusei (2,6%) e outras espécies (2%) (GALLE et al, 2004). No entanto, o gênero Candida pode ser isolado no trato genital entre 10% e 55% das mulheres assintomáticas na idade fértil. Assim, sua presença não significa, necessariamente, a presença da doença (NETO et al,1999). A sífilis é causada pelo microrganismo Treponema pallidum e representa sério problema de saúde pública em muitos países, inclusive no Brasil. Nos países subdesenvolvidos, de 10% a 15% das gestantes podem ser portadoras de sífilis. No Brasil, estima-se que 3,5% das gestantes sejam portadoras dessa doença, havendo um risco de transmissão vertical do Treponema pallidum ao redor de 50% a 85%, com taxas de mortalidade perinatal de até 40% (ARAÚJO et al, 1999). A destruição e lesões teciduais observadas na sífilis representam a consequência da resposta imunológica do paciente à infecção. As proteínas da membrana externa estão associadas à aderência à superfície das células do hospedeiro. A evolução clínica da sífilis prossegue em três fases. A fase primária caracteriza-se por uma ou mais lesões cutâneas no local de penetração das espiroquetas que são ingeridos pelas células fagocíticas. Na fase secundária, aparecem os sinais clínicos da doença disseminada, com lesões cutâneas proeminentes dispersas em toda a superfície do corpo. Cada fase representa a multiplicação localizada da espiroqueta e a destruição tecidual. Verifica-se, ainda, a presença de numerosos microrganismos no cancro inicial, 27 Multitextos bem como nas lesões secundários, após disseminação das espiroquetas na corrente sanguínea (MURRAY et al, 2006). A gonorreia é uma infecção bacteriana frequente, causada pela Neisseria gonorrhoeae, um diplococo gram-negativo de transmissão predominantemente através de contato sexual ou perinatal. Poucos países possuem sistemas de notificação que permitem estimativas confiáveis da incidência da gonorreia. No Brasil, os estudos revelam-se escassos, tanto no que se refere a dados epidemiológicos quanto a dados de eficácia terapêutica e de resistência (PENNA et al, 2000). A faixa etária mais comprometida situa-se entre os 15 e os 30 anos, com o maior número de casos entre os 20 e os 24 anos. A maioria dos casos incide em homens, provavelmente por maior facilidade diagnóstica, já que 70% das mulheres infectadas permanecem assintomáticas. A gonorreia mostra-se mais frequente em não brancos que em brancos, alcançando proporções de até 40:1. Fatores associadas com risco aumentado de gonorreia incluem baixo nível sócio-econômico, nível inferior de educação e residência urbana (PENNA et al, 2000). A infecção pelo HPV (Papiloma Vírus Humano) é considerada uma doença sexualmente transmissível. A maior incidência ocorre entre os 20 e os 40 anos de idade, que coincide com o pico de atividade sexual. Fatores como múltiplos parceiros e início precoce da atividade sexual aumentam a probabilidade de infecção. No entanto, a maioria das mulheres infectadas apresenta a forma latente ou sub-clínica da doença, o que dificulta o diagnóstico e, consequentemente, favorece a transmissão. Estimase que cerca de 75% da população sexualmente ativa entre em contato com um ou mais tipos de HPV durante sua vida. No entanto, a grande maioria dessas 28 infecções é eliminada pelo sistema imune e não desenvolve sintomas no hospedeiro (QUEIROZ et al, 2007). A maior prevalência de HPV de alto risco oncogênico encontra-se na África e na América Latina. O HPV 16 é o mais frequente no mundo, exceto na Indonésia e Argélia, onde o HPV 18 é o mais comum; o HPV 45 apresenta alta frequência na África Ocidental. Os tipos 33, 39 e 59 se concentram na América Central e América do Sul (QUEIROZ et al, 2007). A resposta imune contra o HPV de uma forma geral é mediada pela resposta imune celular, a despeito do fato de anticorpos da classe IgG e IgA contra frações antigênicas serem encontrados no muco cervical de pacientes com neoplasia cervical. A resposta humoral e celular é importante na prevenção e regressão das lesões HPV induzidas. A resposta imunológica humoral é do tipo específico, leve e transitório, parecendo não ter valor significativo. Relatos de literatura não mostram qualquer relação entre a intensidade dessa resposta e a evolução clínica das lesões (ABBAS et al, 2005). METODOLOGIA O presente estudo consiste numa pesquisa de campo de caráter descritivo, com uma abordagem quantitativa. Elaborou-se um questionário com doze perguntas fechadas, relacionadas ao conhecimento acerca das doenças sexualmente transmissíveis e sobre algumas experiências de vida do entrevistado. O questionário foi aplicado a estudantes do ensino médio da Escola Estadual Francisco Sá, na cidade de Juramento, nos dias 04 e 05 de maio de 2010. A amostra consultada é do tipo aleatório, constituído por 172 pessoas de ambos os gêneros. Os dados coletados foram tabulados e armazenados, Multitextos recebendo tratamento analítico no programa Excel for Windows XP. RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa realizada na Escola Estadual Francisco Sá, da cidade de Juramento (MG), contemplou 172 alunos regularmente matriculados. De acordo com os resultados, 64,5% dos entrevistados são do sexo feminino e 35,5% do sexo masculino. A população da cidade estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para o ano de 2009 é de 4.108 habitantes. Dessa forma, considerando todos os entrevistados residentes na cidade de Juramento, a pesquisa abrangeu 4% da população local. A pesquisa revelou, ainda, que 59,3% dos entrevistados possuem idade entre 13 e 17 anos. Uma das propostas deste trabalho de investigação foi avaliar o perfil dos estudantes secundaristas da escola selecionada quanto ao conhecimento acerca das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). Segundo dados coletados nas entrevistas, 97,7% dos alunos pesquisados possuíam conhecimento sobre as DSTs e apenas 2,3% declararam não possuir conhecimento. Tais resultados podem estar associados à inserção da educação sexual no contexto das disciplinas do ensino fundamental e do ensino médio, principalmente através das ciências e biologia. Em estudos relacionados à prevenção das DSTs, foram encontrados dados que mostraram que 99,4% dos adolescentes entrevistados na pesquisa em questão tinham conhecimento acerca das DSTs e seus modos de prevenção. De acordo com a pesquisa, 98,8% dos entrevistados afirmaram que o uso do preservativo é essencial para a manutenção da saúde. Tais informações reforçam que grande parte dos estudantes possui conhecimento sobre as DST (OLIVEIRA et al., 2009). Ainda segundo Oliveira et al. (2009), apesar da ampla divulgação sobre as formas de prevenção das DSTs/AIDS desenvolvidas no Brasil, muitos jovens ainda não adotam tais práticas. Isso indica uma dissociação entre o acesso à informação e a transformação desse saber em práticas no cotidiano dos adolescentes. Além das informações sobre as DSTs em âmbito geral, este trabalho contemplou o conhecimento sobre os tipos mais comuns de DSTs. De acordo com os resultados obtidos, 96,6% dos estudantes conheciam a DST AIDS; 77,0% conheciam a sífilis; 72,7%, a gonorréia; 29,6%, a candidíase; 13,9%, a tricomoníase; 57,5%, HPV (Papiloma vírus humano); 34,3%, cancro duro; 61,6%, herpes; e 57,5%, a hepatite B. Em um estudo da mesma natureza, foi constatado que 15,5% dos estudantes têm conhecimento sobre a gonorréia; 12%, sobre a síflis; 10%, sobre a herpes genital; 5,5%, acerca do HPV; e 5,5%, sobre a AIDS (BRETAS et al., 2009). É importante salientar a diferença entre saber sobre as características da doença e apenas o conhecimento superficial sobre ela. Os dados encontrados nesta pesquisa mostram um índice muito maior sobre as informações acerca de cada doença, no entanto tais dados podem estar relacionados àquilo que a mídia informa. Hoje em dia os estudantes têm muito acesso à informação, o que pode contribuir para a elevação de dados acerca do conhecimento das DSTs. Concernente à origem das informações sobre as DSTs, 77,3% dos estudantes têm como fonte de conhecimento a escola; 60,4%, a televisão; para 17,4%, a informação é proveniente da família; para 29 Multitextos 16,9%, dos amigos da escola; para 13,4%, dos filmes; para 9,3%, dos amigos fora da escola; e 9,3% possuem outras fontes de informação, como palestras assistidas em postos de saúde e grupos religiosos. Cabe destacar que a diferença quantitativa observada no total justifica-se pelo fato de o estudante possuir diversas possibilidades de resposta. A escola foi a maior fonte de informações, por ser um espaço social importante para os adolescentes levarem suas experiências, dúvidas e inquietações sobre saúde e sexualidade (OLIVEIRA et al., 2009). Dentre as origens da informação sobre DST, outra fonte que se destaca é a televisão, com 60,4%. A TV consiste em um meio rápido e fácil, constituindo uma das principais fontes para o jovem no que diz respeito à saúde (OLIVEIRA et al., 2009). Parker; Galvão (1996) discutem o papel da mídia no âmbito de disseminação de informações a respeito da AIDS, principalmente no período do aparecimento da doença. Para os pesquisadores, a importância da TV é tamanha, que pode influenciar em dados epidemiológicos da AIDS em mulheres, devido à falta de informação acerca dos métodos de transmissão da doença para a mulher. Desde os anos 90, as informações acerca das DSTs e da prevenção têm sido amplamente divulgadas através de projetos, o que faz o nível de conhecimento da população aumentar. Assim, justifica-se a própria informação que a família possui, o que permite a discussão do assunto no ambiente familiar (PAIVA et al., 2008). Um dos indicadores para a atividade sexual mais amplamente utilizado na literatura foi a idade da primeira relação sexual. Diferenças na iniciação sexual entre homens e mulheres são expressos como uma questão de gênero, ou seja, ainda parece ser a pressão social que leva os homens a iniciarem logo 30 sua vida sexual. O início da vida sexual muito cedo denota a não utilização de métodos de prevenção de doenças e gravidez, pelo fato de as pessoas definirem tal ato como casual (PAIVA et al., 2008). Perguntados sobre a vida sexual dos adolescentes, verificou-se que grande parcela (38,9%) disse possuir vida sexual ativa, o que não significa que a outra parcela não tenha experiência sexual. O desenvolvimento sexual é caracterizado pela saúde reprodutiva, afetividade, relação interpessoal, imagem corporal, autoestima e relações de gênero. Enfocar as dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da sexualidade através do desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva e comportamental influencia diretamente nas tomadas de decisão do ser em assuntos relativos à vida sexual. Dados sobre as atividades sexuais de adolescentes, principalmente os solteiros, são raros, pois isso representa um tema sensível. Pesquisas realizadas em vários países entre alunos e jovens identificaram que os adolescentes iniciaram as atividades sexuais muito cedo. O desaparecimento dos valores tradicionais, as atrações do mundo consumista e as condições econômicas atuais nas cidades favoreceram tanto as relações sexuais prématrimoniais com diferentes parceiros, quanto a prostituição juvenil (FRANÇOSO et al., 2001). Cada vez mais a escolha do parceiro, anteriormente assunto abordado entre as famílias, é assumida pelo próprio jovem. Isso, por sua vez, favorece as práticas sexuais com diferentes parceiros, com vistas à escolha do melhor parceiro (FRANÇOSO et al., 2001). O percentual levantado na pesquisa aponta 29,8% dos entrevistados como pessoas que mudam de parceiro frequentemente. Os dados informam ainda que 61,2% não tinham essa prática em sua Multitextos rotina. Diante dos resultados apresentados, nota-se a importância do desenvolvimento de políticas públicas e trabalhos relacionados ao comportamento sexual. O estudo e levantamento de dados nesta pesquisa confirmam a grande importância do desenvolvimento desse trabalho acadêmico nas escolas da cidade de Juramento. Os estudantes foram questionados ainda quanto à proteção contra as DST, considerando o grupo sexualmente ativo. Entre os adolescentes entrevistados, 79,1% informaram utilizar proteção contra as DST nas relações sexuais, 16,4% relataram não utilizarem nenhum método de proteção e 4,5% nada informaram, o que corresponde, em parte, ao grupo não sexualmente ativo. O método de prevenção de gravidez e de DST mais conhecido e mais utilizado entre os adolescentes é a camisinha masculina. Considera-se que os principais motivos alegados para a não utilização de modo consistente do preservativo são a insistência do parceiro (geralmente o homem) em fazer sexo sem a camisinha, a alta confiança entre as partes e a imprevisibilidade das relações sexuais (MARTINS et al., 2006). A transmissão sanguínea do HIV e de outras DSTs é também um importante meio de disseminação de doenças. No entanto, nos últimos anos, a veiculação de doenças através de transfusão tem decrescido drasticamente. O rigoroso controle nos bancos de sangue é um fator decisivo para essa queda. O uso de drogas injetáveis tornou-se o meio sanguíneo de contaminação mais evidente (MIRANDA et al., 2002). Das notificações dos casos de AIDS, no período de 1980 até o ano de 2000, cerca de 18% corresponderam à transmissão através do sangue e, dentro dessa escala, 89,6% eram devidas ao uso de drogas injetáveis. Com o passar dos anos e com a melhoria dos bancos de sangue, da transmissão através do sangue, 99% dos casos notificados eram devidos ao uso compartilhado de seringas (DESLANDES et al., 2002). O grupo dos usuários de drogas injetáveis (UDI) tem sido alvo de diversos trabalhos de conscientização, com vistas à prevenção da disseminação de doenças, especialmente a AIDS. Esforços têm sido realizados em todo o mundo, no entanto o Brasil ainda precisa de políticas públicas que melhorem tais índices. O conhecimento sobre os problemas que tais práticas podem trazer é visto como elemento crucial para o desenvolvimento de estratégias que visem à diminuição das infecções por drogas injetáveis (CASTIEL, 1996). Na pesquisa realizada na cidade de Juramento, o índice de pessoas não usuárias de drogas injetáveis revela certo grau de consciência da população pesquisada em relação aos riscos inerentes a essa prática. CONCLUSÃO A adolescência é uma fase de mudanças e descobertas, principalmente no que diz respeito à sexualidade. Para que essa fase de transição tenha uma ocorrência segura e esclarecida, sugere-se o planejamento e implementação de programas educativos sobre sexualidade, sexo e DST, nas escolas do ensino fundamental e médio. Observa-se que muitos dos entrevistados não utilizam o conhecimento que têm em sua prática cotidiana, portanto recomenda-se que os jovens participem ativamente das práticas educativas, esclarecendo suas dúvidas, inclusive com professores e pais. Necessita-se, portanto, que as escolas 31 Multitextos disponibilizem um período no calendário escolar para a realização de atividade sobre o tema, ressaltando a importância da ampliação de informações para a família, promovendo, assim, o diálogo dos pais com os filhos sobre educação sexual. Conclui-se que articulações entre escola, família e equipes de saúde tornam-se cada vez mais necessárias em relação à educação sexual dos adolescentes, ressaltando a necessidade de abordagens diferenciadas, para assegurar a redução dos riscos à saúde nessa etapa da vida. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à professora Cleusa Caldeira e sua equipe, pelo apoio incondicional ao trabalho na cidade de Juramento. Agradecemos aos professores do 3º período de Biomedicina, pelo apoio na estruturação do projeto; aos funcionários dos laboratórios das FIPMoc, e aos diretores, professores, funcionários e estudantes da Escola Estadual Francisco Sá, de Juramento. REFERÊNCIAS ABBAS, A. K., LICHTMAN, A. H..Imunologia Celular e Molecular, 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. p. 478-489. ÁLVARES, C. A. et al. Candidíase vulvovaginal: fatores predisponentes do hospedeiro e virulência das leveduras. Bras Patol Med Lab , v. 43 , n. 5 , p. 319-327, 2007. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia dos Organismos, 2. São Paulo: Ed.Moderna, 2004. p.39-42. ARAÚJO, E. C. et al. Sífilis congênita: incidência em recém-nascidos. Jornal de Pediatria, v. 75, n. 2, 1999. Disponível em: <www.scielo.br/scielo.php?> Acesso em: 16 mar. 2010. BRETAS, J. R. S., OHARA, C. V. S., JARDIM, D. R., MUROYA, R. L. Conhecimentos de adolescentes sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis: subsídios para prevenção. 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