JUVENTUDE E SUBJETIVIDADE: ressignificando uma relação Profa.Dra. Mírian Paura S.Zippin Grispun1 Resumo Este artigo tem por objetivo discutir a relação entre a juventude e a sua construção de subjetividade a partir do contexto atual, onde umas séries de fatores gerais e globais ocorrem, associando-se estas às questões locais que caracterizam a realidade existente, como esta juventude vai se desenvolvendo (ou deve se desenvolver) em termos da aquisição dos conhecimentos/informações, e da formação de atitudes, sentimentos e valores que tecem a subjetividade. A problemática central deste trabalho é a subjetividade e sua resignificação, isto é,subjetividade esta percebida na e da juventude, no mundo em que vivemos onde determinadas dimensões não podem ser desconsideradas, como a globalização, as novas tecnologias, a política neoliberal e a condição de modernidade fazendo um recorte para os jovens, como seres histórico/sociais únicos e próprios. Palavras-chave: Juventude – Subjetividade – Contemporaneidade Juventude - a busca de um conceito Ao falarmos de Juventude, imediatamente, dois outros conceitos e/ ou categorias se aproximam: adolescência e puberdade. Adolescência tem uma dimensão mais psicológica e representa a fase entre a infância e a idade adulta com características próprias relativas ao seu desenvolvimento, sua personalidade, seu comportamento, suas mudanças físicas que a delineiam de uma forma única e própria. A puberdade seria uma categoria mais voltada para a área das ciências médicas, onde se evidencia uma série de transformações no corpo do indivíduo, fruto das mudanças hormonais e físicas, propriamente ditas, que o transferem do período infantil, para a etapa adulta, madura. O termo juventude é mais utilizado numa concepção sócio-histórico-cultural e agrega as questões da adolescência e puberdade. Para Foracchi (1972) a crise da adolescência, tão apregoada na prática e na literatura representa um conflito entre gerações e grupos de 1 Docente UERJ. Membro da Academia Internacional de Educação. Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - No 01 - 1º semestre/2014 7 idades diferentes e concepções de mundo diferente; já a crise da juventude é uma crise da juventude, é um conflito de gerações dentro da sociedade. Alguns pontos são relevantes nesta categorização: a relatividade do critério de idade e as questões sócioculturais. O que é ser jovem, hoje, ou quando se é jovem? Com treze, quinze, dezoito anos? O jovem tem uma idade fixada pelas autoridades legais para votar, para dirigir automóvel, para maioridade etc., e outra criada pela própria sociedade que o faz determinar e ser determinado, querer se jovem, como diz Hobsbaswm (1995) para sempre, isto é, quando ele afirma que a juventude é eterna. Este estabelecimento de critérios varia segundo os critérios e pontos de vista que se adotam para se dizer quando uma pessoa é jovem. Na realidade, o estabelecimento dos limites etários da juventude vai depender, então, dos critérios de sua fixação-geralmente, dos 13 aos vinte e um anos (esta a faixa etária com a qual trabalhamos em nossa pesquisa, explicitando os motivos desta sinalização, no campo social, cultural e pedagógico). No que tange aos aspectos sociais a questão da juventude pode ser estudada pela classe social, pelo grupo étnico, pelo gênero, pela formação, pela atuação em diferentes grupos e/ou Instituições, pelo grupo econômico, pela localidade, nacionalidade etc., enfim a plêiade de caracterizações aqui é muito maior que no critério etário. O que tem sido motivo de discussão, hoje, é a tentativa de substituir o termo juventude para galera, tribo, grupo, como forma de garantir maior representatividade da área, uma vez que juventude seria muito abrangente e complexa. Sustento, entretanto, a presença do termo juventude por três motivos que me parecem relevantes: 1- existência de uma faixa etária que vai da infância à idade adulta, e, portanto não pode ser caracterizada como um espaço vazio (como explicamos, a adolescência teria outra conotação); 2 - a identificação de características comuns de um determinado grupo, em uma determinada situação, em um determinado tempo histórico e 3 - a importância deste período como transição, passagem, estruturação que tem dados próprios, mas tão significativos e profundos que poderiam ser demarcados como celebração, homenagem e apropriação de um tempo único, pessoal e intransferível . Otávio Ianni, no texto intitulado o Jovem radical (1962), diz que a Juventude não é apenas uma fase transitória - culturalmente produzida na vida social das pessoas, consideradas individualmente, em face dos contextos familiar; a juventude, para o autor, no seu inconformismo juvenil apresenta um produto possível do modo pelo qual a pessoa globaliza a situação social. Mannheim (1968) que Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - No 01 - 1º semestre/2014 8 se preocupou muito com a participação criadora da juventude na vida social diz que o fator especial que faz do adolescente ser o mais importante para um novo curso da sociedade é que ele - ou ela não toma a ordem estabelecida como privilegiada e não tem interesses implicados seja no nível econômico, seja no espiritual. Para Karl Mannheim (1968), um outro conceito deveria estar agregado à juventude/adolescência que é o da geração. Ele definia geração como um fato coletivo como uma forma de situação social. Ou seja, da mesma forma que o conceito de juventude é amplo o conceito de geração não se detém penas no grupo concreto de uma família, tribo ou seita. O conceito de geração estaria vinculado a uma vivência social criada a partir de um fundamento natural. Seria então esta geração atual, da juventude, uma criação natural dos fenômenos e representações sociais da sociedade, ou seria uma definição do próprio grupo que se intitula juventude. Isto para educação é muito importante, na medida em que perguntamos se a juventude da escola é a que socialmente se produziu como tal, ou se a juventude da escola é pedagogicamente uma etapa que tem como se articular e trabalhar para e com ela. Ao discutirmos a questão da juventude, enquanto uma categoria social, estamos propondo uma análise e reflexão para entender os nossos jovens de forma o mais natural possível considerando sua cultura, sua história, seus grupos, suas normas, suas regras, suas relações com os outros grupos, suas manifestações, além de enquanto pessoas viverem/experenciarem as características específicas no universo do que se denominou chamar de adolescência. Esta participação da juventude, em grupos, na modernidade já traz outras características, como afirma Groppo (2000), Na verdade, a especificidade da juventude na modernidade é a sua adesão prioritária a grupos juvenis informais ou independentes, qualidade que diferencia a maioria dos grupos juvenis modernos dos grupos etários homogêneos das sociedades primitivas, por exemplo, nos grupos juvenis informais modernos a “panelinha de adolescência” avalia cada indivíduo por critérios próprios ao grupo- critérios universalistas, diferenciados dos valores familiares. (p47). Em outras palavras, a cultura, a dimensão sócio cultural nos dá o pano de fundo e nesta dimensão buscamos compreender ,analisar – para melhor educar- a pessoa deste sujeito, Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - No 01 - 1º semestre/2014 9 o jovem adolescente.Procuramos ouvir Erickson, (1976) em especial a questão da identidade, da crise da juventude; Levisky (1995) que também fala desta identidade; Guatari, e Rolnik (986) que trabalha a identidade num aspecto cultural; Maffesoli (1996, 1997) que aborda a identificação e a representação do eu; Abramo (1997) que trabalha a questão das experiências dos jovens, suas percepções, as formas de sociabilidade e atuação. A questão da Juventude, em termos da compreensão de sua categoria caminha, também, para autores como Ortega Y Gasset (1987) que vão procurar compreendê-la à luz dos fundamentos de suas teorias, como neste caso o relacionamento dos jovens entre si e dos jovens para si. O reconhecimento de quem é esse jovem, como age e por que age está sendo analisado à luz, também das dimensões da própria Psicologia, nas suas diferentes abordagens, e da Psicanálise. Nesta, especificamente, procuramos mergulhar no universo freudiano para buscar compreender o significado tão profundo do que é ser jovem; por certo a relação da pulsão de vida e morte se faz muito presente nesta juventude com um destaque maior para a questão do desejo: o que faz querer ser jovem, para sempre? Em Aberstury e Knobel (1971) fomos buscar o olhar da adolescência como um processo no qual ocorrem vários fenômenos intrapsíquicos muito complexos responsáveis pela identidade já aludida. Eles destacam, por exemplo, a elaboração de quatro s lutos básicos: a) pelos pais da infância pela identidade infantil: pelo corpo infantil perdido e pela fantasia da bissexualidade. Com Spósito (1997) fomos buscar, nas suas pesquisas compreender esta juventude, sabendo que a transitoriedade é o elemento importante para definir o jovem – da heteronomia da criança para a autonomia do adulto e que são vários os processos concretos e as formas de abordagem dos que se dedicam ao tema. Spósito (1997) nos ajuda a refletir quando diz da abordagem do tema, que embora as ênfases estivessem centradas na Sociologia e na Psicologia da Educação, ainda assim há uma certa fluidez ou ambigüidade diante de suas matrizes disciplinares (p.16) Além dos autores citados, poderíamos continuar apontado os demais teóricos , que têm fundamentado nosso trabalho na especificidades de seus estudos e pesquisas, como Morin ( 1973), Pasolini (1990 ) Hobsbawn (1995) , Minayo ( 199), Peralva (1997) Levi, G e SCHMIDT, J, (1996) , entre outros. Concluindo esse eixo, da juventude, e apontando que nossa pesquisa tem se debruçado a alguns aspectos, em especial desta juventude , como a linguagem e os Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - No 01 - 1º semestre/2014 10 valores, podemos dizer que esta juventude pelos nossos estudos se caracteriza por quatro pontos básicos: 1 - a juventude é uma fase da vida do indivíduo com características próprias e com uma marca muito profunda; 2 - os jovens possuem características inerentes ao seu próprio desenvolvimento pessoal, mas extremamente comprometidos com a questão sócio-cultural; 3 - há características de perda na juventude, e de novos ganhos, sendo a busca da identidade sua marca principal; 4 - os jovens têm dois momentos significativas nesta sua passagem para idade adulta: as escolhas - profissional/vocacional; sexual, amizade, etc. as manifestações/ representações, isto é, têm que ser igual ao grupo , mas buscam a autonomia e independência. Neste universo de conhecimentos e saberes estamos cada vez mais aprofundando a nossa pesquisa e buscando novos autores/pesquisadores para permanência do diálogo, ressaltando o momento presente, a realidade brasileira e a perspectiva de educação desejada. A juventude, rica no seu conteúdo e nos seus significados precisa ser mais desvendada para que possamos em termos educacionais perceber sua realidade e com ela e para ela trabalhar as questões que a estruturam e a dimensionam no contexto atual. Subjetividade O estudo, neste eixo, inicia-se pelo diálogo com Morin (1996) que fala da noção do sujeito como sendo uma noção extremamente controvertida. Questionando onde existe o sujeito, o autor vai buscando conhecer melhor esse sujeito, passando pela noção de indivíduo que posteriormente implicará na noção de indivíduo-sujeito , isto é, a noção que envolve uma dimensão oriunda da biologia molecular e da genética até chegar à característica da afetividade que é um rasgo constitutivo do sujeito. Fala-nos que essa noção de sujeito nos obriga a associar noções antagônicas, como a exclusão e a inclusão, o seu, o ele e o se. Para isso o autor se vale do pensamento complexo, pensamento esse capaz de unir conceitos que se rechaçam entre si e que são suprimidos e catalogados em compartimentos fechados (p.55). O importante em Morin é que ele vai nos falar tanto do pensamento complexo, como da complexidade que caracteriza o momento presente e nos mostra que o século XX assistiu a uma invasão da cientificidade clássica nas ciências humanas e sociais. Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - No 01 - 1º semestre/2014 11 Expulsou-se o sujeito da psicologia e o substituímos por estímulos respostas e comportamentos. Expulsou-se o sujeito da história, eliminaram-se as decisões, as personalidades, para só ver determinismos sociais. Expulsou-se o sujeito da antropologia, para ver só estruturas, e ele também foram expulso da sociologia. Não obstante, houve alguns retornos dos sujeitos, retornos às vezes tardios, como em Foucault ou em Barthes, coincidindo com um retorno do Eros e um retorno da literatura. Más são ali que, em filosofia, o sujeito se encontra novamente problematizado (p.46) De um sujeito-individual e humano-fomos caminhando para a compreensão do conceito de subjetividade que tem na Psicologia, com destaque na Psicanálise um repertório de significados para sua interpretação. Da psicanálise freudiana à lacaniana vamos procurando tecer o significado da subjetividade, compreendendo também sua natureza histórica, social e cultural que incidem nos processos psíquicos do homem aqui incluindo o consciente individual. Lacan, na suas obras vai falar de três conceitos básicos: o imaginário, o simbólico e a ordem real, todos eles organizados na e pela linguagem. Nesses conceitos encontramos uma vasta interpretação para subjetividade. Em Foucault (1987), novo diálogo travamos, na medida em que o autor é um dos pensadores contemporâneos que mais se dedicou à questão política da subjetividade. Ele vai procurar os processos sociais de construção da subjetividade através do conhecimento das categorizações, das instituições, dos mecanismos de inclusão e exclusão que produzem os padrões de sensibilidade, os estilos de vida e a maneira/modo de existir do próprio sujeito. A grande contribuição da psicanálise, para subjetividade, segundo Habermas (1988), está na oposição que ela faz ao método positivista e até mesmo ao método hermenêutico tradicional, como uma interpretação dos valores culturais. Habermas (1988) aponta algumas contradições da sociedade contemporânea que vão comprometer a própria subjetividade como os limites da natureza interna-indivíduo e a subjetividadeou seja, um limite antropológico, na medida em que as crises do sistema socioeconômico e cultural acabaram por gerar uma crise individual e social da identidade sociocultural. Para Habermas (1989) que apresentou uma teoria da subjetividade existem três mundos que convivem na mesma contemporaneidade com limites que não são intransponíveis para o homem, a exemplo do que aponta Agnes Heller: há um mundo interno que é a própria subjetividade à qual o indivíduo tem Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - No 01 - 1º semestre/2014 12 possibilidade de estar presente; mundo social onde vamos encontrar os valores culturais e morais e o mundo objetivo identificada nos valores culturais e morais. Os três mundos, o instrumental-objetivo, o normativo-social e o expressivo-subjetivo devem ser vistos como a base, a raiz da compreensão das formas de organização e reflexão humanas já que elas traduzem a amplitude das relações entre objetividade e subjetividade. A subjetividade envolve, então tanto o conhecimento em si, como a emoção, o simbólico e a representação que o indivíduo faz da própria realidade, assim como o que está disponibilizado pela sociedade e é apreendido e interpretado pelo individuo. O Eu desse indivíduo, se relaciona com o mundo tenta compreendê-lo e compreendendo tenta se compreender, também. Da racionalidade da época moderna, passamos para as incertezas que caracterizam a pós-modernidade e é nesse universo que a subjetividade se interrelaciona nas suas diferentes formas e matizes de identificação. A complexidade de entendermos este ser da subjetividade, hoje, fica mais evidente quando vivemos um período de desconstrução do que havia até então sido trazido como real e verdadeiro; e é nessa desconstrução que vai se formando, a construção da subjetividade. A desconstrução das instâncias política e social na sociedade que temos provoca transformações significativas para o sujeito. A subjetividade ora é regida pelo autoconhecimento, ora pelas imposições que esta ordem política social traduz. Ao estudarmos a Juventude - como foco de atenção para a construção desta subjetividade estamos cientes (e procurando responder às questões que nos são colocadas) de três dados significativos que se juntam, se integram de forma nem sempre precisa e ordenada, mas que no nosso entender precisam do olhar e da discussão de educadores sobre esta temática: 1 - este jovem que vive esse momento da desconstrução para construção, também, está vivendo, internamente o momento das perdas, dos lutos para novas conquistas; em síntese, ele soma interna e externamente perdas que precisam ser re-significadas quando passam a ser novas decisões; 2 - este jovem tem um olhar para si e para o mundo de acordo com as categorias que ele elegeu de realidade, representação, imaginário etc.; neste espaço toda a problemática, hoje, da comunicação, da mídia tem um significado muito grande; 3 - este jovem tem na construção da subjetividade um aparato muito forte que é a subjetividade construída ao grupo de pertencimento do qual ele faz parte que as vezes supera, bloqueia , intimida a sua própria subjetividade. Esta é Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - No 01 - 1º semestre/2014 13 uma subjetividade que precisa ser melhor entendida e não apenas colocando-a em confronto com a objetividade. Como diz Morin (1996) muitas vezes cometemos o erro de reduzir a subjetividade, seja à afetividade e à contigência, seja à consciência. Fernando Rey, (2003) no seu livro Sujeito e Subjetividade, defende um conceito de subjetividade que teórica, epistemológica e metodologicamente nada tem a ver com as correntes filosóficas da modernidade, e sim ela se apresenta com uma complexidade da organização simultânea e contraditória dos espaços sociais e individuais que a configuram. Rey (2003) vai nos mostrar que grandes partes das indagações ligadas à subjetividade tiveram seus alicerces trabalhados a partir dos estudos do cotidiano, das novas psicologias e dos autores que se dedicaram à pós-modernidade. O que podemos então, entender é a importância do social e do cultural na construção desta subjetividade sendo ela provisória ou não. Temos que nos lembrar que tanto o jovem como os demais sujeitos - convivem nesta cultura, com outra cultura que lhe está integrada – e que dela faz parte- que é a cultura da imagem que tem uma função específica no espaço social, mas também tem uma função preponderante no espaço subjetivo. A imagem atua no plano da subjetividade ao trabalhar na produção de costumes, valores, gostos, interesses, vontades, desejos e modos de pensar. Para Guattari (1986) Essa cultura de massa produz, exatamente, indivíduos: indivíduos normalizados, articulados uns aos outros segundo sistemas hierárquicos, sistema de valores, sistemas de submissão... não somente uma produção de subjetividade individuada-subjetividade dos indivíduos- mas uma produção de subjetividade social , uma produção da subjetividade que se pode encontrar em todos os níveis da produção e do consumo (p.16). Em síntese, poderíamos dizer que o conceito de subjetividade abarca diferentes aspectos e concepções. Posso e devo falar na subjetividade individual, na subjetividade da escola, enquanto organização social, na subjetividade encontrada nos diferentes, na subjetividade da Igreja, dos Sindicatos etc., na subjetividade dos grupos da sociedade formando uma rede de subjetividades. O encontro das subjetividades - dos jovens e de suas famílias, ou dos jovens e de seus grupos, ou dos jovens e seus professores - com a variedade de estímulos existentes nesta sociedade que alguns denominam de espetáculo e que outros apontam para a mídia traz-nos um gama muito grande de interpretação dessas subjetividades. Se somarmos a isso que as subjetividades, na sua construção, Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - No 01 - 1º semestre/2014 14 têm que compartilhar o ideal esperado pelas organizações e/ou Instituições, pelas exigências comportamentais, pelo equilíbrio desejado para identidade do indivíduo veremos quão árdua e complexa é a tarefa de conceituar, compreender e agir da melhor forma possível para que esta construção. Nossa pesquisa busca dialogar com autores que nos fundamentam o contexto que temos, a subjetividade que percebemos e os resultados que pretendemos. Reforçamos que o estudo caminha para a compreensão da subjetividade pelas questões criadas pelo conhecimento em si, mesmo quando uma experiência não pode ser apreendida pelo conhecimento e é tomada como resultado de uma opinião (Adorno, 1969). Aqui toda a problemática e emblemática da mídia se faz presente e novamente, buscamos em Adorno o entorno para essas questões quando ele nos fala de uma debilidade do ego que vai existir não por questões meramente psicológicas, mas também sociológicas e objetivas, mostrando-nos a força do sistema social que pode ameaçar, oprimir e até humilhar o indivíduo. A nossa pesquisa pretende contribuir para a compreensão das redes de subjetividade que se formam no dia-a –dia e analisar qual o papel da escola nas inferências e construção da subjetividade, partindo do jovem, enquanto aluno, ator e sujeito do seu próprio processo histórico social e cuja ação não depende dele simplesmente, mas da compreensão e do papel de todas as dimensões da sociedade, na qual ele se insere, inclusive (e muito particularmente da escola). Considerações finais Observamos, através das leituras realizadas, a importância do estudo da subjetividade- aqui só tratado em parte e não, evidentemente, esgotando o tema- e como ela se forma, em relação- mais específca - à juventude. Poderíamos dizer que o ressignificado dessa subjetividade está em não prendê-la, interpretá-la apenas ao jovem/indivíduo, como sendo o ele único responsável pela mesma, mas ao olhá-la à luz dos diferentes aspectos que compõem o contexto socio cultural deste jovem. Observamos, também a necessidade de nos dedicarmos mais à compreensão das dimensões desta juventude, dos laços que ela tem com os diversos aspectos da sociedade e com as demais fases da evolução humana. Aqui reside o estudo das áreas políticas, sociais, culturais, históricas que formam o mosaico da sociedade .e como as pessoas interagem nesta sociedade. Revista Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII - No 01 - 1º semestre/2014 15 Dois dados têm sido muito identificados nas pesquisas desenvolvidas com os jovens: um diz respeito à realização pessoal aqui inserindo a questão das relações familiares, de amizade, de busca de objetivos, da construção de valores e o que envolve as questões do trabalho, do mercado do trabalho, do emprego e desemprego. Não me parece que a escola trabalhe muito a formação do aluno/sujeito numa perspectiva que vá além do conhecimento/instrução; a escola que também vive todo esse momento das grandes mudanças tem que rever seu posicionamento para não se deter apenas a ensinar a ler, escrever e contar e sim em formar o cidadão. Acredito que seja um desafio muito grande, hoje, educar o jovem numa concorrência com a força da mídia em suas diversas formas de comunicação; mas há que se pensar e realizar projetos, estabelecer políticas públicas que ajudem a formação deste jovem, deste aluno numa dimensão maior de conteúdos e valores e não somente pensarmos nas questões pedagógicas relacionadas ao currículo da escola. O ressignificado da subjetividade está em acreditar no desafio de uma educação voltada para uma perspectiva de conhecimento e cultura que esteja além dos muros da escola. Referências ABIB, J.A. Damásio. Teorias do comportamento e subjetividade na psicologia. São Carlo: Editora da UFSCar, 1997. 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