6 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Farmácia Trabalho de Conclusão de Curso ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADO ADAPTADO EM PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS ORAIS CONTENDO PARACETAMOL Autor: Felipe de Sousa Braz Orientador: Esp. Helen Cristina Vieira de Freitas Torres Brasília - DF 2013 FELIPE DE SOUSA BRAZ TÍTULO: ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADO ADAPTADO EM PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS ORAIS CONTENDO PARACETAMOL. Projeto apresentado ao curso de graduação em Farmácia da Universidade Católica de Brasília, como requisito para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientador: Esp. Helen Cristina Vieira de Freitas Torres Brasília 2013 CURSO DE FARMÁCIA COORDENAÇÃO DE TCC Ciência do Orientador Eu, Esp. Helen Cristina Vieira de Freitas Torres, professor(a) ou colaborador(a) voluntário(a) do curso de Farmácia, orientador(a) do(a) estudante Felipe de Sousa Braz, autor(a) do trabalho intitulado Estudo de Estabilidade Acelerado Adaptado em Preparações Farmacêuticas Líquidas Orais Contendo Paracetamol, estou ciente da versão final entregue à banca avaliadora quanto ao conteúdo e à forma. Taguatinga: ____/_____/______ Esp. Helen Cristina Vieira de Freitas Torres Monografia de autoria de FELIPE DE SOUSA BRAZ, intitulada “ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADO ADAPTADO EM PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS ORAIS CONTENDO PARACETAMOL”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Farmacêutico em Farmácia da Universidade Católica de Brasília, em 23 de Outubro de 2013, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: ________________________________________________ Prof. Esp. Helen Cristina Vieira de Freitas Torres Orientadora Curso de Farmácia – UCB ______________________________________________ Prof. Msc. Kélia Xavier Resende Curso de Farmácia – UCB _____________________________________________ Msc. Frederico Guimarães Peres Brasília 2013 Dedico esta monografia ao meu irmão Lucas de Sousa Braz (in memorian). AGRADECIMENTO Ao meu pai, por proporcionar a realização deste sonho, acreditando no meu potencial, e pelo amor incondicional que sempre demonstrou por mim. À minha mãe, pelas palavras de carinho e amor, participando sempre dos momentos mais importantes da minha vida. Aos meus irmãos, que me mostraram o quanto é importante tê-los ao meu lado, me aceitando e me incentivando. À minha tia Isabella, minha maior incentivadora e meu exemplo, agradeço pelos momentos de carinho, amor e ensino. À minha melhor amiga Rafaela, que torce pelo meu sucesso, e que me ajudou de alguma forma ou de outra a ter forças para chegar até aqui. Ao meu mais fiel amigo Wesley, que nos momentos mais difíceis esteve ao meu lado, me incentivando e estando presente nos momentos mais importantes desta caminhada. Ao meu querido amigo Fernando, agradeço pelos momentos divertidos e pelo auxílio no trabalho. A todos os meus professores pelos conhecimentos passados ao logo do curso, e principalmente à minha orientadora Helen, pela seriedade em conduzir este trabalho, os momentos ricos de discussões e aprendizado, pela disposição e paciência em ajudar e pelas palavras amigas. Aos meus amigos pessoais e amigos de curso, que participaram comigo dessa jornada. À Deus por me dar saúde, conhecimento e fé; pois sem Ele não teria realizado este trabalho. RESUMO Referência: BRAZ, Felipe de Sousa. Estudo de Estabilidade Acelerado Adaptado em Preparações Farmacêuticas Líquidas Orais Contendo Paracetamol. 2013. 96 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Farmácia) – Universidade Católica de Brasília, Taguatinga, 2013. O paracetamol é o metabólito ativo derivado de duas anilinas, acetanilida e fecatina. Atualmente, é um dos analgésicos mais amplamente utilizados no mundo em crianças e adultos, e seu efeito analgésico e antipirético máximo é atingindo em doses de 1 g em adultos. As formas farmacêuticas líquidas orais se fazem necessárias quando se trata de pacientes pediátricos e idosos que possuem dificuldade de deglutição. A correção do sabor desse tipo de formulação há o favorecimento da adesão do paciente facilitando a administração do medicamento. Produziu-se dois lotes, um de solução oral gotas de paracetamol 100 mg/mL e um xarope de paracetamol 160 mg/5mL. Após o preparo dos produtos farmacêuticos, percebeu-se que a correção do sabor amargo característico do paracetamol foi mascarado. Os produtos farmacêuticos foram acondicionados em diferentes frascos e expostos em diferentes condições: Estufa ajustada a 40 °C, com variação para ± 2 °C, temperatura ambiente protegida da luz solar e geladeira, e a análise das amostras foi realizada no tempo zero, 30 dias (T30), 60 dias (T60) e 90 dias (T90). Um estudo de correção de sabor e um estudo de estabilidade foi realizado a partir de cada amostra. No estudo de estabilidade avaliou-se as características organolépticas, o pH e o doseamneto. Percebeu-se alterações na cor, odor e sabor nas amostras acondicionadas em estufa. O pH e o doseamento, não apresentaram alterações significativas. O tratamento dos dados analíticos foi feito a partir dos Testes F e T de Student. Alguns pontos críticos foram observados durante o trabalho, foram eles: falta de padrão do paracetamol para comparação e cálculo do teor das amostras e a não existência de estufa climatizada, sendo essencial este equipamento para a realização do estudo de estabilidade. Palavras-chave: Paracetamol. Soluções orais líquidas. Correção de sabor. Estudo de correção de sabor. Estudo de estabilidade. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS EUA: Estados Unidos da América Fe III: Ferro tipo III Fe IV: Ferro tipo IV g: Gramas H: Hipótese L: Litros M: Molar mg: Miligrama mL: Microlitros N: Número de amostra nm: Nanômetro PEG: Polietilenoglicol PGE2: Prostaglandina tipo E2 PET: Polietileno RENAME: Relação Nacional de Medicamentos Essenciais. UR: Umidade Relativa UV: Ultravioleta UV/VIS: Ultravioleta visível µL: Microlitro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 8 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 8 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 8 3 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 9 3.1 PARACETAMOL ................................................................................................... 9 3.1.1 Histórico ............................................................................................................ 9 3.1.2 Aspectos químicos........................................................................................ 11 3.1.3 Propriedades físico-químicas ....................................................................... 11 3.1.4 Propriedades farmacológicas ....................................................................... 12 3.1.4.1 Farmacologia clínica...................................................................................... 12 3.1.4.2 Farmacocinética ............................................................................................ 14 3.1.4.3 Via de administração e posologia .................................................................. 16 3.1.4.4 Indicação terapêutica .................................................................................... 17 3.1.4.5 Reações adversas e efeitos toxicológicos ..................................................... 19 3.2 APRESENTAÇÕES DISPONÍVEIS DO PARACETAMOL NO MERCADO NACIONAL ................................................................................................................ 21 3.3 PRINCIPAIS SOLUÇÕES LÍQUIDAS ORAIS PARA PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS.................................................................................................... 23 3.3.1 Soluções ......................................................................................................... 23 3.3.2 Suspensão ...................................................................................................... 24 3.3.3 Xarope ............................................................................................................. 25 3.4 PALATABILIDADE .............................................................................................. 26 3.4.1 Sabor doce ...................................................................................................... 29 3.4.2 Sabor salgado ................................................................................................. 29 3.4.3 Sabor ácido (azedo) ....................................................................................... 29 3.4.4 Sabor amargo ................................................................................................. 30 3.5 FLAVORIZAÇÃO DE UMA FORMA FARMACÊUTICA LÍQUIDA ....................... 30 3.5.1 Combinação de flavorizantes ........................................................................ 31 3.5.2 Mascaramento ................................................................................................ 32 3.6 USO DE ADJUVANTES FARMACOTÉCNICOS RESPONSÁVEIS PELA CORREÇÃO DO SABOR AMARGO EM UMA FORMA FARMACÊUTICA LÍQUIDA ORAL ........................................................................................................................ 33 3.6.1 Flavorizantes .................................................................................................. 34 3.6.2 Edulcorantes ................................................................................................... 37 3.6.3 Corantes .......................................................................................................... 39 3.7 ESTUDO DE ESTABILIDADE ............................................................................. 40 4 MATERIAIS E METÓDOS...................................................................................... 44 4.1 MATERIAL .......................................................................................................... 44 4.1.1 Insumos Farmacêuticos ................................................................................ 44 4.1.2 Reagentes ....................................................................................................... 44 4.1.3 Equipamentos ................................................................................................. 45 4.1.4 Vidrarias .......................................................................................................... 45 4.1.4.1 Preparações farmacêuticas ........................................................................... 45 4.1.4.2 Estudo de estabilidade .................................................................................. 45 4.1.4 Acondicionamento ......................................................................................... 46 4.2 MÉTODOS .......................................................................................................... 46 4.2.1 Formulações Farmacêuticas ......................................................................... 46 4.2.1.1 Formulação I ................................................................................................. 46 4.2.1.2 Formulação II ................................................................................................ 47 4.2.1.3 Propriedades dos excipientes utilizados para a preparação das formulações I e II ............................................................................................................................. 48 4.2.2 Produção dos lotes ........................................................................................ 59 4.2.2.1 Soluçao oral gotas 100 mg/mL ...................................................................... 59 4.2.2.2 Xarope 160 mg/5 mL ..................................................................................... 61 4.2.3 Características Organolépticas ..................................................................... 62 4.2.4 pH .................................................................................................................... 63 4.2.5 Preparação de reagentes ............................................................................... 63 4.2.5 Doseamento .................................................................................................... 63 4.2.6 Controle de temperatura ................................................................................ 64 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 65 5.1 SOLUÇÃO ORAL GOTAS 100 mg/mL ................................................................ 65 5.1.1 Estudo de correção de sabor ........................................................................ 65 5.1.2 Estudo de estabilidade .................................................................................. 69 5.2 XAROPE 160 mg/5mL ........................................................................................ 77 5.2.1 Estudo de correção de sabor ........................................................................ 77 5.2.2 Estudo de estabilidade .................................................................................. 80 6 CONCLUSÃO......................................................................................................... 89 7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 90 ANEXO A .................................................................................................................. 95 ANEXO B ................................................................................................................ 966 6 1 INTRODUÇÃO O paracetamol é um metabólito ativo derivado de duas anilinas, acetanilida e fecatina. Atualmente, é um dos analgésicos mais amplamente utilizados no mundo em crianças e adultos (TOUSSAINT et al., 2010). Seu efeito analgésico e antipirético máximo é atingindo em doses de 1 g em adultos. O uso de doses elevadas pode causar overdose acidental ou intencional. A overdose de paracetamol é a principal causa da falha hepática aguda nos Estados Unidos, respondendo por cerca de 56 mil atendimentos de emergência, 2.600 internações e quase 500 mortes por ano (BEN-SHACHAR, 2012). Com o desenvolvimento da manipulação de formulações farmacêuticas, pôdese adequar as formas farmacêuticas líquidas às necessidades de alguns tipos de paciente (EUROPEAN UNION, 2009). Geralmente, esses medicamentos oferecem alternativas terapêuticas que preenchem as limitações do mercado farmacêutico por tratarem de opções variadas de formas farmacêuticas de um mesmo medicamento (LONDON, 2006). As formas farmacêuticas desempenham um papel importante no fator adesão ao tratamento quando se trata de tipos específicos de pacientes (COSTA et al., 2009). Pinto (2008) afirma que as soluções e as suspensões orais são as principais formas farmacêuticas líquidas e que constituem o melhor tratamento para pacientes pediátricos. Costa et al. (2009) complementa que as formas farmacêuticas líquidas orais facilitam a administração e o cumprimento do tratamento. Em formas farmacêuticas líquidas orais a possibilidade de correção do sabor desagradável do medicamento, são mais adequadas a pacientes pediátricos e idosos que possuem dificuldade de deglutição. Pela possibilidade de correção do sabor, há o favorecimento da adesão do paciente nesta modalidade de tratamento, onde o sabor desagradável do fármaco é parcialmente mascarado (PINTO, 2009). Os adjuvantes farmacêuticos responsáveis por corrigir o sabor degradável do fármaco são os flavorizantes e os edulcorantes. Eles serão responsáveis por melhorar as propriedades organolépticas da formulação (cor, odor, sabor), intensificando os sabores e os aromas agradavéis. Os adjuvantes devem garantir a estabilidade do medicamento, não influenciando na biodisponibilidade e na estabilidade do principio ativo, sendo farmacologicamente e toxicologicamente inativos e compatíveis com os outros excipientes da formulação, e com o princípio 7 ativo. Em um produto farmacêutico a presença de compostos que tornam a formulação desagradável são maiores que aquelas que mascaram o sabor. Portanto, flavorizar uma preparação farmacêutica é mascarar o sabor desagradável do princípio ativo presente no medicamento, tornando-o palatável (FERREIRA, 2008; 2011). Afim de garantir a estabilidade do medicamento, ensaios de controle de qualidade devem ser realizados, tendo por principal objetivo mostrar a estabilidade do medicamento, e garantir que este esteja dentro dos parâmetros estabelecidos pela Farmacopéia Brasileira. Todo produto farmacêutico deve passar por um estudo de estabilidade, sendo ele divido em estudo de estabilidade acelerado, no qual serão avaliados os produtos de degradação; estudo de estabilidade prolongado, onde serão avaliados as características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas em situações climáticas naturais durante o prazo de validade; e estudo de estabilidade de de acompanhamento, onde se verifica as características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas, após a aprovação da validade do produto, sendo opcional o acompanhamento depois do prazo estabelecido (BRASIL, 2005; PRISTA, 2008; SANTOS, 2009). Este trabalho revisou os aspectos químicos, as propriedades físico-químicas e farmacológicas do paracetamol. Avaliando a combinação de agentes flavorizantes e edulcorantes utilizados na manipulação de dois produtos farmacêuticos propostos por Ferreira (2011); solução oral gotas de paracetamol 100 mg/mL e xarope de paracetamol 160 mg/5mL; executando um estudo de estabilidade acelerado adaptado realizado no Laboratório de Farmacotécnica e no Laboratório de Controle e Garantia da Qualidade da Universidade Católica de Brasília, avaliando os parâmetros físico-químicos dos lotes produzidos. Concomitantemente um levantamento bibliográfico sobre o tema foi realizado, respaldando a discussão e os resultados obtidos no respectivo trabalho. 8 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O objetivo do trabalho é realizar um estudo de estabilidade acelerado adaptado em duas preparações farmacêuticas líquidas orais previamente manipuladas. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS · Levantamento bibliográfico sobre as propriedades físico-químicas e farmacológicas do paracetamol; fisiologia do paladar e a relação com os cinco sabores primários; · Levantamento bibliográfico de como ocorre o processo de flavorização e os principais adjuvantes farmacotécnicos utilizados em uma preparação farmacêutica líquida oral palatável; · Levantamento das apresentações farmacêuticas líquidas orais disponíveis no mercado nacional e relatadas na literatura; · Preparação de dois produtos farmacêuticos líquidos orais, solução oral gotas 100mg/mL e xarope 160mg/mL, ambos contendo paracetamol; · Realizar estudo de estabilidade acelerado adaptado aos equipamentos disponíveis nos laboratórios do curso de Farmácia da Universidade Católica de Brasília aplicando a(s) fórmula(s) farmacêutica(s) líquida(s) proposta(s) por Ferreira (2011) em ambientes diferenciados (estufa ajustada a 40 ºC; temperatura ambiente protegida da luz solar; geladeira), analisando e avaliando as amostras no tempo zero (T0), após 30 dias (T30), após 60 dias (T60) e após 90 dias (T90). 9 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 PARACETAMOL 3.1.1 Histórico O paracetamol ou acetaminofeno foi sintetizado por Harmon Northrop Morse na Alemanha em 1878 (BERTOLINI et al., 2006). Dois químicos, Hinsberg e Treupel mostraram que o paracetamol era tão eficaz quanto a fenacetina com atividade antipirética, mas Von Mering concluiu que o paracetamol possuía maior atividade tóxica, logo a fenacetina começou a ser utilizada. Até o início de 1900, os efeitos analgésicos da fenacetina foram reconhecidos e começou a ser utilizado como um analgésico para dor leve e moderada, em adição ao seu uso como antipirético (BERTOLINI et al., 2006; TOUSSAINT et al., 2010). Na década de 1940, Brodie e Axelrod do National Institutes of Health (NIH) e Smith e Williams do Hospital St Mary, em Londres, ao estudarem o metabolismo da fenacetina e acetanilida, descobriram que o paracetamol é o metabólito da fenacetina (ver Figura 1). O paracetamol acabou por ser o principal causador dos efeitos responsáveis pela ação antipirética e analgésica da fenacetina e acetanilida, enquanto que o outro metabólito, p-fenetidina, foi o responsável por grande parte da toxicidade (BOOTING, 2000; TOUSSAINT et al., 2010). Figura 1 - Estruturas químicas envolvidas na descoberta do paracetamol Fonte: Toussaint (2010). 10 Observou-se que a atividade farmacológica do paracetamol era semelhante a da fenacetina e acetanilida, mas descobriu-se que fármaco não apresentava o efeito tóxico principal causado por essas duas drogas, a formação da metahemoglobina, hemoglobina incapaz de fazer o transporte do oxigênio (BERTOLINI et al., 2006; BOOTING, 2000). O paracetamol é um dos fármacos mais usados, sendo comercializado sozinho ou associado a algum outro princípio ativo (BERTOLINI et al., 2006). O paracetamol foi comercializado pela primeira vez nos EUA em 1950 com uma associação: o medicamento Triogesic®, que também continha ácido acetilsalicílico e cafeína (TOUSSAINT et al., 2010). A comercialização da formulação que continha apenas o paracetamol ocorreu nos Estados Unidos da América em 1955 pelos laboratórios McNeil e foi registrado como Tylenol®, popularmente conhecido como o elixir das crianças. Em 1956, no Reino Unido, foram comercializados os comprimidos de paracetamol de 500 mg com nome comercial de Panadol®, produzidos pela Frederick Stearns & Co., filial da Sterling Drug Inc. Uma nova apresentação foi posta no mercado em junho de 1958, o xarope de Panadol® (O’NEILL, 2006). Adequadamente seguro em doses terapêuticas e livre de efeitos secundários de hemorragia gastrointestinal, se comparado com o ácido acetilsalicílico, o paracetamol ganhou popularidade nos EUA em 1960, ultrapassando drasticamente o ácido acetilsalicílico, e foi adicionado à Farmacopéia Britânica, em 1963. A associação de medicamentos que contêm paracetamol também foi introduzida neste momento. Em 1978, as vendas de paracetamol superaram as do ácido acetilsalicílico no Reino Unido, ganhando ainda mais popularidade na década de 1980, quando o ácido acetilsalicílico foi associado à síndrome de Reye em crianças com doença viral, tornando o paracetamol o antipirético e analgésico de escolha para crianças (BERTOLINI et al., 2006; TOUSSAINT et al., 2010). No Ministério da Saúde do Brasil (2013a), o paracetamol se encontra nas seguintes apresentações: comprimido 500 mg e solução oral 200 mg/mL. 11 3.1.2 Aspectos químicos O acetaminofeno, N-(4-Hidroxifenil)acetamida, ou paracetamol, cuja estrutura molecular está representada na Figura 2, possui fórmula química C8H9NO2 e massa molecular de 151,16 g/mol (BRASIL, 2010). Figura 2 – Estrutura química do paracetamol Fonte: Brasil (2010) 3.1.3 Propriedades físico-químicas Quadro 1 – Propriedades físico-químicas PROPRIEDADE DESCRIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Absorção no ultravioleta O pico da máxima absorção no ultravioleta é entre 3 207,8 a 248,2 nm . Características físicas Apresenta-se na forma de pó branco, cristalino, 1 inodoro, com leve sabor amargo . Estabilidade Quando puro e seco é estável a temperaturas 2 inferiores a 45º C . 1 Faixa de fusão 168º C a 172º C . Solubilidade É solúvel em álcool, com dificuldade de se solubilizar em água a 25º C. Solúvel em água fervente, praticamente insolúvel em clorofórmio e éter etílico. Solúvel em hidróxido de sódio M. O paracetamol apresenta estabilidade em solução aquosa, sendo a 1 máxima em pH 6-7 . 1 2 3 Fonte: Brasil (2010); LindenbergI et al. (2004); Américo; Mossin; Nishiyama (2008) 12 3.1.4 Propriedades farmacológicas 3.1.4.1 Farmacologia clínica O paracetamol é classificado como antiinflamatório não esteroidal, e apresenta atividade antiinflamatória baixa se comparado com os medicamentos da mesma classe. Uma das hipóteses dessa atividade antiinflamatória ineficaz seria por sua dose-resposta em relação à prostaglandina envolvida nos processos de febre, dor e inflamação (BRUTON et al., 2012). O paracetamol é considerado um dos fármacos mais importantes, pois é constantemente utilizado no tratamento de dores leves ou moderadas quando o efeito antiinflamatório não é necessário (KATZUNG, 2010). Sua escolha vem a partir do perfil de segurança, adequação de uso e facilidade no acesso. Possui ação analgésica, e eficácia no tratamento de dores agudas e crônicas. Possui mesmo efeito antipirético comparado com os outros medicamentos da mesma classe. Geralmente, é prescrito em menor dose terapêutica para dores leves, podendo ser triplicada se necessário um maior efeito farmacológico (BRUNTON et al., 2012; SCHILLING, 2010; WANNMACHER, 2007). Toussaint (2010) diz que a dor era classificada de acordo com o seu "grau", usando termos como leve, moderada e severa. A visão moderna classifica a dor a partir do seu mecanismo, ou seja, de acordo com a base patofisiológica (nociceptiva, inflamatória, neuropática) e os mediadores bioquímicos, como as prostaglandinas. Em muitas condições dolorosas, a lesão subjacente é na verdade multifacetada e a dor é transmitida por múltiplas vias, primárias e secundárias, e por uma variedade de neurotransmissores e moduladores. A dor pode resultar de aumento da atividade em vias excitatórias que, consequentemente, diminui a atividade em vias inibitórias. Os analgésicos são considerados inibidores das prostaglandinas, COX-1 e COX-2, nos tecidos centrais e periféricos, evitando a sensibilização dos receptores periféricos de dor e produzindo antialgesia (BRUNTON et al., 2012; SCHILLING, 2010). Evidências sugerem que o paracetamol possua mecanismo de ação diferente (SMITH, 2009), tendo seu efeito terapêutico ação inibidora central na COX-2 e COX3, podendo ativar outras vias e/ou receptores responsáveis pela produção da dor (KATZUNG, 2010; SCHUG, 2007). A COX-3 mostrou ser inibida pelo paracetamol, 13 estando envolvida no mecanismo de ação do analgésico. No entanto, a COX-3 não media a antinocicepção endógena, alguns estudos mostram que esta enzima possa estar presentes em humanos, outros mostram terem sido detectadas apenas em ratos (TOUSSAINT et al., 2010). Figura 3. Mecanismo de ação do paracetamol Fonte: Lucas et al. (2005) Segundo Lucas et al. (2005), o paracetamol irá bloquear a COX-2 e COX-3, inibindo a síntese de prostaglandinas, competindo e/ou interagindo com o ácido araquidônico pelo sítio alvo desta enzima. O acesso da COX é bloqueado pelo fármaco, assim os níveis de prostaglandinas produzidos são reduzidos. Uma vez que o ácido araquidônico ganhou o acesso ao sítio ativo é submetido a um passo de oxigenação para formar PGG2, esta por sua vez sofre transformação por parte da peroxidase da enzima, permitindo a formação de PGH2. A ciclo-oxigenase é sensível à oxidação, que é influenciada por peróxidos orgânicos e outros agentes de oxidação ou redução. O paracetamol não atua no sítio ativo da enzima, mas pode reduzir a enzima a partir de FeIV e FeIII ( ver Figura 3). Se os níveis de peróxidos endógenos são elevados, a redução potencial do paracetamol é inadequada e nenhuma inibição irá ocorrer. O efeito antiinflamatório pobre do paracetamol é uma característica de distinção dos medicamentos da mesma classe. Porém, quando administrado por via oral em doses de 100 mg/Kg, ou em dose de 100-300 mg/Kg por via intravenosa, o 14 paracetamol reduz a atividade inflamatória e a dor, mas não tem nenhum efeito sobre o edema (TOUSSAINT et al., 2010). A COX-1 é essencialmente desenvolvida na maioria dos tecidos do corpo humano, sendo responsável por catalisar a formação de prostaglandinas. Possui as funções homeostáticas de proteção da mucosa gástrica, de autorregulação de fluxo sanguíneo renal, de ativação de agregação plaquetária e de regulação de homeostase vascular. Já a COX-2, é expressa em poucos tecidos, como: no sistema nervoso central, ossos e algumas áreas dos rins. Sua ação é induzida por condições inflamatórias, através de citocinas e outros mediadores químicos presentes nas lesões. A dor é gerada pela catalisação das prostaglandinas pela COX-2, por meio da geração de potenciais de ação em neurônios nociceptivos (BRUNTON et al., 2012; SCHILLING, 2010; KATZUNG, 2010). O paracetamol impede a formação de prostaglandinas, obtendo resposta clínica satisfatória no tratamento da dor precoce. No tratamento da dor instalada, a resposta é dificultada, uma vez que outros mediadores intensificadores da dor já foram desencadeados (WANNMACHER, 2007). A atividade antitérmica do paracetamol deve-se a sua estrutura aminobenzênica, na qual, ao introduzirmos radicais diferentes na hidroxila fenólica do p-aminofenol e no grupamento amino livre da anilina, reduz-se a toxicidade sem perda da ação farmacológica (BRUNTON et al., 2012). O efeito antipirético produzido pelo fármaco se dá pela ativação do centro regulatório da febre, localizado no hipotálamo (TROY, 2006) e nos órgãos circunventriculares adjacentes, estimulados por pirógenos endógenos, suprimindo a resposta febril por meio da inibição da síntese de prostaglandina E2 (PGE2). A PGE2 aumenta a adenosina monofosfato cíclico (AMPc), elevando o ponto de equilíbrio do centro termorregulador hipotalâmico. Assim, haverá a produção de calor, mediante tremores, e a conservação do calor, por vasoconstrição (GLATSTEIN, 2008). 3.1.4.2 Farmacocinética Para que ocorra o efeito farmacológico de um fármaco, é necessário que esteja bio-disponível e uma certa concentração atinja o sítio alvo, ou seja, o fármaco deve ser absorvido e distribuído por meio dos fluídos biológicos entrando em contato com o tecido alvo. No decorrer desse processo, algumas frações são metabolizadas 15 e eliminadas. Para que um fármaco tenha efeito terapêutico, deverá possuir características farmacocinéticas adequadas, absorção, distribuição, metabolização e eliminação (KATZUNG, 2010). A administração por via oral do paracetamol e a absorção deste fármaco estão relacionadas com a taxa de esvaziamento gástrico e a taxa de concentração máxima é alcançada de 30-60 minutos (KATZUNG, 2010), dependendo da formulação. A duração do efeito analgésico é de cerca de 4 horas (BERTOLINI et al., 2006). Em pacientes pediátricos os níveis máximos são obtidos 30 minutos após a administração (BRUNTON et al., 2012). A concentração terapêutica no plasma é de 10 a 20 µg/mL e pequenas doses de paracetamol são rapidamente absorvidas. Em doses elevadas, a absorção varia significativamente com o esvaziamento intestinal. Exibe uma bio-disponibilidade oral de 88% (TOUSSAINT et al., 2010). A taxa de ligação com proteína plasmática é de 5 %, após doses tóxicas, com as concentrações plasmáticas a ligação varia de 8 a 43 % (BERTOLINI et al., 2006). A meia-vida plasmática é de 1,5 a 3 horas em adultos e de cerca de 5 horas em pacientes pediátricos. Quando é observada uma meia-vida maior que 4 horas em adultos, pode ser uma evidência de problemas hepáticos. O paracetamol no plasma se liga às proteínas plasmáticas em concentrações maiores que 60 µg/mL (KATZUNG, 2010; TOUSSAINT et al., 2010). Em concentrações tóxicas ou de hepatopatia, pode ocorrer o aumento da meia-vida plasmática em até duas vezes (KATZUNG, 2010). Em formas farmacêuticas líquidas, o paracetamol possui um pico de ação de cerca de 30 minutos, onde 95 % do fármaco é absorvido com duração de efeito por 5 horas (BERTOLINI et al., 2006). O metabolismo do paracetamol ocorre basicamente por três vias: conjugação com o ácido glucórico, conjugação com o íon sulfonato, ambos metabólitos inativos, e uma pequena parte do fármaco é eliminada por meio da oxidação pelo sistema enzimático citocromo P450. Os metabólitos inativos são excretados por via renal. (BRUNTON et al., 2012; KATZUNG, 2010). Alguns fármacos que induzem o citocromo P450, em particular, sulfinpirazona e isoniazida que são anticonvulsivantes, podem aumentar o metabolismo do paracetamol. A indução da enzima hepática pode aumentar a toxicidade do paracetamol, no caso pacientes diagnosticados com alcoolismo crônico (BERTOLINI et al., 2006). 16 O paracetamol é amplamente distribuído pelos fluidos biológicos, sendo encontrado em concentrações iguais na saliva e no plasma. Atravessa livremente a placenta e penetra na barreira hematoencefálica (sangue-cérebro) atingindo concentrações significativas no líquor de 2 a 3 horas após administração oral. Em altas dosagens, a metabolização se dá por meio da oxidação em um metabólito reativo, N-acetil-p-benzoquinona, que pode ser o principal desencadeador da necrose hepática por superdosagem. Após administração de doses orais habituais, cerca de 25 % do paracetamol é metabolizado na primeira passagem através do fígado. A excreção de mais ou menos 90 % da dose terapêutica se dá pela urina em 24 horas, sendo de 1 a 4 % em sua forma original, 20 a 46 % conjugado com sulfato ou 3 % com a cisteína, 40 a 67% conjugado com o ácido glucórico, e de 5 a 10 % como outros metabólitos (BOOTING, 2000; KATZUNG, 2010). Em prematuros e lactentes jovens, a maioria do fármaco é excretada na forma conjugada com o sulfato. A fração varia de 5 a 15 %, sendo oxidada pela CYP2E1, CYP1A2, CYP3A4 e CYP2A6, subfamílias do sistema oxidase, que possuem função mista no citocromo P450, resultando na formação de um metabólito altamente reativo, o N-acetil-pbenzoquinonaimina (BERTOLINI et al., 2006; HEARD et al., 2011). A Glutationa rapidamente se combina com esse intermediário e o complexo resultante é, então, convertido em cisteína não-tóxica, as quais são eliminados na urina (BENSHACHAR et al, 2012). 3.1.4.3 Via de administração e posologia A principal via de administração é a oral (KATZUNG, 2010). A dose habitual diária varia de 300 mg a 1 g, em intervalos de 4 horas. O paracetamol atinge seu efeito máximo em adultos se administrado 1 g (BERTOLINI et al., 2006). Dores agudas e febre podem ser tratadas com doses de 325-500 mg, quatro vezes ao dia, sendo que em pacientes pediátricos as doses devem ser proporcionalmente menores (KATZUNG, 2010). Pacientes com menos de 2 anos de idade, ou com menos de 11 kg, necessitam de orientação médica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013a). O paracetamol administrado por via intravenosa é seguro e eficaz. Essa via de administração é usada quando o paciente é incapaz de tolerar a ingestão do fármaco ou quando se deseja um início de ação mais rápido. Ambas as vias de 17 administração mostraram o efeito analgésico e antipirético desejado, concluindo a eficácia do medicamento (PEACOCK, 2011). Tabela 1 – Administração do Paracetamol IDADE INDICAÇÃO dor leve DOSE Adulto e crianças com Febre, a mais de 12 anos moderada e enxaqueca 500 mg a 1000 mg POSOLOGIA 4 a 6 horas Dose máxima diária: 4000 mg Crianças até 12 anos Febre e dor leve e 10 a 15 mg/kg moderada Febre após imunização 4 a 6 horas, máximo de 5 doses diárias 60 mg com 2 a 3 meses Dose única ou administrar segunda dose de 4 a 6 horas após a primeira Fonte: Ministério da Saúde (2013a) Em pacientes pediátricos, o paracetamol pode ser usado para controlar reações adversas a algumas vacinas, pois enquanto algumas vacinas produzem poucos efeitos adversos outras podem causar uma forma amena da doença. Os cuidadores devem ser orientados quanto à administração do medicamento. Uma dose de 60 mg por via oral deve ser administrada e, se preciso, uma segunda dose de mesma concentração deverá ser aplicada seis horas após a primeira (BRUNTON et al., 2012; SCHILLING, 2010). Em uma análise feita pela Academy of Family Physicians, doses menores que 1000 mg por via oral de paracetamol podem reduzir mais de 50 % de dor leve a moderada aguda não específica. Incluindo dores ortopédicas, dores de cabeça tensionais, entorse de tornozelo, lombalgia aguda e vários outros. Também pode ser eficaz contra dores graves, se administrado por via intravenosa (TOUSSAINT et al., 2010). Em pacientes com função hepática reduzida, recomenda-se o uso de 1 g do fármaco, administrados três vezes ao dia, com curta duração (KHALID, 2009). Em pacientes cirróticos, o uso de doses terapêuticas não está relacionado com descompensação hepática (TOUSSAINT et al., 2010). 3.1.4.4 Indicação terapêutica 18 O paracetamol possui atividade farmacológica analgésica e antipirética. É indicado por um curto tempo, mostrando-se útil para aliviar dores de intensidade leve e moderada, como: cefaléia, mialgia, dor pós-parto e outras causas. O fármaco é efetivo no tratamento de pacientes com condições reumáticas, nas quais são envolvidas dores musculares e ósseas, e em doenças onde o desconforto está acompanhado de dor e febre como resfriados comuns e infecções virais. A analgesia leve é obtida, sendo indicado para pacientes alérgicos a aspirina (KATZUNG, 2010; TOUSSAINT et al., 2010). Também é comumente utilizado em pacientes com dores de pequena complexidade e baixa morbidade, como: dor dentária, dismenorréia, dor musculoesquelética e enxaqueca (WANNMACHER, 2007). Embora seja aceito que o paracetamol possui apenas uma fraca ação antiinflamatória, há relatos de uma redução em inchaço dos tecidos após cirurgia dentária (BOOTING, 2000). Usado no tratamento farmacológico preventivo ou agudo da enxaqueca, o paracetamol pode ser administrado isoladamente ou em combinação com cafeína (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013a). Um analgésico seguro e eficaz, o paracetamol é eficiente no alívio da dor da cirurgia oral, episiotomia, câncer, osteoartrite e dismenorréia, utilizando doses apropriadas (BOOTING, 2000). A hepatotoxicidade é rara se empregada a dose terapêutica. A literatura retrata que pacientes com toxicidade hepática causadas por doses terapêuticas de paracetamol administraram doses excessivas do fármaco (GRAHAM, 2005). Em pacientes com função hepática reduzida, recomenda-se o uso de 1g do fármaco, administrados três vezes ao dia, com curta duração (KHALID, 2009). Em pacientes cirróticos, o uso de doses terapêuticas não esteve relacionado com descompensação hepática. Não houve evidências substanciais mostrando que o paracetamol possui efeito terapêutico particularmente vantajoso no tratamento da dor menstrual (TOUSSAINT et al., 2010). O paracetamol não possui ação antiplaquetária clinicamente relevante, e muitas vezes é utilizado para evitar o risco de sangramento associado com aspirina e outros fármacos da mesma classe (TOUSSAINT et al., 2010). O que o torna, portanto, o tratamento de primeira escolha em pacientes com hemofilia, com histórico de úlcera péptica, e naqueles em que o uso da aspirina desencadeia 19 broncoespasmo. Pode ser usado em conjunto com a probenicida no tratamento de gota, pois não antagoniza seu efeito (KATZUNG, 2010). Pode ser combinado com a codeína, para que haja aumento de efeito farmacológico (BERTOLINI et al., 2006). 3.1.4.5 Reações adversas e efeitos toxicológicos Os fatores desencadeados pela toxicidade do paracetamol são: a sobre-dose, deficiências enzimáticas, doenças hepáticas ou renais e interações medicamentosas. Os casos mais graves de efeitos toxicológicos ocorrem quando são associados mais de um fator desencadeados (TOUSSAINT et al., 2010). O paracetamol potencializa os efeitos anticoagulantes, acenocoumarol e varfarina, com risco aumentado de hemorragia, onde ocorrerá a inibição do metabolismo destes fármacos. (BERTOLINI et al., 2006; TOUSSAINT et al., 2010). A administração concomitante do paracetamol com zidovudina pode resultar em hepatotoxicidade e neutropenia (BERTOLINI et al., 2006). Dentre as interações medicamentosas que este fármaco é capaz de fazer, a maior preocupação é a interação com o álcool. O desenvolvimento de sintomas tóxicos hepáticos agudos em pacientes que fazem uso do paracetamol é provável até em doses geralmente consideradas como não-tóxicas. Esses pacientes têm um prognóstico pior do que os não-alcoólicos com overdose de paracetamol. A mortalidade geral na síndrome de álcool com o uso de paracetamol é de cerca de 20 %, e superior a 75 %, se ocorrer desenvolvimento de falha hepática aguda (BERTOLINI et al., 2006). O uso crônico destas duas substâncias pode aumentar o metabolismo gerando um metabólito altamente hepatotóxico, a N-acetil-pbenzoquinonaimina (HEARD et al., 2011). Em não-alcoólicos, a N-acetil-pbenzoquinonaimina é eliminada por conjugação com a glutationa, ocorrendo desintoxicação do paciente. Em pacientes elitistas, a combinação indução da CYP2E1 e depleção da glutationa fará com que ocorra uma acumulação do metabólito tóxico gerando morte celular. A insuficiência hepática fulminante pode ser desenvolvida em pacientes severamente envenenados. Essa doença é caracterizada pelo aprofundamento de diversos outros fatores, como: icterícia, encefalopatia, aumento da pressão intracraniana, hemostasia grosseiramente desordenada com coagulação intravascular disseminada e hemorragia, hiperventilação, acidose, hipoglicemia e insuficiência renal (BERTOLINI et al., 2006). 20 A N-acetilcisteína, pode ser um antídoto efetivo para a intoxicação com o paracetamol, onde irá limitar a hepatotoxicidade, aumentando a síntese de glutationa no fígado. Protocolos atuais recomendam o tratamento de pacientes com uma dose inicial de 150mg/kg, infundida ao longo de um período de uma hora, sob hospitalização, seguido de uma diminuição na quantidade, administrada nas próximas 20 horas. Danos hepáticos fatais podem ser evitados se a administração do antídoto ocorrer de 8 a 12 horas após uma overdose (BEN-SHACHAR et al, 2012). Em alguns casos, quando administrado em doses terapêuticas, observa-se um aumento das enzimas hepáticas, sendo esse aumento reversível na suspensão do medicamento. Em doses maiores há a ocorrência de tonteira, excitação e desorientação (KATZUNG, 2010). O Ministério da Saúde (2013a) descreve que os efeitos adversos desencadeados pelo paracetamol são raros, e, quando presentes, brandos em doses terapêuticas. As reações mais comuns são: asma, exantema, distúrbios sanguíneos (trombocitopenia, leucopenia, neutropenia, pancitopenia e agranulocitose), hemorragia gástrica, hepatotoxicidade após dose excessiva ou com uso terapêutico prolongado em pacientes alcoolistas, aumento da bilirrubina e da fosfatase alcalina, nefrotoxicidade por uso prolongado ou excessivo e reações de hipersensibilidade, incluindo dispnéia, hipotensão, urticária, e angioedema. Além disso, tem sido relatado que a ingestão repetida causa: relaxamento, leve sonolência, euforia, ou sensação de tranquilidade. Alguns sintomas de abstinência são encontrados 3 ou 4 dias após a interrupção do medicamento, como inquietação e agitação (BERTOLINI et al., 2006). A administração de 15 g de paracetamol pode causar morte por hepatotoxicidade grave com necrose centrolobular, e, em alguns casos, pode estar associada à necrose tubular renal aguda. A lesão hepática tem por sintomas inicias, náuseas, vômitos, diarréia e dor abdominal. Alguns dados citam o paracetamol em casos de lesão renal sem comprometimento hepático (KATZUNG, 2010). O paracetamol se administrado juntamente com o clorafenicol, pode causar um aumento da toxicidade, prolongando a meia vida deste fármaco (LUCAS et al., 2005). O paracetamol possui capacidade de induzir graves, até mesmo casos fatais, de hepatotoxicidade, se usado doses acima da faixa terapêutica habitual. O 21 mecanismo desta toxicidade se dá através da depleção da glutationa endógena e subsequente desvio de metabolismo do paracetamol benigno para as vias tóxicas. O risco aumenta se o usuário possui algum comprometimento do fígado ou devido ao uso excessivo de álcool (TOUSSAINT et al., 2010). 3.2 APRESENTAÇÕES DISPONÍVEIS DO PARACETAMOL NO MERCADO NACIONAL DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LÍQUIDOS ORAIS QUE POSSUEM PARACETAMOL COMO PRINCÍPIO ATIVO Segundo o Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (2012), o paracetamol é encontrado em diversas apresentações, como: comprimidos, comprimidos revestidos, drágeas, cápsulas, soluções e suspensão. Este guia é a referência brasileira para pesquisa de medicamentos disponíveis no mercado farmacêutico nacional. Tabela 2 – Soluções orais contendo paracetamol com associação a outro(s) principio(s) ativo(s) Medicame Concentração Contração do(s) Volume do Laboratório nto de Paracetamol Fármaco(s) Associados frasco (mL) Farmacêutico Maleato de clorfeniramina 15 mL GLOBO 20 mL GLOBO (mg/mL) ® Anagripe 40 mg/mL (0,6 mg/mL) e cloridrato de fenilefrina (0,6 mg/mL) ® Anagripe 100 mg/mL Maleato de clorfeniramina (2 mg/mL) e cloridrato de fenilefrina (2 mg/mL) ® – Nome comercial Tabela 3 – Soluções orais (gotas) contendo paracetamol Medicamento Concentração do Volume do frasco Laboratório Paracetamol (mg/mL) (mL) Farmacêutico Anagripe 100 mg/mL 100 mL GLOBO ® 200 mg/mL 15 mL CIFARMA 200 mg/mL 15 mL HYPERMARCAS FURP-paracetamol 200 mg/mL 15 mL FURP LAFEPE- 100 mg/mL 10 mL LAFEPE ® Cyfenol ® Din ® ® paracetamol 22 LAFEPE- 200 mg/mL 15 mL LAFEPE Paracetamol (G) 200 mg/mL 15 mL MERCK Paracetamol (G) 200 mg/mL 15 mL PRATI-DONADUZZI Paracetamol (G) 200 mg/mL 15 mL UNIÃO QUÍMICA Paracetamol (G) 200 mg/mL 15 mL ACHÉ Paracetamol (G) 200 mg/mL 15 mL MEDLEY Paracetamol (G) 200 mg/mL 15 mL GERMED Paracetamol (G) 100 mg/mL 10 mL PRATI-DONADUZZI Paracetamol (G) 200 mg/Ml 10 mL GERMED ® 100 mg/mL 15 mL MANTECORP 100 mg/mL 15 mL JASSEN-CILAG 200 mg/mL 15 mL JASSEN-CILAG 200 mg/mL 15 mL OSÓRIO DE MORAES ® paracetamol Pratium Tylenol Bebê ® Tylenol Gotas Thylom ® ® (G) – Genérico ® – Nome comercial Tabela 4 – Suspensões orais contendo paracetamol 60 mL. Medicamento Concentração do Volume do frasco Laboratório Paracetamol (mg/mL)) (mL) Farmacêutico Paracetamol (G) 100 mg/mL 15 mL MEDLEY Paracetamol (G) 32 mg/mL 50, 60, 100 e 120 GERMED mL Paracetamol (G) Resfenol Bebê Tylenol Bebê ® ® (G) – Genérico ® – Nome comercial 32 mg/mL 60 mL MEDLEY 100 mg/mL 15 mL KLEY HERTZ 160 mg/5mL 60 mL JASSEN-CILAG 23 3.3 PRINCIPAIS SOLUÇÕES LÍQUIDAS ORAIS PARA PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS 3.3.1 Soluções A Farmacopéia Brasileira (2010) conceitua soluções como: “preparações líquidas que contêm uma ou mais substâncias químicas dissolvidas, isto é, molecularmente dispersas, em um solvente apropriado ou uma mistura de solventes miscíveis entre si”. Administradas por via oral, estas preparações podem-se conter mais de uma substância ativa dissolvida em água ou em outro veículo, um co-solvente. As soluções podem ser formuladas para a administração oral direta ao paciente ou dispensadas de uma forma mais concentrada que tem de ser diluída antes da administração utilizando solvente adequado, de acordo com as especificações da bula (BRASIL, 2010; UNITED STATES OF AMERICA, 2009). Por se tratar de uma solução, o sabor indesejado do princípio ativo fica evidenciado, o que dificultaria a deglutição principalmente ao se tratar de pacientes pediátricos (FERREIRA, 2008). Algumas substâncias podem ser usadas com o intuito de mascarar e melhorar a estabilidade e a aparência do medicamento, são eles os flavorizantes, edulcorantes e corantes. Nas formulações também são empregados agentes indutores de viscosidade, tampões, antioxidantes e conservantes (THOMPSON, 2006). Algumas soluções podem conter uma concentração elevada de açúcar, como a sacarose. Estas preparações são tradicionalmente conhecidas como xaropes. Já o termo elixir, é comumente utilizado para definir soluções hidroalcoólicas edulcoradas (THOMPSON, 2006). Concentrações elevadas de álcool em soluções orais líquidas podem desencadear processos farmacológicos inesperados, portanto recomenda-se o uso de outros co-solventes, tais como a glicerina e o propilenoglicol minimizando a quantidade de álcool na formulação (UNITED STATES OF AMERICA, 2009). Por estar solubilizado, o fármaco presente nas soluções líquidas orais irá oferecer doses homogêneas e de fácil ajuste, estando prontas para absorção e distribuição do princípio ativo. As soluções são bastante utilizadas em pacientes que possuem dificuldade de deglutir cápsulas ou comprimidos. Em contraposição, os fármacos e adjuvantes farmacotécnicos são menos estáveis quando presentes em soluções. No mercado farmacêutico percebemos que alguns fármacos não são 24 apresentados em formas farmacêuticas líquidas, isso pode ser devido ao fato de não serem solúveis nos solventes aceitáveis para uso nesses tipos de preparações. São mais difíceis de acondicionar, transportar e armazenar, devido ao seu volume e peso se comparadas com as formas farmacêuticas sólidas. Muitas vezes, as doses são administradas pelo paciente ou pelo responsável, isso pode acarretar em uma administração com doses erradas, podendo variar para mais ou para menos (AULTON, 2005; THOMPSON, 2006). As soluções saturadas orais se dão pela quantidade máxima de um fármaco que é dissolvido em certa quantidade de veículo. Depois de adicionado o fármaco, não se pode mais dissolver outra quantidade, uma vez que ela se precipitará. Essas soluções são utilizadas para administração em gotas orais, utilizando medidores adequados, como: frasco gotejador e conta-gotas (FERREIRA, 2008; 2011). Devem ser armazenadas em locais longe do calor, principalmente aquelas que contenham substâncias voláteis. Os frascos onde as soluções são acondicionadas devem ser resistentes à luz, evitando degradação e um possível problema de estabilidade (UNITED STATES OF AMERICA, 2009). 3.3.2 Suspensão A Farmacopéia Brasileira (2010) conceitua suspensões como: “preparações farmacêuticas líquidas constituídas de partículas sólidas dispersas em uma fase líquida na qual são insolúveis”. Consideradas como sistemas heterogêneos, as suspensões possuem duas fases: uma externa ou dispersante, que pode ser líquida ou semi-sólida, e uma fase interna ou dispersa, que é constituída por partículas sólidas insolúveis no veículo utilizado. Quando uma suspensão está em repouso, a ação da gravidade faz com que as partículas sofram sedimentação. Portanto, esta forma farmacêutica sempre deverá ser agitada antes do uso (THOMPSON, 2006; UNITED STATES OF AMERICA, 2009). Em alguns casos específicos em que há uma incapacidade de deglutição de fármacos sólidos, o uso de suspensões por via oral está indicado, visto a insolubilidade dos fármacos nos veículos habitualmente usados e/ou o fármaco quimicamente instável em solução, porém estável em suspensão (LOYD, 2007). 25 Esta forma farmacêutica é comumente utilizada em pacientes pediátricos e geriátricos, pacientes que fazem uso de sonda nasogástrica e adultos impossibilitados de deglutir formas farmacêuticas sólidas (THOMPSON, 2006). Por serem em sua maioria suspensões aquosas, o veículo é flavorizado e edulcorado, de modo a agradar a predileção do paciente, facilitando sua adesão (LOYD, 2007; FERREIRA, 2008). Para a administração por via oral, uma suspensão deve apresentar partículas sólidas muito finas, de tamanho uniforme e bem distribuídas, contribuindo para uma boa dissolução e absorção do fármaco (THOMPSON, 2006). Partículas menores possuem menor velocidade de sedimentação, logo quanto menor a partícula, mais lenta será sua sedimentação (LOYD, 2007). As prontas para uso só devem ser agitadas, e as em formas de pó além da agitação, deve ser feita a reconstituição. As suspensões cujas partículas se encontram dispersas uniformemente em um tipo de veículos líquido, contendo edulcorantes, flavorizantes e corantes, estão prontas para serem administradas por via oral após a agitação suave do recipiente. Já as que estão na forma de pó, contendo o fármaco e os agentes suspensores, que ao serem diluídas e agitadas em um veículo líquido formará uma suspensão geralmente são administradas por via intravenosa (LOYD, 2007; THOMPSON, 2006). A dispersão uniforme das partículas sólidas no veículo é uma propriedade essencial em uma suspensão, uma vez que os sólidos que não se dissolveram devem se apresentar bem dispersos no veículo (THOMPSON, 2006), permitindo que a dose administrada para o paciente tenha uma concentração uniforme do fármaco (FERREIRA, 2011). A sedimentação de uma suspensão deve ser lenta, e após agitação deve ser redispersada com facilidade e escoar do recipiente de forma rápida e uniforme (LOYD, 2007). Para que a sedimentação seja lenta, as partículas sólidas presentes devem ter tamanho reduzido, evitando que se sedimentem facilmente, facilitando a redispersão. Portanto, uma suspensão de qualidade deve sedimentar lentamente e redispersar facilmente com agitação suave do recipiente (FERREIRA, 2011). 3.3.3 Xarope Os xaropes são preparações farmacêuticas aquosas de alta viscosidade com elevada concentração de sacarose (60 a 85 %) ou com algum outro tipo de 26 edulcorante. Flavorizantes podem ser adicionados à formulação, deixando o sabor e odor com a preferência do paciente (FB, 2011). Os xaropes que contêm agentes flavorizantes são utilizados como veículos para adição de fármacos, isso fará com que o mascaramento do sabor evidenciado do fármaco seja disfarçado, facilitando a adesão ao tratamento (FERREIRA, 2008; LOYD, 2007; FB, 2011). Substâncias que se mantêm estáveis em meio aquoso podem ser adicionadas a um xarope flavorizado, uma vez que fármaco esteja adequado perante os componentes da formulação (LOYD, 2007). Para fármacos hidrossolúveis, os ativos devem ser dissolvidos em q.s de água e em seguida adicionados ao q.s.p de xarope, ou dissolvê-los no próprio xarope (FERREIRA, 2008). A viscosidade é característica essencial em um xarope. Esse caráter viscoso juntamente com o sabor doce e o flavorizante, mascara o sabor do fármaco. A partir do momento que o xarope entra em contato com a mucosa oral, apenas uma alíquota do fármaco entrará em contato com as papilas gustativas e o xarope remanescente será conduzido para a garganta (LOYD, 2007). O xarope simples é o mais utilizado e contém 85% de sacarose em sua composição, esse edulcorante aumenta a viscosidade da formulação. A sacarose pode ser substituída por outro edulcorante, o sorbitol, que trará viscosidade e poder adoçante parecido como no xarope de açúcar simples. O xarope dietético possui em sua composição edulcorantes não-glicogênicos como o aspartame, o ciclamato de sódio e a sacarina, edulcorantes sintéticos podem ser usados em formulações para pacientes diabéticos, pois não são convertidos em glicose no organismo, diferentemente da sacarose. Além do uso de edulcorantes sintéticos, agentes espessantes (metilcelulose ou hidroxietilcelulose) também são empregados garantindo a viscosidade do xarope (LOYD, 2007). 3.4 PALATABILIDADE O paladar é uma modalidade sensorial fundamental na identificação de sabores. Os receptores são células sensíveis a íons e moléculas presentes nos alimentos ingeridos. Nos seres humanos, os receptores são encontrados principalmente na língua agrupados na superfície dos botões gustativos. Estes distribuídos nos três tipos de papilas gustativas, que são: papilas circunvaladas, 27 papilas fungiformes e papilas filiformes (ver Figura 4) (AIRES, 2012; FERREIRA, 2011). Figura 4 – Papilas e botões gustativos Fonte: Ferreira (2008) Esses receptores quando entram em contato com algum tipo de estrutura química, a reconhecem mandando um estímulo ao cérebro que fará a diferenciação dos sabores primários doce, amargo, salgado ou ácido (azedo). Além dos sabores primários, um novo sabor é descrito na literatura, o umami. Esse sabor é relacionado a alguns tipos específicos de aminoácido, principalmente o glutamato e o aspartato. As crianças são mais sensíveis a sabores agradáveis e desagradáveis, diferente dos adultos que, com o envelhecimento, perdem a sensibilidade do paladar devido à degeneração de muitos botões gustativos, passando a ser mais tolerantes quanto ao sabor amargo. Este fato se deve a quantidade de botões gustativos. Estima-se que um adulto tenha entre 3.000 a 10.000, e em uma criança a quantidade é um pouco maior (AIRES, 2012; FERREIRA, 2008; 2011). Os receptores responsáveis pela identificação dos sabores primários estão localizados em regiões diferentes da língua e do palato. O sabor doce é identificado principalmente na extremidade da língua, seguido pelos sabores salgados e ácidos (azedos) sentidos nas laterais superiores e medianas, respectivamente. Já o sabor 28 amargo, é evidenciado na parte posterior da língua (ver Figura 5) (FERREIRA 2008; 2011). Figura 5 – Percepção dos sabores primários na língua humana de acordo com as regiões. Fonte: Ferreira (2008) Quando as células dos botões gustativos entram em contato com um sabor, são elas as responsáveis por identificar e diferenciar os sabores. Os sabores doce, amargo e umani são detectados através de receptores de membrana. Diferentemente, os sabores salgado e azedo (ácido) dependem de canais iônicos de sódio (Na+) e hidrogênio (H+) para serem identificados (NELSON, 2002). Grande parte dos receptores presentes nos botões gustativos pertence à família dos receptores acoplados à proteína G, que é classificada como uma proteína de membrana (NELSON, 2002). Os receptores dos botões gustativos, que também são proteínas, são denominados de taste receptor (receptor de sabor). Esses receptores de sabores são nomeados a partir da sigla TR, que a partir de sua denominação, irão diferenciar suas funções dos demais receptores (MUELLER, 2005). Mueller (2005) diz que mais de 30 receptores T2Rs, tipos específicos de receptores associados a detecção do sabor amargo foram identificados. Por sua vez Nelson (2002), traz que receptores T1Rs respondem à maioria dos 20 aminoácidos básicos, discernindo os outros sabores. A expressão dos receptores para cada sabor se dá predominantemente em um tipo celular. Portanto, cada tipo de célula é responsável pela percepção dos cinco diferentes tipos de sabores (MUELLER, 2005). A ação dos receptores de sabor é iniciada por meio da ligação com uma molécula qualquer, assim ele identificará o sabor. A molécula, ao se ligar com o 29 receptor, mudará sua conformação iniciando a transdução do sinal pelo citoplasma. A ativação do receptor levará à liberação de íons de cálcio proveniente de reservatórios internos da célula. Os íons de cálcio liberados sinalizam para as terminações nervosas a percepção gustativa, e por fim a mensagem interpretada será na forma de um sabor (AIRES, 2012; MUELLER, 2005). 3.4.1 Sabor doce A ligação de uma molécula que evidencia este sabor com um receptor TR, ativa a enzima adenilil ciclase. Este fator irá desencadear uma alta concentração de adenosina monofosfato cíclico (AMPc) inibindo os canais de potássio, levando a despolarização da célula (TALAVERA, 2005). O sabor doce é frequentemente associado a compostos polihidroxilados, que possuem baixo peso molecular, como: sacarose, sorbitol e manitol. Várias são as substâncias que instigam a sensação agradável que este sabor nos evidencia, entre eles o açúcar, o aspartame, a sacarina, os álcoois, as cetonas, os amidos, os ésteres, entre outros (FERREIRA, 2008; 2011). 3.4.2 Sabor salgado Ao entrar em contato com uma substância que geralmente é inorgânica ou de baixo peso molecular, o sabor salgado será evidenciado a partir do íon Na+ que entra nos receptores de sabores das células através dos canais de sódio que permanecem sempre abertos, despolariza a célula que se propagará pelo nervo aferente primário. (FERREIRA, 2008; 2011). Os cátions do sódio, vindos de um sal, são os principais desencadeadores do sabor salgado, como: o cloreto de sódio, o brometo de potássio, cloreto de amônio, salicilato de sódio, entre outros (FERREIRA, 2008). 3.4.3 Sabor ácido (azedo) O sabor ácido (azedo) é produzido por substâncias ácidas que mudam o pH da língua. A alta concentração dos íons H+ presentes em moléculas consideradas ácidas bloqueia seletivamente canais de K+ presentes na célula receptora. A entrada 30 deste íon causa uma despolarização da célula envolvida, identificando o sabor ácido. (AIRES, 2012; FERREIRA 2011). As principais moléculas com características moleculares ácidas são as que possuem em sua composição taninos, fenóis e lactonas (FERREIRA, 2008). 3.4.4 Sabor amargo O sabor amargo, geralmente, está associado com a aceitação do paciente e de como o organismo de cada indivíduo traduz esta sensação, não estando associado há apenas um tipo de substância química (AIRES, 2012). A sensação do sabor amargo é exposta a partir de substâncias de origem orgânica e cadeia longa, que possui em sua fórmula molecular nitrogênio e alcalóides. Estas substâncias irão provocar a liberação de Ca 2+ mediada por um segundo mensageiro, o inositol trifosfato (IP3). Com a liberação de Ca2+ em excesso, ocorrerá um depósito deste íon na célula despolarizando a mesma, sendo este estímulo transmitido pelo nervo primário aferente. Outras substâncias que evidenciam o sabor amargo são: cafeína, estricnina, nicotina, cloridrato de difenidramina, cloridrato de prometazina, codeína, entre outros (AIRES, 2012; FERREIRA 2008; 2011). 3.5 FLAVORIZAÇÃO DE UMA FORMA FARMACÊUTICA LÍQUIDA Dar sabor e aroma a um medicamento é proporcionar um sabor agradável com a adição de substâncias sintéticas ou naturais designados flavorizantes. Alguns critérios devem ser abordados ao preparar uma forma farmacêutica palatável. Ao entrar em contato com a mucosa oral, o sabor deve ser facilmente identificado, com sensação completa e rápida. A sensação bucal deve ser curta e satisfatória com ausência de percepções repugnantes (FERREIRA, 2008; 2011). Quando tratamos de aceitação de sabores, consideramos que o sabor doce frequentemente é aceitável. Diferentemente, o sabor amargo é indesejável, principalmente por pacientes pediátricos cuja correção deste sabor é imprescindível para facilitar a adesão ao tratamento. A correção de um sabor desagradável e flavorização de uma forma farmacêutica personificada de acordo com a preferência do paciente podem compor um diferencial no mercado farmacêutico. Porém, essas 31 correções são feitas principalmente em farmácias magistrais (FERREIRA, 2008; 2011; THOMPSON, 2006). Uma combinação de edulcorantes, flavorizantes e corantes classificados como adjuvantes farmacotécnicos é feita com o intuito de melhorar a palatabilidade da preparação farmacêutica. Misturas de flavorizantes produzem melhorias no sabor, onde os flavorizantes selecionados devem se misturar ou se agregar ao sabor característico do fármaco tornando a preparação farmacêutica com um sabor agradável mais intenso (THOMPSON, 2006). A preferência e a faixa etária do paciente podem ser consideradas, tornando a aceitação ao tratamento facilitada. Alguns fatores influenciam na aceitabilidade do paciente como viscosidade e os efeitos na mucosa oral, a cor e o odor que devem estar combinados de acordo com o sabor escolhido. Alguns pacientes podem apresentar suscetibilidade a sofrerem processos alérgicos. Devido a esse fator, o farmacêutico deve ter esses dados em mãos para evitar possíveis complicações (FERREIRA, 2008; 2011). A flavorização de uma forma farmacêutica líquida se dá por meio do uso de um ou partindo da combinação de vários flavorizantes, adicionados de corretores do paladar ou do emprego de um flavorizante com sabor mais intenso ou prolongado (FERREIRA, 2011). 3.5.1 Combinação de flavorizantes Quando preparamos uma forma farmacêutica líquida flavorizada, temos que levar em conta o sabor que o fármaco possui para combinarmos o flavorizante, o edulcorante e o corante a serem utilizados (FERREIRA, 2011). Batista (2009) diz que os ácidos orgânicos, como ácido tartárico, ácido cítrico, ácido málico ou ácido fumárico, quando empregados em uma formulação acentuam o sabor de frutas contrastando o sabor amargo; esses flavorizantes são conhecidos com agentes evidenciadores de sabor. Os fármacos com caráter ácido são mascarados com flavorizantes de frutas ou cítricos juntamente com a adição de um edulcorante. As formulações antiácidas líquidas geralmente são flavorizadas com flavorizantes de menta, pois esse diminui a sensibilidade da língua e o sabor desta formulação pode ser otimizado com a adição de um edulcorante. 32 Quando trata-se de um fármaco que possui um sabor azedo, a melhor saída para mascarar este sabor é o flavorizante cítrico ou frutal juntamente com um edulcorante. Quando se trata do sabor amargo, o mascaremento pode ser feito com a adição de flavorizantes que trazem a percepção do sabor salgado, doce ou azedo. A adição de cloreto de sódio em pequenas concentrações em uma preparação farmacêutica pode melhorar a palatabilidade amenizando o sabor amargo evidenciado pelo fármaco (FERREIRA, 2008; ABDULLAHU, 2012). O uso de conservantes sem sabor, como os parabenos podem trazer características indesejadas para a preparação farmacêutica. O metilparabeno pode transmitir um odor floral desagradável e o propilparabeno uma sensação de torpor na língua (FERREIRA, 2011; THOMPSON, 2006). 3.5.2 Mascaramento O mascaramento do sabor indesejado de um fármaco pode ser por meio da adição de um flavorizante com sabor mais intenso. O flavorizante utilizado nesta técnica deve possuir sua duração prolongada no paladar, onde a sensação do sabor desejado fica em contato com os receptores de sabor, e a resposta sensorial dura por mais tempo. Os principais flavorizantes que conferem essa propriedade a preparação farmacêutica líquida oral são: o salicilato de metila, o alcaçuz (glicirrizina) e as oleorresinas. O glicirrizinato de amônio, é um dos principais evidenciadores de sabor, comumente utilizados em soluções líquidas orais afim de prolongar a sensação agradável de um sabor primário, portanto esta matéria prima é utilizada afim de prolongar o mascaramento da solução (BATISTA, 2009; FERREIRA, 2011). Nas preparações farmacêuticas em que o tratamento é por um período prolongado, os flavorizantes utilizados nestas formulações devem ser tênues para não suceder uma exaustão de sabores (FERREIRA, 2008). Quando o fármaco está presente em solução seu sabor é evidenciado e para reduzir essa sensação de sabor desagradável algumas alterações físicas no veículo podem ser feitas com o intuito de melhorar a palatabilidade da formulação. A utilização de um veículo no qual o fármaco seja insolúvel pode reduzir o sabor desagradável. A preparação de uma suspensão, a precipitação do fármaco, fará com que os receptores de sabor tenham dificuldade na transdução do sinal, não 33 identificando o grupo funcional responsável pela resposta do sabor. O aumento da viscosidade da preparação farmacêutica diminui a superfície de contato do fármaco com as papilas gustativas, logo a identificação do sabor não fica evidenciada (ABDULLAHU, 2012; FERREIRA, 2008; 2011). Alterações fisiológicas nas papilas gustativas podem ser feitas com a adição de adjuvantes farmacotécnicos que alteram a sensibilidade da língua. Se veiculado em uma forma farmacêutica, o dióxido de carbono anestesia as papilas gustativas minimizando o sabor desagradável causado pelo fármaco. Os agentes dessensibilizantes, como o mentol, o óleo essencial de menta, o óleo essencial de anis (anetol), o fenolato de sódio, a capsaicina e os evidenciadores dos flavorizantes (acidulantes), tornam as papilas gustativas menos sensíveis e impedindo a identificação do sabor desagradável (LOYD, 2007; FERREIRA, 2008; 2011; THOMPSON, 2006). 3.6 USO DE ADJUVANTES FARMACOTÉCNICOS RESPONSÁVEIS PELA CORREÇÃO DO SABOR AMARGO EM UMA FORMA FARMACÊUTICA LÍQUIDA ORAL Vários fatores influenciam na percepção do sabor amargo, a interação entre os sabores, o fluxo de saliva, o veículo a ser utilizado e a viscosidade da preparação farmacêutica e a presença de substâncias modificadoras do paladar (AULTON, 2005; FERREIRA, 2008). Quando mascaramos o sabor desagradável de um fármaco diminuímos a capacidade de percepção do paladar adicionando à formulação componentes capazes de interagir entre si, evidenciando um sabor agradável. A diminuição da magnitude do sabor amargo de uma forma farmacêutica líquida oral pode estar propriamente relacionada com a proporção de edulcorantes presentes na formulação. O sabor amargo também é mascarado pelo sabor salgado, e os acidulantes em baixas concentrações reduziram a evidência deste sabor, como por exemplo, o ácido cítrico que diminuiu o sabor característico da cafeína. A adição de um composto menos amargo na preparação pode diminuir a sensibilidade do paladar, já que compostos moderadamente amargos podem atuar como agonistas parciais ocupando o receptor de sabor, induzindo a uma resposta menos intensa do que a substância mais amarga (BATISTA, 2009; FERREIRA, 2011). 34 O veículo em que o fármaco é disperso, pode aumentar ou diminuir a sensação do sabor amargo. O etanol, devido a sua alta capacidade de solubilizar uma substância, potencializa o sabor amargo. O amargo da cafeína e do quinino foi minimizado quando dispersados em óleo de amendoim, ao contrário da água. Esse fato pode ser explicado devido à hidrofobicidade do solvente podendo o mesmo, ter alterado a velocidade de distribuição, reduzindo assim a concentração salivar ou a viscosidade do óleo de amendoim diminui a percepção do sabor amargo, pois o aumento da viscosidade de uma formulação farmacêutica oral fará com que apenas uma parte do fármaco entre em contato com a mucosa oral, e uma alíquota entrará em contato com as papilas gustativas (LOYD, 2007; FERREIRA, 2008; 2011). Os agentes modificadores de sabor, como o extrato de Gymnema sylvestris e dodecil sulfato de sódio, modificam o paladar devido à interação com os receptores gustativos. As substâncias que possuem sabor amargo precisam ser solubilizadas em um meio aquoso, no nosso organismo o aumento do fluxo da saliva, pode reduzir a percepção deste sabor desagradável. As substâncias ácidas são exemplos de adjuvantes responsáveis por aumentar o fluxo salivar (FERREIRA, 2008). Segundo o Ministério da Saúde (2013b), adjuvantes farmacêuticos são substâncias que quando adicionadas ao medicamento previnem alterações, corrigem e/ou melhoram as características organolépticas, biofarmacotécnicas e tecnológicas do medicamento. Os principais adjuvantes farmacêuticos que garantem uma formulação palatável e com boa aparência são: os flavorizantes, os edulcorantes e os corantes (LOYD, 2007). 3.6.1 Flavorizantes Os flavorizantes são substâncias empregadas em formas farmacêuticas líquidas com o intuito de conferir e intensificar o sabor e o aroma do medicamento. São empregados principalmente em preparações líquidas orais. A adição de agentes flavorizantes pode mascarar o sabor amargo do fármaco, conferindo uma sensação agradável ao paladar (LOYD, 2007; FERREIRA, 2008; 2011). Os flavorizantes podem apresentar-se na forma de líquidos solúveis em óleo ou água ou na forma de pós, onde a maioria destas substâncias encontra-se diluída em carreadores. O óleo de soja e outros óleos comestíveis são as substâncias 35 diluentes oleosas. Nos principais diluentes aquosos incluem a água, o álcool, o propilenoglicol e a glicerina. Dentro do grupo de carreadores sólidos estão as maltodextrinas, os xarope de milho sólidos, os amidos modificados, a goma arábica, o sal, os açúcares e as proteínas do leite. Os flavorizantes podem degradar devido à ação de fatores externos como a luz e a temperatura e a partir de componentes presentes na formulação (LOYD, 2007; ROWE et al., 2009). Nos diferentes tipos de flavorizantes, o naturais estão inclusos no grupo, são eles: os óleos essenciais, essências ou extratos, fruta ou suco de fruta, vegetal ou suco de vegetais, entre outros. Os flavorizantes artificiais são aquelas substâncias que conferem sabor a formulação oral líquida que não são derivadas de uma fruta ou suco de fruta, vegetal ou suco de vegetais, ervas, cascas, brotos, raízes, folhas (LOYD, 2007). Muitos são os flavorizantes usados para mascarar os sabores primários. Os flavorizantes utilizados para mascarar o sabor amargo são: o anis, o café, chocolate, uma combinação de chocolate e menta, menta, limão, laranja, pêssego, cereja, framboesa, lima, xarope de ácido cítrico, xarope de cacau, xarope de alcaçuz e cravo (FERREIRA, 2008; 2011). Tabela 5 – Principais flavorizantes usados para mascarar alguns sabores. Sabor Flavorizante Ácido (azedo) Cítrico, limão, laranja, cereja, framboesa, xaropes mucilaginosos (goma arábica); Doce Baunilha, vanilina, tutti-frutti, uva, morango, framboesa, amora e hortelã-pimenta; Insípido Associação de edulcorante com flavorizante, xarope de limão ou xarope simples com tintura ou essência de limão; Metálico Morango, framboesa, cereja e uva; Oleoso Menta, anis, canela, hortelã; Salgado Amêndoas, xarope de canela, xarope de ácido cítrico, xarope de maple, xarope de laranja, xarope de alcaçuz, framboesa, xarope de cereja e xarope de chocolate; Salino e Amargo Xarope de canela, xarope de laranja e xarope de ácido cítrico; Fonte: Adaptado Ferreira (2011). Além dos agentes corretores, alguns evidenciadores do paladar são utilizados para correção do sabor desagradável. Essas duas substâncias tornam a preparação 36 líquida oral mais palatável. O óleo de anis (anetol) é utilizado como agente flavorizante para corrigir o sabor amargo em preparações oleosas. Em preparações odontológicas, a correção é feita a partir do óleo essencial de canela. Esse corretor também é utilizado em preparações oleosas e salinas. O óleo essencial de menta (Lmentol, acetato de mentila) dessensibiliza o paladar e não evidencia o sabor característico do princípio ativo, enquanto o óleo essencial de limão (aldeído citral e limoneno) traz acidez à formulação, o que não realça o sabor no momento do contato com as papilas gustativas (FERREIRA, 2008; 2011; ROWE et al., 2009). O extrato fluido de alcaçuz é um flavorizante muito eficaz no mascaramento de sabores amargos, sendo utilizado no preparo do xarope de alcaçuz. Dessa forma, os evidenciadores de fundo para sabores desagradáveis, incluindo o sabor amargo utilizados nessas preparações são: a vanilina e etilvanilina, sendo a concentração usual 0,01 -0,02 % e 0.01 %, respectivamente (FERREIRA, 2011; ROWE et al., 2009). O maltol é usado como agente evidenciador de sabor e o etilmaltol como flavorizante e aromatizante em xaropes, proporcionando sabor doce e odor frutal à formulação. O glicirrizinato de amônio, presente em até 0,5 % da formulação, é o principal evidenciador de sabor, age juntamente com um edulcorante prolongando a sensação agradável do sabor doce. O ácido cítrico (0,3 % - 2,0 %), ácido tartárico (0,1 % - 0,3 %), ácido málico e ácido fumárico são evidenciadores de sabores e corretores do sabor amargo (FERREIRA, 2008; 2011; ROWE et al., 2009). O salicilato de metila é utilizado como agente flavorizante em pequenas concentrações em veículos oleosos. O glutamato monossódico realça aromas naturais e reduz sabores metálicos, sendo contra-indicado para pacientes pediátricos (FERREIRA, 2008; 2011; ROWE et al., 2009). Os principais agentes dessensibilizantes do paladar usados em preparações orais líquidas onde o sabor amargo é evidenciado é o mentol e o óleo essencial de menta, onde a concentração usual em xaropes varia de 0,005 % - 0,0015 % e em suspensões orais 0,003 % para o mentol (FERREIRA, 2011; ROWE et al., 2009). O cloreto de sódio (0,3 % - 0,5 %), ácido fosfatídico (1 % - 3 %) e algumas lipoproteínas (albumina, lactoalbumina) e fosfolipídeos de soja são agentes supressores do amargo. Um inibidor específico do sabor amargo, o ácido fosfatídicob-lactoglobulina (3 %), pode ser adicionado à formulação farmacêutica líquida oral 37 onde o veículo principal é a água (FERREIRA, 2011; 2008; ROWE et al., 2009). 3.6.2 Edulcorantes A utilização desses adjuvantes farmacêuticos com função de adoçar uma formulação líquida oral demonstra a vontade do paciente por medicamentos com sabor agradável. A concentração de edulcorantes utilizados em soluções e suspensões orais varia de 30 a 80 % p/v. Os edulcorantes são utilizados em grandes concentrações, a fim de aumentar a viscosidade da preparação. Portanto, o sabor doce dos edulcorantes é utilizado para contrapor o sabor amargo, através do mascaramento, encobrindo, balanceando e/ou sobrepondo o sabor indesejado (FERREIRA, 2008; 2011). Thompson (2006, p. 202), afirma que as propriedades desejáveis dos edulcorantes devem ser: inodoro e incolor, solúvel em água em concentração suficiente para produzir a sensação do sabor doce não deixando um sabor residual, deve ser estável a temperatura ambiente e a uma grande faixa de pH não podendo ser carcinogênico ou tóxico. Os edulcorantes naturais são aqueles obtidos a partir de plantas ou presentes em alimentos (frutose, sorbitol, manitol, esteviosídeo) e os sintéticos obtidos através de reações químicas apropriadas de produtos naturais ou não (sacarina, aspartame, ciclamato, acessulfame, sucralose) (LOYD, 2007; CARDELLO, 2000). Os edulcorantes mais utilizados em preparações orais líquidas são: a sacarina, a sacarose, o sorbitol, o aspartame e a frutose. A glicose, o xarope de milho, o manitol e outros açúcares também são empregados nessas formulações. Geralmente mais de um edulcorante é empregado em uma formulação. O aspartame e o acessulfame, quando empregados juntos em uma preparação, provocam sinergismo de efeito e a adoçam muito mais, do que quando usados separadamente. Já a sacarina e o acessulfame competem por receptores comuns (ABDULLAHU, 2012; FERREIRA, 2008). O tempo de início da percepção de sabor e a duração desta percepção variam de acordo com o tipo de edulcorante. A sacarose, que é considerada o principal edulcorante farmacêutico, possui o seu tempo de início da percepção de sabor razoavelmente rápido. Diferentemente, a percepção do sabor doce da glicirrizina é muito lenta, porém a sensação é prolongada. Já o acessulfame e a 38 sacarina são percebidos rapidamente pelos receptores gustativos, mas sua duração é curta. Dessa forma, os edulcorantes atuam nos receptores gustativos por meio de diferentes mecanismos (ABDULLAHU, 2012; BATISTA, 2009; FERREIRA, 2011). A sacarina, o aspartame e o ciclamato são edulcorantes bastante utilizados, pois adoçam uma solução com facilidade empregando baixas concentrações. A sacarina consumida quase não é metabolizada, sendo excretada pelos rins na forma inalterada, por outro lado o cilcamato e o aspartame são metabolizados (LOYD, 2007). Tabela 6 – Comparação do poder adoçante dos principais edulcorantes empregados em uma preparação farmacêutica oral líquida partindo da sacarose que é igual a 1. Edulcorantes Poder adoçante Asessulfame 180 – 200 Aspartame 180 – 200 Ciclamato 30 – 40 Esteviosídeo 300 Frutose 1,2 – 1,7 Manitol 0,7 – 1,4 Sacarina 400 – 500 Fonte: Thompson (2006), Cardello (2000). O acessulfame (0,1 % - 0,8 %) possui grande resistência ao armazenamento prolongado e a diferentes temperaturas. Seu sabor é percebido de imediato, e se usado em grandes doses deixa um sabor residual amargo (CARDELLO, 2000; THOMPSON, 2006). O aspartame (0,5 % – 1 %) é relativamente estável até 150 ºC, se exposto em algumas condições (temperatura, umidade e pH), este edulcorante pode ser hidrolisado. O risco de toxicidade deste edulcorante se dá por meio do seu metabolismo. Um de seus metabólitos é a fenilalanina, em indivíduos com carência de fenilalanina catalase podem ocorrer quadros de depressão, insônia, cefaléia e alterações visuais (LOYD, 2007; BERNAL, 2002; CARDELLO, 2000; THOMPSON, 2006). O esteoviosídeo (2 % - 0,5 %), é um edulcorante natural, tem alto poder adoçante, sendo até 300 vezes maior do que o da sacarose. É bastante indicado por não produzir cáries, não ser calórico nem tóxico. Portanto, é bastante recomendado 39 para pacientes pediátricos. A sacarina (0,1 % - 0,5 %), considerada como edulcorante sintético, caso usada em altas concentrações, deixa um sabor residual amargo. Bastante solúvel e estável em altas temperaturas (LOYD, 2007; CARDELLO, 2000; THOMPSON, 2006). 3.6.3 Corantes A Farmacopéia Brasileira (2010) diz que os corantes são substâncias adicionais aos medicamentos, produtos dietéticos, cosméticos, perfumes, produtos de higiene e similares, saneantes domissanitários e similares, com o intuito de oferecer cor. Para seu uso observar a legislação federal e as resoluções editadas pela ANVISA. Os corantes não devem ser tóxicos e são empregados em produtos de uso oral com o intuito de melhorar a aceitação do paciente, devendo combinar com o flavorizante utilizado (LOYD, 2007; FERREIRA, 2008). Os corantes naturais utilizados podem ser subdividos em minerais (óxido férrico e óxido de titânio) e vegetais (índigo, açafrão e o caroteno). Os sintéticos são obtidos por síntese, sendo os primeiros obtidos a partir da anilina. A cor dessa classe de corantes se dá através da presença de grupos insaturados na molécula, os grupos cromóforos (THOMPSON, 2006). A Food and Drug Administration, orgão do governo americano responsável pela vigilância sanitária de alimentos, medicamentos, entre outros; classifica os corantes a partir de seu uso. Os corantes FD&C são empregados em alimentos, medicamentos e cosméticos; D&C em medicamentos e cosméticos; e D&C, restritos para uso externo (LOYD, 2007; THOMPSON, 2006). Tabela 7 – Principais corantes utilizados em formas farmacêuticas líquidas orais. Denominação de acordo com a Food and Denominação Comum Brasileira Drug Administration FD&C Blue#1 Azul brilhante FD&C Blue#2 Índigo carmim FD&C Green#3 Verde FCF FD&C Red#3 Eritrosina FD&C Yellow#5 Tartrazina 40 FD&C Yellow#6 Amarelo sunset FCF FD&C Red#40 Canela Fonte: adaptada Thompson (2006) e Loyd (2007) A concentração dos corantes em formas farmacêuticas orais líquidas deve ser mínima. A cor é desenvolvida em concentrações entre 0,001 % a 0,005 % (THOMPSON, 2006). 3.7 ESTUDO DE ESTABILIDADE De acordo com a Resolução n. 01, de 29 de julho de 2005, a estabilidade de um produto farmacêutico é alterada por diversos fatores, dentre eles, fatores ambientais como temperatura, umidade e luz; ou relacionados ao próprio produto, como propriedade física e química da substância ativa e dos excipientes presentes na formulação, tipo da forma farmacêutica e sua composição, processo de fabricação, tipo e propriedades dos materiais de embalagem. Essas alterações podem ser detectadas a partir das alterações na cor, nas propriedades organolépticas, no teor e na formação de precipitado, entre outras. Os testes de estabilidade de produtos farmacêuticos são realizados com o intuito de prever, determinar ou acompanhar o seu prazo de validade (BRASIL, 2005; MANFIO et al., 2007; SERAFIM et al., 2007). O estudo de estabilidade visa determinar se o produto atende todas as características no seu período de armazenamento e uso (prazo de validade). Um produto farmacêutico é estável quando suas propriedades e características são mantidas do momento da fabricação até o uso pelo paciente (BRASIL, 2005; PRISTA, 2008; SANTOS, 2009). O teste de estabilidade trata-se de um conjunto de testes projetados, para obter informações a cerca da estabilidade do produto farmacêutico, onde será definido seu prazo de validade, período de utilização da embalagem e condições de armazenamento. O prazo de validade define a data limite para uso do produto farmacêutico antes da abertura da embalagem, e o período de utilização a data limite após sua abertura (BRASIL, 2005; SANTOS, 2009). Para a realização deste estudo alguns parâmetros devem ser obedecidos. O estudo de estabilidade deve ser executado com o produto farmacêutico em sua 41 embalagem primária, tendo assim a capacidade de investigar supostas alterações no produto devido à interação com os componentes presentes na embalagem (BRASIL, 2005; PRISTA, 2008). Segundo essa resolução, que determina as normas para o estudo de estabilidade dos medicamentos, três tipos de estudo são realizados, visando a garantia da qualidade dos medicamentos, são eles: estudo de estabilidade acelerada, estudo de estabilidade de longa duração e estudo de estabilidade de acompanhamento (BRASIL, 2005). O estudo de estabilidade acelerada é projetado para acelerar a degradação química de um produto farmacêutico, analisando também mudanças físicas deste mesmo produto em condições forçadas de armazenamento. Um dos objetivos deste teste é determinar o prazo de validade provisório do produto farmacêutico, sendo comprovado apenas com a realização do estudo de estabilidade de longa duração (BRASIL, 2005; MANFIO et al., 2007). O estudo de estabilidade de longa duração é realizado nas condições climáticas naturais, verificando as características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas durante o prazo de validade (BRASIL, 2005; PRISTA, 2008). O estudo de estabilidade de acompanhamento verifica se o produto farmacêutico mantém suas características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas, tendo validade a partir dos resultados obtidos nos estudos de estabilidade de longa duração, sendo opcional o acompanhamento depois do prazo estabelecido (BRASIL, 2005; PRISTA, 2008; SANTOS, 2009). Todos os testes descritos em monografia específica de cada produto deverão ser realizados. Logo, o estudo de estabilidade acelerado, de longa duração e de acompanhamento, deverão ser baseados na Farmacopéia Brasileira (BRASIL, 2005). Portanto, para que o estudo de estabilidade seja aprovado, o produto farmacêutico deverá obrigatoriamente passar pela análise do estudo de estabilidade de longa duração e estudo de estabilidade acelerado. O prazo de validade dos produtos farmacêuticos só será estabelecido se a variação do teor apresentar valores entre 5 % e 10 % do valor de análise da liberação do lote. Caso as variações de teor estejam abaixo de 5 % um prazo de validade de 24 meses será concedido. Se estiver entre 5,1 % e 10,0 %, o prazo de validade deverá ser reduzido pela metade, ou seja, serão exatos 12 meses de duração. O doseamento no momento 42 zero não pode ultrapassar as especificações do produto de acordo com a Farmacopéia Brasileira. Lembrando, que o prazo de validade só será aprovado a partir da confirmação do teste de estabilidade acelerado juntamente com o teste de estabilidade de longa duração (BRASIL, 2005; SANTOS, 2009). O Brasil, por estar localizado na zona climática IV, clima quente e úmido, os estudos de estabilidade sempre deverão ser realizados em controle de temperatura e umidade relativa, sendo aceitas variações para mais ou para menos. A tabela 19 mostra os parâmetros a serem analisados para a comercialização de um produto farmacêutico líquido oral no Brasil (BRASIL, 2005; PRISTA, 2008). Tabela 8 – Parâmetros estabelecidos pela Resolução n. 01, de 29 de julho de 2005. Forma Condição Farmacêutica armazenamento de Embalagem Temperatura e Temperatura umidade e umidade (acelerado) (longa duração) Líquidos com base 15 ° C – 30 °C Semi-permeável aquosa 40 ºC (2 ºC) / 75% UR (5% UR) 30 ºC (2 ºC) / 75% UR (5% UR) Líquidos 15 ° C – 30 °C Impermeável 40ºC (2 ºC) 30 ºC (2 ºC) Fonte: Brasil (2005). O estudo de estabilidade deverá gerar um relatório que a ANVISA analisará. Caso esteja de acordo com os parâmetros estipulados, o produto farmacêutico poderá ser comercializado. O relatório deverá conter alguns itens para finalidade de registro, são eles (BRASIL, 2005): · Descrição do produto com respectiva especificação da embalagem primária; · Número do lote para cada lote envolvido no estudo; · Descrição do fabricante (nome e endereço) dos princípios ativos utilizados; · Aparência; · Plano de estudo: material, métodos (desenho) e cronograma; · Data de início do estudo; · Teor do princípio ativo e método analítico correspondente; · Quantificação de produtos de degradação e método analítico correspondente; 43 · Limites microbianos; · pH; · Claridade em soluções (limpidez da solução); · Perda de peso em líquidos de base aquosa. 44 4 MATERIAIS E METÓDOS 4.1 MATERIAL 4.1.1 Insumos Farmacêuticos · Acessulfame de potássio (Lote: 20110799; Fornecedor: Via Farma) · Ácido cítrico anidro (Lote: 1053114; Fornecedor: Opção Fênix) · Água destilada · Água por osmose reversa · Citrato de sódio anidro (Lote: 106010; Fornecedor: Labsynth) · Esteviosídeo pó (Lote: 368003; Fornecedor: Steviafarma) · Flavorizante de cereja (Lote: 130619047; Fornecedor: Viafarma) · Flavorizante de menta (Lote: 53157; Fornecedor: FAGRON) · Flavorizante de morango (Lote: 53116; Fornecedor: FAGRON) · Glicerina (Lote: 0908321; Fornecedor: VETEC) · Glicirrizinato de amônio (Lote: CN010-0909; Fornecedor: DEG/FAGRON) · Metilparabeno (Lote: 20120829; Fornecedor: FAGRON) · Paracetamol (Lote: 0510502 ; Fornecedor: HENRIFARMA) · PEG 1500 (Lote: 060620M16932; Fornecedor: HENRIFARMA) · PEG 400 (Lote: P0503CB ; Fornecedor: HENRIFARMA) · Propilenoglicol (Lote: 0800392; Fornecedor: VETEC) · Propilparabeno (Lote: P12082211; Fornecedor: HENRIFARMA) · Sacarina sódica (Lote: 20050910; Fornecedor: L Martins) · Sorbitol 70% (Lote: 03014896; Fornecedor: HENRIFARMA) 4.1.2 Reagentes · Ácido clorídrico 0,1 M · Metanol · Solução metanólica de ácido clorídrico 0,1 M 45 4.1.3 Equipamentos · Balança Analítica (modelo 9094C/4, Toledo®) · Chapa aquecedora (modelo Q313A, QUMIS®) · Espectrofotômetro UV (modelo SP220, BIOSPECTRO®) · Estufa de esterilização (modelo 1.0, MEDICATE®) · pHmetro (Modelo MB 10, Marte®) · Termômetro (faixa de especificação: 0 a 150º C) 4.1.4 Vidrarias 4.1.4.1 Preparações farmacêuticas · Bastão de plástico · Béquer de 50 mL · Béquer de 500 mL · Béquer de 1 L · Béquer de 3 L · Espátula de metal com cabo de madeira · Espátula de pão-duro · Espátula de metal · Funil de 60 mL · Gral 610 mL · Pistilo · Proveta de 10 mL · Proveta de 250 mL · Proveta de 500 mL · Vidro de relógio 4.1.4.2 Estudo de estabilidade · Balão volumétrico de 10 mL · Balão volumétrico de 500 mL 46 · Balão volumétrico de 250 mL · Béquer de 20 mL · Micropipeta de 100 µL · Pipeta de pasteur 4.1.4 Acondicionamento · Frasco PET leitoso de polietileno com conta-gotas de 60 mL · Frasco PET âmbar com tampa rosqueada de 60 mL · Frasco PET plástico transparente de 60 mL 4.2 MÉTODOS 4.2.1 Formulações Farmacêuticas As formulações preparadas neste trabalho foram: solução oral gotas 100 mg/mL (Formulação I) e xarope 160 mg/5mL (Formulação II), que possuem como princípio ativo o paracetamol. 4.2.1.1 Formulação I Tabela 9 – Formulação do produto farmacêutico solução gotas 100 mg/mL. Gotas orais 100 mg/ mL Composição Paracetamol 10 % PEG 400 50 % Glicerina 20 % Citrato de sódio 2% Ácido cítrico 0,2 % Glicirrizinato de amônio 0,2 % Acessulfame de Potássio (adoçante) 1% Esteviosídeo pó (adoçante) 1% Sacarina sódica (adoçante) 0,1 % 47 Flavorizante de morango 0,5 % Flavorizante de menta 0,3 % Água destilada preservada qsp 100% Fonte: Ferreira (2011). Tabela 10 - Formulação da água destilada preservada com parabenos usada na solução gotas 100 mg/mL. Água destilada preservada com parabenos Uso: veículo Composição Metilparabeno 0,05 % Propilparabeno 0,025 % Água destilada qsp 100 % Fonte: Ferreira (2011). 4.2.1.2 Formulação II Tabela 11 - Formulação do produto farmacêutico Xarope 160 mg/5mL. Xarope 160 mg/ 5mL Composição Paracetamol 3,2 % PEG 1500 2% Propilenoglicol 30 % Glicerina 25 % Citrato de sódio 0,3 % Ácido cítrico 0,2 % Sacarina sódica 0,1 % Água destilada 15 % Flavorizante de Cereja 0,5 % - 1 % Sorbitol 70 % qsp 100 % 48 4.2.1.3 Propriedades dos excipientes utilizados para a preparação das formulações I e II PARACETAMOL Nome químico: n-(4-Hidroxifenil)acetamida (BRASIL, 2010) DESCRIÇÃO Características físicas: pó cristalino branco, inodoro (BRASIL, 2010). Características organolépticas: leve sabor amargo (BRASIL, 2010). CLASSE TERAPÊUTICA Analgésico e antipirético (BRASIL, 2010). CONCENTRAÇÃO USUAL Usado até 4000 mg por dia se pacientes acima de 12 anos, para crianças a dose diária recomendada é de até 15 mg/Kg (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013a). INFORMAÇÕES GERAIS O paracetamol é ligeiramente solúvel em água, quando empregado em preparações farmacêuticas líquidas recomenda-se que o mesmo seja solubilizado em água morna ou fervente (BRASIL, 2010). PEG 400 Nome químico: α-Hidro-o-hidroxipoli(oxi-1,2-etanedil (ROWE et al., 2009). Nome comercial: macrogol 400® (FERREIRA, 2008). DESCRIÇÃO Características físicas: límpido, incolor ou ligeiramente amarelado, líquido viscoso (ROWE et al., 2009). Características organolépticas: leve odor e um gosto levemente amargo (ROWE et al., 2009). CONCENTRAÇÃO USUAL A ingestão diária aceitável estimada é de até 10 mg/Kg (ROWE et al., 2009). 49 CATEGORIA Veículo ou solvente (ROWE et al., 2009). INFORMAÇÕES GERAIS É comumente utilizado na preparação de formas farmacêuticas distintas ao uso interno e externo. A eficácia de conservação dos parabenos pode ser prejudicada devido à ligação com o polietilenoglicol. O sorbitol pode ser precipitado se utilizado juntamente com este excipiente. São quimicamente estáveis em formulações líquidas, e sua oxidação pode ser evitada se um antioxidante apropriado for adicionado à formulação (ROWE et al., 2009; THOMPSON, 2006). GLICERINA Nome químico: propano-1,2,3-triol (ROWE et al., 2009). DESCRIÇÃO Características físicas: líquido viscoso, incolor e inodoro (ROWE et al., 2009). Características organolépticas: sabor doce, cerca de 0,6 vezes mais doce que a sacarose (ROWE et al., 2009). CONCENTRAÇÃO USUAL Qsp (FERREIRA, 2008). CATEGORIA Co-solvente, umectante, emoliente, plastificante e conservante (ROWE et al., 2009). INFORMAÇÕES GERAIS Em mistura com propilenoglicol, água e etanol 95 % é quimicamente estável, podendo se cristalizar se armazenadas em baixas temperaturas, os cristais voltam ao seu estado natural se aquecidos em 208 °C. A glicerina é usada numa grande variedade de formulações farmacêuticas incluindo oral, oftálmica, parenteral e preparações tópicas (ROWE et al., 2009; THOMPSON, 2006). 50 CITRATO DE SÓDIO ANIDRO Nome químico: trisodio 2-hudroxipropano-1,2,3-tricarboxilato (FERREIRA, 2008). DESCRIÇÃO Características físicas: inodoro, incolor monoclínica na forma de cristal, ou um pó branco cristalino com um arrefecimento (CARDELLO, 2000). Características organolépticas: sabor salino (FERREIRA, 2008). CATEGORIA Agente evidenciador de sabor (FERREIRA, 2008). CONCENTRAÇÃO USUAL De 0,3 % a 0,5 % da formulação (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS No acondicionamento de soluções aquosas em frascos de vidro o citrato de sódio, uma separação de pequenas partículas pode ser presenciada. Cuidados com a manipulação devem ser tomados, pois este excipiente pode ser irritante para os olhos e vias respiratórias (FERREIRA, 2008; THOMPSON, 2006). ÁCIDO CÍTRICO Nome químico: ácido 2-hidroxi-1,2,3-propanotricarboxílico (ROWE et al., 2009). DESCRIÇÃO Características físicas: cristais incolores ou translúcidos, ou na forma de um pó branco cristalino (ROWE et al., 2009). Características organolépticas: inodoro e tem um forte sabor ácido (ROWE et al., 2009) CATEGORIA Agente evidenciador de sabor (FERREIRA, 2008). CONCENTRAÇÃO USUAL De 0,3 % até 2,0 % da formulação (FERREIRA, 2008). 51 INFORMAÇÕES GERAIS Utilizado formulações farmacêuticas para ajustar o pH das soluções e como intensificador de sabor, evidenciando o paladar para o sabor azedo. Solúvel em soluções líquidas, sendo bastante utilizado em preparações orais líquidas. Quando este excipiente é utilizado em xaropes, a presença do mesmo no frasco acondicionador da preparação pode cristalizar a sacarose (FERREIRA, 2008; LOYD, 2007). GLICIRRIZINATO DE AMÔNIO Nome comercial: Magnasweet® (FERREIRA, 2008). DESCRIÇÃO Características físicas: pó que varia do branco ao amarelado (FERREIRA, 2008). Características organolépticas: inodoro com sabor amargo (FERREIRA, 2008). CATEGORIA Agente evidenciador de sabor (FERREIRA, 2008). CONCENTRAÇÃO USUAL De 0,1 % ate 0,5 % da formulação (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS É um evidenciador e potencializador do sabor doce, sendo comumente utilizado em sistemas de adoçantes artificiais; xaropes, pastilhas mastigáveis e vitaminas. Seu efeito se dá a partir do sinergismo com edulcorantes presentes na preparação farmacêutica, prolongando o tempo do paladar doce. Este adjuvante pode ser utilizado para diminuir a concentração de edulcorantes na preparação farmacêutica, diminuindo, assim, o teor de açúcar presente na formulação (FERREIRA, 2010; GRAEBIN, 2010). 52 ACESSULFAME DE POTÁSSIO Nome químico: 6-metil-1,2,3-oxatiazin-4 (3H)-ona-2,2-dióxido de potássio (ROWE et al., 2009). DESCRIÇÃO Características físicas: pó cristalino, que varia do incolor ao branco (ROWE et al., 2009). Características organolépticas: inodoro, com um sabor intensamente doce (ROWE et al., 2009). CATEGORIA Edulcorante (FERREIRA, 2008). CONCENTRAÇÃO USUAL De 0,1 % até 0,8 % da formulação (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS Utilizado como agente edulcorante, substituindo o açúcar. Melhora o sabor das formulações orais líquidas, mascarando o sabor desagradável de alguns fármacos. Em soluções aquosas, não há redução da doçura, possuindo estabilidade em temperaturas elevadas. Não tóxico, este edulcorante não é metabolizado, sendo rapidamente excretado pela urina (THOMPSON, 2006; LOYD, 2007). ESTEVIOSIDEO EM PÓ Nome químico: esteviol triglucosilado (FERREIRA, 2008). DESCRIÇÃO Características físicas: pó branco cristalino (FERREIRA, 2008). Características organolépticas: inodoro, possui sabor doce com leve residual amargo (FERREIRA, 2008). CATEGORIA Edulcorante dietético (THOMPSON, 2006). 53 CONCENTRAÇÃO USUAL De 0,5 % até 2 % da formulação (THOMPSON, 2006). INFORMAÇÕES GERAIS Edulcorante natural extraído da Stevia rebaudiana, possui baixa solubilidade em água e boa estabilidade em formulações farmacêuticas sólidas e líquidas. Possui a propriedade de modificar e realçar sabores e aromas, contribuindo assim para a diminuição da adstringência. Conhecido como adoçante dietético por não ser biotransformado em glicose, o esteviosídeo não causa ou contribui para o aparecimento da cárie dentária e pode ser utilizado por diabéticos (FERREIRA, 2008; THOMPSON, 2006). SACARINA SÓDICA Nome químico: 1,2-benziltiasolin-3(2H)-um-1,1-dióxido (ROWE et al., 2009). DESCRIÇÃO Características físicas: pó branco (ROWE et al., 2009) Características organolépticas: inodoro, ou fracamente aromático. Possui um sabor doce intenso, com um metálico amargo de fundo (ROWE et al., 2009). CATEGORIA Edulcorante (THOMPSON, 2006). CONCENTRAÇÃO USUAL De 0,1 % até 0,5 % da formulação (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS Agente edulcorante intenso, mais solúvel em água se comparada com a sacarose. Aumenta os sistemas de sabor e pode ser usado para mascarar algumas características de sabor desagradável. O sabor metálico amargo que em níveis normais de utilização, pode ser detectado por cerca de 25 % da população (FERREIRA, 2008; THOMPSON, 2006). 54 METILPARABENO Nome químico: metil-4-hidroxibenzoato de metila (ROWE et al., 2009) Nome comercial: nipagin®. DESCRIÇÃO Características físicas: cristais incolores ou pó branco cristalino(ROWE et al., 2009). Características organolépticas: inodoro ou quase inodoro, quando manipulado possui um ligeiro ardor oral (ROWE et al., 2009) CATEGORIA Agente conservante (ROWE et al., 2009) CONCENTRAÇÃO USUAL Até 0,4 % da formulação, onde a mistura de parabenos não pode ultrapassar 0,8 % (THOMPSON, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS Largamente utilizado como conservante antimicrobiano em formulações farmacêuticas, podendo ser utilizado isoladamente ou em combinação com outro conservante. Sua eficácia é mantida em uma larga escala de pH, porém em preparações mais aquosas sua solubilidade diminui, portanto uma mistura de parabenos é utilizada com frequência a fim de proporcionar uma preservação eficaz. A adição de 2 – 5 % de propilenoglicol na formulação melhora sua conservação. Alguns frascos de plástico podem absorver parte do metilparabeno, porém esta reação não ocorre com os frascos de polietileno (FERREIRA, 2008; ROWE et al., 2009; THOMPSON, 2006). PROPILPARABENO Nome químico: 4-hidroxibenzoato de propil (ROWE et al., 2009). Nome comercial: nipazol® (ROWE et al., 2009). DESCRIÇÃO Características físicas: pó branco cristalino (ROWE et al., 2009). 55 Características organolépticas: inodoro e insípido (ROWE et al., 2009). CATEGORIA Agente conservante (THOMPSON, 2006). CONCENTRAÇÃO USUAL Até 0,4 % da formulação, onde a mistura de parabenos não pode ultrapassar 0,8 % (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS Utilizado como conservante antimicrobiano, sozinho ou em combinação com outros parabenos, ou com outros agentes antimicrobianos. Classificado como parabeno, este conservante possui um largo espectro de atividade antimicrobiana, usado em combinação com o metilparabeno, estes conservantes são utilizados em várias formulações farmacêuticas. Conservante estável, porém em soluções aquosas de pH 8,00 ou superior sofre hidrólise, após 60 dias em temperatura ambiente (ROWE et al., 2009; LOYD, 2007). PEG 1500 Nome químico: α-Hidro-o-hidroxipoli(oxi-1,2-etanedil) (ROWE et al., 2009). Nome comercial: carbowax 1500® (ROWE et al., 2009). DESCRIÇÃO Características físicas: flocos brancos de cera sólida em temperatura ambiente. Características organolépticas: fraco odor doce. CATEGORIA Plastificante e solvente (THOMPSON, 2006). CONCENTRAÇÃO USUAL De 2% a 5% da formulação (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS Atinge seu ponto de fusão entre 43 e 46 °C (ROWE et al., 2009). 56 PROPILENOGLICOL Nome químico: propano-1,2-diol (ROWE et al., 2009). DESCRIÇÃO Características físicas: líquido incolor, viscoso (ROWE et al., 2009). Características organolépticas: praticamente inodor, com sabor doce e um fundo levemente amargo (ROWE et al., 2009). CATEGORIA Solvente ou veículo (THOMPSON, 2006). CONCENTRAÇÃO USUAL Qsp (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS Solvente ou veículo para a preparação de formas farmacêuticas de uso interno e externo. Estável quando misturado com etanol 95 %, glicerina e água. Igualmente útil se usado como umectante e conservante. Usado como potencializador de vários outros conservantes, uma concentração de 2 a 5 % desse produto, embora ineficaz como único conservante, potencializa o efeito de uma associação de metil e propilparabeno (ROWE et al., 2009; THOMPSON, 2006). SORBITOL Nome químico: hexano-1,2,3,4,5,6-hexol (ROWE et al., 2009). DESCRIÇÃO Características físicas: líquido límpido e incolor (THOMPSON, 2006). Características organolépticas: inodoro, com consistência de um xarope, e apresenta sabor doce (THOMPSON, 2006). CATEGORIA Solvente ou veículo (LOYD, 2007). 57 CONCENTRAÇÃO USUAL Qsp (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS Seu sabor doce tem aproximadamente 50 a 60 % da doçura da sacarose. Usado como umectante, adoçante, veículo, sendo aplicado em soluções orais líquidas, adicionado como edulcorante ou veículo, prevenindo a cristalização do açúcar. A solução de sorbitol USP oficial vem descrita como aquosa contendo, em cada 100 g de solução, 70 g de sólido constituída principalmente de d-sorbito (ROWE et al., 2009; THOMPSON, 2006). FLAVORIZANTE DE MORANGO Nome comercial: aroma líquido xarope de morango (FERREIRA, 2008). DESCRIÇÃO Características físicas: líquido de incolor a amarelo, com aspecto límpido (FERREIRA, 2008). Características organolépticas: odor e sabor característicos de morango (FERREIRA, 2008). CATEGORIA Flavorizante (FERREIRA, 2008). CONCENTRAÇÃO USUAL De 0,02 % até 0,5 % da formulação (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS A estocagem deste flavorizante deve ser em temperatura ambiente, mantendo o frasco sempre em local fresco, seco e ao abrigo da luz. É bastante utilizado no mascaramento de sabores doces e metálicos, e na classe dos antibióticos (FERREIRA, 2008; 2011). FLAVORIZANTE DE CEREJA Nome comercial: aroma de cereja (FERREIRA, 2008). 58 DESCRIÇÃO Características físicas: líquido de incolor a amarelo, com aspecto límpido (FERREIRA, 2008). Características organolépticas: odor e sabor característicos de morango (FERREIRA, 2008). CATEGORIA Flavorizante (FERREIRA, 2008). CONCENTRAÇÃO USUAL De 0,02 % até 0,5 % da formulação (FERREIRA, 2008). INFORMAÇÕES GERAIS O armazenamento deste flavorizante deve ser em recipiente hermeticamente fechado ao abrigo da luz. Utilizado para mascarar sabores ácidos/azedos, salgados, metálico e amargo. Este flavorizante é eficaz, quando utilizado no mascaramento de algumas classes terapêuticas, como antibióticos e anti-histamínicos (FERREIRA, 2008; 2011). FLAVORIZANTE DE MENTA Nome comercial: aroma líquido xarope de menta (FERREIRA, 2008). DESCRIÇÃO Características físicas: líquido incolor ou levemente amarelado (FERREIRA, 2008). Características organolépticas: odor e sabor característico de menta (FERREIRA, 2008). CATEGORIA Flavorizante e agente dessensibilizante (FERREIRA, 2008). CONCENTRAÇÃO USUAL De 0,02 % até 0,5 % da formulação (FERREIRA, 2008). 59 INFORMAÇÕES GERAIS Sintetizado através do óleo da Mentha piperita, este flavorizante age como agente dessensibilizador das papilas gustativas, diminuindo assim a percepção de sabores desagradáveis. Usado como flavorizante de antiácidos, pastilhas e gomas mastigáveis (FERREIRA, 2008; 2011). 4.2.1 Produção dos lotes Foram produzidas no Laboratório de Farmacotécnica do curso de Farmácia da Universidade Católica de Brasília dois lotes de diferentes fórmulas farmacêuticas líquidas obtidas da literatura (FERREIRA 2011): o lote 001G (Formulação I - solução oral gotas) e um lote 001X (Formulação II – xarope), que possuem como princípio ativo o paracetamol. A produção de ambos os lotes foi estabelecida a partir do volume teórico que seria gasto para realização dos testes com as amostras (características organolépticas verificando a correção de sabor, pH e estudo de estabilidade). O volume final da produção lote 001G foi de 800 mL e do lote 001X de 800 mL. O lote 001G (solução oral gotas) foi o primeiro a ser produzido, após a finalização do processo de produção deste lote iniciou-se a produção do lote 001X (xarope), realizando a pesagem e a finalização da forma farmacêutica em questão. 4.2.1.1 Solução oral gotas 100 mg/mL O processo de produção do lote 001G foi iniciado com a sanitização de todas as vidrarias utilizando álcool 70 %. Ligou-se a chapa aquecedora e a balança analítica; iniciando a pesagem e a medição de todos os componentes da formulação. As matérias-primas utilizadas para a formulação I foram: paracetamol (80,03 g), PEG 400 (400 mL), glicerina (160 mL), citrato de sódio anidro (16,11 g), ácido cítrico anidro (1,62 g), glicirrizinato de amônio (1,6 g), acessulfame de potássio (8,01 g), esteviosídeo pó (8,02 g), sacarina sódica (0,82 g), flavorizante de morango (4 mL), flavorizante de menta (2,4 mL) e água destilada preservada (117,6 mL), preparada com metilparabeno (0,41 g) e propilparabeno (0,20 g) (FERREIRA, 2011). Para a preparação da água destilada preservada, em um béquer de 500 mL colocou-se uma porção de 50 mL de água destilada para aquecer a cerca de 70 a 85 60 °C, adicionando o metilparabeno e o propilparabeno, agitando até a completa dissolução dos mesmos, ajustando o volume final com o restante da água destilada, reservou-se. Em seguida em um béquer de 1L solubilizou-se o paracetamol no PEG 400 e na glicerina, agitando sob aquecimento brando na chapa aquecedora até a completa dissolução, mantendo sempre a temperatura inferior a 60 °C (FERREIRA, 2011). O citrato de sódio, o ácido cítrico, o acessulfame de potássio, o esteviosídeo, a sacarina sódica e o glicirrizinato de amônio foram dissolvidos em 30 mL de água destilada preservada previamente preparada. Depois da completa dissolução destes componentes, adicionou-se esta solução vagarosamente ao passo anterior (FERREIRA, 2011). Os flavorizantes de morango e menta foram adicionados, e o volume completado com água destilada preservada em proveta de 1 L, agitando-a bem. Quando a preparação atingiu temperatura ambiente, o acondicionamento foi realizado em dois diferentes tipos de frasco; frasco PET leitoso de polietileno com conta-gotas e frasco PET transparente, ambos de 60 mL (FERREIRA, 2011). O volume de produção final de 800 mL, foi divido em duas partes, 400 mL foram distribuídos em 9 frascos frasco PET leitoso de polietileno com conta-gotas, obtendo volume final de mais ou menos 40 mL por frasco; e 400 mL em 9 frascos PET transparente, tal que obteve-se volume final de mais ou menos 40 mL. Ao finalizar o acondicionamento, os diferentes frascos foram armazenados em três diferentes condições; estufa ajustada a 40 ºC, temperatura ambiente protegida da luz solar e geladeira (tabela 12). Tabela 12 – Condições de armazenamentos dos produtos farmacêuticos. Condição de Número de frascos PET Número de frascos PET armazenamento leitoso com conta-gotas transparente 1 3 3 2 3 3 3 3 3 Legenda: 1) Estufa ajustada a 40 ºC; 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar; 3)Geladeira. 61 Os 70 mL restantes do volume de produção foram utilizados para a realização da leitura das características organolépticas, a correção de sabor, o pH e o doseamento de paracetamol que servirá como base comparativa para as leituras das outras amostras armazenadas nas condições anteriormente citadas. 4.2.1.2 Xarope 160mg/5 mL O processo de produção do lote 001X foi iniciado com a sanitização de todas as vidrarias utilizando álcool 70 %. Ligou-se a chapa aquecedora e a balança analítica, iniciando a pesagem e a medição de todos os componentes da formulação. As matérias-primas utilizadas para a formulação II foram: paracetamol (25,61 g), PEG 1500 (16,01 g), propilenoglicol (240 mL), glicerina (200 mL), citrato de sódio anidro (2,46 g), ácido cítrico anidro (1,6 g), sacarina sódica (0,8 g), água destilada (120 mL), flavorizante de cereja (8,0 mL) e sorbitol 70 % (185,6 mL) (FERREIRA, 2011). Em um gral de capacidade de 610 mL, o paracetamol foi triturado com a ajuda do pistilo, reduzindo-o a um pó fino. Levou-se um béquer de 1 L contendo PEG 1500 a chapa aquecedora a 45 °C. Quando atingiu o ponto de fusão misturouse o propilenoglicol. Em seguida adicionou-se o paracetamol continuando o aquecimento a baixa temperatura até sua completa dissolução, não excedendo 75 °C. Por fim a glicerina foi adicionada, mantendo o aquecimento e a solução sob agitação, obtendo assim uma solução clara, neste momento retirou-se o béquer da chapa aquecedora (FERREIRA, 2011). O ácido cítrico foi dissolvido em uma porção de 20 mL de água destilada em béquer de 50 mL, esta solução final foi adicionada ao passo anterior sob agitação (FERREIRA, 2011). O citrato de sódio e a sacarina sódica foram dissolvidos em um béquer de 50 mL contendo 40 mL de água destilada, volume maior se comparado com o passo anterior. Então, esta solução final foi adicionada ao primeiro passo, misturando bem com a ajuda de um bastão de plástico (FERREIRA, 2011). Por fim, foi adicionado o flavorizante de cereja, misturando a preparação. O volume final então foi ajustado com sorbitol 70 %, mantendo em constante agitação. Quando a preparação atingiu temperatura ambiente, o acondicionamento foi 62 realizado em dois diferentes tipos de frasco; frasco PET âmbar com tampa rosqueada e frasco de plástico transparente, ambos de 60 mL (FERREIRA, 2011). O volume de produção final de 800 mL foi divido em duas partes: 400 mL foram distribuídos em 9 frascos PET âmbar com tampa rosqueada, obtendo volume final de mais ou menos 40 mL por frasco; e 400 mL em 9 frascos PET transparente, tal que o volume final foi de mais ou menos 40 mL. Ao finalizar o acondicionamento, os diferentes frascos foram armazenados em três diferentes condições; estufa ajustada a 40 ºC, temperatura ambiente protegida da luz solar e geladeira (tabela 13). Tabela 13 – Condições de armazenamentos dos produtos farmacêuticos. Condição de Número de frascos PET Número de frascos PET armazenamento âmbar com tampa rosqueada transparente 1 3 3 2 3 3 3 3 3 Legenda: 1) Estufa ajustada a 40 ºC; 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar; 3)Geladeira. Os 70 mL restantes do volume de produção foram utilizados para a realização da leitura das características organolépticas, a correção de sabor, o pH e o doseamento de paracetamol, que servirá como base comparativa para as leituras das outras amostras armazenadas nas condições anteriormente citadas. 4.2.2 Características Organolépticas Batista (2009) diz que para a análise da correção de sabor de uma formulação oral líquida é necessário que entre uma amostra e outra, os voluntários enxaguem a boca, e logo em seguida tomem um pouco de água pura. Este processo irá definir supostamente cada sabor detectado, diminuindo a interferência entre os flavorizantes das formulações anteriormente apresentadas. O presente estudo de correção de sabor foi baseado nesse método, no qual a amostra era colocada em vidro de relógio e as características organolépticas (cor, odor, sabor e aspecto) eram avaliadas. 63 A análise das características organolépticas foi realizada transferindo uma alíquota de mais ou menos 1 mL para vidro de relógio. Foram avaliados a cor, o odor e sabor. 4.2.3 pH Para análise de pH primeiramente calibrou-se o pHmetro com solução tampão de pH 7,00 e 4,00 respectivamente, disponíveis no Laboratório de Controle de Qualidade da Universidade Católica de Brasília. Em béquer de 20 mL, foi transferido mais ou menos 5 mL da amostra, onde a leitura das preparações farmacêuticas armazenadas nas três condições (tabela 12) foram realizadas em triplicata (BRASIL, 2010). 4.2.4 Preparação de reagentes · Ácido clorídrico 0,1 M: em balão volumétrico de 500 mL pipetou-se 4,2 mL de ácido clorídrico em uma porção de água, completando o volume do balão a 500 mL (BRASIL, 2010). · Solução metanólica de ácido clorídrico 0,1 M: em balão volumétrico de 100 mL pipetou-se 50 mL de metanol e 50 mL de ácido clorídrico 0,1 mL (BRASIL, 2010). 4.2.5 Doseamento O doseamento foi executado de acordo com a Farmacopéia Brasileira, utilizando a região ultravioleta, na faixa de 249 nm. As leituras das amostras foram efetuadas simultaneamente, em triplicata e em condições idênticas quanto a comprimento de onda e tamanho de cubeta. Para o doseamento utilizando a espectrofotometria UV/VIS, o fármaco foi dissolvido utilizando solvente apropriado, o metanol (BRASIL, 2010). Transferiu-se volume da formulação I (10 µL) para balão volumétrico de 10 mL e diluiu-se em metanol obtendo uma solução de 1 mg/mL. O mesmo foi feito com a formulação II (34 µL), em balão de 10 mL diluindo em metanol, atingindo solução de 64 mesma concentração. A partir dessa solução resultante transferiu-se 100 µL para balão volumétrico de 10 mL, adicionou-se mais 100 µL de ácido clorídrico 0,1 M completando o volume final com metanol homogeneizando a solução (BRASIL, 2010). As absorbâncias das soluções resultantes foram medidas em comprimento de onda 249 nm, como especifica a monografia de soluções líquidas orais contendo paracetamol, utilizando para o ajuste zero do espectrofotômetro solução metanólica de ácido clorídrico 0,1 M (BRASIL, 2010). A análise foi feita no tempo zero, 30 dias (T30), 60 dias (T60) e 90 dias (T90). As absorbâncias encontradas a partir do Espectrofotomêtro UV serviram de base para acompanhar o comportamento de cada amostra armazenada nas diferentes condições (tabela 20). 4.2.6 Controle de temperatura Para um melhor controle do processo, a temperatura da estufa foi anota diariamente, obtendo-se assim uma média da temperatura a partir da leitura em cada tempo tempo zero, 30 dias (T30), 60 dias (T60) e 90 dias (T90). 65 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 SOLUÇÃO ORAL GOTAS 100 mg/mL 5.1.1 Estudo de correção de sabor A partir dos experimentos realizados nos laboratórios do curso de Farmácia da Universidade Católica de Brasília e se obteve os seguintes resultados descritos na Tabela 14. Tabela 14 – Análise das características organolépticas da Solução oral Gotas 100 mg/mL acondicionadas em frasco PET leitoso com tampa conta-gotas. Características Condição de Organolépticas Armazenamento T0 T30 T60 1) Estufa ajustada transparente transparente transparente (+) transparente transparente transparente transparente 3) Geladeira transparente transparente transparente transparente 1) Estufa ajustada morango morango inodoro inodoro morango morango morango morango 3) Geladeira morango morango morango morango 1) Estufa ajustada morango/ morango/ a 40 ºC menta menta 2) morango/ morango/ morango/ morango/ menta menta menta menta morango/ morango/ morango/ morango/ menta menta menta menta Cor Tempo de Exposição T90 a 40 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar Odor a 40 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar Sabor Temperatura ambiente menta menta protegida da luz solar 3) Geladeira Legenda: (+) amarelo claro, (++) amarelo intenso, (++) amarelo mais intenso. 66 Ferreira (2011) diz que o produto farmacêutico deve ser armazenado em frasco de vidro ou PET âmbar, em temperatura ambiente para garantir estabilidade de ± 6 meses. O estudo em questão mostrou que houve alteração da cor, odor e sabor de alguns frascos armazenados em condições forçadas de alta temperatura, inclusive nos recomendados pelo autor (Tabela 12). Ao analisar as características organolépticas, cor, odor e sabor da solução oral gotas (lote 001G) acondicionadas em frasco PET leitoso de polietileno com contagotas, percebeu-se que as características iniciais trinta dias após sua manipulação foram mantidas; uma solução límpida, odor e sabor de morango, com fundo sabor menta. Contrapondo com estes dados, ao analisarmos a cor das amostras, pôde-se perceber que houve mudança da cor no tempo 90, de uma solução incolor, se tornou um amarelo claro (ANEXO A). A distinção do odor se deu apenas na condição 1, onde o aroma do flavorizante não foi distinguido 60 dias após a manipulação do produto farmacêutico, se tornando assim uma solução inodora. O sabor doce da solução oral gotas, com flavorizante de morango, não foi identificado na condição 1, mas ainda assim sentia-se o sabor do flavorizante de menta e o sabor amargo do paracetamol bastante evidenciado. Confrontando com a especificação da embalagem recomendada por Ferreira (2011), frasco PET leitoso de polietileno com conta-gotas, a solução oral gotas de paracetamol também foi acondicionada em frasco PET transparente, e a mesma linha de análise foi estabelecida. Tabela 15 – Análise das características organolépticas da Solução oral Gotas 100 mg/mL acondicionadas em frasco PET transparente. Características Condição de Organolépticas Armazenamento T0 1) Estufa ajustada transparente (+) (++) (+++) transparente transparente transparente (+) transparente transparente transparente transparente Cor Tempo de Exposição T30 T60 T90 a 40 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar 3) Geladeira 67 Odor 1) Estufa ajustada morango morango inodoro inodoro morango morango morango inodoro 3) Geladeira morango morango morango morango 1) Estufa ajustada morango/ morango/ menta menta a 40 ºC menta menta 2) morango/ morango/ morango/ morango/ menta menta menta menta morango/ morango/ morango/ morango/ menta menta menta menta a 40 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar Sabor Temperatura ambiente protegida da luz solar 3) Geladeira Legenda: (+) amarelo claro, (++) amarelo intenso, (++) amarelo mais intenso. As amostras acondicionadas em frasco PET plástico transparente armazenadas na condição 1 sofreram alteração na coloração, que de uma solução límpida mudou para uma cor amarelada 30 dias após a manipulação do produto farmacêutico tornando-se mais intensa nas próximas leituras. Na análise do tempo noventa na condição 2, percebeu-se a alteração da cor da solução. Diferentemente, a coloração da solução em geladeira a se manteve . O odor do flavorizante de morango não foi identificado no tempo 60 e 90 nas condições 1 e 2, e no tempo 90 na condição 2, característica de uma solução inodora. O sabor doce da solução oral gotas, com flavorizante de morango, não foi identificado na condição no tempo 60 e 90, mas ainda assim sentia-se o sabor do flavorizante de menta e o sabor amargo do paracetamol muito mais evidenciado, se comparado com o frasco PET âmbar. Por serem menos estáveis em soluções, os adjuvantes farmacotécnicos foram perdendo suas características iniciais, notando apenas o gosto amargo característico do paracetamol. Houve a formação de gotículas na parte superior do frasco PET plástico transparente, uma hipótese para esta alteração seria a de que alguns adjuvantes farmacotécnicos não se comportarem bem em altas temperaturas, devendo ser armazenados em locais longe do calor, principalmente 68 aquelas que contenham substâncias voláteis, um exemplo são os flavorizantes líquidos. Para isso, os frascos de acondicionamento devem ser resistentes à luz, evitando a degradação e um possível problema de estabilidade do produto farmacêutico (UNITED STATES OF AMERICA, 2009; BATISTA 2009). Então, a recomendação de Ferreira (2011) de armazenar a solução apenas em frasco PET leitoso com tampa conta-gotas, se faz viável uma vez que a alteração das características organolépticas foram menores, se comparadas com o frasco PET transparente (AULTON, 2005; FERREIRA, 2011; THOMPSON, 2006). O sabor amargo do paracetamol na solução oral gotas de paracetamol foi mais identificado, pois as mudanças nas características organolépticas (cor, odor e sabor) foram mais evidente que no Xarope de paracetamol. Este fato pode ser conseqüência do aumento da concentração do paracetamol na solução oral gotas, onde a concentração do principio ativo é maior (FERREIRA, 2011; THOMPSON, 2006). A correção do sabor desta formulação foi executada com êxito, onde a resposta sensorial no momento da administração foi positiva, sentindo um aroma e sabor de morango com um fundo de menta. A resposta da sensação do amargo do paracetamol foi concentrada apenas no final da administração da formulação, de modo a facilitar a adesão do paciente. O fato de não ter se adicionado um corante vermelho foi um ponto positivo relacionado a parte experimental, uma vez que a mudança na coloração pôde ser observada. Porém com a coloração da solução as características sensoriais poderiam ser maximizadas, principalmente ao se tratar de pacientes pediátricos que comparam a cor com o odor de morango. Ferreira (2011), diz que para a realização da água destilada preservada, os conservantes utilizados devem ser o metilparabeno e o propilparabeno. Rowe (2009), diz que o propilparabeno, é um conservante e que deve ser utilizado principalmente em soluções que possuem fase oleosa, devido a sua maior dissolução neste tipo de excipiente. Portanto, o uso apenas do metilparabeno é mais do que suficiente para conversar a solução e evitar contaminação. 69 5.1.2 Estudo de estabilidade O primeiro parâmetro a ser analisado foi o pH. Para isso as médias ( desvios-padrão(s) foram e os e calculado(s) a partir das fórmulas, , de ambos os frascos e condições (tabela 12) previamente estabelecidas. A partir dos resultados (tabela 16) as análises foram feitas (BICHINHO, 2013). Tabela 16 – Médias e desvio padrão do pH da Solução oral Gotas 100 mg/mL. Frasco Condição de Análise Armazenamento do pH PET leitoso 1) de ajustada a 40 ºC polietileno 2) com tampa conta-gotas Estufa s Temperatura ambiente s Tempo de exposição T0 T30 T60 T90 6,87 6,74 6,53 6,35 0,025 0,021 0,015 0,047 6,87 6,87 6,37 6,39 0,025 0,010 0,020 0,020 6,87 6,49 6,79 6,59 0,25 0,010 0,025 0,006 6,88 6,45 6,41 6,26 0,015 0,015 0,010 0,057 6,88 6,47 6,53 6,35 0,015 0,010 0,020 0,010 6,88 6,54 6,73 6,56 0,015 0,010 0,006 0,010 protegida da luz solar 3) Geladeira s PET 1) transparente ajustada a 40 ºC 2) Estufa S Temperatura ambiente s protegida da luz solar 3) Geladeira s Legenda: (média); s (desvio padrão) A partir dos valores da tabela 16, foram elaborados gráficos que mostraram o comportamento das amostras de acordo com o tempo de exposição. 70 Gráfico 1 – pH da solução oral gotas 100 mg/mL armazenada em estufa ajustada a ±40 °C. 7,200 pH 6,900 6,600 6,300 6,000 0 30 60 90 T e m po (dia s) Legenda: - frasco PET leitoso de polietileno com tampa conta-gotas; - PET transparente. Gráfico 2 – pH da solução oral gotas 100 mg/mL armazenada em temperatura ambiente protegida da luz solar. 7,200 pH 6,900 6,600 6,300 6,000 0 30 60 90 T e m pos (dia s) Legenda: - frasco PET leitoso de polietileno com tampa conta-gotas; - PET transparente. 71 Gráfico 3 – pH da solução oral gotas 100 mg/mL armazenada em geladeira. 7,200 pH 6,900 6,600 6,300 0 30 60 90 T e m po (dia s) Legenda: - frasco PET leitoso de polietileno com tampa conta-gotas; - PET transparente. O tratamento estatístico foi realizado a partir de dois testes, o Teste F e o Teste T de Student, em Excel versão 2003. Para realização desses testes comparou-se duas amostras acondicionadas em diferentes frascos com mesmo tempo de exposição. Avaliou-se estatisticamente se as duas amostras se comportaram igualmente. O teste F, representado pela equação, é calculado para comparar a precisão entre dois grupos de dados analíticos estabelecendo uma razão entre as variâncias das amostras. Já o Teste T de Student, representado pela equação é usado para comparar duas médias de diferentes amostras. Foi utilizado um nível de confiabilidade de 95 %, logo α= 0,050; grau de liberdade (N - 1) para o Teste F e grau de liberdade (N1+ N2 - 2) para o Teste T de Student (BICHINHO, 2013; MASSAD, 2013). Para o teste F, a comparação foi feita por 4 tempos de exposição (T0, T30, T60 e T90), sendo as amostras expostas em 3 condições de armazenamento (tabela 20), portanto no numerador teremos (4 -1) 3; e no denominador teremos (12 – 4) 8, onde 12 será 4 tempos de exposição multiplicados com 3 condições de armazenamento. Portanto, para α= 0,050; e ponto de intersecção 3 para dominador e 8 para denominador, temos o valor teórico de F= 4,066 (BICHINHO, 2013; MASSAD, 2013). Para o teste T de Student, temos 4 tempos de exposição (T0, T30, T60 e T90); o grau de liberdade (4 + 4 – 2) 6 e α= 0,050; a intersecção destes dois valores indicam o valor teórico de T= 1,94318 (MASSAD, 2013). 72 A partir daí calculou-se os valores de F e de T de Student a partir dos valores de pH. A comparação ocorreu entre os dois frascos, leitoso e transparente, com a mesma condição (tabela 20) e tempo de exposição. Portanto, exposição T 0 leitoso = T0 transparente; T30 leitoso = T30 transparente; T60 leitoso = T60 transparente e T90 leitoso = T90 transparente. Os valores calculados de acordo com os dias comparados do Teste F e Teste T de Student seguem na tabela 17. Tabela 17 – Teste F e Test T de student do pH da Solução oral Gotas 100 mg/mL. Teste Condição de Tempo de exposição Armazenamento T de student T0 T30 1) Estufa ajustada a 40 ºC 0,4852491 0,0000744 0,0006765 0,1145257 2) 0,4852491 0,0000010 0,0006081 0,0547867 3) Geladeira 0,4852491 0,0036022 0,0477585 0,0131720 1) Estufa ajustada a 40 ºC 0,5384615 0,7 0,5999999 0,8170731 2) 0,5384615 0,9999999 1 0,40000009 0,5384615 1 0,0999999 0,4999999 Temperatura ambiente T60 T90 protegida da luz solar Teste F Temperatura ambiente protegida da luz solar 3) Geladeira Considerou-se duas hipóteses: H0: transparente; e H1: ou S do frasco leitoso = ou S do frasco leitoso ≠ ou S do frasco ou S do frasco transparente (BICHINHO, 2013; MASSAD, 2013). Baseando-se na hipótese nula de que as variâncias das amostras estatísticas são iguais, (2013). Se , e usando F= 4,066 como valor crítico de acordo com Massad então a hipótese nula do Teste F será aceita (BICHINHO, 2010; MASSAD, 2013). Analisando todos os Testes F realizados para o Lote 001G, em diferentes condições de exposição (tabela 12), conclui-se que todas as comparações aceitam a hipótese nula, de que as amostras se comportaram igualmente estatisticamente, seguindo caminhos diferentes. Para o Teste T de Student, será confirmada a hipótese nula de que as médias das amostras estatísticas são iguais, crítico de acordo com Massad (2013). Se . Usando T= 1,94318, como o valor , a hipótese nula é aceita (BICHINHO, 2013). Analisando os valores do Teste T de Student, conclui-se que a hipótese nula é aceita, uma vez que todas as amostras se comportaram 73 igualmente estatisticamente, seguindo caminhos diferentes como mostra os gráficos 1, 2 e 3. Portanto, pode-se concluir que as alterações ocorridas no pH não foram significativas, uma vez que todas as comparações aceitaram a hipótese nula de que as amostram são estatisticamente iguais, a partir dos dados da leitura no tempo zero (T0). O segundo parâmetro a ser analisado foi o doseamento. Para isso as médias e os desvios-padrão(s) foram calculado(s) a partir das fórmulas, ( e , de ambos os frascos e condições (tabela 12) previamente estabelecidas. A partir dos resultados (tabela 17) as análises foram feitas (BICHINHO, 2013). Tabela 18 – Médias e desvio padrão do doseamento da Solução oral Gotas 100 mg/mL. Frasco Condição de Análise do Armazenamento doseamento PET leitoso 1) de ajustada a 40 ºC polietileno 2) com tampa conta-gotas Estufa s Temperatura ambiente S Tempo de exposição T0 T30 T60 T90 0,097 0,054 0,013 0,055 0,001 0,001 0,001 0,001 0,097 0,067 0,075 0,012 0,001 0,001 0,001 0,001 0,097 0,090 0,087 0,073 0,001 0,001 0,004 0,002 0,097 0,067 0,093 0,058 0,001 0,001 0,001 0,001 0,097 0,066 0,068 0,066 0,001 0,001 0,001 0,001 0,097 0,073 0,076 0,041 0,001 0,002 0,001 0,002 protegida da luz solar 3) Geladeira S PET 1) transparente ajustada a 40 ºC 2) Estufa S Temperatura ambiente S protegida da luz solar 3) Geladeira s Legenda: (média); s (desvio padrão) 74 A partir dos valores da tabela 17, foram elaborados gráficos que mostraram o comportamento das amostras de acordo com o tempo de exposição. Gráfico 4 – Doseamento da solução oral gotas 100 mg/mL armazenada em estufa ajustada a 40 °C. abs orbânc ia 0,300 0,000 0 30 60 90 te m po (dia s) Legenda: - frasco PET leitoso de polietileno com tampa conta-gotas; - PET transparente. Gráfico 5 – Doseamento da solução oral gotas 100 mg/mL armazenada em temperatura ambiente protegida da luz solar. abs orbânc ia 0,300 0,000 0 30 60 90 te m po (dia s) Legenda: - frasco PET leitoso de polietileno com tampa conta-gotas; - PET transparente. 75 Gráfico 6 – Doseamento da solução oral gotas 100 mg/mL armazenada em geladeira. abs orbânc ia 0,300 0,000 0 30 60 90 te m po (dia s) Legenda: - frasco PET leitoso de polietileno com tampa conta-gotas; - PET transparente. Para o tratamento estatístico dos dados obtidos no doseamento, foram realizados o Teste F e o Teste T de Student. Os cálculos foram realizados da mesma forma que no tratamento estatístico do pH da solução oral gotas 100 mg/mL, afim de obter o valor teórico de cada teste para comparação com o valor observado (BICHINHO, 2013). Calculados os valores de F e de T de Student, a comparação ocorreu entre os dois frascos, leitoso e transparente, com a mesma condição (tabela 20) e tempo de exposição. Portanto, T0 leitoso = T0 transparente; T30 leitoso = T30 transparente; T60 leitoso =T60 transparente e T90 leitoso = T90 transparente. Os valores calculados de acordo com os dias comparados do Teste F e Teste T de Student seguem na tabela 27. Tabela 19 – Teste F e Test T de student do doseamento da Solução oral Gotas 100 mg/mL. Teste Condição de Tempo de exposição Armazenamento T de student T30 T60 T90 1 0,00001028 0,00001442 0,02859578 1 0,38680875 0,00160873 2,936385 3) Geladeira 1 0,0001927 0,04258939 0,0000443 1) Estufa ajustada a 40 1 1 0,019802 0,4 1) Estufa ajustada a 40 T0 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar Teste F 76 ºC 2) Temperatura ambiente 1 0,5 0,5 0,949212 1 0,727273 0,1 0,736842 protegida da luz solar 3) Geladeira Considerou-se duas hipóteses, H0: transparente; e H1: ou S do frasco leitoso = ou S do frasco leitoso ≠ ou S do frasco ou S do frasco transparente (BICHINHO, 2013; MASSAD, 2013). Baseando-se na hipótese nula de que as variâncias das amostras estatísticas são iguais, (2013). Se , e usando F= 4,066 como valor crítico de acordo com Massad então a hipótese nula do Teste F será aceita (BICHINHO, 2010). Analisando todos os Testes F realizados para o Lote 001G, em diferentes condições de exposição (tabela 20), conclui-se que todas as comparações aceitam a hipótese nula, de que as amostras se comportaram igualmente, seguindo caminhos diferentes. Para o Teste T de Student, será confirmada a hipótese nula de que as médias das amostras estatísticas são iguais, crítico de acordo com Massad (2013). Se . Usando T= 1,94318, como o valor , a hipótese nula é aceita (BICHINHO, 2013). Analisando os valores do Teste T de Student, conclui-se que a hipótese nula não é aceita apenas na amostra T90 exposta em temperatura ambiente protegida da luz solar, uma vez que o valor observado de 2,936385, é maior que o valor crítico de 1,94318. Portanto, estatisticamente, as amostras não são iguais. Dessa forma, as alterações ocorridas no doseamento não foram significativas, umas vez que a maioria das comparações aceitaram a hipótese nula (BICHINHO, 2013; MASSAD, 2013).. Porém, não foi possível realizar o cálculo de teor devido à falta de padrão do paracetamol. Então, fez-se apenas um estudo de acompanhamento, no qual o principal objetivo foi analisar a diferença das embalagens, percebendo que o produto farmacêutico se comportou de forma diferente, como mostra os gráficos 4, 5 e 6, mas no ponto de vista estatísticos as amostras permaneceram iguais. 77 5.2 XAROPE 160 mg/5mL 5.2.1 Estudo de correção de sabor Ferreira (2011) afirma que para garantir a estabilidade do produto farmacêutico manipulado as recomendações de armazenagem estabelecidas devem ser seguidas. A embalagem primária recomendada para manter a estabilidade de 6 meses, deve ser em frasco PET âmbar, acondicionado e mantido em temperatura ambiente. O estudo em questão mostrou que houve alteração da cor, odor e sabor de alguns frascos armazenados em condições forçadas de alta temperatura, inclusive nos recomendados pelo autor (tabela 12). Tabela 20 – Análise das características organolépticas do Xarope 160 mg/5mL acondicionadas em frasco PET âmbar com tampa rosqueada Características Condição de Organolépticas Armazenamento T0 T30 1) Estufa ajustada a transparen transparente (+) (++) transparente transparente transparente transparente transparente transparente cereja cereja inodoro inodoro cereja cereja cereja cereja 3) Geladeira cereja cereja cereja cereja 1) Estufa ajustada a cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja Cor Tempo de Exposição T90 te 40 ºC 2) T60 Temperatura ambiente protegida transparen te da luz solar 3) Geladeira transparen te Odor 1) Estufa ajustada a 40 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar Sabor 40 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar 3) Geladeira Legenda: (+) rosa claro, (++) rosa intenso, (+++) rosa mais intenso. 78 Ao analisar as características organolépticas do xarope (lote 001X) acondicionados em frasco PET âmbar com tampa rosqueada, percebeu-se que não houve alteração da cor, odor e sabor em todas as condições de armazenamento. Portanto, suas características iniciais trinta dias após sua manipulação foram mantidas; uma solução límpida, odor e sabor de cereja. Contrapondo com estes dados, ao analisarmos a cor das amostras, pôde-se perceber que houve mudança no tempo 60 e 90 da cor na condição 1; onde uma solução incolor, se tornou rosa claro (ANEXO B). A distinção do odor se deu apenas na condição 1, pois o aroma do flavorizante não foi distinguido 60 dias após a manipulação do produto farmacêutico, se tornando assim uma solução inodora. O sabor doce da solução oral gotas, com flavorizante de cereja, foi identificado na condição 1, onde sentia-se o sabor do flavorizante de cereja sem a identificação do sabor amargo do paracetamol evidenciado, este fato se deve a alta viscosidade ser uma característica essencial em um xarope, isso fez com que a correção do sabor amargo do paracetamol fosse melhor, se comparada com a solução oral gotas. Esse caráter viscoso juntamente com o sabor doce do sorbitol 70%. A partir do momento que o xarope entra em contato com a mucosa oral, apenas uma alíquota do fármaco entrará em contato com as papilas gustativas e o xarope remanescente será conduzido para a garganta (LOYD, 2007). Confrontando com a especificação da embalagem recomendada por Ferreira (2011), a solução oral gotas de paracetamol também foi acondicionada em frasco PET transparente, e a mesma linha de análise foi estabelecida. Tabela 21 – Análise das características organolépticas do Xarope 160 mg/5mL acondicionadas em frasco PET transparente. Características Condição de Organolépticas Armazenamento T0 1) Estufa ajustada transparente (+) (++) (+++) transparente transparente transparente transparente transparente transparente transparente transparente Cor Tempo de Exposição T30 T60 T90 a 40 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar 3) Geladeira 79 Odor 1) Estufa ajustada cereja cereja cereja inodoro cereja cereja cereja cereja 3) Geladeira cereja cereja cereja cereja 1) Estufa ajustada cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja cereja a 40 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar Sabor a 40 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar 3) Geladeira Legenda: (+) rosa claro, (++) rosa intenso, (++) rosa mais intenso. As amostras acondicionadas em frasco PET plástico transparente armazenadas na condição 1 sofreram alteração na coloração, que de uma solução límpida mudou para uma cor rosa claro no tempo T30 dias após sua manipulação, tornando-se mais intensa nas próximas leituras. Diferentemente, nas condições 2 e 3 a solução se manteve transparente. O odor do flavorizante de cereja não foi diferenciado apenas no tempo T90 na condição 1, característica de uma solução inodora. O sabor doce característico do xarope 160 mg/5mL, com flavorizante de cereja, foi identificado em todas as condições, mantendo-se mais estável se comparado com a solução oral gotas 100 mg/mL. Então, a recomendação do autor de armazenar a solução apenas em frasco PET leitoso com tampa conta-gotas, se faz viável uma vez que a alteração das características organolépticas foram menores, se comparadas com o frasco PET transparente (AULTON, 2005; FERREIRA, 2011; THOMPSON, 2006). O amargo do paracetamol na solução oral gotas de paracetamol foi mais identificado, pois as mudanças nas características organolépticas (cor, odor e sabor) foram mais evidentes que no Xarope de paracetamol. Este fato se deve a solução oral gotas de paracetamol ser mais concentrada, onde a concentração do princípio ativo é maior (FERREIRA, 2011; THOMPSON, 2006). 80 O amargo do paracetamol foi mascarado pela correção do sabor desta formulação, sendo executada magistralmente. A resposta sensorial no momento da administração foi favorável, o aroma e sabor de cereja foram identificados, não esquecendo do veículo viscoso e adocicado. A resposta da sensação do amargo do paracetamol não foi identificada na primeira administração, o que mostra que a alta viscosidade desta preparação farmacêutica ajuda a disfarçar sabores indesejados. Loyd (2007) afirma que a alta viscosidade dos xaropes ajuda a formar um tapete na língua, no qual o contato do fármaco com as papilas gustativas é mínimo, melhorando assim a aceitação do paciente. Como na solução oral gotas a adição de um corante vermelho se faz necessário a fim de melhorar as características sensoriais, principalmente ao se tratar de pacientes pediátricos. 5.2.2 Estudo de estabilidade O primeiro parâmetro a ser analisado foi pH. Para isso as médias ( desvios-padrão(s) foram e os e calculado(s) a partir das fórmulas, , de ambos os frascos e condições (tabela 12) previamente estabelecidas. A partir dos resultados (tabela 22) as análises foram feitas (BICHINHO, 2013). Tabela 22 – Média e desvio padrão do pH do Xarope 160 mg/5mL. Frasco Condição de Análise Armazenamento do pH PET âmbar 1) com tampa ajustada a 40 ºC rosqueada 2) Estufa s Temperatura ambiente s Tempo de exposição T0 T30 T60 T90 5,83 5,68 5,35 5,08 0,058 0,011 0,012 0,010 5,83 5,14 5,04 4,95 0,058 0,036 0,038 0,020 5,83 4,97 4,91 4,87 0,058 0,017 0,031 0,006 5,80 5,17 5,10 5,09 0,100 0,030 0,015 0,020 protegida da luz solar 3) Geladeira s PET 1) Estufa transparente ajustada a 40 ºC S 81 2) Temperatura ambiente s 5,80 5,03 4,97 4,89 0,100 0,031 0,015 0,015 5,80 4,93 4,94 4,94 0,100 0,026 0,044 0,045 protegida da luz solar 3) Geladeira s Legenda: (média); s (desvio padrão) A partir dos valores da tabela 22, foram elaborados gráficos que mostraram o comportamento das amostras de acordo com o tempo de exposição. Gráfico 7 – pH do xarope 160 mg/5mL armazenada em estufa ajustada a 40 °C. 6,000 pH 5,700 5,400 5,100 4,800 0 30 60 90 te m po (dia s) Legenda: - frasco PET âmbar com tampa rosqueada; - PET transparente. Gráfico 8 – pH do xarope 160 mg/5mL armazenado em temperatura ambiente protegido da luz solar. 7,000 pH 5,000 3,000 1,000 0 30 60 te m po (dia s) Legenda: - frasco PET âmbar com tampa rosqueada; - PET transparente. 90 82 Gráfico 9 – pH do xarope 160 mg/5mL armazenado em geladeira. 8,000 pH 6,000 4,000 2,000 0,000 0 30 60 90 te m po (dia s) Legenda: - frasco PET âmbar com tampa rosqueada; - PET transparente. Para o tratamento estatístico dos dados obtidos no Xarope 160mg/5mL, o Teste F e o Teste T de Student, os cálculos foram realizados da mesma forma que o tratamento estatístico do pH da Solução oral gotas 100mg/mL (BICHINHO, 2013). A partir daí calculou-se os valores de F e de T de Student a partir dos valores de pH. A comparação ocorreu entre os dois frascos, âmbar e transparente, com a mesma condição (tabela 21) e tempo de exposição. Portanto, exposição T 0 âmbar = T0 transparente; T30 âmbar = T30 transparente; T60 âmbar =T60 transparente e T90 âmbar = T90 transparente. Os valores calculados de acordo com os dias comparados do Teste F e Teste T de Student seguem na tabela 23. Tabela 23 – Teste F e Test T de student do pH do Xarope 160 mg/5mL. Teste Condição de Tempo de exposição Armazenamento T de student 1) Estufa ajustada a 40 T0 T30 T60 T90 1 0,0003485 0,000042 0,4960553 1 0,0202736 0,0694645 0,0240181 3) Geladeira 1 0,3438705 0,9194244 0,1223764 1) Estufa ajustada a 40 0,5 0,2262773 0,7399999 0,3999999 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar Teste F ºC 83 2) Temperatura ambiente 1 0,8358208 0,28 0,7368421 1 0,5999999 0,6588235 0,0322580 protegida da luz solar 3) Geladeira Considerou-se duas hipóteses, H0: transparente; e H1: ou S do ou S do frasco âmbar = frasco âmbar ≠ ou ou S do frasco S do frasco transparente(BICHINHO, 2013; MASSAD, 2013). Baseando-se na hipótese nula de que as variâncias das amostras estatísticas , e usando F= 4,066 como valor crítico de acordo com Massad são iguais, (2013). Se então a hipótese nula do Teste F será aceita (BICHINHO, 2010). Analisando todos os Testes F realizados para o Lote 001X, em diferentes condições de exposição (tabela 20), conclui-se que todas as comparações aceitam a hipótese nula, de que as amostras se comportaram igualmente, seguindo caminhos diferentes. Isso se deve ao fato, da variação das amostras serem mínimas. Para o Teste T de Student, será confirmada a hipótese nula de que as médias das amostras estatísticas são iguais, . Usando T= 1,94318, como o Valor Crítico de acordo com Massad (2013). Se , a hipótese nula é aceita (BICHINHO, 2013). Analisando os valores do Teste T de Student, conclui-se que a hipótese nula é aceita, uma vez que todas as amostras se comportaram igualmente, mas seguindo caminhos diferentes. Portanto as alterações ocorridas no pH não foram significativas, uma vez que todas as comparações aceitaram a hipótese nula. O segundo parâmetro a ser analisado foi o doseamento. Para isso as médias ( e os desvios-padrão(s) foram calculado(s) a partir das fórmulas, e , de ambos os frascos e condições (tabela 12) previamente estabelecidas. A partir dos resultados (tabela 24) as análises foram feitas (BICHINHO, 2013). 84 Tabela 24 – Média e desvio padrão do doseamento do Xarope 160 mg/5mL. Frasco Condição de Análise do Armazenamento doseamento PET âmbar 1) com tampa ajustada a 40 ºC rosqueada 2) Estufa s Temperatura ambiente s Tempo de exposição T0 T30 T60 T90 0,066 0,065 0,060 0,058 0,001 0,001 0,001 0,001 0,066 0,067 0,071 0,043 0,001 0,001 0,002 0,001 0,066 0,069 0,063 0,054 0,001 0,002 0,001 0,001 0,066 0,067 0,077 0,014 0,001 0,001 0,003 0,001 0,066 0,063 0,063 0,037 0,001 0,001 0,001 0,001 0,066 0,067 0,057 0,028 0,001 0,001 0,001 0,001 protegida da luz solar 3) Geladeira s PET 1) transparente ajustada a 40 ºC 2) Estufa S Temperatura ambiente s protegida da luz solar 3) Geladeira s Legenda: (média); s (desvio padrão) A partir dos valores da tabela 24, foram elaborados gráficos que mostraram o comportamento das amostras de acordo com o tempo de exposição. Gráfico 10 – Doseamento do xarope 160 mg/5mL armazenada em estufa ajustada a 40 °C. abs orbânc ia 0,600 0,300 0,000 0 30 60 te m po (dia s) Legenda: - frasco PET âmbar com tampa rosqueada; - PET transparente. 90 85 Gráfico 11 – Doseamento do xarope 160 mg/5mL armazenado em temperatura ambiente protegido da luz solar. abs orbânc ia 0,600 0,300 0,000 0 30 60 90 te m po (dia s) Legenda: - frasco PET âmbar com tampa rosqueada; - PET transparente. Gráfico 12 – Doseamento do xarope 160 mg/5mL armazenado em geladeira. abs orbânc ia 0,600 0,300 0,000 0 30 60 90 te m po (dia s) Legenda: - frasco PET âmbar com tampa rosqueada; - PET transparente. Para o tratamento estatístico dos dados obtidos no doseamento do Xarope 160mg/5mL, o Teste F e o Teste T de Student, foram calculados da mesma forma que o tratamento estatístico do pH da Solução oral gotas 100mg/mL (BICHINHO, 2013). 86 A comparação ocorreu entre os dois frascos, âmbar e transparente, com a mesma condição (tabela 21) e tempo de exposição. Portanto, exposição T 0 âmbar = T0 transparente; T30 âmbar = T30 transparente; T60 âmbar =T60 transparente e T90 âmbar = T90 transparente. Os valores calculados de acordo com os dias comparados do Teste F e Teste T de Student seguem na tabela 25. Tabela 25 – Teste F e Test T de student do pH do Xarope 160 mg/5mL. Teste Condição de Tempo de exposição Armazenamento T de student T0 1) Estufa ajustada a 40 T30 T60 T90 1 0,0003485 0,000042 0,4960553 1 0,0202736 0,0694645 0,0240181 3) Geladeira 1 0,3438705 0,9194244 0,1223764 1) Estufa ajustada a 40 0,5 0,2262773 0,7399999 0,3999999 1 0,8358208 0,28 0,7368421 1 0,5999999 0,6588235 0,0322580 ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar Teste F ºC 2) Temperatura ambiente protegida da luz solar 3) Geladeira Considerou-se duas hipóteses: H0: transparente; e H1: ou S do frasco leitoso = ou S do frasco leitoso ≠ ou S do frasco ou S do frasco transparente (BICHINHO, 2013; MASSAD, 2013). Baseando-se na hipótese nula de que as variâncias das amostras estatísticas são iguais, (2013). Se , e usando F= 4,066 como valor crítico de acordo com Massad então a hipótese nula do Teste F será aceita (BICHINHO, 2010). Analisando todos os Testes F realizados para o Lote 001G, em diferentes condições de exposição (tabela 21), conclui-se que todas as comparações aceitam a hipótese nula, de que as amostras se comportaram igualmente, seguindo caminhos diferentes. Para o Teste T de Student, será confirmada a hipótese nula de que as médias das amostras estatísticas são iguais, crítico de acordo com Massad (2013). Se . Usando T= 1,94318, como o valor , a hipótese nula é 87 aceita (BICHINHO, 2013). Analisando os valores do Teste T de Student, conclui-se que todas as comparações aceitam a hipótese nula, de que as amostras se comportaram igualmente, seguindo caminhos diferentes. Porém, não foi possível realizar o cálculo de teor devido a falta de padrão do paracetamol. Então, se fez apenas um estudo de acompanhamento, no qual o principal objetivo foi analisar a diferença das embalagens, percebendo assim que o produto farmacêutico se comportou de forma diferente, como mostra os gráficos 10, 11 e 12, mas no ponto de vista estatísticos as amostras permaneceram iguais. Pode-se dizer que os resultados obtidos na análise do pH e do doseamento não são significativos, uma vez que estatisticamente as amostras são iguais (BICHINHO, 2013). Santos (2009), diz que os valores mais elevados das absorbâncias do doseamento para as amostras armazenadas nas diferentes condições (tabela 21) se dão possivelmente, à presença de pequenas concentrações do produto de degradação do paracetamol, o p-aminofenol. Essa possível alteração foi presenciada em ambas as formulações; Solução oral gotas 100 mg/mL e Xarope 160 mg/5mL. Santos (2009), ainda complementa que alterações físicas perceptíveis no produto, que são representadas pela alteração da coloração da solução para róseo, daria indícios da presença deste mesmo produto de degradação na formulação, logo supõem-se que este fenômeno tenha ocorrido com o xarope Xarope 160 mg/5mL, uma vez que ele apresentou esta coloração em ambos os frascos expostos em estufa ajustada 40 °C, porém para esta afirmação ser comprovada o teste do p-aminofenol deveria ser realizado. A estufa utilizada para o teste de estabilidade não é a adequada, uma vez que a Resolução n. 01, de 29 de julho de 2005, recomenda a estufa climatizada para estudo de estabilidade acelerado, que mantém a temperatura ideal em 40 ° C, com variações de ± 2 °C (BRASIL, 2005). Um controle de temperatura foi feito durante os 90 dias do estudo, e a partir das médias das temperaturas no tempo T 30= 43,04 °C, T60= 46,63 °C e T90= 48,22 °C; podemos perceber que a variação da temperatura na leitura T90 foi grande, o que daria indícios da variação das amostras expostas na condição 1. Zhang (2008), diz que quanto maior a variação de temperatura em que o produto farmacêutico é exposto, maior será a concentração de produtos de degradação do fármaco. Portanto esta afirmação juntamente com a média da temperatura do T90 explicaria a variação que as amostras sofreram na última analise do estudo de estabilidade. 88 Alguns fatores como a falta do padrão do paracetamol, para análise do teor limitou o processo do estudo de estabilidade. Sugere-se encontrar um meio para avaliar o teor do paracetamol e estudar os produtos de degradação de acordo com os métodos exigidos pela Farmacopéia Brasileira. 89 6 CONCLUSÃO Pôde-se concluir que o estudo de estabilidade é um importante parâmetro avaliativo de um produto farmacêutico para estabelecer o prazo de validade e solicitar o seu registro junto à ANVISA, antes do seu lançamento no mercado nacional. A partir do levantamento bibliográfico do seguinte trabalho e das discussões com o método experimental, podemos concluir que os produtos farmacêuticos solução oral gotas 100 mg/mL e xarope 160 mg/5 mL – foram preparados corretamente, a partir da metodologia elaborada por Ferreira (2009). Com os dados obtidos na análise das características organolépticas, do pH e do acompanhamento do doseamento foi possível observar estatisticamente que o comportamento das duas formulações estudadas, mesmo em situações de armazenamento e acondicionamento diferenciadas, foram iguais. Das três condições de armazenamento a qual os produtos farmacêuticos foram armazenados, o que se demonstrou mais estável foi o armazenado em geladeira, onde a variação estatística foi pouco significativa. Recomenda-se realizar a comparação das amostras com o padrão para que o teor seja calculado, bem como a quantificação do p-aminofenol, principal produto de degradação do paracetamol, itens não avaliados pela falta de reagentes disponíveis no laboratório. Mesmo não sendo realizados todos os parâmetros avaliativos para um possível registro, percebeu-se que não houve discrepâncias. A partir dos dados coletados e do tratamento estatístico, conclui-se que o produto provavelmente tenha uma boa estabilidade, mas que só poderia ser confirmada em condições ideais observando todos os itens do protocolo estabelecido pela Resolução n. 01, de 29 de julho de 2005. 90 7 REFERÊNCIAS ABDULLAHU, B; SHEHU, V; LAJÇI, A; ISLAMI, H. 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