Desidério Lázaro Subtractive Colors Desidério Lázaro Subtractive Colors Desidério Lázaro saxofone tenor e soprano João Capinha saxofone tenor e alto, flauta Paulo Gaspar clarinete soprano e baixo Mário Franco contrabaixo João Hasselberg contrabaixo e baixo elétrico Luís Candeias bateria Convidados Carolina Varela voz João Neves voz Rita Maria voz Tatanka voz 29 outubro 2016 Pequeno Auditório / 21h / M/6 Produção: CCB CULTUR G EST 2 0 1 6 © R O SA REIS Desidério Lázaro apresenta o seu mais recente projeto - Subtractive Colors (2015 Sintoma Records), celebrando o lugar de intersecção entre a maturidade do seu trabalho de composição e a riqueza de interpretação de um excelente conjunto de músicos nacionais. CCB CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ELÍSIO SUMMAVIELLE PRESIDENTE / ISABEL CORDEIRO VOGAL / MIGUEL LEAL COELHO VOGAL / JOÃO CARÉ . LUÍSA INÊS FERNANDES . RICARDO CERQUEIRA SECRETARIADO / DIREÇÃO DE ESPETÁCULOS PROGRAMAÇÃO ANDRÉ CUNHA LEAL . FERNANDO LUÍS SAMPAIO DEPARTAMENTO DE OPERAÇÕES / COORDENADORA PAULA FONSECA / PRODUÇÃO INÊS CORREIA . PATRÍCIA SILVA . HUGO CORTEZ . JOÃO LEMOS . SOFIA SANTOS / DIREÇÃO DE CENA PEDRO RODRIGUES . PATRÍCIA COSTA . JOSÉ VALÉRIO . TÂNIA AFONSO / SECRETARIADO DO DEPARTAMENTO DE OPERAÇÕES SOFIA MATOS / DEPARTAMENTO TÉCNICO . COORDENADOR SIAMANTO ISMAILY / CHEFE TÉCNICO DE PALCO RUI MARCELINO / CHEFE DE EQUIPA DE PALCO PEDRO CAMPOS / TÉCNICOS PRINCIPAIS LUÍS SANTOS . RAUL SEGURO / TÉCNICOS EXECUTIVOS F. CÂNDIDO SANTOS . CÉSAR NUNES . JOSÉ CARLOS ALVES . HUGO CAMPOS . MÁRIO SILVA . RICARDO MELO . RUI CROCA . HUGO COCHAT . DANIEL ROSA / CHEFE TÉCNICO DE AUDIOVISUAIS NUNO GRÁCIO / CHEFE DE EQUIPA DE AUDIOVISUAIS NUNO BIZARRO / TÉCNICOS DE AUDIOVISUAIS EDUARDO NASCIMENTO . PAULO CACHEIRO . NUNO RAMOS . MIGUEL NUNES / TÉCNICOS DE AUDIOVISUAIS / EVENTOS CARLOS MESTRINHO . RUI MARTINS / TÉCNICOS DE MANUTENCÃO JOÃO SANTANA . LUÍS TEIXEIRA . VÍTOR HORTA / SECRETARIADO DO DEPARTAMENTO TÉCNICO YOLANDA SEARA PARCEIRO INSTIT UCIONAL PAR CEIR O MEDIA TEMPOR ADA 2 0 1 6 O foco composicional centra-se na interação e na improvisação entre os diversos timbres em palco. Os estilos, presentes ao longo das várias composições inéditas, variam entre o jazz, a música clássica e o universo do rock. A linguagem e a energia da banda sonora de filmes e mesmo de videojogos serviram como base inspiradora para o processo de escrita. The end As cores foram-se subtraindo ao longo, sensivelmente, de dois anos, contados a partir da edição do disco que nos veio alertar que Desidério Lázaro não era apenas um excelente saxofonista, mas também um compositor com ideias tão sólidas quanto intrigantes. Agora, o projecto, este projecto de uma vida musical de vários que muitos mais se espera que venha a produzir no futuro, vê o seu fim. Lázaro dá por terminada com este concerto a digressão de Subtractive Colors pelos caminhos de Portugal. Por ironia, tudo se soma neste ajuste de contas com o mais ambicioso empreendimento do jovem tavirense que se afirmou como uma das fascinantes personalidades do jazz que por cá se pratica: o espectáculo do CCB é o mais completo de todos os que estiveram na estrada, em termos de conteúdos e de pessoas envolvidas, para além de que traz consigo a marca da maturação que a música e a relação dos músicos com ela foram ganhando. Há que seguir em frente, e o interessante desta derradeira apresentação é o facto de se fazer isso mesmo dentro das coordenadas do próprio Subtractive Colors, sendo de esperar que o que venha depois surja como os naturais desdobramentos desta experiência, seja dando-lhe continuidade de algum modo (Lázaro admite que este The end pode ser apenas temporário) ou procurando um contraste. Novos temas foram acrescentados ao repertório do álbum, uns instrumentais e outros com o protagonismo da voz – serão estes a grande novidade da noite, associando quatro cantores a uma fórmula muito particularmente este músico é ter uma visão de conjunto até enquanto improvisador, visão essa que atinge um nível conceptual de que só encontramos equivalência no chamado rock progressivo da década de 1970. Só resta saber se se manterá a sua perspectiva composicional, aquela que em Subtractive Colors toma as características de uma banda sonora audiovisual, e tanto reunindo elementos cinematográficos como os particularismos das “trilhas” para videojogos. Isso estará particularmente evidente quando no alinhamento surgir a peça Link’s Last Adventure, inspirada num jogo da Nintendo, A Lenda de Zelda. A mais-valia de Subtractive Colors está no facto de este soundtracking não funcionar como um complemento a quaisquer imagens em movimento. Estas estão já na música, agindo a dita como “cinema para os ouvidos”, expressão nascida nos lados da acusmática que tem toda a pertinência quando aplicada ao caso de Desidério Lázaro. Quanto muito, as imagens que serve são as da nossa imaginação, despertada por temas como Absence of White, Little Bugs’ Riot ou The Moment Just Before. Na estreia desta obra no início de 2015 viram-se alguns vídeos de animação realizados por Camila Reis enquanto o grupo actuava, mas estes é que complementavam a música, não o contrário. Na despedida de hoje, será ainda maior o número de animações a projectar, e decerto que com igual inversão dos termos habituais. A música criada para o grande ecrã e o televisor tem como propósito encenar as narrativas, ou reforçar o efeito dramático destas, sendo decisiva a sua influência na escrita de Lázaro, mas há algo que o saxofonista preza especialmente nesta tipologia da composição: as melodias. «Fascinam-me», confessa. Assim que combina a matriz hard bop com uma abordagem de câmara e com desenlaces que podem ir até ao funk, à pop e ao hiphop. Curiosamente, uma destas novas peças é instrumental mas inclui a voz de Rita Maria, utilizada como mais um instrumento, uma cor extra acrescentada às dos saxofones do líder e de João Capinha (este dobrando também em flauta), dos clarinetes de Paulo Gaspar, dos contrabaixos de Mário Franco e João Hasselberg (que também tocará baixo eléctrico) e da bateria de Luís Candeias. As outras são canções como tal assumidas, com Pedro Tatanka, do grupo de soul The Black Mamba, e com a dupla constituída por Carolina Varela e João Neves, que já tínhamos ouvido na faixatítulo do CD e no primeiro palco desta criação, o da Festa do Jazz. Para Desidério Lázaro, Subtractive Colors foi / é, mesmo em altura de conclusão, «um ponto de partida». Entende-o como o arranque de todo um percurso que visa «buscar mais ferramentas dentro do campo da composição». Depois de uma formação em jazz há muito terminada e estando ele próprio a ensinar jazz a músicos mais jovens, determinou-lhe esse esforço que voltasse para a escola, a fim de estudar composição erudita. «É neste campo que quero progredir», declara muito objectivamente. Esta dedicação tem acompanhado o circuito do projecto e natural será que esteja já reflectida na escrita que lhe adicionou. Ainda assim, dificilmente tal circunstância o afastará das suas coordenadas criativas de sempre, ditando-lhe estas que os temas nasçam de improvisações e que não só deixem espaço como incitem outras intervenções espontâneas, suas e dos instrumentistas que com ele tocam. Mas não só: algo que caracteriza © HER VÉ HETTE como o groove da sustentação rítmica, as sugestivas melodias de Subtractive Colors proporcionam um eficaz equilíbrio à complexidade harmónica e estrutural desenvolvida. Este procedimento é com certeza estratégico, mas não corresponde a exigências formais ou estéticas que Desidério Lázaro se lance a si próprio, e dizendo ele que «tanto para o bem como para o mal». Se há soul e rap no bop camerístico de Lázaro, tal não acontece por algum gosto especial pelos princípios musicais da fusão ou da colagem, mas para estabelecer uma «viagem» (uma narrativa, portanto) em que várias cores se sucedam. «Procuro afastar-me do preconceito, esse grande inimigo da criatividade, e não me agradam as categorizações, apesar de entender qual é a sua utilidade. Acho mesmo que o futuro do jazz está na diluição dos jazzes que por aí existem», refere. As cores de Lázaro não respeitam apenas aos timbres, que neste ensemble são muitos, mas também a estados de espírito. Neste aspecto, a mimese audiovisual expande-se para abarcar o teatro: «Conto que os elementos do grupo representem por inteiro o papel de cada identidade musical que interpretam. Não se trata apenas de uma conjugação de notas ou acordes com ritmo, mas de uma entrega ao significado, e isso é essencial. Estes músicos têm a flexibilidade indispensável para poderem criar momentos diferentes.» Este tipo de foco sobreviverá, certamente, a Subtractive Colors e levá-lo-á para outros sítios. Aliás, já antes deste salto Desidério Lázaro tinha a lucidez necessária para perceber que não se pode fazer tudo de uma vez. Afirmou ele aquando da publicação de Cérebro: Estado Zero, o disco anterior, em 2013: «Há tempo para tudo. Devemos ser honestos e aceitar que não vamos conseguir fazer tudo já. Portanto, que venha uma coisa de cada vez. Há alturas para se estar focado e há outras para romper com a procura em curso. É assim, de resto, que nascem a poesia e o amor.» Para já, o que importa reter é que a banda que vamos ouvir «está na sua melhor fase de forma». Uma razão mais para considerar este como um concerto imperdível. Talvez, inclusive, um concerto histórico… BIOGRAFIA D E S I D É R I O L Á Z A R O Desidério Lázaro é um dos nomes emergentes mais sólidos da nova geração de jazz português. Dotado de um som possante e de uma técnica consistente, o saxofonista é um dos nomes mais requisitados na cena jazzística nacional, apresentandose em variadíssimas formações que vão desde o jazz mais tradicional a vertentes mais contemporâneas (pop, funk, fusão), tendo já tocado com nomes como Mário Laginha, Maria João, Carlos Barreto, André Fernandes, Alexandre Frazão, assim como Luís Represas, The Black Mamba e Carlos do Carmo, entre outros. Como autor, tem apresentado os seus projetos nos principais festivais de jazz e salas de espetáculo do RUI EDUARDO PAES (ensaísta, crítico de música) FESTA DO J AZZ 2 0 1 5 © SARA PAIV A CARV AL HO país. Iniciou-se nas edições discográficas em 2006 com “Rotina Impermanente” (JACC), seguindo-se “Samsara” (2012, Sintoma Records), “Cérebro: Estado Zero” (2013, Sintoma Records) e “Subtractive Colors” (2015, Sintoma Records), tendo sempre recebido críticas entusiastas e diversas nomeações para “disco jazz do ano”. Desidério formou-se nas escolas clássicas de Faro e Setúbal, voltando-se mais tarde para o jazz no Hot Clube de Portugal e no Conservatório de Amesterdão. Pelo caminho fez centenas de concertos por todo o país e no estrangeiro (Espanha, Alemanha, Holanda, Bélgica, Áustria, Itália, Macau) e, a par da sua atividade como músico, leciona na Escola Superior de Música de Lisboa e Universidade Lusíada de Lisboa. 18 e 19 novembro 2016 Pequeno Auditório / 21h / M/12 Coprodução: CCB Duração: 1h35 A SEGUIR Artista na Cidade Faustin Linyekula Triptyque Sans Titre Statue of Loss Depois de Anne Teresa de Keersmaeker (2012) e Tim Etchells (2014), Lisboa acolhe, durante o ano de 2016, o artista congolês Faustin Linyekula para a bienal Artista na Cidade. O bailarino, coreógrafo e encenador apresentará espetáculos em várias salas e espaços da cidade e criará novos projetos com artistas, estudantes e habitantes de Lisboa. Faustin Linyekula coloca várias formas de arte – dança, teatro, música, vídeo, literatura – ao serviço de uma obra assumidamente política. Filho de um país de contrastes e contradições, nunca se cansa de falar sobre a República Democrática do Congo. Nas suas obras, mostra uma história de colonialismo e escravatura, chora a devastação provocada por guerras intermináveis, desmascara a cleptocracia reinante, denuncia a miséria e a fome... Mas Faustin não seria Faustin se também não cantasse a beleza do país onde nasceu, a generosidade e a alegria dos seus habitantes, o espírito de resiliência e a esperança que parece nunca morrer. INDIVIDUAL #ccbelem #amigoccb