Dissertação Final da Mestranda Eva de Vasconcelos Lima

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO
EVA DE VASCONCELOS LIMA LINHARES
DETERMINAÇÃO DA VITAMINA D E SUA RELAÇÃO COM A RESISTÊNCIA À
INSULINA EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2
Teresina
2012
1
EVA DE VASCONCELOS LIMA LINHARES
DETERMINAÇÃO DA VITAMINA D E SUA RELAÇÃO COM A RESISTÊNCIA À
INSULINA EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2
Dissertação apresentada ao programa de
Pós-graduação em Alimentos e Nutrição
daUniversidade Federal do Piauí, como
parte do requisito para obtenção do título de
mestre em Alimentos e Nutrição, área de
concentração: Nutrição e Saúde.
Orientadora:
Profa. Dra.Dilina do Nascimento Marreiro
Teresina
2012
2
EVA DE VASCONCELOS LIMA LINHARES
DETERMINAÇÃO DA VITAMINA D E SUA RELAÇÃO COM A RESISTÊNCIA À
INSULINA EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2
Dissertação submetida ao Programa de Pós-graduação de
Mestrado em Alimentos e Nutrição daUniversidade
Federal do Piauí, como parte do requisito para obtenção
do título de mestre em Alimentos e Nutrição, área de
concentração: Nutrição e Saúde.
BANCA EXAMINADORA
Presidente – ProfªDrªDilina do Nascimento Marreiro – Orientadora
Primeiro Examinador – ProfªDrª Ana Maria Pita Lottenberg
Segundo Examinador – ProfªDrª Maria do Carmo Carvalho e Martins
3
Ao meu marido, Cândido
Medeiros Linhares, pelo apoio
constante, carinho e incentivo
que possibilitou a realização
deste sonho
Dedico.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelas infinitas graças concedidas e pela presença marcante em todos os
momentos de minha vida.
Ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN), pela
oportunidade.
À orientadora Profª Drª Dilina do Nascimento Marreiro, pelo profissionalismo,
paciência e ensinamentos.
À minha amiga Bruna Teles, pelo apoio, amizade, companheirismo e importante
contribuição em todas as etapas da realização deste trabalho.
A todos os pacientes que participaram deste estudo, pela disponibilidade e
confiança.
Ao laboratório MedImagem, representado pelos bioquímicos Francisco Erasmo de
Oliveira e Lucas Vales, pela contribuição na determinação das análises bioquímicas.
Ao professor José Machado Moita Neto, pela contribuição na análise e interpretação
dos dados estatísticos.
Aos funcionários do Hospital do Promorar, pela contribuição na seleção dos
pacientes.
À técnica de enfermagem Lucinete Maria de Aquino, pela disponibilidade e auxílio
nas coletas de sangue.
Aos funcionários do Departamento de Nutrição da UFPI, Yuri Leite, Laina Brito, Sra.
Maísa e Sr. Oswaldo.
Às amigas pós-graduandas, Tatiane Leocádio e Luanne Moraes, pela amizade e
boas gargalhadas.
Aos meus pais, Zequinha e Amélia, aos meus irmãos, Val Neto e Rebeca, e ao meu
companheiro Cândido, pelo amor e apoio em todos os momentos da minha vida.
Ao meu avô, Manoel Valdeci de Vasconcelos, por ter me proporcionado os melhores
estudos e aprendizados.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho,
obrigada.
5
RESUMO
LINHARES, E. V. L. Determinação da Vitamina D e sua Relação com a
Resistência à Insulina em Pacientes Diabéticos Tipo 2.2011.Dissertação
(mestrado) – Programa de Mestrado em Alimentos e Nutrição, Universidade Federal
do Piauí, Teresina-PI.
INTRODUÇÃO: A deficiência de vitamina D diminui a síntese e a liberação de
insulina e na ação periférica desse hormônio. No entanto, dados sobre a
concentração sérica e o consumo de vitamina D em diabéticos tipo 2 ainda são
escassos. Portanto, este estudo determinou o estado nutricional da vitamina D, bem
como investigou a correlação entre esta vitamina e a resistência à insulina em
pacientes diabéticos tipo 2. MÉTODOS: Estudo transversal, caso-controle,
envolvendo 147 indivíduos, com idade entre 20 e 59 anos, de ambos os sexos,
sendo distribuídos em dois grupos: grupo caso (diabético tipo 2, n=73) e grupo
controle (saudáveis, n=74). Foram avaliados o índice de massa corpórea, a ingestão
de vitamina D e de cálcio, concentrações séricas de 25(OH)D, cálcio, paratormônio e
parâmetros do controle glicêmico. A ingestão de vitamina D e de cálcio foi obtida por
meio de registro alimentar de três dias, utilizando o software Dietpro, versão 5i. As
concentrações séricas de 25(OH)D e paratormônio foram determinadas pelo método
da quimioluminescência. A determinação de cálcio iônico foi realizada segundo o
método potenciométrico. RESULTADOS: Os valores médios do índice de massa
corpórea dos pacientes diabéticos e do grupo controle foram 28,51 ± 6,70 kg/m² e
26,50 ± 5,14 kg/m². Neste estudo, não houve diferença estatística significativa na
ingestão de vitamina D e cálcio entre os grupos estudados. Os valores médios de
25(OH)D foram 31,31 ± 16,64 nanog/mL e 28,48 ± 11,58 nanog/mL para os
pacientes diabéticos e grupo controle, respectivamente. Os valores médios de cálcio
iônico foram 1,15 ± 0,09 mmol/L e 1,73 ± 0,08 mmol/L e do paratormônio sérico foi
25,81 ± 19,94 mmol/L e 28,54 ± 20,16 mmol/L para pacientes diabéticos tipo 2 e
para o grupo controle, respectivamente. A análise de correlação entre 25(OH)D e o
HOMAir não mostrou resultado significativo entre os pacientes diabéticos.
CONCLUSÃO: Os pacientes diabéticos apresentam concentrações séricas
suficientes de vitamina D. Além disso, os valores de cálcio iônico estão adequados e
a análise de correlação entre a 25 (OH)D e o parâmetro de resistência à insulina não
mostra resultado significativo.
Palavras-chave: vitamina D, diabetes mellitus tipo 2, resistência à insulina.
6
ABSTRACT
LINHARES, E. V. L. Determination of Vitamin D and its Relation to Insulin
Resistance in Type 2 Diabetic Patients.2011.Dissertation - Master's Program in
Foods and Nutrition, Federal University of Piauí, Teresina -PI.
INTRODUCTION: Vitamin D deficiency alters the synthesis and release of insulin, as
it has effect on the function of pancreatic β cells and in peripheral action of this
hormone. However, data on the nutritional status of this vitamin in type 2 diabetics
are scarce. Therefore, this study determined the nutritional status of vitamin D, and
investigated the correlation between this vitamin and insulin resistance in type 2
diabetic patients. METHODS: Cross-sectional study, case-control, involving 147
individuals, aged between 20 and 59 years, both genders, being divided into two
groups: group (type 2 diabetes, n=73) and control group (healthy, n=74). We
assessed the body mass index, intake of vitamin D and calcium, serum concentration
of 25(OH)D, calcium, parathyroid hormone and parameters of glycemic control. The
intake of vitamin D and calcium was obtained by means of a three-day dietary record,
using the software Dietpro version 5i. The serum concentration of 25(OH)D and
parathyroid hormone were determined by chemiluminescence method. The
determination of calcium ion was performed according to the potentiometric method.
RESULTS: The mean values of body mass index of diabetic patients and control
group were 28.51 ± 6.70 kg/m² and 26.50 ± 5.14 kg/m². In this study, no statistically
significant difference in intake of vitamin D and calcium between the groups. The
mean values of 25(OH)D were 31.31 ± 16.64 nanog/mL and 28.48 ± 11.58 nanog/mL
for patients with diabetes and control groups, respectively. The mean values of
ionized calcium were 1.15 ± 0.09 mmol/L and 1.73 ± 0.08 mmol/L and parathyroid
hormone levels were 25.81 ± 19.94 mmol/L and 28.54 ± 20,16 mmol/L for type 2
diabetic patients and the control group, respectively. Correlation analysis between
25(OH)D and HOMAir showed no significant outcome among diabetic patients.
CONCLUSION: Diabetic patients had sufficient serum concentrations of vitamin D.
Moreover, the values of ionized calcium are adequate and the analysis of correlation
between 25(OH)D and the parameter of insulin resistance does not show significant
result.
Keywords: vitamin D, type 2 diabetes mellitus, insulin resistance.
7
LISTA DE ABREVIATURAS
AMPc
Adenosina Monofosfato Cíclico
CAAE
Certificado de Apresentação para Apreciação Ética
DNA
Ácido Desoxiribonucleotídeo
DRI
Dietary Reference Intakes
EAR
Estimated Average Requirement
EDTA
Ácido Etilenodiamino Tetra-Ácético
FGF-23
Fator 23 de Crescimento Fibroblástico
GLUT4
Transportador de Glicose 4
HOMA
Homeostases Model Assessment
IMC
Índice de Massa Corpórea
IR
Resistência à Insulina
WHO
World Health Organization
PI
Piauí
RDA
Recommended Dietary Allowances
RNA
Ácido Ribonucléico
UFPI
Universidade Federal do Piauí
UFV
Universidade Federal de Viçosa
UL
Tolerable Upper Intake Level
UVB
Ultravioleta B
VDR
Receptor de Vitamina D
VET
Valor Energético Total
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Fatores de risco para hipovitaminose D
16
Tabela 2: Valores séricos de 25(OH)D3 considerados de referência
17
Tabela 3: Valores médios e desvio padrão da idade, peso, estatura e índice
30
de massa corpórea dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle
Tabela 4: Valores médios e desvio padrão da ingestão de macronutrientes
31
e energia dos participantes do estudo
Tabela 5: Valores médio e desvio padrão da ingestão dietética de vitamina
31
D e cálcio dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle
Tabela 6: Valores médios e desvio padrão da insulina, glicose, HOMAir,
32
hemoglobina glicada, concentrações séricas de 25(OH)D, cálcio iônico e
paratormônio dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle
Tabela 07: Correlação entre a 25(OH)D e eritrocitário e a resistência à
insulina (HOMAir) dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle.
33
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
11
2 REVISÃO DE LITERATURA
13
2.1 Aspectos metabólicos e fisiológicos da vitamina D
13
2.2 Biodisponibilidade de vitamina D
17
2.3 Vitamina D e diabetes mellitus tipo 2
19
3 OBJETIVOS
22
3.1 Objetivo geral
22
3.2 Objetivos específicos
22
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS
23
4.1 Caracterização do estudo e protocolo experimental
23
4.2 Avaliação do estado nutricional
24
4.3 Avaliação do consumo alimentar
26
4.4 Coleta do material biológico
26
4.5 Determinação sérica de vitamina D (25(OH)D)
27
4.6 Determinação do controle metabólico
27
4.6.1Glicemia, hemoglobina glicada e insulina sérica
27
4.6.2 Paratormônio sérico e cálcio iônico
28
4.7 Caracterização da resistência à insulina
28
4.8 Análise estatísticas dos dados
29
4.9 Aspectos éticos
29
5 RESULTADOS
30
5.1 Avaliação do estado nutricional dos participantes do estudo
30
5.2 Avaliação do consumo alimentar
30
5.3 Controle glicêmico, concentrações séricas de 25(OH)D, cálcio iônico e
32
paratormônio dos pacientes diabéticos tipo 2
10
5.4 Correlação entre as concentrações séricas de vitamina D e os parâmetros
33
de resistência à insulina (HOMAir)
6 DISCUSSÃO
34
7 CONCLUSÕES
37
REFERÊNCIAS
38
APÊNDICES
43
Apêndice A - Cadastro de indivíduos participantes do estudo
43
Apêndice B – Registro alimentar
44
Apêndice C – Termo de consentimento livre e esclarecido
45
Apêndice D – Consentimento da participação da pessoa como sujeito
46
ANEXO
47
Anexo A – Parecer do comitê de ética em pesquisa - UFPI
47
11
1 INTRODUÇÃO
A vitamina D e seus precursores têm sido alvos de um número crescente de
pesquisas nos últimos anos, demonstrando sua função além do metabolismo do
cálcio e da formação óssea. Estudos têm demonstrado a expressão do receptor de
vitamina D em vários tecidos corporais como o cérebro, pele, intestino, gônadas,
próstata, mamas e células do sistema imune e do pâncreas, revelando a interação
dessa vitamina em distúrbios associados ao sistema imunológico e ao metabolismo
da glicose (MARQUES et al., 2010).
A vitamina D é considerada um micronutriente essencial apenas em
condições de baixa exposição à luz solar, obtida pela síntese cutânea na presença
da luz ultravioleta, quando o composto 7–deidrocolesterol se transforma em
colecalciferol (vitamina D3) (MOURÃO et al., 2005). Essa vitamina, além de ser
obtida exogenamente, possui também etapa de síntese endógena, pois precisa ser
metabolizada até 1,25 (OH)2D3, sua forma biologicamente ativa (FERNANDES et al.,
1997).
Sobre a síntese endógena de vitamina D, é importante destacar a
relevânciada exposição solar para a obtenção de quantidades adequadas desta
vitamina. O primeiro estudo realizado no Brasil na perspectiva de identificar o estado
nutricional relativo à vitamina D foi realizado em Recife em 1984, cidade ensolarada,
onde não foi encontrado deficiência (LINHARES et al., 1984). No entanto, nos
últimos anos, tem sido verificado um novo perfil epidemiológico, com aumento na
prevalência de sua deficiência mesmo em locais de elevada exposição solar (KASHI
et al., 2011).
Pesquisas recentes têm sugerido novas funções fisiológicas da vitamina D, e
sua deficiência estar relacionada com mecanismos envolvidos na fisiopatologia de
doenças crônicas, como por exemplo, diabetes mellitus, câncer e doenças
cardiovasculares (SCHUCH; GARCIA; MARTIN, 2009). Sobre a participação da
vitamina D no diabetes, a deficiência desta vitamina diminui a síntese e liberação de
insulina, pois atua na função das células β do pâncreas e na ação periférica desse
hormônio, sugerindo sua participação na patogênese dessa doença crônica
(FLORES e BARQUERA, 2004; MATHIEU et al., 2005).
Nessa perspectiva, a vitamina D atua por meio da interação de seu receptor
(VDR) nas células β e de proteínas ligadoras de cálcio dependentes de vitamina D
12
no tecido pancreático. Essa vitamina participa da resposta insulínica ao estímulo da
glicose direta ou indiretamente. O efeito direto parece ser mediado pela ligação da
1,25(OH)2D3 ao receptor VDR da célula β, enquanto o efeito indireto é mediado pelo
fluxo de cálcio nessas células (HAMDEM; CARREAU; JAMOUSSI, 2009;
BARENGOLTS, 2010).
Considerando-se, a importância do diabetes mellitus como doença crônica, as
funções fisiológicas da vitamina D sobre o metabolismo da glicose, e ainda a
escassez de dados sobre a situação nutricional desta vitamina, particularmente na
região nordeste, torna-se evidente a necessidade de estudos desta natureza a fim
de obtermos dados acerca do estado nutricional relativo à vitamina D nesse grupo
populacional. Além disso, o estudo dasua relação com marcadores do controle
glicêmico em pacientes diabéticos tipo 2, certamente contribui para esclarecer a
participação desta vitamina na fisiopatologia desta doença crônica.
13
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Aspectos metabólicos e fisiológicos da vitamina D
A vitamina D é lipossolúvel e possui características de um pró-hormônio. Na
natureza, existem duas formas dessa vitamina, o ergocalciferol (vitamina D2 25(OH)D2) e o colecalciferol (vitamina D3 – 25(OH)D3). O ergocalciferol é obtido de
fungos e o colecalciferol é formado a partir da irradiação do composto 7deidrocolesterol pelos raios ultravioleta-B (UVB) na pele (BARENGOLTS, 2010).
Com a exposição aos raios UVB, o 7-deidrocolesterol se transforma em prévitamina D3. Essa molécula é vulnerável a isomerização, originando produtos
biologicamente inativos, luminosterol e taquisterol, mecanismo importante para evitar
a superprodução da vitamina Dapós prolongados períodos de exposição ao sol
(RUSSO et al., 2009; MARQUES et al., 2010).
A vitamina D3 é transportada pela corrente sanguínea até o fígado, onde é
hidroxilada no carbono 25, transformando-se calcidiol (25(OH)D3) a partir da ação da
enzima 25-hidroxilase. Para se tornar ativa, a 25(OH)D3 necessita ser hidroxilada na
posição 1 na mitocôndria dos túbulos contornados proximais do rim, sob a ação da
enzima 1α hidroxilase transformando-se em calcitriol (1,25(OH)2D3). Esta, por sua
vez, representa a forma ativa da vitamina D no organismo, um hormônio 1.000 vezes
mais potente que seu percussor, o calcidiol. É importante mencionar que a enzima
1α hidroxilase é ativada pela ação do paratormônio, AMPc nefrogênico, estrógenos,
prolactina e hormônio do crescimento (GRUDTNER; WEINGRILL; FERNANDES,
1997; RUSSO et al., 2009).
A vitamina D, por ser lipossolúvel, necessita da formação de micelas para
manter-se em suspensão no lúmem intestinal, sendo transportada através da
membrana luminal do enterócito por difusão simples. Esta vitamina é transportada
por meio dos quilomícrons, inicialmente no sistema linfático e em seguida no sistema
venoso, diretamente para o fígado, onde é hidroxilada a 25(OH)D (GRUDTNER;
WEINGRILL; FERNANDES, 1997).
14
A principal função da vitamina D é a manutenção fisiológica das
concentrações de cálcio e fósforo. Essa vitamina atua no metabolismo do cálcio,
principalmente por estimular a síntese da proteína ligadora de cálcio, calbindin,
necessária para o transporte intracelular desse mineral. Atua também na borda em
escova do enterócito, facilitando a penetração do cálcio, por alterar a permeabilidade
da membrana a este íon. Além disso, participa da regulação da atividade dos
osteoclastos e osteoblastos nos ossos e da secreção do paratormônio. A
1,25(OH2)D3 também pode exercer outras funções, regulando positivamente a
formação de osso incluindo: inibição da síntese de colágeno tipo 1 e indução da
síntese de osteocalcina estimulados pela vitamina D. Estudos in vitro demonstram a
diferenciação de precursores celulares monócitos-macrófagos em osteoclastos
(MITHAL et al., 2009; MARQUES et al., 2010).
A vitamina D realiza suas funções biológicas por meio da sua ligação a
receptores nucleares VDR, que regulam a transcrição do DNA em RNA, semelhante
aos receptores para esteróides, hormônios tireoidianos e retinóide. Os genes VDR
são polimorfos, sendo capazes de induzir diferentes respostas a 1,25(OH2)D3 na
absorção do cálcio intestinal. A concentração do VDR diminui com a idade, o que
possivelmente pode contribuir para a resistência a 1,25(OH2)D3 no idoso,
comprometendo a absorção de cálcio. Esses receptores são expressos em outros
tipos de células, além do epitélio do intestino delgado, tubular renal, osteoblastos,
osteoclastos, células hematopoiéticas, linfócitos, células epidérmicas, células
pancreáticas, miócitos e neurônios (MITHAL et al., 2009; MARQUES et al., 2010).
A 25(OH)D3 é armazenada predominantemente no tecido adiposo, local de
maior depósito desta vitamina (BARRAL; BARROS; ARAÚJO , 2007). O aumento
das concentrações de 1,25(OH2)D3 e sua ação no fígado controlam a distribuição e a
síntese de 25(OH)D3.Enquanto que reduzidas concentrações de cálcio ou fósforo
estimulam a produção de 1,25(OH2)D3.A redução da 1,25(OH2)D3por sua vez,
contribui para o aumento da concentração do paratormônio (HOLICK, 2006).
As concentrações séricas de vitamina D variam conforme a região geográfica,
sendo dependente da latitude, estação do ano e hábitos culturais dos povos à
exposição ao sol. Alguns indivíduos estão mais vulneráveis à hipovitaminose D na
presença de fatores de risco como, por exemplo, reduzida exposição à luz UVB,
diminuição da capacidade de sintetizar a vitamina pela pele ou doenças que alteram
o metabolismo da 25(OH)D ou da 1,25(OH)2D3 (PREMAOR e FERLANETTO, 2006).
15
A deficiência de vitamina D é uma epidemia mundial reconhecida entre
crianças e adultos e tem como consequência não apenas o raquitismo nas crianças,
mas tambémcontribui para a osteoporose em adultos, além de estar associada a
diversas doenças crônicas como o diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, câncer, doenças
autoimunes e cardiovasculares (BANDEIRA et al., 2006).
Sobre os estudos conduzidos para identificar a prevalência de deficiência de
vitamina D no Brasil, Saraiva et al. (2007) avaliaram idosos institucionalizados e
ambulatoriais na cidade de São Pauloe verificaram que 71,2% e 43,8%,
respectivamente dos indivíduos estudados possuíam valores de 25(OH)D inferiores
a recomendação (50nmol∕L). Em outro estudo, realizado em Belo Horizonte, foram
demonstradas concentrações insuficientes de 25(OH)D em 42,4% da população
estudada, utilizando ponto de corte para a 25(OH)D de 32ng∕mL (SILVA et al., 2008).
GENARO et al. (2007) encontraram concentrações inadequadas de vitamina D em
24% de mulheres com osteoporose. Em adolescentes saudáveis e adultos jovens de
ambos os sexos, a prevalência de insuficiência encontrada foi de 60% e 50%,
respectivamente (MAEDA et al., 2007; PETERS et al., 2009).
Os principais fatores de risco para a hipovitaminose D estão descritos na
tabela 1.
16
Tabela 1. Fatores de Risco para Hipovitaminose D
Fatores de Risco para Hipovitaminose D
Uso de bloqueadores solares
Pele escura
Uso excessivo de roupas
Pouca exposição à luz UVB
Países de alta latitude
Pouca penetração da luz UVB durante o inverno
Confinamento em locais onde não há exposição à
luz UVB
Diminuição da capacidade de
sintetizar vitamina D pela pele
Envelhecimento
Raça amarela
Cor da pele
Doenças renais
Doenças que alteram o
metabolismo da 25 (OH)D ou
da 1,25(OH)D
Insuficiência cardíaca
Doenças hematológicas
Fibrose cística
Doença do trato gastrintestinal
Imobilização
Diminuição da disponibilidade Obesidade
da vitamina D
Aleitamento materno
Fonte: PREMAOR e FERLANETTO (2006); HOLICK et al. (2007)
Na insuficiência da vitamina D, é evidenciado aumento das concentrações
séricas de paratormônio, que caracteriza hiperparatiroidismo secundário, com
redução das concentrações de calcitriol, que favorece maior predisposição às
fraturas.
Nestas
condições,
existem
alterações
histológicas
clássicas
da
osteomalácia e raquitismo, com deficiente mineralização da matriz osteóide. Além de
elevadas concentrações de paratormônio, a hipocalcemia e a hipofosfatemia podem
estar presentes (BARRAL; BARROS; ARAÚJO, 2007).
17
2.2 Biodisponibilidade de vitamina D
A 25(OH)D3 é o principal metabólico circulante da vitamina D e sua
mensuração é utilizada na avaliação do estado nutricional. A forma biologicamente
ativa dessa vitamina é a 1,25(OH)2D3, uma substância 1000 vezes menor do que a
concentração de 25(OH)D3, além de possuir meia vida de apenas 4 horas. Em
situação de deficiência de vitamina D, existe aumento compensatório do
paratormônio que estimula o rim a produzir mais 1,25(OH)2D3 podendo sua
concentração normal ou até elevada (MAIA; MAEDA; MARÇON, 2007; MARQUES
et al., 2010).
A inexistência de um consenso sobre a concentração sérica adequada de
25(OH)D se deve às alterações presentes em decorrência do estilo de vida e
características ambientais. O valor ideal de vitamina D seria aquele necessário para
manter o paratormônio em concentrações adequadas (BANDEIRA et al., 2006;
MARQUES et al., 2010). Na tabela 2 encontram-se os valores séricos de 25(OH)D
considerados referência para o adequado estado nutricional relativo à vitamina.
Tabela 2. Valores séricos de 25(OH)D3 considerados de referência
Valores Séricos de 25(OH)D3Considerados de Referência
25(OH)D3
25(OH)D3
(ng/mL)
(nmol/L)
<20
>50
Deficiente
20 – 32
50 – 80
Insuficiente
32 – 100
80 – 250
Suficiente
54 - 90
135 – 225
Normal
>100
>250
Excesso
>150
>325
Intoxicação
Indicador de saúde
Fonte: SCHUCH; GARCIA; MARTIN (2009).
Como consequência de concentrações séricas elevadas de vitamina D, é
freqüente
encontrar
desmineralização
valores
óssea
de
com
cálcio
sérico
subsequente
superiores
fragilidade
à
referência
destas
e
estruturas
18
mineralizadas, além da formação de cálculos renais. Este fenômeno é decorrente da
ativação da vitamina D, pela administração de doses desnecessárias, o que implica
no aumento da concentração plasmática de cálcio, paralelamente a uma maior
absorção intestinal e liberação desse íon pelos ossos. Os sintomas da intoxicação
vão desde inapetência, náuseas, vômitos, aumento da micção, fraqueza,
nervosismo, hipertensão arterial, sede, prurido cutâneo até insuficiência renal
(BARRAL; BARROS; ARAÚJO, 2007).
A vitamina D é encontrada em grandes quantidades em pequeno número de
alimentos como óleos de fígado de peixe, alimentos derivados do leite (manteiga e
queijo gorduroso), ovos e margarinas enriquecidas. Atualmente, existe dificuldade
em predizer os níveis de ingestão de vitamina D adequados devido a fatores
relacionados à saúde que limitam a síntese endógena da vitamina, como por
exemplo o uso de protetores solares para prevenir o câncer de pele (COZZOLINO,
2009).
O leite materno não é uma boa fonte desta vitamina, embora seja uma boa
fonte de cálcio. Exclusivamente, os bebês em amamentação devem receber
suplementos à vitamina D, a partir dos 6 meses de vida, devendo continuar o uso
até que os alimentos contínuos que possuem a vitamina D comecem a ser ingeridos
(BARRAL; BARROS;ARAÚJO, 2007).
Alguns alimentos melhoram a biodisponibilidade da vitamina D. Alguns tipos
de ácidos graxos de cadeia longa facilitam sua absorção, o mesmo é observado na
ingestão de leite, com outras fontes naturais de vitamina D, devido à presença de
lactoalbumina. Porém, um efeito contrário é observado na ingestão de etanol, devido
à perda biliar de 25(OH)D e a ingestão elevada de fibras por acelerar o trânsito
intestinal, contribuindo para a perda de vitamina D (MOURÃO et al., 2005).
A pele possui elevada capacidade de sintetizar vitamina D, principalmente
entre 9 e 15 horas. Não há necessidade de longos períodos de exposição solar para
adequada aquisição de vitamina D, pois sua síntese ocorre no início da exposição.
Uma exposição solar de 5 a 30 minutos (braços, pernas e face, dependendo do
horário, estação do ano, latitude e pigmentação da pele), entre 1 e 3 horas da tarde,
2 a 3 vezes por semana e consumo adequado de vitamina D parecem ser
suficientes para concentrações ótimasdesta vitamina (CANTO-COSTA; KUNII;
HAUACHI, 2006; HOLICK, 2006).
19
Com relação à recomendação de vitamina D, recentemente, o Institute of
Medicine (2010) propôs novos valores de referência para o consumo desta vitamina,
sendo a recomendação para a ingestão diária de 15 mcg para homens e mulheres
adultos.
2.3 Vitamina D e diabetes mellitus tipo 2
O diabetes mellitus constitui um problema grave de saúde pública por sua
elevada frequência na população, suas complicações e mortalidade. É uma
síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e∕ou da incapacidade
desse hormônio de exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por
hiperglicemia crônica com distúrbios no metabolismo dos carboidratos, proteínas e
lipídios. O diabetes mellitus tipo 2 resulta de graus variáveis de resistência à insulina
e deficiência relativa na secreção deste hormônio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2000).
No desenvolvimento de diabetes tipo 2, alterações na função das células β do
pâncreas, sensibilidade à insulina e inflamação sistêmica estão frequentemente
presentes. A vitamina D atua nas células β pancreáticas facilitando a secreção de
insulina a partir da ligação de 1,25(OH)2D3 com seu receptor nestas células. Alguns
estudos revelam relação inversa entre a deficiência de vitamina D e a liberação de
insulina (PITTAS et al., 2007).
A contribuição da vitamina D no metabolismo da glicose também envolve
modificações na concentração extra e intracelular de cálcio nas células β
pancreáticas. A secreção de insulina é um processo cálcio-dependente, mediado
pela 1,25(OH)2D3 e pelo paratormônio. Em situação de deficiência de 25(OH)D e
consequente aumento de paratormônio, parece ocorrer redução na capacidade
secretora dessas células. Essa deficiência também pode dificultar a capacidade das
células β na conversão da pró-insulina a insulina, e ainda aumentar apoptose destas
células em diabéticos tipo 2 (PITTAS et al., 2007; SCHUCH; GARCIA; MARTIN,
2009; KRANS, 2009).
20
Com relação à sensibilidade à insulina, a deficiência de vitamina D parece
exercer seu papel de forma direta ou indireta. Diretamente, a partir do estímulo
dessa vitamina para a expressão do receptor de insulina nos tecidos periféricos, e
indiretamente, via concentração intracelular de cálcio, pois alterações nas
concentrações desse mineral podem levar à resistência periférica à insulina a partir
da redução da transdução de sinal na atividade do transporte de glicose 4 (GLUT4).
Estudos observacionais têm demonstrado relação inversa entre o estado de vitamina
D, cálcio e resistência à insulina (PITTAS et al., 2007;SCHUCH; GARCIA; MARTIN,
2009).
Em estudo realizado em animais diabéticos, submetidos à intervenção com
3,75mg/kg de peso por dia de 1,25(OH)2D3, foi normalizado o número de receptores
de insulina, com melhora da resposta insulínica para o transporte de glicose em
adipócitos. Estes efeitos possivelmente sejam atribuídos aos mecanismos que
envolvem a ativação da transcrição direta do gene do receptor de insulina (CALLE;
MAESTRO; GARCÍA-ARENCIBIA, 2008). Pittas et al. (2006), em seu estudo
prospectivo, conduzido com mulheres não diabéticas, verificaram que o cálcio e a
vitamina D da dieta reduzem o risco do desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Alguns estudos têm verificado relação positiva entre a ingestão de vitamina D
e a sensibilidade à insulina, sendo esta independente da idade, gordura corporal
total e consumo de energia (FOROUHI et al., 2008; LIU et al., 2009; ALVAREZ et al.,
2010). Diferentemente, alguns estudos não têm encontrado dados que identifique a
existência da relação entre a deficiência de vitamina D e a presença do diabetes
mellitus tipo 2. Este fato pode ser atribuído ao tamanho da amostra e uma possível
diferença ou polimorfismo VDR, variáveis que contribuem de forma relevante para
estes resultados (HIDAYAT; SETIAT; SOEWONDO, 2010). ROBINSON et al. (2011),
não observaram associação entre baixas concentrações de 25(OH)D com o risco
aumentado de desenvolver diabetes tipo 2 em mulheres pós-menopausadas.
Joergensen et al. (2010) avaliaram a vitamina D como preditor das causas de
mortalidade cardiovascular e risco de progressão para micro ou macroalbuminúria
em pacientes diabéticos tipo 2 e constataram que a deficiência grave da vitamina D
aumenta o risco de todas as causas de mortalidade cardiovascular, independente da
excreção urinária de albumina e fatores de risco cardiovascular. Porém, não foi
investigado se a suplementação com vitamina D melhora o prognóstico destes
pacientes.
21
De Boer et al. (2008) em seu estudo randomizado, controlado com placebo,
realizado com mulheres não diabéticas pós-menopausadas, suplementadas com
1.000 mg de cálcio e 400 UI de vitamina D3 por dia não evidenciaram redução do
risco de desenvolver diabetes mellitus. Segundo os autores, provavelmente, a dose
de vitamina D utilizada no estudo tenha influenciado os resultados encontrados.
As intervenções com vitamina D, sobre o metabolismo da glicose, parecem
depender das concentrações plasmáticas e dietéticas desta vitamina, metabolismo
da glicose e outros fatores como etnia, obesidade, comorbidade e fatores genéticos.
Sobre este aspecto, as populações com concentrações normais de vitamina D,
quando suplementadas com a vitamina, não apresentam efeito sobre o metabolismo
da glicose. Já populações que possuem estado de deficiência de vitamina D, a
suplementação sugere efeitos benéficos na melhora na síntese e secreção de
insulina, melhora da tolerância à glicose, o que contribui para o menor risco do
desenvolvimento da resistência à insulina e diabetes mellitus (SCHUCH; GARCIA;
MARTIN, 2009; BARENGOLTS, 2010).
22
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Avaliar o estado nutricional relativo à vitamina D e sua relação com a
resistência à insulina em pacientes diabéticos tipo 2.
3.2 Objetivos específicos
 Verificar a composição das dietas consumidas pelos participantes do estudo
em relação à vitamina D e cálcio;
 Avaliar as concentrações séricas de cálcio iônico e 25 (OH)D nos pacientes
diabéticos tipo 2 e comparar com o grupo controle;
 Determinar os marcadores do controle metabólico dos participantes da
pesquisa (insulina, glicemia de jejum, hemoglobina glicada e paratormônio);
 Avaliar a resistência à insulina por meio do índice HOMA ir nos pacientes
diabéticos e comparar com o grupo controle;
 Investigar a existência da relação entre as concentrações séricas de vitamina
D e parâmetros da resistência à insulina na população estudada.
23
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS
4.1 Caracterização do estudo e protocolo experimental
Estudo de natureza transversal,envolvendo 73 pacientes diabéticos tipo 2, na
faixa etária entre 20 e 59 anos de idade, de ambos os sexos. Paralelamente, foram
coletados dados de 74 voluntários que constituiu o grupo controle, com
características semelhantes ao grupo experimental em relação à faixa etária,
condição socioeconômico e não apresentavam história familiar de diabetes ou de
outras doenças crônicas.
Os indivíduos envolvidos no estudo foram selecionados segundo os critérios
de elegibilidade: ausência de complicações renais e/ou hepáticas, ausência de
suplementação vitamínico-mineral e/ou uso de outros medicamentos que possam
interferir na avaliação do estado nutricional da vitamina D, ausência de uso de
protetor solar e ser alfabetizado (APÊNDICE A). Os pacientes diabéticos tipo 2
selecionados faziam uso apenas de hipoglicemiantes orais e foram diagnosticados
segundo os critérios definidos pela American Diabetes Association (ADA, 2010).
A definição da amostra dos pacientes diabéticos tipo 2 foi baseada no número
de indivíduos de ambos os sexos, que faziam tratamento clínico no Ambulatório do
Hospital do Promorar e que atendiam aos critérios de seleção para participação do
estudo, totalizando de 73 pacientes. No entanto, é oportuno mencionar que durante
a execução do projeto houve redução dessa amostra em função da impossibilidade
da avaliação do consumo alimentar de um paciente do grupo controle bem como
não foi viável a análise bioquímica de um paciente diabético e dois indivíduos do
grupo controle.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Piauí, CAAE (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética):
0359.0.045.000-10 (ANEXOA) e todos os participantes assinaram um termo de
consentimento livre após esclarecimento a respeito da natureza da investigação
(APÊNCIDES C e D).
24
Após assinatura do termo, foram entregues os registros alimentares e
agendadas as datas para avaliação nutricional e coleta de sangue para
determinação da vitamina D sérica e demais parâmetros bioquímicos.
Etapas realizadas no estudo:
1. Seleção dos participantes do estudo;
2. Procedimentos éticos, consentimento livre e esclarecido;
3. Entrega do formulário para registro alimentar;
4. Agendamento da avaliação nutricional e coleta de sangue;
5. Avaliação nutricional, coleta de sangue e entrega de registro alimentar;
6. Avaliação do consumo alimentar;
7. Determinação dos parâmetros bioquímicos.
4.2 Avaliação do estado nutricional
Na
perspectiva
de
obtenção
de
informações
que
permitam
um
aprofundamento da discussão acerca da situação nutricional relativa à vitamina D
dos pacientes diabéticos, neste estudo também foi realizada a determinação de
parâmetros antropométricos para identificar a presença de obesidade ou sobrepeso
nestes pacientes.
 Peso (kg) e Estatura (m)
Anteriormente à coleta de sangue, o peso corporal foi determinado utilizando
uma balança digital Filizola®, com capacidade máxima de 150 kg, graduada em 100
gramas, estando os participantes do estudo descalços e usando roupas leves. A
estatura foi medida com um antropômetro marca Seca®, graduado em centímetros e
com barra de madeira vertical e fixa, para posicionamento sobre a cabeça do
indivíduo, estando os participantes descalços, com os pés unidos, em posição ereta,
olhando pra frente. O peso e a estatura foram medidos três vezes para cada
25
participante, sendo então obtida a média dessas medidas, o peso foi medido em
quilogramas e a estatura em centímetros (NOLASCO, 1995).
 Índice de Massa Corpórea
O Índice de Massa Corpórea (IMC) foi calculado a partir do peso do indivíduo
dividido pela estatura elevada ao quadrado (WHO, 2000).
IMC (kg/m2)= Peso atual (kg)
Estatura (m)2
O estado nutricional foi classificado segundo a recomendação da organização
mundial de saúde para indivíduos adultos (WHO, 2000).
Quadro 1: Classificação do estado nutricional, segundo o índice de massa
corpórea em adultos.
Classificação
IMC (kg/m2)
Magreza grau III
< 16,0
Magreza grau II
16,0-19,99
Magreza grau I
17,0-18,49
Eutrófico
18,5-24,99
Pré-obesidade
25,0-29,99
Obesidade grau I
30,0-34,99
Obesidade grau II
35,9-39,99
Obesidade grau III
>40,0
Fonte: World Health Organization (2000).
26
4.3 Avaliação do consumo alimentar
Para determinação do consumo alimentar foi utilizado um inquérito alimentar
realizado de acordo com a técnica de registro alimentar de três dias,
compreendendo dois dias durante a semana e um dia no final de semana
(APÊNDICE B). No momento da entrega dos formulários, foi dada orientação aos
participantes da pesquisa quanto à forma correta de anotar os alimentos, discriminar
os tipos de refeição, preparações, porcionamentos, medidas caseiras, quantidades e
horários em que as mesmas foram consumidas. Esta metodologia foi utilizada
devido a possibilidade de abranger, à curto prazo, a variabilidade de alimentos
consumidos por um grupo de indivíduos (BASIOTIS et al., 1987).
O consumo alimentar de macronutrientes, vitamina D e cálcio foi calculado
pelo software “Dietpro”, versão 5i do Departamento de Informática da Universidade
Federal de Viçosa - UFV. Para verificar a concentração de Vitamina D e cálcio
presentes nas dietas consumidas pelos participantes do estudo, foi utilizada a
Estimated Average Requirement (EAR), contida nas Dietary Reference Intakes DRI’s (INSTITUTE OF MEDICINE, 2010).
4.4 Coleta do material biológico
Foram coletadas amostras de 15mL de sangue venoso, no período da manhã,
estando os participantes da pesquisa em jejum de no mínimo 12 horas. O sangue foi
coletado com seringas plásticas descartáveis e agulha de aço inoxidável, estéreis e
descartáveis, sendo a seguir distribuídos em tubos distintos: (1) tubo de vidro com
EDTA (5mL), para análise de hemoglobina glicada e glicose plasmática; (2) tudo de
vidro sem anticoagulante (10mL), para análise de 25(OH)D, insulina, cálcio e
paratormônio.
A determinação dos parâmetros bioquímicos foi realizada por meio de
parceria com o Laboratório de Análises Clínicas MedImagem em Teresina-PI.
27
4.5 Determinação sérica de vitamina D (25(OH)D)
A determinação quantitativa de 25(OH)D foi realizada segundo o método da
quimiluminescência. Para tanto, o anticorpo específico anti-vitamina D foi utilizado
para revestir as partículas magnéticas (fase sólida) e a vitamina D foi ligada a um
derivado de isoluminol. A 25(OH)D foi dissociada da proteína de ligação do anticorpo
durante a incubação e o material não ligado foi então removido com um ciclo de
lavagem após a incubação. Os reagentes iniciadores foram então adicionados para
induzir uma reação de quimioluminescência. O sinal luminoso foi medido por um
fotomultiplicador em unidades relativas de luz sendo inversamente proporcional à
concentração de 25(OH)D existente nos calibradores, controles e amostras.
A classificação do estado nutricional relativo à vitamina D foi conduzida
segundo os valores de referência do kit utilizado no Laboratório de Análises Clínicas
onde foram realizadas as análises. Os pontos de corte utilizados para categorização
de vitamina D deste estudo foram:
 25(OH)D ≤ 10,0ng/mL - deficiência de vitamina D
 25(OH)D entre 10,0 e 29,9 ng/mL -insuficiência de vitamina D
 25(OH)D entre 30,0 e 100,0 ng/mL – suficiência de vitamina D
 25(OH)D ≥ 100,0ng/mL – elevados níveis de vitamina D
4.6 Determinação do controle metabólico
4.6.1 Glicemia, hemoglobina glicada e insulina sérica
A glicemia de jejum e o percentual de hemoglobina glicada foram
determinadas segundo o método calorimétrico-enzimático e de cromatografia de
troca iônica, respectivamente. Valores entre 70 e 99mg/dL para a glicemia de jejum
foram considerados normais de acordo com os critérios definidos pela American
Diabetes Association (ADA, 2010). Na avaliação do controle glicêmico dos pacientes
28
diabéticos tipo 2 foi considerado como controle glicêmico alterado, aqueles
indivíduos que apresentavam valores superiores a 130 mg/dL para glicemia de jejum
e de 7% para hemoglobina glicada, segundo American Diabetes Association(ADA,
2010). A avaliação da concentração de insulina séria foi realizada pelo o método de
quimioluminescência, sendo adotado como padrão de referência valores entre 6,0 e
27 uIU/mL.
4.6.2 Paratormônio sérico e cálcio iônico
As concentrações de paratormônio foram avaliadas segundo o método de
quimioluminescência automatizada Immulite 2000, com valores de referência
considerados dentro da faixa de normalidade de 12 a 72 pg/mL.
O método potenciométrico foi utilizado para dosagem do cálcio iônico por
meio do eletrodo íon-seletivo, com correção automática para variação do pH. Os
indivíduos do estudo foram classificados como normocalcêmicos quando os níveis
sanguíneos estavam na faixa de 1,0 a 1,3 mmol/L.
A classificação do paratormônio e cálcio iônico foi conduzida segundo os
valores de referência do kit utilizado no Laboratório de Análises Clínicas onde foram
realizadas as análises.
4.7 Caracterização da resistência à insulina
O Homeostasis Model Assessment (HOMA) é um modelo matemático que se
baseia na interação da glicose com a insulina. Este índice indica o grau de
combinação de uma dada hiperglicemia com concentrações basais de insulina
baixa, normal e elevada (MATTHEWS et al., 1985). O HOMA tem sido proposto
como um método para avaliar a sensibilidade ou resistência à insulina e a função
das células β, a partir das concentrações de insulina e glicose de jejum, utilizando a
seguinte fórmula:
29
Resistência à insulina (IR) = insulina (μU/mL) x glicose (mmol/L)
22,5
Os valores de HOMA determinam a eficácia dos níveis de insulina de jejum
em equilíbrio para regular a glicose sanguínea. Valores acima de 2,71 indicam um
quadro de resistência à insulina (MATTHEWS et al., 1985).
4.8 Análise estatística dos dados
Inicialmente foi realizada uma análise descritiva das variáveis observadas nos
grupos em estudo utilizando medidas de tendência central e de dispersão, como
média e desvio padrão, posteriormente foi realizado o teste de normalidade
Kolmogorov-Smirnov. Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS
10.0 for Windows
As relações entre as variáveis foram testadas usando o teste t de Student. A
diferença foi considerada significativa quanto p<0,05 e intervalo de confiança
adotado foi de 95%. Na análise das variáveis possivelmente inter-relacionadas foi
utilizado coeficiente de correlação de Pearson, sendo considerada correlação
significativa quando p<0,05.
4.9 Aspectos éticos
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Piauí, CAEE (Certificado de Apresentação para Apreciação do Comitê de
ética): 0359.0.045.000-10 (ANEXO A). Os participantes do estudo assinaram um
Termo Consentimento Livre Esclarecido, após os mesmo terem recebido
informações detalhadas sobre a natureza da investigação, obedecendo às normas
do Conselho Nacional de Saúde, contidas na Resolução 196/96 (APÊNDICE C e D).
30
5 RESULTADOS
5.1 Avaliação do estado nutricional dos participantes do estudo
Os valores médios e desvios padrão dos parâmetros antropométricos
utilizados na avaliação do estado nutricional dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo
controle estão demonstrados natabela 03.
Tabela 03: Valores médios e desvios padrão da idade, peso, estatura e índice de
massa corpórea dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle.
Pacientes Diabéticos (n=73)
Controle (n=74)
Média ± DP
Média ± DP
Idade (anos)
51,27 ± 6,70
42,00 ± 9,72
Peso (kg)
70,31 ± 14,31
65,31 ± 13,56
Estatura (m)
1,57 ± 0,08
1,57 ± 0,08
IMC (kg/m²)
28,51 ± 5,23
26,50 ± 5,14
Parâmetros
IMC= índice de massa corporal.
5.2 Avaliação do consumo alimentar
Os valores médios e desvios padrão para energia e macronutrientes
encontrados nas dietas consumidas pelos pacientes com diabetes tipo 2 e grupo
controle estão descritos na tabela 04. Verifica-se que houve diferença estatística
significativa em relação às calorias e os lipídeos (p<0,05).
31
Tabela 04: Valores médios e desvios padrão da ingestão de macronutrientes e
energia dos participantes do estudo.
Pacientes Diabéticos (n=73)
Controle (n=73)
Energia/Nutrientes
Média ± DP
Média ± DP
Energia (Kcal)
1683,86 ± 656,37*
1987,71 ± 807,71*
Carboidratos (%)
46,45 ± 7,09
43,93 ± 8,79
Proteínas (%)
24,71 ± 4,97
22,07 ± 4,68
Lipídeos (%)
29,11 ± 8,43*
33,99 ± 7,12*
* Valores significativamente diferentes entre os diabéticos tipo 2 e o grupo controle, Teste t de
Student (p<0,05).
Na tabela 05 estão apresentados os valores médios e desvios padrão da
ingestão dietética de vitamina D dos pacientes diabéticos tipo 2 e do grupo
controle.Não houve diferença significativa entre os grupos, segundo o Teste t de
Student (p>0,05).
Tabela 05: Valores médios e desvios padrão da ingestão dietética de vitamina D e
cálcio dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle.
Nutrientes
Vitamina D (mcg/dia)
Cálcio (mg/dia)
Pacientes Diabéticos (n=73)
Controle (n=73)
Média ± DP
Média ± DP
13,53 ± 10,75
15,74 ± 14,95
1.567,98 ± 1.204,39
1.566,18 ± 923,00
Valores de referencia de ingestão - vitamina D: EAR=15 mcg/dia; Cálcio: EAR=1.000 mg (20 a 50
anos) e 1.200 mg (51 a 59 anos) (Dietary Reference Intakes, 2010).Não houve diferença significativa
entre os grupos. Teste t de Student (p>0,05).
32
5.3 Controle glicêmico, concentrações séricas de 25(OH)D, cálcio iônico e
paratormôniodos pacientes diabéticos tipo 2
Os valores médios e desvio padrão dos parâmetros do controle glicêmico, das
concentrações séricas de 25(OH)D, cálcio iônico e paratormôniodos pacientes
diabéticos tipo 2 e grupo controle estão na tabela 06. Foram encontradas diferenças
estatísticas significativas em relação à glicose plasmática, insulina, a hemoglobina
glicada e o HOMAir nos grupos estudados (p˂0,05).
Tabela 06: Valores médios e desvio padrão da insulina, glicose, HOMAir,
hemoglobina glicada, concentrações séricas de 25(OH)D, cálcio iônico e
paratôrmonio dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle.
Pacientes Diabéticos(n=72)
Controle(n=72)
Parâmetros
Média ± DP
Média ± DP
P
Glicose mg/dL
165,94 ± 70,33*
91,76 ± 26,39*
0,001
Insulina uIU/mL
13,79 ± 12,10*
9,59 ± 10,54*
0,028
HOMA ir
5,56 ± 6,54*
2,13 ± 2,47*
0,001
Hemoglobina glicada (%)
7,77 ± 2,31*
5,62 ± 1,06*
0,001
25(OH)D (nanog/mL)
31,31 ± 16,64
28,48 ± 11,58
0,238
Cálcio iônico (mmol/L)
1,15 ± 0,09
1,17 ± 0,08
0,165
Paratormônio (pg/mL)
25,81 ± 19,94
28,54 ± 20,16
0,415
HOMAir = HomeostaisModelAssessment* Valores significativamente diferentes entre os diabéticos e
o grupo controle, teste t de Student (p<0,05).
33
5.4 Correlação entre as concentrações séricas de vitamina D e os parâmetros
de resistência à insulina (HOMAir)
A análise estatística realizada para verificar a existência de correlação entre
as concentrações de vitamina D e a resistência à insulina não foi significativa,
conforme podemos observar na tabela abaixo.
Tabela 07: Correlação entre a 25(OH)D e eritrocitário e a resistência à insulina
(HOMAir) dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle.
Parâmetros
25(OH)D X HOMAir
HOMAir = Homeostais Model Assessment
Coeficiente de correlação (r)
Diabéticos
Controle
0,14
-0,040
34
6 DISCUSSÃO
No presente estudo foram analisados parâmetros de avaliação do estado
nutricional relativo à vitamina D e a resistência à insulina, bem como foi investigada
a existência de correlação entre estas variáveis em pacientes diabéticos tipo 2. As
concentrações séricas de vitamina D não apresentaram diferença significativa entre
os grupos pesquisados. Dados semelhantes foram identificados por Hidayat et al.
(2010) que também não encontraram diferença nas concentrações dessa vitamina
entre pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle.
Os valores médios da concentração de vitamina D sérica dos pacientes
diabéticos deste estudo estavam suficientes. Este resultado pode ser fundamentado
pelo fato de que as concentrações de vitamina D sofrem variações de acordo com a
região geográfica, latitude, estação do ano e hábitos culturais da população
(PREMAOR e FERLANETTO, 2006; SARAIVA et al., 2007; BARENGOLTS, 2010).
Neste sentido, é oportuno mencionar que a localização geográfica da cidade de
Teresina-PI tem a presença constante da incidência de raios UVB, não sofre
alteração com as estações do ano, sendo esta uma cidade ensolarada e situada à
baixa latitude (5°S).
Nesse sentido, as concentrações séricas desta vitamina são dependentes do
horário da exposição do indivíduo ao sol, da quantidade de nuvens ou camada de
ozônio, da etnia, uso de protetor solar, bem como do uso de roupas que cubram
grande parte do corpo (BINKLEY et al., 2007; SILVA et al., 2008). Vale chamar
atenção de que os participantes desse estudo não faziam uso de protetor solar.
Por outro lado, diferente dos resultados desta pesquisa, recentemente no
estudo realizado por Aloia et al. (2010) foram avaliadas as concentrações séricas de
vitamina D em mulheres negras e brancas e encontraram valores médios reduzidos
desta vitamina na população negra.
Outro fator que pode eventualmente contribuir para os valores séricos de
vitamina D é a presença da obesidade. Assim, neste estudo também foi realizada
avaliação do estado nutricional por meio do índice de massa corpórea dos
participantes do estudo e pôde-se verificar valores médios deste parâmetro de 28,51
e 26,50 para os diabéticos e controles, respectivamente. Sobre este aspecto, a
literatura tem mostrado uma possível relação entre o excesso de peso e reduzidas
35
concentrações de vitamina D no soro, embora os mecanismos envolvidos ainda não
estejam esclarecidos. Os resultados da análise de correlação entre estes
parâmetros realizada no nosso estudo não foram significativos. Diferentemente, no
estudo de Young et al. (2009) foi evidenciada associação inversa entre o índice de
massa corpórea e as concentrações séricas desta vitamina.
Com relação às concentrações de vitamina D encontradas nas dietas
consumidas pelos participantes dos grupos estudados, não houve diferença
estatística significativa. No entanto, a média de consumo de vitamina D do grupo
diabético não atingiu a recomendação da EAR preconizadas para a vitamina. É
importante mencionar que a vitamina D é obtida preferencialmente e em maiores
proporções a partir da síntese pelos raios UVB e que apenas pequena quantidade
da recomendação é suprida por alimentos provenientes da dieta. Além disso, as
fontes alimentares são pobres e os alimentos que possuem elevado teor desta
vitamina não faziam parte do cardápio habitual da população estudada. Este
resultado mostra a provável participação da ingestão de vitamina D sobre as
concentrações séricas encontradas nos pacientes diabéticos avaliados.
As concentrações de cálcio no soro dos diabéticos estudados encontravam-se
dentro dos parâmetros de normalidade. Este resultado é semelhante aquele do
Duengler et al. (2006) que também não encontraram deficiência deste mineral em
pacientes diabéticos. Existem evidencias de que as concentrações de cálcio
intracelular medeiam à transdução de sinal na atividade do GLUT4 nas células de
tecidos alvos (PITTAS et al., 2006; ALVAREZ et al., 2010).
Quanto aos resultados da análise de paratormônio, as médias das
concentrações deste hormônio nos pacientes diabéticos estavam dentro da faixa de
normalidade. Em situação de deficiência de vitamina D ocorre aumento da síntese
de paratormônio, contribui para a redução da capacidade secretora das células β
pancreáticas para a secreção de insulina, além de dificultar a capacidade dessas
células na conversão da pró-insulina em insulina ativa (PITTAS et al.,
2007;SCHUCH; GARCIA; MARTIN, 2009; KRANS, 2009). No entanto, embora os
pacientes diabéticos deste estudo apresentasseminsuficiência de vitamina D, este
resultado provavelmente não influenciou as concentrações do paratormônio. Outro
fato interessante, é que o paratormônio não parece ter sido o fator contribuinte para
as concentrações elevadas de insulina sérica nos diabéticos, já que os valores
séricos deste hormônio estavam normais.
36
Com relação aos parâmetros do controle metabólico, as concentrações
séricas de insulina, glicemia de jejum, hemoglobina glicada e HOMAir dos pacientes
diabéticos avaliados neste estudo estavam elevadas de acordo com os valores de
referência
recomendados,
bem
como
apresentavam
diferença
estatística
significativa entre os grupos estudados, o que permite a identificação do diagnóstico
do diabetes mellitus tipo 2 nos pacientes avaliados.
Neste estudo foi realizada análise estatística para investigar a existência de
correlação entre as concentrações séricas de 25(OH)D e o parâmetro da resistência
à insulina, sendo que não foi evidenciada significância. Alguns fatores podem
justificar a inexistência de tal associação neste estudo. A etnia, predominantemente
de pacientes não brancos, pode ter sido determinante para este resultado. Existe
ainda a possibilidade de diferença ou polimorfismo VDR entre a população da cidade
de Teresina-PI e outras populações. Além disso, o tamanho da amostra deste
estudo também pode ter contribuído para os resultados encontrados, considerando
que a maioria das pesquisas realizadas para avaliar a vitamina D em pacientes
diabéticos tipo 2 foram conduzidas com um número de doentes superior aqueles
deste estudo.
Outro aspecto importante é que ainda existem controvérsias nos resultados
dos estudos sobre este tema. Nos estudos de Liu et al. (2009), Kayaniyl et al. (2010)
e Zhao et al. (2010) que também avaliaram a relação entre a 25(OH)D e a
resistência à insulina identificaram correlação negativa entre estes parâmetros. Já os
estudos de Hidayat et al. (2010) e Alvarez et al. (2010) não mostram tal relação.
Vale destacar que embora existam correlações entre os níveis séricos de vitamina D,
insulina, glicose e a resistência à insulina em diabéticos tipo 2, os mecanismos
envolvidos na participação desta vitamina na patogênese do diabetes mellitus ainda
não foram esclarecidos (FOROUHI et al., 2008; SCRAGG et al., 2008).
A partir dos resultados deste estudo, foi possível identificar que os pacientes
diabéticos avaliados possuem concentrações adequadas de vitamina D e que
estaparece não exercer influência sobre a resistência à insulina. Contudo, percebese a necessidade da realização de novas pesquisas sobre a participação da
vitamina D no controle metabólico de pacientes diabéticos, sobretudo em regiões
ensolaradas, afim da obtençãode dados sobre a situação nutricional desse grupo
populacional, bem como do estabelecimento de intervenções que previna o estado
de insuficiência e as complicações associadas ao diabetes mellitus tipo 2.
37
7 CONCLUSÕES

Os
pacientes
diabéticos
tipo
2
avaliados
neste
estudo
possuem
concentrações adequadas de vitamina D e cálcio na dieta quando comparado ao
grupo controle;

As concentrações séricas de vitamina D e de cálcio iônico dos pacientes
diabéticos estão adequadas quando comparado ao grupo controle;

Os parâmetros do controle metabólico (insulina, glicemia de jejum e
hemoglobina glicada) estão elevados nos pacientes diabéticos do estudo,
caracterizando o estado diabético nestes indivíduos;

Os pacientes diabéticos apresentam o índice HOMAir elevado, indicando a
presença de resistência à insulina. A concentração sérica de paratormônio dos
pacientes diabéticos avaliados neste estudo está adequada;

O estudo da correlação entre a 25(OH)D e o parâmetro de resistência à
insulina não mostra resultado significativo.
38
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43
APÊNDICE A
CADASTRO DOS INDIVÍDUOS PARTICIPANTES DO ESTUDO
(FICHA DE IDENTIFICAÇÃO)
FICHA E CADASTRAMENTO
Nº______
IDENTIFICAÇÃO
Sexo:________
Data de nascimento:__________
Idade:__________
Profissão:________________
HISTÓRIA CLÍNICA
1. Doenças Associadas: Sim ( ) Não ( )
( ) Doença Renal
( ) Doenças Hepáticas ( ) Doenças Cardiovasculares
( )Hipertensão Arterial Sistêmica ( ) Obesidade
( ) Outras
2. Uso de Medicamentos: Sim ( ) Não ( )
Quais?
3. Uso de Suplementos Nutricionais: Sim ( ) Não ( )
Quais? _______________________________________________________________
4. Etnia: Branco (
)
Não branco (
)
5. Possui acompanhamento nutricional: Sim ( ) Não ( )
Outras:________________________________________________
6. Faz uso de protetor solar: Sim (
) Não (
) Qual fator?__________
Qual local de aplicação?____________
7. Sabe ler e escrever: Sim (
) Não (
)
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS:

Peso:_____________ Kg

Altura:____________ m

IMC: _____________ kg/m

Estado Nutricional:_________________
2
AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA:
Glicose plasmática :________________
Insulina sérica : _____________
Paratormônio sérico :_________________
Cálcio Iônico: _____________________
Hemoglobina glicolisada :_________________
Vitamina D sérica : _____________
HOMA ir :_______________
44
APÊNDICE B
REGISTRO ALIMENTAR
N° ________
NOME ___________________________________ DATA ____/____/____
DIA DA SEMANA _________________________
QUANTIDADE
REFEIÇÃO
ALIMENTOS
(medida caseira)
CAFÉ DA MANHÃ
LANCHE
ALMOÇO
LANCHE
JANTAR
CEIA
45
APÊNDICE C- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE MESTRADO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a), em uma pesquisa. Você
precisa decidir se quer participar ou não. Por favor, não se apresse em tomar a decisão. Leia
cuidadosamente o que se segue e pergunte ao responsável pelo estudo sobre qualquer dúvida que
tiver. Este estudo está sendo conduzido pela Mestranda Eva de Vasconcelos Lima Linhares sob
orientação da ProfªDrªDilina do Nascimento Marreiro. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a
seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine este documento, que está em duas vias. Uma
delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a)
de forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí pelo telefone (086) 3215 5734.
ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: Determinação da Vitamina D e sua Relação com a Resistência à Insulina em
Pacientes Diabéticos Tipo 2.
Pesquisador Responsável: Eva de Vasconcelos Lima Linhares
Telefone para contato (inclusive ligações a cobrar): (086) 9491-8816
Orientadora: ProfªDrªDilina do Nascimento Marreiro
Local onde será realizada a pesquisa: Ambulatório do Hospital do Promorar
DESCRIÇÃO DA PESQUISA
Esta pesquisa tem por objetivo Avaliar o Estado Nutricional Relativo à Vitamina D e sua
Relação com a Resistência à Insulina em Pacientes Diabéticos Tipo 2. Para tanto o voluntário será
submetido a coletas de sangue venoso para exames bioquímicos e análise de alterações
metabólicas, avaliações da composição corporal por meio de antropometria e avaliações do consumo
alimentar por meio de registros alimentares.
Ao participar da pesquisa o voluntário não sofrerá nenhum prejuízo, poderá, no entanto sentir
algum desconforto em vista da coleta do material biológico, requerido para realização desta. Os
participantes do estudo terão como benefícios, os resultados dos exames bioquímicos, bem como os
dados sobre a composição corporal, que serão fornecidos após a realização dos mesmos.
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa
para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é a Profa. Dra. Dilina do
Nascimento Marreiro, que pode ser encontrado no endereço Campus Universitário Ministro Petrônio
Portela, Bairro Ininga, Teresina, Piauí, Brasil; telefone: (86) 3215-5863. Se você tiver alguma
consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Piauí (Campus Universitário Ministro Petrônio Portela,
Bairro Ininga, Teresina, Piauí, Brasil – telefone: (86)3215 5734.
Se você concordar em participar do estudo, seu nome e identidade serão mantidos em sigilo.
A menos que requerido por lei ou por sua solicitação, somente o pesquisador, a equipe do estudo,
Comitê de Ética independente e inspetores de agências regulamentadoras do governo (quando
necessário) terão acesso a suas informações para verificar as informações do estudo.
O projeto terá duração de um ano, com término previsto para o segundo semestre de 2011. O
participante terá o direito de retirar o consentimento a qualquer tempo, sem que passe por qualquer
tipo de constrangimento por parte do pesquisador.
Nomes e assinaturas dos pesquisadores:
______________________________
Mestranda Eva Lima Linhares
__________________________________
Profa. Dra. Dilina do Nascimento Marreiro
46
APÊNDICE D
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu, ________________________________________________________________
RG/CPF_______________________________________,abaixo assinado, concordo em participar do
estudo: “Determinação da vitamina D e sua relação com a resistência à insulina em pacientes
diabéticos tipo 2.”, como sujeito. Tive pleno conhecimento das informações que li ou que foram lidas
para mim. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem
realizados, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também
que minha participação é isenta de despesas. Concordo, voluntariamente, em participar deste estudo
e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo a retirada do
consentimento ao estudo não acarretará penalidades ou prejuízos ou perda de qualquer benefício
que possa ter adquirido.
Teresina: ___/___/___
_______________________________
Assinatura do responsável
Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do
sujeito em participar.
Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):
Nome: ______________________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________________
Nome: ______________________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________________
Observações complementares:_________________________________________
___________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato:
Comitê de Ética em Pesquisa – UFPI - Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro
Ininga Centro de Convivência L09 e 10 - CEP: 64.049-550 - Teresina – PI tel.: (86) 3215-5734 email: [email protected] web: www.ufpi.br/cep
47
ANEXO A – carta do comitê de ética
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