CARDINALIDADE Prolo, agosto/2005 1. Definição: 2 conjuntos A e B tem mesma cardinalidade cd(A) = cd(B), se existe uma bijeção h : A → B (ou, equivalentemente, h0 : B → A). 2. Definição: cd(A) ≤ cd(B), se existe função 1-1 (injetora) h : A → B 3. Note que: se cd(A) ≤ cd(B) ∃h0 : A → B injetora, então ∃ bijeção h : A → B e cd(B) ≤ cd(A) ∃h00 : B → A injetora, e portanto cd(A) = cd(B). 4. Definição: cd(A) < cd(B), se cd(A) ≤ cd(B) e cd(A) 6= cd(B) (ou equivalentemente se cd(A) ≤ cd(B) e not(cd(A) = cd(B))). 5. Intuição: Cardinalidade é uma medida do tamanho de um conjunto. 6. Cardinalidade para conjuntos finitos é simples: Se A é finito, cd(A) é o número de elementos de A. Ex: cd({0,1}) = cd({true,false}) = 2 Ex: cd({0,1}) < cd({high, low, off}) (= 3) 7. Cardinalidade para conjuntos infinitos não é tão intuitiva, como veremos: (a) cd(N) (onde N é o conjunto dos números naturais) é usualmente representada como ℵ 0 (lê-se “aleph 0” – aleph é uma letra do alfabeto hebreu). (b) Portanto, um conjunto A tem cardinalidade ℵ0 se existe uma bijeção h : N → A (ou equivalentemente, h0 : A → N). (c) Cardinalidade para conjuntos infinitos é uma noção que confunde a princípio: i. Será que todos os conjuntos infinitos tem cardinalidade = ℵ0 ? ii. Será que todos os conjuntos infinitos tem cardinalidades distintas? iii. Como será a cardinalidade dos conjuntos infinitos que usamos com maior frequência? iv. IMPORTANTE: Se A e B são conjuntos infinitos, e A ⊂ B, será que necessariamente cd(A) < cd(B)? Ou pode acontecer de cd(A) = cd(B)? 8. Exemplos de comparação de cardinalidades (em aula e exercícios) 9. As vezes é difícil/complicado definir uma bijeção h entre os naturais e um conjunto A analiticamente (como uma fórmula), mas pode ser bem mais fácil simplesmente “ver que tal bijeção existe”, mesmo sem definí-la precisamente. TÉCNICA: Basta mostrar que existe uma ordenação linear a0 , a1 , a2 , a3 , · · · dos elementos de A tal que: (a) Existe um primeiro (a0 ); (b) Para qualquer elemento a ∈ A, a está na ordenação e existe um número finito de elementos entre ele e a0 . (Ou de outra forma: Para todo a ∈ A, existe k ∈ N tal que a = ak ). Prova: a bijeção implícita é dada por h(n) = an . 10. Definição: Um conjunto com cardinalidade ℵ0 é dito infinito contável ou infinito enumerável. Um conjunto que é finito ou tem cardinalidade ℵ0 é dito contável ou enumerável. Nota: Estas definições sugerem a existência de conjuntos infinitos não-contáveis. Nota: Os termos “contável” e “enumerável” ou “denumerável” (denumerable) vem da idéia de listagem (a0 , a1 , . . .) do item anterior. 11. Definição: Um conjunto(linguagem) A é dito efetivamente enumerável se existe um procedimento efetivo (programa) P que o enumera nas mesma condições acima, isto é: (a) o programa P só lista elementos de A; (b) para todo elemento x ∈ A, x é listado pelo programa “cedo ou tarde”, isto é, existe um k ∈ N tal que x é o k-ésimo elemento listado por P . NOTA: Se A for infinito, obviamente P não termina. NOTA: Obviamente para um conjunto ser eftivamente enumerável ele tem que ter cardinalidade ≤ ℵ0 (ver definição anterior). NOTA: CUIDADO: As palavras “contável” e “enumerável” sozinhas estão sendo usadas para a acepção matemática de que o conjunto tem cardinalidade ℵ0 (ou menor), não garantindo que o conjunto seja enumerável por computador. O termo “efetivamente enumerável” é que caracteriza a possibilidade de enumeração por computador. 12. Teorema (não vamos provar): ℵ0 é a menor cardinalidade infinita. Isto é, se cd(A) < ℵ0 para algum conjunto A, então A é finito. 13. Corolário: Se A ⊆ N, então A é finito ou A é infinito com cd(A) = ℵ 0 . ESTA É UMA IMPORTANTE ESTRATÉGIA PARA DETERMINAR QUE UM CONJUNTO TEM CARDINALIDADE ℵ0 . 14. Corolário: Se A ⊆ B, e cd(B) = ℵ0 então A é finito ou A é infinito com cd(A) = ℵ0 . ESTA É TAMBÉM UMA IMPORTANTE ESTRATÉGIA PARA DETERMINAR QUE UM CONJUNTO TEM CARDINALIDADE ℵ0 . 15. IMPORTANTE: Se A ⊂ B, duas coisas ainda são possíveis: (a) cd(A) < cd(B) (b) cd(A) = cd(B) A segunda possibilidade é bastante contra-intuitiva inicialmente para alguns. Só se pode garantir cd(A) ≤ cd(B). Não se pode garantir cd(A) < cd(B) só porque A está propriamente contido em B (exceto se A for finito, é claro). 16. Afinal, onde estão os conjuntos não-contáveis????