A ética no processo de formação dos acadêmicos - Revista

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Volume 5, Número 5, Ano 5, Março 2012
Revista Pesquisa em Foco: Educação e Filosofia
ISSN 1983-3946
A ÉTICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS NAS IES *
Angélica Cristiane Moreira do Lago*
RESUMO: Este artigo objetiva analisar a necessidade da ética no Ensino Superior para o
desenvolvimento na comunidade acadêmica, isto porque, com o auxílio da ética nos é possível
buscar com mais subsídios à compreensão do homem norteando o seu desenvolvimento
existencial, e consequentemente, profissional. A Ética no sentido amplo de sua proposta
contribui para o comportamento da conduta moral do homem mostrando as necessidades e os
interesses sociais. Ela oferece o alicerce que norteará os homens para a aquisição de boas
virtudes fortalecendo o direcionamento da práxis na vida acadêmica enquanto base
fundamental dos ensinamentos teórico-científicos e reflexão de sua posterior prática do
exercício da profissão. Com o objetivo de aperfeiçoamento do processo educativo das IES se
faz necessário que se fomentem idéias que tragam benefícios satisfatórios para o meio
acadêmico e para a comunidade como um todo. Posto que, com o melhoramento da
comunidade acadêmica através de estudo da ética haverá consequentemente, um melhor
enquadramento de sua prática cotidiana, trazendo benefícios para a sociedade.
Palavras-chave: ética, comunidade acadêmica, reflexão, consciência, desenvolvimento,
sociedade.
ABSTRACT: This objective article to analyze the necessity of the ethics in Superior Ensino
for the development in the academic community, this because, with the aid of the ethics in
them is possible to search with more subsidies to the understanding of the man guiding its
existencial development, and consequentemente, professional. The Ethics in the ample
direction of its proposal contribute for the behavior of the moral behavior of the man showing
the social necessities and interests. It offers the foundation that will guide the men for the
acquisition of good virtues having fortified the aiming of the práxis in the academic life while
basic base of the theoretician-scientific teachings and posterior reflection of its practical one
of the exercise of the profession. With the objective of perfectioning of the educative process
of the IES if she makes necessary that if they foment ideas that bring satisfactory benefits for
the half academic and the community as a whole. Rank that, with the improvement of the
academic community through study of the ethics will have consequentemente, one better
framing of daily practical its, bringing benefits for the society.
Key words: ethics, academic community, reflection, conscience, development, society.
1 INTRODUÇÃO
Uma das questões a qual se discute acerca do redirecionamento da ética na
formação dos acadêmicos e, posteriormente, na sociedade, se estabelece no sentido de
* Professora do Curso de Filosofia pela Uemanet. E-mail: [email protected].
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analisarmos a que fim se destina o homem e quais seriam os meios mais corretos para se
chegar a esse fim.
Por isso, consideramos aqui três pensadores, que de forma considerável,
contribuíram e, ainda hoje seus escritos vem contribuindo para entendimento de uma ética
voltada para uma questão humana, que tem como objetivo o desenvolvimento social do ser
humano.
Dentre as variadas definições de ética podemos caracterizá-la como a ciência que
se preocupa com os desdobramentos individuais e sociais do comportamento humano. Nesse
sentido, verifica-se que os conceitos éticos e políticos aparecem condicionados um pelo outro.
Posto que, a ética depende exclusivamente da sociedade para existir e, esta (sociedade), não
se estrutura de forma alienada, mas, através de um planejamento político que direcione o
homem na busca da “boa vida”.
Temos que a concepção moderna de ética é iluminista, segundo a qual toda
decisão deve ser justificada por uma argumentação racional. Neste ponto, Aristóteles,
contrariamente a isso, admite uma razão prática, que difere da teorética, onde supõe uma
“disposição” para agir de certo modo. Desta forma, e contrário à ética iluminista, a ética
antiga é vista como a mais adequada, do que as teorias éticas atuais, para as reais exigências
da vida moderna. Isso indica claramente na ética aristotélica a mais alta expressão da ética
antiga e a mais valida alternativa, seja ao utilitarismo, sejam ao neocontratualismo
contemporâneo.
Segundo Aristóteles o objetivo do planejamento político é a distribuição, para os
cidadãos particulares, das condições nas qual uma boa vida humana possa ser escolhida e
vivida. Sua ética baseia-se na busca da felicidade, permeada pela virtude humana, que se
perfaz durante sua vida no sentido de equilibrar suas ações para uma vida justa e igual para
todos. A vida boa e feliz.
Já Kant, em suas obras, proporciona normas ao indivíduo que deve sempre agir em
prol da felicidade, estas normas são chamadas de imperativos categóricos, um princípio “que
ordena uma ação que é boa em si mesma...” A sua ética é mais conhecida como ética do
dever, pois procura determinar o que é correto segundo as regras e as normas em que se
fundamenta a ação.
Ademais, Habermas, defende que só podemos chegar a um verdadeiro
entendimento através da linguagem – que para ele é o veículo da comunicação entre os
homens, e que os orienta para a construção de uma sociedade melhor. Segundo ele, somente
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poderá haver integração social entre os indivíduos através da linguagem, posto que, é a partir
dela que iremos produzir nossos valores, normas, nossa cultura e a nossa personalidade.
É, então, a partir destes pontos que consideramos relevante uma discussão acerca
da existência da ética na formação dos acadêmicos nas IES, pois compreendemos que é
através do aprimoramento racional alicerçado na ética, que realmente conseguiremos alcançar
o desenvolvimento individual e, posteriormente, social do homem.
2 ÉTICA ARISTÓTELICA
Vale salientar a importância de analisarmos a obra “Ética a Nicômaco” do filósofo
grego Aristóteles (384- 322 a.C.), onde podemos verificar a necessidade dos homens
enquanto sujeitos concretos e insatisfeitos de sempre estarem almejando algo infinito, aspecto
traduzido pela idéia de felicidade. Logo, o estudo da virtude e da amizade se faz importante e
necessária na medida em que se possa conviver harmoniosamente com os outros sempre na
busca de uma vida feliz. Durante todo o percurso de sua obra, o estagirita 1 menciona a busca
incansável da eudaimonia2 que contribuiria para o nosso bem-viver.
Frisamos também os problemas dos valores importantes para a pessoa; e buscamos
responder qual é o lugar da ética em nossas vidas? As hipóteses encontradas na ética
aristotélica indicam a vida ideal como vivência das virtudes, junto com os outros, e que essa
vivência é a felicidade.
Ao estudar o problema da moral nas relações humanas, se faz necessário uma
volta às origens da ética, no intuito de indicar os principais conceitos propostos por
Aristóteles, ressaltando a relevância desta proposta para vida pessoal e profissional do ser
humano.
Aristóteles em sua obra busca a felicidade através da virtude vinculada à razão
para a convivência dos homens através de uma conduta, tanto individual como cidadã,
revelando que a busca da felicidade é o telos3 do homem. No vislumbramento deste fim, ele
perpassa e analisa circunstâncias vivenciadas durante o seu percurso histórico. Para ele, a
felicidade é o fim para o qual existe revelado na sua ação moral determinante nas
experiências vivenciadas.
1 Nome dado a Aristóteles por ter nascido em Estagira, cidade-colônia grega da Macedônia, na península trácia
de Calcídia. (ARISTÓTELES, 1995, p. 5).
2 É traduzida pela idéia de felicidade. Segundo Aristóteles a definiu como “certa atividade da alma realizada em
conformidade com a virtude.” (ABBAGANANO, Nicola, 2000, p. 434).
3 É a finalidade das coisas.
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Buscamos então compreender alguns aspectos importantes na obra do estagirita,
como por exemplo, a virtude e a amizade que possibilitaram uma melhor visão para a
compreensão de um pensamento ético-político atualizado.
A felicidade, segundo Aristóteles, consiste numa certa atividade da alma realizada
em conformidade com a virtude. Ele costumava afirmar que a felicidade é um bem que
buscamos por toda nossa existência, e por isto, é o fim ao qual tendemos. O filósofo grego
apresenta a eudaimonia como um dever, ou seja, a ação segundo uma norma racional do
comportamento do homem, pois é a razão (logos) que o aconselha ao que deve se cumprir. Na
ética aristotélica encontramos este dever na natureza do homem, que é um desejo (princípio
que impele um ser vivo à ação com vistas à satisfação de uma necessidade à realização de um
fim.) natural da felicidade. O homem só será feliz quando realiza o fim para o qual ele existe
isto porque, cada um tem sua própria essência, onde será revelada a sua própria atividade
humana. Ele age perante a práxis na sociedade exercendo sua vida política na polis. Define
sua existência na busca do fim, que é o bem supremo, a felicidade. A felicidade está
submetida à parte da alma que é racional. A virtude é um estado habitual que dirige a decisão
consistindo um justo meio. A virtude é um meio-termo entre dois extremos. Como por
exemplo, a coragem que está entre a covardia e o arrojo, a liberalidade que está entre a
avareza e a extravagância, a ambição que está entre a indolência e a ganância, a modéstia que
está entre a humildade e o orgulho, o autocontrole entre a decisão e a impulsividade, entre
outras.
As nossas ações serão decorrentes de hábito, pois virtudes formam-se no homem
mediante o nosso hábito, ou melhor, dizendo, na ação deste. Somos aquilo que fazemos várias
vezes. Logo o bem do homem é trabalhar na alma excitando o logos toda a sua vida. É preciso
acrescentar uma vida inteira, “uma andorinha só não faz verão, nem um dia tampouco; e da
mesma forma um só dia, ou, um curto espaço de tempo, não faz um homem feliz e virtuoso.
(ARISTÓTELES, 2001, p.27).” Logo, não será apenas por um curto espaço de tempo que o
homem alcançará sua felicidade, e sim, pelos seus atos repetitivos que ele vai tornando-se
cada vez mais responsável. Então, a virtude é considerada como um estado habitual que
adquirida pelos atos repetitivos segundo a reta regra, isto é atos penetrados pela razão (logos).
Comenta Perine (1982. p. 33) que: “O estado habitual é a qualidade do sujeito virtuoso que é
ao mesmo tempo de princípio de retidão e de sua intenção.”
O homem dotado de sabedoria tem consciência do dever, onde este é entendido
como a regra racional, ou seja, a reta razão. Esta tem o poder não somente de regulamentar a
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nossa ação, como também terá o poder de exprimir as obrigações, dessa forma o estado
habitual é uma qualidade do sujeito virtuoso.
A busca da felicidade dependerá da própria tarefa que o homem desempenhará.
Essa tarefa será o exercício do seu pensamento atuando e mostrando a prática de suas
virtudes. O homem escolhe como deve agir, com virtudes ou com vícios, pois segundo
Coutinho (2001, 27) “somos os autores de nossas ações, sendo nossa tarefa a construção do
nosso próprio caráter, de nosso próprio ser”.
Na obra Ética a Nicômaco (ARISTÓTELES,1996) a ética é abordada segundo
aspectos teleológicos, pois segundo o estagirita, a felicidade é como um fim, e a busca deste
fim já se encontram inserida na alma do homem, isto se dá pela própria contingência humana
de ser existente. Como já sabemos a felicidade é uma atividade da alma realizada em
conformidade com a virtude. A meta de nossa vida é alcançá-la e para tanto é necessário viver
racionalmente (viver de tal modo é o mesmo que viver com virtude). A virtude não será inata
ao homem e sim através de seus atos pela educação que nos tornamos virtuosos, isto porque
somos seres concretos e contingentes, por isso, é que percebendo a falta de princípios morais
na vida dos homens que vemos a necessidade de agir com virtude.
Quando buscamos a felicidade é na tentativa de suprir n’alma nossas carências e
os nossos desejos. Para nos sentirmos felizes é necessário existir uma harmonia interior da
alma, pois sentimos às vezes uma carência de algo pela nossa própria contingência humana e
o bom prazer que sentimos quando temos momentos felizes é baseado em nós mesmos, nas
nossas ações, pois somos o que fazemos no percurso de nossas vidas e sempre apetecemos
uma vida feliz. Temos que amar e gozar os prazeres que ela nos oferece, atribuindo mais
valor, sendo que, para ela ser mais aproveitada é necessário termo princípios morais para que
possamos viver a cada gozo de nossa vida, de forma mais consciente da nossa realidade e
buscar sempre uma vida feliz na medida do possível.
A ética desde os primórdios aristotélicos regula a conduta do homem nos
princípios morais através de suas respectivas leis que também serão de natureza racional
praticada na pólis. Sentimos a importância da ética pela própria contingência humana de
carência e incompletude, tendo como referência a “Ética a Nicômaco”, onde é mostrada a
importância da felicidade. Destarte, é importante seu estudo por nos considerarmos carentes e
insatisfeitos sempre com alguma coisa. Estamos sempre insatisfeitos com algo no interior
d’alma, uma espécie de vazio. É por isto que vislumbramos este algo infinito, esta busca
incessante da felicidade para o bem viver e para a tranqüilidade d’alma. Passará o homem de
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geração por geração e cada vez mais terá o desejo pela felicidade, pois é necessário que exista
sempre este desejo pela felicidade, já que é o motor da vida.
3 ÉTICA KANTIANA
Um dos princípios da ética kantiana é o imperativo categórico. Esta por sua vez
“ordena uma ação que é boa em si mesma, por si mesma objetivamente necessária, sendo,
portanto um princípio apoditicamente prático”. (ABBAGNANO, 2000.) O imperativo
categórico é um dos pontos mais debatidos em toda história da filosofia. A ética do filósofo
alemão, Kant, proporciona as normas do indivíduo que deve sempre agir em prol da
felicidade, onde esta constitui a principal motivação do nosso viver.
A ética kantiana é uma ética deontológica ou ética do dever.
A ética deontológica procura determinar o que é correto, não segundo uma
finalidade a ser atingida, mas segundo as regras e as normas em que se fundamenta a ação.
Segundo a moral kantiana para sabermos se uma ação é ou não é correta, devemos
indagar se pode querer que essa ação seja elevada à categoria de lei universal. A lei máxima
kantiana é: “Agir de maneira tal que seja possível desejar que a máxima da ação deva tornarse lei universal”. Desde os tempos antigos os filósofos e os moralistas vêm expressando a
idéia de que a conduta ética é aceitável de um ponto de vista que é de certa forma, universal,
diz que devemos ir além dos nossos interesses particulares e amar os nossos semelhantes
como amamos a nós mesmos. – em outras palavras, atribuir aos interesses alheios o mesmo
peso que atribuímos aos nossos.
A mesma idéia de colocar-se no lugar do outro está envolvendo na outra
formulação cristã do mandamento, aquela segundo a qual devemos fazer ao outro aquilo que
gostaríamos que eles nos fizessem. Logo, Kant desenvolveu a idéia duma lei natural na sua
célebre fórmula universal: ”Aja somente segundo a máxima através da qual você possa, ao
mesmo tempo, desejar que ela se transforme numa lei universal.” Isso exige uma reflexão
mais cuidadosa sobre a nossa ação, isto porque, as conseqüências da minha ação irão afetar
outras pessoas e temos que avaliá-la para cada decisão ética que devemos adotar no nosso
cotidiano.
A fórmula da autonomia, em duas versões, corresponde à compreensão que Kant
tem do Iluminismo, movimento político e social do século XVIII, calcado nas concepções de
liberdade e igualdade entre os homens. Kant entende o Século das Luzes como o da libertação
da mente humana de qualquer tutela ou submissão, seja religiosa, seja política.
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Nesse sentido, Kant (apud ABBAGNANO, 2000, p. 534-535) escreveu:
O Iluminismo é a saída dos homens do estado de minoridade devido a eles
mesmos. Minoridade é a incapacidade de utilizar o próprio intelecto sem a
orientação de outro. Essa minoridade será devida a eles mesmos se não for causada
por deficiência intelectual, mas por falta de decisão e coragem para utilizar o
intelecto como guia. Tem coragem de usar teu intelecto! É o lema do Iluminismo .
Segundo Kant, “esclarecimento é à saída do homem de sua minoridade, da qual
ele próprio é culpado”. A minoridade segundo o filósofo é a incapacidade de fazer uso de seu
entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem, portanto é o próprio culpado dessa
minoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas sim na falta de
coragem e de decisão. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais que o homem prefere
continuar nesta minoridade, pois sempre vão existir homens com o pensamento mais
desenvolvido que outros.
Podemos perceber que alguns acadêmicos preferem continuar nesta minoridade
ilustrada por Kant, pois alguns não querem despertar o seu espírito crítico para a realidade e
sim ficar na obscuridade ou simplesmente acatar o pensamento de outrem, seja do professor
ou mesmo de outra pessoa, inserido no meio acadêmico.
Desta forma, questiona-se: Vivemos agora em uma época esclarecida? A resposta
é não, vivemos em uma época de esclarecimento. Na verdade o que podemos perceber é que
em alguns casos do ensino superior os discentes sentem certa dificuldade em manifestar seus
pensamentos, seus valores, suas inquietações, pois alguns preferem permanecer na
obscuridade dos fatos, onde a vida acadêmica passa e não consegue despertar o seu lado
crítico. Mas os mesmos têm que perceber a necessidade de se expressarem, pois não podem
calar-se mediante os fatos que ocorrem tanto na instituição superior como também fora dela.
4 ÉTICA HABERMASIANA
Segundo Habermas (2004, p.247), o mundo-da-vida é mediado linguisticamente,
pois só através da linguagem que poderá haver integração social entre os indivíduos, onde
iremos produzir nossos valores, normas, nossa cultura e a nossa personalidade, pois os
indivíduos participam da vida sócio-cultural e formam a sua identidade (personalidade). É na
sociedade que são formadas as normas, estas expressam o comportamento entre os indivíduos
na forma de obrigações, direitos e deveres. Atualmente podemos perceber que a cada dia a
interação social está perdendo os valores morais, onde os indivíduos estão dando mais valor
ao poder, ao dinheiro...
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Quando expressamos o que pensamos através do ato-de-fala é possível observar a
intersubjetividade do entendimento lingüístico, ou melhor, é pela linguagem qu e conhecemos
as diferenças em relação ao outro, notamos que nos conhecemos a partir do reconhecimento
do outro sobre a nossa pessoa. Logo, é por meio do diálogo com o outro que podemos chegar
a um entendimento sobre as coisas. Habermas(2004, p.65) estabelece etapas para se chegar a
um entendimento, como por exemplo, é necessário estar familiarizado sobre algo, saber em
que condições de validade ligada a ele são reconhecidas pelo outro e não se pode levar de
forma arbitraria algum conceito, pois as pessoas não irão perceber o sentido do mesmo e não
chegará a consenso nenhum.
Podemos perceber a importância da interação dos sujeitos, que são capazes de
falar e agir e obterem reconhecimento recíproco entre eles, já que agem e refletem normas no
seu cotidiano. Parafraseando Habermas, “... qualquer reflexão sobre o ético implica que
levemos em consideração essa rede de sentimentos éticos que perpassa a práxis comunicativa
da cotidianidade dos homens.” (Ética e Racionalidade Moderna, 1993 p.19). Logo, ele
enfatiza que a partir da interação entre os sujeitos nas interações comunicativas que podemos
coordenar as nossas ações no universo de seres tão diferentes uns dos outros mediante o
mundo subjetivo das vivências, mas sempre visando entrar em consenso sobre as coisas.
Tudo que se refere à sociedade deve ter o consentimento entre todos os
envolvidos, isto porque, todas as questões que circundam a sociedade devem ter uma
participação mais ativa e igualitária através do discurso, pois segundo Habermas é mediante
as discussões sobre as questões públicas que temos a possibilidade de fazermos avaliações
das normas provenientes do mundo da vida.
Para ele, a felicidade é o indivíduo saber dialogar racionalmente com os outros
indivíduos, dentro da teoria que denomina de ação comunicativa. Esta ação está orientada
para o entendimento entre as pessoas, sendo que através da linguagem que há interação entre
as pessoas no dia-a-dia. Logo, é por meio da linguagem que expressamos os nossos atos e
pela intersubjetividade conhecemos a realidade que nos circunda, sendo assim, uma realidade
intersubjetiva.
Quando expressamos o que pensamos através do nosso ato-de-fala é possível
observar a intersubjetividade do entendimento lingüístico, ou melhor, é pela linguagem que
conhecemos as diferenças em relação ao outro, notamos que nos conhecemos a partir da
diferença com o outro. Posto isto. É por meio da linguagem que se chega a um entendimento
entre os homens, onde há uma relação recíproca entre o ato-de-fala e o entendimento.
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Podemos concluir que Habermas utilizou-se dos atos-de-fala, ou melhor, da
linguagem para que se possa chegar a um entendimento, sendo que pela razão comunicativa
que é possível o interrelacionamento entre as pessoas levando em consideração a realidade
intersubjetiva delas, tendo como objetivo a chegar um entendimento.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ética no processo de formação dos acadêmicos nas IES contribui para a vida
pessoal, acadêmica e, consequentemente, profissional, seguindo com boa conduta para se
relacionar bem nas suas atividades humanas com os outros agindo em conformidade com os
princípios éticos priorizando a reflexão, autonomia moral no seu agir no meio social, seja no
ensino superior, no lar, no trabalho, etc. Interpretando uma das máximas kantianas é
necessário agir com os outros como se fosse você mesmo. Logo, faças ao outro o que desejas
que te façam.
É importante que cada acadêmico faça questionamentos sobre sua postura ética na
profissão na perspectiva de buscar senso ético, pois pela sua consciência moral é possível
avaliar e julgar suas ações para saber se é boa ou não. Logo, todo homem deve tomar suas
decisões em prol de si e dos outros.
O homem é um ser-com-os-outros-no-mundo, pois faz parte da sua própria
singularidade ser um questionador de si mesmo e do mundo, isto porque somos nós mesmos
que criamos e reconstruímos o mundo a partir de nossas experiências de vida, pois somos os
autores do nosso próprio destino, de nossa própria vida. Vida esta cheia de anseios, lutas,
vitórias, perdas... Enfim, somos seres que compartilhamos com os outros e precisamos do
outro para ser reconhecidos, pois o homem é um ser que depende do outro para interagir, se
situar, relacionar e refletir sobre sua existência. Para Lima Vaz, “o mundo é para cada um de
nós o encontro com o outro.” Podemos perceber, então, em todos os momentos da nossa vida
precisamos viver em coletividade em busca da harmonia, seja na família, no trabalho, na
faculdade etc.
Posto isto. A ética sendo refletida na universidade, sendo debatida e vivida neste
contexto, pode contribuir de maneira significativa para a construção intelectual e moral da
vida universitária e oferecendo a construção moral da sociedade. Abordando a ética
objetivamos orientar condutas profissionais, relacionando, é claro, com o pensamento ético
atual e procurando estabelecer um diálogo interdisciplinar com os conhecimentos
especializados de demais áreas que participam da vida acadêmica
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REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo:Martins Fontes, 2000.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo:Nova Cultural, 1996.(Os Pensadores)
HABERMAS, Jurgen. Verdade e Justificação. São Paulo:Loyola, 2004.
OLIVEIRA, Manfredo A. de. Ética e racionalidade moderna. São Paulo:Loyola, 1993.
PERINE, Marcelo. Nas Origens da Ética Ocidental: a Ética a Nicômaco. In: Síntese Política
Econômica Sócia, (SPES), São Paulo, v.9, 1982.
VÁZQUEZ, Adolfo Sanchez, Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
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