Unidade II SUPERVISÃO DO ESTÁGIO ACADÊMICO C CO Prof. José Junior A questão social Netto (2005, p. 17), baseado em Cerqueira Filho (1982), sustenta que a questão social significa “[...] o conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos que o surgimento da classe operária á i iimpôs ô no curso da d constituição tit i ã da sociedade capitalista.” O autor, ancorado na perspectiva marxista de compreensão da realidade, entende que a questão social é inerente ao capitalismo, capitalismo ou seja, seja é uma condição para que o capitalismo possa se sustentar como modo de produção. A questão social De acordo com Netto (2005), supõe-se que o termo “questão social” surgiu há mais ou menos 150 anos como explicação do fenômeno do pauperismo, relacionado ao primeiro ciclo de i d t i li industrialização. ã A questão social Antigamente, a pobreza estava relacionada à escassez de alimentos, causada por colheitas reduzidas em função de intempéries e guerras, mas, com o advento do capitalismo, não é i isso que tem t ocorrido. id A produção d ã d da penúria está relacionada ao aumento da produção. A questão social É com o empreendimento teórico de Karl Marx que houve um avanço nessa compreensão, especialmente com a publicação do primeiro volume de “O capital”, em 1867. Ao verificar como o capital it l se produz, d Marx M nos esclarece l a dinâmica da questão social. (NETTO, 2005). Questão social como objeto de trabalho do serviço social O serviço social, profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho, desenvolve uma tarefa que tem como objeto específico as múltiplas expressões da questão social. É sobre esse foco f que iincide id sua ação/intervenção, a qual implica a apropriação de meios e instrumentos de trabalho para efetivar sua ação profissional e tem como fim o produto desse trabalho. trabalho A questão social e o serviço social nas décadas de 1960 e 1970 A década de 1960 é de extrema importância para o serviço social, pois ocorreu o Movimento de Reconceituação, que questiona as influências externas na profissão. Seu objetivo bj ti consistia i ti em construir t i um serviço social adequado à realidade latino-americana. O processo de renovação do serviço social deflagrado pela Reconceituação se faz em meio à autocracia burguesa burguesa, ou seja, o governo da burguesia brasileira representado pelos militares. A questão social e o serviço social na década de 1980 No projeto de formação profissional de 1982, a direção social da profissão já está relacionada aos interesses da classe trabalhadora. Nesse contexto, houve a necessidade da elaboração de um novo Código Códi d de Éti Ética, o d de 1986 1986. Nesse projeto, é dada uma centralidade à profissão nos seguintes termos: a profissão é analisada em sua historicidade e em sua relação com o capitalismo. capitalismo A questão social e o serviço social na década de 1980 Embora a profissão, em sua produção teórica, aproxime-se da questão social no início da década de 1980, é somente na década de 1990, com o projeto profissional de 1996, que o serviço social t trouxe a questão tã social i l para o centro t de d suas discussões. Interatividade A questão social na contemporaneidade refere-se à relação entre: a) Educação e política. b) Trabalho e salário. c) Empresariado e capital capital. d) Capital e trabalho. e) Família e comunidade. A década de 1990 A própria Constituição estabeleceu a criação de órgãos colegiados, e havia participações, no orçamento, que eram utilizadas como instrumentos de gestão em vários governos. No contexto histórico que estamos estudando, verificamos a chegada de novas formas de representação popular, embora as formas antigas não tenham desaparecido. Na análise de Gohn (1998), o Brasil teve um período curto de vivência da prática democrática, e esse período se inicia com a queda do regime militar. A década de 1990 Os anos de 1990 trazem mudanças na estrutura da produção (reestruturação produtiva), e elas causaram impacto na subjetividade da classe trabalhadora. O serviço social entra nessa década com grandes expectativas e tarefas. Após a promulgação da Constituição, faz-se necessária a regulamentação de direitos por meio de legislação específica. A década de 1990 Esse contexto traz uma semiparalisação dos movimentos populares urbanos, pois a atuação dos movimentos se restringia à resistência contra as medidas que extinguem ou alteram as conquistas i t obtidas btid com a C Constituição. tit i ã De acordo com Gohn (idem), “eles [os trabalhadores] não tiveram tempo, fôlego e nitidez para se reestruturar e assumir o novo papel que lhes é cobrado, de serem agente propositivo. propositivo ” A questão social e o serviço social na década de 1990 A conjuntura da década de 1990 exige que o serviço social sintonize o projeto profissional com as novas expressões da questão social. A questão social e o serviço social na década de 1990 O serviço social encerra a década de 1990 e entra no século XXI com o seguinte desafio: construir estratégias de enfrentamento das novas expressões da questão social, desencadeadas pela reestruturação t t ã produtiva, d ti que afetam f t a população e o assistente social como trabalhador assalariado. Interatividade A Lei nº 8.742 refere-se ao/a: a) Planos de Benefícios da Previdência Social. b) Sistema Único de Saúde. c) Lei Orgânica da Assistência Social Social. d) Lei de Diretrizes e Bases da Educação. e) Política Nacional do Idoso. Construção e desconstrução do objeto do serviço social A construção do objeto significa a compreensão das mais variadas expressões cotidianas que os sujeitos vivenciam e que os assistentes sociais trabalham direta ou indiretamente. Formas de enfrentamento da questão social A seguir, relacionaremos os agentes responsáveis pelo desencadeamento das ações de intervenção na questão social: Estado - nas políticas públicas; empresariado - por meio de políticas sociais empresariais para a reprodução e gestão da força de trabalho; Formas de enfrentamento da questão social outros segmentos da sociedade civil por meio de organizações não governamentais que têm atuado no campo das políticas sociais; classes subalternas: são formas de organização e de sobrevivência acionadas por estas classes como meio de fazer frente às condições crescentes de exclusão social a que são submetidas. Formas de enfrentamento da questão social Em muitas situações, nossa intervenção pode ir além de um simples encaminhamento para serviços especializados. Sabemos que as condições de trabalho variam de local para local. l l Em determinada instituição, você poderá ter recursos materiais e humanos para planejar, desenvolver e avaliar ações interventivas. Em outros locais, você deverá buscar estratégias e meios alternativos para desenvolver ações interventivas, apesar das dificuldades institucionais. Demanda profissional: aumento da seletividade no âmbito das políticas sociais Diante das demandas existentes, é notória a procura por serviços sociais. Entretanto, é preciso ressaltar o aumento da seletividade no âmbito das políticas sociais, a diminuição de recursos, a redução d ã dos d salários lá i e a iimposição i ã d de critérios cada vez mais restritivos à população para ter acesso aos direitos sociais públicos. Reordenamento dos serviços sociais A categoria profissional vem discutindo um reordenamento de sua prática, tanto na defesa de direitos como na prestação de serviços que antes eram executados predominantemente pelo Estado e que agora são ã ttransferidos, f id em etapas, t por meio de parcerias, convênios etc. para outros setores da sociedade civil (principalmente para organizações não governamentais). Os serviços têm caráter voluntário ou não. Caracterizam-se por ações fragmentadas, isoladas, paliativas e de cunho individualista. Terceirização da gestão da questão social O desrespeito à institucionalização da questão social ocorre quando o Estado deixa de oferecer serviços básicos e a garantia dos direitos fica à mercê de organizações não governamentais com critérios ité i próprios; ó i isso, i muitas it vezes, acaba reforçando exclusões. Os critérios de acesso aos serviços são excludentes, uma vez que não são universais, e os sujeitos que os solicitam precisam se “enquadrar” em determinados perfis. Terceirização da gestão da questão social O Estado, ao terceirizar a gestão da questão social, promove a distribuição de verbas públicas para entidades privadas exercerem ações de caráter público. Esse orçamento efetiva-se por meio i de d convênios, ê i contratos, t t parcerias, i prestação de serviços, subvenções temporárias ou periódicas etc. Matrizes do processo de trabalho do assistente social O processo de trabalho do serviço social constitui-se no espaço em que os conhecimentos são processados e ele se reconstrói a partir da análise da questão social e do conhecimento produzido pelo serviço i social. i l Embora o assistente social esteja sujeito às alterações do mercado de trabalho, ele deve estabelecer um distanciamento crítico disso, no sentido de apreender a dinâmica da sociedade sociedade. Essa mediação é determinante para a sobrevivência do serviço social. Matrizes do processo de trabalho do assistente social A globalização e o desenvolvimento tecnológico, a transferência de serviços do Estado para ONGs e instituições privadas, entre outras mudanças em curso, são movimentos contraditórios que geram conflitos, flit d desigualdades, i ld d exclusões, lutas e resistências. Essas mudanças incidem nas instituições prestadoras de serviços sociais e no cotidiano da profissão, e sua dinâmica se configura a partir de enfrentamentos de questões como: contradições da realidade, conjuntura social, política, ideológica, econômica e cultural. Interatividade Subalternidade se refere: a) À ausência de protagonismo. b) À igualdade entre as pessoas. c) Ao empresariado. d) A expressar a exploração e a dominação. e) As alternativas “a” e “d” estão corretas. Os desafios para a atuação profissional Atualmente, há um processo de minimização das funções sociais do Estado, mediante a privatização dos serviços públicos básicos, a desregulamentação e flexibilização das relações l õ d de ttrabalho, b lh o aumento t dos d níveis de exploração e desemprego; isso gera instabilidade profissional. Por sua vez, os assistentes sociais também sofrem com essas transformações societárias pois fazem parte do mercado societárias, de trabalho em sua divisão sociotécnica. Os desafios para a atuação profissional Se os campos tradicionais passam por transformações, os indivíduos (usuários) também mudam seu perfil. Os usuários tradicionais, como idosos, crianças, famílias, entre outros, passaram a constituir tit i grupos e segmentos t organizados bem específicos para defender seus interesses individuais (da sua categoria). Os desafios para a atuação profissional Enquanto há uma retração por parte do Estado na prestação de serviços básicos devido ao enxugamento de suas responsabilidades por medidas neoliberais, por outro lado, há uma expansão ã d do terceiro t i setor t por meio i d de organizações não governamentais. Assim, acaba assumindo papéis do Estado, em oposição ou à margem dele, na prestação de serviços e na garantia de direitos direitos. Os desafios para a atuação profissional Alguns dos mais nítidos empecilhos para o assistente social são: a falta de conhecimentos de informática, a carência de boa redação, além do óbvio, a falta de leituras para apreensão do real. D t Destaca-se, ainda, i d a habilidade h bilid d relacional, um aspecto de suma importância em qualquer profissão. Os desafios para a atuação profissional O grande desafio do serviço social está em fazer que seus profissionais atinjam a consciência necessária ao exercício ético, crítico, propositivo e comprometido da profissão. Para tanto, é necessário á i que tal t l profissional fi i l seja j intelectual ou operativo para romper com alguns vícios que perseguem a profissão há muito tempo, como a acomodação, o paternalismo, o desconhecimento do que é a própria profissão profissão, entre tantos outros. O objeto O serviço social tem como objeto ou matéria-prima de trabalho as expressões da questão social, um conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos decorrentes das d i desigualdades ld d produzidas d id pelo l sistema i t capitalista. Os instrumentos ou os meios O assistente social é capacitado do ponto de vista teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo, ou seja, possuidor de instrumentos/meios. Esses mecanismos do assistente social não ã se reduzem d a um conjunto j t de d técnicas; nele, há o conhecimento da realidade fundamentado na concepção teórica como um instrumento de trabalho. Sem essa fundamentação, o assistente social não consegue realizar sua atividade. Os instrumentos ou os meios O trabalho do assistente social não tem receitas, modelos, cartilhas. Ele é construído a partir do ponto de vista teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo. Conhecimento e outras habilidades são necessários para que esse profissional possa intervir/atuar. O conhecimento é adquirido ao longo do processo formativo e do processo de trabalho como assistente social social. Interatividade O processo de minimização das funções sociais do Estado é dado também por/pela: a) Cargos comissionados. b) Política Pública. c) Constituição Federal Federal. d) Privatização. e) NDA. ATÉ A PRÓXIMA!