UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE -UFS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - POSGRAP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - NPGEO “30 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO À GEOGRAFIA” São Cristóvão, 29 e 30 de Agosto de 2013. DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL NO NORTE DO ESTADO DE ALAGOAS – DAS USINAS AOS ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA GUTHIERRE FERREIRA ARAÚJO Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia Universidade Federal de Sergipe. Grupo de Pesquisa Estado Capital Trabalho E-mail: [email protected] ALEXANDRINA LUZ CONCEIÇÃO Orientadora e Professora do NPGEO – UFS. Líder do Grupo de Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de Reordenamento Territorial - GPECT E-mail: [email protected] O capital fortemente subsidiado pelo Estado se apropria do território com o objetivo do lucro, subordinando a terra com a monopolizaçãoda produção, ou subordinando o trabalho na extração de mais valor. A expansão e acumulação do capital pressupõe a apropriação de recursos humanos e naturais existentes no território desde o período mercantilista, sendo acentuado no campo brasileiro com o estímulo da modernização nos anos de 1980 sintonizada no discurso do desenvolvimento. Partindo desta premissa rejeitamos as abordagens que tomam o território como área ou fragmentos desordenados de diferentes práticas sociais, e nos esforçamos em apreendê-lo como unidade do diverso; do desenvolvimento territorial como desenvolvimento desigual e contraditório(SMITH, 1988). Em uma palavra, em disputa (FELIC IANO, 2009). A categoria território tornou-se o centro das estratégias do planejamento governamental 1 e das políticas públicas, em praticamente todos 1 Vej a, p o r e xe mp lo , o d o cu me n to E s tu d o d a D imen sã o Te r ri to r ia l p a r a o P la n eja men to p r o d uz id o p e la S ec ret a ria d e P la n eja men to e I n ve s ti men to s E s tr a tég i co s ( S P I ), d o Min i sté r io d o P la n e ja m en to , O rça men to e Ge st ã o , p ub l ica d o e m 2 0 0 8 . A i n te n são d e s te E st u d o é “i n ser ir a d i m en são te r r i to r i al no p la nej a me n to go v er na me n t al” co m o o b j e ti v o d e “i ns tr u me n ta liz ar o d eb ate ac er c a d a nec es s id ad e d e se o l har o t er r i tó r io co mo b a se [ o u p alco ] d o d e se n ho d a s p o lít ic as p úb lic a s d e m éd io p r azo q ue d ialo g u e co m a v i são d e NPGEO: “30 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO À GEOGRAFIA” os países da América Latina. No Brasil este fato é evidente. Nesse cenário os conflitos teóricos afloraram em disputas abertas para subsidiarem os governos (FAVARETO, 2010). Nesta direção os conflitos socioterritoriais, portanto globais, de acumulação de capital passaram a desafiar os limites das formas setoriais de apropriação do território, hegemônicas até o final da década de noventa do século XX, colocando em cheque a forma setorial e focalizada de abordar e intervir nas realidades sociais. A abordagem territorial dispõe de um complexo categorial mais abrangente para assimilar os movimentos socioterritoriais combatentes e críticos às formas capitalistas de apropriação do território. A mesma contribui para formular ações governamentais que obtêm êxitos políticos mais consequentes contra os recalcitrantes. Foi com a estratégia de políticas públicas territoriais num contexto de reestruturação produtiva do capital que o movimento sindical brasileiro e os movimentos sociais da terra foram controlados pelo Estado Nacional. O que permitiu assegurar a estabilidade econômica necessária às forças do mercado. É a importância que a categoria território assume na contemporaneidade, em termos políticos e teóricos, que nos instiga a analisar o território como demarcação categorial de projetos de sociedade em disputas. Analisar tais disputas, entender as dinâmicas de socioterritorialização e desterritorialização de relações sociais de produção, governança e domínio de espaços, em contraposição as abordagens setoriais e focalizadas, torna-se uma tarefa salutar no âmbito da geografia agrária. Particularmente considerando a política de reforma agrária e os assentamentos como objeto de estudo. Nossa proposta consiste em entender os assentamentos da reform a agrária em Alagoas como um território nos termos formulados por Fernandes (2008). O complex o categorial do território, nesta perspectiva permitirá desvelar inúmeros elementos da realidade dos assentamentos, incidindo a análise da propriedade (dos meios de produção) das relações de produção e do governo, expondo, assim, a dinâmica de apropriação do território pelos sujeitos. lo n g o p r azo ” ( p . 9 ) . I s t o si g n i fi ca q ue a s p o l ít ica s p úb l ic as d o go v er n o p as sar a m a ser in s ti t uc io nal iza d a s p ela no ç ão d o ter r i tó r io co m o b ase o u p alco , d esd e, ap r o x i mad a me n te , 2 0 0 8 . Diz o E st ud o q u e “o p l a nej a me n to go ver na me n t al i n co r p o r a a d i me n s ão ter r ito r ia l co mo o r i e ntad o r d a açã o p úb li ca p r o gr a má tic a” q u e t e m o ho r izo n te d e p r o j etar o B r a s i l p ar a 2 0 2 7 . NPGEO: “30 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO À GEOGRAFIA” Em síntese, o Estado de Alagoas, nas últimas décadas, tem se despontado como um dos estados brasileiros com um número significativo de assentamentos rurais 2. Conforme os dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, estes assentamentos têm se constituído em uma “expressividade” territorial em decorrência da falência de grandes usinas, a exemplo da Agrisa & Peixe, baseadas na monocultura da cana-deaçúcar. Verifica-se com essas falências, que tendem a aumentar nos próximos anos, o quantitativo de famílias, expulsas do campo, que têm se envolvido diretamente com a Política Pública da Reforma Agrária. Com isso o INCRAAL é pressionado pelos movimentos sociais a dispor e liberar terras para a Reforma Agrária. Além da Reforma Agrária o Programa Bolsa Famíli a também tem contribuído muito para acomodar as tensões sociais alagoanas geradas pelas falências dos usineiros. Dado a sua importância, na estrutura, sócioeconômica de Alagoas, como um dos principais lócus de disputa territoriais, e lugar central no enfrentamento com o agronegócio na produção do estado, cabe desvelar quais as dinâmicas territoriais que são desenvolvidas nos assentamentos da reforma agrária em Alagoas, que conformaram sua atual configuração territorial 3. Desejamos investigar a multidimensionalidade e a multiescalaridade que passaram a construir o território destes assentamentos. Como também se pretende capturar o desenho da tipologia do território dos Assentamentos da reforma agrária em Alagoas, como um complexo de relações sociais contraditórias de apropriação de poder e riquezas. Este estudo permite identificar os mecanismos e dinâmicas do planejamento e gestão dos territórios dos assentamentos em Alagoas, as teorias e ideologias que os legitimam. Implica em desvelar quais os processos 2 E st e s a ss en ta m en to s p er ten c en t e s à ju r i sd i ç ão d o I N CR A ou v in cu l ad o s ao Ba n co d a T er ra t êm in flu en ciad o a of ert a d o s p rod u tos d e or i ge m a gro p e cu ár ia em a lg u n s mu n ic íp i os . N e s s e s en t i d o, o Mu n ic íp i o d e Ma r ago gi v e m d e s p on ta n d o co mo u m p ólo d e irra d ia ção d e st a s in flu ên c ia s . É p re ci s o f ri sa r o d é fi ci t d e h orta li ç as e l eg u m in o sa s of er e cid a s p e la ag ri cu l t u ra ala go an a. De a co rd o co m o IN CR A/ AL , ap r oxi mad a me n t e 60 % d e s s e s p ro d u to s v ê m d e fo ra d o E stad o . 3 De a cord o co m M il ton San t os (2 00 1 ) a con fi gu raçã o te rr ito ria l con s i st e n a m an i f e sta ção , e m t er m o s c on c r eto s d a d in â m ica es p ac ia l. Ou s eja, se n d o o e sp a ço u m a p rod u çã o so cia l, su a c om p l ex id ad e é m ate ria li za e m v ari a s m ed i açõ e s co n f or man d o u ma d et er mi n ad a con fi gu r açã o t er rit ori al . NPGEO: “30 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO À GEOGRAFIA” socioterritoriais que definem as correlações de força e dinamizam o território dos assentamentos da reforma agrária. Eixo: Análise Agrária REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA . Contribuições para uma reconceituação categorial: território, trabalho, valor e capital. Maceió, Mimeografado, 2011 . Geografia do Capital. Presidente Prudente – SP: UNESP/NERA, Relatório de Pós-Doutorado, 2012 FAVARETO, Arilson. Retrato das políticas de desenvolvimento territórial no Brasil. Documento de trabalho n26. Programa Dinámicas territiriales Rurales. Rimisp. Santiago. 2009 FAVARETO, Arilson. Tendências contemporâneas dos estudos e políticas sobre desenvolvimento territorial. Políticas de desenvolvimento territorial rural no Brasil avanços e desafios. IICA. 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