A JUVENTUDE NA SOCIEDADE DE MERCADO Pâmela Karina Prates (IC – Voluntária), Luciane Neuvald (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO Guarapuava/Departamento de Pedagogia – Guarapuava – PR Palavras-chave: Juventude, identidade, indústria cultural. Resumo: A constituição da juventude em uma fatia de mercado promoveu a supremacia dos valores jovens, cujas necessidades foram dirigidas e controladas, sem mudar o cenário de exclusão gerado pelo processo de acumulação capitalista. Diante disso, a presente pesquisa procura, a partir do referencial bibliográfico sobre a juventude, sobre a indústria cultural e também de análise empírica, discutir como a juventude é retratada pela mídia e como os meios de comunicação influenciam a identidade juvenil. Introdução A sociedade de mercado é a sociedade capitalista na sua forma mais avançada, ou seja, aquela regida pela indústria cultural que organiza a sociedade aparentemente desorganizada. Como isso é possível? A partir de investimento na aparelhagem social, econômica e científica, já que segundo Adorno e Horkheimer (1985, p. 47) essa hipermaturidade da sociedade demanda pela regressão das massas, ou seja, é necessário que as mesmas assumam uma série de disposições psicológicas que consistem na vulnerabilidade à sedução da propaganda e à identidade flexível “desenraizada” -, voltada para a satisfação imediata. As identificações, na sociedade pautada pela a indústria cultural, constituem-se por meio de imagens industrializadas conforme destaca KEHL (2004, p. 93). O fato de sermos seres culturais pressupõe que nossas necessidades são produzidas e de que se situam para além dos aspectos físicos, abrangendo valores como o prestígio e reconhecimento. Dessa forma, a indústria cultural investe na subjetividade dos indivíduos, produzindo, dirigindo e disciplinando suas necessidades, liberando-os do pensamento. A influência da indústria cultural na vida dos jovens é tão forte que eles se identificam com as imagens industrializadas. Tal fato adquire maior relevância quando se considera que a juventude é uma fase dos conflitos psicológicos, morais e sociais; caracterizada pelo o que muitos autores denominam de moratória social (período de formação, estudo, diversão, etc.). Assim o lazer assume grande importância como espaço de aprendizagem das relações sociais e de constituição da subjetividade. Diante disso, torna-se premente discutir como a sociedade de mercado aborda a questão da juventude e como atua sobre a constituição da identidade juvenil. Materiais e Métodos A pesquisa compreendeu um estudo sobre a literatura que aborda a questão da juventude e sobre a indústria cultural, que possibilitaram a compreensão dos impactos da sociedade capitalista administrada na constituição da subjetividade. Mais especificamente tornou-se como base o texto sobre a indústria cultural de Adorno e Horkheimer na Dialética do Esclarecimento, além de autores brasileiros que adotam a perspectiva desses teóricos (Teoria Crítica). Os textos de Jurandir Freire Costa e Maria Rita Kehl, possibilitaram vislumbrar a influência da sociedade de mercado sobre a juventude e as concepções atribuídas a essa faixa etária (15 a 24 anos). A última etapa da pesquisa voltou-se para análise das propagandas e programas dedicados para o público jovem, mais especificamente sobre a novela Malhação da Rede Globo. Para a consecução da última etapa, o referencial teórico foi de grande valia, uma vez que contribuiu para a compreensão das intencionalidades vinculadas pela sociedade de mercado via meios de comunicação. Resultados e Discussão A análise e discussão dos dados levantados mostram-nos o seguinte: Que o lazer como elemento constitutivo do período moratório social ocorre no mesmo ritmo da produção, guiando-se pelos valores de troca e, portanto, perdendo o caráter formativo, trazendo implicações para a constituição da subjetividade do jovem; as propagandas e os programas promovem o sentimento de que o jovem engajado é aquele que realiza trabalhos voluntários, distanciando-se da imagem do jovem revolucionário que acreditava na mudança da sociedade a partir das bases econômicas; a juventude é apresentada como ideal de beleza e felicidade para todas as faixas etárias e a mídia realiza essa promessa através dos seus produtos; como os estilos de vida, preferências por músicas, esportes, alimentos, cosméticos mudam constantemente, a TV cria programas e personagens que acompanham essas tendências. Este é o caso da novela Malhação, em que a troca dos personagens e de seus contextos abre um espaço propício para a volatização das identidades e para os produtos por elas adotados; os meios de comunicação ultimamente promovem a identificação com os jovens de periferia, no entanto, isso não significa a recusa ao consumo, pois os jovens apenas mudam de estilo, mas continuam focados no consumo, já que para se identificarem com o no modelo, compram roupas, calçados, cds, dentre outra coisas; Na maioria das vezes, a juventude é apresentada como o período de moratória social e o jovem da periferia sempre conta como o apoio e a solidariedade dos mais abastados, retirando os direitos sociais da esfera política. Conclusões (Arial 12, Negrito, alinhado à esquerda) A pesquisa apresenta certas limitações, uma vez que o levantamento de dados conta com uma amostragem pequena, no entanto, permite concluir que as propagandas e programas que apresentam o jovem como protagonista, promovem identidades nos moldes do mundo capitalista que se guia pela lógica das mercadorias. Assim, o mercado cria necessidades momentâneas e contribui para a volatizão e a padronização das identidades, trazendo sérias conseqüências para o processo formativo dos jovens. Agradecimentos Agradeço ao programa de Iniciação Científica da Unicentro pela a oportunidade de desenvolver este projeto e à minha orientadora, professora e Ms Luciane Neuvald pela dedicação prestada. Referências (Arial 12, Negrito, alinhado à esquerda) 1. ADORNO, T. W; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Zaar,1985. 2. COHN, Gabriel (org.) Theodor Adorno: Sociologia. São Paulo. Ática, 1994. 3. COSTA, B. E. G. Educação dos sentidos: a mediação tecnológica e os efeitos da estetização da realidade. In: PUCCI, B; COSTA, B.E. G. ZUIN, A. A. S. Tecnologia, cultura e formação: ainda Auschwitz. São Paulo: Cortez, 2003. 4. COSTA, J. F. Perspectivas da juventude na sociedade de mercado. In: NOVAES, R; VANUCHI, P. (orgs). Juventude e sociedade: trabalho, educação, cultura e participação. São Paulo, Perseu Abramo, 2004. 5. KEHL, M. R. A juventude como sintoma da Cultura. In: NOVAES, R; VANUCHI, P. (orgs). Juventude e sociedade: trabalho, educação, cultura e participação. São Paulo, Perseu Abramo, 2004. 6. ZUIN, A. A. S. A sociedade do espetáculo e o simulacro da experiência formativa. In: PUCCI, B; COSTA, B. E. G; ZUIN, A. A. S. Tecnologia, cultura e formação: ainda Auschwitz. São Paulo: Cortez, 2003.