“Estes só me deixaram uma liberdade, a de me suicidar. Eles existem porque matam. Eu me mato, logo existo!”. (poeta palestino Mahmud Darwish). - O fanatismo religioso, embora de fundamental importância, não é o único elemento gerador do ódio que vem opondo há séculos árabes e judeus. Somado a questão religiosa, hoje percebemos nesse conflito interesses econômicos, políticos e ideológicos que promovem a continuidade da guerra, e tornam impossível estabelecimento de uma paz duradoura na região. - Durante séculos seguidos, a região do Oriente Médio esteve subjugada pelo Império Turco Otomano. - Somente ao final da I GM, as potências coloniais do Ocidente (França e Inglaterra), passaram a dominar a região, criando condições para o surgimento da questão Palestina. - As primeiras colônias implantadas por judeus na Palestina remontam a 1882, frente as violentas perseguições a judeus na Rússia (Pogroms). Magnatas europeus, como o barão de Rotshchild, apoiaram financeiramente a implantação dessas colônias. - Em 1897, foi fundado o movimento sionista (Fundação da Organização Sionista Mundial) que pregava o retorno dos judeus dispersos pela Europa para a região da Palestina. - Em 1916, em meio a falsas promessas de ajuda aos judeus, e aos árabes, a Inglaterra e França assinam um tratado dividindo entre si, o Oriente Médio (Acordo de Sycos Picot) - No ano seguinte, em pleno andamento da I GM, o ministro britânico, James Balfour, declarou-se favorável à criação de um lar nacional para o povo judeu na palestina (Declaração Balfour), dando início aos primeiros, e violentos, protestos árabes. - Em 1922, os britânicos tentaram restringir a imigração judaica para a região (Livro Branco), ocasionando os primeiros choques com judeus, que formavam colônias ilegais na Palestina, os chamados Kibutzim, protegidos por milícias armadas, como o Haganah. - Em 1939, foi publicado um novo documento, o Segundo Livro Branco, limitando ainda mais a imigração judaica para a região. Contudo, não foi mais possível controlar esse movimento migratório. - A partir, das perseguições contra os judeus verificadas na Europa, com o advento do Nazismo, aumentou consideravelmente o ingresso de judeus na Palestina, dessa vez, apoiada pela opinião pública mundial. - Os protestos árabes tornam-se cada vez mais intensos. Por seu lado, os judeus organizavam-se para enfrentar a revolta palestina. - Como dissidência do Haganah, surge o Irgun, que responde com violência implacável as investidas árabes. - Em Jerusalém, o Irgun leva a cabo um violento atentado ao hotel King David (embaixada britânica), matando 91 pessoas e deixando dezenas de feridos. - Um ano depois, o Irgun pratica novo atentado, dessa vez contra uma vila árabe, deixando o saldo de 254 mortos (Massacre de Deir Yassin). - Em 1947 os ingleses anunciam que irão se retirar da região, entregando as Nações Unidas o controle da Palestina. - A ONU aprova um plano de partilha da Palestina, que beneficia territorialmente os judeus. - Um ano depois do Plano de Partilha da ONU, o líder da Agência Judaica e secretário-geral da Central Sindical do trabalho, David Bem Gurion, proclama a Fundação do Estado de Israel. - Em reação ao plano de partilha e a fundação do Estado de Israel, a Liga Árabe ocupa a Galiléia, atacando também Jerusalém (1ª Guerra Árabe-Israelense). O fato concreto aqui, é que o território Palestino deixou de existir, caindo nas mãos do Egito e da Transjordânia, enquanto Israel ocupou 80% do território Palestino, contrariando o Plano de Partilha da ONU, que previa a ocupação de apenas 60% do território. - Jerusalém, a cidade sagrada de católicos, muçulmanos e judeus, foi dividida em duas partes, uma controlada pela Jordânia e outra por Israel. A implantação oficial do estado de Israel significaram o inicio do problema dos refugiados palestinos, tanto nos territórios controlados por Israel, quando nos territórios controlados por outros países árabes. A Guerra de Suez (2ª Guerra Árabe-Israelense) - Em 1956, o presidente do Egito Nasser, nacionaliza a o canal de Suez, antiga concessão britânica, além de fechar o porto de Akaba para o comércio com Israel. Em resposta a nacionalização a Inglaterra, França e Israel levam a cabo a Operação Três Mosqueteiros. Israel comanda todas operações contra o Egito, ocupando a península do Sinai, controlando o Golfo de Ácaba e reabrindo o porto de Eliat. Somente após fortes pressões da URSS, EUA e da ONU, Israel desocupa as regiões invadidas. - Em 1964 os palestinos fundaram a OLP (Fundação da Organização para a Libertação da Palestina), tendo como braço armado a Al Fatah, liderada por Yasser Arafat. - Em 1967, Ocorre a Guerra dos Seis Dias. Israel ataca de surpresa bases aéreas no Egito, ocupando a Faixa de Gaza, Cisjordânia e as Colinas de Golan. - A resolução 242 da ONU, de devolver os territórios ocupados foi rejeitada por Israel. - Como resultado da guerra, aumentou o número de refugiados palestinos na Jordânia e no Egito. Síria e Egito estreitaram ainda mais as relações com a URSS, renovaram seu arsenal de blindados e aviões, e conseguiram a instalação de novos mísseis mais próximos ao Canal de Suez. - Entre 1969 e 1973 vários grupos palestinos entregaram-se as ações terroristas, com ou sem beneplácito da OLP. Em 1972, ocorre o Atentado de Munique (Setembro Negro), quando palestinos acabaram executando atletas da delegação israelense. Dica de filme: Munique - Em 1973, Síria e Egito atacam de surpresa Israel durante o Dia do Perdão (Guerra de Yom Kippur), mas depois de três semanas de luta, as tropas árabes são contidas. - Uma das conseqüências desta guerra foi a Crise do Petróleo, já que os estados árabes (membros da OPEP), decidiram parar a exportação deste produto para os Estados Unidos da América e para os países europeus que apoiavam a sobrevivência de Israel. - Em 1979, sob a tutela dos EUA (presidente Jimmy Carter), Israel e Yasser Arafat assinam um armistício (Acordos de Camp David), onde Israel reconhece o direito do povo palestino formar um Estado, e a OLP como única representante do povo palestino. - Em 1982, soldados comandados pelo general Ariel Sharon atacam acampamentos de refugiados palestinos. Duas mil pessoas são assassinadas (Massacre de Sabra e Chátila). - Em 1987, um jipe israelense atropela oito palestinos, provocando um levante totalmente popular (INTIFADA A Revolta das Pedras), que é reprimida por Israel com extrema violência. - Em 1990, tropas de Saddan Hussein do Iraque, invade o Kuwait. Os palestinos apóiam a invasão iraquiana. Com a derrota do Iraque em 1991, após uma intensa intervenção da ONU, capitaneada pelos EUA, os palestinos são responsabilizados pela guerra. - Yasser Arafat e Ytzhak Rabin assinam em 1993, sob a tutela de Bill Clinton, a Declaração de Oslo I. Israel reconhece a OLP e da autonomia limitada à organização; em retorno, quer a paz e o fim das reivindicações dos territórios ocupados por Israel. - Em 1993, ocorre a negociações de Oslo II, onde Israel e OLP reconhecemse mutuamente e os palestinos recebem o controle da Faixa de Gaza e Jericó. - No entanto, tropas israelenses continuam na região e os ataques palestinos também não cessam. O Hesbollah pratica uma série de atentados contra alvos civis em Israel. - Ainda em 2002, Israel começa a construção do “muro da vergonha”, que visa isolar completamente as áreas ocupadas por palestinos. - Talvez um dos momentos mais tensos dos conflitos entre árabes e israelenses ocorreu em 2002, quando tropas israelenses cercaram o quartel general de Yasser Arafat em Ramallah, na Cisjordânia. Após fortes protestos do mundo árabe e também de alguns organismos internacionais, Israel acaba com o cerco. - Em 2004, morre Yasser Arafat, inaugurando novos rumos para os conflitos entre árabes e israelenses.